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COMO SER IGREJA EM TEMPOS DE PERDA E MORTE

O LUTO DE UMA MÃE


Uma mãe com seu filho nos braços ouve admirada a profecia de que seu filho será a
salvação de todos os povos (Lc 2.29-32), porém, o preço dessa salvação seria caro
demais. Ela sentiria a dor de uma pesada em seu coração (Lc 3.35). Era a dor de ver seu
filho sendo escarnecido, torturado e morto. Ao longe de sua vida, Maria pode se
preparar para uma grande dor e sofrimento a qual nenhuma mãe está certamente
preparada para sofrer. Ela esteve ali aos pés da cruz observando e chorando a morte do
seu filho (Jo 19.25) e esteve ao lado dos discípulos durante aqueles tristes dias (Jo 19.27).
Mas ela vislumbrou a concretização da profecia, a vitória sobre a morte, a redenção para
todos os povos, a ressurreição! Celebrou e caminhou com a igreja nascente (At 1.12-14).

A vivência de Maria com todo o sofrimento que a perda e o luto proporcionam, foi o
motor utilizado pelo Espírito Santo para transformar a dor em força para seguir em
frente, agora como igreja. E a Igreja Primitiva, que por tantas vezes viveu a mesma dor
de perda e morte, foi igualmente capacitada para seguir em frente. Vamos aprender
com os relatos bíblicos que sempre após um evento triste a igreja mantinha viva a sua
missão.

Porém, antes de tudo, é bom lembrarmos, que a exemplo de Maria, quando falamos em
Igreja Primitiva, estamos falando de mães, pais, filhos, esposas e maridos, irmãos de
sangue, amigos queridos que sentiram a tristeza, que experimentaram o choro da perda,
que buscaram o ar para respirar ao receberem uma notícia indesejada. Não podemos
olhar para os relatos bíblicos sem antes humanizar os seus personagens. Foram homens
e mulheres, como nós que viveram e partilharam de momentos de luto.

1. A IGREJA EM MOMENTOS DE LUTO CONTINUA A SUA


MISSÃO (Atos 8.1-3)
A igreja crescia e uma multidão passa a crer no Senhor Jesus como salvador e a viver em
uma comunidade santa (At 4.32). A igreja nascia e crescia conforme a ordem de Cristo,
sendo testemunha fiel dele a todos (At 1.7). Porém, junto com o crescimento, veio a
perseguição. Estevão, considerado o primeiro mártir da igreja, foi condenado e
apedrejado pelos judeus, acusado de blasfêmia (At. 6.11), morrendo clamando a Deus
para que perdoasse seus malfeitores (At 7.60).

Nunca a igreja tinha sofrido com a morte. Antes as prisões eram milagrosamente abertas
(At 5.17-20) e a morte não chegava neles. Agora, uma grande perseguição se inicia e
todos, com exceção dos apóstolos, abandonam suas casas, seus amigos, sua história e

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saem fugidos. Aqueles homens ainda choram a perda de um servo fiel. Ainda viviam o
luto da perda de um amigo querido e irmão valoroso. O que eles fariam agora? Eles
permaneceram pregando e espalhando o evangelho enquanto fugiam (At 8.4). A igreja
sofre a dor do luto e da perda, porém não deixa de fazer aquilo a qual foi chamada para
fazer, pregar o evangelho e transformar vidas, proporcionando alegria aos que antes
viviam a dor do pecado (At 8.8).

2. A IGREJA EM MOMENTOS DE LUTO CONTINUA EM


ORAÇÃO (Atos 12.1-5)
A morte já se faz presente no meio da igreja. Estevão já havia sido morto, agora Tiago é
morto pelo rei Herodes para agradar aos judeus. Pedro também é levado ao cárcere,
para ser apresentado ao povo e assassinado depois.

Mais uma vez a dor da morte e a angústia por uma possível perda atinge a igreja. O que
fazer neste momento? Como reagir ao ver os seus sendo mortos e lançados a prisão? A
igreja permaneceu em oração (At 12.4). A igreja estava congregada (At 12.12), orava e
clamava a Deus, pela conservação da vida, pelo livramento. Em tempos de perda e luto,
a igreja deve continuar a orar, crendo que a oração do justo pode muito em seus efeitos
(Tiago 5.16).

3. A IGREJA EM MOMENTOS DE LUTO CONTINUA


PERSEVERANDO (Hebreus 10:32-11:40)
A carta aos Hebreus traz um forte e emocionante encorajamento aos cristãos que
estavam sofrendo a perseguição romana. O autor informa como eles tem servido de
espetáculo de horror ao mundo, sendo insultados, maltratados, tendo seus bens
confiscados. Ele encoraja-os a perseverarem pois “Nós, porém, não somos dos que
retrocedem” (Hb 10. 39). Ele traz a memória da igreja vários momentos em que os seus
antepassados passaram por situações semelhantes e, mesmo assim, perseveraram até
o fim. São relatos de homens e mulheres comuns que enfrentaram todos os tidos de
problemas, encarando a dor, tortura até a morte pela fé em Deus e na sua promessa.
“O mundo não era digno deles” (Hb 11.38). E eles não consideravam o mundo como seu
lugar, antes criam na promessa a qual não viram se concretizar (Hb 11.39).

Em momentos de luto e de perda a igreja deve continuar sua caminhada, pois nós já
vimos a promessa, Cristo Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2)! A igreja
deve manter-se alegre e firme, pois encontrou em Cristo a esperança de viver junto ao
trono de Deus (Hb 12.2)! Em Cristo somos fortalecidos e não nos cansamos nem
desanimamos (Hb 12.3). “Por isso, levantem as mãos cansadas e fortaleçam os joelhos
vacilantes” (Hb 12.12).

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CONCLUSÃO – UM DIA TODAS AS LÁGRIMAS ELE SECARÁ
Em momentos de luto, de perda, de dor e aflição, a igreja de Cristo deve manter seus
olhos voltados para o céu, onde iremos todos juntos, com nossas vestes lavadas no
sangue do Cordeiro, nos apresentaremos diante do trono do Eterno. Ali, fome, sede,
dor, moléstia alguma nos afligirá. Pois o Cordeiro, o Senhor e bom pastor nos
apascentará e nos guiará para as fontes da água da vida. Ali, naquele momento sem
igual, ele estenderá sua mão sobre os nossos olhos e enxugará toda a lágrima que
teimosamente insiste em cair (Ap 7.9-17).

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