Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Embrapa Solos
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 49
Compartimentos Geomorfológicos ...................................................................... 50
Planícies Fluviais .................................................................................................52
Depressão do Médio Vale do Rio Tocantins ...................................................... 53
Chapadas e Mesetas de Estreito-Carolina ......................................................... 57
Depressão do Baixo-Médio Vale do rio Araguaia .............................................. 58
Planície do Rio Araguaia/Ilha do Bananal ...........................................................61
Serras e Patamares do Interflúvio Tocantins-Araguaia ...................................... 62
Chapadas do Alto Rio Parnaíba ......................................................................... 65
Chapada das Mangabeiras ................................................................................ 67
Planalto Dissecado do Tocantins ....................................................................... 67
Patamares do Jalapão........................................................................................ 69
Baixos Platôs do Jalapão.....................................................................................70
Depressão do médio-alto vale do rio Tocantins..................................................73
Serras isoladas da depressão do médio-alto vale do rio Tocantins.....................75
Patamares do Chapadão Ocidental Baiano.........................................................76
Chapadão Ocidental Baiano ...............................................................................78
Serras do Planalto Central Goiano..................................................................... 80
Referências ........................................................................................................... 82
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
49
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
50
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Amplitude
Declividade
Tipo de Relevo Topográfica
(graus)
(metros)
Planícies fluviais
0a3 0a2
ou fluviolacustres (R1a)
Terraços fluviais (R1b1) 0a3 2 a 20
Vertentes recobertas por
5 a 45 variável
depósitos de encosta (R1c)
Campos de dunas (R1f) 3 a 30 2 a 40
51
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
52
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
53
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Este domínio estende-se por uma comprida faixa de Este conjunto de formas de relevo resulta do arrasa-
direção norte-sul que abrange o centro-norte e o nordeste mento generalizado do substrato geológico de uma sequ-
do estado do Tocantins, incluindo a região denominada ência vulcanossedimentar praticamente completa de idade
de Bico do Papagaio. A Depressão do médio vale do rio devoniano-cretácica da bacia sedimentar do Parnaíba, que
Tocantins delimita-se, a oeste, com as serras e patamares compreende desde os siltitos e folhelhos das formações
do interflúvio Tocantins-Araguaia; a sul, com o Planalto Pimenteiras, Cabeças e Longá, até os arenitos e argilitos das
dissecado do Tocantins e com os patamares do Jalapão; e, a formações Corda e Itapecuru;e os derrames basálticos da
sudeste, com as chapadas do alto rio Parnaíba (Figura 4.10). formação Mosquito. Por fim, sobre todo este conjunto de
Em seu interior, estão inseridas as chapadas e mesetas de litologias, desenvolveu-se um aplainamento generalizado
Estreito-Carolina. Por fim, a norte e a leste, este domínio do relevo e um evento de laterização durante o Neógeno,
estende-se, em larga escala, pelo estado do Maranhão. que gerou perfis lateríticos imaturos.
Seu relevo é constituído por extensas superfícies Em decorrência da grande variabilidade geológica
aplainadas (R3a2), com esporádica ocorrência de morros- e biogeográfica registrada na Depressão do médio vale
-testemunho (R3b), incipientemente dissecadas por uma do rio Tocantins, observa-se uma profusão de tipos de
rede de drenagem de baixa densidade, todavia sem perder solos desenvolvidos na região. De forma geral, podemos
seu caráter aplainado. De forma frequente, ocorrem baixos subdividir esta vasta superfície em dois domínios morfo-
platôs (R2b1) (Figura 4.11) e rebordos erosivos (R4e) ligei- pedológicos principais:
ramente ressaltados topograficamente. Em determinadas a) Região do Bico do Papagaio, a norte da cidade de
porções desse domínio geomorfológico, predominam Araguaína, onde predominam solos profundos e lixivia-
terrenos modelados em morros baixos ou colinas com grau dos, devido a forte atuação do intemperismo químico em
variável de dissecação (R4a1 e R4a2). A planície aluvial clima subequatorial úmido a subúmido, revestidos tanto
do rio Tocantins ocorre de forma descontínua ao longo de pela Floresta Amazônica, quanto por mata de cocais, com
seu fundo de vale. Num dos estrangulamentos rochosos, predomínio do babaçu (Attalea speciosa), ou por florestas
inclusive, foi construída a UHE de Estreito, sobre rochas estacionais (IBGE, 2007c) (Figura 4.12). Predominam nas
vulcânicas da formação Mosquito. Entretanto, essa planície áreas mais planas os Latossolos Vermelho-Amarelos e
torna-se bem mais larga em seu baixo curso, próximo à Amarelos, Distróficos, em alguns casos associados a Ne-
confluência do rio Araguaia, a jusante da cidade de Impe- ossolos Quartzarênicos Órticos, cuja ocorrência está em
ratriz (DANTAS et al., 2013). geral relacionada ao afloramento de arenitos eólicos de
Figura 4.10 - Perfil geológico-geomorfológico de direção W-E, atravessando o centro-norte do estado do Tocantins entre a
cidadelocalidade de Couto de Magalhães, no vale do rio Araguaia e as chapadas do alto Parnaíba.
Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
54
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
idade triássica da Formação Sambaíba. Ocorrem também relevo nos limites dos topos com as partes superiores das
Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos, que em algu- encostas dos vales que dissecam a paisagem. A ocorrên-
mas áreas apresentam horizonte superficial mais espesso e cia generalizada desses Plintossolos sugere um ambiente
escuro (A proeminente) ou ocorrência de plintita (plintos- pretérito de restrição de drenagem e alternância de condi-
sólicos), além de Plintossolos Háplicos, situados em áreas ções redutoras e oxidantes que resultou na concentração
de níveis altimétricos mais baixos, marginais às planícies diferencial de óxidos de ferro e a formação de horizontes
fluviais dos rios Tocantins e Araguaia, e ainda Neossolos plínticos em grandes extensões, a exemplo do que ocorre
Litólicos, estes em terrenos mais declivosos na borda atualmente em algumas planícies e fundos de vale, de cujo
de relevos residuais e em alguns vales mais encaixados. endurecimento irreversível por dessecamento posterior,
Destaca-se ainda a ocorrência de Latossolos Vermelhos Dis- condicionado a um rebaixamento do nível de base em
tróficos e Nitossolos Vermelhos Distróficos ou Eutróficos, escala regional, teve origem o material concrecionário
ambos de textura argilosa, que estão associados ao intem- atual. Igualmente abundantes são os Neossolos Quart-
perismo dos basaltos de idade jurotriássica da Formação zarênicos Órticos, predominantes nas áreas mais amplas,
Mosquito. Por fim, ressaltam-se manchas de solos de boa de conformação suave e extensos interflúvios, como nos
fertilidade natural associado à presença de argilas ativas, topos dos baixos platôs (R2b1) que sobressaem levemente
que contribuem para a retenção de nutrientes, como os do nível de aplainamento geral. Com frequência ocorrem
Luvissolos Háplicos e Chernossolos Argilúvicos, em meio associados a Latossolos Amarelos de textura média, que
a um amplo domínio de solos de baixa fertilidade natural se distribuem por toda a área, em geral em topografia
(IBGE, 2007b, 2012, 2014a). plana a suave ondulada (< 8% de declive). A ocorrência de
b) A sul de Araguaína este domínio apresenta solos Latossolos Vermelho-Amarelos é bem menos expressiva;
pobres em nutrientes, em grande parte arenosos e forte- destaca-se, todavia a sul, à margem esquerda do rio do
mente laterizados, em clima estacional seco-úmido, típico Sono, próximo à confluência com o rio Tocantins, a do-
dos cerrados. Destaca-se, neste contexto, a expressiva minância de Latossolos Vermelhos, de textura argilosa ou
ocorrência de Plintossolos Pétricos Concrecionários, que muito argilosa, desenvolvidos sobre espessas coberturas
se caracterizam por apresentar grande quantidade, mais detríticas nos topos de baixos planaltos (R2b3), em relevo
de 50% em volume, de concreções ferruginosas (petro- plano de grande extensão, que apresentam condições
plintita) do tamanho de calhaus ou cascalhos (diâmetro favoráveis à agricultura intensiva. Ocorrem, subordina-
>2 mm) em sua constituição, material este que por sua damente, Argissolos Vermelho-Amarelos e Plintossolos
maior resistência à remoção pelos processos erosivos atua Háplicos, ambos quase sempre de caráter distrófico, assim
como fator a retardar o avanço da erosão geológica remon- como Neossolos Litólicos e Cambissolos Háplicos, estes em
tante. Por essa razão, esses solos tendem a sobressair na geral relacionados a áreas mais declivosas, nas encostas
paisagem, muitas vezes delineando pequenas quebras de de vales (IBGE, 2007b, 2012, 2014a, 2014b).
Figura 4.11 - Relevo de baixos platôs ligeiramente mais elevados Figura 4.12 - Superfície de aplainamento com ocorrência de
que as superfícies aplainadas circunjacentes, recobertos por baixos platôs residuais (sobressaindo ao fundo) sustentados
solos profundos e bem drenados, por vezes concrecionários. por crostas lateríticas. Paisagem revestida por mata de babaçus
Estes terrenos encontram-se sulcados por uma rede de em condição climática úmida, típica do norte do estado, em
drenagem de baixa densidade. Rodovia TO-432, entre transição entre os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica.
as cidades de Colinas do Tocantins e Tupiratins. Rodovia TO-201, nas imediações da cidade de Buriti do Tocantins.
Fotografia: Juliana Maceira Moraes, 2011. Fotografia: Juliana Maceira Moraes, 2011.
55
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Em campo, observou-se uma expressiva área embasada Ressalta-se ainda o registro de um notável geossítio
por siltitos e folhelhos das formações Poti e Piauí, ambas de descrito pelo SIGEP (DIAS-BRITO et al, 2009), associado
idade carbonífera, que exibem processos de erosão laminar aos famosos troncos fósseis espalhados nos sedimentos
acelerada, sulcos e ravinamentos de tal relevância que provo- da Formação Pedra de Fogo, na bacia sedimentar do
caram a remoção da vegetação original e a perda da camada Parnaíba, especialmente na região de Bielândia, distrito
superficial do solo (Figuras 4.13 e 4.14). O cenário resultante de Filadélfia. Vulgarmente eles são conhecidos como
de tal dinâmica geomorfológica é uma paisagem típica de psaronius, representados por pedaços de troncos e ga-
um estágio inicial de desertificação, com uma profusão lhos, por vezes quase que inteiros, completos, métricos,
de solos decapitados e pedregosos, selados pela ação da silicificados por quartzo, que surpreendem até os mais
chuva e submetidos a uma intensa ação erosiva impetrada calejados paleontólogos (MARTINS et al., 2010).
pelo escoamento superficial. Este fenômeno de degrada- Historicamente, o vale do rio Tocantins representou
ção ambiental decorre do desmatamento generalizado do um corredor de comunicação entre o Centro-Oeste e o
cerrado nativo sobre terrenos muito frágeis, referentes a Norte do Brasil, vocação esta impulsionada na década
Plintossolos Pétricos Concrecionários e Cambissolos Háplicos de 1960, com a construção da rodovia Belém-Brasília
Tb Distróficos embasados por rochas pelíticas. (BR-153). Com a consolidação deste corredor viário, foi
Ressalta-se, por fim, a ocorrência muito restrita de desencadeado nas últimas décadas um vertiginoso pro-
antigos depósitos eólicos de presumível idade pleistocênica. cesso de desmatamento da vegetação original associado
As dunas fixas (R1f) atestam a vigência de paleoclimas ao avanço da extração madeireira e da fronteira agrope-
pretéritos mais secos ao longo do Quaternário em toda a cuária na região. O desenvolvimento econômico calcado
região (Figura 4.15). nas atividades agropecuárias foi significativo, projetando
a cidade de Araguaína como um importante polo regio-
nal, sendo alçada à condição de segunda cidade mais
importante do estado.
Este domínio é atravessado, de norte a sul, pela
rodovia BR-153 (Belém-Brasília). As principais cidades si-
tuadas na Depressão do médio vale do rio Tocantins são:
Araguaína, Lajeado, Miracema do Tocantins, Miranorte,
Rio Sono, Pedro Afonso, Guaraí, Colinas do Tocantins,
Itapiratins, Nova Olinda, Goiatins, Filadélfia, Babaçulândia,
Aguiarnóplis, Tocantinópolis, Itaguatins, Wanderlândia,
Piraquê, Axixá do Tocantins, Augustinópolis, Sampaio e
São Salvador do Tocantins.
Figuras 4.13 e 4.14 - Processos de erosão laminar acelerada Figura 4.15 - Dunas fixas constituídas por areias quartzosas
e ravinamentos promovendo a remoção do cerrado nativo inconsolidadas e oxidadas (Neossolos Quartzarênicos
e evidenciando fenômeno de degradação ambiental sobre as Órticos), apresentando coloração amarelado-clara.
superfícies aplainadas em área de solos concrecionários. Este depósito encontra-se escavado pela rodovia TO-010,
Rodovia TO-030, entre as cidades de Novo Acordo e São Félix do entre as cidades de Lajeado e Miracema do Tocantins.
Tocantins. Fotografias: Edgar Shinzato, 2015. Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2015.
56
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
57
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 4.18 - Perfil geológico-geomorfológico de direção WNW-ESE, atravessando a porção central do estado do Tocantins,
entre as cidades de Caseara, no vale do rio Araguaia, e Mateiros, situada nos baixos platôs do Jalapão.
Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
58
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
a ocorrência episódica de serpentinitos, xistos e gabros Estes terrenos aplainados ou de colinas ? suaves
do complexo máfico-ultramáfico das unidades Quatipuru apresentam cotas que variam entre 130 e 300 metros,
e Serra do Tapa, assim como um extenso gráben cretácico gradualmente decrescentes de sul para norte, seguindo,
de direção N-S preenchido por arenitos e conglomerados em linhas gerais, o curso do vale do rio Araguaia.
da Formação Rio das Barreiras (Figura 4.10). Este gráben, Valente & Latrubesse (2011) caracterizam o estágio
situado no noroeste do estado, se instala de forma irregu- avançado de desenvolvimento desta superfície aplainada
lar em meio à faixa móvel Paraguai-Araguaia, apresenta e ressaltam que a ilha do Bananal situa-se numa zona de
extensão de 170 quilômetros e largura máxima de 40 fraqueza crustal ao longo do megalineamento Transbrasilia-
quilômetros, afinando-se em direção sul (IBGE, 2007d). no que atravessa, transversalmente (numa direção SW-NE),
Coberturas detrito-lateríticas de idade neógena se espraiam boa parte do território brasileiro. Observa-se que este do-
por diversas áreas das superfícies pediplanadas. mínio geomorfológico posiciona-se em cotas ligeiramente
mais elevadas que as verificadas na bacia sedimentar da
Ilha do Bananal. Assim sendo, tal fato ajuda a explicar o
sutil reafeiçoamento moderno desta superfície, em ajuste
a um nível de base subsidente do rio Araguaia, na bacia
da Ilha do Bananal.
Ressalta-se ainda nesse domínio o desenvolvimento
de feições cársticas, tais como dolinas e morrotes residuais,
associados ao afloramento de rochas calcárias da Formação
Couto Magalhães (Figura 4.21). As maiores depressões
fechadas em meio a esta plataforma carbonática desen-
volvem extensas lagoas, cujos espelhos d’água estão
condicionados pela variação sazonal do nível freático (vide
lagoas da Confusão e da Trindade, dentre as principais)
(Figura 4.22). As depressões menores são colonizadas
por uma vegetação peculiar de porte florestal em meio
ao ambiente graminoso, sendo denominada de ipuca
(MARTINS et al., 2002; MARTINS et al., 2006). As ipucas
constituem, portanto, enclaves florestais que ocupam o
Figura 4.19 - Superfície aplainada levemente reafeiçoada,
interior de pequenas dolinas, e frequentemente apresentam
modelada em arenitos da bacia em rift Água Bonita, de idade um condicionamento estrutural, onde os eixos de dolinas
siluro-devoniana e associada a uma antiga zona de distensão do e uvalas seguem direções da rede de diáclases e fraturas
lineamento Transbrasiliano. Rodovia TO-373, entre as cidades de
(NASCIMENTO & MORAIS, 2012).
Araguaçu e Alvorada. Fotografia: Mauricio Gomes Rocha, 2015.
As ipucas são fragmentos florestais circulares, de ta-
manho variando, na sua maioria de alguns hectares, mas
ocorrendo em áreas de centenas de hectares (MARTINS et
al., 2002). Trata-se de uma floresta estacional semidecidual
aluvial, sendo frequente a ocorrência do Landi (Calophyllum
brasiliense) em algumas áreas ocorre o predomínio da
pimenteira (Licania parviflora) (MARTINS et al., 2002; MA-
RIMOM e LIMA, 2001). O acúmulo de matéria orgânica no
ecossistema de ipucas resulta em ambiente ácidos e pobres
em nutrientes, com predomínio de Gleissolos Melânicos
nas áreas centrais podendo ocorrer horizontes plínticos
em subsuperfície (MARTINS et al., 2006) As ipucas são
elementos importantes na ecologia e ciclo hidrológico da
região, uma vez que no período de cheias estabelecem a
ligação entre os vários rios, córregos e lagoas. Por serem
áreas endêmicas e frágeis, as ipucas devem ser consideradas
áreas de conservação e preservação.
A Depressão do baixo-médio vale do rio Araguaia, a
Figura 4.20 - Superfície aplainada desfeita em um relevo de jusante da ilha do Bananal, notadamente entre as cidades
colinas muito amplas e suaves, modeladas em xistos do Grupo
de Caseara e Conceição do Araguaia, no Pará, apresenta
Xambioá. Rodovia TO-374, entre as cidades de Gurupi e Duerê.
Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012. vastas extensões de terrenos planos com solos profundos
59
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
60
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
De forma localizada ocorrem também solos de melhor ferti- ilha do Bananal foi gerada por um processo de avulsão do
lidade natural, alguns com expressiva quantidade de argilas rio Araguaia.Nesse contexto, o “rio” Javaés não constitui
expansivas (Cambissolos Háplicos Ta Eutróficos), associados um paraná, mas um braço abandonado do rio Araguaia.
à decomposição das rochas carbonáticas da Formação Em concordância com esta teoria, o alto curso do rio Ja-
Couto Magalhães. vaés, a montante de sua confluência com o rio Formoso,
As principais cidades que se situam neste domínio fica praticamente seco durante o período de estiagem
geomorfológico são Araguaçu, Formoso do Araguaia, devido à vazante do rio Araguaia e ao rebaixamento do
Duerê, Lagoa da Confusão, Cristalândia, Pium, Divinópolis nível freático regional.
do Tocantins, Marianópolis do Tocantins, Goianorte, Case-
Assim como o Pantanal, a bacia sedimentar da Ilha
ara, Araguacema, Couto de Magalhães, Juarina, Bernardo
do Bananal representa um sub-bioma peculiar do cerrado
Sayão, Arapoema, Pau d’Arco, Araguanã e Xambioá.
brasileiro que reserva uma extraordinária biodiversidade,
específica das terras úmidas das savanas tropicais. A ilha do
Planície do Rio Araguaia / Ilha do Bananal
Bananal caracteriza-se por vastos terrenos sazonalmente
No médio vale do rio Araguaia destaca-se uma grande inundáveis no período úmido (verão), em associação com
bacia sedimentar quaternária – a bacia do Bananal –, que as cheias do rio Araguaia e a consequente elevação do nível
consiste na mais extensa área deposicional intracratônica freático regional (VALENTE et al., 2013).
moderna do Brasil Central, inserida numa faixa de transição
entre os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica (VA-
LENTE & LATRUBESSE, 2011). A Planície do Rio Araguaia/
Ilha do Bananal foi formalmente caracterizada pelo IBGE
(1993) e estende-se por uma comprida faixa de direção
SSW-NNE que abrange extensas zonas alagadas no sudo-
este do estado do Tocantins.
A denominada Ilha do Bananal situa-se no estado do
Tocantins, mas sua bacia sedimentar estende-se, a oeste e
a sul, para os estados de Mato Grosso e Goiás. Esta bacia
sedimentar é preenchida por sedimentos fluviais de idade
pleistocênica da Formação Araguaia (BARBOSA et al., 1966;
LATRUBESSE et al., 2009), muitos dos quais posicionados
como terraços fluviais (R1b1) e, posteriormente, por uma
disseminada sedimentação fluvial holocênica que originou
uma vasta planície de inundação (R1a) (Figuras 4.24 e 4.25)
e a maior ilha fluvial do mundo, com mais de 20.000 km2.
Este domínio delimita-se, a leste, com a Depressão
do baixo-médio vale do rio Araguaia; e, a sul e a oeste,
estende-se para os estados de Goiás e Mato Grosso,
respectivamente. A bacia sedimentar quaternária da Ilha
do Bananal consiste na principal zona deposicional ativa
no Tocantins. É por sua vez drenada por tributários do rio
Araguaia (rios do Coco, Riozinho, Urubu, Duerê, Formoso,
Xavante e Água Fria), em cujas margens ocorrem planícies
fluviais constituídas por sedimentos recentes que se am-
pliam na medida em que se aproximam da extensa bacia
sedimentar da Ilha do Bananal. Esta vasta zona deposicional
apresenta cotas baixas que variam entre 170 e 220 metros,
embutidas em altitudes ligeiramente mais baixas do que
as das superfícies circunjacentes (Figura 4.26), sendo que
a grande planície apresenta altitudes gradualmente de-
crescentes de sul para norte, seguindo, em linhas gerais,
o curso do vale do rio Araguaia. Figuras 4.24 e 4.25 - Vasta planície aluvial do rio Urubu,
Valente & Latrubesse (2011) caracterizam o padrão subafluente do rio Javaés, no limite leste da bacia sedimentar
sedimentar da ilha do Bananal como um sistema agrada- da Ilha do Bananal. Plantio de soja em pleno período de estiagem,
em terrenos planos com lençol freático subaflorante. Predomínio
cional avulsivo, associado a um padrão de canal anabran- de Gleissolos Háplicos Distróficos. Rodovia TO-374,
ching (LATRUBESSE, 2008). Valente & Latrubesse (op. cit.) entre as cidades de Dueré e Lagoa da Confusão.
e Valente et al. (2013) demonstram, inclusive, que a própria Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2015.
61
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 4.26 - Perfil geológico-geomorfológico de direção W-E, atravessando o centro-sul do estado do Tocantins, entre a ilha do Bananal,
no vale do rio Araguaia, e o Chapadão Ocidental Baiano. Fonte: Marcelo Eduardo Dantas & Maurício Gomes Rocha, 2018.
Neste peculiar ambiente, dominam os solos hidromór- partir da demarcação do Parque Nacional do Araguaia, que
ficos ou imperfeitamente drenados e fortemente lateriza- abrange boa parte da sua porção ocidental, considerado
dos, invariavelmente de baixa fertilidade natural. Trata-se pela Unesco como Reserva da Biosfera.
do domínio dos Plintossolos Háplicos e dos Plintossolos
Argilúvicos, estes predominantes na porção oeste, em geral Serras e Patamares
associados com Planossolos Háplicos, cuja característica do Interflúvio Tocantins-Araguaia
de mudança textural abrupta, com o aumento brusco do
conteúdo de argila no horizonte B, característica também As Serras e Patamares do Interflúvio Tocantins-
bastante comum nos Plintossolos Argilúvicos abruptos -Araguaia, termo cunhado pelo IBGE (1993), compreende
desta região, reflete o processo pedogenético de destruição um conjunto de elevações dispostas em alinhamentos
e translocação da fração argila dos horizontes superiores serranos, morros alinhados, escarpas e planaltos residuais,
do solo seguido de acúmulo em subsuperfície, processo que abrangem as denominadas Serras do Estrondo, das
denominado argiluviação. Nestes Plintossolos ocorre de Cordilheiras, da Malhada Alta e do Roncador. Este conjunto
forma associada a alternância de condições de redução e de serras perfaz um extenso divisor entre as bacias dos
oxidação, essencial à formação de plintitas (plintitização). rios Tocantins e Araguaia, e estende-se por mais de 500
Subordinadamente, em áreas mais baixas ocorrem solos quilômetros numa comprida faixa de direção norte-sul ao
mal drenados, como Gleissolos, enquanto nas porções longo do centro-norte do estado do Tocantins (MAMEDE
um pouco mais altas, em muitos casos correspondentes et al., 1981a). Entretanto, este conjunto de elevações exibe
aos terraços da ilha do Bananal, sob vegetação de porte um intenso desgaste erosivo e denudacional e apresenta-se
florestal, ocorrem solos de drenagem moderada, tais como de forma descontínua, interpenetrado pelas superfícies de
Latossolos Amarelos Distróficos plínticos e Argissolos aplainamento circundantes (Figura 4.27). Desse modo, os
Amarelos Distróficos plínticos. E nas várzeas situadas ao divisores entre as bacias dos dois grandes rios estão, em
longo dos fundos de vales dos rios Araguaia e Javaés e de muitas áreas, destruídos e arrasados ao nível dos pediplanos
toda a densa rede de tributários, predominam os Gleisso- que dominam a paisagem regional. Este domínio encontra-
los Háplicos Distróficos e, subordinadamente, Neossolos -se cercado e atacado pelas frentes erosivas das superfícies
Flúvicos Distróficos. A condição especial que caracteriza de aplainamento por todas as direções: delimita-se, a leste,
o ambiente dessa extensa planície, relacionada sobretudo com a Depressão do médio vale do rio Tocantins; a oeste,
ao alagamento sazonal, inviabiliza a constituição de aglo- com a Depressão do baixo-médio vale do rio Araguaia; e,
merados urbanos, todos periféricos, ao mesmo tempo em a sul, está circundada pela Depressão do médio-alto vale
que sua importância ecológica é reconhecida desde 1959, a do rio Tocantins.
62
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
63
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
64
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
65
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
ciais registra-se uma complexa sequência de rochas da bacia Distróficos e Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos,
sedimentar do Parnaíba, constituída por siltitos, folhelhos, além de afloramentos de rocha (IBGE, 2007b, 2012,
arenitos, calcários e silexitos das formações Piauí e Pedra de 2014a, 2014b).
Fogo, que remontam do Carbonífero ao Triássico. Restrito à Por fim, ressalta-se a existência de uma notável estru-
porção meridional deste domínio geomorfológico afloram tura geológica caracterizada por uma cratera de impacto,
arenitos eólicos ortoquartzíticos da Formação Sambaíba e ou astroblema, incrustada em rochas de idade paleozoica
derrames basálticos da Formação Mosquito. da bacia sedimentar do Parnaíba (Figura 4.32). A denomina-
Nos topos planos dos chapadões, ocorrem solos ção local do astroblema é a Serra da Cangalha, que consiste
bastante profundos, fortemente drenados e de baixa numa estrutura circular de 12 quilômetros de diâmetro e
fertilidade natural, predominando Latossolos Amarelos cristas anelares resultante de impacto de meteoro ocorri-
Distróficos, de textura média, e em menor proporção Ne- do há cerca de 220 milhões de anos, durante o Triássico
ossolos Quartzarênicos Órticos, estes relacionados às en- (ALMEIDA FILHO et al., 2003). A cratera de impacto está
costas suaves que margeiam as linhas de drenagem pouco localizada num patamar intermediário (R2b1), delimitado
encaixadas, que são acompanhadas por estreita faixa de por rebordos erosivos (R4e) entre o topo da chapada
solos hidromórficos: Gleissolos Háplicos, Neossolos Quart- (R2b3) e um relevo de colinas e morros baixos (R4a2) da
zarênicos Hidromórficos e mesmo Organossolos Háplicos. depressão subjacente.
Em acentuado contraste, nas vertentes escarpadas que Neste domínio, não existe qualquer aglomerado urba-
bordejam os chapadões e rebordos erosivos adjacentes, no. As cidades de Lizarda, no extremo sul, e Campos Lindos,
prevalecem solos jovens e rasos: os Neossolos Litólicos a norte, são as aglomerações mais próximas, situadas no
Distróficos e, subordinadamente, Cambissolos Háplicos sopé deste domínio planáltico.
Figura 4.32 - Notável feição de dois anéis circulares com padrão de drenagem radial, associado ao astroblema da Serra da
Cangalha, no leste do estado do Tocantins. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Cangalha, acessado em 26/06/2018.
66
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
67
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
68
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
capões de cerradão. Boa parte da vegetação original está Os Patamares do Jalapão estão assentados sobre uma
conservada, a despeito da recente expansão de pastagens espessa sequência sedimentar da bacia do Parnaíba de
nas áreas mais planas (IBGE, 2007c). idade devoniano-triássica composta por folhelhos, siltitos,
As principais cidades situadas sobre os terrenos mais arenitos, calcários e silexitos das formações Pimenteiras,
elevados deste domínio geomorfológico são Aparecida do Cabeças, Longá, Poti, Piauí e Pedra de Fogo, e por arenitos
Rio Negro, Taquaruçu do Porto (distrito de Palmas), Santa ortoquartzíticos de origem eólica da Formação Sambaíba
Teresa do Tocantins e Pindorama do Tocantins. Lajeado e (Figuras 4.37 e 4.38). Sobrepostos a este pacote sedimentar,
Monte do Carmo, por sua vez, situam-se no piemonte de afloram arenitos de idade cretácica do Grupo Urucuia, da
sua vertente ocidental. bacia sedimentar Sanfranciscana. Estes terrenos estão inte-
gralmente revestidos por cerrados, sendo que a vegetação
Patamares do Jalapão original foi pouco alterada.
Sobre as superfícies aplainadas e as colinas amplas
Os Patamares do Jalapão, cuja individualização é desse domínio desenvolvem-se solos muito pobres,
proposta no presente trabalho, consistem num extenso frequentemente arenosos e fortemente drenados, com
pediplano composto por superfícies aplainadas degra- destaque para os Neossolos Quartzarênicos Órticos, e
dadas (R3a2), por vezes dissecadas em colinas amplas ocorrência bem menor de Latossolos Amarelos e Vermelho-
-Amarelos de textura média. Nos fundos de vales pouco
e suaves (R4a1) (Figura 4.18). Quando comparados ao
incisos e áreas abaciadas em meio a essas superfícies
posicionamento altimétrico das grandes superfícies de
aplainadas formam-se espraiadas planícies fluviais com
aplainamento regionais, correspondem a um patamar inter-
desenvolvimento de Gleissolos Háplicos e Melânicos
mediário resultante do desdobramento erosivo policíclico.
Distróficos e Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos.
Assim sendo, os Patamares do Jalapão encontram-se em
cotas mais altas do que as da Depressão do médio vale do
rio Tocantins, situadas a norte e noroeste deste domínio.
O limite entre eles, porém, não é muito preciso. Apenas
em determinados trechos ressaltam-se rebordos erosivos
(R4e) que demarcam mais precisamente os diferentes níveis
escalonados do aplainamento policíclico. Por outro lado,
este domínio geomorfológico posiciona-se em cotas mais
baixas do que as registradas nos Baixos Platôs do Jalapão,
situados a leste. A delimitação entre essas duas superfícies
de aplainamento é nítida, delineada por degraus estruturais
(R4e). Por fim, confronta-se, a oeste, com o Planalto Dis-
secado do Tocantins, cujos limites são evidenciados pelos
relevos mais suaves, em nível um pouco mais alto.
Desse modo, no centro-leste do estado do Tocantins
podemos reconhecer uma complexa evolução geomorfoló-
gica calcada em diferentes ciclos de pediplanação, a partir
da elaboração de quatro distintos níveis morfológicos,
dispostos em degraus escalonados: a superfície aplainada
da Depressão do médio vale do rio Tocantins, embutida
em cotas entre 270 e 350 metros, onde se encontram as
cidades de Novo Acordo e Lagoa do Tocantins; os Patama-
res do Jalapão, posicionados entre 300 e 550 metros de
altitude, onde estão situadas as cidades de Lizarda e Ponte
Alta do Tocantins; os Baixos Platôs do Jalapão, elevados
em cotas que variam entre 400 e 600 metros, onde estão
situadas as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros;
e, como testemunhos da superfície cimeira mais antiga,
elaborada durante o Paleógeno, sobressaem-se os topos
planos do Planalto Dissecado do Tocantins e da Chapada
das Mangabeiras, alçados a 700 - 850 metros de altitude.
Por último, os rebordos erosivos, degraus litoestruturais e Figuras 4.37 e 4.38 - Afloramentos de arenito ortoquartzítico de
origem eólica da Formação Sambaíba, com estratificação cruzada
escarpas de borda de planalto na transição entre eles de-
cuneiforme de grande porte e esculturação de relevo ruiniforme.
marcam o ritmo do recuo lateral das vertentes, decorrentes Rodovia TO-030, entre as cidades de Novo Acordo e São Félix do
dos processos de aplainamento policíclico. Tocantins. Fotografias: Edgar Shinzato, 2012..
69
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Por fim, nas vertentes declivosas dos rebordos erosivos, mais antiga, caracterizada por um notável aplainamento
predominam solos mais rasos e de alta erodibilidade: Neos- de enorme extensão e à elaboração da Superfície Velhas,
solos Litólicos e Cambissolos Háplicos, e subordinadamente, de idade neógena. Entretanto esta superfície rebaixada do
nos trechos um pouco mais suaves ocorrem Argissolos Jalapão consiste num pediplano intermediário, desdobrado
Vermelho-Amarelos e Plintossolos Pétricos Concrecionários e alçado por uma sequência de degraus/patamares escalo-
ou Litoplínticos (IBGE, 2007b). nados estando, portanto, posicionado cerca de 150 a 300
Lizarda e Ponte Alta do Tocantins são as únicas ci- metros acima do nível de base regional, representado pelo
dades localizadas neste domínio, que é atravessado pelas piso da Depressão do médio vale do rio Tocantins.
rodovias TO-030 e TO-250 que interligam a capital Palmas Esta unidade geomorfológica encontra-se modelada,
à região do Jalapão. exclusivamente, em arenitos de idade cretácica do Grupo
Urucuia. Todavia, a despeito de uma pretensa monotonia
Baixos Platôs do Jalapão litológica sobre esse domínio geomorfológico, a ocorrência
dos degraus litoestruturais (R4e) demarcando o limite entre
Os Baixos Platôs do Jalapão, outrora denominado os baixos platôs e as superfícies em nível topográfico infe-
Patamares das Mangabeiras (IBGE, 2007a), constituem um rior pode ser explicada por resistência diferencial à erosão
extenso pediplano, drenado pela bacia do rio do Sono, promovida por camadas silicificadas em meio ao espesso
composto em quase toda a sua extensão por Planaltos pacote arenítico do Grupo Urucuia (Figuras 4.41 e 4.42).
(R2b3) posicionados em cotas mais elevadas do que as dos
Patamares do Jalapão e da Depressão do médio vale do
rio Tocantins, por vezes reafeiçoados em colinas amplas e
suaves. Ressaltam-se na paisagem regional mesas elevadas
(R2c) de excepcional beleza cênica, delimitadas por escar-
pas abruptas, com ocorrência de paredões rochosos (R4d) e
depósitos de tálus (R1c) (Figura 4.39). A superfície de topo
das mesas, por sua vez, encontra-se, invariavelmente, man-
tida por níveis areníticos endurecidos e silicificados, muito
resistentes à erosão (Figura 4.40). Este domínio delimita-
-se, a oeste e a noroeste, com os Patamares do Jalapão; a
leste e a nordeste, com a Chapada das Mangabeiras (Figura
4.18); e no extremo sul confronta-se com os Patamares do
Chapadão Ocidental Baiano.
Com base na análise apresentada por estudos ante-
riores (MAMEDE et al., 1981a; BARTORELLI et al., 2010;
VILLELA & NOGUEIRA, 2011), o relevo regional é carac- Figura 4.39 - Aspecto de uma mesa imponente que se destaca
na paisagem regional do Jalapão em meio às superfícies
terizado por dois níveis geomorfológicos distintos: uma pediplanadas revestidas por cerrado. Rodovia TO-110,
superfície cimeira residual representada por imponentes entre as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros.
mesas e chapadas de topos planos, concordantes e subni- Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
velados com o topo da Chapada das Mangabeiras; e por
uma vasta superfície suavemente ondulada disposta em
patamares escalonados que perfaz o conjunto dos baixos
platôs do Jalapão. Em meio à superfície pediplanada dos
baixos platôs ressalta-se a ocorrência esporádica dessas
mesas e chapadas, como morros-testemunho atestando
uma maior abrangência pretérita dos chapadões do oeste
baiano e do sul do Maranhão sobre o leste do Tocantins.
Conforme descrito por Villela & Nogueira (2011), o modelo
de evolução de relevo proposto por King (1956) coaduna-se
perfeitamente com esta paisagem geomorfológica.
Nesse sentido, e considerando a literatura geomorfo-
lógica clássica do Planalto Central, em especial, Almeida,
1953; Christofoletti, 1966; Ab’Saber, 1981, pode-se presu-
mir que o topo das chapadas cimeiras, alçadas entre 700 e
800 metros de altitude, estaria correlacionado à Superfície
Figura 4.40 - Aspecto de cornija formada por arenitos
Sul-Americana, de idade neocretáceo-paleógena. Os baixos silicificados da Formação Urucuia, sustentando o topo da mesa.
platôs, por sua vez, posicionados em cotas entre 400 e 700 Entrada da sede administrativa do Parque Estadual do Jalapão.
metros, estariam associados à destruição dessa superfície Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
70
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.41 e 4.42 - Degrau litoestrutural controlado por nível silicificado do arenito Urucuia apresentando desnivelamentos locais entre
50 e 90 metros e depósitos de tálus na base. Domínio de campo cerrado sobre Neossolos Quartzarênicos, formado predominantemente
por areias muito finas e permeáveis. Rodovia TO-255, entre as cidades de Mateiros e Ponte Alta do Tocantins.
Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
Sobre os Baixos Platôs do Jalapão desenvolvem-se geral cascalhentos e pedregosos, além de afloramentos de
solos muito pobres, arenosos e fortemente drenados, rocha (IBGE, 2007b, 2012, 2014b).
com destaque para os Neossolos Quartzarênicos Órticos, Neste domínio situam-se as cidades de Mateiros e
dominantes em quase toda a área, com ocorrência pouco São Félix do Tocantins, e pode ser acessado pelas rodo-
expressiva de Latossolos Amarelos Distróficos de textura viasTO-030 e TO-255 que conecta a região do Jalapão à
média que, no entanto ocupam a maior parte do relevo capital do estado, Palmas.
plano no topo das mesas. Os fundos de vales e áreas aba- Tal como documentado por Cristo et al. (2013), os
ciadas em meio às superfícies aplainadas desenvolvem em Baixos Platôs do Jalapão representam uma região de grande
certos trechos amplas planícies fluviais, com drenagem potencial geoturístico, a partir da associação de uma vasta
limitada. Predominam os Gleissolos Háplicos Distróficos e área de cerrado preservado com a ocorrência de rios, ca-
Neossolos Quartzarênicos Hidromórficos. Por fim, sobre choeiras, mesas e morros-testemunhos, cânions e dunas de
as vertentes abruptas e encostas íngremes dos degraus formidável beleza cênica (Figuras 4.43 e 4.44).Uma atração
litoestruturais e dos escarpamentos que bordejam o topo peculiar da região são os denominados “fervedouros”, que
das mesas, predominam solos rasos e de alta erodibilidade, consistem de pontos de surgência do aquífero Urucuia por
muito suscetíveis a movimentos de massa, tais como os artesianismo em porções mais rebaixadas da superfície pe-
Neossolos Litólicos Distróficos e Cambissolos Háplicos, em diplanada, gerando pequenos lagos com água ascendente.
Figuras 4.43 e 4.44 - Cachoeira da Formiga e fervedouro do Buriti, respectivamente. Acesso através de pequenas vicinais de terra, a
partir da Rodovia TO-110, entre as cidades de São Félix do Tocantins e Mateiros. Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
71
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
72
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.48 e 4.49 - Pediplano conservado com relevo praticamente plano, exibindo notável grau de aplainamento.
Rodovia TO-050, entre as cidades de Silvanópolis e Santa Rosa do Tocantins.
Fotografias: Marcelo Eduardo Dantas, 2012.
Seu relevo é constituído por extensas superfícies de ocupando terrenos com elevada aptidão e potencial para
aplainamento conservadas (R3a1) ou levemente reafei- produção agrícola intensiva (LUMBRERAS et al., 2015).
çoadas pela incisão fluvial moderna (R3a2), com espo- As vastas superfícies pediplanadas deste domínio
rádica ocorrência de inselbergs e cristas alinhadas (R3b). geomorfológico resultam do arrasamento de um complexo
Destacam-se ainda as planícies aluviais dos rios Tocantins, e intrincado conjunto litológico da porção norte da faixa
Paranã, Palma, Manuel Alves, Santa Teresa, Santo Antô- móvel Brasília. Devido à grande variabilidade de litologias
nio, São Valério, Formiga e Água Suja (R1a). Um pouco a registrada na Depressão do médio-alto vale do rio Tocan-
jusante da confluência entre os rios Tocantins e Paranã foi tins, optou-se por subdividir estes terrenos em dois domí-
construída a UHE Peixe-Angical, num trecho mais encaixado nios geotectônicos distintos, delimitados por um marcante
desses fundos de vale. lineamento diagonal de direção SW-NE (IBGE, 2007d) que
Leite & Rosa (2012) descreveram uma superfície plana cruza o rio Tocantins cerca de 30 quilômetros a jusante da
a suave ondulada ou modelada em colinas rasas para uma cidade de Peixe, descritos a seguir.
pequena bacia hidrográfica de aproximadamente 1.800 a) Na porção noroeste deste domínio, as superfícies
km2, em meio à vasta depressão do rio Tocantins, mais aplainadas estão sustentadas por um embasamento de
especificamente, na bacia do rio Formiga, em cuja foz idade paleoproterozoica constituído por ortognaisses do
se localiza a cidade de Ipueiras. As amplitudes de relevo Complexo Rio dos Mangues, granulitos da unidade Porto
mensuradas são muito baixas (inferiores a 20 metros) o Nacional e metagranitos da suíte Serrotes; por granitoides
que atesta o caráter de superfície aplainada de idade neó- intrusivos de idade neoproterozoica, constituídos por
gena, correlacionada à Superfície Velhas, de King (1956), granitos e metagranitos das unidades Palmas e Matança,
levemente dissecada por uma denudação moderna. Lajeado e Santa Luzia; e por uma sequência vulcanossedi-
Leite et al. (2014) analisando a bacia do rio Areias, mentar constituída por arenitos, conglomerados e rochas
situada logo a norte da bacia do rio Formiga, a sudoeste da vulcânicas da Formação Monte do Carmo. Na porção
cidade de Porto Nacional, também descrevem o relevo su- norte, afloram metaconglomerados da Formação Morro
avemente ondulado das superfícies aplainadas, mas ressal- do Campo e xistos da formação Xambioá, da porção basal
tam a ocorrência de relevos acidentados que emergem dos da faixa móvel Paraguai-Araguaia; e folhelhos, siltitos e
pediplanos sob forma de serras isoladas, ou pelas vertentes arenitos de idade devoniana da Formação Pimenteiras, esta
íngremes do Planalto Dissecado do Tocantins, situadas na pertencente à bacia sedimentar do Parnaíba.
borda oriental da bacia do rio Areias. Destaca-se uma gran- Nestes terrenos predominam os Latossolos Verme-
de suscetibilidade à erosão laminar sobre os terrenos mais lho-Amarelos profundos e lixiviados, sob forte atuação
declivosos, especialmente se estiverem embasados por solos do intemperismo químico e laterítico em clima tropical
pedregosos ou lateríticos (Plintossolos Pétricos). Tais áreas, semiúmido, revestidos preferencialmente por vegetação
de baixa aptidão natural para atividades agropecuárias, de cerrado, contudo apresentando esparsas manchas de
concentram os fragmentos remanescentes de cerrado floresta estacional (IBGE, 2007c). Nos relevos aplainados
nativo. Por outro lado, os autores verificaram nas planuras de topografia suave e conformação ampla, predominam
das superfícies aplainadas embasadas por solos profundos os Latossolos Amarelos e Vermelhos, em geral distróficos
e bem drenados (Latossolos) ocorre o avanço recente da e de textura argilosa, por vezes apresentando cascalhos de
agricultura mecanizada em grande escala (sojicultura), concreções ferruginosas em subsuperfície (petroplínticos).
73
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Subordinadamente, ocorrem Plintossolos Pétricos Concre- alta atividade, e Argissolos Vermelho-Amarelos, todos
cionários, e em menor proporção Cambissolos Háplicos e eutróficos, associados ao afloramento de rochas máficas
Argissolos Vermelho-Amarelos, que tendem a ocorrer nas do embasamento e de rochas carbonáticas do Subgrupo
áreas um pouco mais recortadas de relevo suave ondulado Paraopeba. Já nas várzeas situadas nos fundos de vales dos
a ondulado. Embora com pequena expressão territorial, rios Palma e Paranã desenvolvem-se Neossolos Flúvicos
merece destaque também a presença de Latossolos Verme- Eutróficos (IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c).
lhos Distróférricos, anteriormente denominados Latossolos Por fim, a regularidade do relevo por todo este con-
Roxos, relacionados ao intemperismo de rochas básicas e ul- junto de litologias, ao lado das características e distribuição
trabásicas da suíte Carreira Comprida. Nas várzeas situadas dos solos, indica a ocorrência de um aplainamento gene-
ao longo dos fundos de vales dos rios Tocantins e de seus ralizado correlacionado à Superfície Velhas, seguido por
principais afluentes desenvolvem-se Gleissolos Háplicos e, um evento regional de laterização, que pelo dissecamento
subordinadamente, Neossolos Flúvicos, ambos distróficos subsequente, acompanhando o aprofundamento do nível
(IBGE, 2007b, 2012, 2013, 2014b, 2014c). de base, gerou perfis lateríticos por vastas extensões. Assim
b) Nas porções sul e sudeste deste domínio, as super- sendo, coberturas lateríticas ou detrito-lateríticas de idade
fícies aplainadas estão sustentadas por um embasamento neógena se disseminam por diversas áreas das superfí-
de idade paleoproterozoica constituído por um complexo cies pediplanadas, com desenvolvimento de solos muito
gnáissico-migmatítico ou granítico da Unidade Almas- profundos e lixiviados: os Latossolos Vermelho-Amarelos,
-Cavalcante e por ocorrências de rochas metamáficas de com frequência apresentando expressivas quantidades de
idade arqueana a paleoproterozoica dos grupos Gameleira concreções ferruginosas (Figuras 4.51 e 4.52); enquanto
e Riachão do Ouro. No sul do estado, junto à divisa com os Plintossolos Pétricos estão relacionados de forma pre-
Goiás, afloram rochas de baixo grau metamórfico dos ferencial às áreas um pouco mais dissecadas.
grupos Serra da Mesa e Traíras (xistos, filitos e rochas
carbonáticas), formadas no final do Paleoproterozoico.
Destacam-se também rochas de idade neoproterozoica,
tais como os ortognaisses do Oeste do Tocantins e os
granitos das unidades Lajeado e Santa Teresa. Na porção
sudeste, afloram rochas metassedimentares de muito baixo
grau metamórfico, compostas por calcarenitos, argilitos,
dolomitos e siltitos do Subgrupo Paraopeba (bacia Bambuí),
gerados na borda ocidental do cráton do São Francisco.
Já sobre esta diversificada gama de litologias desen-
volve-se uma miríade de tipos de solos, frequentemente
pobres e laterizados, associados a um clima mais seco no
contexto do domínio tropical semiúmido dos cerrados. Os
solos predominantes são os Argissolos Vermelho-Amarelos
Distróficos, seguidos dos Plintossolos Pétricos Concrecio-
nários (Figura 4.50). Os primeiros são bastante expressivos
nos terrenos mais recortados, e em posição topográfica
ligeiramente inferior, dos vales dos rios Tocantins e Palma,
onde com frequência encontram-se associados a Cambis-
solos Háplicos, em muitos casos de pequena profundidade
(lépticos), e também a Neossolos Litólicos, cuja ocorrên-
cia em relevo tão suave é digna de registro; são eles, no
entanto, dominantes sobre as cristas isoladas e inselbergs.
Subordinadamente, ocorrem também Latossolos Verme-
lho-Amarelos Distróficos, relacionados preferencialmente
a áreas de relevo mais conservado, em nível topográfico
relativo um pouco mais alto, e de forma mais restrita
Plintossolos Háplicos Distróficos, em áreas deprimidas
com drenagem algo restrita, com destaque para as proxi-
midades das cabeceiras do rio Palma. Registra-se ainda a
presença de solos de boa fertilidade natural, alguns com Figura 4.50 - Perfil de Plintossolo Pétrico, com destaque
horizonte superficial do tipo A chernozêmico, em geral para o horizonte concrecionário próximo à superfície,
composto majoritariamente por nódulos pisolíticos da porção
bastante argilosos, que ocorrem de forma restrita no superior de um perfil laterítico. Rodovia TO-387, entre as cidades
extremo sudeste desse domínio, referentes a Nitossolos de Paranã e São Salvador do Tocantins.
Vermelhos, Cambissolos Háplicos, alguns com argila de Fotografia: Edgar Shinzato, 2012.
74
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.51 e 4.52 - Superfície aplainada conservada por espesso perfil laterítico de idade neógena observando-se ao fundo uma crista
baixa isolada em meio à paisagem monótona regional. Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico petroplíntico, por vezes truncado pela
erosão laminar, exibindo pavimento detrítico composto por pisólitos do nível laterítico concrecionário. Rodovia TO-050, entre as cidades de
Porto Nacional e Silvanópolis. Fotografias: Edgar Shinzato, 2012.
Serras isoladas da depressão Figura 4.53 - Aspecto geral do relevo movimentado da serra de
do médio-alto vale do rio Tocantins João Damião que emerge em meio às superfícies aplainadas
do médio-alto vale do rio Tocantins. Rodovia TO-050,
As Serras isoladas da depressão do médio-alto vale entre as cidades de Porto Nacional e Silvanópolis.
Fotografia: Marcelo Eduardo Dantas.
do rio Tocantins, denominação proposta pelo presente
trabalho, abrange dois conjuntos de alinhamentos serra-
Este alinhamento de serras encontra-se sustentado por
nos paralelos, de direção aproximada SW-NE, constituí-
litologias da porção norte da faixa móvel Brasília, referentes
dos por serras e cristas descontínuas situadas na porção
a rochas do embasamento de idade paleoproterozoica,
centro-norte da Depressão do médio-alto vale do rio
representadas por ortognaisses do Complexo Rio dos Man-
Tocantins (Figura 4.26).
gues, e por granitoides intrusivos de idade neoproterozoica
O alinhamento situado a noroeste compreende as ser-
das unidades Lajeado e Areias, além de uma sequência
ras do Mourão, de Santo Antônio e de João Damião (Figura
vulcanossedimentar constituída por arenitos, conglome-
4.53) e estende-se por aproximadamente 110 quilômetros, rados e rochas vulcânicas da Formação Monte do Carmo.
sendo constituído por serras de vertentes íngremes (R4c) e Sobre as vertentes íngremes das cristas serranas,
cristas isoladas (R4b). Este alinhamento serrano é cortado desenvolvem-se solos rasos, com alta suscetibilidade à
pelo rio Tocantins junto à cidade de Ipueiras e ressalta o erosão fluvial e movimentos de massa, com destaque para
caráter residual destas serras em meio ao vasto pediplano os Neossolos Litólicos Distróficos. Subordinadamente,
circunjacente. As linhas de cumeada e os picos que emer- ocorrem Cambissolos Háplicos Distróficos e afloramentos
gem das superfícies pediplanadas atingem cotas que variam de rocha (IBGE, 2007b). Sobre os pediplanos circundantes,
entre 400 a 650 metros, perfazendo desnivelamentos de desenvolvem-se Plintossolos Pétricos Concrecionários.
pelo menos 150 metros acima do piso da depressão, em- Todas estas classes de solo têm restrições para usos agrí-
butida em cotas baixas, entre 250 e 300 metros. colas mais intensivos.
75
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
O alinhamento situado mais a nordeste compreende um Sobre as vertentes íngremes das cristas serranas,
conjunto de cristas alinhadas e elevações denominadas de escarpas e morros dissecados em ambos os conjuntos de
Serra da Natividade pelo IBGE (2007a) e estende-se por apro- serras desse domínio predominam solos rasos, com alta
ximadamente 150 quilômetros, sendo constituído por serras suscetibilidade à erosão e a movimentos de massa, com
de vertentes íngremes (R4c) e morros dissecados (R4b). destaque para os Neossolos Litólicos e Cambissolos Hápli-
A cidade de Natividade localiza-se junto ao sopé de uma das cos em geral distróficos, com ocorrência bem menor de
mais expressivas serras deste domínio geomorfológico, com Argissolos Vermelho-Amarelos, eutróficos ou distróficos e
amplitudes de relevo superiores a 400 metros (Figura 4.26). Plintossolos Pétricos Concrecionários, além de afloramentos
Ao norte, este alinhamento da serra da Natividade se de rocha. Já nas superfícies aplainadas que encimam alguns
une com os terrenos acidentados do Planalto Dissecado do trechos das serras e planaltos residuais na região de Nativi-
Tocantins e com as superfícies aplainadas dos Patamares do dade, desenvolvem-se solos profundos e lixiviados, alguns
Jalapão, e apresenta topos elevados e aplainados, típicos de fortemente laterizados, com destaque para os Latossolos
um planalto residual (R2b3), bordejado por curtos escarpa- Vermelho-Amarelos Distróficos e os Plintossolos Pétricos
mentos (R4d).As linhas de cumeada e os picos que emergem Concrecionários, que ocorrem ainda em áreas estreitas
das superfícies pediplanadas atingem cotas que variam entre embutidas e marginais às serras, conectadas aos pediplanos
550 e 800 metros, cerca de 300 a 400 metros acima do piso circundantes (IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c).
dos pediplanos circundantes, embutidos em cotas baixas, As serras da Depressão do médio-alto vale do rio
entre 300 e 350 metros. A superfície planáltica situada ao Tocantins estão recobertas, integralmente, por vegetação
norte deste domínio serrano apresenta algumas das cotas do bioma Cerrado, com predomínio de cerrado típico e
mais elevadas do estado, atingindo 940 metros de altitude. ocorrência esporádica de campos cerrados (IBGE, 2007c),
sendo que a vegetação original encontra-se conservada,
Este conjunto de terras altas encontra-se sustentado
devido à dificuldade de ocupação desses terrenos íngremes.
por litologias da porção norte da faixa móvel Brasília repre-
Sendo assim, ressalta-se a vocação natural deste domínio
sentadas por um embasamento de idade paleoproterozoica
para preservação ambiental.
constituído por rochas metamáficas do Grupo Riachão do
A cidade de Natividade constitui um dos antigos ar-
Ouro e pelo complexo gnáissico-migmatítico ou granítico
raiais mais setentrionais estabelecidos durante o ciclo do
da unidade Almas-Cavalcante. A Serra de Natividade é
ouro no século XVIII. Esta cidade se caracteriza também
embasada por rochas metassedimentares em baixo grau
por uma herança cultural de ourivesaria portuguesa, com
(xistos, metacalcários, filitos, quartzitos e conglomerados)
a fabricação de joias artesanais em filigrana. Sua fundação
do Grupo Natividade. Por fim, no topo do planalto aflo-
remonta a 1734 e mantém um casario colonial preservado
ram folhelhos, siltitos e arenitos de idade devoniana das
(Figuras 4.55 e 4.56), o que confere a esta cidade um grande
formações Pimenteiras e Cabeças, pertencentes à bacia
potencial turístico de caráter histórico e geomineiro.
sedimentar do Parnaíba.
Destacam-se nos flancos dessas serras, importantes Patamares do Chapadão Ocidental Baiano
jazidas de metacalcários (Figura 4.54), que são utilizadas
como corretivo agrícola para suprir a demanda da agricul- Os Patamares do Chapadão Ocidental Baiano, denomi-
tura do Tocantins e de outros estados, especialmente do nação proposta pelo IBGE (2007a), consiste numa superfície
oeste da Bahia. aplainada elaborada sob forma de uma depressão marginal,
situada no piemonte oeste do Chapadão Ocidental Baiano,
também denominado de Espigão Mestre (Figura 4.26). Po-
dendo ser considerado um prolongamento meridional dos
Patamares do Jalapão, este domínio geomorfológico repre-
senta um extenso patamar intermediário entre a Depressão
do médio-alto vale do rio Tocantins, a oeste; e o sopé do
Chapadão Ocidental Baiano, a leste. Consiste de um do-
mínio de baixos platôs (R2b1), frequentemente dissecado
em relevo de colinas e morros baixos (R4a2). Destacam-se
na paisagem regional esparsos morros-testemunho que
emergem da superfície aplainada, com destaque para a
imponente mesa da Serra de Taguatinga, que inclusive
representa um resquício de uma outrora posição mais a
oeste do Espigão Mestre. O contato entre os Patamares do
Chapadão Ocidental Baiano e a subjacente Depressão do
médio-alto vale do rio Tocantins é demarcado por extensos
Figura 4.54 - Alinhamento serrano sustentado por metacalcários
rebordos erosivos (R4e). A leste, é delimitado bruscamente
intercalados com quartzitos em área de mineração para produção
de insumos agrícolas. Rodovia TO-280, nas imediações da cidade com os terrenos acidentados da escarpa de borda de pla-
de Natividade. Fotografia: Márcio Costa Abreu, 2015. nalto do vasto Chapadão Ocidental Baiano (Figura 4.26).
76
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
Figuras 4.55 e 4.56 - Ruas, casas e igrejas de Natividade, que remetem ao passado arquitetônico colonial.
Fotografias: Davi Nascimento Souza, 2015.
77
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
78
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
(Figura 4.61). O topo do chapadão é, frequentemente, Uma abordagem concatenada dos diversos parâmetros
sustentado por cornijas de arenitos silicificados e cangas do meio físico que caracterizam o território do sudeste do
lateríticas. Espraiadas rampas de colúvio e tálus (R1c) se Tocantins (Figura 4.63) permite proceder a uma análise
derramam junto ao sopé das escarpas. Por fim, o processo espacial sofisticada, como descrito a seguir: o topo do planal-
mais acentuado de recuo erosivo a remontante da escar- to do Chapadão Ocidental Baiano apresenta boa aptidão
pa, promovido pelos rios Mosquito, Sobrado, Palmeiras para agricultura mecanizada e representa uma relevante
e ribeirão do Inferno, gera vales encaixados (R4f) com zona de recarga para o importante aquífero Urucuia, que
cânions abruptos. Este domínio delimita-se, a oeste, com abastece os tributários das bacias hidrográficas dos rios
os Patamares do Chapadão Ocidental Baiano; e, a leste, Tocantins e São Francisco. Por outro lado, o relevo escarpa-
estende-se para o estado da Bahia. do que marca o limite com as superfícies de aplainamento
Esta restrita porção do platô do Espigão Mestre, assim de nível inferior inseridas na bacia do Tocantins apresenta
como as escarpas erosivas que o delimitam, está sustentada uma notável fragilidade morfodinâmica, evidenciada tanto
por arenitos e conglomerados cretácicos do Grupo Urucuia, nas cicatrizes de erosão e deslizamentos em suas vertentes
pertencente ao fecho deposicional da bacia sedimentar íngremes, quanto na deposição de possantes acumulações
Sanfranciscana. de colúvio-tálus em seu sopé. Assim sendo, devido à alta
Sobre o topo do Chapadão Ocidental Baiano desen- suscetibilidade deste ambiente a processos erosivos e gravi-
volvem-se solos profundos, bem drenados e lixiviados, tacionais, os terrenos escarpados devem ser destinados à
tais como Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos preservação e exploração de atividades geoturísticas, como
Distróficos, de bom potencial agrícola desde que se utilize também nas áreas de afloramento dos metassedimentos e
um elevado nível tecnológico (LUMBRERAS et al., 2015). carbonatos do Grupo Bambuí, sotoposto ao arenito Urucuia,
Subordinadamente ocorrem também Neossolos Quartza- onde a ocorrência de surgências cársticas conferem grande
rênicos Órticos, em geral associados às encostas suaves potencial para o desenvolvimento do ecoturismo (Figura
dos poucos vales que recortam o chapadão. Nas escarpas 4.60). Destaca-se, todavia, a vulnerabilidade do aquífero
de borda de chapada, por sua vez, predominam Neossolos Urucuia frente à contaminação. O uso inadequado de
Litólicos Distróficos e afloramentos de rocha. Por fim, sobre agrotóxicos no topo do planalto pode acarretar, em longo
as rampas de colúvio e tálus, no sopé do longo escarpa- prazo, uma irreversível contaminação dos aquíferos intergra-
mento da Serra Geral de Goiás (Figura 4.26), os Neossolos nular e cárstico conectados, com severos prejuízos para o
Quartzarênicos Órticos são amplamente dominantes ambiente e saúde pública. Em síntese, é possível tecer uma
(IBGE, 2007b, 2012, 2014b, 2014c). série de recomendações para os gestores públicos com base
Neste domínio, a vegetação de cerrado nativo, que na análise efetuada pela Geodiversidade, em que se ressalta
outrora recobria o topo do chapadão, praticamente não a necessidade de uma redução significativa do emprego de
existe mais, pois seus terrenos estão situados numa zona de agrotóxicos e fertilizantes no topo do planalto; a proteção de
franca consolidação de agricultura mecanizada em grandes nascentes e encostas do relevo de escarpas; e o adensamen-
propriedades e voltada para exportação (soja e algodão) to das atividades econômicas (em especial o agroturismo)
(Figura 4.62), subsistindo apenas nas encostas declivosas nos patamares adjacentes ao Chapadão Ocidental Baiano e
da borda do planalto. superfícies aplainadas que se estendem além deles.
79
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
Serras do Planalto Central Goiano nos tornam-se progressivamente mais baixos e assumem o
modelado de cristas quartzíticas alinhadas e descontínuas
As Serras do Planalto Central Goiano, denominação (R4b), sendo que, frequentemente, refletem os dobra-
proposta pelo presente trabalho, abarcam três conjuntos de mentos regionais ao qual o substrato foi submetido. Neste
alinhamentos serranos situados na divisa entre os estados sentido, tais cristas representam os últimos remanescentes
do Tocantins e de Goiás, constituídos por serras e cristas a resistir ao aplainamento generalizado que elabora a
aguçadas de direção preferencial N-S que se destacam Depressão do médio-alto vale do rio Tocantins, dominan-
topograficamente em meio às planuras da Depressão do te na paisagem regional do sul do estado do Tocantins.
médio-alto vale do rio Tocantins. Entretanto, já no estado As linhas de cumeada e os picos que emergem das superfí-
de Goiás, tais terrenos elevados integram um domínio cies pediplanadas atingem cotas elevadas que variam entre
geomorfológico mais extenso que consiste no Planalto 700 e 950 metros. Desse modo, estas elevações perfazem
Central Goiano, cujo contraponto, em termos de superfícies desnivelamentos entre 250 e 400 metros acima do piso da
aplainadas rebaixadas, é representado, a leste pelo Vão do depressão, embutidas em cotas baixas, entre 300 e 350
metros. Todavia, nas cercanias da cidade de Palmeirópolis,
Paranã e, a oeste, pela Depressão do médio-alto vale do
junto à divisa com Goiás, as superfícies aplainadas já se
rio Araguaia (IBGE, 1993). Assim sendo, tais serras que se
encontram posicionadas a 500 metros de altitude, num
destacam no sul do estado do Tocantins constituem apenas
relevo de transição para as superfícies mais elevadas do
a extremidade setentrional de um vasto domínio geomor-
Planalto Central Goiano. Mais a norte, junto à localidade de
fológico que abrange extensas áreas do centro-norte do
Jaú do Tocantins, ressalta-se um conjunto de baixas cristas
estado de Goiás (MAMEDE et al., 1981b).
de quartzito alinhadas com vertentes declivosas e linhas de
Com base numa adaptação do mapeamento geomor-
cumeada bem marcadas, cerca de 100 a 200 metros acima
fológico do IBGE (2007a), os três conjuntos de alinhamentos
das superfícies aplainadas adjacentes.
serranos que compõem este domínio geomorfológico, Estes terrenos acidentados são sustentados por lito-
considerados como unidades distintas naquele trabalho, logias muito antigas, de idade paleoproterozoica, da faixa
englobam, de oeste para leste: as Serras de Palmeiró móvel Brasília, representadas por rochas metassedimen-
polis-Grande; o complexo montanhoso Veadeiros-Araí; e tares do Grupo Serra da Mesa. Em decorrência de processos
as Serras de Arraias-Santa Brígida. de erosão diferencial, os quartzitos sustentam as cristas e
Os alinhamentos situados mais a oeste compreendem serras elevadas, enquanto que os xistos e metacalcários,
as serras de Palmeirópolis-Grande e estendem-se por 115 menos resistentes ao intemperismo, afloram em áreas mais
quilômetros, num sentido N-S, até praticamente alcançar rebaixadas e desgastadas desse domínio serrano (Figura
a calha do rio Tocantins. Estas elevações são caracterizadas 4.64). Ocorrem também granitoides intrusivos de idade
por serras imponentes (R4c) junto à divisa com Goiás, mas mesoproterozoica da unidade Serra Dourada e sienitos da
à medida que avançam para norte, tais alinhamentos serra- suíte alcalina de Peixe.
80
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
81
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
82
ORIGEM DAS PAISAGENS DO ESTADO DO TOCANTINS
BARTORELLI, A.; ASSINE, M.L.; PIRES NETO, A.G.P.; IBGE. Mapa de Unidades de Relevo do Brasil.
AB’SABER, A.N. Dunas do Jalapão: uma paisagem Rio de Janeiro, 1993. 1 mapa color. Escala 1:5.000.000.
insólita no interior do Brasil. In: MODENESI-GAUTTIERE,
M.C. et al. (Org.) A Obra de Aziz Nacib Ab’Saber. São IBGE. Geomorfologia. Mapa geomorfológico
Paulo: Beca-BALL, 2010. p. 570-582. do Estado do Tocantins. Coordenação de Recursos
Naturais e Estudos Ambientais. Rio de Janeiro, 2007a. 1
BIGARELLA, J.J.; MOUSINHO, M.R.; SILVA, J.X. mapa color. Escala 1:1.000.000.
Considerações a respeito da evolução das vertentes.
Boletim Paranaense de Geografia, Curitiba, v. 16/17, IBGE. Pedologia. Mapa exploratório de solos do
p. 85-116, 1965. estado do Tocantins. Coordenação de Recursos
Naturais e Estudos Ambientais. Rio de Janeiro, 2007b. 1
BRITO NEVES, B.B.; FUCK, R.A. The Neoproterozoic mapa color. Escala 1:1.000.000.
evolution of the basement of the South-American
platform. Journal of South American Earth IBGE. Vegetação. Mapa fitogeográfico do estado do
Sciences, Amsterdam, v. 47, p. 72-89, 2013. Tocantins. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos
Ambientais. Rio de Janeiro, 2007c. 1 mapa color.
BÜDEL, J. Climatic Geomorphology. Princeton: Escala: 1: 1.000.000.
University Press, 1982. 443p.
IBGE. Geologia. Mapa geológico do estado do
CHRISTOFOLETTI, A. Considerações a propósito Tocantins. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos
da Geografia Física dos Cerrados. Notícia Ambientais. Rio de Janeiro, 2007b. 1 mapa color. Escala
Geomorfológica, Campinas, v. 6, n. 11, p. 5-32, 1966. 1:1.000.000.
COSTA, M.L. Aspectos geológicos dos lateritos da IBGE. Solos da Amazônia Legal. Rio de Janeiro,
Amazônia. Revista Brasileira de Geociências, 2012. Disponível em: http://visualizador.inde.gov.br/
Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 146-160, 1991. VisualizaCamada/576/?posicao=-120.5380859375,-
522947739,17.5380859375,17.669762930009&zoom=4.
CRISTO, S.S.V.; ROBAINA, L.E.S.; MORAIS, F. Patrimônio Acesso em: 30 maio 2018.
geomorfológico na porção leste do estado do Tocantins
– região do Jalapão. Geonomos, Belo Horizonte, v. 21, IBGE. Mapa de solos da folha SD.22 - Goiás. Rio de
n. 2, p. 92-96, 2013. Janeiro, 2013. Disponível em: http://visualizador.inde.gov.
br/VisualizaCamada/883/?posicao=-120.5380859375,-
DANTAS, M.E.; ARMESTO R.C.G.; ADAMY, A. A origem das 522947739,17.5380859375,17.669762930009&zoom=4.
paisagens. In: SILVA, C.R. (Ed.) Geodiversidade do Brasil: Acesso em: 30 maio 2018.
conhecer o passado para entender o presente e prever o
futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. Cap. 3, p. 33-56. IBGE. Mapa de solos da folha SB.23 -
Teresina. Rio de Janeiro, 2014a. Disponível
DANTAS, M.E.; SHINZATO, E.; BANDEIRA, I.C.N.; SOUZA, em: http://visualizador.inde.gov.br/
L.V.; RENK, J.F.C. Compartimentação geomorfológica VisualizaCamada/1075/?posicao=-120.5380859375,-
do estado do Maranhão. In: BANDEIRA, I.C.N. (Ed.) 522947739,17.5380859375,17.669762930009&zoom=4.
Geodiversidade do Estado do Maranhão. Teresina: Acesso em: 30 maio 2018.
CPRM, 2013. Cap 3, p.31-62.
IBGE. Mapa de solos da folha SC.23
DANTAS, M.E; TEIXEIRA, S.G. A origem das paisagens do - São Francisco. Rio de Janeiro, 2014b.
estado do Pará, cap. 3. In: TEIXEIRA, S.G; JOÃO, X.J. (Ed.) Disponível em: http://visualizador.inde.gov.br/
Geodiversidade do estado do Pará. Belém: CPRM, VisualizaCamada/1077/?posicao=-120.5380859375,-
2011. p. 23-52. 522947739,17.5380859375,17.669762930009&zoom=4.
Acesso em: 30 maio 2018.
DIAS-BRITO, D.; ROHN, R.; CASTRO, J.C.; DIAS,
R.R.; RÖSSLER, R. Floresta petrificada do Tocantins IBGE. Mapa de solos da folha SD.23 -
Setentrional – o mais exuberante e importante registro Brasília. Rio de Janeiro, 2014c. Disponível
florístico tropical-subtropical permiano do Hemisfério em: http://visualizador.inde.gov.br/
Sul. In: WINGE, M. et al. (Ed.) Sítios Geológicos e VisualizaCamada/1079/?posicao=-120.5380859375,-
Paleontológicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2009. v. 2, 522947739,17.5380859375,17.669762930009&zoom=4.
515p., p. 337-354. Acesso em: 30 maio 2018.
FERREIRA, I.M. Cerrado: classificação geomorfológica de KING, L.C. A Geomorfologia do Brasil Oriental.
vereda. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO CERRADO, 9., 2008, Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro,
Planaltina/DF. [Anais...] Planaltina: Embrapa, 2008. p. 1-7. v. 18, n. 2, p. 147-265, 1956.
83
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO TOCANTINS
LATRUBESSE, E.M.; STEVAUX, J.C. Características MARTINS, A.K.E.; SCHAEFER, C.E.G.R.; SOARES, V.P.;
físico-bióticas e problemas ambientais associados CORRÊA G.R., MENDONÇA, B.A.F. Relação solo-
à planície aluvial do rio Araguaia, Brasil Central. geoambiente em áreas de ocorrência de ipucas na
Geociências, Guarulhos, p. 67-75, 2006. Planície do Médio Araguaia – estado do Tocantins.
Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 2, p. 297-310, 2006.
LATRUBESSE, E.M. Patterns of anabranching channels:
the ultimate endmember adjustments of mega-rivers. MARTINS, R.A.; COSTA, M.L.; MORAES, M.S. Floresta
Geomorphology, Amsterdam, v. 101, p. 130-145, 2008. fossilizada do Tocantins: uma flora preservada por
milhões de anos. Natal: Editora IFRN, 2010. 120p.
LATRUBESSE, E.M.; AMSLER, M.L.; MORAIS, R.P.;
AQUINO, S. The geomorphologic response of a large MORAIS, F.; ROCHA, S. Cavernas em arenito no Planalto
pristine alluvial river to tremendous deforestation in the Residual do Tocantins. Espeleotema, Campinas, v. 22,
South American tropics: the case of the Araguaia river. n. 1, p. 127-137, 2011.
Geomorphology, Amsterdam, v. 113, p.239-252, 2009.
NASCIMENTO, P.F.O.; MORAIS, F. Análise morfométrica
LEITE, E.F.; ROSA, R. Mapeamento geomorfológico: a em ipucas em carste encoberto na Depressão do Médio
carta de energia do relevo da bacia hidrográfica do rio Araguaia, estado do Tocantins. In: SIMPÓSIO NACIONAL
Formiga – TO. Revista Brasileira de Geografia Física -
DE GEOMORFOLOGIA – SINAGEO, 9., 2012, Rio de
UFPE, Recife, v. 5, n. 2, p. 269-284, 2012.
Janeiro. [Anais...] Rio de Janeiro: UFRJ, 2012.
LEITE, E.F.; NUNES, A.B.; COSTA, J.F.; NUNES, J.C.;
ROSS,J.L.S. Relevo Brasileiro: uma nova proposta
BARROS, M.L. Panorama das condições ambientais na
de classificação. Revista do Departamento
bacia hidrográfica do rio Areias, Tocantins. Revista
Interface, Porto Nacional, v. 7, p. 117-126, 2014. de Geografia, São Paulo, v. 4, p. 25-39, 1985.
LUMBRERAS, J. F.; CARVALHO FILHO, A.; MOTTA, P. E. F.; ROSS,J.L.S. Os fundamentos da Geografia da Natureza.
BARROS, A. H. C.; AGLIO, M. L. D.; DART, R.O.; SILVEIRA, In: ROSS,J.L.S.; SCARLATO, F.C.; ANGELO, S.; CONTI, J.B.;
H. L. F.; QUARTAROLI, C. F.; ALMEIDA, R. E. M.; FREITAS, OLIVEIRA, A.U. Geografia do Brasil. São Paulo: EdUSP,
P. L. Aptidão agrícola das terras do Matopiba. 1997. p. 13-65.
Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2015. 48 p. il. (Embrapa
Solos. Documentos, 179). Disponível em: http:// SCHOBBENHAUS, C.; RIBEIRO, C.L.; OLIVA,
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/ L.A.; TAKANOHASHI, J.T.; LINDENMAYER, A.G.;
doc/1025303. Acesso em: 11 jun. 2018. VASCONCELOS, J.C.; ORLANDI, V. Carta Geológica do
Brasil ao Milionésimo: Folha Goiás (SD-22). Brasília:
MAMEDE, L.; ROSS, J.L.S.; SANTOS, L.M. Geomorfologia da DNPM, 1975. 114p.
folha SC-22 (Tocantins). In: BRASIL. Departamento Nacional
da Produção Mineral. Projeto RADAM. Folha SB. 22 SOUSA, P.A.B.; BORGES, R.S.T.; DIAS, R.R. Atlas do
Araguaia e parte da folha SC. 22 Tocantins: geologia, Tocantins: subsídios ao planejamento da Gestão
geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da Territorial. Palmas: SEPLAN, 2012. 80p.
terra. Rio de Janeiro: DNPM, 1981a. v. 4, p.197-248.
THOMAS, M.F. Geomorphology in the tropics.
MAMEDE, L.; NASCIMENTO, M.A.L.S.; FRANCO, M.S.M. New York: John Wiley & Sons, 1994. 460p.
Geomorfologia da folha SD-22 (Goiás). In: BRASIL.
Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto VALENTE, C.R.; LATRUBESSE, E.M. Fluvial archive of
RADAM. Folha SB. 22 Araguaia e parte da folha peculiar avulsive fluvial patterns in the largest Quaternary
SC. 22 Tocantins: geologia, geomorfologia, pedologia, intracratonic basin of tropical South America: the
vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro: DNPM, Bananal Basin, Central-Brazil. Palaeogeography,
1981b. v. 4, p.301-376.
Palaeoclimatology, Palaeoecology, Amsterdam, v.
356-357, p. 62-74, 2011.
MARIMON, B.S.; LIMA, E.S. Caracterização
fitofisionômica e levantamento florístico preliminar no
VALENTE, C.R.; LATRUBESSE, E.M.; FERREIRA, L.G.
Pantanal dos Rios Mortes-Araguaia, Cocalinho, Mato
Grosso, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Pampulha, v. Relationships among vegetation, geomorphology and
15, n. 2, p. 213-229, 2001. hydrology in the Bananal island tropical wetlands, Araguaia
river basin, Central Brazil. Journal of South American
MARTINS, I.C.M.; SOARES, V.P.; SILVA, E.; BRITES, R.S. Earth Sciences, Amsterdam, v. 30, p. 1-11, 2013.
Diagnóstico ambiental no contexto da paisagem de
fragmentos naturais “ipucas” no município de Lagoa da VILLELA, F.N.J.; NOGUEIRA, C. Geologia e geomorfologia
Confusão, Tocantins. Revista Árvore, Viçosa, v. 26, n. da estação ecológica Serra Geral do Tocantins. Biota
3, p. 299-309, 2002. Neotropica, São Paulo, v. 11, n. 1, p.217-230, 2011.
84