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GENÉTICA DE POPULAÇÕES E EVOLUÇÃO

PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA

Professora: Dra. Danielly Torres Hashiguti de Freitas


Fonte: Ridley, 2007 – Capítulo 9; Pierce, 2016 – Capítulo 24
Genética quantitativa

➢ Caracteres qualitativos → governados por um ou poucos genes e com classes


PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA

fenotípicas facilmente separáveis umas das outras;

➢ Caracteres quantitativos → influenciadas por muitos genes e portanto, não pode ser
estudado da mesma maneira que as variáveis qualitativas → genética quantitativa.
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Genética quantitativa

Quantitativa (poligênica) Qualitativa (monogênica)


Diversos lócus. Geralmente um único lócus.

O efeito individual do gene sobre a O efeito individual do gene sobre a


característica é pequeno. característica é grande.

Sofrem pequenas ou nenhuma influência


Sofrem grande influência do ambiente.
do ambiente.

Distribuição fenotípica discreta (sim ou


Distribuição fenotípica contínua.
não)
Exemplos: altura, peso, peso dos ovos, Exemplos: cor da pelagem,cor da
inteligência, propensão à algumas plumagem, tipo de proteína do leite,
doenças grupo sanguíneos.
Genética quantitativa

➢ Exemplos de características poligênicas (ou complexas)


PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA

NORMAIS PATOLÓGICAS
Cor do cabelo Retardo Mental
Cor da pele Diabetes
Altura Esquizofrenia
Peso Hipertensão Arterial
Pressão Sanguínea Autismo
Inteligência Alcoolismo
Genética quantitativa

Características quantitativas são:


PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA

➢ Poligênicas: influenciadas por muitos genes, e portanto vários genótipos são possíveis,
cada um produzindo um fenótipo discretamente diferente;

➢ Cada gene apresenta segregação conforme as “Leis de Mendel”;

➢ Apresentam distribuição contínua de fenótipos → Ou seja, há entre os tipos extremos


de indivíduos encontrados em uma população, inúmeros fenótipos de difícil separação
em classes distintas;

➢ Fatores ambientais também afetam o fenótipo → diferenças ambientais resultam em


um único genótipo produzindo uma gama de fenótipos, dificultando ainda mais a
identificação dos genótipos com base apenas no fenótipo observado.
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Genética quantitativa
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de genótipos em função do número de genes

➢ Conhecendo o número de genes envolvidos na expressão do carácter é


possível predizer o número de genótipos formados, por meio da seguinte
fórmula: 3n, sendo n o número de genes envolvidos no caráter estudado.

Número de genes Número de genótipos


1 3
2 9
5 243
10 59.049
20 3.486.784.401
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Genética quantitativa

Nilsson-Ehle → estudou a cor do grão do trigo e propôs que existiam dois alelos em
cada locus: um que produzia o pigmento vermelho e outro que não produzia pigmento
A-A-B-B- A+ A+ B + B +

A+ A- B + B -

Foi observado que cinco fenótipos são possíveis quando os alelos em dois
loci influenciam o fenótipo e os efeitos dos genes são aditivos
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de fenótipos possíveis

➢ O número de fenótipos que podem ser encontrados em um caso de herança


poligênica, depende do número de pares de alelos envolvidos, que
chamamos n.
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑛ó𝑡𝑖𝑝𝑜𝑠 = 2𝑛 + 1
➢ O fenótipo vermelho é produzido por três genótipos:

➢ Qual a probabilidade geral de obter


grãos vermelhos nos descendentes
F2?
1 1 1 6
+ + =
16 16 4 16
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de genes para uma característica poligênica

➢ A probabilidade de combinações dos genes em ambos loci pode ser


determinada usando a regra de multiplicação de probabilidade → princípio de
segregação independente de Mendel.

➢ Qual a proporção esperada de descendentes F2 com o genótipo A+A+B+B+? Ou


seja, quais as chances de termos genótipos semelhantes aos dos genitores
originais??

➢ O resultado é o produto da probabilidade de obter o 1 1 1


genótipo A+A+ e de obter o genótipo B+B+. ∗ =
4 4 16
➢ Logo, 1/16 lembrará um dos genitores homozigotos originais.
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Genética quantitativa

Nilsson-Ehle → estudou a cor do grão do trigo e propôs que existiam dois alelos em
cada locus: um que produzia o pigmento vermelho e outro que não produzia pigmento
A-A-B-B- A+ A+ B + B +

A+ A- B + B -

Foi observado que cinco fenótipos são possíveis quando os alelos em dois
loci influenciam o fenótipo e os efeitos dos genes são aditivos
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de genes para uma característica poligênica

➢ Vimos que quando dois homozigotos para diferentes alelos em um único locus
são cruzados (A1 A1 × A2 A2) e os F1 resultantes são intercruzados (A1 A2 × A1
A2), um quarto de F2 deve ser homozigoto como cada um dos genitores
originais.

➢ Se os genitores originais forem homozigotos para diferentes alelos em dois


loci, como eram nos cruzamentos de Nilsson-Ehle, então 1/4 × 1/4 = 1/16 de F2
lembrará um dos genitores homozigotos originais.

1 𝑛
➢ ( ) será a proporção de indivíduos nos descendentes F2 que devem lembrar
4
cada um dos genitores homozigotos originais, enquanto n é igual ao n de loci
com um par segregante de alelos que afetam a característica.
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de genes para uma característica poligênica

➢ Exemplo:
➢ Considere o cruzamento de duas variedades homozigotas de ervilhas com
diferença de 16 cm na altura;
➢ Intercruzamos F1 e descobrimos que aproximadamente 1/256 de F2 são
semelhantes a uma das variedades genitoras homozigotas originais.
➢ Este desfecho sugeriria que quatro loci com pares de alelos segregantes
são responsáveis pela diferença de altura entre as duas variedades :
1 1 4
=( )
256 4
➢ Como as duas cepas homozigotas apresentam uma diferença de 16 cm na
altura e existem quatro loci e cada qual tem dois alelos (oito alelos no
16𝑐𝑚
total), cada um dos alelos contribui com = 2 cm na altura.
8
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Genética quantitativa

➢ Cruzamentos de Nilsson-Ehle → quando múltiplos


loci afetam uma característica, mais genótipos são
possíveis, então a relação entre o genótipo e
fenótipo é menos evidente.

➢ À medida que o número de loci que afeta uma


característica aumenta, o número de classes
fenotípicas em F2 aumenta
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Como determinar o número de genes para uma característica poligênica

➢ Pré-requisitos:
➢ Cepas homozigotas → pode ser difícil de se obter em alguns organismos.
➢ Considera que todos os genes que influenciam a característica têm efeitos
iguais;
➢ Considera que seus efeitos são aditivos;
➢ Considera que os loci não estão ligados.
➢ Para as características poligênicas, estas considerações não são válidas, e
então este método de determinar o número de genes que afetam uma
característica tem aplicação limitada.
“Uma vez que as características quantitativas são
descritas como uma medida e são influenciadas por
múltiplos fatores, sua herança tem de ser analisada
sob a ótica da estatística.”
Ler a partir do item 24.2, página 1005 de Pierce, 2016
Como aplicar a estatística no estudo de uma característica poligênica
A altura da flor de F1 e F2 é consistente com a
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA

➢ Edward East → altura das flores hipótese


do tabacode(Nicotiana
que a característica
longiflora). é determinada
por vários genes com efeitos aditivos.
PRINCÍPIOS DA GENÉTICA QUANTITATIVA Efeito ambiental e genético na genética quantitativa

➢ A variação encontrada em uma determinada espécie (variação fenotípica)


pode ter duas origens: variação devido ao ambiente e variação devido a
diferenças genéticas;

➢ Portanto, torna-se importante quantificar a proporção da variação fenotípica


que corresponde ao ambiente e a variação correspondente ao genótipo,
para poder estimar com melhor precisão experimental a resposta dos
genótipos nos ambientes testados.
Componentes da variância fenotípica

➢ Considere uma população de plantas selvagens com diferentes tamanhos,


da qual fizemos uma amostragem representativa, pesamos e calculamos a
VARIÂNCIA FENOTÍPICA

média e a variância de seu peso.

➢ Esta variância fenotípica é representada por VP ou VF.

➢Variância genética (VG)

➢Variância ambiental (VE)

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸

Qualquer variação no fenótipo que não é herdado é,


por definição, parte da variância ambiental
Componentes da variância fenotípica

➢ Variância da interação genética


ambiental (VGE) → Quando o efeito de
VARIÂNCIA FENOTÍPICA

um gene depende do ambiente específico


onde se encontra
Ambiente Genótipo Peso médio (g)
AA 12
Seco
aa 10
AA 20
Úmido
aa 24

Repare que ambos os genótipos produzem plantas


𝑉𝑃 =no𝑉ambiente
mais pesadas 𝐺 + 𝑉𝐸úmido,
+ 𝑉𝐺𝐸 porém, aa
cresceu mais no ambiente úmido.
Componentes da variância genética

1. Variância genética aditiva (VA) → inclui os efeitos aditivos dos genes


sobre o fenótipo, que podem ser somados para determinar o efeito geral
VARIÂNCIA FENOTÍPICA

sobre o fenótipo:
A1A1 = 2 + 2 = 4 g
➢Exemplo → imagine uma planta onde o alelo A1
A1A2 = 2 + 4 = 6 g
contribua com 2g em peso e o alelo A2 com 4g.
A2A2 = 4 + 4 = 8 g

➢ Determina principalmente a semelhança entre os genitores e descendentes.

➢ Se toda a variância fenotípica é causada por variância genética aditiva,


então o fenótipo médio dos descendentes será exatamente intermediário
entre os dos genitores.
Componentes da variância genética

2. Variância genética dominante (VD) → alelos dominantes controlam a


expressão do caráter.
VARIÂNCIA FENOTÍPICA

Tt = TT

3. Variância da interação gênica (VI) → Quando genes em diferentes loci


podem interagir da mesma forma que os alelos no mesmo locus interagem,
e seus efeitos não são aditivos.

➢ Ação gênica epistática → quando alelos de um gene inibem a ação dos


alelos de um outro par.

𝑉𝐺 = 𝑉𝐴 + 𝑉𝐷 + 𝑉𝐼
Variância fenotípica final

➢ Agora podemos integrar estes componentes em uma equação para


representar todas as potenciais contribuições para a variância fenotípica:
VARIÂNCIA FENOTÍPICA

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸 + 𝑉𝐺𝐸
𝑉𝑃 = (𝑉𝐴 +𝑉𝐷 + 𝑉𝐼 ) + 𝑉𝐸 + 𝑉𝐺𝐸
𝑉𝐺 = 𝑉𝐴 + 𝑉𝐷 + 𝑉𝐼
➢ Esta equação descreve as potenciais causas de diferenças que
observamos entre os fenótipos.

➢ Importante → O modelo lida com diferenças observáveis (V) nos fenótipos


de uma população → não informa o valor absoluto da característica nem os
genótipos envolvidos que produzem estas diferenças.
Variância fenotípica final

➢ Resumindo:

𝑉𝑃 = (𝑉𝐴 +𝑉𝐷 + 𝑉𝐼 ) + 𝑉𝐸 + 𝑉𝐺𝐸


VARIÂNCIA FENOTÍPICA

➢Onde:
➢𝑉𝑃 → Variação fenotípica

➢𝑽𝑨 → Variação genética aditiva


𝑉𝐺
Variação genética ➢𝑽𝑫 → Variação genética dominante

➢𝑽𝑰 → Variação de interação gênica

➢𝑉𝐸 → Variação ambiental

➢𝑉𝐺𝐸 → Variação genética e ambiental


Variância fenotípica

➢ Distribuição de frequências em trigo:


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

➢ Mediram o tempo de maturação (dias) do trigo em


4 diferentes populações cultivadas em parcelas, 40
plantas cada.

➢ População parental A e B

➢ F1 → cruzamento da parental.

➢ F2 → intercruzamento das plantas da F1

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸
Variância fenotípica

➢ Distribuição de frequências em trigo:


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

➢ As populações parentais e F1 tem uniformidade


genética, e por isso reflete diferenças por efeitos
ambientais.
Dividir a média das
variâncias de populações
(𝑉𝐴 +𝑉𝐵 + 𝑉𝐹1 ) parentais e da F1:
𝑉𝐸 =
3
(1,92 + 2,05 + 2,88)
𝑉𝐸 =
3
𝑉𝐸 = 2,28 𝑑𝑖𝑎𝑠2
Variância fenotípica

➢ Distribuição de frequências em trigo:


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

➢ Agora podemos estimar 𝑉𝐺


𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸
𝑉𝐺 = 𝑉𝑃 − 𝑉𝐸
𝑉𝐺 = 14,26 − 2,28
𝑉𝐺 = 11,98 𝑑𝑖𝑎𝑠2
𝐹2 → 14,26 𝑑𝑖𝑎𝑠2 = 11,98 𝑑𝑖𝑎𝑠2 + 2,28 𝑑𝑖𝑎𝑠2
Neste exemplo, a maior influência
da variação é de ordem genética.
Exercício → Variância fenotípica

➢ A produção de soja de uma determinada fazenda verificou variância de 50kg


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

por hectare após a colheita. Em relação aos nutrientes do solo, essa


variância foi de 10kg. Qual a variância genotípica dessa lavoura?

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸 50 = 𝑉𝐺 + 10
𝑉𝑃 = 𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑓𝑒𝑛𝑜𝑡í𝑝𝑖𝑐𝑎 𝑉𝐺 = 50 − 10
𝑉𝐺 = Variância genotípica
𝑉𝐸 = 𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑉𝐺 = 40𝑘𝑔

50 = 40 + 10
Exercício → Variância fenotípica

➢ Qual a variância genotípica em um rebanho onde a variância do peso dos


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

touros é de 20kg, das vacas é de 15kg, da F1 de 10kg e da F2 de 18kg?

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸 → 18 = 𝑉𝐺 + 15 → 𝑉𝐺 = 18 − 15 → 𝑽𝑮 = 𝟑𝒌𝒈

𝑉𝑃1 + 𝑉𝑃2 + 𝑉𝐹1 20 + 15 + 10 45


𝑉𝐸 = = = = 15𝑘𝑔
3 3 3
Exercício → Variância fenotípica

➢ Exercício 𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸
HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

(𝑉1 +𝑉2 + 𝑉𝐹1 )


𝑉𝐸 =
3
(6 + 7 + 8)
𝑉𝐸 =
3
𝑉𝐸 = 7
Exercício → Variância fenotípica

➢ Exercício 𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸
HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

43 = 𝑉𝐺 + 7
𝑉𝐺 = 43 − 7
𝑉𝐺 = 36

𝐹2 → 43 = 36 + 7
Herdabilidade

➢ Quanto da variação em uma característica quantitativa se deve a diferenças


genéticas e o quanto se deve a diferenças ambientais?

➢ Herdabilidade → Proporção de variação fenotípica total devido a


HERDABILIDADE

diferenças genéticas.
➢ Produtor percebe que algumas vacas
leiteiras produzem mais leite → $$$

➢ Se genética → selecionar vacas que


produzem mais para reprodução;

➢ Se ambiental → a reprodução seletiva


terá pouca influência e um ajuste entre
os dois fatores se faz necessário.
Tipos de herdabilidade

➢ 0 → Diferenças no fenótipo resultam da variação ambiental;

➢ 1 → Diferenças no fenótipo resultam da variação genotípica;

➢ Entre 0 e 1 → Fatores genéticos e ambientais influenciam


HERDABILIDADE

2
𝑉𝐺
𝐻 =
𝑉𝑃

➢ A herdabilidade no sentido amplo (H2) representa a proporção de


variância fenotípica que é causada por variância genética
Tipos de herdabilidade

➢ A herdabilidade no sentido restrito (h2) → Muitas vezes, estamos mais


interessados na proporção de VP que é o resultado da variância genética
aditiva
HERDABILIDADE

➢ determina principalmente a semelhança entre genitores e descendentes.

2
𝑉𝐴
ℎ =
𝑉𝑃
Tipos de herdabilidade

➢ No exemplo do trigo...

𝐹2 → 14,26 𝑑𝑖𝑎𝑠2 = 11,98 𝑑𝑖𝑎𝑠2 + 2,28 𝑑𝑖𝑎𝑠2


HERDABILIDADE

𝑉𝐺 11,98
𝐻2 = = = 0,84
𝑉𝑃 14,26
➢ 84% da variabilidade observada no tempo de maturação do trigo se deve a
diferenças genéticas entre os indivíduos.
Exercício → Herdabilidade

➢ Qual a herdabilidade de um pomar onde os frutos apresentam variância de


HIPÓTESE DOS FATORES MÚLTIPLOS

200g no pomar inteiro e variância de 40g entre plantas intercaladas?

𝑉𝑃 = 200𝑔 𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸
𝑉𝐺 = ?
200 = 𝑉𝐺 + 40
𝑉𝐸 = 40𝑔
𝑉𝐺 = 160

2
𝑉𝐺 160
𝐻 = → → 0,8 𝑜𝑢 80%
𝑉𝑃 200
Exercício → Herdabilidade

➢ Exercício 1 → Foi avaliada a produção de grãos nas gerações P1, P2


(progenitores homozigotos), F1 e F2, cujos resultados são apresentados a na
tabela abaixo. Baseado nesses resultados, estime a herdabilidade da geração F2.
𝑉(𝑃1) + 𝑉(𝐹1) + 𝑉(𝑃2) Geração Número de plantas Média (g) Variância
𝑉𝐸(𝐹2) =
HERDABILIDADE

P1 50 61 10
3
10 + 35 + 14 59 P2 45 94 14
= = 19,6 F1 42 78 35
3 3
F2 190 82 67

𝑉𝐺(𝐹2) = 𝑉𝑃(𝐹2) − 𝑉𝐸 𝐹2

67 − 19,6 = 47,4

2
𝑉𝐺 47,4 São causadas por
𝐻 = = = 𝟎, 𝟕𝟎 𝒐𝒖 𝟕𝟎% diferenças no genótipo
𝑉𝑃 67
Calculando a herdabilidade

➢ Herdabilidade pela eliminação dos componentes de variância.

➢ Consiste em eliminar um dos componentes da variância


HERDABILIDADE

𝑉𝑃 = 𝑉𝐺 + 𝑉𝐸 + 𝑉𝐺𝐸
➢ Se eliminarmos a variância ambiental (VE = 0), então VGE = 0, e portanto, 𝑉𝑃 = 𝑉𝐺

➢ Quando faço isso?

➢ Quando garanto que todos os indivíduos foram criados no mesmo ambiente.

➢ Quase impossível!
Calculando a herdabilidade

➢ Herdabilidade pela eliminação dos componentes de variância.

➢ Se eliminarmos a variância genética (VG = 0), então VGE = 0, e portanto, 𝑉𝑃 = 𝑉𝐸


HERDABILIDADE

➢ Quando faço isso? Quando crio organismos geneticamente idênticos!

➢ Poderíamos clonar ind. e medir sua VP para estimar VE. E depois criar um
grupo de indivíduos geneticamente variáveis, calcular sua variância fenotípica
(VP) e obter a variação genética através da subtração:

𝑉𝐺 𝑖𝑛𝑑. 𝑔𝑒𝑛. 𝑣𝑎𝑟. = 𝑉𝑃 𝑖𝑛𝑑. 𝑔𝑒𝑛. 𝑣𝑎𝑟. − 𝑉𝐸 (𝑖𝑛𝑑. 𝑔𝑒𝑛. 𝑖𝑑ê𝑛𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠)


Calculando a herdabilidade

➢ Wright → Herdabilidade de manchas brancas em porquinhos-da-índia

1. Mediu VP da mancha branca em uma pop. geneticamente variável; 𝑉𝑃 = 573

2. Cruzou porquinhos por várias gerações para definir uma geração parental;
HERDABILIDADE

3. Mediu novamente VP da mancha branca 𝑉𝑃 = 340


Grupo
Grupo controle
geneticamente
𝑉𝑃 = 340
Variável 𝑉𝐺 = 𝑉𝑃 − 𝑉𝐸
𝑉𝐺 = 0
𝑉𝑃 = 573 𝑉𝐺 = 573 − 340 = 233
𝑉𝑃 = 𝑉𝐸

2 𝑉𝐺 233
𝐻 = = = 𝟎, 𝟒𝟏 ou 41%
𝑉𝑃 573 São causadas por
diferenças no genótipo
HERDABILIDADE Exemplos de h2
Predição de fenótipos

➢ Exemplo → QI

➢ Michael (QI 110) e Ana (QI 120) → Média da população QI = 100;


GENÉTICA QUANTITATIVA

➢ Filho é dado para adoção e os pais querem predizer o QI da criança;

➢ Fatores ambientais: Não podem ser preditos.

➢ Se o QI não tem influência genética, o QI dos pais não tem valor preditivo;

➢ Herdabilidade restrita do QI: 0,4 (40%).

➢ Com esses valores, podemos fazer a predição


Predição de fenótipos

➢ Exemplo → QI
➢ TO : QI da criança, TM é o QI de Michael e TA é o QI de Ana.
GENÉTICA QUANTITATIVA

➢ A média populacional é µ (100).

➢ Valor médio parental (TP):


𝑇𝑀 + 𝑇𝐴 120 + 110
𝑇𝑃 = → → 115
2 2
➢ A melhor predição para o QI da criança seria:

2 𝑇𝑀 +𝑇𝐴
𝑇𝑂 = µ + ℎ [ ]
2−µ
Predição de fenótipos

➢ Exemplo → QI
➢ Substituindo [(TM + TA)/2] por TP,
GENÉTICA QUANTITATIVA

𝑇𝑂 = µ + ℎ2 ∗ [𝑇𝑃− µ]

➢ Utilizando as quantitades conhecidas:

𝑇𝑂 = 100 + 0,4 ∗ [115 − 100]


𝑇𝑂 = 106
Predição de fenótipos

➢ Exemplo → QI
➢ h2 traduz a diferença entre o valor
GENÉTICA QUANTITATIVA

médio parental e a média da


população em uma diferença
“herdável’ que pode ser esperada na
prole;

➢ Adicionar essa diferença herdável à


média nos permite predizer o
fenótipo da prole.
Predição de fenótipos

➢ Exemplo → QI
➢ A herdabilidade restrita (h2) nos diz o quanto a prole se parecerá com a
GENÉTICA QUANTITATIVA

média dos pais para uma característica;

➢ É uma inferência, não um valor definido;

➢ Valores diferentes para características diferentes.


Estimação do ganho por seleção ou ganho genético

➢ Uma grande contribuição da genética quantitativa é a possibilidade de se


estimar o ganho obtido com uma estratégia de seleção adotada pelo
GENÉTICA QUANTITATIVA

programa de melhoramento genético → ganho de seleção (GS)

➢ Em uma população em que haja variabilidade para realizar a seleção,


determina-se a média da população a ser melhorada (Xo)

Onde:
➢ 𝑿𝒎 = Média da população melhorada;
𝑿𝒎 = 𝑿𝟎 + 𝐺𝑆 ➢ 𝑿𝟎 = Média da população original;
➢ GS = Ganho de seleção
Estimação do ganho por seleção

➢ Para obter o GS → calculamos o diferencial de seleção (DS) e a


herdabilidade no sentido restrito (h2):
GENÉTICA QUANTITATIVA

𝐺𝑆 = 𝐷𝑆 ∗ ℎ2

➢ O diferencial de seleção (DS) corresponde a diferença entre a média da


melhor população selecionada em relação a média da população original,
onde foi realizado o processo de seleção.

➢ Onde 𝑿𝑺 é a média da população


𝑫𝑺 = 𝑿𝑺 − 𝑿𝟎 selecionada.
GENÉTICA QUANTITATIVA Exemplo

AABB aabb

Quantos fenótipos? =2n+1 =5

Quantos genótipos? =3n =9

Quantos alelos? =fenótipos - 1 =4


Exemplo

(P) AABB x aabb (F1) AaBb x AaBb

(F2) AABB, AABb, AaBB, AaBb, aaBB, AAbb, Aabb, aaBb, aabb
GENÉTICA QUANTITATIVA

No de alelos dominantes 4 3 2 1 0

Fenótipo Negro Moreno escuro Moreno médio Moreno claro Branco

AaBb
AABb Aabb
Genótipo AABB aaBB aabb
AaBB aaBb
AAbb
Proporção fenotípica e a pirâmide de Pascal

➢ Como determinar a proporção fenotípica com diferente número de alelos


quando cruzamos heterozigotos? AaBb x AaBb??
GENÉTICA QUANTITATIVA

N0 de alelos
0 1

1 1 1

2 1 2 1

3 1 3 3 1

4 1 4 6 4 1

5 1 5 10 10 5 1

6 1 6 15 20 15 6 1
Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos.

a) Quantos genes estão atuando na herança da altura do milho?

b) Quantos centímetros cada gene aditivo adiciona ao fenótipo mínimo? Qual a altura
dos descendentes da geração F1?

c) A geração F2 resultou em 384 plantas. Quantas delas possuem altura de 250cm?


Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos.


Genótipo
300 – 150 = 150 150cm aabbcc

150cm a 300cm 150/6 =25cm 175cm

Fenótipos → 7 200cm

Quantos alelos? → 7-1 = 6 225cm

a) Quantos genes?? → 6/2 = 3 250cm

275cm

300cm AABBCC
Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos. Com
base nisso, responda:

a) Quantos genes estão atuando na herança da altura do milho?


R: Três genes
b) Quantos centímetros cada gene aditivo adiciona ao fenótipo mínimo? Qual a altura
dos descendentes da geração F1?
R: Cada gene colabora com 25cm
c) A geração F2 resultou em 384 plantas. Quantas delas possuem altura de 250cm?
Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos.


Genótipo
300 – 150 = 150 150cm aabbcc

150cm a 300cm 150/6 =25cm 175cm

Heterozigotos → 300cm 200cm

Fenótipos → 7 b) 225cm AaBbCc

Quantos alelos? → 7-1 = 6 250cm

a) Quantos genes?? → 6/2 = 3 275cm

300cm AABBCC
Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos. Com
base nisso, responda:

a) Quantos genes estão atuando na herança da altura do milho?


R: Três genes
b) Quantos centímetros cada gene aditivo adiciona ao fenótipo mínimo? Qual a altura
dos descendentes da geração F1?
R: Cada gene colabora com 25cm e a F1 tem 225cm.
c) A geração F2 resultou em 384 plantas. Quantas delas possuem altura de 250cm?
Exercício
Genótipo
0 1 1 1 150cm aabbcc

1 1 1 2 6 175cm
GENÉTICA QUANTITATIVA

2 1 2 1 3 15 200cm
225cm AaBbCc
3 1 3 3 1 4 20

4 1 4 6 4 1 5 15 250cm

5 1 5 10 10 5 1 6 6 275cm

7 1 300cm AABBCC
6 1 6 15 20 15 6 1
64

15 64 15 15
∗ 384 → ∗ 6 → 90
𝑥 384 64 1
Exercício

➢ (UFU-MG) Em uma determinada espécie de milho, a altura da planta varia de 150cm a


300cm. Cruzando-se linhagens homozigóticas que produzem plantas com altura de
GENÉTICA QUANTITATIVA

300cm, obteve-se uma geração F1 que, autofecundada, originou sete fenótipos. Com
base nisso, responda:

a) Quantos genes estão atuando na herança da altura do milho?


R: Três genes
b) Quantos centímetros cada gene aditivo adiciona ao fenótipo mínimo? Qual a altura
dos descendentes da geração F1?
R: Cada gene colabora com 25cm e a F1 tem 225cm.
c) A geração F2 resultou em 384 plantas. Quantas delas possuem altura de 250cm?

R: de um total de 384 plantas, 90 terão 250cm.


GENÉTICA QUANTITATIVA Heterose, Vigor do Híbrido
Heterose, Vigor do Híbrido

➢ Quando animais geneticamente distantes se cruzam:

➢ Num acasalamento comum → valor genético da progênie seja igual à


GENÉTICA QUANTITATIVA

média do valor genético dos pais.

➢ Mas quando o acasalamento é feito entre animais de grupos genéticos


diferentes, como taurinos e zebuínos, acontece a heterose, que faz com
que a média do valor genético da progênie seja superior ao valor genético
dos pais.

Fenômeno em que a geração F1 do cruzamento entre


dois genitores apresenta desempenho superior a média dos
mesmos!
Heterose, Vigor do Híbrido

➢ A heterose aumenta o número de pares de alelos diferentes e incrementa a


heterozigosidade, que dá lugar à supressão de alelos recessivos
GENÉTICA QUANTITATIVA

indesejáveis de um dos progenitores por alelos dominantes do outro;

➢ A consanguinidade dá lugar à homozigosidade, o que aumenta o risco na


descendência de ser afetada por caracteres recessivos ou nocivos.

Um touro que vende 40 mil


doses de sêmen por ano pode
faturar R$ 1 milhão!! no período
GENÉTICA QUANTITATIVA Heterose, Vigor do Híbrido
GENÉTICA QUANTITATIVA Heterose, Vigor do Híbrido
GENÉTICA QUANTITATIVA Heterose, Vigor do Híbrido
GENÉTICA QUANTITATIVA Heterose, Vigor do Híbrido
Calculando a heterose

➢ Superioridade genética média dos filhos em relação à média dos pais


GENÉTICA QUANTITATIVA

𝑷𝟏 + 𝑷𝟐 (𝐹ഥ1 − 𝑃)
ത 𝒉
𝒉 = 𝑭𝟏 − 𝒉% = ∗ 100 𝑭𝟐 = 𝑭𝟏 −
𝟐 𝑃ത 𝟐

➢ 𝒉 = heterose

➢ 𝑭𝟏 = Média da geração 1

➢ 𝑷𝟏 = Média do parental 1

➢ 𝑷𝟐 = Média do parental 2
Exercício → Heterose

➢ Um criador possui um cavalo de 480kg e uma égua de 440kg. Quando adulto, o


filhote desses dois indivíduos pesa 470kg.
GENÉTICA QUANTITATIVA

a) Quanto é a heterose? b) E qual a média de F2?

𝑷𝟏 + 𝑷𝟐 𝒉
𝒉 = 𝑭𝟏 − 𝑭𝟐 = 𝑭𝟏 −
𝟐 𝟐
𝟏𝟎
𝟒𝟖𝟎 + 𝟒𝟒𝟎 𝑭𝟐 = 𝟒𝟕𝟎 −
𝒉 = 𝟒𝟕𝟎 − 𝟐
𝟐
𝑭𝟐 = 𝟒𝟕𝟎 − 𝟓
𝒉 = 𝟒𝟕𝟎 − 𝟒𝟔𝟎
𝒉 = 𝟏𝟎𝐤𝐠 𝑭𝟐 = 𝟒𝟔𝟓
Exercício avaliativo

➢ Foi avaliada a produção de grãos nas gerações P1, P2 (progenitores


homozigotos), F1 e F2, cujos resultados são apresentados na tabela abaixo.
GENÉTICA QUANTITATIVA

Geração N. de plantas Média (g) Variância


P1 40 80 15,4
P2 55 47 18,2
F1 60 82 19,5
F2 210 95 75,8
a) Qual o valor da variância genética entre as plantas na geração F1 e F2?

b) Qual a herdabilidade do caráter da geração F2?

c) Qual a média predita para o primeiro ciclo do cultivo dos indivíduos F2, com
média 90kg?

d) Qual a heterose na geração F1?

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