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Resumo
Todo município brasileiro tem o direito a receber parte dos recursos
tributários arrecadados pela União e pelo Estado, as chamadas
transferências constitucionais. Na distribuição dos recursos do ICMS, o
ICMS Ecológico é destinado aos municípios que adotam políticas
ambientais. Os objetivos desta pesquisa foram investigar como Estado
de Minas Gerais repassa aos municípios os recursos financeiros do
ICMS Ecológico, analisar os critérios utilizados e avaliar quais os
valores recebidos pelos municípios mineiros. A metodologia utilizada
foi a descritiva, com foco na análise comparativa dos critérios
Abstract
Every city has the right of receiving a part of the tributary resources
raised by the Union and by the State, which are denominated
constitutional transfers. At the ICMS’ distribution stage, the Ecological
ICMS is destined to the cities where such environmental policies are
adopted. The aim of this study was to research and investigate how the
state of Minas Gerais distributes to its cities the financial resources
from the ecological ICMS, furthermore analyze the criteria that were
used to assess which values were received by the cities from this state.
The methodology used in this study was descriptive, focusing on a
comparative analysis of the criteria used in Minas Gerais to distribute
the part-quota from the ICMS to all cities. A number of 36 cities had
been analyzed for 6 years. The results showed that the ICMS quota-
Introdução
O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
é arrecadado por cada Estado Brasileiro e pelo Distrito Federal sobre a
movimentação de mercadorias e serviços de um Estado para outro,
entre municípios ou ainda sobre a importação de mercadorias e
prestação de serviços no exterior. O simples fato de a mercadoria sair
do estabelecimento do contribuinte já configura o fato gerador deste
imposto.
É inegável a importância deste imposto como fonte de receita,
tanto para os Estados, como para os municípios, haja vista que se tem
discutido muito sobre a incidência sobre a circulação econômica, física
ou tão somente a circulação de riqueza por partes da caracterização
jurídica. Para a minoria de municípios brasileiros, é a principal fonte
de receita. Entretanto, para a maioria deles é a segunda maior fonte de
receita, inferior, somente, para o Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) de origem federal.
A Constituição Federal (CF) de 1988 trouxe algumas inovações
para o ICMS. Sua incidência foi aumentada com a inclusão de cinco
Impostos Únicos pertencentes à União como: Energia Elétrica,
Combustíveis e Lubrificantes, Minerais, Serviços de Transportes e
Serviços de Comunicação. Com a CF de 1988, passou de “Imposto
sobre Circulação de Mercadorias” (ICM) para “Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal ou,
simplesmente, “Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços”
(ICMS), e foi aumentada a parcela de recursos transferidos aos
municípios, passando de 20% para 25% (FREIRE, 2002).
A CF, em seu artigo 158, inciso IV, determina que 25% do
ICMS, de competência Estadual, sejam repassados aos Municípios da
seguinte forma: três quartos, no mínimo, na proporção do Valor
Adicionado Fiscal (VAF) nas operações relativas à circulação de
mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus
territórios; e, até um quarto, de acordo com o que dispuser a lei
estadual (BRASIL, 2007).
Em relação a Minas Gerais, a Lei n.° 18.030, de 12 de janeiro de
2009, também chamada de Lei Robin Hood, contempla vários critérios
para distribuição da Cota-parte do ICMS, entre eles, o critério Meio
Ambiente subdividido em três subcritérios. O primeiro subcritério
beneficia os municípios que sofrem limitações quanto ao
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Considera-se mata seca, ou complexo decidual da mata seca, um ecossistema específico
e peculiar do Estado de Minas Gerais, predominante no domínio da caatinga, que se
estende pelos domínios do cerrado e da mata atlântica, compreendendo formações
vegetais típicas que variam de caatinga hiperxerófila e caatinga arbórea a floresta
estacional decidual e semidecidual, com intrusões em veredas e vegetação ruderal de
calcário (MINAS GERAIS, 2010).
Material e Métodos
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi escolhida a
Mesorregião Geográfica dos Campos das Vertentes do Estado de Minas
Gerais, composta por 36 municípios.
Os dados foram coletados pelo site da Fundação João Pinheiro,
órgão responsável pela elaboração da planilha de distribuição da Cota-
Parte do ICMS em Minas Gerais. O período de estudo abrangeu a série
temporal de 2006 a 2011.
A metodologia usada foi a descritiva, pois é indicada em
situações em que se pretende descrever as características de grupos
como perfil, comportamentos, a frequência que ocorre um fenômeno e
a existência de associações entre variáveis (MALHOTRA, 2001).
Resultados e Discussão
Em Minas Gerais, pela Lei n.º 12.040/95, também chamada
como Lei Robin Hood, foi criado o ICMS Ecológico. Entretanto, esta
lei, foi alterada posteriormente pela Lei n.º13.803/2000, que foi
modificada pela Lei n.º 18.030/ 2009. Esta norma jurídica definiu novos
critérios de repasse do ICMS aos municípios (MINAS GERAIS, 1995,
MINAS GERAIS, 2000 MINAS GERAIS, 2009).
Este novo mecanismo legal modificou os critérios de
distribuição da Cota-parte do ICMS no que se referem os 25% previstos
pela Constituição Federal, passando a vigorar seus efeitos a partir de
2011, conforme discriminado pela Tabela 1.
Conclusão
A Cota-parte do ICMS (25%), conforme a Lei mineira, é
distribuída em 17 critérios, ou seja: Área Geográfica; Poluição;
População dos 50 municípios mais populosos; Educação; Produção de
Alimentos; Patrimônio Cultural; Meio Ambiente; Saúde; Receita
Própria; Cota Mínima; Municípios Mineradores; Recursos Hídricos;
Municípios Sede de Estabelecimentos Penitenciários; Esportes;
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