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03/01/2022 12:39

LUCIANO VIEIRA
Conferência em www.tcees.tc.br

Assinado por
Identificador: D9606-A25E2-65418

ACÓRDÃO TC-1333/2021 – PLENÁRIO

CICILIOTTI DA CUNHA
06/12/2021 10:39
Acórdão 01333/2021-9 - Plenário

Assinado por
LUIZ CARLOS
Processos: 02645/2021-7, 03687/2020-4
Classificação: Embargos de Declaração
UG: PMMF - Prefeitura Municipal de Marechal Floriano

01/12/2021 15:29
RODRIGO FLAVIO
FREIRE FARIAS
Relator: Domingos Augusto Taufner

Assinado por
Interessado: IRENETE LITTIG HAND, THAIS DAS GRACAS ROMAN, WAGNER LOVATTI,

CHAMOUN
SANDRA HELENA DELBONI VENTURINI
Recorrente: JOAO CARLOS LORENZONI
Procuradores: CELESTINO ROMAN, RITA DE CÁSSIA RONCHI ROMAN, ALTAMIRO

SERGIO MANOEL NADER


THADEU FRONTINO SOBREIRO (OAB: 15786-ES), CASSYUS DE SOUZA SESSE (OAB:

01/12/2021 14:23
27339-ES, OAB: 181139-RJ), GREGORIO RIBEIRO DA SILVA (OAB: 16046-ES)

Assinado por

BORGES
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO –
ADMISSIBILIDADE - CONHECIMENTO – MÉRITO -

01/12/2021 10:18
SERGIO ABOUDIB
FERREIRA PINTO
DAR PROVIMENTO, A FIM ANULAR A DECISÃO

Assinado por
QUE NÃO CONHECEU DO PEDIDO DE REVISÃO -
PRINCÍPIO DA ISONOMIA - PRONUNCIAMENTO DE
MÉRITO SOBRE A PRESCRIÇÃO NO ÂMBITO DOS

01/12/2021 10:03
BARBOSA JUNIOR
PROCESSOS DESSA CORTE EM RAZÃO DO

ODILSON SOUZA
Assinado por
DESLINDE DO TEMA 899 PELO STF – FIXAÇÃO DA
SEGUINTE TESE PARA O TEMA 899: “É
PRESCRITÍVEL A PRETENSÃO DE DOMINGOS AUGUSTO

30/11/2021 19:27
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO FUNDADA EM
Assinado por

DECISÃO DE TRIBUNAL DE CONTAS”.


TAUFNER

1. A omissão da análise dos casos invocados pela


parte como paradigma é causa hábil ao provimento dos
SEBASTIAO CARLOS

30/11/2021 18:27
RANNA DE MACEDO
Assinado por

Embargos de Declaração.

2. O embargante tem direito subjetivo de obter análise


de mérito sobre a prescrição suscitada nos mesmos
RODRIGO COELHO DO

30/11/2021 18:04

moldes daqueles que nessa situação se encontravam


Assinado por

CARMO

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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desde quando decretada repercussão geral no TEMA


899 pelo STF.

3. O disposto no item anterior tem como limite


temporal a impugnação via Pedido de Revisão e
eventual Embargos de Declaração em face da decisão
proferida na via rescisória.

O RELATOR EXMO. SR. CONSELHEIRO EM SUBSTITUIÇÃO JOÃO LUIZ


COTTA LOVATTI:

RELATÓRIO

Trata-se de Embargos de Declaração opostos pelo Sr. João Carlos Lorenzoni em


face do Acórdão nº TC 643/2021-9 - Plenário, proferido nos autos do Pedido de
Revisão, Processo TC 3687/2020-4.

O embargante opôs os Embargos de Declaração, requerendo que seja admitido e


conhecido o presente recurso a fim anular o acórdão guerreado até o trânsito em
julgado do Processo TC 4609/2020-6 - Agravo.

Requer ainda que sejam apresentados esclarecimentos quanto a não aplicação do


tema 899, bem como a não observância do Regimento Interno deste Tribunal de
Contas.

Por meio do Despacho 23742/2021-4, a Secretaria Geral das Sessões – SGS,


informou que o prazo para interposição do presente recurso venceu em 07/06/2021.

É o relatório, passo a fundamentar.

FUNDAMENTAÇÃO

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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Precipuamente, quanto ao cabimento dos embargos de declaração, verifico que


encontram respaldo no art. 167, caput, da Lei Orgânica deste Tribunal (Lei
Complementar Estadual 621/20121).

Além disso, constato que o expediente se apresenta tempestivo, conforme


Despacho 23742/2021-4 da Secretaria Geral das Sessões e que o embargante
possui legitimidade, estando, portanto, atendidos os pressupostos de
admissibilidade. Portanto, os autos estão aptos para julgamento.

Pois bem.

O embargante em sua peça recursal argui que o Pedido de Revisão fora julgado
antes do trânsito em julgado do Agravo apresentado em face da decisão que
indeferiu o pedido de efeito suspensivo ao Pedido de Revisão.

Sustenta que o processo 3687/2020 (Pedido de Revisão), não poderia ter sido
julgado em conjunto com o Processo 4609/2020 - Agravo, tendo em vista a
inexistência do trânsito em julgado do Agravo, fato este que traz aos autos do
processo principal a mácula da nulidade do presente julgamento, tendo em vista
que o rito processual deste Egrégio Tribunal não foi seguido conforme os ditames de
sua lei orgânica e do regimento interno.

Argumenta ainda que esta Corte de Contas deixou de observar a segurança jurídica
no que tange ao tema 899 do STF, ao julgar a revisão.

Assim, ao final requer que seja admitido e conhecido o presente recurso a fim de
anular o acórdão guerreado até o trânsito em julgado do Processo TC 4609/2020.

Requer ainda que sejam apresentados esclarecimentos quanto a não aplicação do


tema 899, bem como a não observância do Regimento Interno deste Tribunal de
Contas.

Pois bem.

É cediço que os Embargos de Declaração é o recurso que viabiliza a uma das partes
requerer esclarecimentos ao julgador. Por meio desse recurso é possível sanar

1
Art. 167 – Cabem embargos de declaração quando houver obscuridade, omissão ou contradição em
acórdão ou parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contas. [...]

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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dúvidas causadas por contradições ou obscuridade, do mesmo modo que se pode


suprir omissões, ou ainda, apontar erros materiais.

Importante ressaltar que suprir omissões e/ou aclarar a decisão guerreada não
significa rediscutir o mérito do processo, ou seja, por meio dos embargos não se
pode enfrentar por exemplo as razões que levaram o julgador a manter ou afastar
determinada irregularidade.

No caso em tela, após análise dos autos, verifico que a equipe técnica em sede de
Instrução Técnica Conclusiva, quanto o acórdão são claros ao enfrentar os pontos
abordados pelo embargante acerca do tema 899 do STF.

Conforme já exposto no julgamento do processo embargado, o pedido de revisão


possui natureza semelhante a ação rescisória e será cabível em face de decisão
definitiva em processo e prestação ou tomada de contas,2 desde que fundamentado
em: I) erro de cálculo nas contas; II) evidente violação literal de lei; III) falsidade ou
insuficiência da prova produzida na qual se tenha fundamentado o acórdão
recorrido; IV) superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova
produzida3.

Naqueles autos o autor visava rediscutir interpretação jurisprudencial, acerca da


prescrição nos tribunais de contas, o que não é cabível, conforme entendimento da
Suprema Corte Federal – STF, por meio da Súmula 343 a qual dispõe que não cabe
ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda
se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais4.

Dessa forma, não há que se questionar o cabimento do Pedido de Revisão TC


3687/2020.

Outro ponto questionado pelo embargante diz respeito ao julgamento do Pedido de


Revisão antes do trânsito em julgado do Agravo TC 4609/2020.

2
Art. 421. Da decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de contas, caberá pedido de
revisão, de natureza jurídica similar à da ação rescisória.
3
§ 4º O pedido de revisão fundar-se-á em: I - erro de cálculo nas contas; II - evidente violação literal
de lei; III - falsidade ou insuficiência da prova produzida na qual se tenha fundamentado o acórdão
recorrido; IV - superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida.
4
SÚMULA 343 - Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão
rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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É cedido que o agravo de instrumento é o recurso cabível em face de decisões


interlocutórias5, sendo o mesmo cabível sem efeito suspensivo, podendo tal efeito
ser concedido, nos caso dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação,
sendo relevante a fundamentação, poderá ser conferido, a pedido, efeito suspensivo
ao agravo pelo Relator, ad referendum do colegiado, na primeira sessão
subsequente, observada a competência originária6, conforme dispõe os artigos 169
e 170, §1º da Lei Complementar nº. 621/2012 (Lei Orgânica deste Tribunal de
Contas).

No caso em tela, o embargante apresentou agravo em face da Decisão 1124/2020-


6, que indeferiu o pedido cautelar ante a ausência dos requisitos autorizadores para
a sua concessão, quais sejam; periculum in mora e fumus boni iuris.

E, por consequência do indeferimento do pedido cautelar, não foi concedido efeito


suspensivo ao pedido de revisão.

Acerca deste aspecto, registra-se que o pedido de revisão não impede o


cumprimento da decisão rescindenda, nem seus efeitos, eis que não é atribuído a
ele o efeito suspensivo, conforme gradação do art. 171 da Lei Orgânica deste
Tribunal, bem como art. 421, §10 do Regimento Interno desta Corte, vejamos:

Lei Orgânica
Art. 171. De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de
contas, cabe pedido de revisão ao Plenário, de natureza jurídica similar à da
ação rescisória, sem efeito suspensivo, apresentado uma só vez e por
escrito pelo responsável, pelo interessado, seus sucessores, ou pelo
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, dentro do prazo de dois anos,
contados do trânsito em julgado, e fundado: (grifo nosso)

Regimento Interno
Art. 421 [...]
[...]
§ 10 A apresentação do pedido de revisão não impede o cumprimento
da decisão rescindenda e nem a geração de seus efeitos. (grifo nosso).

5
Art. 169. Das decisões interlocutórias caberá agravo, formulado uma só vez, por escrito, no prazo de
dez dias contados da data da ciência da decisão, na forma estabelecida no Regimento Interno.
6
Art. 170[...]
§ 1º Nos casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo pelo Relator, ou pelo Presidente do
Tribunal de Contas na hipótese do artigo 127 desta Lei Complementar, ad referendum da Câmara ou
do Plenário, na primeira sessão subsequente, observada a competência originária.

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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Dessa forma, não restam dúvidas que não é facultado ao Tribunal a concessão do
efeito suspensivo ao Pedido de Revisão, ou seja, não houve nenhuma ilegalidade na
decisão agravada.

Assim, passamos a analisar se poderia o processo principal ser julgado antes da


apreciação do agravo.

Acerca do tema, o Superior Tribunal de Justiça entende que proferida sentença no


processo principal, perde o objeto o recurso de Agravo de Instrumento interposto
contra decisão interlocutória, vejamos:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. PLANO DE SAÚDE
Edição nº 0 - Brasília, Documento eletrônico VDA29057259 assinado
eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze Assinado em: 28/05/2021
07:49:15 Publicação no DJe/STJ nº 3158 de 31/05/2021. Código de
Controle do Documento: 77af21ea-aeb4-4e3f-af85-acf718313e11
COLETIVO. MANUTENÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA. POSTERIOR PROLAÇÃO DA SENTENÇA DE
EXTINÇÃO DO FEITO. PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO. PERDA
SUPERVENIENTE DO OBJETO. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O
presente agravo interno foi interposto contra decisão publicada na vigência
do NCPC, razão pela qual devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma nele prevista, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016:
Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a
decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os
requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. A
superveniência da sentença proferida no feito principal enseja a perda
de objeto de recursos anteriores que versem sobre questões
resolvidas por decisão interlocutória combatida via agravo de
instrumento (AgRg no REsp 1.485.765/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, Terceira Turma, DJe 29/10/2015). 3. Os agravantes não
apresentaram argumento novo capaz de modificar a conclusão adotada,
que se apoiou em entendimento aqui consolidado para julgar prejudicado o
seu agravo em recurso especial. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no
REsp 1794537/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 30/03/2020, DJe 01/04/2020) (grifo nosso)

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. OCUPAÇÃO DE BEM PÚBLICO.


INDENIZAÇÃO. BENFEITORIA IRREGULARMENTE EDIFICADA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO PRINCIPAL. PERDA DE OBJETO.
RECURSO ESPECIAL PREJUDICADO. 1. Cuida-se, na origem, de Agravo de
Instrumento interposto contra decisão interlocutória que indeferiu pedido
de liminar na Ação de Obrigação de não fazer, por entender que os atos da
Administração são legítimos, uma vez que o pleito se refere a ocupação de
área pública realizada sem o devido "habitese". 2. Em consulta realizada no
sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, pode-se verificar
que em 21.1.2016 houve prolação de sentença na referida ação, tendo o
juiz julgado improcedente o pedido formulado pela parte autora de
suspensão e nulidade do ato de intimação demolitória e extinto o processo
com resolução de mérito, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo
Civil. 3. É entendimento assente nesta Corte que, proferida sentença no
processo principal, perde o objeto o recurso de Agravo de Instrumento
interposto contra decisão interlocutória. 4. Recurso Especial prejudicado.
(REsp 1.582.032/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 31/05/2016). (grifo nosso)

No caso sub examine, o embargante, interpôs o Agravo em face da decisão que


indeferiu seu pedido de concessão de efeito suspensivo ao Pedido de Revisão TC
3687/2020-4.

Entretanto, conforme alega o próprio embargante, antes do julgamento do agravo, o


Pedido de Revisão não foi conhecido por esta Corte de Contas por meio do Acórdão
TC 643/2021, ou seja, o acórdão pelo não conhecimento do pedido de revisão fez
com que o agravo perdesse seu objeto, restando o mesmo prejudicado.

Outrossim, importante destacar que o embargante demonstra claramente sua


intenção de rediscutir o mérito, não trazendo em nenhum momento onde ocorreu o
ponto que merecia ser aclarado ou revisto, limitando-se tão somente a trazer
novamente as razões já discutidas em sede de Pedido de Revisão.

Registra-se que na fundamentação de um voto deve constar as razões de fato e de


direito que motivaram o julgador a tomar determinada decisão e verifico que no
Acórdão guerreado consta de forma clara os fundamentos da decisão.

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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Ademais, é cediço que no âmbito dos tribunais de contas, diferente do judiciário, o


julgador não está exclusivamente vinculado ao pedido, podendo utilizar-se da
verdade real e assim fundamentar sua decisão, razão pela qual entendo que deve
ser negado o provimento dos embargos de declaração, uma vez que o julgado
combatido não possui nenhum dos vícios previstos no artigo 167 da Lei Orgânica do
Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo.

Por fim, cumpre ressaltar que conforme preconiza o artigo 1557, caput, da Lei
Orgânica desta Corte, não é obrigatória a audiência do Ministério Público de Contas
nos Embargos de Declaração.

Ante todo o exposto, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do Tribunal


de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão Colegiada, ante as
razões expostas pelo Relator, em:

1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração

2. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, mantendo-se incólume o teor


do Acórdão 643/2021-9 proferido pelo Plenário deste Tribunal.

3. DAR ciência aos interessados.

4. Após os trâmites regimentais, ARQUIVAR os autos.

JOÃO LUIZ COTTA LOVATTI


Relator em Substituição

7
Art. 155. A audiência do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas é obrigatória em todos os
recursos, exceto nos embargos de declaração.

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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VOTO VISTA DO EXMO. SR. CONSELHEIRO LUIZ CARLOS CICILIOTTI DA


CUNHA:

1. RELATÓRIO:

Tratam os autos de Embargos de Declaração interposto pelo senhor João Carlos


Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Floriano – exercícios 2000 a 2004), em
face do Acórdão TC 00643/2021-9 – Plenário, prolatado nos autos do Processo TC
3687/2020-4, relativo a Pedido de Revisão, que deliberou pelo não conhecimento.

O recorrente, em síntese, requer o conhecimento e provimento dos embargos de


declaração, com o fito de anular o v. Acórdão atacado, até o trânsito em julgado do
Processo TC 4609/2020-6 – Agravo, bem como esclarecimentos quanto a não
aplicação do Tema 899, relativo ao Recurso Extraordinário 636.886 do Supremo
Tribunal Federal – STF, e da não observância do Regimento Interno deste Tribunal
de Contas.

O eminente Conselheiro em Substituição João Luiz Cotta Lovatti, por meio do Voto
nº 03004/2021-8, em síntese, posicionou-se pelo conhecimento do presente recurso
e, no mérito negou provimento.

Na 33ª Sessão Ordinária do Plenário de 01/07/2021, pedi vista dos autos, para
melhor conhecer da questão, e apresento, o presente.

É o sucinto relatório. Passo a fundamentar.

VOTO DE VISTA

2. FUNDAMENTAÇÃO:

Da análise dos autos, verifico que o Colegiado do Plenário, por meio do v. Acórdão
TC nº 00643/2021-9, atacado, assim deliberou, litteris:

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[...]

Ante todo o exposto, acompanhando o entendimento técnico e ministerial


VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.

DOMINGOS AUGUSTO TAUFNER


Relator
1. ACÓRDÃO TC-643/2021 – PLENÁRIO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do


Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

1.1. NÃO CONHECER o presente Pedido de Revisão com


fundamento no artigo 171, da Lei Orgânica desta Corte de Contas
(LC nº 621/2012), mantendo-se em todos os termos a decisão
atacada.

1.2. Dar ciência aos interessados;

1.3. Após os trâmites regimentais, arquivar os autos.

2. Unânime.

3. Data da Sessão: 20/05/2021 - 25ª Sessão Ordinária do Plenário

4. Especificação do quórum:

4.1. Conselheiros: Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun


(Presidente), Domingos Augusto Taufner (relator), Sebastião Carlos
Ranna de Macedo, Sérgio Aboudib Ferreira Pinto, Sérgio Manoel
Nader Borges, Rodrigo Coelho do Carmo e Luiz Carlos Ciciliotti da
Cunha.

(...)

O recorrente, em síntese, em suas razões recursais (Petição de Recurso


00156/2021-2 – evento 2) alegou, em síntese, o seguinte, litteris:

[...]

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, respondemos aos questionamentos


inicialmente elencados da seguinte forma:

1) Segundo o STF, a interpretação que deve ser dada ao § 5º do art. 37


da CF é que, com sob o pálio da segurança jurídica, a prescrição deve
ser considerada regra geral, inclusive quando se perquire ressarcir o
erário, restando imprescritível somente quando houver a
configuração de ato de improbidade administrativa, na sua
modalidade dolosa;

2) O STF não se manifestou expressamente quanto à


prescritibilidade ou não da pretensão de ressarcimento ao erário no

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âmbito dos processos de controle externo, tendo a decisão se


restringido ao deslinde da possibilidade de prescrição (in
casu, intercorrente) das ações executivas fundadas em título executivo
formado por decisão dos Tribunais de Contas.

3) Não existe prazo legal de prescrição que trate da pretensão de


ressarcimento em processos de controle externo;

4) Os Tribunais de Contas podem (e devem) avaliar o dolo e/ou culpa nas


condutas dos responsáveis; o que não podem é aferir dolo ou culpa para
fins de atribuição de ato de improbidade administrativa aos
responsáveis;

5) Como já dito na resposta ao item 2, os fundamentos utilizados no


decisum foram para a aplicação da prescrição nas ações de execução
lastreadas por título executivo constituído por decisão do Tribunal de
Contas, mas, via de consequência, acreditamos que a tese da
prescritibilidade, num dado momento, também afetará os processos de
controle externo.

DO PEDIDO

Destarte, por tudo que foi exposto REQUER:

1. Seja cumprido o regimento interno deste Tribunal nº. anulando o


acórdão guerreado até o trânsito em julgado do PROCESSO nº.
4609/2020 para a realização do julgamento do processo nº3687/2020.

2. Seja apresentar esclarecimentos quanto a não aplicabilidade do tema


899, tem em vista que mesmo altera as normas prescricionais
estabelecidas no NCPC;

3. Se manifestar quanto a segurança jurídica do feito, uma vez que


até o presente momento o acórdão referente ao tema 899 ainda
encontra-se pendente de julgamento;

4. Se manifeste quanto à não observância regimento interno desta corte


quanto ao trâmite do devido processo legal, ao qual realizou o julgamento
do presente feito sem o trânsito em julgado o agravo de instrumento
interposto contra decisão prolatada nos autos.

5. Requer assim a anulação do presente julgamento, tendo em vista


os vícios procedimentais e legais. – g.n.

Isto posto, ressalto que em atendimento ao Despacho nº 23.266/2021-6 (evento 3), o


Núcleo de Controle de Documentos – NCD, apensou estes autos ao Processo TC nº
03687/2020-4, na forma do artigo 46-A, §1º, V c/c art. 278, ambos da Resolução TC
nº 261/2013 - RITCEES, e a Secretaria Geral das Sessões – SGS, através do
Despacho nº 23.742/2021-4 (evento 4), informou que o prazo para interposição de
Agravo, em face do mencionado Acórdão venceu em 07/06/2021.

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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Pois bem, na 33ª Sessão Ordinária do Plenário de 01/07/2021, o eminente relator


destes autos, o Conselheiro em Substituição, João Luiz Cotta Lovatti, por meio do
Voto nº 3004/2021-8 (evento 5), se posicionou nos seguintes termos, litteris:

[...]

FUNDAMENTAÇÃO

Precipuamente, quanto ao cabimento dos embargos de declaração, verifico


que encontram respaldo no art. 167, caput, da Lei Orgânica deste Tribunal
(Lei Complementar Estadual 621/2012 ).

Além disso, constato que o expediente se apresenta tempestivo, conforme


Despacho 23742/2021-4 da Secretaria Geral das Sessões e que o
embargante possui legitimidade, estando, portanto, atendidos os
pressupostos de admissibilidade. Portanto, os autos estão aptos para
julgamento.

Pois bem.

O embargante em sua peça recursal argui que o Pedido de Revisão fora


julgado antes do trânsito em julgado do Agravo apresentado em face da
decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo ao Pedido de Revisão.

Sustenta que o processo 3687/2020 (Pedido de Revisão), não poderia ter


sido julgado em conjunto com o Processo 4609/2020 - Agravo, tendo em
vista a inexistência do trânsito em julgado do Agravo, fato este que traz aos
autos do processo principal a mácula da nulidade do presente julgamento,
tendo em vista que o rito processual deste Egrégio Tribunal não foi seguido
conforme os ditames de sua lei orgânica e do regimento interno.

Argumenta ainda que esta Corte de Contas deixou de observar a segurança


jurídica no que tange ao tema 899 do STF, ao julgar a revisão.

Assim, ao final requer que seja admitido e conhecido o presente recurso a


fim de anular o acórdão guerreado até o trânsito em julgado do Processo TC
4609/2020.

Requer ainda que sejam apresentados esclarecimentos quanto a não


aplicação do tema 899, bem como a não observância do Regimento Interno
deste Tribunal de Contas.

Pois bem.

É cediço que os Embargos de Declaração é o recurso que viabiliza a uma


das partes requerer esclarecimentos ao julgador. Por meio desse recurso é
possível sanar dúvidas causadas por contradições ou obscuridade, do
mesmo modo que se pode suprir omissões, ou ainda, apontar erros
materiais.

Importante ressaltar que suprir omissões e/ou aclarar a decisão guerreada


não significa rediscutir o mérito do processo, ou seja, por meio dos
embargos não se pode enfrentar por exemplo as razões que levaram o
julgador a manter ou afastar determinada irregularidade.

No caso em tela, após análise dos autos, verifico que a equipe técnica em
sede de Instrução Técnica Conclusiva, quanto o acórdão são claros ao

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enfrentar os pontos abordados pelo embargante acerca do tema 899 do


STF.

Conforme já exposto no julgamento do processo embargado, o pedido de


revisão possui natureza semelhante a ação rescisória e será cabível em
face de decisão definitiva em processo e prestação ou tomada de contas,
desde que fundamentado em: I) erro de cálculo nas contas; II) evidente
violação literal de lei; III) falsidade ou insuficiência da prova produzida na
qual se tenha fundamentado o acórdão recorrido; IV) superveniência de
documentos novos com eficácia sobre a prova produzida .

Naqueles autos o autor visava rediscutir interpretação jurisprudencial,


acerca da prescrição nos tribunais de contas, o que não é cabível, conforme
entendimento da Suprema Corte Federal – STF, por meio da Súmula 343 a
qual dispõe que não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de
lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de
interpretação controvertida nos tribunais .

Dessa forma, não há que se questionar o cabimento do Pedido de Revisão


TC 3687/2020.

Outro ponto questionado pelo embargante diz respeito ao julgamento do


Pedido de Revisão antes do trânsito em julgado do Agravo TC 4609/2020.

É cedido que o agravo de instrumento é o recurso cabível em face de


decisões interlocutórias , sendo o mesmo cabível sem efeito suspensivo,
podendo tal efeito ser concedido, nos caso dos quais possa resultar lesão
grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, poderá ser
conferido, a pedido, efeito suspensivo ao agravo pelo Relator, ad
referendum do colegiado, na primeira sessão subsequente, observada a
competência originária , conforme dispõe os artigos 169 e 170, §1º da Lei
Complementar nº. 621/2012 (Lei Orgânica deste Tribunal de Contas).

No caso em tela, o embargante apresentou agravo em face da Decisão


1124/2020-6, que indeferiu o pedido cautelar ante a ausência dos requisitos
autorizadores para a sua concessão, quais sejam; periculum in mora e
fumus boni iuris.

E, por consequência do indeferimento do pedido cautelar, não foi concedido


efeito suspensivo ao pedido de revisão.

Acerca deste aspecto, registra-se que o pedido de revisão não impede o


cumprimento da decisão rescindenda, nem seus efeitos, eis que não é
atribuído a ele o efeito suspensivo, conforme gradação do art. 171 da Lei
Orgânica deste Tribunal, bem como art. 421, §10 do Regimento Interno
desta Corte, vejamos:

Lei Orgânica

Art. 171. De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada


de contas, cabe pedido de revisão ao Plenário, de natureza jurídica
similar à da ação rescisória, sem efeito suspensivo, apresentado uma
só vez e por escrito pelo responsável, pelo interessado, seus
sucessores, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas,
dentro do prazo de dois anos, contados do trânsito em julgado, e
fundado:

Dessa forma, não restam dúvidas que não é facultado ao Tribunal a


concessão do efeito suspensivo ao Pedido de Revisão, ou seja, não houve
nenhuma ilegalidade na decisão agravada.

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Assim, passamos a analisar se poderia o processo principal ser julgado


antes da apreciação do agravo.

Acerca do tema, o Superior Tribunal de Justiça entende que proferida


sentença no processo principal, perde o objeto o recurso de Agravo de
Instrumento interposto contra decisão interlocutória, vejamos:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. PLANO DE
SAÚDE Edição nº 0 - Brasília, Documento eletrônico VDA29057259
assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei
11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Marco Aurélio Bellizze
Assinado em: 28/05/2021 07:49:15 Publicação no DJe/STJ nº 3158
de 31/05/2021. Código de Controle do Documento: 77af21ea-aeb4-
4e3f-af85-acf718313e11 COLETIVO. MANUTENÇÃO DOS
BENEFICIÁRIOS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA.
POSTERIOR PROLAÇÃO DA SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO
FEITO. PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO. PERDA SUPERVENIENTE
DO OBJETO. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O presente
agravo interno foi interposto contra decisão publicada na vigência do
NCPC, razão pela qual devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma nele prevista, nos termos do
Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na
sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de
2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC. 2. A superveniência da sentença proferida no
feito principal enseja a perda de objeto de recursos anteriores
que versem sobre questões resolvidas por decisão interlocutória
combatida via agravo de instrumento (AgRg no REsp
1.485.765/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
Terceira Turma, DJe 29/10/2015). 3. Os agravantes não
apresentaram argumento novo capaz de modificar a conclusão
adotada, que se apoiou em entendimento aqui consolidado para
julgar prejudicado o seu agravo em recurso especial. 4. Agravo
interno não provido. (AgInt no REsp 1794537/SP, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 30/03/2020, DJe
01/04/2020) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. OCUPAÇÃO DE BEM


PÚBLICO. INDENIZAÇÃO. BENFEITORIA IRREGULARMENTE
EDIFICADA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXTINÇÃO DO
PROCESSO PRINCIPAL. PERDA DE OBJETO. RECURSO
ESPECIAL PREJUDICADO. 1. Cuida-se, na origem, de Agravo de
Instrumento interposto contra decisão interlocutória que indeferiu
pedido de liminar na Ação de Obrigação de não fazer, por entender
que os atos da Administração são legítimos, uma vez que o pleito se
refere a ocupação de área pública realizada sem o devido "habitese".
2. Em consulta realizada no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal, pode-se verificar que em 21.1.2016 houve prolação
de sentença na referida ação, tendo o juiz julgado improcedente o
pedido formulado pela parte autora de suspensão e nulidade do ato
de intimação demolitória e extinto o processo com resolução de
mérito, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. 3. É
entendimento assente nesta Corte que, proferida sentença no
processo principal, perde o objeto o recurso de Agravo de
Instrumento interposto contra decisão interlocutória. 4. Recurso
Especial prejudicado. (REsp 1.582.032/DF, Rel. Ministro HERMAN

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BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe


31/05/2016).

No caso sub examine, o embargante, interpôs o Agravo em face da decisão


que indeferiu seu pedido de concessão de efeito suspensivo ao Pedido de
Revisão TC 3687/2020-4.

Entretanto, conforme alega o próprio embargante, antes do julgamento do


agravo, o Pedido de Revisão não foi conhecido por esta Corte de Contas
por meio do Acórdão TC 643/2021, ou seja, o acórdão pelo não
conhecimento do pedido de revisão fez com que o agravo perdesse seu
objeto, restando o mesmo prejudicado.

Outrossim, importante destacar que o embargante demonstra claramente


sua intenção de rediscutir o mérito, não trazendo em nenhum momento
onde ocorreu o ponto que merecia ser aclarado ou revisto, limitando-se tão
somente a trazer novamente as razões já discutidas em sede de Pedido de
Revisão.

Registra-se que na fundamentação de um voto deve constar as razões de


fato e de direito que motivaram o julgador a tomar determinada decisão e
verifico que no Acórdão guerreado consta de forma clara os fundamentos
da decisão.

Ademais, é cediço que no âmbito dos tribunais de contas, diferente do


judiciário, o julgador não está exclusivamente vinculado ao pedido, podendo
utilizar-se da verdade real e assim fundamentar sua decisão, razão pela
qual entendo que deve ser negado o provimento dos embargos de
declaração, uma vez que o julgado combatido não possui nenhum dos
vícios previstos no artigo 167 da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do
Estado do Espírito Santo.

Por fim, cumpre ressaltar que conforme preconiza o artigo 155, caput, da Lei
Orgânica desta Corte, não é obrigatória a audiência do Ministério Público de
Contas nos Embargos de Declaração.

Ante todo o exposto, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora
submeto à apreciação deste Colegiado.

JOÃO LUIZ COTTA LOVATTI


Relator em Substituição
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do


Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão
Colegiada, ante as razões expostas pelo Relator, em:

1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração

2. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, mantendo-se


incólume o teor do Acórdão 643/2021-9 proferido pelo Plenário deste
Tribunal.

3. DAR ciência aos interessados.

4. Após os trâmites regimentais, ARQUIVAR os autos.

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Pois bem, na referida Sessão pedi vista, com o fito de conhecer a matéria e o voto
do eminente Conselheiro em Substituição, motivo pelo qual passo a tecer
considerações.

Em relação a admissibilidade deste agravo, observo que o eminente Conselheiro em


Substituição João Luiz Cotta Lovatti, em seu voto, conheceu do presente recurso por
estarem presentes os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual filio-me a este
posicionamento.

Quanto as alegações do recorrente, o eminente Conselheiro em Substituição, após


pontuá-las e analisá-las, constatou que o decisum atacado não possui vícios de
omissão, contradição, obscuridade ou erro material, entendendo que a pretensão do
recorrente é rediscutir o mérito, o que não é cabível em sede de embargos de
declaração, razão pela qual coaduno com este posicionamento quanto a negativa de
provimento ao presente recurso.

Lado outro, não se pode ignorar o fato de que o recorrente nos autos do Processo
TC nº 4554/2008 (Denúncia Convertida em Tomada de Contas Especial), relativo a
fatos e atos nos idos de 2000 a 2004, por meio do Acórdão TC nº 384/2017 –
Plenário, teve suas contas julgadas irregulares, sendo-lhe aplicado o ressarcimento
no valor de 103.620,83 VRTE, em razão das seguintes irregularidades: a)
Pagamentos irregulares de passagens aéreas (ressarcimento 18.254,05 VRTE); b)
Irregularidades em despesas com viagens (ressarcimento 18.311,02 VRTE); c)
Ausência de prestação de contas (ressarcimento 67.055,76 VRTE).

O recorrente suscita na exordial a não aplicação do Tema 899, relativo ao Recurso


Extraordinário 636.886 do Supremo Tribunal Federal – STF. No entanto, não
obstante da matéria ter sido apreciada pelo eminente Conselheiro em Substituição
nestes autos, ressalto que estamos diante de matéria que foi atribuída repercussão
geral, motivo pelo qual teço considerações.

O Tema 899 tem o seguinte teor: “prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao


erário fundada em decisão do Tribunal de Contas”.

Neste contexto, após o reconhecimento da repercussão geral, o relator, eminente


Ministro Teori Zavascki, determinou o sobrestamento de todas as demandas judiciais

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nas quais se está discutindo a prescrição de pedido de ressarcimento ao erário com


base em decisão de Tribunal de Contas, conforme a seguir:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 636.886 ALAGOAS

RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI

RECTE(S): UNIÃO

ADV.(A/S): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

RECDO(A/S): VANDA MARIA MENEZES BARBOSA

Decisão:

1. Trata-se de recurso extraordinário no qual reconhecida a


repercussão geral do debate relativo à “prescritibilidade da pretensão
de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas”
(DJe de 15/6/2016, Tema 899).

Por meio da petição/STF 34.087/2016, o Tribunal de Contas da União


postula habilitação no processo, na qualidade de amicus curiae.

2. Ao relator de processo submetido à sistemática da repercussão geral


incumbe admitir, ou não, mediante decisão irrecorrível, a manifestação de
terceiros acerca da questão controvertida (arts. 21, XVIII, e 323, § 3º, do
RISTF c/c art. 138 do CPC/2015), sendo ônus dos requerentes a
demonstração cumulativa dos seguintes aspectos: (a) a relevância da
matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão
social da controvérsia; e (b) a representatividade do postulante.

No presente caso, o requerente preencheu os requisitos essenciais à sua


admissão no processo, na condição de amicus curiae, de modo a contribuir
para a pluralização do debate constitucional e, também, para a legitimação
das deliberações do Supremo Tribunal Federal (v. g. ADI-QO 2.777/SP, Rel.
Min. Cezar Peluso, Pleno, maioria, julgada em 26/11/2003, ata publicada no
DJ 15/12/2003).

3. Ante o exposto, defiro o pedido.

Para efeito do § 5º do art. 1.035 do CPC, determino a suspensão do


processamento de todas as demandas pendentes em tramitação no
território nacional, mas exclusivamente aquelas em que esteja em
debate a prescrição do pedido de ressarcimento ao erário baseado em
título de Tribunal de Contas.

Oficie-se aos Presidentes de todos os Tribunais do país e da Turma


Nacional de Uniformização dos Juizados Federais, com cópia desta decisão
e do acórdão do Supremo Tribunal Federal em que se reconheceu a
repercussão geral.

A comunicação aos juízos de 1º grau e às turmas recursais de juizados


deverá ser feita pelo Tribunal de 2ª instância com os quais mantenham
vinculação administrativa.

Tendo em vista a criação do banco nacional de dados da repercussão geral


(art. 5º da Resolução/CNJ 235/2016), oficie-se à Presidência do Conselho

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Nacional de Justiça com cópia (a) do acórdão proferido pelo Supremo


Tribunal Federal neste processo e (b) da presente decisão.

Efetuadas todas essas providências, encaminhem-se os autos para a


Procuradoria-Geral da República para fins de parecer.

Publique-se. Intime-se.

Brasília, 29 de setembro de 2016.

Ministro TEORI ZAVASCKI Relator

Documento assinado digitalmente - g.n.

Observa-se também, a presença de algumas decisões, em sede de mandado de


segurança, por meio das quais o Supremo Tribunal Federal teria deferido medida
cautelar para suspender decisões do Tribunal de Contas que eram no sentido de se
condenar a ressarcimento ao erário, mesmo nos casos de prescrição de pretensão
punitiva. Para representar tais decisões, trago abaixo o seguinte:

MS 34467 MC / DF - DISTRITO FEDERAL

MEDIDA CAUTELAR EM MANDADO DE SEGURANÇA

Relator(a): Min. ROSA WEBER

Julgamento: 28/10/2016

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-234 DIVULG 03/11/2016 PUBLIC 04/11/2016

Partes

IMPTE(S): YVONNE MAGGIE DE LEERS COSTA RIBEIRO

ADV.(A/S): JOSÉ EDUARDO PEIXOTO AFFONSO

IMPDO(A/S): TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ADV.(A/S): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão

Mandado de segurança. Acórdãos do TCU prolatados em tomada de


contas especial. Ressarcimento ao erário. Controvérsia sobre a sujeição da
pretensão ressarcitória a prazo prescricional. Repercussão geral da matéria
reconhecida no RE 636.886. Presença dos requisitos do art. 7º, III, da Lei nº
12.016/2009. Medida liminar deferida.

Vistos etc.

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1. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar,


impetrado por Yvonne Maggie de Leers Costa Ribeiro contra atos do
Tribunal de Contas da União, consubstanciados nos Acórdãos nºs
7493/2013-TCU-2ª Câmara, 1433/2016-TCU-2ª Câmara e 7254/2016-TCU-
2ª Câmara, prolatados no processo de Tomada de Contas Especial nº
575.497/1998-0.

2. A petição inicial noticia que a autoridade impetrada, por meio dos


acórdãos impugnados, julgou irregulares as contas relativas ao Convite nº
005/1995, expedido para contratar a execução de estrutura metálica da
biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, e condenou a impetrante, ex-diretora daquele
instituto, em solidariedade com Roberto da Cunha e Condal Construções
Metálicas Ltda., a ressarcir ao erário o valor de R$ 40.911,00, atualizado
monetariamente, correspondente a serviços de engenharia pagos e não
realizados.

3. Sustenta que, decorridos mais de cinco anos entre a ocorrência dos fatos
apurados e a realização de citação válida, no âmbito do processo
administrativo de tomada de contas especial, teria se operado a prescrição
quanto à pretensão ressarcitória.

4. Alega que, na primeira citação que lhe foi dirigida pelo TCU, efetivada em
03.6.2002, não houve comunicação que oportunizasse defesa sobre a
apuração de irregularidade decorrente do pagamento por serviços não
executados. Assevera que apenas na citação realizada pela autoridade
impetrada no final de maio de 2010 constou informação sobre a
mencionada apuração.

5. Registra que os serviços tidos pela autoridade impetrada como não


executados dizem respeito a “uma pequena plataforma, que foi
transformada em guarda corpos, cujos valores se equivaliam, por exigência
de segurança” (exordial, fl. 5).

6. Articula com o decidido por esta Corte ao julgamento do RE 669.069,


ocasião em que, examinado o tema de repercussão geral nº 666, foi firmada
a seguinte tese: “É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda
Pública decorrente de ilícito civil”.

8. Consigna:

“Dos Acórdãos impetrados, não se imputa à impetrante prática de alcance,


apropriação indébita, desvio de recursos públicos ou qualquer forma de
improbidade administrativa, mas apenas uma reprovável conduta,
causadora de dano ao erário, consistente no pagamento, por serviços
relativos à construção de uma estrutura metálica nova na biblioteca, que
não teria sido inteiramente realizada.

Em suma, conforme consta do item 9.6.3 do Acórdão TCU n. 7.493/13, o


fato objeto da condenação ocorreu a 28-4-97, cuja citação válida só foi feita
a 24-5-2010 (Anexo n. 7), como consta do item 28, da introdução do voto-
condutor desse Acórdão n. 7493/13, depois de transcorridos mais de 13
anos do fato gerador.” (inicial fls. 7-8).

9. Pugna pela concessão de medida liminar, para suspender os efeitos dos


atos impugnados.

10. Ao final, requer a concessão da segurança, para anular os acórdãos


proferidos pela autoridade impetrada na tomada de contas especial nº
575.497/1998-0.

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É o relatório.

Decido o pedido de medida liminar.

11. A segurança jurídica consubstancia garantia da mais elevada


envergadura, veiculada no rol das cláusulas pétreas, cujo núcleo essencial
não admite supressão, sequer por força de atuação do Poder Constituinte
Derivado (art. 60, § 4º, da Magna Carta).

12. Tal como argumenta a impetrante, esta Casa já entendeu, no RE


669.069, submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 37, § 5º,
da Lei Maior não torna imprescritível toda e qualquer pretensão de
ressarcimento ao erário.

13. Embora, no referido recurso extraordinário paradigmático, não se tenha


abordado especificamente pretensão de ressarcimento ao erário fundada
em acórdão de Tribunal de Contas, circunscrita que foi a análise ali
empreendida a indenização por danos decorrentes de ilícito civil, diversos
integrantes desta Suprema Corte sinalizaram, por ocasião daquele
julgamento, que a imprescritibilidade configura medida excepcional, a ser
interpretada de maneira restritiva.

14. Em 10.6.2016, ao exame do RE 636886, de relatoria do Ministro Teori


Zavascki, foi reconhecida a repercussão geral do tema nº 899
(“Prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário fundada em
decisão de Tribunal de Contas.”). Consta da manifestação que reconheceu
a repercussão geral desse tema:

“3. Não se desconhece que, ao apreciar o MS 26.210 (Rel. Min. RICARDO


LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, DJe de 10/10/2008), impetrado contra
acórdão do TCU proferido em tomada especial de contas, este STF
assentou a imprescritibilidade de pretensão de ressarcimento ao erário
análoga à presente.

No entanto, no julgamento do já citado RE 669.069, houve manifestações


dos juízes desta Corte em sentido aparentemente diverso do fixado no
precedente, formado quando a composição do Supremo era
substancialmente diversa.

Em face disso, incumbe submeter novamente à análise do Plenário desta


Corte, sob a sistemática da repercussão geral, o alcance da regra
estabelecida no § 5º do art. 37 da CF/88, relativamente a pretensões de
ressarcimento ao erário fundadas em decisões de Tribunal de Contas.”

15. Tais pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal, quando associados


à moldura que se extrai da documentação juntada com a inicial, evidenciam
a existência de fundamento relevante para a concessão da medida liminar
pretendida.

16. A responsabilidade imputada à impetrante, ex-diretora do Instituto de


Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
decorre de irregularidade apurada em fiscalização realizada pelo TCU,
durante os meses de setembro e outubro de 1998, nos contratos
promovidos por aquele instituto. O relatório de auditoria, produzido pela
autoridade impetrada em 03.3.1999, foi posteriormente convertido em
tomada de contas especial, a resultar na citação da impetrante no ano de
2002.

17. Depois de diversas idas e vindas do processo de tomada de contas


especial nº 575.497/1998-0 – não imputáveis, do que se verifica nessa

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etapa inicial, à impetrante, mas a intensa divergência instaurada entre


integrantes do corpo técnico do próprio TCU, a respeito da efetiva existência
de irregularidades nos contratos fiscalizados - no ano de 2010 foram
novamente citados os interessados e, na sessão de 03.12.2013, houve a
prolação do Acórdão nº 7493/2013-TCU-2ª Câmara, por meio do qual a ex-
diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro foi condenada a ressarcir ao erário o valor de R$
40.911,00, referente a serviços de engenharia pagos e não executados,
objeto do Convite nº 005/1995, bem como a pagar multa no valor de R$
10.000,00.

18. Manejado recurso de reconsideração pela ora impetrante, este foi, ao


final, provido em parte, por meio do Acórdão nº 1433/2016-TCU-2ª
Câmara, apenas para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva, no
tocante à multa de R$ 10.000,00, tornada insubsistente a condenação no
tópico. Quanto à pretensão ressarcitória, a Corte de Contas da União,
calcada no entendimento consolidado na Súmula nº 282/TCU, afirmou a sua
imprescritibilidade.

19. A impetrante ainda manejou embargos de declaração, os quais foram


rejeitados pela autoridade impetrada, por meio do 7254/2016-TCU-2ª
Câmara.

20. Traçado tal panorama, concluo que a Corte de Contas teve ciência das
irregularidades apuradas por meio de fiscalização empreendida em 1998. A
citação da impetrante, na tomada de contas especial, foi realizada em 2002
e repetida em 2010, tendo-lhe sido imputada responsabilidade, pela
primeira vez, em dezembro de 2013, no acórdão do Tribunal de Contas da
União então prolatado, ou seja, mais de 15 anos após o início dos trabalhos
de auditoria daquele órgão.

21. Parece, à primeira vista, irrazoável, desproporcional e atentatório à


segurança jurídica, admitir que a autoridade impetrada mantenha, sobre a
cabeça do gestor público, por prazo superior a 15 anos, verdadeira espada
de Dâmocles, a configurar eterna ameaça de responsabilização pelas
contas da respectiva gestão.

22. Enfatizo que, ao menos nessa análise perfunctória, não constatei


indícios de comportamento malicioso da impetrante, endereçado a obstruir
ou retardar as apurações empreendidas pela Corte de Contas da União.
Tampouco visualizei, nessa etapa de cognição sumária, causas de
suspensão ou de interrupção da prescrição suscetíveis de comprometer a
tese defendida na peça de ingresso.

23. A propósito, como reconhecido pela autoridade impetrada, entre a


primeira citação, efetivada em 2002, e o Acórdão nº 7493/2013-TCU-2ª
Câmara, transcorreram mais de 10 anos, ou seja, lapso superior ao prazo
prescricional mais dilatado previsto no Código Civil – de dez anos - e muito
maior que o intervalo de tempo previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932 -
de cinco anos.

24. A interrupção da prescrição somente pode ocorrer uma vez, nos termos
dos arts. 202, caput, do Código Civil e 8º do Decreto 20.910/1932.

25. A Lei 8.443/1992 não estabelece prazos prescricionais para a atuação


administrativa do TCU, razão pela qual não me parece adequado, ao menos
nessa abordagem preliminar, pretender afastar a aplicação, àquele órgão,
ainda que por analogia, de prazos prescricionais estabelecidos em outros
diplomas legais, notadamente no Código Civil, no Decreto nº 20.910/1932 e

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na Lei nº 9.873/1999 (esta, por óbvio, quanto à prescrição da pretensão


punitiva).

26. Sob o ângulo do risco da ineficácia da medida, caso deferida ao final,


verifico que este se configura pela ameaça de execução das decisões
impugnadas, as quais, nos termos do art. 71, § 3º, da Constituição da
República, ostentam eficácia de título executivo extrajudicial, com o condão,
portanto, de justificar medida constritiva (penhora), suscetível de impactar o
patrimônio da impetrante.

27. Em sentido idêntico ao aqui preconizado, reporto-me à decisão


monocrática proferida pelo Ministro Roberto Barroso no MS 34.256, DJe de
1º.8.2016.

28. O fato de o Ministro Teori Zavascki ter, em decisão monocrática no RE


636.886, publicada em 04.10.2016, acionado o § 5º do art. 1.035 do CPC,
para suspender “o processamento de todas as demandas pendentes em
tramitação no território nacional, mas exclusivamente aquelas em que esteja
em debate a prescrição do pedido de ressarcimento ao erário baseado
em título de Tribunal de Contas”, também aponta para a pertinência do
deferimento da medida liminar pleiteada neste writ.

29. Ante o exposto, com respaldo no art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, defiro o
pedido de medida liminar, para suspender, no tocante à impetrante, os
efeitos dos Acórdãos nºs 7493/2013-TCU-2ª Câmara, 1433/2016-TCU-2ª
Câmara e 7254/2016-TCU-2ª Câmara, prolatados no processo de Tomada
de Contas Especial nº 575.497/1998-0.

Corrijo, de ofício, forte no art. 292, § 3º, do CPC, o valor da causa, fixando-o
em R$ 40.911,00, valor correspondente ao proveito econômico perseguido
pela impetrante.

Intime-se a impetrante, para que demonstre, no prazo peremptório de 15


dias, o recolhimento das custas, sob pena de revogação da medida liminar
deferida e de cancelamento da distribuição (art. 290 do CPC). Registro que
a juntada, com a petição inicial, de agendamento de pagamento (evento 3),
não se presta a demonstrar o efetivo recolhimento da taxa judiciária.

Notifique-se a autoridade impetrada, para que preste informações no prazo


de dez dias (art. 7º, I, da Lei 12.016/2009).

Cientifique-se a União, por meio de seu órgão de representação judicial, a


fim de que, querendo, ingresse no feito (art. 7º, II, da Lei 12.016/2009).

Após, dê-se vista ao Procurador-Geral da República (art. 12, caput, da Lei


12.016/2009).

Publique-se.

Brasília, 28 de outubro de 2016.

Ministra Rosa Weber

Observo que, em relação ao tema 899, os Colegiados deste Egrégio Tribunal de


Contas tem sobrestado os processos até decisão do Recurso Extraordinário RE
636.886 pelo STF.

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Ademais, não obstante a isto , em consulta a atual situação do julgamento do Tema


899, em tramitação no STF, verifiquei que a Advocacia Geral da União – AGU, opôs
embargos de declaração em 14/08/2020, através da Petição nº 64.207/2020,
objetivando a modulação de efeitos, nos seguintes termos, litteris:

[...]

V. DO PEDIDO

Pelo exposto, a União requer o provimento dos presentes embargos de


declaração para que (i) sejam sanadas as contradições e obscuridades
apontadas, notadamente para correta compreensão de que:

i.1) a execução dos acórdãos do TCU é processada independentemente de


inscrição em dívida ativa e pelo rito da execução por quantia certa do
Código de Processo Civil, incidindo ainda a Lei nº 6.822/1980, e não o rito
da Lei 6.830/1980 (Lei de

Execução Fiscal);

i.2) a tese de repercussão geral no acórdão ora embargado abrange apenas


a fase executiva da decisão do TCU;

i.3) na hipótese de ser admitida a possibilidade de a tese firmada no tema


899 abranger as fases anteriores à condenação perante a Corte de Contas,
o prazo prescricional aplicável está disciplinado no Código Civil (20 anos na
vigência do CC/1916 e 10 anos para o CC/2002), com início da contagem
na data da ocorrência do ilícito e interrupção pelo ato que ordenar a citação.

i.4) subsidiariamente, a disciplina do prazo prescricional aplicável é extraída


da Lei nº 9.873/1999, que trata também das causas interruptivas que devem
incidir (arts. 1º e 2º).

Pugna, ainda, que, diante da superação da pacífica jurisprudência desse


STF, (ii) sejam modulados os efeitos da decisão (art. 927, § 3º, do CPC),
conferindo-lhe eficácia prospectiva, de modo que o novo entendimento
passe a valer apenas em relação aos ilícitos geradores de danos ao erário
cometidos a partir da publicação do acórdão ora embargado.
Subsidiariamente, postula-se a modulação dos efeitos da decisão, a fim de
salvaguardar os processos já autuados pelos tribunais de contas que tratem
de ressarcimento ao erário.

Nesses termos, pede deferimento.

Desse modo, por prudência, os eminentes Conselheiros deste Tribunal de Contas,


em homenagem ao princípio da colegialidade tem sobrestado os feitos, por ser
medida necessária e plausível, aguardando o resultado dos embargos opostos pela
AGU, evitando-se assim decisões conflitantes no âmbito desta Corte de Contas.

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Diante do exposto, nota-se que estamos diante de matéria correlata ao


sobrestamento do feito, haja vista que os fatos e atos ocorreram no período de 2000
a 2004, ou seja, passaram-se 17 a 21 anos.

Não obstante ao mencionado período, não se pode ignorar que o Tema 899, relativo
ao Recurso Extraordinário 636.886 do Supremo Tribunal Federal – STF, foi atribuído
repercussão geral, com efeitos vinculantes, como consignado anteriormente,
restando patente que estamos diante de matéria de ordem pública, a qual no âmbito
jurídico infra e constitucional são reconhecidas.

Assim sendo, é importante destacar o princípio da motivação, que está relacionado


aos atos da administração, o que significa a exteriorização, a descrição dos motivos
que determinaram a pratica daquele ato administrativo, permitindo que se verifique a
legalidade do ato, a qualquer tempo.

Neste contexto, ao meu sentir, não precisa, portanto, à Administração ser provocada
para o fim de rever seus atos, podendo fazê-lo de ofício.

Nessa esteira, considerando que nossa Suprema Corte pode, em breve, modificar o
entendimento tradicionalmente adotado, de imprescritibilidade do dever de ressarcir
ao erário, e considerando que, por uma questão de cautela, essa mesma Suprema
Corte determinou a suspensão dos processos judiciais impactados pelo futuro
decisum, e até mesmo concedeu cautelar em mandado de segurança que tocava o
tema, entendo ser prudente o sobrestamento, por ser medida que se impõe para a
garantia da segurança jurídica, já que, decidir de modo a ser posteriormente
considerado não congruente aos parâmetros constitucionais, por certo é medida que
pode gerar insegurança e incerteza.

Desse modo, entendo que ao caso em apreço, é necessário e plausível reconhecer


de ofício a pertinência com o Tema 899, devendo o Processo TC 3687/2020-4
ser sobrestado até a decisão do Recurso Extraordinário 636.886 do Supremo
Tribunal Federal – STF.

3. DISPOSITIVOS:

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Ante o exposto, acompanho o posicionamento do eminente relator, acrescentando o


reconhecimento de ofício, VOTO no sentido de que o Colegiado aprove a seguinte
minuta de Decisão que submeto à sua consideração.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do Tribunal


de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em sessão do Colegiado do
Plenário, ante as razões expostas, em:

1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo senhor


João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Floriano – exercícios 2000
a 2004), em face do Acórdão TC 00643/2021-9 – Plenário, prolatado nos autos do
Processo TC 3687/2020-4 (Pedido de Revisão), por estarem presentes os requisitos
de admissibilidade, para no mérito, NEGAR PROVIMENTO, por ausência de vícios
de omissão, contradição, obscuridade e erro material;

3. RECONHECER DE OFÍCIO matéria correlata ao Tema 899, relativo ao


Recurso Extraordinário RE 636.886 do Supremo Tribunal Federal – STF, aplicando-
se o SOBRESTAMENTO do julgamento do Processo TC nº 3687/2020-4, até
decisão do referido Recurso Extraordinário pelo STF e da manifestação deste
Tribunal de Contas, acerca da necessidade ou não da Corte de proferir decisão de
mérito sobre as irregularidades passíveis de ressarcimento;

4. DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos após o


trânsito em julgado.

LUIZ CARLOS CICILIOTTI DA CUNHA


Conselheiro

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VOTO VISTA DO EXMO. SR. CONSELHEIRO SÉRGIO MANOEL NADER


BORGES:

I - RELATÓRIO

Tratam os autos de Embargos de Declaração opostos pelo Sr. João Carlos


Lorenzoni em face do Acórdão nº TC 643/2021-9 - Plenário, proferido nos autos do
Pedido de Revisão, Processo TC 3687/2020-4.

O embargante opôs os Embargos de Declaração, requerendo que seja admitido e


conhecido o presente recurso a fim anular o acórdão guerreado até o trânsito em
julgado do Processo TC 4609/2020-6 - Agravo.

Permito-me, no que diz respeito aos demais pontos a serem relatados, fazer
remissão aos relatórios destes autos já realizados por ocasião da elaboração do
Voto proferido pelo Relator (Voto 3004/2021 – evento 5), Conselheiro Domingos
Augusto Taufner.

Assim sendo, durante a 36ª Sessão Ordinária do Plenário deste Tribunal de Contas,
realizada em 15/07/2021, solicitei vistas destes autos a fim de poder melhor analisar
um ponto nodal dos debates, qual seja, aquele relativo ao pedido de anulação da
decisão de mérito do Pedido de Revisão nº 3687/2020 e o consequente
sobrestamento do referido pedido até a prolação de decisão no Agravo TC
4609/2020, bem como a necessidade de esclarecimentos quanto a não aplicação do
Tema 899-STF.

Neste passo, trago o feito para apresentação de voto-vista.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Como dito anteriormente, tratam os autos de Embargos de Declaração opostos pelo


Sr. João Carlos Lorenzoni em face do Acórdão nº TC 643/2021-9 - Plenário,
proferido nos autos do Pedido de Revisão, Processo TC 3687/2020-4, pugnando o
embargante pelo conhecimento e provimento do presente recurso a fim anular o
acórdão guerreado até o trânsito em julgado do Processo TC 4609/2020-6 – Agravo.

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Da leitura do teor da peça de embargos, vê-se que algumas considerações merecem


ser aqui pontuadas, motivo pelo qual passo ao embasamento da conclusão que
desejo alcançar.

Vejamos.

Empreendendo análise nas razões interpostas no recurso de Agravo (Processo TC


4609-2020), observa-se que ali o Recorrente pugna pela atribuição de efeito
suspensivo ativo, suspendendo-se a negativa de cautelar com consequente
concessão da medida cautelar pleiteada no pedido de revisão realizado nos autos
do Processo TC 3687/2020, o qual fora indeferido pela Decisão TC 01124/2020,
pugnando, também, para que seja instaurado incidente de uniformização de
jurisprudência, relativamente aos temas 899 e 897 do STF.

Assim, caso ocorra o reconhecimento da presença dos requisitos periculum in mora


e fumus boni iuris pugnados no âmbito do recurso de Agravo acima mencionado,
isso traria, como consequência direta, a anulação do julgamento do mérito do pedido
de revisão, fazendo com que se sobrestasse o julgamento do pedido de revisão até
o julgamento do presente agravo.

Resta evidenciado, portanto, que o mérito do pedido de revisão não poderia ter sido
julgado antes da decisão do mérito do Agravo, vez que as consequências deste
último implicam diretamente no julgamento do outro.

Explico.

Ao apreciar a tese de suposta perda do objeto do agravo quando do julgamento da


sentença em momento anterior, assim se manifestou o Desembargador Leopoldo de
Arruda Raposo, no julgamento do recurso de Agravo 0086695-7, na Quinta Câmara
Cível do TJPE, o qual passo a transcrever8:

PROCESSO CIVIL. RECURSO DE AGRAVO INTERPOSTO CONTRA


DECISÃO TERMINATIVA. PROLAÇÃO DE SENTENÇA ANTES DO
JULGAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PERDA DO OBJETO.
NÃO OCORRÊNCIA. 1-A prolação de sentença no juízo de primeira
instância não implica, necessariamente, na perda do objeto do Agravo
de Instrumento.
2-No caso em tela, a decisão proferida no Agravo de Instrumento
poderá modificar a sentença. Por maioria de votos, deu-se provimento ao

8
https://tj-pe.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/15556440/agravo-agv-86695-pe-00866957

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Recurso de Agravo a fim reformar a decisão terminativa do relator e de


possibilitar o julgamento do Agravo de Instrumento.

Vê-se, portanto, que, a prolação de sentença, neste caso, não implicou na perda
do objeto do Agravo, isso porque restou configurada a hipótese de ver
modificada a sentença após o julgamento do recurso.

O caso acima exposto amolda-se perfeitamente ao dos presentes autos.

O fato de não ter sido aguardado o julgamento do recurso de Agravo (Processo TC


4609-2020), conduziu esta Corte a incorrer em erro gravíssimo, no que se refere ao
respeito ao devido processo legal, prejudicando, sobremaneira, o direito das partes,
prejudicando o embargante.

Não restam dúvidas de que o direito do recorrente está em vias de ser gravemente
desrespeitado, no que tange à necessidade de se observar, neste caso concreto, a
necessária ordem de julgamento dos recursos, uma vez que o julgamento do pedido
de revisão constante do Processo TC n. 3687/2020 pode sofrer modificações após o
julgamento do recurso de Agravo (Processo TC 4609-2020).

Tal consideração evidencia o quão importante se faz a necessidade de se respeitar


a ordem dos julgamentos, a fim de que possamos evitar eventuais nulidades das
decisões desta Corte em momentos posteriores, arrastando o processamento destes
autos por um decurso de tempo ainda maior, com o consequente gasto de recursos
públicos.

Outrossim, ponto que também merece destaque diz respeito a aplicação do Tema
899- STF ao presente caso.

Discorre o Dr. José Rogério Cruz e Tucci9, professor titular e diretor da Faculdade de
Direito da USP e membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, no seguinte
sentido:

Colocando de lado a polêmica acerca da natureza ontológica dos


precedentes judiciais, quanto a ser ou não fonte primária de direito, Robert
Alexy, em obra específica sobre argumentação jurídica, anota que a
primordial justificação da utilização pragmática dos precedentes é ditada

9
https://www.conjur.com.br/2017-nov-21/paradoxo-corte-nulidade-decisoes-judiciais-defeito-
motivacao

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pelo "princípio da universalidade" ou da justiça formal, que impõe um


tratamento isonômico para situações iguais.
A conciliação entre justiça e universalidade — segundo o referido
jurista — pode ser alcançada, em regra, por meio da observância dos
precedentes, sem embargo de admitir-se o abandono de uma
determinada orientação pretoriana, desde que sobrevenham
justificadas razões. E, ocorrendo essa hipótese, o ônus da
argumentação deve ser imposto ao órgão judicial que pretenda afastar-
se do precedente. Alexy entende que, nesse particular, o princípio da
inércia de Perelman é adequado, com sua exigência de que uma decisão só
pode ser alterada se razões suficientes puderem ser aduzidas para tanto.
Ao preservar a estabilidade, aplicando o precedente nas situações
sucessivas análogas, os tribunais contribuem, a um só tempo, para infundir
a certeza jurídica e para reiterar a proteção da confiança na escolha do
caminho trilhado pela decisão judicial.

O Voto do Relator 3004-2021, em que pese ter negado provimento aos embargos,
mantendo-se incólume o teor do Acórdão 643/2021-9 proferido pelo Plenário deste
Tribunal, não me parece ter apresentado, de forma clarividente, esclarecimentos
necessários quanto a não aplicação do tema 899.

A fundamentação para o afastamento da observância de um precedente, com


julgamento revestido de repercussão geral, merece que sejam observados certos
mandamentos procedimentais, afinal, quem pretende afastar um precedente toma
para si o ônus de justificá-lo.

Sobre o tema, ensina Alexy10:

Alexy formula duas regras gerais do discurso jurídico para a utilização


da jurisprudência dominante, a saber: a) quando vier invocado um
precedente a favor ou contra uma decisão, ele deve, em princípio, ser
seguido; e b) quem pretender se afastar de um precedente tem o ônus
da justificação.

No que toca a este ponto, entendo que razão assiste o Voto Vista 60-2021, proferido
pelo Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti, ao propor o reconhecimento, de ofício, da
matéria afeta ao Tema 899, nos seguintes termos:

RECONHECER DE OFÍCIO matéria correlata ao Tema 899, relativo ao


Recurso Extraordinário RE 636.886 do Supremo Tribunal Federal – STF,
aplicando-se o SOBRESTAMENTO do julgamento do Processo TC nº
3687/2020-4, até decisão do referido Recurso Extraordinário pelo STF e da
manifestação deste Tribunal de Contas, acerca da necessidade ou não da
Corte de proferir decisão de mérito sobre as irregularidades passíveis de
ressarcimento;

10
https://www.conjur.com.br/2017-nov-21/paradoxo-corte-nulidade-decisoes-judiciais-defeito-
motivacao

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Contudo, advirto que, em que pese perfilhar do mesmo entendimento acerca do


reconhecimento da aplicação do Tema 899-STF ao presente caso, entendo que a
análise da matéria deve ser objeto de debate no julgamento do recurso de Agravo
ou no pedido de revisão.

Quanto as demais premissas invocadas no Voto Vista nº 60/2021, com as devidas


vênias, divirjo do entendimento apresentado, conforme fundamentação exposta
acima.

Ante todo o exposto, acompanhando parcialmente o posicionamento contido no Voto


Vista 60/2021, e divergindo do voto proferido pelo Relator, VOTO para que seja
adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do Tribunal


de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão Colegiada, ante as
razões expostas pelo Relator, em:

1) CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo


senhor João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Floriano –
exercícios 2000 a 2004), em face do Acórdão TC 00643/2021-9 – Plenário,
prolatado nos autos do Processo TC 3687/2020-4 (Pedido de Revisão), por
estarem presentes os requisitos de admissibilidade, para no mérito, DAR
PROVIMENTO, a fim de anular a decisão de mérito do Pedido de Revisão do
Processo TC n. 3687/2020, sobrestando o julgamento do mesmo até ulterior
julgamento do recurso de Agravo, relativo ao Processo TC 4609-2020, nos
termos deste Voto;

2) DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos após


o trânsito em julgado

SÉRGIO MANOEL NADER BORGES


Conselheiro

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VOTO DE DESEMPATE DO EXMO. SR. CONSELHEIRO RODRIGO FLÁVIO


FREIRE FARIAS CHAMOUN:

I RELATÓRIO

Tratam os autos de Embargos de Declaração (Petição Recurso 00156/2021-2, peça


02) interposto pelo senhor João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal
Floriano – exercícios 2000 a 2004), em face do Acórdão TC 00643/2021-9–Plenário,
prolatado nos autos do Processo TC 3687/2020-4, que trata de Pedido de Revisão,
cuja deliberação foi pelo não conhecimento.

O Relator manifestou-se pelo conhecimento e no mérito, pelo não provimento, sob o


fundamento de que o julgado combatido não possuía nenhum dos vícios previstos
no artigo 167 da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo,
conforme Voto 03004/2021-8 (peça 05), nos seguintes termos:

[...]
1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração

2. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, mantendo-se incólume o


teor do Acórdão 643/2021-9 proferido pelo Plenário deste Tribunal.

3. DAR ciência aos interessados.

4. Após os trâmites regimentais, ARQUIVAR os autos.

Por sua vez, consigna nos autos o Voto Vista do Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti da
Cunha (Voto Vista 00060/2021-6, peça 06) em que acompanhando em parte o
posicionamento do eminente Relator, votou pelo conhecimento dos Embargos, para
no mérito negar provimento e reconhecer de ofício matéria correlata ao Tema 899,
relativo ao Recurso Extraordinário RE 636.886 do Supremo Tribunal Federal –
STF, aplicando-se o SOBRESTAMENTO do julgamento do Processo TC nº
3687/2020-4, com a seguinte proposta de deliberação:

[...]

1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo


senhor João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Floriano –
exercícios 2000 a 2004), em face do Acórdão TC 00643/2021-9 –Plenário,
prolatado nos autos do Processo TC 3687/2020-4 (Pedido de Revisão), por
estarem presentes os requisitos de admissibilidade, para no mérito, NEGAR
PROVIMENTO, por ausência de vícios de omissão, contradição,
obscuridade e erro material;

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3. RECONHECER DE OFÍCIO matéria correlata ao Tema 899, relativo ao


Recurso Extraordinário RE 636.886 do Supremo Tribunal Federal –STF,
aplicando-se o SOBRESTAMENTO do julgamento do Processo TC nº
3687/2020-4, até decisão do referido Recurso Extraordinário pelo STF e da
manifestação deste Tribunal de Contas, acerca da necessidade ou não da
Corte de proferir decisão de mérito sobre as irregularidades passíveis de
ressarcimento;

4. DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos


após o trânsito em julgado. (sic)

Consta ainda Voto Vista do Conselheiro Sérgio Manoel Nader Borges (Voto Vista
00064/2021-4, peça 07) onde acompanhou parcialmente o voto apresentado pelo
Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti da Cunha para conhecer dos Embargos de
Declaração, contudo, dar provimento a fim de anular a decisão de mérito do Pedido
de Revisão, sobrestando o julgamento até decisão do recurso de Agravo relativo do
Processo TC 4609/2020, in verbis:

[...]

1) CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo


senhor João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Floriano
–exercícios 2000 a 2004), em face do Acórdão TC 00643/2021-9 –
Plenário, prolatado nos autos do Processo TC 3687/2020-4 (Pedido de
Revisão), por estarem presentes os requisitos de admissibilidade, para
no mérito, DAR PROVIMENTO, a fim de anular a decisão de mérito do
Pedido de Revisão do Processo TC n.3687/2020, sobrestando o
julgamento do mesmo até ulterior julgamento do recurso de Agravo,
relativo ao Processo TC 4609-2020, nos termos deste Voto;
2) DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos
após o trânsito em julgado.

Incluído o presente processo em pauta, na 48º sessão ordinária do Plenário, o


julgamento restou empatado, conforme consta nas Notas Taquigráficas 00149/2021-
2 (peça 08), razão pela qual apresento o voto de desempate, nos termos do art. 20,
inciso XVIII, e art. 87 do Regimento Interno TCEES.

II FUNDAMENTOS

Inicialmente, insta frisar que a questão controvertida guarda relevância extrema e


carece de ponderação de alguns princípios aplicáveis aos processos de natureza
administrativa em que há forte influência dos princípios processuais que informam os
processos civil e penal (hibridismo processual).

Pois bem, o voto proferido pelo Conselheiro Domingos Augusto Taufner nos autos
do TC 03687/2020-4 (peça 28), propugnou pelo não conhecimento do Pedido de

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Revisão, assentado na premissa de que não se configura violação literal de lei hábil
a ensejar a via rescisória, a modificação da jurisprudência dos tribunais.

Lado outro, o voto vista do Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti que inaugurou a
divergência, suscita correlação entre o alegado pelo Embargante e o tratado no
Tema 899 (RE 636.886) no Supremo Tribunal Federal - STF, fato que por si só
ensejou o sobrestamento de os processos que continham a possibilidade de haver
ressarcimento ao erário, que tramitam nessa corte.

Ocorre que, com o julgamento dos Embargos de Declaração em sessão virtual do


STF de 13.8.2021 a 20.8.2021 sobre o decido no Tema 899, este processo transitou
em julgado em 05/10/2021, removendo, destarte, a condição suspensiva que pendia
sobre os referidos pleitos.

Dessa forma, até pelo decurso temporal e eliminação da condição fática-jurídica que
suspendia a tramitação de pleitos da mesma natureza daquele em que se encontra
o embargado, penso não mais ser possível acompanhar o Voto Vista do Conselheiro
Ciciliotti, já que doravante, nos compete efetivamente decidirmos sobre a incidência
ou não de causa impeditiva de julgamento nos processos submetidos ao Tribunal,
em que se vislumbre a necessidade de haver ressarcimento ao erário.

Assim sendo, resta-me analisar a fundamentação contida no voto do relator, uma


vez que o Conselheiro Sérgio Manoel Nader Borges aderiu completamente ao voto-
vista do Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti, conforme consta nas Notas Taquigráficas
0019/2021-2 (peça 08) e no Despacho 38075/2021-1 (peça 09) da lavra da
Subsecretária-geral da SGS em substituição.

Contudo, antes de tratarmos dos fundamentos do Voto do Relator (peça 05) nos
presentes Embargos de Declaração, importante relembrar os termos do Acórdão
00643/2021-911 (peça 29 do Processo 03687/2020-4) no processo de Pedido de
Revisão, cujas premissas básicas alicerçam-se na impossibilidade de se valer da via

11
1.1. NÃO CONHECER o presente Pedido de Revisão com fundamento no artigo 171, da Lei
Orgânica desta Corte de Contas (LC nº 621/2012), mantendo-se em todos os termos a decisão
atacada.1.2. Dar ciência aos interessados.

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impugnativa revisional quando houver modificação jurisprudencial e mais, sobre


questão controvertida nos Tribunais.

A bem da verdade, cumpre esclarecer que o caso ora em debate, não versa
exatamente sobre modificação de entendimento jurisprudencial de matéria afeta
exclusivamente ao Tribunal de Contas, mas sim, sobre matéria judicializada e de
índole constitucional, a cujo cumprimento estão sujeitas as Cortes de Contas, como
corolário de sua autonomia em contraposição às faculdades e garantias de seus
jurisdicionados.

Ora, não é outro o embate que se encontra ínsito à questão.

Nesse passo, reconhecendo a importância da coisa julgada, também como fator de


estabilidade das relações jurídicas, pondera-se em vassalagem a outros princípios
como o da instrumentalidade das formas e do formalismo moderado, se
alcançaríamos o ideal de justiça simplesmente negando ao embargante, tratamento
que fora dispensado a tantos outros jurisdicionados que não foram colhidos pela
decisão definitiva dessa corte (transitadas em julgado), quando o devido processo
legal, nos moldes como preconizado pelas LC 621, de 08 de março de 2012 e
Resolução TC 261, de 04 de junho de 2013 (Aprova o Regimento Interno do Tribunal
de Contas do Estado do Espírito Santo), ainda se faz presente, mesmo que pela via
revisional.

Atente-se que nessa reflexão proposta sobre justiça substancial, não se está a
defender que o embargante tenha direito ao reconhecimento de extinção da
pretensão reparatória do Tribunal, mas sim que em igualdade de condições com
tantos outros que obtiveram o sobrestamento de seus feitos, mereça um
pronunciamento de mérito sobre o tema, quando isso se der (e não há mais motivos
e motivação para que tal não se ocorra, uma vez que a decisão do STF no Tema
899 transitou em julgado em 05/10/2021).

Ainda nesse raciocínio, que sugere a admissão da possibilidade de se suscitar


matéria de ordem pública enquanto disponibilizada via processual concebida no
ordenamento afeto à Corte de Contas (que se extingue com a via revisional e
eventual embargos de declaração interposto em face da sua decisão), me parece

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que a circunstância em apreciação, em juízo aparente de plausibilidade, suficiente


para admissão da medida eleita, tangencia sim a hipótese de evidente violação
literal de lei, aí lido o termo lei como princípio, no caso o da isonomia (considerando
a prevalência dos princípios sobre normas que veiculam meramente preceitos).

Essa solução que contempla instrumentos e remédios processuais previstos em


nossas normas de regência, a meu ver, tempera melhor esse aparente conflito
existente entre a necessidade de estabilizar relações jurídicas e a de produzir uma
justiça substancial, não a meramente formal.

Ademais, atente-se que o sobrestamento levado a efeito por esta corte, em


processos análogos ao do embargante se deu ex officio e não por solicitação das
partes, o que revela fator temporal meramente aleatório, levando-se em conta que
desde 2016 a Suprema Corte já havia conferido repercussão geral ao tema, por
meio do Acordão de 02/06/2016:

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 636.886


ALAGOAS
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI
RECTE.(S): UNIÃO
ADV.(A/S): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S): VANDA MARIA MENEZES BARBOSA
EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
EXECUÇÃO FUNDADA EM ACÓRDÃO PROFERIDO PELO TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO. PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
PRESCRITIBILIDADE (ART. 37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA.
1. Possui repercussão geral a controvérsia relativa à prescritibilidade da
pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de
Contas.
2. Repercussão geral reconhecida.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a questão. O
Tribunal, por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral
da questão constitucional suscitada.

Logo, poderíamos ter a seguinte distorção: o jurisdicionado julgado de forma mais


célere pelo Tribunal, não poderia invocar a apreciação de possível prescrição, já que
seu processo já transitara em julgado, aquele cujo processo se delongou no tempo
poderia assim proceder e possivelmente teria seu direito reconhecido de ofício, aí
sim sem qualquer delimitação temporal, tão somente porque decisão proferida sem
sua provocação foi tomada pelo Tribunal de Contas.

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Nesse contexto, feitas tais considerações, entendo que a questão do sobrestamento


fora exaustivamente proposta pelo embargante nos aclaratórios que manejou e
mais, era ínsita à análise do Pedido de Revisão o motivo e a motivação que
ensejaram as decisões de sobrestamento, enfatiza-se, proferidas bem depois da
fixação de repercussão geral no RE 636.886.

Ocorre que esta Corte, sem atentar para a questão proferiu decisão pelo
descabimento da via revisional, sem considerar para os motivos das inúmeras
decisões de sobrestamento prolatadas e que se fundavam exclusivamente em
aguardar o deslinde a ser dado pelo STF ao Tema 899.

Nesse passo, discordando dos termos do voto do relator nos presente Embargos,
entendo que essa falta de manifestação em sede de julgamento do Pedido de
Revisão, a meu sentir, é causa suficiente para que se declare a omissão relevante
na peça decisória, que sem dúvida alguma, foi vazada com ênfase em questões
técnico processuais, mas divorciada de questões de fundo, como a necessidade de
motivação das decisões proferidas por esta Corte, cujos fundamentos devem
sempre que possível, se revelar de lógica e serem aplicadas indistintamente a todos
os jurisdicionados (refiro-me às decisões de sobrestamento).

Assim sendo, em que pese as primeiras decisões sobrestadas somente terem se


efetivado a partir do ano de 2019, e por provocação minha, penso que esta Corte
deveria tê-lo feito desde maio de 2016, quando o STF reconheceu a existência de
repercussão geral no RE 636886.

Assim, considerando as questões fáticas e jurídicas aqui desenvolvidas, e divergindo


do Voto do relator, bem como daquele que inaugurou a divergência, especialmente
no que toca à possibilidade de conhecer a matéria de ofício, uma vez que filio-me à
tese de que a matéria pode ser reapreciada desde que provocada e dentro
exclusivamente dos lindes processuais previstos na LC 621/2012 e Resolução
261/2013, não se admitindo o emprego de petições avulsas com esse desiderato,
ordinariamente autointituladas de direito de petição ou algo equivalente.

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Aliás, assinale-se que já existe precedente nesta Corte de Contas sobre o tema, a
saber, no Processo 8165/2017 (Pedido de Revisão), em que foi prolatada a Decisão
3719-2019-1, in verbis:

1. DECISÃO TC-3719/2019:

Vistos, relatados e discutidos estes autos, DECIDEM os Conselheiros do


Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão
Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

1.1. SOBRESTAR estes autos pelo prazo de por 90 (noventa) dias, ou


então até decisão do Recurso Extraordinário RE 636.886 pelo STF, em que
já foi reconhecida a existência de controvérsia de repercussão geral,
definida no tema 899, acerca da “prescritibilidade da pretensão de
ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas”.

2. Por maioria, nos termos do voto do relator. Vencido o conselheiro


Sebastião Carlos Ranna de Macedo que votou pelo prosseguimento do
feito.

3. Data da Sessão: 10/12/2019 – 43º Sessão Ordinária do Plenário.

4. Especificação do quórum:

4.1. Conselheiros: Sérgio Aboudib Ferreira Pinto (presidente), Sérgio


Manoel Nader Borges (relator), Sebastião Carlos Ranna de Macedo,
Domingos Augusto Taufner, Rodrigo Coelho do Carmo e Luiz Carlos
Ciciliotti da Cunha

Isto posto, relativamente ao tema objeto de minha manifestação (matéria em que


houve empate no Plenário (rejeitar os embargos ou conhecer de matéria de ofício),
voto pelo provimento dos Embargos de Declaração, a fim de reconhecer a existência
de omissão na decisão proferida em sede de revisão (Acórdão 00643/2021-9) que
não apreciou a razão intrínseca das decisões de sobrestamento formuladas por esta
Corte, a fim de lhe propiciar que delas o embargante também desfrutasse. Tal
omissão acarretou manifesto gravame ao princípio da isonomia, contemplado
induvidosamente na hipótese prescrita no art. 421, §,4º, II, da Resolução 261/201312.

Isto posto, voto por conhecer os aclaratórios, e no mérito, dar provimento, a fim
anular a decisão que não conheceu do Pedido de Revisão, a fim de que o
embargante possa, nas mesmas condições de outros jurisdicionados cujos

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Art. 421. Da decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de contas, caberá pedido de
revisão, de natureza jurídica similar à da ação rescisória. [...] § 4º O pedido de revisão fundar-se-á
em: [...] II - evidente violação literal de lei; [...]

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processos ainda não foram julgados (em razão do deslinde do TEMA 899), obter um
pronunciamento de mérito sobre a prescrição no âmbito dos processos dessa corte.

III PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Diante do exposto, e com base na competência outorgada pelo inciso XVI, do art.
13, da Lei Orgânica do TCEES e pelo inciso XVIII, do artigo 20, da Resolução TC
261, de 4 de junho de 2013 (RITCEES), discordando do Voto do Relator e do Voto
Vista do Conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti, VOTO no sentido de que o Plenário
aprove a seguinte proposta de deliberação:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os conselheiros do Tribunal


de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em sessão plenária, em:

III.1 CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo senhor


João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Florianoo – exercício 200 a
2004) em face do Acórdão 00643/2021-9 – Plenário prolatado nos autos do TC
3687/2020-4 (Pedido de Revisão), por estarem presentes os requisitos de
admissibilidade, para no mérito, dar provimento, a fim anular a decisão que não
conheceu do Pedido de Revisão, a fim de que o embargante possa, nas mesmas
condições de outros jurisdicionados, cujos processos ainda não foram julgados (em
razão do deslinde do TEMA 899), obter um pronunciamento de mérito sobre a
prescrição no âmbito dos processos dessa corte.

III.2 DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos após o


trânsito em julgado.

RODRIGO FLÁVIO FREIRE FARIAS CHAMOUN


Conselheiro Presidente

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ACÓRDÃO TC-1333/2021
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1. ACÓRDÃO TC-1333/2021 – PLENÁRIO:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Conselheiros do Tribunal


de Contas do Estado do Espírito Santo, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas no voto de desempate, em:

1.1. CONHECER os presentes Embargos de Declaração interposto pelo senhor


João Carlos Lorenzoni (Prefeito Municipal de Marechal Florianoo – exercício 200 a
2004) em face do Acórdão 00643/2021-9 – Plenário prolatado nos autos do TC
3687/2020-4 (Pedido de Revisão), por estarem presentes os requisitos de
admissibilidade, para no mérito, dar provimento, a fim anular a decisão que não
conheceu do Pedido de Revisão, a fim de que o embargante possa, nas mesmas
condições de outros jurisdicionados, cujos processos ainda não foram julgados (em
razão do deslinde do TEMA 899), obter um pronunciamento de mérito sobre a
prescrição no âmbito dos processos dessa corte.

1.2. DAR CIÊNCIA aos interessados, arquivando-se os presentes autos após o


trânsito em julgado.

2. Por maioria, pelo voto de desempate do Presidente conselheiro Rodrigo Flávio


Freire Farias Chamoun.

3. Data da Sessão: 23/11/2021 - 60ª Sessão Ordinária do Plenário.

4. Especificação do quórum:

4.1. Conselheiros: Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun (presidente), Domingos


Augusto Taufner (relator nos termos do artigo 86, § 4º, do Regimento Interno deste
Tribunal), Sebastião Carlos Ranna de Macedo, Sérgio Aboudib Ferreira Pinto, Sérgio
Manoel Nader Borges, Rodrigo Coelho do Carmo e Luiz Carlos Ciciliotti da Cunha.

CONSELHEIRO RODRIGO FLÁVIO FREIRE FARIAS CHAMOUN

Presidente

CONSELHEIRO DOMINGOS AUGUSTO TAUFNER

Assinado digitalmente. Conferência em www.tcees.tc.br Identificador: D9606-A25E2-65418


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Relator nos termos do artigo 86, § 4º, do Regimento Interno deste Tribunal

CONSELHEIRO SEBASTIÃO CARLOS RANNA DE MACEDO

CONSELHEIRO SÉRGIO ABOUDIB FERREIRA PINTO

CONSELHEIRO SÉRGIO MANOEL NADER BORGES

CONSELHEIRO RODRIGO COELHO DO CARMO

CONSELHEIRO LUIZ CARLOS CICILIOTTI DA CUNHA

Fui presente:

PROCURADOR DE CONTAS LUCIANO VIEIRA

Em substituição ao procurador-geral

ODILSON SOUZA BARBOSA JUNIOR

Secretário-geral das Sessões

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