Você está na página 1de 19

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÃO PAULO

Curso de Direito

TABELA DO IMPOSTO DE RENDA:


OS IMPACTOS DA NÃO CORREÇÃO DA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA
SOBRE AS PESSOAS FÍSICAS FINANCEIRAMENTE MAIS POBRES

FELIPE BARROS SÁ

São Paulo
2019

1
FELIPE BARROS SÁ

TABELA DO IMPOSTO DE RENDA:


OS IMPACTOS DA NÃO CORREÇÃO DA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA
SOBRE AS PESSOAS FÍSICAS FINANCEIRAMENTE MAIS POBRES

Artigo Científico Jurídico apresentado


à Universidade Estácio de Sá, Curso
de Direito, como requisito parcial
para conclusão da disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso.

Orientador: Prof. Benevenuto Silva


dos Santos

São Paulo
2019

2
AGRADECIMENTOS

Ao autor e consumador da vida Jesus ao meu Jeová Jireh Deus da minha


provisão que me sustentou em toda essa caminhada para alcançar a minha
segunda formação acadêmica. A pessoa mais importante da minha vida, minha
companheira, minha confidente e amor da minha vida Juliana que sempre esteve
ao meu lado em todos os momentos, sempre paciente e que confiou em mim e
me apoiou mesmo quando eu não tinha certeza se conseguiria. A minha gratidão,
ao meu avó Paulo, amigo sempre presente, pai zeloso e que nos aguarda junto
aos braços do PAI, as orações da minha avó Odília que me conduziram em
segurança até o fim dessa trajetória, aos meus pais Maria de Lourdes e Valdemir
e a minha querida irmã Bruna, que é um exemplo e uma inspiração pra mim. Ao
meu tio Carlos que também já não se encontra entre nós e mora nos altos céus.
As minhas tias, tios, primos e primas o tão bem lembrado e não menos importante
boa sorte e o alento de me dizer que logo eu encerraria essa jornada.

Agradeço ao meu sogro e sogra Nivaldo e Leonor que prontamente sempre


me atenderam em meus pedidos de ajuda. As meus cunhados Rafael, Ana,
Carolina e Rubens pelo incentivo e torcida. A todos quantos se alegram comigo
nessa conquista, que não é só minha é de todos nós!

“Há homens que pensam ser grandes porque fazem com que todos se sintam
pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos
sintam-se grandes.”
G. K. Chesterton

3
RESUMO

O objetivo desse trabalho é verificar e ressaltar quais são os impactos da


NÃO correção da Tabela do Imposto de Renda Pessoa Física sobre os
contribuintes de menores rendimentos tributáveis, ou seja, os mais pobres.

Muitos teóricos e estudiosos e até mesmo categorias de classe como a


OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), já se debruçaram sobre o tema e muito
pouco se evoluiu nas discussões. O passo mais largo dado pela OAB foi a Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5096) a qual ingressou junto ao Supremo
Tribunal Federal em agosto de 2014. Tal esforço visava demonstrar a
inconstitucionalidade da pratica reiterada de tributação sem a devida correção da
renda tributável no tempo e espaço compatível com a inflação do período e ver
socorrido o direito de todos em ter uma tributação mais adequada ao fato gerador
e hipótese de incidência.

Por conseguinte podemos chegar a algumas observações que advém do


fato:

 Se aplicadas às devidas correções de acordo com a inflação


realizada no período, constata-se evidente perda de poder de
compra dos cidadãos e mesmo assim ano após ano o Estado
continua a tributar os mesmos sem correção da renda tributável.

 Em um país como o Brasil onde a renda já é muito mal distribuída


por uma quantidade enorme de fatores estruturais, culturais,
econômicos e históricos, o fato da incidência de mais um imposto
em desconformidade com realidade do fato experimentado causa
impactos sociais na vida das pessoas físicas sem a devida correção
da tabela do imposto de renda.

 Muitos consideram que tal omissão fere os princípios contemplados


na Constituição Federal a cerda da legalidade vez em que por

4
medida provisória outrora previa correção mínima de 4,5% e por não
ter se concretizado em Lei foi extinta (Medida Provisória n° 644, de
2014), outros se agasalham no aspecto do principio da capacidade
contributiva por majorar renda que não tem a mesmo poder
aquisitivo.

 O contribuinte que atinge as primeiras faixas da tabela do imposto


de renda vê se esvair uma renda que muito impacta a sua
subsistência.

Mas, apesar dos prestigiosos esforços até o momento se perpetua a


tributação que é devida, legal e juridicamente aceita. O Supremo nada dispôs
jurisprudencialmente visto que não pode legislar, e é matéria para o poder
legislador não podendo desarmonizar os poderes constitucionalmente
constituídos. Porem, nesse viés fica o cidadão que por falta de conhecimento não
busca a equalização de pontos como esse no fim arrecadatório do Estado.

O trabalho tem como referência as obras de Geraldo Ataliba e Kiyoshi


Harada, no sentido de demonstrar a maneira como o Estado vem negligenciando
a obviedade de correção da tabela do imposto de renda. Traz também tabelas e
cálculos das defasagens no espaço e tempo tendo como fonte o Sindicato
Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – SINDIFISCO
NACIONAL e do Instituto Nacional de Geografia e Estatística – IBGE.

Nesse trabalho vamos nos debruçar sobre como as situações à cima


listadas impactam o contribuinte de menor renda tributável.

Palavras-chave: Correção da Tabela IR. Imposto de renda pessoa física.

5
ABSTRACT

The objective of this paper is to verify and highlight what are the impacts of
NOT correcting the Personal Income Tax Table on taxpayers with the lowest
taxable income, that is, the poorest.

Many theorists and scholars, and even class categories such as the
Brazilian Bar Association (OAB), have already broached the subject very little if it
has evolved in the discussions. The longest step taken by OAB was the Direct
Action of Unconstitutionality (ADI 5096), which was filed with the Federal Supreme
Court in August 2014. This effort was aimed at demonstrating the
unconstitutionality of the repeated practice of taxation without the correct
correction of taxable income in time and space compatible with the inflation of the
period and see the right of all to have a more adequate taxation to the generating
fact and incidence hypothesis.

Therefore we can arrive at some observations that come from the fact:

 If applied to the correct corrections according to the inflation carried


out in the period, there is an evident loss of purchasing power of
citizens and even so year after year the State continues to tax them
without correction of taxable income.

 In a country like Brazil where income is already very poorly


distributed by a huge amount of structural, economic, cultural and
historical factors, the fact of the incidence of one more tax in
disagreement with reality of the fact experienced causes social
impacts on people's lives without the correct correction of the income
tax table.

 Many consider that this omission undermines the principles


contemplated in the Federal Constitution as a consequence of the

6
fact that, by means of a provisional measure, once a minimum
correction of 4.5% was imposed, and because it did not materialize
in Law, it was extinguished (Provisional Measure No. 644, of 2014),
others welcome the aspect of the principle of contributory capacity to
increase income that does not have the same purchasing power.

 The taxpayer who reaches the first ranks of the income tax table
sees an income that has a very high impact on their subsistence.

But despite the prestigious efforts to date, the taxation that is due, legally
and legally accepted, is perpetuated. The Supreme has not disposed
jurisprudentially since it can not legislate, and it is matter for the legislature power
not being able to disharmonize the constitutionally constituted powers. However, in
this bias is the citizen who for lack of knowledge does not seek the equalization of
points like this in the collecting end of the State.

The work has as reference the works of Geraldo Ataliba and Kiyoshi
Harada, in order to demonstrate how the State has neglected the truism of
correction of the table of the income tax. It also brings tables and calculations of
the lags in space and time based on the National Union of Tax Auditors of the
Federal Revenue Service - SINDIFISCO NACIONAL and the National Institute of
Geography and Statistics - IBGE.

In this paper, we will examine how the situations listed above impact the
taxpayer with the lowest taxable income.

Keywords: Correction of IR Table. Personal income tax.

7
SUMÁRIO

1. Introdução 9

2. Capacidade Contributiva 11

3. Contexto Histórico de Criação do Imposto de Renda 12

4. Imposto de Renda Pessoa Física 13

5. Desigualdade de tratamento entre contribuintes 14

6. Conclusão 18

7. Referências bibliográficas 19

8. Outras referências 19

1. INTRODUÇÃO
8
A Constituição Federal é o ordenamento supremo das leis em nosso país e
portando quem autoriza a União exclusivamente a criar impostos sobre renda e
proventos de qualquer natureza. Por renda entende-se o resultado do capital, do
trabalho, ou de ambos.

O poder de criar os impostos geram fatos, hipóteses de incidência, que


por sua vez culminam com as obrigações. E o estado pode e deve se fazer valer
desse direito e utiliza-lo como uma ferramenta para a redução das desigualdades
econômicas e sociais. A Constituição Federal do Brasil contempla em seu Art. 3º
como principio fundamental a erradicação da pobreza, uma sociedade livre, justa
e solidária, para tanto através de instrumentos arrecadatórios dentre eles o
imposto de renda pessoa física a servem como mecanismo para conduzir o País
a uma distribuição de renda mais igualitária. O princípio base vislumbra a
incidência de uma maior arrecadação sobre os contribuintes de maior capacidade
econômica.

No entanto, para que o imposto cumpra com esse objetivo precisa


obedecer a uma série de princípios arrecadatórios alinhados a equidade e
capacidade contributiva de cada cidadão. O que há alguns anos vem deixando
todos temerosos e inconformados com algumas disparidades, uma delas a não
correção da tabela utilizada para o calculo do imposto sobre a riqueza gerada por
seus contribuintes, vez em que essa capacidade contributiva sofre os efeitos da
inflação e a mesma vem sendo desconsiderada na conta. Assim sendo o presente
tem por objetivo geral mostrar o quanto um ajuste equânime pode vir a ser
importante para uma tributação mais justa do ponto de vista da capacidade
contributiva de cada cidadão.

A presente indagação se dá, pois a atual forma de calculo da renda das


pessoas físicas toca principalmente aqueles economicamente mais pobres, vez
em que estes estão mais sujeitos as situações econômicas inflacionárias e a
perda do valor do poder de compra no espaço tempo de maneira mais agressiva.
Fato esse que gera desigualdade e frustra o objetivo da criação desse imposto.

9
Nesse breve comentário, entendemos que adotar um posicionamento mais
crítico diante de algumas regras do imposto de renda pessoa física se fazem
necessários e urgentes, porque acabam por onerar os cidadãos de capacidade
contributiva menor, enquanto a parcela da população mais rica da sociedade
paga um tributo incide sobre valores inexpressivos em relação a sua capacidade
pagamento e geração de riquezas.

2. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

10
O princípio da capacidade contributiva busca fazer com que os tributos
tenham um caráter pessoal sempre que isso for possível, e que sejam graduados
conforme a capacidade econômica do contribuinte, artigo 145, § 1º da CF.

Doutrinariamente, podemos conceber dúplice acepção ao conceito de


capacidade contributiva. Fala-se em capacidade contributiva absoluta ou objetiva
quando se está diante de um fato que se constitua numa manifestação de
riqueza; refere-se o termo, nessa acepção, à atividade de eleição, pelo
legislador, de eventos que demonstrem aptidão para concorrer às despesas
públicas. Tais eventos, assim escolhidos, apontam para a existência de um
sujeito passivo em potencial. Nesse sentido o Imposto sobre a Renda, o mais
pessoal de todos os impostos, tem-se revelado importante imposto da União, ao
lado do Imposto sobre Produtos Industrializados. No entanto, estudos
econômicos demonstram que a participação da tributação da renda na carga
tributária brasileira é baixa, atingindo apenas 23%, enquanto, em países
desenvolvidos, essa participação representa 70% da capacidade contributiva e
atua como pressuposto ou fundamento jurídico do imposto, constituindo diretriz
para a eleição das hipóteses de incidência de impostos. Diversamente, a
capacidade contributiva relativa ou subjetiva – como a própria designação indica
– reporta-se a um sujeito individualmente considerado. Expressa aquela aptidão
de contribuir na medida das possibilidades econômicas de determinada pessoa.
Nesse plano, presente a capacidade contributiva em concreto, aquele potencial
sujeito passivo torna-se efetivo, apto, pois, a absorver o impacto tributário. Nessa
outra acepção, a capacidade contributiva opera, desse modo, como critério de
graduação do imposto e limite à tributação. (CARRAZZA, Roque Antonio. Curso
de Direito Constitucional Tributário. 17. ed. revista, ampliada e atualizada. São
Paulo: Malheiros, 2005.)

Visto ao exposto precisamos ter muita clareza para entender vivemos uma
realidade totalmente oposta aos países desenvolvidos e o pagamento ou retenção
do imposto de renda impacta em muito a vida financeira do brasileiro e o principal
problema é má distribuição de renda e a inferioridade em gerar renda da
tributável.

11
3. CONTEXTO HISTÓRICO DE CRIAÇAO DO IMPOSTO DE RENDA

Muitos historiadores relatam que o imposto sobre a renda surgiu na


Inglaterra em 1799, para fazer frente à necessidade de recursos para financiarem
a guerra contra a França de Napoleão Bonaparte. Porem com a derrota da França
o imposto foi suspenso, retornando em 1842.

Em nosso país surgiu com D. Pedro II, com o mesmo objetivo que na
Inglaterra, recursos para a guerra. Guerra essa contra o Paraguai (1864 a 1870).
Mas, logo foi extinto teve pouca aceitação.

Renasce, em 1922, dessa vez mais próxima do conceito tal como


conhecemos. Incidente sobre os rendimentos agrupados em categorias, sendo
que o rendimento líquido (rendimento bruto menos dedução) sendo sujeitados à
uma tabela progressiva.

De 1922 aos dias atuais, muitas regras foram introduzidas tais como: a
dedução para dependentes, deduções de despesas com instrução e médicas,
abatimento de doações a entidades filantrópicas e assistenciais e muitas outras
de acordo com a complexidade do mundo contemporâneo.

Outra situação interessante foi a modernização dos meios de arrecadação


do imposto por meio Secretaria da Receita Federal do Brasil, saindo do
formulário, disquete, softwares, internet e chegando aos mais atuais smartphones
(1927 a 2019) que proporcionou segurança, rapidez e facilidade no
preenchimento e na entrega da declaração do imposto sobre a renda, para maior
comodidade para o contribuinte e eficiência para o Fisco.

4. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

12
Temos por definição de Imposto o constante no artigo 16 da Lei 5.172, de
25 de outubro de 1966, que instituiu o Código Tributário Nacional – CTN, que diz
que é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

No artigo 153, inciso III, § 2º, inciso I, da Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988, traz que compete à União instituir imposto sobre
renda e proventos de qualquer natureza e será informado pelos critérios da
generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei.

Muitos doutrinadores como Sabbag (2015), afirmam que renda de capital


advém de aluguel, “royalties”, recebimentos decorrentes de aplicações
financeiras, lucros, bonificações, rendimentos de partes beneficiárias etc.; que
renda do trabalho provém de salário, honorários, pró-labore, comissões, etc.; que
a renda da combinação do capital e do trabalho resulta do pró-labore, lucro etc.;
que os proventos de qualquer natureza são os acréscimos patrimoniais não
compreendidos no conceito de renda ora relatados.

Contudo, os recursos econômicos auferidos pelos contribuintes são


indispensáveis à satisfação de suas necessidades vitais básicas, garantidas pela
Constituição, em especial em seu artigo 6º que prescreve ser direitos sociais a
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, não podem ser computados para fins da
incidência do imposto sobre a renda, seja como renda ou como proventos de
qualquer natureza.

Seguindo pressupostos de outro doutrinador Queiroz (2004) o mesmo diz


que o indicador mais seguro para que a tributação possa ocorrer de maneira
mais justa possível parece ser aquele em que o imposto somente possa incidir
sobre os valores dos efetivos acréscimos de renda ou proventos, assim
considerados os que excederem os custos e despesas necessários à percepção
dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora.

13
O Imposto de Renda tal como conhecemos hoje é incidente sobre a
renda total do contribuinte, o que mesmo o contribuinte apresentando as
deduções cabíveis muitas vezes é penalizado com o recolhimento de imposto
além do que suporta para cumprir com suas necessidades básicas de cidadão
como observaremos nos exemplos abaixo no tópico desigualdade de tratamento
entre contribuintes.

5. DESIGUALDADE DE TRATAMENTO ENTRE CONTRIBUINTES

Pode parecer banal falar sobre desigualdade em nosso país, pois onde
quer que vá, onde quer que olhe em todas as camadas da sociedade seja
culturalmente, economicamente ou histórica esse flagelo está ali a nos apontar
que as politicas públicas são duramente ineficazes.

Ao falarmos sobre uma das ferramentas utilizadas na tentativa de frear


essa disparidade nos vemos frustrados mais uma vez e a justificativa sempre um
ato discricionário e a massa não consciente de seus direitos não objeta, não
questiona, não clama, apenas frustram-se.

O imposto de renda como vimos anteriormente deveria ser a forma


cabível de geração de receita aos cofres do Estado e também reduzir as
disparidades de renda entre os contribuintes, através de mecanismos de isenção
ou tributação mais expressivos e assim reduzir a desigualdade. Para demonstrar
essa disparidade vamos nos ater a apenas uma das situações que torna esse
imposto excessivo para os contribuintes das primeiras faixas da tabela
progressiva.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal


do Brasil - SINDIFISCO/NACIONAL, a NÃO CORREÇÃO das Tabelas
progressivas do imposto sobre a renda na fonte e a de ajuste anual, fez com que
o contribuinte pague mais imposto do realmente deveria, pois a omissão equivale
à majoração indireta do imposto, evidenciando uma defasagem de 81,41%, para o
período de 1996 a 2016 mesmo quando ocorreu o reajuste os índices ficaram
abaixo do IPCA.

14
A tabela abaixo indica e compara os índices de IPCA que deveriam ser
usados para corrigir a Tabela do Imposto sobre a Renda nos anos-calendário de
1996 a 2016 em %.

Períodos IPCA Correção da Tabela % Resíduos % Resíduos Acum.

1996 9,56 0 9,56 9,56

1997 5,22 0 5,22 15,28

1998 1,65 0 1,65 17,18

1999 8,94 0 8,94 27,66

2000 5,97 0 5,97 35,28

2001 7,67 0 7,67 45,66

2002 12,53 17,50 -4,97 38,42

2003 9,30 0 9,30 51,29

2004 7,60 0 7,60 62,79

2005 5,69 10,00 -4,31 55,77

2006 3,14 8,00 -4,86 48,20

2007 4,46 4,50 -0,04 48,14

2008 5,90 4,50 1,40 50,22

2009 4,31 4,50 -0,19 49,94

2010 5,91 4,50 1,41 52,05

2011 6,50 4,50 2,00 55,09

2012 5,84 4,50 1,34 57,17

2013 5,91 4,50 1,41 59,39

2014 6,41 4,50 1,91 62,43

2015 10,67 5,60 5,07 70,67

2016 6,29 0 6,29 81,41

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

15
Se demonstrássemos de outra maneira para ajudar na compreensão significa
dizer que os contribuinte de faixa iniciais da tabela progressiva do imposto de
renda contam com uma defasagem de cerca de 81,41%, ou seja, sua renda
perdeu poder de compra e a tabela não foi reajustada o mesmo absorveu o ônus
e não teve direito a devida correção. A tabela abaixo demonstra a para o ano de
2016 a tabela efetiva para calculo mensal e a tabela corrigida também
mensalmente, para que tenhamos mais clara essa constatação:

Tabela Efetiva Mensal I

De Até Alíquota Dedução

0,00 1.903,98 Isento 0

1.903,99 2.826,66 7,5% 142,80

2.826,67 3.751,05 15% 354,80

3.751,06 4.664,68 22,5% 636,13

acima de 4.664,68 27,5% 869,36

Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil

Tabela Corrigida Mensal II

De Até Alíquota Dedução

0,00 3.454,01 Isento 0

3.454,02 5.127,84 7,5% 259,05

5.127,85 6.804,78 15% 643,64

6.804,79 8.462,20 22,5% 1.154,00

acima de 8.462,20 27,5% 1.577,11

Tabela corrigida a partir dos índices do IPCA

Consideradas as devidas proporções e correção no tempo e espaço até o ano


de 2016 chegamos à tabela anual abaixo comparativamente com os dados
efetivos e corrigidos:

16
Tabela Efetiva Anual III

De Até Alíquota Dedução

0,00 22.847,76 Isento 0

22.847,77 33.919,92 7,5% 1.713,60

33.919,93 45.012,60 15% 4.257,60

45.012,61 55.976,16 22,5% 7.633,56

acima de 55.976,16 27,5% 10.432,32

Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil

Tabela Corrigida Anual IV

De Até Alíquota Dedução

0,00 41.448,12 Isento 0

41.448,13 61.534,08 7,5% 3.108,60

61.534,09 81.657,36 15% 7.723,68

81.657,37 101.546,40 22,5% 13.848,00

Acima de 101.546,40 27,5% 18.925,32

Tabela corrigida a partir dos índices do IPCA

Observe que um cidadão médio tenha uma renda média de R$ 22.847,77


anual, que equivale a uma renda mensal de R$ 1.903,98 já é contribuinte da
primeira faixa de tributação do imposto de renda a proporção de 7,5%, sendo que
se promovidas às devidas correções do período defasado onde o Estado não
aplicou a correção minimamente que seja pelo índice de preços ao consumidor
IPCA, esse mesmo contribuinte poderia auferir renda anual de até R$ 41.448,12
ou mensalmente de R$ 3.454,01 que mesmo assim estaria isento de pagar o
imposto de renda.

Isso significa dizer que todo esse período onde esse contribuinte foi tributado
ouve uma apropriação de um imposto que guardadas as devidas proporções não

17
incidiria a cobrança do imposto respeitado o Princípio da Capacidade
Contributiva.

6. CONCLUSÃO

Temos um Imposto ao qual incide sobre a Renda e Proventos de


Qualquer Natureza que é de competência da União, e tem como fato gerador a
aquisição da disponibilidade econômica de renda ou de proventos de qualquer
natureza.

A lei define que os impostos terão caráter pessoal e serão graduados


segundo a capacidade econômica do contribuinte, principio da capacidade
contributiva, tendo garantido ao contribuinte, que na tributação do imposto de
renda deveria a União observar os critérios da universalidade, generalidade e
progressividade.

Porem o governo na pessoa dos representantes do Poder Executivo pode


utilizar-se de uma Política Fiscal e Econômica, para influenciar e impulsionar a
economia por meio da discricionariedade, porém, a falta de reajuste das tabelas
de imposto sobre a renda na fonte e a de ajuste anual ofendem o princípio da
capacidade tributária e em alguns aspectos até do principio da legalidade.

Dessa maneira ao comparar a tabela I com tabela II e a tabela III com a


tabela IV respectivamente, as disparidades são gritantes e mais um causador de
desigualdade social dos muitos outros que já possuímos em nossa sociedade.

E o que nos causa maior indignação é o fato de que apesar de agredir o


principio da capacidade contributiva e o principio da legalidade como já
observamos essa politica se perpetua com o discurso de que o orçamento não
comportaria mais essa perda de arrecadação.

Em pronunciamento feito em 12 de maio de 2019 a rádio Bandeirantes o


presidente em exercício Jair Bolsonaro prometeu corrigir a tabela do Imposto de
Renda (IR) pela inflação em 2020, não é uma garantia, mas derrepente pode ser
uma sinalização de que o Executivo começa a devolver ao cidadão um direito a
muito tempo ocluso.
18
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Obras consultadas

ATALIBA, Geraldo - Hipótese de Incidência Tributária – 6ª ed. Malheiros, 2011

ÁVILA, Humberto – Teoria da Igualdade Tributária - 3 ª ed. Malheiros, 2014

CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 25ª.


ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

HARADA, Kiyoshi, – Direito Financeiro e Tributário – 7ª ed. Atlas, 1998

8. OUTRAS REFERENCIAS

Sites Consultados:

Notícias Supremo Tribunal Federal. Disponível em:


http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=261970
Acesso em 14.05.2019

Pronunciamento Jair Bolsonaro. Disponível em:


https://oglobo.globo.com/economia/bolsonaro-promete-correcao-da-tabela-do-imposto-de-
renda-pela-inflacao-em-2020-23660180
Acesso em 12.05.2019

JOSÉ CARLOS SOUZA CAMBÉ DOS SANTOS: Bacharelando em Direito pela Faculdade Serra do
Carmo - FASEC.
http://conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.590092
Acesso em 10.04.2019

Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil - SINDIFISCO/NACIONAL


https://www.sindifisconacional.org.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=36002:sindifisco-defende-correcao-na-tabela-do-ir-em-
entrevista-a-radio- bandeirantes&catid=44&Itemid=515
Acesso em 16.01.2019

19

Você também pode gostar