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A linguagem e a crise da “crise da representação”

Guilherme Nery Atem


Universidade Federal Fluminense

Índice Wittgenstein é quem pode fazer a ponte en-


tre eles, a partir de sua “virada pragmática”.
1 Introdução: situando a questão 1 Com base nesse estudo, esperamos defender
2 Uma história da questão da represen- a idéia de que enquanto houver o humano,
tação 2 haverá pensamento representacional, mesmo
3 Peirce e Wittgenstein: a virada prag- que fora de moda.
mática 5 Palavras-Chave: Linguagem; Represen-
4 Saussure e Wittgenstein: o jogo de tação; Peirce; Saussure; Wittgenstein.
xadrez 8
5 Conclusão: a volta dos que não
foram... 11 1 Introdução: situando a questão
6 Referências Bibliográficas 12 Não se trata de que nossas
Referências Bibliográficas 12 impressões sensoriais
possam mentir para nós,
Resumo
mas de nós entendermos
Este artigo pretende criticar a tese pós- a sua linguagem.
moderna da “crise da representação”. A pós- (E esta linguagem, como
modernidade, com sua celeridade habitual, todas as outras,
ressalta suas promessas enquanto esconde está fundada em acordo.)
suas ameaças. Para construir esta crítica, (Wittgenstein, 2005: 153-154)
partimos do estudo feito por Michel Foucault
trabalho, fruto de uma pesquisa
(As palavras e as coisas, de 1966), sobre
a questão da representação na modernidade.
N ESTE
que realizei na UERJ em 2007, pre-
tendo resumir e pôr em crise a questão a-
Em seguida, aproveitamos essa questão para
tualmente mais comemorada pelos teóricos
rebatê-la em alguns dos conceitos fundamen-
pós-modernos: a chamada crítica ou “crise
tais de três grandes pensadores da Teoria da
da representação”. Primeiro farei um quadro
Linguagem, que se situam exatamente entre
do argumento contemporâneo que afirma a
o moderno e o pós-moderno: Ferdinand de
“crise da representação”. Em seguida, de-
Saussure, Charles Sanders Peirce e Ludwig
senvolverei um questionamento deste postu-
Wittgenstein. Se Saussure e Peirce diferem
lado a partir de referências em teorias da lin-
entre si quanto às suas concepções de signo,
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guagem epistemologicamente situadas “en- tado (Wittgenstein, 2005: 46). Não haveria
tre o moderno e o pós-moderno” (com Fou- mais “representação”? Vejamos...
cault, Peirce, Saussure e Wittgenstein, prin-
cipalmente). Vamos ao quadro...
2 Uma história da questão da
Para apoiarem-se retoricamente, os defen-
sores do argumento pós-moderno da “crise representação
da representação” mencionam uma prolife- Pensar numa descrição como
ração de crises correlatas (estas nem sempre uma representação verbal
levantadas por pós-modernos): crise dos fun- dos fatos tem algo de
damentos (Nietzsche); crise das grandes nar- desorientador: pensa-se talvez
rativas (Lyotard); crise do sujeito e de sua apenas em quadros, como os
identidade (Stuart Hall – este, sim, um alegre que estão dependurados nas
pós-moderno). Alguns pós-modernos pen- nossas paredes; quadros
sam a representação, o fundamento, a grande estes que parecem simplesmente
narrativa e a subjetividade como “prisões” reproduzir o aspecto e
para o homem atual (mais uma representação a constituição de uma coisa.
por imagem ou metáfora). O risco atual, (Estes são, por assim
creio, é o de se legitimar a “analogia de tudo dizer, quadros inúteis.)
com tudo”, enxovalhando a teoria da repre- (Wittgenstein, 2005: 137)
sentação, ou mesmo qualquer teoria.
Quando Nietzsche fala da “morte de Em seu livro As palavras e as coisas
Deus”, é dos fundamentos que ele fala (da (1966), Michel Foucault intenta fazer uma
Verdade única para as múltiplas verdades- “arqueologia” (avant la lèttre) das Ciências
versões). Quando Lyotard fala do fim das Humanas. Segundo ele, é quando o conceito
grandes narrativas de interesse coletivo, é da de “homem” aparece em nossa cultura que se
fragmentação dos relatos sobre o homem que passou a entender a co-determinação, a co-
ele fala (pergunto: a quem pode interessar o dependência deste com as práticas cotidianas
“fim das grandes narrativas”? das instituições sociais. Ele demonstra que
Sem qualquer nuance teórica, nem re- esse processo não é simplesmente “pessoal”,
lativização, os que crêem no “fim da re- e sim coletivo, social.
presentação” assemelham-se, penso, àqueles
ateus – pois fervorosamente crêem em nada A ordem é ao mesmo tempo aquilo
crer. Não entenderam que, em linguagem que se oferece nas coisas como
(como nas crenças), nem tudo se resume aos sua lei interior, a rede secreta se-
conteúdos do que é dito – a forma conta gundo a qual elas se olham de al-
tanto quanto, ou mais. Aliás, diria que eles gum modo umas às outras e aquilo
lançam mão de metáforas e imagens para que só existe através do crivo de
dizer do “fim das metáforas e das imagens um olhar, de uma atenção, de uma
de mundo”. Usam a linguagem verbal para linguagem (...) Os códigos fun-
maldizê-la. Como disse Wittgenstein, não se damentais de uma cultura – aque-
pode serrar o galho sobre o qual se está sen- les que regem sua linguagem, seus

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esquemas perceptivos, suas trocas, bem anterior a Foucault, Deleuze e Guattari:


suas técnicas, seus valores, a hie- o Racionalismo (Descartes, Pascal, Male-
rarquia de suas práticas – fixam, branche, Leibniz) e o Empirismo (Bacon,
logo de entrada, para cada homem, Berkeley, Hume, Locke) divergem em quase
as ordens empíricas com as quais tudo – menos no projeto de estabilizar o
terá de lidar e nas quais se há de conhecimento através de classificações, para
encontrar. (Foucault, 1995: 9-10) tentarem um mínimo de garantias para que o
conhecimento seja possível.
Foucault situa essa mudança de paradigma Immanuel Kant, sintetizando essas duas
na virada do século XVIII para o século XIX, vertentes, postularia as quatro categorias
a partir de três eixos temáticos: 1) passagem fundamentais (a priori) do conhecimento:
da Gramática Geral para a Filologia Lingüís- quantidade, qualidade, modo e relação. Para
tica (com Bopp); 2) passagem da História ele, essas quatro categorias se nos apre-
Natural para a Biologia (com Cuvier); e 3) sentam sob dois eixos (também apriorísti-
passagem da História das Riquezas para a cos): o tempo e o espaço. Apesar de
Economia Política (com Ricardo). poucos se lembrarem, foi Kant o primeiro
Resumidamente, a idéia de Michel Fou- teórico da Fenomenologia (avant la lèttre):
cault é (re)fazer a história da representação, coisa-em-si versus fenômeno, para um su-
calcada numa análise das semelhanças (ou jeito cognoscente. E é inegável a influên-
das identidades, ou do Mesmo), que se nos cia de Kant sobre Foucault: “A fenomenolo-
apresentam à mente, no ato de pensar. É pre- gia é, portanto, muito menos a retomada de
cisamente o modo como o homem põe cog- uma velha destinação racional do Ocidente,
nitivamente ordem no mundo que lhe inte- que a atestação, bem sensível e ajustada, da
ressa naquela obra. A questão de Foucault grande ruptura que se produziu na epistémê
é: “sob que condições o pensamento clás- moderna, na curva do século XVIII para o
sico pôde refletir, entre as coisas, relações de século XIX” (Foucault, 1995: 341).
similaridade ou de equivalência que fundam Agora, o salto brilhante de Foucault é
e justificam as palavras, as classificações, as atrelar essas formas de ordenamento cog-
trocas?” (Foucault, 1995: 13-14). Entre o nitivo do mundo às práticas institucionais
ver e o dizer, entre o visível e o dizível, é daquela época (a clássica). Para Michel Fou-
a linguagem que captura e enquadra o que é cault, não se trata mais de descrever exaus-
visto; a fala incorpora a visão. A boca engole tivamente (extensivamente) aquela mudança
o olho. paradigmática entre o que se via e o que
Se o mundo nos aparece como uma en- se dizia disso. Trata-se, isto sim, de ex-
xurrada de estímulos sensórios, o indivíduo plicar profundamente (intensivamente) toda
deve recortá-los, enquadrá-los para formar uma nova forma de relação entre o ver e o
uma pequena estabilidade e, só então, co- dizer, entre o visível e o dizível. Não se trata
nhecer. Recentemente, Deleuze e Guattari mais de descrever o que se vê e diz, mas de
escreveram: “Pedimos somente um pouco de tentar estabelecer as condições de possibili-
ordem para nos proteger do caos” (Deleuze; dade de se dizer o que se passou a poder ver
Guattari, 1992: 259). Essa discussão é e dizer.

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Não se tratará, portanto, de conhecimen- se, portanto, de uma abertura (o pensamento)


tos descritos no seu progresso em direção a dentro de um fechamento (a finitude)1 .
uma objetividade na qual nossa ciência de Até a virada do século XVIII para o século
hoje pudesse enfim se reconhecer; o que se XIX, o homem se representava o mundo a
quer trazer à luz é o campo epistemológico, partir da idéia de que a linguagem seria nada
a epistémê onde os conhecimentos, encara- mais do que um “espelho” do mundo: uma
dos fora de qualquer critério referente a seu noção especular ou icônica da linguagem,
valor racional ou a suas formas objetivas, en- a qual deveria produzir reflexões adequadas
raízam sua positividade e manifestam assim ao real2 . Foucault, então, nos mostra que
uma história que não é a de sua perfeição foi a partir do século XIX – principalmente
crescente, mas, antes, a de suas condições de com a Filologia Lingüística de cunho com-
possibilidade... (Foucault, 1995: 11). paratista – que os estudos de linguagem se
A grandiosidade do livro As palavras e voltaram para as estruturas internas das lín-
as coisas é, ao meu ver, que Foucault atrela guas: os radicais e as raízes, as derivações e
definitivamente a positividade do saber mo- as flexões, as variações internas, por exem-
derno – que se constrói por entre o visível e plo.
o dizível – à consciência do homem quanto Na prática, a História Natural descrevia o
à sua finitude. Ele diz que a consciên- visível na natureza; a História das Riquezas
cia da finitude desagua na sensação (am- descrevia as formas de troca; a Gramática
bígua) tanto de monotonia do tempo que Geral descrevia a coincidência, ou não, da
passa como de euforia do aqui-e-agora. Uma linguagem com o real-aparente. Foucault
“mordida do mundo” (Merleau-Ponty, 2002: chamou de “a escrita das coisas” (como a
171). signatura rerum medieval) a esta última re-
A idéia (no indivíduo) e a prática (co- lação de similitude.
tidiana, nos outros) da morte corrói o ser 1
Nessa sua primeira fase teórica, Foucault era bas-
do homem. Mas também, diria eu, torna tante marcado, ainda, pelo pensamento marxiano –
mais bela ainda a experiência de viver. ao contrário do que quer fazer crer o senso comum
Como diz Michel Foucault, nos subcapítu- acadêmico pós-moderno. Por este motivo é que vejo
los A analítica da finitude e O empírico e o alguma ressonância dessa questão de se buscar uma
infinitude dentro da finitude (acima) com a questão,
transcendental (capítulo IX), o fundamento
bem mais politizada, de Althusser: “como escapar
das limitações empíricas – pela linguagem de um círculo permanecendo dentro dele”. Tanto é
limitada-limitante; pelo trabalho limitado- que Foucault, anos mais tarde, estudaria a questão da
limitante; pelo organismo limitado-limitante subjetividade e suas possíveis liberdades (na trilogia
– comunica ao homem, a cada instante, a sua História da sexualidade)...
2
É aí que compreendemos a concepção latina de
finitude essencial. E seria dentro e a partir
“verdade”, em Tomás de Aquino: a veritas – ade-
dessa experiência de finitude que o homem quação (adequatio) do discurso ao real. Na veritas, se
buscaria sentido para o que vê e diz. o real era antecedente à linguagem, esta, por sua vez,
Foucault não se limita ao pensado; busca o apontava para aquele, de-signando-o. Se o discurso
pensável (ou seja, as condições de possibili- se adequasse ao real, seria “verdadeiro”. Se não, seria
“falso”.
dade de se pensar o que se pensa). O pensado
está dado. O pensável está por vir. Trata-

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Resumidamente, é da relação homóclita folhas diferentes e diga


entre linguagem e mundo que se tratava, se- ‘Isto chama-se folha’, obtenho
gundo Foucault, até o fim do século XVIII então um conceito de forma
– como se se pensasse, àquela época, que de folha, uma imagem dela
o mundo possuísse uma “organização auto- no espírito.
evidente”. Diz Foucault, entretanto, que a (Wittgenstein, 2005: 55)
partir do século XIX a linguagem começa a
ser compreendida e explicada como depen- Charles Sanders Peirce fundou sua
dendo se suas relações exteriores (essencial- Semiótica na lógica e na pragmática. Se
mente heteróclitas): as novas empiricidades, todos os seus conceitos são encadeados
mas também a finitude. numa seqüência lógica sólida, também
A idéia de que algo (linguagem, orga- apontam o tempo todo para o mundo prático
nismo ou economia) possui uma estrutura in- – de onde vêm e para onde retornam. Cada
terna porque tem que alcançar uma finali- conceito da Semiótica peirceana implica em
dade (externa) se torna um novo paradigma, si o mundo.
naquela virada. Isso revela que adquiriram Como um dos pioneiros do pragma-
sua historicidade. “Na representação, os tismo norte-americano, Peirce estabeleceu a
seres não manifestam mais sua identidade, Semiótica sobre as bases da Fenomenolo-
mas a relação exterior que estabelecem com gia. A partir de um emaranhado sensório,
o ser humano” (Foucault, 1995: 329). o homem dobra os signos que representam o
Podemos entender que Foucault está mundo e, assim, forma do mundo uma re-
apontando para uma duplicação do empírico presentação sensível/inteligível. Eis, resu-
no transcendental. O transcendental nada midamente, o processo de semiose.
mais seria sem sua irredutível origem no em- A sua definição de signo é: “algo que,
pírico – ou seja, as regras, longe de serem sob certas condições, representa outro algo
abstrações desencarnadas, seriam agora bas- para alguém”. Peirce chama qualquer signo
tante concretas, materiais, vindas do mundo de “representâmen”. Ou seja, só há semiose
cotidiano e a ele retornando, sem dele jamais porque há representação mental de algo do
terem saído. Ou seja: Foucault fez um dia- mundo para alguém. Ele chega a afirmar que
grama da imanência. “todo pensamento é um signo” (Pignatari,
79: 21).
A tríade da representação semiótica
3 Peirce e Wittgenstein: a virada peirceana correlaciona o Objeto (ou Refe-
pragmática rente), o Signo (ou representâmen) e o In-
Ter compreendido uma terpretante (ou signo do signo). O Objeto é
explicação significa possuir real, concreto. O Signo representa este Ob-
em espírito um conceito jeto, o substitui para alguém. O Interpre-
do que foi explicado, e isto é tante – que não é o “intérprete” humano – é
um padrão ou uma imagem. uma cópia do Signo emitido. Aquilo que um
Caso alguém me mostre Signo pode produzir (como representação)
na mente de um intérprete é chamado de In-

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terpretante imediato. Aquilo que um Signo tríaco abre uma guerra contra a gramática
de fato produz (ou representa) na mente de formal.
um intérprete é chamado de Interpretante Wittgenstein diz (1994) que, para que haja
dinâmico. O conjunto de todas as interpre- representação, é preciso que a linguagem e
tações, de vários intérpretes e seus interpre- o real tenham entre si uma “forma comum”.
tantes simultâneos, é chamado de Interpre- Para quem leu esse seu livro, fica a sensação
tante final. de ser seu autor um racionalista inveterado –
Pode-se deduzir que a Semiótica de Peirce entre Platão e Descartes.
vê como sendo irredutível a prática da repre- Já em Investigações Filosóficas, Wittgens-
sentação mental (de um signo), no processo tein pretende superar sua obra anterior: “O
cotidiano do conhecimento. Portanto, quem preconceito de pureza cristalina só pode ser
prega hoje o “fim da representação” pode eliminado dando uma guinada em nossa re-
estar ignorando as bases fundamentalmente flexão” (Wittgenstein, 2005: 70). Para
semióticas do pensamento e da linguagem. ele, haveria dois casos-limite, que rompe-
Ludwig Wittgenstein, por sua vez, viveu, riam com qualquer teoria da representação:
em sua biografia, uma “virada pragmática”, a) quando uma proposição é necessária e
assim se aproximando de Peirce. Nela, toda incondicionalmente verdadeira (tautologia);
a sua concepção de “representação” foi re- e b) quando uma proposição é necessária
dimensionada e redefinida. O chamado “se- e incondicionalmente falsa (contradição).
gundo Wittgenstein” pensou a representação Tirando estes dois tipos, todas as outras
mental como “jogos de linguagem” – e, proposições podem representar a realidade
por aí, incluiu nestes o mundo: “O pen- para alguém.
sar, a linguagem, aparece-nos agora como Em sua segunda fase, a do livro Investi-
o correlato singular, a imagem, do mundo. gações Filosóficas (1953, póstuma; 2005),
Os conceitos: proposição, linguagem, pen- – pela qual é chamado de “o segundo
sar, mundo encontram-se numa série, um Wittgenstein” –, o filósofo se aproxima
atrás do outro, um equivalente ao outro” muito de uma abordagem pragmática da lin-
(Wittgenstein, 2005: 67). guagem. Toda a sua visão de linguagem
Em sua primeira grande obra, Tracta- seria reestruturada3 . Sua visão da natureza
tus logico-philosophicus (1921), chamado de e funcionamento das representações se al-
“o primeiro Wittgenstein”, ele iria funda- tera sensivelmente na segunda fase – um
mentar sua filosofia da linguagem na lógica Wittgenstein menos platônico-cartesiano, e
matemática: seu projeto ali era o de traçar mais aristotélico-peirceano, pois agora a lin-
as correlações entre o “complexo articulado guagem está dentro do mundo (na primeira
da proposição” e o “complexo articulado do 3
Embora haja inegável diferença e distância en-
real” (Marcondes, 2001: 268). Resultado: tre suas “duas fases”, penso que Wittgenstein ainda
uma teoria da linguagem como essencial- carrega muitas questões do Tractatus para dentro do
mente constativa. Ali, Wittgenstein afirmava Investigações. Vejo tantas convergências quantas di-
que a linguagem mais disfarça o pensamento vergências entre os “dois Wittgensteins”. No entanto,
este não é o momento e o lugar para eu desenvolver
do que com ele se afina. O pensador aus-
esta idéia.

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fase, o mundo é que parecia estar den- ela funciona” (Investigações) –, Wittgen-
tro da linguagem4 ): “Acredita-se estar indo stein se distancia de Heidegger e se apro-
sempre de novo atrás da natureza, e vai- xima de Peirce, mas também de Saussure:
se apenas ao longo da forma pela qual “Para o ‘segundo Wittgenstein’, os filóso-
nós a contemplamos” (Wittgenstein, 2005: fos deixaram-se enredar nas teias dos chama-
72) – trecho que parece revelar uma con- dos ‘problemas filosóficos’ porque se iludi-
cepção fenomenológica do pensamento e da ram procurando descobrir a essência da lin-
linguagem, tal como aquela de Kant e de guagem, algo que estivesse oculto atrás dela”
Peirce. (D’Oliveira, 1996: 14). Agora, são os usos
Agora, uma representação não precisa co- práticos da linguagem que determinarão o
incidir absolutamente com o real para ter o que ela é. E é daí que vem, também, sua
direito de existir. Uma representação passa, nova noção de representação:
é claro, minimamente pela adequação ao
‘A proposição, uma coisa es-
real, mas é o sistema múltiplo dos “jogos
quisita!’: aqui já reside a sub-
de linguagem” que a define e a faz pro-
limação de toda a apresentação.
duzir sentido em uma mente. Muito próximo
A tendência de supor um ser in-
da Semiótica de base pragmática de Peirce:
termediário puro entre o signo
“Mas o modo como reunimos as palavras
proposicional e os fatos. Ou tam-
segundo as espécies vai depender da fina-
bém de querer purificar, subli-
lidade da divisão – e de nossa inclinação”
mar o próprio signo proposicional
(Wittgenstein, 2005: 22).
(Wittgenstein, 2005: 67).
Se o “primeiro Wittgenstein” via o mundo
como um “todo-limitado” (do qual só se Se Wittgenstein afirma, por um lado,
poderia dizer “aquilo que é”), o “se- que uma representação não é exatamente a
gundo Wittgenstein” o via como uma “não- mesma coisa que uma imagem, afirma tam-
totalidade-ilimitada” (a partir do qual se for- bém, por outro lado, que uma imagem pode
mam infinitos “jogos de linguagem”, com se corresponder, se vincular a uma repre-
suas “famílias de parentesco”, que multipli- sentação (Wittgenstein, 2005: 139). Para
cam, mas também estabilizam, as represen- ele, a linguagem nem sempre funciona para
tações e seus sentidos). Como ele mesmo “transmitir pensamentos” prévios (Wittgens-
diz, já depois de ter subido até um certo tein, 2005: 140). É nesse ponto que o autor
ponto (o Tractatus), para poder enxergar coloca a questão do meio agindo sobre a lin-
mais longe, é preciso jogar a escada fora guagem e a cognição: “Quando penso dentro
(exatamente a finalidade de Investigações da língua, não me pairam no espírito ‘sig-
Filosóficas). nificados’ ao lado de expressões lingüísticas;
Ao deslocar sua busca – da “essên- mas a própria língua é o veículo do pensa-
cia da linguagem” (Tractatus) para “como mento” (Wittgenstein, 2005: 146).
4
Gostaria de mencionar, aqui, um trecho
“Na filosofia do ‘primeiro Wittgenstein’ ... Sua
teoria baseia-se na idéia de que a realidade é afigurada do estudo realizado por James Fetzer (Fet-
pela linguagem...” (D’Oliveira, 1996: 10). zer, 2000). Segundo este filósofo (norte-
americano) da ciência e do conhecimento,

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haveria, no caso dos seres humanos, um tipo coisa não se fez nada ainda.
de correspondência interna entre os símbolos (Wittgenstein, 2005: 42)
que manipulamos e aquilo que eles represen-
tam. Neste ponto, Fetzer cita Fodor e sua Há incríveis paralelos entre os pensamen-
teoria do “mentalês” (uma língua do pensa- tos sobre a linguagem de Ferdinand de Saus-
mento inata), atrelada à concepção computa- sure e de Ludwig Wittgenstein (na sua se-
cional da mente. gunda fase). Ambos lançam mão da imagem
Entretanto, diferentemente de tal abor- jogo de xadrez, como metáfora para se pen-
dagem um tanto platônica (das “remi- sar a natureza da linguagem. Neste tópico
niscências”), prefiro pensar (mais aris- do trabalho, traçarei alguns paralelos entre
totelicamente) – acompanhando o “segundo esses pensadores, no tocante às suas idéias
Wittgenstein” – que essa correspondência sobre a linguagem, visando ao aprofunda-
(entre o representâmen e o referente) se deve mento da discussão sobre a dita “crise da
mais a uma prática sócio-cognitiva derivada representação”5 .
do meio, ainda que apoiada numa base O “segundo Wittgenstein” procura ex-
orgânica propícia (para evitarmos um acen- plicar como a linguagem real, da vida
tuado “behaviorismo”). Ou seja: é preciso cotidiana, mantém-se sempre em aberto,
que haja minimamente uma correspondên- sempre aberta a usos novos e a jogos
cia, uma conexão causal (indicial) entre o de linguagem em contínua reformulação:
referente e o representâmen (signo), para que “Chamarei de ‘jogo de linguagem’ também
seja possível representar e significar – como a totalidade formada pela linguagem e pelas
afirma o próprio Fetzer. Agora, como se dá atividades com as quais ela vem entrelaçada”
essa conexão? É exatamente aí que surgem (Wittgenstein, 2005: 19).
as controvérsias. Salvo engano ou erro da minha parte, a
primeira vez que aparece a metáfora do jogo
de xadrez, no livro Investigações Filosóficas,
4 Saussure e Wittgenstein: o é aqui:
jogo de xadrez
Se mostramos a alguém a figura do
Denominar e descrever não
rei no jogo de xadrez e dizemos
se encontram num mesmo
‘Este é o rei no xadrez’, não lhe
nível: a denominação é uma
explicamos com isso o uso desta
preparação para a descrição.
figura – a não ser que ele já co-
A denominação não é ainda
nheça as regras do jogo até este
nenhum lance no jogo de
último ponto: a forma da figura
linguagem – tão pouco quanto
do rei. A forma da figura de
a colocação de uma peça
de xadrez é um lance no jogo 5
Desconheço se Wittgenstein leu Saussure antes
de xadrez. Pode-se dizer: de escrever suas Investigações Filosóficas. Se o leu,
com a denominação de uma deveria tê-lo mencionado explicitamente. Se não
o leu, impressionará mais ainda a coincidência das
idéias de ambos sobre a linguagem.

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jogo corresponde aqui ao som ou line”: “Estas objetivações servem de índices


à forma de uma palavra (Wittgens- mais ou menos duradouros dos processos
tein, 2005: 31). subjetivos de seus produtores, permitindo
que se estendam além da situação face a face
A analogia feita por Wittgenstein e por em que podem ser diretamente apreendidas”
Saussure entre a linguagem e o jogo de (Berger; Luckmann, 1998: 53).
xadrez serve para ressaltar o caráter social, A questão inalienável aqui é a da pro-
coletivo de ambos. Não importa a “forma dução/instauração do sentido, através da fa-
pura” (seja lá o que isso for) de uma palavra, culdade de linguagem, a qual nos permite
ou de uma peça do xadrez. Importa, isto sim, representar. E o sentido só se torna possível
é o seu lugar, em determinado momento, na através de um jogo (de linguagem) entre
execução prática do jogo. Se há regras para a identidades e diferenças. Se as identidades
fala e o jogo, estas são derivadas do uso que fixam certos traços, as diferenças lhes garan-
lhes antecedeu. É da prática que se retiraram tem individuação. Ainda segundo Berger e
as regras, e não o inverso. Para Wittgenstein, Luckmann:
como para Saussure, as regras não são feitas
nos escritórios, mas nas ruas: “A língua não A linguagem também tipifica
é mais uma entidade e não existe senão nos as experiências, permitindo-me
que a falam” (Saussure, 1969: 12). Há um agrupá-las em amplas categorias,
complexo confluir de fatores, para que haja em termos das quais têm sentido
jogo: “Mas um tabuleiro de xadrez não é, p. não somente para mim, mas
ex., manifesta e simplesmente, composto?” também para meus semelhantes.
(Wittgenstein, 2005: 40). Ao mesmo tempo em que tipi-
Já diferentemente do período analisado fica também torna anônimas as
por Foucault, Saussure não pensa que a experiências, pois as experiências
linguagem vem depois do real, apenas tipificadas podem em princípio
designando-o: “Bem longe de dizer que o ser repetidas por qualquer pessoa
objeto precede o ponto de vista, diríamos que incluída na categoria em questão
é o ponto de vista que cria o objeto” (Saus- (Berger; Luckmann, 1998: 59).
sure, 1969: 15). Esta questão se localiza en-
tre a epistemologia e a teoria da linguagem. Como afirmam estes autores, a linguagem
Ferdinand de Saussure, tal como o filósofo constrói imensos “edifícios de representação
da ciência Le Roy e os sociólogos do conhe- simbólica”. A linguagem seria capaz não
cimento Peter Berger e Thomas Luckmann, apenas de construir representações simbóli-
entende que “os fatos são feitos”. cas do real, mas também de fazê-las re-
Em sua visão do papel da representação tornarem alhures. Se há cultura, é por isso.
do mundo pela linguagem comum, Berger e É a questão do “valor” – que pressupõe
Luckmann dizem que a expressividade hu- um sistema de oposições – que afeta tanto
mana é capaz de objetivações, o que instaura Saussure como o “segundo Wittgenstein”.
um “mundo comum” entre os homens, bem Quando o homem se representa um signo,
como lhes permite representar o real “off por intermédio da cognição de um jogo de

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linguagem, será o “valor relativo” de cada o consenso do (e no) uso de regras; a con-
elemento desse composto que participará da cordância coletiva sobre a necessidade de re-
confecção do sentido. Segundo Saussure, o gras, ao menos básicas: “Queremos cons-
“valor” constitui-se, portanto, como um sis- truir uma ordem no nosso conhecimento do
tema de equivalências entre coisas de ordens uso da linguagem: uma ordem para uma fi-
diferentes. Quando Saussure fala da língua nalidade determinada; uma das muitas or-
como um “sistema”, mas mais ainda como dens possíveis; não a ordem” (Wittgenstein,
um “tesouro acumulado pela fala no corpo 2005: 76). Como se vê, um Wittgenstein
social”, está remetendo à massa de fatos da bem menos idealista-positivista, agora.
linguagem – não criada por qualquer indiví-
duo, mas usada por todos. Como um lance de xadrez não
O significante atua como um “corpo consiste apenas em uma pedra
sonoro” e se agencia ao significado, mas ser colocada no tabuleiro desta
estes se dão juntos em um contexto. Este e daquela maneira, – mas não
composto se dobra cognitivamente para den- consiste também nos pensamen-
tro de cada mente, a cada instante – ou talvez tos e sentimentos do jogador que
fosse melhor dizer que tal composto é cons- acompanham o lance; mas, antes,
truído pela mente, a partir das regras do jogo. nas circunstâncias que chamamos:
Se cada indivíduo (principalmente humano) ‘jogar uma partida de xadrez’, ‘re-
possui a faculdade da linguagem, o modo solver um problema de xadrez’,
de exercê-la irá variar bastante, a partir de e coisas do gênero (Wittgenstein,
um sistema estruturado (socialmente). Saus- 2005: 33).
sure chega a dizer que um signo pode mudar,
mesmo que não tenha sofrido mudança nem Para ele, o significado não passa do uso
em seu significante, em seu significado. mesmo que fazemos de uma palavra. Esse
Quando Wittgenstein fala de “famílias de uso é um tal, em um determinado momento
significados”, aproxima-se muito do con- do tempo, mas pode ser modificado lenta-
ceito de Sistema (ou Paradigma) de Saus- mente, no decorrer de longas durações. É
sure. Principalmente quando aquele diz que, como se Wittgenstein estivesse pensando
para compreendermos como apre(e)ndemos tanto em sincronia como em diacronia – e
o significado de uma certa palavra, deve- nas questões de mutabilidade e de imutabi-
mos nos lembrar dos jogos de linguagem e lidade do signo, tal como o fez Saussure. E
da família de significados que nos trouxeram é a cada instante que todo o sistema se põe
tal significado novo (ver Wittgenstein, 2005: em questão, no ato mesmo de atualização da
57). língua na fala – o que pressupõe tanto a e-
O emprego de uma palavra é em parte re- xistência de regras coletivas como uma certa
grado, e em parte aleatório. Uma regra (de liberdade combinatória dos falantes: “Mas
jogo de linguagem ou de xadrez) serve justa- um emprego não me pode pairar no espírito?
mente para possibilitar o “movimento”, não – Certamente” (Wittgenstein, 2005: 81). Em
para impedi-lo ou estancá-lo. E se há uma Saussure, a linguagem já era tanto social
“regra que regre todas as regras”, esta será como individual (Saussure, 1969: 16).

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A linguagem e a crise da “crise da representação” 11

É aqui que Wittgenstein estabelece seus 5 Conclusão: a volta dos que não
dois tipos de critério (muito próximo de foram...
Saussure): “Por um lado, a imagem (não im-
porta de que espécie seja), que lhe paira no O ponto mais alto
espírito em qualquer época; por outro lado, de verdade, portanto,
o emprego que ele – no decorrer do tempo é ainda somente perspectiva...
– faz dessa representação” (Wittgenstein, (Merleau-Ponty, 2002: 166)
2005: 82). Uma estrutura e uma função, em
sua teoria da representação lingüística. Com este trabalho, pretendi mostrar a
Mesmo a linguagem interior, pessoal, se- fragilidade da tese pós-moderna da “crise
ria baseada na linguagem exterior, cole- da representação”, a partir das teorias da
tiva. Para que eu me represente para mim linguagem de Foucault, Peirce, Wittgen-
mesmo algo, lanço mão de uma língua, car- stein e Saussure. Para isso, recorri, em
regada de significação socialmente consen- primeiro lugar, à história do conceito de
sual: “Quando se diz ‘Ele deu um nome representação, tal como levantada pelo filó-
à sensação’, esquece-se que muita coisa já sofo francês Michel Foucault (As palavras e
tem que estar preparada na linguagem para as coisas). Ali, procurei ressaltar a deter-
que o simples dar nome tenha um sentido” minação histórica da “representação”, bem
(Wittgenstein, 2005: 127). como seu papel no ordenamento do conhe-
Além de coincidências, ou convergências cimento possível.
teóricas como essas, Wittgenstein também Em seguida, busquei articular as princi-
se aproxima de Saussure quando postula a pais teses sobre a representação pela lin-
importância do “pensamento-som”: “Ima- guagem, tanto em Charles Sanders Peirce
ginamos que por meio de um sentimento (Semiótica) – lógico norte-americano –
perceberíamos quase um mecanismo de li- como em Ludwig Wittgenstein (desde Trac-
gação entre a imagem verbal e o som que tatus logico-philosophicus até Investigações
falamos” (Wittgenstein, 2005: 98). Um som filosóficas) – filósofo da linguagem aus-
da fala, em geral, não aparece solto. Possui tríaco. Naquela parte do trabalho, inten-
um lugar no jogo de linguagem usual, coti- tei articular essas duas visões a respeito da
diano – e é exatamente isso que lhe confere inexorabilidade da representação mental, em
uma significação (frasal) e um sentido (con- sua dependência de uma linguagem cogniti-
textual): “A intenção está entalhada na situa- vamente ordenada.
ção, nos costumes e instituições humanas” Na seqüência, tratei de aproximar o “se-
(Wittgenstein, 2005: 148)6 . gundo Wittgenstein” (Investigações filosó-
ficas) das teses do lingüista histórico Fer-
6
Se nos lembrarmos que a “intencionalidade” foi dinand de Saussure (Curso de lingüística
um conceito fundamental no início da Fenomenologia
geral). A partir de suas metáforas do jogo
– especificamente com Edmund Husserl –, poderemos
remeter ao tópico anterior deste trabalho, como que de xadrez, tracei (resumida e limitadamente)
fechando circularmente nossa cadeia argumentativa. suas teses sobre a natureza da linguagem.
Ressaltei, então, suas mútuas consonâncias
teóricas, também com o objetivo de ques-

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12 Guilherme Nery Atem

tionar – como horizonte teórico deste tra- MARCONDES, D.; JAPIASSU, H. (1990),
balho – a chamada “crise da representação”. Dicionário básico de filosofia, Rio de
É por isso que termino este trabalho me Janeiro: Jorge Zahar Editor.
permitindo uma leve paródia/inversão da úl-
tima frase do Tractatus – “Sobre aquilo que MARTINET, A. (et alii). (1976), Conceitos
não se pode falar, deve-se calar” (Wittgens- fundamentais da Lingüística, Lisboa:
tein, 1994: 281). No quadro do que penso Presença.
ter começado a demonstrar aqui – a saber, MERLEAU-PONTY, M. (2002), A prosa
que o argumento da “crise da representação” do mundo, São Paulo: Cosac & Naify.
está, ele mesmo, em crise –, afirmo aos pós-
modernos exatamente o que eles não querem PEIRCE, C. S. (2000), Semiótica, São
ouvir: aquilo que não se pode calar, deve-se Paulo: Perspectiva.
falar.
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A linguagem e a crise da “crise da representação” 13

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