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RELACIONADOS À
OPERAÇÃO DO SISTEMA
INTERLIGADO NACIONAL:
SISTEMAS ESPECIAIS DE
PROTEÇÃO E PROTEÇÕES DE
CARÁTER SISTÊMICO
ASPECTOS DE SEGURANÇA
RELACIONADOS À
OPERAÇÃO DO SISTEMA
INTERLIGADO NACIONAL:
SISTEMAS ESPECIAIS DE
PROTEÇÃO E PROTEÇÕES DE
CARÁTER SISTÊMICO
Revisão:
Denise Marson
Capa e editoração:
Editorando Birô
ISBN: 978-65-86443-01-1
1. Sistemas de energia elétrica - Proteção I. Título II. Alves, Tatiana Maria Tavares de
Souza
2020
Todos os direitos desta edição são reservados à
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O Sistema Interligado Nacional (SIN) é, sob qualquer aspecto que se considere, uma das
mais complexas e abrangentes máquinas produzidas pela engenharia. Ele se estende por mais
de 3.500 km de norte a sul, e mais de 3.500 km de leste a oeste, ligando regiões de caracterís-
ticas físicas, econômicas e sociais diversas.
Sem dúvida, trata-se de uma máquina complexa, vasta e dinâmica. Sua evolução ao longo
dos mais de 22 anos de atuação do ONS tem sido notável. De fato, o SIN nasceu em março
de 1999, quase que simultâneo com o ONS, com a entrada em operação do 1º circuito da
interligação Norte-Sudeste/Centro-Oeste, ligando dois sistemas que até então operavam iso-
ladamente, dando origem a ele.
Desde então, o SIN tem se expandido continuamente, incorporando novas áreas, usinas,
instalações de transmissão e, sobretudo, novos consumidores.
A expansão do SIN tem sido marcada também pela evolução tecnológica, que tem se
acelerado em anos recentes, verificando-se o crescimento na participação de novas formas de
geração, com destaque para as fontes eólica e fotovoltaica e de transmissão, especialmente a
utilização mais intensa da transmissão em corrente contínua.
Todos esses movimentos aumentam a complexidade do SIN e o desafio do ONS é garantir
a segurança da operação dele, requisito cada vez mais essencial à medida que avança a depen-
dência da energia elétrica na sociedade brasileira.
No cumprimento de suas atribuições, notadamente nas atividades de planejamento da
operação, estudos pré-operacionais, análise de ocorrências, entre outras, onde se destaca a
interação permanente com o corpo técnico dos agentes, fabricantes e especialistas, o ONS tem
tido a oportunidade, pela sua posição no setor elétrico brasileiro, de acumular um conheci-
mento único sobre o problema da segurança de grandes sistemas de potência.
Por sua vez, um princípio que tem pautado a atuação do Operador é compartilhar conheci-
mento, ação essencial, no nosso entender, para garantir a segurança sistêmica da operação do
SIN e, em última análise, para que o ONS possa cumprir sua missão.
É nesse contexto que este livro foi elaborado. Ele foi conduzido com muito esmero e apre-
senta de forma didática conceitos e aplicações que têm sido largamente utilizados no trabalho
incessante de zelar pela operação segura do SIN.
Inicialmente, são apresentados os conceitos básicos empregados no tratamento do pro-
blema da segurança elétrica, seguindo-se uma visão sobre sistemas de proteção, sistemas de
proteção de equipamentos, sistemas especiais de proteção e proteções sistêmicas.
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 13
2. CONCEITOS BÁSICOS......................................................................................................... 19
2.1 – Segurança elétrica.............................................................................................................................. 19
2.1.1 – Definição......................................................................................................................................... 19
2.1.2 – Indicadores de desempenho de segurança elétrica.......................................................................... 24
2.1.3 – Plano de segurança do SIN............................................................................................................. 27
2.1.3.1 – Histórico do plano de segurança do SIN...................................................................................... 27
2.1.3.2 – Estrutura do Plano de Segurança do SIN..................................................................................... 30
2.2 – Planejamento da expansão e operação do Sistema Interligado Nacional.......................................... 32
2.2.1 – Planejamento da expansão do Sistema Interligado Nacional......................................................... 33
2.2.1.1 – Horizontes de planejamento da expansão.................................................................................... 33
2.2.1.2 – Critérios de planejamento da expansão........................................................................................ 35
2.2.1.3 – Principais estudos elétricos ......................................................................................................... 36
2.2.1.4 – Desenvolvimento dos estudos...................................................................................................... 36
2.2.1.5 – Planejamento das interligações.................................................................................................... 37
2.2.2 – Planejamento da operação do Sistema Interligado Nacional.......................................................... 38
2.2.2.1 – Horizontes de estudo de planejamento e programação da operação............................................ 39
2.2.2.2 – Principais estudos de planejamento da operação......................................................................... 39
2.2.2.3 – Critérios de planejamento da operação........................................................................................ 43
2.2.2.4 – Interligações entre os subsistemas............................................................................................... 47
2.2.2.5 – Considerações sobre os estudos de planejamento da operação................................................... 47
3. SISTEMAS DE PROTEÇÃO.................................................................................................. 49
3.1 – Anormalidades no sistema elétrico de potência................................................................................. 51
3.1.1 – Curtos-circuitos............................................................................................................................... 52
3.1.2 – Instabilidades dos sistemas de potência.......................................................................................... 55
3.1.2.1 – Estabilidade angular..................................................................................................................... 56
3.1.2.2 – Estabilidade de frequência........................................................................................................... 57
3.1.2.3 – Estabilidade de tensão.................................................................................................................. 57
3.2 – Hierarquia dos sistemas de proteção.................................................................................................. 58
6. PROTEÇÕES SISTÊMICAS.................................................................................................151
6.1 – Esquemas regionais de alívio de cargas (ERAC)............................................................................ 151
6.1.1 – Ajustes do ERAC por regiões geoelétricas do SIN....................................................................... 153
6.1.2 – Requisitos técnicos dos relés de frequência.................................................................................. 158
6.1.3 – Consumidores livres e autoprodutores no ERAC......................................................................... 159
6.2 – Proteções sistêmicas de sobrefrequência......................................................................................... 159
6.3 – Proteções sistêmicas de sobretensão ............................................................................................... 162
6.4 – Proteções de oscilação de potência.................................................................................................. 168
6.4.1 – Efeitos das oscilações na proteção de linhas de transmissão........................................................ 170
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................197
1
INTRODUÇÃO
Figura 1-1 – Capacidade instalada no SIN – 2019/2023 (Fonte: PMO – outubro 2019)
Atualmente, existem 237 localidades isoladas no Brasil. A maior parte está na região Nor-
te, nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. A ilha de Fernando de
Noronha, em Pernambuco, e algumas localidades de Mato Grosso completam a lista. Entre as
capitais, Boa Vista (RR) é a única que ainda é atendida por um sistema isolado. O consumo
nessas localidades é baixo e representa menos de 1% da carga total do país. A demanda por
energia dessas regiões é suprida, principalmente, por usinas termoelétricas a óleo diesel. A
figura 1-2 apresenta o mapa geoelétrico da rede de operação do SIN, com o horizonte de 2024
(ONS, 2020b).
No contexto atual essa missão torna-se cada vez mais desafiadora, considerando que está
aumentando a complexidade da operação do sistema elétrico nacional, tendo em vista a mo-
dificação da matriz eletroenergética e o crescimento do sistema de transmissão com a adição
de novos elos de transmissão de corrente contínua, aumentando a probabilidade de ocorrência
de contingências múltiplas. A figura 1-3 mostra a evolução do sistema de transmissão do SIN,
com o horizonte de 2024 (ONS, 2020).
Figura 1-3 – Evolução do sistema de transmissão do SIN – 2024 (Fonte: site ONS)
Este aumento de complexidade e riscos cada vez maiores de contingências múltiplas im-
plica numa degradação dos níveis de segurança elétrica do SIN.
Desta forma, para manter a segurança elétrica no SIN, torna-se cada vez mais necessá-
ria a aplicação de Sistemas Especiais de Proteção (SEP) como um importante recurso para
minimizar os efeitos das contingências múltiplas, reduzindo o impacto das mesmas e evitando
a propagação das perturbações ao longo do sistema.
Outro recurso importante é a utilização de proteções de caráter sistêmico (Esquema Regio-
nal de Alívio de Cargas - ERAC, Proteção Sistêmica de Sobrefrequência, Proteção Sistêmica
de Sobretensão e Proteção de Perda de Sincronismo ou Disparo por Oscilação de Potência),
de modo a evitar a propagação das perturbações no caso de falha dos SEP ou na ocorrência de
perturbações fora dos critérios de estudos para sua definição.
2.1.1 – Definição
Os sistemas elétricos podem ser definidos como um conjunto de equipamentos e elemen-
tos de circuitos elétricos conectados, que atuam de modo coordenado com o intuito de gerar,
transmitir e distribuir energia elétrica aos consumidores. A gestão de energia e a operação
destes sistemas é uma tarefa extremamente difícil e complexa e tem como objetivo principal
o suprimento de seu mercado de energia elétrica. Para isto, a preservação da integridade física
e funcional é de fundamental importância. No entanto, pela extensão e complexidade, estes
sistemas estão sujeitos a eventos tanto de natureza tecnológica quanto naturais, ou até mesmo
provocados por ação humana, que impactam seu funcionamento afetando seu desempenho.
A estrutura básica de um sistema elétrico, sua relação com tais eventos e as consequências
associadas são mostradas na figura 2.1.1-1 (Siqueira, 2010).
estado de restauração de cargas, quando cortes de carga são efetuados. As ações de controle
de emergência incluem: atuação de proteção para eliminação de falhas, controle de excitação
e frequência de unidades geradoras, sistemas de controle de estações conversoras de corrente
contínua, corte de geração, cortes de carga, chaveamento de elementos de controle de potência
reativa (banco de capacitores e reatores shunt).
Entretanto, estando o sistema em operação no estado normal, de alerta ou de emergência, a
ocorrência de um grande distúrbio ou uma ação de controle incorreta ou ineficaz, poderá levar
o sistema a transitar para o estado de emergência extrema. Neste caso, o sistema se encontra
instável e desligamentos em cascata e ou mesmo blecaute de uma grande parte do sistema po-
dem ocorrer. Desta forma, para se evitar a propagação da perturbação, ações mais abrangentes
de nível hierárquico superior devem ser tomadas, de modo a permitir o retorno do sistema de
forma direta ao estado normal, sem corte de cargas, ou por meio do estado de restauração de
cargas, quando cortes de carga são efetuados. O conjunto de ações de controle tomadas no
estado de extrema emergência é realizado pelas proteções de caráter sistêmico: proteções de
frequência para rejeição de carga ou geração, proteções sistêmicas de sobretensão e proteções
de disparo por oscilação de potência ou perda de sincronismo. Caso essas ações falhem ou
não sejam eficazes, ocorrerá o colapso do sistema provocando blecautes, quando grandes áre-
as deverão ser recompostas, tornando o processo de retorno para o estado normal mais lento.
Ressalta-se que qualquer sistema pode falhar, seja por causas internas ou externas ou ain-
da por falhas humanas ocorridas na operação. Esses fatores afetam a segurança dos sistemas
elétricos.
Considerando os estados operativos do sistema apresentados, fica claro que o objetivo das
ações de controle da segurança do sistema, é manter o sistema operando no estado normal de
operação, ou pelo menos, minimizar as transições do estado normal para os de emergência ou
extrema emergência. Portanto, a segurança do sistema elétrico está relacionada diretamente às
ações do plano de segurança no sentido de minimizar a probabilidade de ocorrência de gran-
des perturbações, que compreendem o monitoramento do sistema, a análise de contingências
e ações de controle preventivo.
As análises de contingências previamente estabelecidas englobam a verificação dos fluxos
de potência sob contingências, a análise de instabilidade de tensão, avaliação da estabilidade
da frequência e da estabilidade angular.
Caso as análises de contingências efetuadas demonstrem a vulnerabilidade do sistema a
uma dada contingência deverão ser determinadas as ações de controle preventivo que devem
ser tomadas para que o sistema retorne ao estado de segurança. Estas análises também podem
determinar que melhorias na infraestrutura devem ser implementadas e estes resultados de-
vem ser encaminhados às equipes de planejamento da expansão da rede.
Assim, a prevenção de distúrbios no sistema começa no planejamento da expansão, visan-
do evitar, entre outros pontos:
• Aglomeração de linhas de transmissão na mesma faixa de passagem;
O SIN vem passando por transformações, principalmente pela exigência por parte da so-
ciedade de uma energia mais limpa, no sentido de reduzir a emissão de gases de efeito estufa
(CO2) face ao seu impacto no aquecimento global. Isto vem conduzindo a um aumento na
diversidade da matriz elétrica, com a implantação de usinas eólicas, solares e biomassa, entre
outras. Adicionalmente, restrições ambientais cada vez maiores têm levado à implantação de
usinas com reservatórios de menor capacidade e a uma redução nas faixas de servidão das li-
nhas de transmissão. Também, como fator de aumento da complexidade da operação se obser-
va um crescimento na implantação de sistemas de transmissão em corrente contínua (CCAT).
Este panorama pode ser mostrado na figura 2.1.1-3, que mostra a expansão das usinas
eólicas e solares para o ano de 2023 quando comparado ao ano de 2019, e a previsão do mon-
tante de elos de transmissão em corrente contínua de 2019 a 2024, de acordo com o Sumário
PAR/PEL 2020-2024 (ONS, 2019).
O panorama atual de operação do SIN pode ser exemplificado na figura 2.1.1-4 (ONS,
2020c) que retrata o balanço de energia do sistema no dia 3/2/2020 às 17h56min, onde estão
destacados os intercâmbios entre as regiões geoelétricas do sistema e a contribuição de gera-
ção para atendimento às cargas de cada região, discriminada por matriz energética.
Sendo assim, de modo a agregar segurança à operação do SIN para enfrentar o crescimen-
to da sua complexidade, torna-se fundamental a criação de um indicador de desempenho que
represente a segurança elétrica do sistema elétrico brasileiro, considerando o risco crescente
de fatores que podem provocar sua degradação.
O gráfico apresentado na figura 2.1.2-1 mostra que no sistema elétrico brasileiro o ín-
dice de robustez para perturbações com corte carga acima de 100 MW, é bastante elevado,
sofrendo pequenas oscilações no período de 2015 a 2019, porém se mantendo em patamares
altos, sendo da ordem de 97% para cortes de carga acima de 100 MW (verde) e superiores a
99% para perturbações com corte de carga acima de 500 MW (laranja) e acima de 1.000 MW
(azul). Também pode ser observado que ao longo desse período perturbações com interrupção
de carga em montantes inferiores a 100 MW, apresentaram uma acentuada queda, o que se
refletiu em um aumento do índice de robustez com relação a todas as perturbações com corte
de carga (vermelho).
Com relação à análise apresentada sobre a evolução dos indicadores de robustez do siste-
ma elétrico brasileiro no horizonte de 2015 a 2019, conclui-se que apesar do crescimento do
SIN e o aumento da sua complexidade, o nível de segurança no sistema se mantém elevado.
parte da energia gerada na UHE Itaipu. O bloqueio da transmissão em corrente contínua pro-
vocou sobrefrequência no sistema de 50 Hz de Itaipu, fazendo com que houvesse a separação
dos Sistemas Itaipu/ANDE (Administración Nacional de Electricidad – Paraguai), ou seja,
da interligação Brasil/Paraguai, levando o sistema do Paraguai ao colapso. A Figura 2.1.2-2
apresenta o diagrama da área envolvida na perturbação.
SE FOZ DO IGUAÇU
+- 600 kV CC SE IBIUNA
PARAGUAI
~
500 kV
~
345 kV
525 kV 765 kV
765 kV
No SIN este plano faz parte das atribuições do ONS e está baseado em três vertentes, con-
forme apresentado na figura 2.1.3.1-1 (Gomes, et al., 2003).
• Ações no sentido de minimizar a probabilidade de ocorrência de grandes perturbações
(blecautes). Estas medidas visam a reduzir a severidade dos distúrbios.
• Ações no sentido de minimizar a propagação dos distúrbios inevitáveis. Estas medidas
têm por objetivo “conter” os efeitos dos distúrbios.
• Ações de recomposição otimizada no sentido de reduzir o tempo de restabeleci-
mento do suprimento às cargas, para valores considerados aceitáveis sob a ótica do
consumidor.
Particularmente com relação a este último aspecto é importante considerar, além dos
prejuízos materiais resultantes do prolongamento do tempo de restabelecimento do sistema,
aqueles de natureza prejudicial à imagem do setor perante a opinião pública, que podem ser
observados na Curva de Aversão a Blecautes reproduzida na figura 2.1.3.1-2 (P. Gomes, 2006).
Nessa curva são apresentadas quatro faixas de tolerância que demonstram o grau de in-
satisfação dos consumidores com relação ao tempo de interrupção de energia. Pode ser ob-
servado que interrupções de até 60 minutos são suportáveis e que interrupções de durações
superiores há 240 minutos são intoleráveis pela sociedade.
Embora essa curva reflita o panorama de tolerância da sociedade à época, pode-se afirmar
que atualmente o grau de insatisfação dos consumidores com relação ao tempo de interrup-
ção de energia se tornou bem mais rigoroso considerando a crescente exigência da evolução
tecnológica perante a energia elétrica. Um exemplo é a ampla utilização de redes de comuni-
cação via internet (wi-fi) agregada à crescente dependência da sociedade dessa tecnologia não
apenas para questões profissionais como também para lazer e comunicação.
• Definir filosofias de ajustes, baseadas nas práticas usuais mais seguras, para serem
aplicadas nos sistemas de proteção de linhas de transmissão, transformadores e unida-
des geradoras das instalações da Rede Básica;
• Realizar diagnósticos periódicos dos sistemas de proteção dos principais troncos de
transmissão da Rede Básica. Faz parte deste diagnóstico a avaliação do estado dos
sistemas de proteção dos equipamentos que compõem as referidas instalações, de for-
ma a identificar os pontos para aprimoramento, visando o aumento da qualidade da
prestação do serviço público de transmissão de energia elétrica.
• Realizar análise estatística de desempenho dos sistemas de proteção das instalações
da Rede Básica e dos desligamentos forçados de componentes. Estas ações têm como
objetivo identificar erros de projetos, práticas inadequadas de manutenção, equipa-
mentos obsoletos, além de problemas em dispositivos de sistemas de proteção;
• Recomendar a implantação de esquemas de religamento automático em linhas de
transmissão aéreas, com possibilidade de operação monopolar e/ou tripolar, aumen-
tando a margem de estabilidade do sistema;
• Revisar periodicamente os ajustes dos controladores sistêmicos, tais como: sistemas
de excitação, estabilizadores de sistemas de potência (Power System Stabilizers - PSS),
reguladores de velocidade das usinas, controles de amortecimento de TCSC e elos de
corrente contínua, etc.;
• Propor soluções para o aumento da observabilidade do sistema elétrico, visando ao
aperfeiçoamento constante do processo de otimização da segurança operativa do SIN.
Estas soluções podem ser, por exemplo, a ampliação das redes de oscilografias, de
curta e longa duração das instalações da Rede Básica, e a implantação de sistemas de
medição fasorial utilizando Phasor Measurement Unit (PMU);
• Utilizar sistemas computacionais, com base em dados de PMU, para avaliação do grau
de segurança operativa do SIN em tempo real, aumentando a consciência situacional
dos operadores, permitindo que sejam tomadas ações de forma a evitar a operação da
rede elétrica em condições de risco;
• Determinar limites operativos, baseados em critérios de segurança, nos principais
troncos de transmissão do SIN;
• Avaliar periodicamente os critérios de execução dos estudos elétricos do planejamento
e operação do sistema, adequando-os à realidade do SIN sob a ótica do estado da arte
internacional, com ênfase na segurança elétrica.
O Plano de Segurança para o SIN, implementado pelo ONS, é o principal processo para o
aumento da segurança operativa do sistema.
O conjunto de ações de segurança desenvolvidas para cada uma das vertentes desse plano
é aberto, podendo ser ampliado em função do dinamismo da evolução do sistema elétrico.
quando necessário, para a alternativa recomendada. São, portanto, considerados modelos mais
representativos de carga e equipamentos.
A partir do Plano de Expansão selecionado, ele será detalhado nos relatórios R2, R3 e R4.
A figura 2.2.1.4-1 mostra um fluxograma simplificado de um estudo de análise de alterna-
tivas que compõe os relatórios R1.
Outra diferença é o conjunto de critérios que geram os dois tipos de estudo. Como já men-
cionado, os estudos de expansão seguem o documento do CCPE/CTET de janeiro de 2001 –
“Critérios e Procedimentos para o Planejamento da Expansão dos Sistemas de Transmissão”,
enquanto que a cadeia de estudos do planejamento da operação é realizada em conformidade
com os Procedimentos de Rede. Embora na essência os dois recomendem o chamado crité-
rio n-1, existem algumas diferenças principalmente na consideração de circuitos que correm
na mesma torre, como bipolos de corrente contínua e circuitos duplos. Além do fato de que
estudos operativos de curto prazo podem contar com a utilização de Sistemas Especiais de
Proteção, até mesmo para contingências simples, para aumentar limites.
• Subsidiar a elaboração das instruções de operação utilizadas pelo ONS para o cumpri-
mento de suas atribuições de coordenação e operação do SIN; e
• Subsidiar o estudo de Diretrizes para Operação Elétrica do Horizonte Mensal.
Os estudos com horizonte mensal atualizam as diretrizes para a operação elétrica de ho-
rizonte quadrimestral por meio da reavaliação do desempenho da operação elétrica do SIN.
Com as novas previsões para implantação das obras de transmissão e/ou geração, cronograma
de manutenção de equipamentos, diretrizes energéticas e a evolução da carga, são determina-
das estratégias para a operação do SIN, visando preservar a sua segurança elétrica. Os princi-
pais objetivos são:
• Reavaliação dos limites de transmissão entre regiões do SIN.
• Avaliação do desempenho das áreas geoelétricas do sistema, com enfoque:
◊ Na operação em condições normais e sob contingências;
◊ Na definição de medidas operativas para controle de carregamento e tensão,
a fim de garantir a operação nos padrões e critérios definidos nos Procedi-
mentos de Rede;
◊ Na reavaliação das ações a serem adotadas quando de descompasso entre as
necessidades do SIN e a entrada em operação de reforços;
• Detalhamento dos despachos de geração térmica para atendimento da segurança
elétrica;
• Reavaliação dos SEP existentes;
• Análise do desempenho das interligações internacionais; e
• Análise do desempenho da operação do SIN considerando o atendimento ao despacho
mínimo das usinas informado pelos agentes de operação.
Para as contingências duplas, que levem apenas a risco de sobrecargas acima dos limites
de emergência e subtensões inadmissíveis com impactos localizados, deverão ser definidas
medidas operativas ou avaliada a adoção de Sistemas Especiais de Proteção – SEP no âmbito
dos estudos de planejamento da operação elétrica, de modo a minimizar as consequências
dessas contingências.
Um sistema adequadamente planejado deve ser capaz de suportar contingências simples (cri-
tério n–1) sem perda de carga. No entanto, contingências múltiplas ou fatores conjunturais como o
atraso na implantação do sistema planejado, etapas intermediárias de evolução da rede de transmis-
são ou condições operativas críticas motivadas por situações atípicas de configuração e/ou geração,
podem expor o sistema ao risco de instabilidade de potência, frequência ou tensão com a conse-
quente perda descontrolada de carga. Para evitá-la, os estudos de planejamento e de programação
da operação podem determinar a utilização de recursos tais como o despacho de geração térmica,
restrição de intercâmbios, alteração de topologia da rede (no caso de separação do sistema em ilhas,
os subsistemas que resultem dessas aberturas deverão se manter estáveis) ou a implantação de SEP.
Deste modo, Sistemas Especiais de Proteção podem ser originados nas avaliações desen-
volvidas nos estudos de planejamento da operação ou mesmo nos estudos pré-operacionais
para a integração de novas instalações ao sistema interligado, no sentido de:
• Permitir a máxima exploração em condições seguras dos sistemas de geração, trans-
missão e distribuição de energia elétrica;
• Proporcionar maior confiabilidade e segurança elétrica operacional ao SIN;
• Fazer face a contingências simples no sistema em situações conjunturais de eventuais
atrasos de obras, até que as soluções estruturais sejam implementadas;
• Fazer face a contingências múltiplas de linhas de transmissão, de modo a evitar que
o sistema seja levado à perda de estabilidade ou colapso de tensão, reduzindo assim a
possibilidade de ocorrência de perturbações de grande porte ou restringindo a área de
abrangência dessas perturbações.
Em situações particulares nas quais haja esgotamento dos recursos de controle de ten-
são disponíveis, o nível de tensão pode situar-se fora das faixas acima estabelecidas, desde
que sejam respeitadas as limitações específicas dos equipamentos, não resultem em riscos de
Em um sistema elétrico, a todo instante ações de controle automáticas ou manuais são to-
madas com o objetivo de mantê-lo estável, com equilíbrio de carga e geração e sem violações
de limites de suportabilidade de equipamentos.
Entretanto, todo sistema elétrico de potência está sujeito a defeitos ou falhas que o levam
a condições anormais de operação extremamente graves, e que podem se propagar tomando
grandes proporções na rede interligada. Desta forma, se esses problemas não forem identifica-
dos e controlados a tempo as consequências podem gerar danos, desgastes de equipamentos,
blecautes ou até risco de vida. Sendo assim, os sistemas de proteção têm um papel fundamen-
tal para a segurança do sistema elétrico, devendo promover, de forma rápida e seletiva, ações
de isolamento de equipamentos em falha ou ações coordenadas, para evitar o agravamento da
perturbação ou o controle de fenômenos sistêmicos que podem levar o sistema a um colapso.
A partir disso, é possível concluir que a segurança operativa do SIN requer dispositivos
de controle bastante precisos e confiáveis, porém a última linha de defesa para os sistemas
elétricos de potência são os sistemas de proteção. Também se conclui que para se obter esses
resultados os sistemas de controle e os diversos tipos de sistemas de proteção devem ser pla-
nejados para serem seletivos e coordenados, onde cada um deve desempenhar o seu papel de
forma adequada de acordo com o objetivo da sua função.
Para a operação segura da rede elétrica um conjunto de princípios fundamentais deve
servir de guia na definição dos requisitos de proteção. Estes princípios podem ser divididos
genericamente em duas classes:
• Requisitos funcionais – que definem a funcionalidade esperada; e
• Requisitos técnicos – que caracterizam a qualidade esperada dos sistemas.
Esse amplo entendimento deve ser adicionado ao conhecimento sobre as ferramentas para
simulações de sistemas de potência e medição em tempo real, bem como sobre ferramentas dis-
poníveis para prevenção, mitigação de expansão e restauração rápida do suprimento de carga.
Deste modo, uma perturbação no sistema se encaixa perfeitamente no modelo de sequên-
cia de eventos para mitigação de distúrbios mostrada na figura 3.1-1 (Filho, et al., 2010).
3.1.1 – Curtos-circuitos
O distúrbio mais comum e severo é o curto-circuito, que ocorre em decorrência de falhas,
como por exemplo, a ruptura da isolação entre as fases ou entre a fase e terra. A magnitude
das correntes de curto-circuito depende de vários fatores, tais como: tipo de curto-circuito
(monofásicos, bifásicos e trifásicos, esses últimos com e sem envolvimento de terra), capa-
cidade do sistema de geração, topologia da rede elétrica, tipo de aterramento do neutro dos
equipamentos, etc.
As causas mais frequentes de curtos-circuitos em sistemas de potência são:
• Descargas atmosféricas;
• Falhas em cadeias de isoladores;
• Fadiga e/ou envelhecimento de materiais;
• Ação de vento, neve e similares;
• Poluição e queimadas;
• Queda de árvores sobre as linhas aéreas;
• Inundações e desmoronamentos;
• Ação de animais em equipamentos do sistema;
• Manobras incorretas.
O curto-circuito se caracteriza por uma elevação abrupta das correntes, podendo atingir
valores extremamente elevados, acompanhada de quedas consideráveis das tensões, trazendo
consequências danosas ao sistema de potência caso não seja eliminado. A corrente de cur-
to-circuito provoca aquecimento podendo danificar isoladores, sendo este dano diretamente
proporcional ao nível da corrente de curto-circuito e a sua duração.
Outro equipamento que sofre desgaste em função deste distúrbio são os transformadores
de potência. A magnitude e a duração das faltas passantes são as principais causas da acelera-
ção do desgaste mecânico e térmico desses equipamentos. Um transformador é exposto a cen-
tenas de faltas passantes durante seu tempo de vida útil, e cada falta passante tem um impacto
negativo na vida do transformador. Para uma corrente de curto-circuito com baixa magnitude,
próxima do nível de sobrecarga do transformador, o estresse térmico é mais significativo do
que o estresse mecânico. Para uma corrente de curto-circuito com alta magnitude, o estresse
mecânico é mais significativo do que o estresse térmico. Portanto, eliminar uma falta passante
Figura 3.1.1 1 – Desligamentos em LT da Rede Básica por falhas internas de 2014 a 2018
Deste total de 10.951 desligamentos, podemos então verificar os tipos de falhas internas
nas linhas de transmissão da Rede Básica que mais ocorreram no SIN no período observado,
conforme mostrado na figura 3.1.1-2 (ONS, 2019).
Por este histórico de desligamentos das linhas de transmissão da Rede Básica referente
aos anos de 2014 a 2018, pode-se observar:
• As falhas monofásicas são a expressiva maioria, com a média do percentual de desli-
gamentos se mantendo aproximadamente a mesma ao longo do período de observa-
ção, em cerca de 80%;
• A média do percentual de falhas fase-terra com resistência (7%) é bem próxima do
percentual de falhas bifásicas (7,5%);
• A média das falhas trifásicas corresponde a 1,2 % do total, considerando o período
observado. Porém, a média das falhas trifásicas com envolvimento de terra não chega
a 0,01 % do total neste período de observação;
• Também é bem baixo o percentual de falhas evolutivas, considerando uma média de
0,6% do total de desligamentos verificados nestes quatro anos.
Quanto às causas, a figura 3.1.1-3 (ONS, s.d.) apresenta as principais causas que provo-
caram desligamentos de linhas de transmissão da Rede Básica do SIN no período de 2014 até
2018, sendo “Condições Meteorológicas Adversas” (descarga atmosférica, chuva/temporal,
vento forte, etc.) a principal causa de desligamentos de linhas de transmissão.
Nos sistemas de potência atuais, a instabilidade frente a pequenas perturbações, está quase
sempre relacionada com a insuficiência de amortecimento de oscilações, que pode ser causada por:
• Modos locais: oscilações entre unidades geradoras e o resto do sistema (as unidades
geradoras de uma usina oscilam coerentemente contra o sistema);
• Modos intraplanta: oscilações entre as unidades geradoras de uma mesma usina;
• Modos entre áreas: oscilações entre grupos de geradores de uma parte do sistema contra
outro grupo de geradores em outra parte do sistema. Em geral, aparecem quando duas
áreas são conectadas por intermédio de um sistema de transmissão de alta impedância;
• Modos de controle: oscilações causadas pelos controles dos sistemas de excitação,
reguladores de velocidade, conversores CA/CC, etc.
• Modos torcionais: associados aos componentes rotacionais dos eixos da turbina e do
gerador. A instabilidade dos modos torcionais pode ser causada pela interação com
os sistemas de excitação, controles de sistemas CCAT e linhas de transmissão com
compensação série.
Nesses casos, a resposta do sistema envolve grandes excursões angulares dos rotores das
unidades geradoras, sendo fortemente influenciada pelas relações não lineares existentes entre
a potência elétrica e ângulo do rotor. Fatores como as condições iniciais operativas e, princi-
palmente, a natureza, a localização e o tempo de duração dos distúrbios afetam a estabilidade
transitória do sistema.
Em grandes sistemas interligados, a instabilidade ocorre normalmente de duas formas:
• Pela aceleração do rotor, com crescimento progressivo (monotônico) do deslocamento
angular, sendo a causa fundamental a falta de torque sincronizador e;
• Por oscilações crescentes do rotor, causadas pela superposição de diversos modos de
oscilação do sistema.
Caso o controle de frequência não seja capaz de limitar as excursões de frequência a ní-
veis operacionais admissíveis ou se for esgotada a reserva de potência operativa do sistema,
entram em ação as proteções sistêmicas de subfrequência (alívio de carga) e sobrefrequência
(corte de geração) de modo a restabelecer o equilíbrio carga-geração.
O primeiro nível de proteção, que tem como objetivo isolar curtos-circuitos ou equipa-
mentos em falha (fase aberta, problemas mecânicos, hidráulicos, etc.), são as proteções dos
equipamentos que compõem o sistema elétrico. Essas são realizadas pelos sistemas de prote-
ções elétricas e, em equipamentos específicos, por suas proteções intrínsecas. Essas proteções
são concebidas e ajustadas de forma a promover o desligamento, de forma rápida, do menor
número possível de equipamentos para eliminar uma falha. No caso de contingências simples
é esperado que o sistema se recupere imediatamente após a eliminação da falha, retornando a
um ponto de operação estável e sem violações.
No entanto, contingências múltiplas, atrasos de obras previstas na etapa de planejamento
da expansão ou até mesmo a necessidade de operação do sistema com critérios superiores ao
planejado, podem indicar nos estudos de planejamento da operação, a necessidade de implan-
tação de Sistemas Especiais de Proteção, com objetivo de evitar violações, acima dos limites
suportabilidade de curta duração dos equipamentos, ou instabilidades no sistema. Nesse caso
ações planejadas previamente são implementadas de forma que as contingências previstas
não provoquem problemas no sistemas, aumentando a área de abrangência da perturbação.
Em síntese, violações devem ser sanadas antes da atuação de proteções dos equipamentos e
instabilidades devem ser evitadas com medidas preventivas, quando, nesse caso, o tempo de
atuação passa a ser um requisito importante.
Ainda deve ser considerado que o sistema está sujeito a contingências múltiplas, de menor
incidência, porém possíveis. Outro evento que também pode ter baixa probabilidade de ocor-
rência, o qual está diretamente associado aos requisitos de concepção e implantação, é a falha
ou recusa de atuação dos SEP planejados. Nesses casos o sistema pode perder a estabilidade,
sendo necessárias ações mais drásticas para minimizar o impacto da perturbação e evitar um
blecaute, sendo essas ações executadas pela última linha de proteção do sistema, que são as
proteções sistêmicas. Essas proteções não são preventivas e atuam não mais em função da
contingência planejada como nos SEP, e sim na consequência das contingências. Por isso elas
são concebidas baseadas nas grandezas cuja variação caracteriza o fenômeno de instabilidade,
independentemente da contingência, podendo ser ângulos, tensão, frequência etc. Nesse caso,
a falha ou recusa dessas proteções podem culminar em condições ou configurações do sistema
imprevistas podendo resultar em blecautes ou até danos em equipamentos.
Com a aplicação da coordenação correta entre os sistemas de proteção, respeitando a hierar-
quia acima descrita, é possível definir patamares de operação para as diversas interligações ou
grandes troncos de transmissão do SIN de forma que a decisão da forma de operação seja base-
ada numa avaliação de risco x custo operativo. Baseado neste conceito, a figura 3.2-2 apresenta
cinco possíveis níveis de operação que podem subsidiar uma análise de risco x benefício.
Todo sistema elétrico de potência está sujeito a falhas, e para eliminar essas falhas exis-
tem os sistemas de proteção. Tais sistemas têm como principal elemento os dispositivos de
proteção, inicialmente denominados relés que com a evolução tecnológica passaram a agregar
funções adicionais, passando a ser chamados de IED (Intelligent Electronic Devices). Tais
dispositivos são os responsáveis por detectar situações de anormalidade no sistema e enviar
comandos de abertura a outros equipamentos, que irão isolar a parte do sistema sob defeito.
A atuação rápida e seletiva dos dispositivos de proteção é essencial para minimizar as perdas
econômicas e os riscos à vida e a equipamentos.
Por volta de 1900 surgiu a primeira geração de relés de proteção, de tecnologia eletrome-
cânica, constituído de bobinas, molas e mecanismos extremamente minuciosos.
Os relés eletromecânicos em todas as suas diferentes formas foram substituídos sucessiva-
mente por relés estáticos, digitais e numéricos, e cada mudança trouxe redução de tamanho e
melhorias na funcionalidade. Os relés eletromecânicos possuem dois princípios fundamentais
de funcionamento, que são: a atração eletromagnética e a indução eletromagnética.
Na utilização de relés eletromecânicos, o principal meio de comunicação era o fio metáli-
co. A figura 4.1-1 mostra relés eletromecânicos típicos.
Algum tempo depois, por volta de 1990, com o advento da microeletrônica e a populari-
zação dos processadores digitais e circuitos integrados, surgiu a terceira geração de disposi-
tivos de proteção, os relés digitais. Os relés digitais são gerenciados por microprocessadores
desenvolvidos especificamente para este fim. Nestes relés, os sinais de entrada das grandezas
elétricas e os parâmetros de ajustes são controlados por um software que processa a lógica de
proteção com um algoritmo. São constituídos de circuitos eletrônicos providos de micropro-
cessadores de alta velocidade de processamento. Comparados aos relés estáticos, os relés di-
gitais usam conversores analógico/digital para converter em sinais digitais todas as grandezas
analógicas medidas e um microprocessador para programar o algoritmo de proteção.
Com os relés digitais foram introduzidas as redes locais de comunicação dentro da su-
bestação, utilizando principalmente protocolos de comunicação proprietários. A comunicação
entre os dispositivos na subestação ocorria em redes locais, utilizando cabos óticos, enquanto
os dispositivos passaram a ser programados utilizando linguagens de alto nível.
As vantagens dessa tecnologia de relés são inúmeras, quando comparada a dos relés ana-
lógicos (eletromecânicos e estáticos), tais como possibilidade de implementação de funções
adaptativas, acesso remoto, cálculo de outras grandezas elétricas a partir das medições de cor-
rente e tensão, registradores de eventos, oscilografias e localizadores de falta integrados além
de funções de controle, supervisão e monitoramento. Os relés digitais normalmente usam
microprocessadores de oito ou 16 bits, o que limita a sua capacidade de processamento e con-
sequentemente a precisão dos seus algoritmos. A figura 4.1-3 mostra o exemplo do primeiro
relé microprocessado multifunção do fabricante ABB e a primeira versão do relé digital de
distância SEL-21 da Schweitzer Engineering Laboratories (SEL).
Surge então, no início do século XXI, a quarta geração de sistemas de proteção e auto-
mação decorrente da introdução de módulos funcionais virtuais, padronizados e alocados em
dispositivos físicos (IED), utilizando protocolos abertos e padronizados para comunicação.
Foi introduzido um nível adicional de comunicação com a segmentação das redes locais
em barramentos de processo, próximas aos equipamentos de alta tensão, e os barramentos
de estação, para comunicação entre os dispositivos de proteção digitais (IED), e ainda com a
utilização de sensores e dispositivos de digitalização dos sinais elétricos (Merging units). A
finalidade principal da merging unit é suprir os dispositivos de proteção digitais (IED) e medi-
ção com os valores amostrados (sampled analog values) das informações dos transformadores
de corrente e de potencial. As informações de estado dos disjuntores e secionadoras através
de módulo de entrada/saída digitais, também podem ser disponibilizadas pelas merging units.
Esta quarta geração de sistemas de proteção utiliza programação orientada a objetos para
configuração dos dispositivos de proteção digitais (IED), sincronização de tempo em todos
os níveis e podem utilizar ainda transformadores de instrumentos não convencionais (NCIT –
Non Conventional Instrument Transformers), tais como TC/TP ópticos.
Um exemplo de arquitetura de uma subestação digital, na qual a funcionalidade da pro-
teção e automação se misturam e utilizando a tecnologia de quarta geração de sistemas de
proteção, se encontra na figura 4.1-5 (Tecnix Engenharia, 2019).
O barramento de processo (Process Network) utiliza uma ou mais redes locais para co-
municação direta com os equipamentos de alta tensão. Neste nível os dados são coletados e
disponibilizados em tempo real e também ocorre a recepção/transferência de comandos para
o processo elétrico.
Para isto são utilizados os equipamentos de amostragem de sinais (merging units) e de con-
trole (control units), interligadas por uma rede local. Os valores amostrados (sample values)
dos sinais elétricos são disponibilizados para o nível de barramento da estação (station level)
utilizando uma ou mais redes locais para comunicação. Neste nível são utilizadas estações de
engenharia para operação e manutenção local, e gateways para comunicação com centros de
controle externos.
Com tudo isso, percebe-se que a evolução rápida na tecnologia dos sistemas de proteção
culminou em duas grandes mudanças na área de proteção. A primeira impactou na redução
drástica do tempo de obsolescência tecnológica de um dispositivo de proteção. A figura 4.1-6
(Junior, 2006) mostra que a expectativa de vida útil caiu de aproximadamente 35 anos, com
tecnologia eletromecânica tradicional, para aproximadamente 5 anos, a partir da tecnologia
digital.
As definições de início e término de cada zona pode ser estabelecida de acordo com do
arranjo da subestação bem como a localização física dos transformadores de corrente (TC).
considerar na utilização de proteção de retaguarda remota é que a sua aplicação pode implicar
em alcances extremamente elevados originando problemas de atuações incorretas de proteção
durante condições de carregamentos elevados e oscilações de potência. Em função disso, a
proteção de retaguarda remota dificilmente é aplicada em sistemas de transmissão de alta e
extra alta tensão, ficando sua aplicação mais restrita a sistemas radiais.
Como visto, o objetivo principal do relé de proteção é detectar falhas e condições anor-
mais de funcionamento no sistema elétrico retirando de operação os equipamentos envolvi-
dos, sendo as principais atribuições dos relés de proteção as seguintes:
• Medir as grandezas de operação;
• Comparar os valores medidos com os valores ajustados;
• Tomar a decisão de operar ou não, em função do resultado da comparação;
• Acionar a abertura dos disjuntores ou a energização de relés auxiliares;
• Sinalizar a sua atuação.
Onde:
t – tempo de atuação
TD – ajuste do multiplicador de tempo do relé
M – múltiplo do Tape (Icc/Iajuste)
Os ajustes são definidos por zonas de atuação que correspondem ao trecho da linha/equi-
pamento protegido pela proteção de distância. A proteção de distância pode ter mais de uma
zona de proteção ajustada independentemente. A sua atuação pode ser instantânea ou tempo-
rizada (tempo definido), dependendo do alcance do ajuste.
Para proteção de linhas de transmissão é muito comum associar uma zona de proteção a
um canal de comunicação, o que torna a atuação do dispositivo de proteção de um terminal
de linha dependente do dispositivo de proteção do outro terminal. Esse tipo de esquema é
denominado teleproteção.
Existem vários tipos de proteção de distância: impedância, reatância, resistência, MHO
etc. Cada um deles apresenta uma característica de operação diferente dos demais e é ade-
quado para determinadas aplicações. Além disso, estas propriedades podem ser combinadas,
formando dispositivos de proteção com características compostas.
Os lugares geométricos das diversas impedâncias do sistema de potência vistas pela pro-
teção de distância durante faltas, oscilações de potência e variações de carga, podem ser tra-
çados no mesmo gráfico e, dessa forma, pode-se estudar o desempenho da proteção relé na
presença de faltas e distúrbios.
Existem ainda no SIN os Esquemas de Controle de Emergências – ECE, que são esquemas
que visam automatizar as ações de operadores. Estes esquemas podem ter ações semelhantes
às dos SEP, porém os objetivos e níveis de ajustes são diferentes. Enquanto o SEP tem ação de
proteção, o ECE tem ação de controle.
O objetivo do SEP é trazer o sistema de uma condição de emergência, na qual ocorrem
violações de estabilidade ou dos limites de capacidade de curta duração dos equipamentos,
que podem levar o sistema para um ponto de operação descontrolado (eventos em cascata)
para uma condição normal ou de alerta em que medidas operativas manuais ou automáticas
possam promover o retorno para uma condição normal de operação. Objetivo do ECE é trazer
o sistema de uma condição de alerta, acima dos limites normais de operação, porém abaixo
dos limites de emergência, para a normalidade.
Também é possível discriminar um SEP de um ECE a partir da análise das consequências
de sua recusa de atuação para o sistema. A recusa de atuação de um SEP tem como conse-
quência: a ocorrência de desligamentos adicionais provocando interrupção de cargas, ou a
transição do sistema para o estado de extrema emergência. No estado de extrema emergência
são necessárias atuações de proteções sistêmicas para retornar o sistema ao estado normal. No
caso de recusa de atuação de um ECE não haverá maiores consequências para o sistema, sen-
do que apenas ações operativas farão com que o sistema retorne ao estado normal de operação.
Os fluxogramas das figuras 5-1 e 5-2 apresentam os tipos de ações necessárias após a
análise de uma contingência pré-determinada que tenha como consequência uma violação ou
uma instabilidade. A partir desse fluxograma é possível discriminar se a ação automática é um
SEP ou ECE.
Nos SEP, de um modo geral, as entradas para tomada da decisão são grandezas elétricas
medidas (tensão, corrente, potência, por exemplo) e estado de disjuntores, e as saídas são co-
mandos para desligamentos de equipamento, rampeamento de potência em sistemas HVDC
ou redução de geração.
A figura 5-3 apresenta a composição de um SEP.
O SEP pode ter todas as suas partes implementadas em apenas uma subestação ou em
diversas subestações, nas quais a comunicação entre as suas partes também faz parte do SEP.
Os insumos do SEP são obtidos a partir de dispositivos de proteção, multimedidores, con-
tatos auxiliares de disjuntores e seccionadoras podendo ter processamentos locais para lógicas
complementares, tais como detecção de linha aberta, somatório de fluxos, seleção de unidades
geradoras para corte, e um processamento central onde são processadas as lógicas principais
do SEP e de onde partem suas ações. Essas ações consistem desde abertura de disjuntores até
comandos que serão processados por controles de equipamentos da rede tais como rampe-
amento de potência em elos de corrente contínua, executada no controle mestre do sistema
de corrente contínua, e redução de geração em usinas, executadas por meio do controle das
unidades geradoras.
A figura 5-4 apresenta a estrutura básica de um SEP distribuído com processamento central.
É importante que todo o cuidado seja tomado de forma a garantir a confiabilidade dos SEP
face às consequências para o SIN de sua atuação incorreta, recusa de atuação ou mesmo atu-
ações acidentais. Um desempenho correto e adequado do SEP, deve ser buscado, desde a fase
de concepção, passando pela sua implementação, comissionamento, operação e manutenção,
bem como nos casos de atualizações dos referidos sistemas.
juntamente com os estados dos equipamentos que compõem o referido tronco de transmissão
em 765 kV.
Master-A
Master-B
IED TP-A
IED TP-B
IED IPU-A IED FI-A IED FI-A Tijuco preto
765 kV Tijuco preto
IED IPU-B IED FI-B IED FI-B IED LA-A
IED IV-A 500 kV
V
Itaipu 60Hz Foz do iguaçu Foz do iguaçu IED LA-B
IED IV-B
500 kV 500 kV 765 kV
Maiporã Itaberá 50
765 kV 765 kV
V V V
P P 50 50
CIPU VT
50 50 50 50 50
P P V P P
Tijuco preto
VT
50 50 50 345 kV
P P V P P
VT Ibiuna
50 50 50 50 50 345 kV
P P V P P
50
50
67 67 67
Ibiuna
50 500 kV
Batéias
Cascavel oeste Ivaiporã
500 kV
500 kV 525 kV
IED IB-A
Salto Londrina Areia
Santiago 525 kV 525 kV IED IB-B
525 kV
Figura 5.1-1 – Arquitetura do novo SEP do tronco de 765 kV associado a seguir a UHE Itaipu
O segundo grande SEP instalado no SIN foi concebido em 1999, quando da entrada do
primeiro circuito em 500 kV da Interligação Norte/Sudeste, interligando a usina hidrelétri-
ca de Serra da Mesa, em Goiás, até a subestação de Imperatriz, localizada no sudoeste do
Maranhão. O objetivo principal desse SEP era manter o bom desempenho dinâmico do sis-
tema Norte/Sudeste, além de minimizar sobretensões frente às emergências mais críticas ao
longo desta Interligação. Com a entrada do segundo circuito, e consequente aumento do li-
mite de transmissão, passou-se a controlar também a sobrecarga no circuito remanescente e
ainda o desempenho dinâmico não só do sistema Norte/Sudeste como da Interligação Nor-
te/Nordeste. Este controle era feito pelo corte de unidades geradoras na UHE Tucuruí e na
UHE Lajeado. Com a entrada do terceiro circuito nesta Interligação foi agregado um aumento
no limite de transmissão e o SEP foi alterado para adequar suas lógicas frente aos novos limi-
tes e novas emergências múltiplas do Sistema. Na configuração atual este SEP atua no sentido
de manter, sempre que possível, os sistemas Norte, Nordeste e Sudeste interligados, evitando
a abertura da Interligação Norte/Sudeste para o controle das emergências.
Figura 5.1-3 – Diagrama esquemático das Interligações Norte-Nordeste, Norte-Sudeste e Sudeste-Nordeste, quando da
integração do bipolo 1 de Belo Monte
Figura 5.1-4 – Diagrama esquemático das interligações Norte-Nordeste, Norte-Sudeste e Sudeste-Nordeste, quando da
integração do bipolo 2 de Belo Monte
O SEP de Belo Monte tem como objetivo evitar sobrecargas inadmissíveis na LT 500
kV Xingu – Tucuruí, evitar condição de instabilidade devido à excessiva injeção de potência
nas interligações CA e garantir o equilíbrio de carga-geração na região Norte. Suas ações são
corte de geração nas UHE Belo Monte e Tucuruí e comando de rampeamento de potência ou
bloqueio nos bipolos 1 e 2.
Além dos principais SEP citados, vários outros foram implantados no SIN decorrentes de
problemas como períodos de baixa hidraulicidade, atrasos na entrada em operação de insta-
lações de grande porte e análises de perturbações, atingindo cerca de 200 SEP em operação
até dezembro de 2019. A seguir são listados alguns eventos que ao longo dos anos levaram à
implementação SEP no SIN:
• 1984 – Entrada em operação da primeira unidade geradora na UHE Itaipu 50 Hz e do
1º bipolo de corrente contínua ±600 kV associado à UHE Itaipu 50Hz.
• 1986 – Entrada em operação do sistema de transmissão em 765 kV associado à UHE
Itaipu 60Hz.
• 1987 – Entrada em operação do 2º bipolo de corrente contínua ±600 kV associado à
UHE Itaipu 50Hz.
• 1990 – Entrada em operação da Interligação Norte/Nordeste, através das LT 500 kV
Sobradinho/São João do Piauí/P. Dutra/Imperatriz/Marabá/Tucuruí/V. Conde.
• 1994 – Entrada em operação da UHE Xingó.
Os SEP podem ser classificados de acordo com vários critérios, desde o tipo de evento
para o qual foram projetados e tipo de ação a ser implementada até quanto ao impacto que será
gerado no sistema caso suas ações não sejam efetivas ou em caso de recusa destas. O projeto,
comissionamento e manutenção destes sistemas deverão ser dimensionados levando em conta
estas classificações. Em seguida serão apresentadas algumas dessas classificações.
Aplicações típicas destes SEP incluem múltiplas linhas de transmissão paralelas, ou múl-
tiplos transformadores em paralelo servindo a mesma carga. No caso de linha de transmissão,
o esquema é aplicado, por exemplo, quando do desligamento automático de uma das linhas de
transmissão paralelas e as remanescentes ficam sobrecarregadas. O SEP identifica condições
de sobrecarga e executa ações corretivas no sentido de se obter o equilíbrio de fluxos de carga
e geração evitando desligamentos em cascata.
Ressalta-se que ações automáticas para alívio de sobrecargas abaixo dos limites de emer-
gência de curta duração, e que poderiam ser mitigadas pela ação de controle de operador, não
são considerados SEP e sim Esquemas de Controle de Emergência – ECE.
a) Corte de carga
Os cortes controlados de carga podem ser necessários para alívio de carregamento de equi-
pamentos evitando desligamentos em cascata, cuja consequência é a perda de um grande bloco
de carga. Desta forma, para minimizar o impacto da perturbação preservando parte das cargas de
uma região é possível selecionar cargas menos críticas para corte (onde são preservadas cargas
de atendimento a hospitais, metrô, etc). Este tipo de ação controlada também agiliza a normali-
zação do sistema, por meio de manobras pré-estabelecidas em instruções de operação.
b) Corte/redução de geração
Estas ações envolvem o comando para desligamento de uma ou mais unidades geradoras.
Este tipo de esquema é usado em todos os tipos de unidades, mas especialmente em unidades
hidráulicas. A ação deste tipo de SEP se dá diretamente sobre os disjuntores associados às
unidades geradoras que fazem parte da fila de máquinas disponibilizadas para corte na usina
ou, dependendo do projeto do SEP, sobre os dispositivos de controle das unidades geradoras
para que seja promovida por estes a ação de redução de potência na usina.
A rejeição de geração pode ser aplicada para melhorar a estabilidade transitória, reduzin-
do o torque de aceleração nas máquinas que permanecem em serviço após uma perturbação,
evitando desta forma a perda de sincronismo entre subsistemas. Nestes casos o tempo de exe-
cução da ação do SEP é bastante crítico.
A rejeição de geração também pode ser usada para reduzir a transferência de energia em
certas partes do sistema de transmissão para resolver problemas de estabilidade de tensão ou
sobrecargas inadmissíveis. O SEP pode ainda atuar de forma a reduzir a potência de saída do
gerador em etapas temporizadas, nesses casos não há criticidade de tempo. Este tipo de aplica-
ção comumente é utilizado para alívio de carregamentos, durante os quais o corte de máquinas
é escalonado até que a sobrecarga monitorada seja mitigada.
c) Rampeamento de HVDC
A aplicação desta ação é utilizada com os mesmos objetivos dos SEP de corte de geração, ou
seja, para fins de evitar instabilidades sistêmicas ou para alívio de sobrecargas inadmissíveis em
equipamentos da rede, porém neste caso a ação do SEP é efetuada sobre o controle do elo de corrente
contínua, para que este inicialize o aumento ou a redução de potência desejado nos polos/bipolos.
Este tipo de ação executada pelos controles dos sistemas de corrente contínua geralmente
é bem rápida, na faixa de 100 ms, podendo inclusive ser aplicadas para SEP com criticidade
de tempo de atuação elevada.
Impacto em subsistemas
Esse tipo de SEP são considerados mais complexos, envolvendo o sensoriamento de múl-
tiplos parâmetros e estados do sistema de energia elétrica. As informações são coletadas lo-
calmente e remotamente, entretanto o dispositivo de tomada de decisão comanda as ações a
partir de um local específico. Os sistemas de comunicação são geralmente necessários tanto
para coletar informações de insumo do SEP quanto para iniciar as ações corretivas remotas. A
recusa de operação deste tipo de SEP tem um impacto significativo em pelo menos um subsis-
tema, composto por mais de um Agente de transmissão e/ou geração.
dados locais e remotos de vários pontos do sistema e podem iniciar ações corretivas em vá-
rios níveis hierárquicos, a partir de informações sincronizadas em tempo real, desde ações
de controle, passando pelas ações preditivas de SEP até ações corretivas compatíveis com as
proteções sistêmicas, todas coordenadas dentro de uma única estrutura. O impacto da recusa
deste tipo de SEP, que faz parte de um amplo esquema de controle e proteção, é significativo
em todo o sistema interligado, ou em uma parte importante do mesmo, podendo inclusive ter
reflexo internacional.
O tipo de classificação apresentada pelo IEEE, considerando o impacto em função da área
de abrangência de implantação do SEP, é mais adequada na aplicação em sistemas com dis-
tribuição de carga e geração mais homogênea. No caso do sistema elétrico brasileiro, no qual
os grandes blocos de geração estão localizados a grandes distâncias dos centros de cargas e
as regiões do País possuem características climáticas, geográficas e socioeconômicas bastante
diferenciadas, refletindo diretamente na distribuição de carga, esse tipo de classificação torna-
-se de difícil aplicação.
Tipo I
São os SEP projetados para reconhecer as contingências previstas dentro dos critérios
de estudos de planejamento da operação evitando condições anormais de operação devido a
ações preditivas. Este tipo de SEP tem como objetivo retornar o sistema a uma condição de
operação estável sem violações. A recusa deste tipo de SEP tem um impacto adverso signi-
ficativo fora do subsistema envolvido, ou seja, podem provocar instabilidades, violações de
limites ou perdas de cargas descontroladas.
Tipo II
São os SEP projetados para reconhecer contingências extremas, baseadas em critérios
especiais mais críticos do que os normalmente utilizados nos estudos de planejamento da ope-
ração, evitando condições anormais de operação por meio de ações preditivas. As ações deste
tipo de SEP nem sempre retornam o sistema a uma condição normal de operação sem viola-
ções, em função da severidade da contingência. A recusa deste tipo de SEP tem um impacto
adverso significativo fora do subsistema envolvido, ou seja, podem provocar instabilidades,
violações de limites ou perdas de cargas descontroladas.
Tipo III
São os SEP cuja operação incorreta ou recusa na operação não resultam em impacto ad-
verso significativo fora da área local, ou seja, do subsistema envolvido.
Este tipo de classificação também é de difícil aplicação no SIN, já que está fortemente
associada às peculiaridades do processo de planejamento e indicação de SEP adotados pelo
NPCC. Também se entende que este critério se aplica com maior facilidade em sistemas com
distribuição homogênea de carga e geração.
O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil, conforme já foi men-
cionado, é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas hi-
drelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional é constituído por
quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. A
figura 5.2.3-1 (ONS, 2020b) ilustra esses subsistemas no mapa do sistema de transmissão do
SIN com horizonte de 2024.
A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, propicia a trans-
ferência de energia entre subsistemas de forma a explorar a diversidade entre os regimes hi-
drológicos das bacias.
Outra característica que reforça a complexidade da operação do SIN é a discrepância de
cargas entre os subsistemas que o compõem. A tabela 5.2.3-1, apresentada no documento de
“Previsões de carga para o Planejamento Anual da Operação Energética 2020/2024” (ONS,
2020e) mostra a distribuição heterogênea de cargas nas regiões do SIN. Sendo a maior con-
centração de carga na região Sudeste/Centro-Oeste e a menor na região Norte.
Tabela 5.2.3-1 – Previsões de carga do SIN – 2020/2024
Carga de energia (MWMédios)
Planejamento anual da operação energética 2020-2024
Subsistema 2020 2021 2022 2023 2024
Norte 6.079 6.301 6.543 6.792 7.027
Nordeste 11.574 12.101 12.630 13.173 13.749
Sudeste/CO 41.060 42.497 44.006 45.578 47.152
Sul 12.112 12.555 13.025 13.500 14.004
SIN 70.825 73.453 76.204 79.013 81.931
Sendo assim, em função do que foi apresentado torna-se essencial utilizar como fator
de ponderação na classificação do impacto do SEP para o SIN, além do montante de carga
interrompido como consequência da sua recusa, a população afetada e o percentual de carga
desligada, discriminando inclusive se a área atingida foi alguma capital de Estado ou consu-
midor industrial. Esta análise torna-se mais completa quando aplicada sobre duas visões: uma
de Estado e outra de Macrorregião (S/SE/CO ou N/NE), pois desta forma é possível avaliar
o impacto e consequentemente a importância do SEP para o Sistema, inclusive com uma per-
cepção socioeconômica.
Atualmente o ONS faz uma avaliação similar com a finalidade de informar aos orgãos
do setor e a população sobre os eventos ocorridos no SIN com interrupção de suprimento de
energia elétrica, classificados de forma a permitir a caracterização adequada da severidade dos
mesmos. Esta análise consta no documento Boletim de Interrupção de Suprimento de Energia
Elétrica no SIN – BISE e o indicador de severidade é o Grau de Impacto das Interrupções de
Energia – GIE.
O GIE é um indicador da gravidade da perturbação, cujo objetivo é mensurar a reper-
cussão e as consequências do evento para os consumidores de energia elétrica. É calculado
a partir do somatório de parâmetros de ponderação atribuídos a cinco fatores (total de carga
interrompida, tempo médio decorrido de interrupção das cargas, horário e dia da semana do
evento, abrangência percentual da área territorial e percentual da população afetada), que va-
riam numa escala de 0,25 a 2,0; em intervalos de 0,25 ponto.
Na tabela 5.2.3-2 são apresentadas as matrizes de cálculo do Grau de Impacto das Inter-
rupções de Energia no SIN (Macrorregiões e Estado), utilizadas para elaboração do BISE,
conforme consta no Manual de Procedimentos da Operação – Módulo 10 – Submódulo 10.22
– RO-AN.BR.04 – Informações e Dados sobre Perturbações (ONS 2019a). Tabela 5.2.3-2 –
Matrizes de cálculo do Grau de Impacto das Interrupções de Energia no SIN
Tabela 5.2.3-2 – Matrizes de cálculo do Grau de Impacto das Interrupções de Energia no SIN
ESTADO
Pontuação
Aspecto
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00
considerado
Carga in-
terrompida
10 < C ≤ 25 < C 40 < C ≤ 50 < C ≤ 60 < C ≤ 70 < C ≤
(MW) C ≤ 10 C > 80
25 ≤ 40 50 60 70 80
% do
Estado
Tempo
0 < T 15 < T ≤ 30 < T 60 < T ≤ 90 < T ≤ 120 < T ≤ 180 < T ≤
médio T > 240
≤ 15 30 ≤ 60 90 120 180 240
(min)
Dia útil
Dia útil Dia útil
Domingo/feriado
06:-
22:00-
00:00 Sábado Dia útil
Período do 08:00
24:00
Sábado
dia Sábado
Sábado
00:00- 08:00- 00:00-
22:00- 08:00- 18:00- 18:00-
08:-18:00
08:00 24:00 08:00
24:00 18:00 22:00 22:00
>30 e <
< 30 da
50 Ca- ≥ 50 da
Capital,
Abrangên- pital, ≥ Capital,
< 30
cia 10 < A ≤ 30 e < ≥ 50 polo 60 < A ≤ 70 < A ≤
A ≤ 10 polo in- A > 80
% do 25 polo in- industrial 70 80
dustrial
Estado dustrial ou 50 <
ou 25 <
ou 40 < A ≤ 60
A < 40
A ≤ 50
População
10 < P ≤ 25 < P 40 < P ≤ 50 < P ≤ 60 < P ≤ 70 < P ≤
% do P ≤ 10 P > 80
25 ≤ 10 50 60 70 80
Estado
MACRORREGIÃO
Pontuação
Aspecto
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00
considerado
Carga
interrompida
5<C≤ 10 < C 20 < C ≤ 40 < C ≤ 60 < C ≤ 70 < C ≤
(MW) C≤5 C > 80
10 ≤ 20 40 60 70 80
% da ma-
crorregião
Tempo
0<T 15 < T ≤ 30 < T 60 < T ≤ 90 < T ≤ 120 < T ≤ 180 < T ≤
médio T > 240
≤ 15 30 ≤ 60 90 120 180 240
(min)
Dia útil Dia útil Dia útil
Domingo/feriado
06:- 22:00-
00:00 Sábado Dia útil
Período 08:00 24:00
Sábado
do dia Sábado Sábado
00:00- 08:00- 00:00- 22:00- 08:00- 18:00- 18:00-
08:-18:00
08:00 24:00 08:00 24:00 18:00 22:00 22:00
Até 50 ≥ 50 da
da Capi- Capital,
Abrangência tal, até ≥ 50 A > 70 das
20 < A ≤ 40 < A ≤ 60 < A ≤
% da ma- A ≤ 5 50 polo polo in- A > 70 duas ma-
40 60 70
crorregião industrial dustrial crorregiões
ou 5 < A ou 10 <
≤ 10 A ≤ 20
População
5 < P ≤ 10 < P 20 < P ≤ 40 < P ≤ 60 < P ≤ 70 < P ≤
% da ma- P≤5 P > 80
10 ≤ 20 40 60 70 80
crorregião
Por meio das tabelas de classificação e de posse do Grau de Impacto das Interrupções
de Energia (GIE), obtêm-se as classificações de acordo com a tabela 5.2.3-3 (ONS, 2019a e
2019b).
Tabela 5.2.3-3 – Classificação por impacto das interrupções de energia no SIN
Estado Macrorregião
Grau de impacto da Grau de impacto da
interrupção de Classificação interrupção de energia Classificação
energia (GIE) (GIE)
Distúrbio extremamente Blecaute extremamente
9,5 < GIE ≤ 10,0 9,5 < GIE ≤ 10,0
grave grave
8,5 < GIE ≤ 9,5 Distúrbio muito grave 8,5 < GIE ≤ 9,5 Blecaute muito grave
7,0 < GIE ≤ 8,5 Distúrbio grave 7,0 < GIE ≤ 8,5 Blecaute grave
Distúrbio de grande Perturbação de grande
5,5 < GIE ≤ 7,0 5,5 < GIE ≤ 7,0
porte porte
Distúrbio de médio Perturbação de médio
4,0 < GIE ≤ 5,5 4,0 < GIE ≤ 5,5
porte porte
Distúrbio de pequeno Perturbação de pequeno
2,5 < GIE ≤ 4,5 4,0 < GIE ≤ 5,5
porte porte
Distúrbio de efeito Perturbação de efeito
GIE ≤ 2,5 GIE ≤ 2,5
restrito restrito
Com base nessas classificações, é atribuída ao SEP a classificação mais grave identificada.
Por exemplo, um SEP de Médio Impacto por Estado(s) e Grande Impacto por Macrorregião é
considerado de Grande Impacto para o SIN, do mesmo modo que um SEP de Grande Impacto
no Estado e com Pequeno Impacto na Macrorregião é considerado de Grande Impacto no SIN.
Conforme foi apresentado, existem formas diferentes de classificação de SEP quanto ao
impacto no sistema, sendo a adequação de aplicação das mesmas depende das características
do sistema aplicado. Todavia, independente da forma como a classificação é realizada, é ela
que norteia os requisitos de implementação do SEP, daí a importância da sua execução na
etapa de estudos de definição do mesmo.
Os sistemas de proteção de uma rede elétrica são essenciais para a sua segurança, logo
o seu desempenho afeta diretamente a sua operação. Como no sistema real é praticamente
impossível evitar condições anormais de operação, pois a rede e os equipamentos elétricos es-
tão sempre sujeitos a falhas ou perturbações que deterioram de alguma maneira as condições
operativas que seriam desejáveis, é necessário que os sistemas de proteção estejam sempre
aptos a operar de forma correta, ou seja identificando e tomando as ações conforme foram
planejados.
Todavia, quando algum problema afeta o sistema de proteção, comprometendo o seu de-
sempenho, este deve ser identificado e corrigido. No entanto, devido à função deste tipo de
sistema o seu desempenho apenas é avaliado na ocorrência de eventos ou condições especí-
ficas, podendo inclusive falhas ocultas estar presentes durante anos sem identificação. Logo,
é de grande relevância a utilização de metodologias de análise de desempenho e o uso de
ferramentas baseadas em dados estatísticos, obtidos nas análises das ocorrências, para a iden-
tificação de problemas e sugestões de possíveis soluções.
Com o uso das ferramentas de estatística e indicadores de desempenho, é possível iden-
tificar problemas nos sistemas de proteção gerados por exemplo em função de práticas não
adequadas de manutenção, falhas intrínsecas à versões de firmware de algum fabricante de
dispositivos de proteção, projetos de engenharia inadequados, obsolescência de linhas de
equipamentos dos sistemas de proteção, dentre outros. Além do gerenciamento dos sistemas
de proteção sob o aspecto de operação, este processo também fornece subsídios para decisões
nas áreas de manutenção, engenharia e planejamento.
No caso dos SEP, esta análise acaba sendo mais ampla do que as realizadas para as pro-
teções de equipamentos do sistema, pois nas proteções de equipamentos as medições e as
ações tomadas são restritas a um único equipamento, enquanto no SEP as mesmas geralmente
envolvem mais de um equipamento do sistema.
Outro ponto importante, e que deve ser considerado na avaliação de desempenho de um
SEP, é que este pode ser constituído de uma ou mais lógicas de processamento, as quais são
compostas por um ou mais estágios. Os estágios, por sua vez, podem estar associados a uma
ou mais ações. Portanto, quando um SEP é solicitado a desempenhar as suas funções, uma ou
mais de suas ações de diferentes estágios e lógicas poderão ser comandadas e, por consequên-
cia, poderão implicar em atuações ou recusas de atuações.
A referida estrutura encontra-se apresentada na figura 5.3-1 (ONS, 2019b), cuja ilustra-
ção exemplifica a solicitação da Lógica de um SEP genérico e comando das ações do seu
Estágio 1, dentre as quais verifica-se uma recusa de atuação (ação “n”). Isto significa que
havia condições suficientes para a execução de todas as ações do estágio acionado (Estágio
1), porém 1 (uma) das ações não foi concluída, o que caracteriza uma recusa de atuação as-
sociada à ação “n”.
Para o evento em questão, considera-se que não houve a necessidade de acionamento dos
demais estágios da Lógica 1, bem como os insumos das demais lógicas não foram suficientes
para que fossem solicitadas. Como efeito, não ocorreu o comando de suas respectivas ações.
O desempenho de um SEP, ou seja, o resultado global das ações comandadas pelas lógicas
solicitadas, que devem cumprir com o objetivo sistêmico para o qual o SEP foi projetado, é
afetado diretamente pelo desempenho de cada uma dessas ações, que podem ter sido corretas,
incorretas ou terem recusado a atuar. Entretanto, independentemente se uma ou mais atuações
incorretas ou recusas de atuação tenham comprometido ou não o desempenho do SEP, as
anormalidades devem ser devidamente apuradas.
Portanto, a análise do comportamento do SEP durante uma perturbação deve contemplar
dois critérios de avaliação: o seu desempenho (resultado global, apurado por perturbação);
e as atuações e recusas de atuação relacionadas às ações (resultado localizado, apurado por
desligamento).
Cabe ainda ressaltar os casos em que o SEP não é solicitado, porém uma ou mais de suas
ações são comandadas inadvertidamente. Neste caso, as atuações apuradas são de caráter
acidental.
Atuação correta
A atuação é considerada correta quando o SEP é solicitado e atua dentro da finalidade
para a qual foi aplicado, com base em grandezas elétricas, atuações de proteção e/ou status de
equipamentos supervisionados, dentro das faixas adequadamente ajustadas, para uma anor-
malidade dentro da sua área de supervisão, em tempo condizente com o previsto.
Atuação incorreta
A atuação é considerada incorreta quando o SEP é solicitado e atua em desacordo com
a finalidade para a qual foi aplicado, com base em grandezas elétricas, atuações de proteção
e/ou status de equipamentos supervisionados. A atuação incorreta é caracterizada pela exis-
tência de anomalias referentes a dados de entrada, processamento de lógica, transmissão de
dados ou comandos de desligamentos de equipamentos (ações), que tenham comprometido o
objetivo do SEP.
Recusa de atuação
É considerada a recusa de atuação quando o SEP é solicitado e deixa de atuar com a fi-
nalidade para a qual foi aplicado, quando existem todas as condições para a atuação satisfei-
tas. A recusa de atuação, a exemplo da atuação incorreta, é caracterizada pela existência de
anomalias referentes a dados de entrada, processamento de lógica, transmissão de dados ou
comandos de desligamentos de equipamentos (ações), que tenham comprometido o objetivo
do SEP. Ressalta-se que, quando a recusa ocorre em função do não acionamento da lógica,
por anomalia em dados de entrada, ou por anormalidade na própria lógica, a recusa deve ser
considerada no equipamento monitorado e não no equipamento que sofre a ação do SEP.
Atuação acidental
A atuação é considerada acidental quando o SEP atua sem ocorrência de distúrbio no sis-
tema elétrico de potência, isto é, sem que seja solicitado por grandezas elétricas, atuações de
proteção ou alteração de status de equipamentos supervisionados. A atuação acidental pode
ser causada, dentre outros fatores, por falhas humanas, anomalias em dispositivos de proteção,
fiação, controle e em transformadores para instrumentos (TP e TC). Observa-se que a taxa
de acidentalidade é calculada por SEP instalado e não pelo número de ações associadas aos
SEP. Considerando este critério, a acidentalidade de um SEP é apurada uma única vez por
perturbação.
b) Quanto ao desempenho
A classificação do desempenho do SEP tem caráter global, ou seja, visa avaliar o resultado
do conjunto de ações de um SEP durante uma perturbação, quando é observado se o efeito
sistêmico para o qual o SEP foi planejado foi mitigado. Pode ser de dois tipos:
Satisfatório
O desempenho é considerado satisfatório quando o SEP atinge seu objetivo, mesmo que
alguma de suas atuações não tenha sido correta, em virtude de anomalias referentes a dados
de entrada, processamento de lógica, transmissão de dados ou comandos de desligamentos de
equipamentos (ações).
Insatisfatório
O desempenho é considerado insatisfatório quando o SEP deixa de atingir seu objetivo em
virtude de atuações incorretas ou recusas de atuação.
Ressalta-se que o desempenho não é medido em caso de atuação acidental do SEP, em
virtude de não ter ocorrido solicitação.
Com base no tipo de atuação para cada uma das ações dos SEP executadas em uma per-
turbação, podem-se efetuar análises estatísticas para verificação da efetividade das atuações
para as quais os SEP foram concebidos. Com estes resultados, são geradas recomendações
para alterações e melhorias dos referidos sistemas.
Em uma perturbação, há a possibilidade de um mesmo SEP registrar mais de uma ação,
dependendo da sua finalidade e da gravidade da perturbação. Além disso, podem-se registrar
atuações de mais de um SEP por perturbação.
A figura 5.4-1 mostra uma estatística das atuações de 197 SEP instalados no SIN, para o
período de 2013 a 2018.
Foram consideradas 651 ações de SEP diversos, para perturbações ocorridas no SIN no
período de análise.
De forma a exemplificar o impacto provocado por uma atuação incorreta de SEP, será
apresentada a seguir uma perturbação de vulto ocorrida no SIN, envolvendo a interligação
Norte-Sudeste/Centro-Oeste, na qual além da recusa de uma lógica do SEP, que é o segundo
nível de proteção, houve também a não atuação da proteção sistêmica de disparo por oscilação
de potência (função 68OST). Como consequência, ocorreu a separação do sistema de forma
não planejada por meio da atuação de proteções de linha, o que agravou a perturbação.
Figura 5.4-3 – Registros de medição fasorial obtidos das PMU instaladas no SIN
as suas características (externa e interna) com velocidade pouco superior ao valor de ajuste
para discriminação de oscilações instáveis e curtos-circuitos (1.000 Ω/s), o que resultou na
sua não atuação.
O mesmo comportamento foi observado nas simulações realizadas na etapa de análise
da perturbação, nas quais as oscilações medidas são ligeiramente superiores a 1.000 Ω/s.
Em face da não sensibilização da proteção de disparo por oscilação de potência (68OST)
da Interligação Sudeste/Nordeste, os subsistemas Norte/Nordeste permaneceram conectados
eletricamente aos subsistemas Sul/Sudeste/Centro-Oeste, porém, fora de sincronismo. Nestas
condições, foram observados severos afundamentos de tensão provocados pela formação do
centro elétrico na região de Bom Jesus da Lapa II. Como consequência, o terminal de Bom
Jesus da Lapa II da LT 500 kV Bom Jesus da Lapa II – Rio das Éguas foi desligado por lógica
de teleproteção, após 1,7 segundo do início da ocorrência (ver figura 5.4-4, obtida de registros
de medição fasorial). Esta abertura resultou na separação efetiva entre os sistemas Norte/Nor-
deste e Sul/Sudeste/Centro-Oeste.
Figura 5.4-4 – Registros de medição fasorial obtidos das PMU instaladas no SIN com detalhe da abertura da interligação
Sudeste-Nordeste
Após a separação dos sistemas, mostrada na figura 5.4-4, em face da rejeição de carga ob-
servada na região da UHE Serra da Mesa, observou-se elevação do perfil de tensão no tronco
de 500 kV, com as tensões estabilizando-se em cerca de 120% nos principais barramentos.
Como consequência, foram desligadas linhas de 500 kV pela atuação de suas proteções de
sobretensão temporizadas, nos trechos entre Serra da Mesa, Gurupi e Miracema.
A severidade da perturbação associada ao fato da LT 500 kV Serra da Mesa-Serra da Mesa
II estar aberta, o que diminui a efetividade da UHE Serra da Mesa no controle das sobretensões,
resultou na atuação de proteções de sobretensão no trecho Serra da Mesa II-Luziânia-Paracatu
4, com consequente separação das usinas de Lajeado e Peixe Angical do restante do SIN, cer-
ca de quatro segundos após o início da perturbação.
Com a abertura das interligações Norte/Sudeste e Sudeste/Nordeste, o sistema Norte/Nor-
deste (que se encontrava exportador) experimentou ligeira sobrefrequência de 60,97 Hz, com
o corte de unidades geradoras nas UHE Tucuruí e UHE Estreito, sem prejuízos para esse
sistema. Já o sistema Sul/Sudeste/Centro-Oeste (que se encontrava importador), sofreu queda
em sua frequência elétrica até o valor de atuação do 1º estágio do Esquema Regional de Alívio
de Carga – ERAC (58,5 Hz) nessas regiões, tendo a frequência atingido o valor de 58,48 Hz.
Após a atuação do 1º estágio do ERAC, observou-se a imediata recuperação da frequência
elétrica nos sistemas Sul/Sudeste/Centro-Oeste que estabilizou em 59,7 Hz após a atuação da
regulação primária nas unidades geradoras localizadas nestas regiões.
Na hipótese de que o SEP da Interligação Norte-Sudeste tivesse aberto a Interligação
Sudeste-Nordeste e não tivesse comandado a abertura da LT 500 kV Serra da Mesa-Serra da
Mesa II, nas condições de fluxo na Interligação e configuração observadas na perturbação,
seria verificado o isolamento da usina de Lajeado como resultado do desligamento de linhas
de 500 kV por atuação de suas proteções de sobretensão, permanecendo em operação a UHE
Peixe Angical, com consequências similares àquelas observadas na perturbação para as regi-
ões Sul/Sudeste/Centro-Oeste.
Para projetar os SEP são necessários estudos específicos do sistema que permitam iden-
tificar o conjunto de cenários operativos e de contingências que resultem em violações ou
anormalidades no sistema. Em seguida, é necessário identificar quais parâmetros e dados da
rede são necessários para identificar tais condições operativas e contingências selecionadas,
sendo o terceiro passo, a definição das ações eficazes para o contorno do problema. Para isso,
alguns pontos devem ser considerados:
que “ingredientes” diferentes geram soluções distintas que devem atingir o mesmo objetivo,
que é a mitigação do problema sistêmico.
Entretanto vale ressaltar que estes requisitos geralmente estão associados à dinâmica do
fenômeno a ser evitado e ao impacto do SEP no SIN, que deve ser identificado e classificado
considerando a consequência da sua recusa, a partir do montante de carga que será interrom-
pido, região, população, etc., considerando que quanto mais importante o SEP maior o nível
de confiabilidade exigido. Esta metodologia de classificação do SEP quanto ao impacto foi
apresentada no item 5.2 deste livro.
Concluída a etapa de estudos, é iniciada a etapa de definição do projeto básico do SEP, que
consiste na elaboração de diagramas unifilares, diagramas lógicos e fluxogramas.
Nessa etapa, é realizada uma verificação mais criteriosa sobre a viabilidade técnica das so-
luções, sendo analisado, em conjunto com os agentes proprietários das instalações envolvidas,
os seguintes pontos: as funções de proteção necessárias; as condições de sensibilização; os
requisitos de tempo de atuação, e os requisitos de confiabilidade e de redundância, que devem
estar compatíveis com o seu objetivo e a sua classificação de impacto no sistema.
Os estudos elétricos definem os requisitos funcionais dos SEP, indicando “o que deve ser
feito” no sistema para se evitar a propagação do distúrbio. Nessa etapa é indicado o que deve
ser identificado e as ações que devem ser tomadas. Com base nessas informações é elabora-
do o projeto básico do SEP que indica “o como fazer”, perseguindo níveis de confiabilidade
elevados condizentes com a sua importância para o SIN. Logo, para se obter esses níveis de
confiabilidade, requisitos técnicos devem ser atendidos para a implementação deste SEP.
Com base em requisitos técnicos, os SEP devem ser planejados possibilitando possíveis
ampliações e adequações de acordo com a expansão da rede, quando a interoperação entre fa-
bricantes passa a ser um requisito importante. Também deve ser considerada a necessidade de
uma comunicação eficaz e segura entre as suas partes físicas e virtuais, inclusive previsibilida-
des de interação com ferramentas e estruturas mais amplas envolvendo monitoramento e con-
trole. Devem prover facilidades para que sejam testados e relatem o seu próprio desempenho.
A seguir serão apresentados os principais requisitos que devem ser aplicados na imple-
mentação de SEP:
a) Requisitos de comunicação
Para os tipos de SEP que necessitam trocar informações ou tomar ações remotas, os re-
quisitos de comunicação são fundamentais para o seu desempenho e consequentemente para
a confiabilidade do sistema. Os dispositivos de comunicação geralmente são necessários para
enviar e receber status e/ou medições analógicas.
Há algum tempo, a comunicação dos sistemas de proteção era feita por canais de comuni-
cação ponto a ponto independentes (fios piloto, sistemas de micro-ondas etc.), na maioria dos
casos, usando canais seriais. Estes trazem algumas características interessantes, como contro-
le mais fácil do tráfego da comunicação e um nível adequado de segurança.
Entretanto, nos últimos anos a comunicação aplicada a sistemas elétricos de potência so-
freu uma grande evolução, não apenas em função do avanço da tecnologia dos equipamentos
dedicados à comunicação, mas principalmente pela disseminação de linhas de transmissão
com cabos para-raios com núcleo de fibra óptica, denominados cabos OPGW (Optical Ground
Wire), que permitem transmitir dados em grande quantidade, alta velocidade e imune a ruídos.
Esse avanço traz inúmeras vantagens, permitindo inclusive a implementação de esquemas de
monitoramento, controle e proteção cada vez mais abrangentes e complexos, mas também imputam
novas questões que podem afetar a confiabilidade desses sistemas e que devem ser bem avaliadas.
Dentre essas questões está a oferta, dentro das novas tecnologias, de grandes larguras de
bandas viabilizando tecnicamente o compartilhamento desse recurso entre funções de comu-
nicação, supervisão e sistemas de proteção, além de facilitar a disseminação da aplicação de
canais roteados em proteção de sistemas de potência.
Estas opções são tecnicamente viáveis de serem utilizadas, porém não estão alinhadas com
os requisitos usualmente aplicados, nos quais funções de proteção, inclusive de SEP, integra-
das em equipamentos de telecomunicações devem ter interfaces dedicadas e independentes.
Estes requisitos se justificam uma vez que as funcionalidades desses sistemas exigem pro-
cedimentos de manutenção e índices de disponibilidade mais rigorosos quando comparados
aos sistemas de comunicação e supervisão. No entanto, se após uma análise de viabilidade
técnica e/ou de otimização de recursos, a opção seja pela utilização de canais roteados para
a implementação do SEP, deve ser prevista uma largura de banda suficiente para atender às
restrições de tempo de comunicação, além de sistemas de monitoramento ativo e supervisão
para garantir a qualidade do serviço, que deverá apresentar índices de confiabilidade iguais ou
superiores aos tradicionalmente obtidos nos canais dedicados.
É recomendável que o monitoramento ativo das redes de comunicação associado ao SEP
possa supervisionar e diagnosticar modos de falha, em tempo real, como por exemplo:
• Perda de integridade das mensagens;
• Ausência de mensagens previstas;
• Ausência de sinais de sincronismo;
• Presença de mensagens não previstas;
• Intervalos anormais entre mensagens previstas;
• Tempo anormal de propagação (latência) para mensagens previstas;
• Assimetria e variação excessiva (jitter) nos tempos de propagação de mensagens
previstas.
b) Latência
O tempo total de atuação do SEP é fortemente influenciado pelas redes de comunicação,
mas o tempo de processamento dos dispositivos de proteção que integram o SEP também deve
ser contabilizado. Outro ponto é que, para alguma infraestrutura de comunicação, a latência
do canal pode ser variável. Como um exemplo, em redes configuradas em anel ou redes em
malha nas quais a comutação devido a falhas de caminho pode ocorrer, os atrasos dependerão
da configuração da rede e podem ser maiores que o esperado.
Portanto, é importante que seja avaliado o tempo de latência total do SEP, que deve aten-
der aos requisitos de tempo de atuação definidos nos estudos para sua definição. Geralmente
os SEP associados a fenômenos de estabilidade sistêmica exigem tempos de latência totais na
faixa de 150 ms, enquanto SEP associados a sobrecarga têm tempos maiores, já que as ações
são tomadas na ordem de segundos.
c) Interoperabilidade
Como a implementação de SEP agrega geralmente diversos agentes de transmissão, de
geração ou de distribuição, envolvendo equipamentos e contratos com vários fabricantes, a
integração desses dispositivos para a composição das diversas funções do SEP seria uma ta-
refa extremamente complexa. Outro ponto que deve ser considerado, é que o SEP deve estar
em constante evolução acompanhando a expansão do SIN, demandando a integração de novos
agentes, e possivelmente novos fabricantes.
Logo, o requisito de interoperabilidade trouxe, além da facilidade de interligação de dis-
positivos e sistemas de fornecedores diferentes, a garantia da possibilidade de expansão da
instalação, integrando os novos recursos às soluções existentes.
Para permitir expansões futuras e integração com os sistemas existentes, requer-se que as
novas expansões utilizem sistemas interoperáveis. A interoperabilidade inclui a utilização de
protocolos idênticos, abertos, padronizados e configurados de forma compatível, que garan-
tam a comunicação com os sistemas atuais e futuros.
Esses requisitos são plenamente atendidos quando da utilização do padrão IEC61850, que
é um modelo de dados padronizado totalmente focado nos conceitos de orientação a objetos.
Para isso, emprega funções e atributos de dispositivos físicos (IED) encontrados em uma su-
bestação ou usina.
d) Redundância
Assim, como princípio norteador de confiabilidade, recomenda-se que os sistemas de
proteção sejam imunes a falhas simples em qualquer dispositivo ou função, equivalente ao
critério n-1 utilizado tradicionalmente no planejamento de sistemas elétricos. Este princípio
garante também a facilidade de intervenção para manutenção. Para isto, os SEP devem ser
totalmente redundantes e independentes, em hardware e software, e idênticos nas funções
desempenhadas. A redundância em hardware pode ser obtida pela duplicação física de dispo-
sitivos, sistemas de comunicação, alimentação auxiliar, sincronismo de tempo e demais aces-
sórios, evitando a ocorrência de falha física comum a mais de um dispositivo. A redundância
em software implica na utilização de unidades de processamento (CPU – Central Processing
Unit) independentes.
É facilmente perceptível que a redundância simples é uma alternativa para melhorar a
confiabilidade, mas não é a única. Esquemas mais sofisticados são possíveis, como votar entre
três sistemas independentes.
Os esquemas de votação normalmente consistem em três dispositivos principais, podendo
ser inclusive de fabricantes diferentes, que recebem as mesmas entradas analógicas e digitais de
fontes diferentes, nos quais dois ou três destes devem concordar em iniciar qualquer ação do SEP.
A lógica de decisão de um SEP por sistema de votação é exemplificada na figura 5.6-1.
• Intervalos de tempo entre as atuações de cada etapa (temporizadores) – deve ser defi-
nido considerando a relação drop-out/pick-up dos dispositivos sensores, para a correta
coordenação dos estágios.
Outro ponto que deve ser considerado na etapa de implementação de um SEP é a apli-
cação de lógica de validação de medida das grandezas analógicas, de forma a discriminar a
perda de medida da medição “zero”. Com a utilização desta lógica, é possível que, em caso de
perda de valor medido ou medida inválida, sejam utilizados valores pré-definidos por estudo
para ativação das lógicas do SEP. Este procedimento garante a atuação do SEP mesmo em
caso de perda de medidas, porém de forma mais conservativa, evitando sua indisponibilidade
até que medidas corretivas sejam tomadas.
Ainda com relação às medidas de grandezas analógicas, é importante para o correto fun-
cionamento do SEP a verificação dos tempos de atualização dessas medidas, que devem refle-
tir para o SEP os valores pré-evento atualizados em tempo adequado, permitindo o processa-
mento das lógicas e as tomadas de ações.
A identificação das contingências ou alterações de topologias necessárias para a imple-
mentação de um SEP, é realizada pela verificação da desconexão de equipamentos. Uma for-
ma segura de garantir a identificação de equipamentos desligados é com a utilização das in-
formações advindas de contatos auxiliares de seccionadoras e disjuntores. Todavia, para que
problemas oriundos destes contatos não interfiram na validade da identificação, estes devem
compor uma lógica de verificação de discrepâncias de informações. Um exemplo de lógica de
verificação de discrepância de informações de estado de seccionadoras e disjuntores é mostra-
do na figura 5.6-2 (ONS, 2014a).
S7
S5 S5 Seccionadora
S5
1 0 Aberta
S1 S2 S3 S4 S5 S6 0 1 Fechada
0 0 Discrepância
(alarme)
1 1 Discrepância
(alarme)
S5 S5
Seccionadora S5 Discrepância
S5 E Aberta S5 E (alarme)
S5 S5
Seccionadora S5 Discrepância
S5 E Fechada S5 E (alarme)
A figura 5.6-3 (ONS, 2014a) apresenta uma lógica de identificação de linha aberta, para
um barramento de configuração disjuntor e meio.
Ressalta-se que nas subestações com poucos vãos, as lógicas de linha aberta devem con-
templar a perda de outros circuitos da subestação para considerar a sua influência no estado
do circuito em análise.
Outro requisito que agrega segurança ao SEP é a identificação de linha aberta realizada em
ambos os terminais, de forma redundante, pois desta forma é garantida a identificação correta
da abertura da linha, mesmo quando apenas um dos seus terminais foi aberto. A figura 5.6-4
(ONS, 2014a) exemplifica esta forma de implementação. No caso em que se opte por uma im-
plementação mais simples, com aplicação local, deve-se utilizar outro recurso para identificar
a abertura da linha no terminal remoto, como por exemplo, um sensor de subcorrente ajustado
acima da corrente de carga natural da linha (line charge) e abaixo da corrente de carregamento
mínimo da linha.
f) Opções de arquiteturas
Após a análise dos requisitos funcionais, durante a qual são definidas as entradas e saídas
digitais e analógicas dos dispositivos, os requisitos de comunicação e as especificações téc-
nicas do dispositivo de tomada de decisão (dispositivo Mestre) do sistema, a etapa final do
processo de implementação do SEP é o desenvolvimento da arquitetura física.
O desenho de arquitetura física leva em consideração os requisitos técnicos do SEP e
mostra o número de dispositivos necessários por instalação, os requisitos de entradas e saídas,
a redundância de canais de comunicação, a redundância e localização do dispositivo Mestre
e dos dispositivos escravos, a sincronização de tempo, as instalações de interface homem/
máquina (IHM), etc.
As arquiteturas físicas são definidas após a identificação da necessidade de obtenção de
insumos e ações locais ou remotas, configurando: um SEP de implementação local ou um SEP
de implementação distribuída que cobre um subsistema.
Para o SEP de implementação local, todos os dispositivos de detecção, tomada de decisão
e controle estão tipicamente localizados em uma subestação.
Os SEP de implementação distribuída são mais complexos e envolvem a detecção de
vários parâmetros e estados do sistema. As informações podem ser coletadas localmente e
em locais remotos. As funções de tomada de decisão e lógica são executadas em um local.
Nesse caso, são necessários recursos de comunicação para coletar informações e iniciar ações
remotas.
A figura 5.6-5 exemplifica esse tipo de arquitetura plana, onde na parte central encontra-
-se o dispositivo Mestre (ou Master), responsável pelas operações do SEP, se comunicando
com os demais dispositivos escravos, responsáveis pela obtenção dos insumos e execução das
ações definidas pelo Mestre (ou Master).
g) Independência
Conforme já mencionado, a independência entre os SEP redundantes é fundamental para
o atendimento de níveis elevados de confiabilidade.
Outro requisito técnico que agrega confiabilidade na implementação dos SEP é a indepen-
dência obtida por meio da separação dos seus dispositivos dos dispositivos de proteção e con-
trole tradicionais. Este tipo de requisito já é tradicionalmente aplicado na especificação dos
sistemas de proteção de equipamentos. Desta forma, as justificativas dessa separação incluem:
• Diferentes necessidades de manutenção e operação, já que os dois sistemas possuem
funcionalidades diferentes. Com relação à operação, por exemplo, os SEP podem ser
habilitados ou desabilitados em função da condição de operação do sistema. Com rela-
ção à manutenção, como os referidos sistemas de proteção são avaliados por requisitos
de desempenhos distintos, consequentemente, não terão as mesmas necessidades nem
periodicidades.
• Diferentes tempos de ação quando de falha nos dois tipos de dispositivos, visto que
dependendo da condição operativa do sistema elétrico, o SEP pode ficar indisponível
para a operação sem grandes consequências, enquanto no caso de indisponibilidade de
um sistema de proteção o equipamento associado fica indisponível para a operação.
• Necessidade de diferentes funções de proteção e faixas de ajustes, visto que SEP e sis-
temas de proteção de equipamentos detectam anormalidades completamente distintas
no sistema, para as quais os ajustes das grandezas elétricas observadas podem estar em
faixas de atuação bem distintas, inclusive com outras exigências de classes de exatidão
dos sensores.
• Alterações de ajustes e configuração do dispositivo podem impactar em outros esque-
mas. Ou seja, no caso de dispositivos compartilhados por SEP e proteção de equipa-
mento, quando da necessidade de reprogramação de lógicas ou revisão de ajustes em
um desses sistemas, falhas ocultas podem ser imputadas ao outro de forma inadvertida.
h) Supervisão
Considerando que o SEP é um sistema de proteção com ação sistêmica, este deve ser su-
pervisionado tanto pelo Centro de Controle local do agente quanto pelo Operador do Sistema
Elétrico Nacional. Logo devem ser previstos links de comunicação para estes Centros quando
do projeto de implementação.
As seguintes informações podem ser supervisionadas:
• Estado da rede de comunicação
• Estado dos dispositivos
• Estado das lógicas de controle
• Atuações do SEP
• Sequência de eventos (SOE)
• Grandezas analógicas e digitais
• Registros de atuação
O sistema de supervisão pode ser ainda utilizado como ferramenta para efetuar uma rea-
valiação e modernização dos SEP que estejam em final de vida útil ou obsoletos.
i) Documentação
A eficácia em longo prazo de um projeto de SEP depende de quão bem ele é entendido pe-
las equipes de operação e manutenção envolvidas. A documentação adequada do SEP permite
que sua funcionalidade seja facilmente assimilada por qualquer pessoa.
As informações contidas na documentação do SEP deverão permitir a completa operação,
configuração, instalação, teste, expansão, manutenção e desenvolvimento de novas aplicações
do mesmo.
Os requisitos técnicos destacados nos itens acima têm o objetivo de agregar a maior con-
fiabilidade possível aos SEP sem considerar os custos envolvidos.
Torna-se necessária, portanto, uma análise econômica da implementação do SEP, uma
vez que, na medida em que se aumenta a confiabilidade, os custos imputados por sua falha
tendem a ser menores, porém, decidindo-se por um nível menor de investimento, quando se
aplicam índices de confiabilidade menores, os custos imputados pela falha do SEP serão ex-
tremamente maiores. Desta forma, o ponto ótimo desses fatores, que corresponde ao menor
custo total para o sistema, deve ser buscado. A figura 5.6-7 (Andrade, 2007) exemplifica esse
ponto ótimo em uma curva de confiabilidade.
Sendo assim, o custo do SEP deve ser ponderado à luz de seu impacto na confiabilidade
do sistema de energia elétrica.
Outro aspecto importante, é que os grandes SEP, cuja recusa ou falha provocam gran-
des impactos sistêmicos, também permitem maior exploração dos sistemas de transmissão
de energia, permitindo desta forma uma operação eletroenergética otimizada refletindo em
menores tarifas de energia elétrica. Assim, o interesse por um SEP com alta confiabilidade e
disponibilidade operativa, justifica o investimento.
Por outro lado, SEP de menores impactos sistêmicos, cuja recusa, falha ou indisponibi-
lidade não traga grandes prejuízos para os sistemas podem não justificar o investimento ne-
cessário para se atingir níveis máximos de confiabilidade. Nestes casos, pode-se flexibilizar
alguns requisitos.
A tabela 5.6-1 mostra uma sugestão de requisitos que podem ser flexibilizados dependen-
do da classificação do SEP pelo impacto causado ao SIN pela sua recusa. As marcações em
preto indicam os requisitos desejáveis. Em cinza, os requisitos que podem ser flexibilizados.
Tabela 5.6-1 – Requisitos de SEP
SEP quanto ao impacto
Requisitos
Grande Médio Pequeno
Baixa taxa de erro
Baixa latência
Alta disponibilidade
Comunicação
Alta segurança
Determinístico
Monitoramento ativo de rede
Latência * * *
Interoperabilidade
Dispositivos
Fonte de alimentação e acessórios
Redundância
Redes de Comunicação
Sistema de Voto
Lógica de Linha aberta com redundância de terminal
Identificação de Equipamento desligado por Conta-
Sensores/ iden- tos auxiliares DJ/SC com Lógica de Verificação de
tificadores Discrepâncias
Medidas Analógicas com Lógica de Validação de
Medida
Arquitetura: Local, plana ou hierárquica * * *
Independência de outros sistemas de proteção
Estado da rede
Supervisão Estado dos dispositivos
Nível local/ Cen-
Estado das lógicas, dados digitais e analógicos
tro de Operação
SOE e registros
do SIN
Atuação
Documentação
Vale ressaltar que essa análise é genérica e que há casos específicos nos quais a não atu-
ação ou falha do SEP, embora não tenha grande impacto na segurança do sistema elétrico,
pode imputar alto risco de dano ao equipamento e/ou risco de vida. Esse caso pode ser exem-
plificado pelos SEP com objetivo de evitar configurações operativas proibitivas, que podem
provocar o fenômeno de autoexcitação em usinas, sendo de grande importância nessa situação
um alto nível de confiabilidade do SEP.
Outra análise importante para se definir o requisito de implementação relaciona-se ainda
ao aumento da confiabilidade, porém não mais sob o aspecto da dependabilidade e sim da
segurança do SEP, ou seja, a análise da consequência para o sistema de uma atuação incorreta
ou acidental desse SEP, quando o mesmo não deveria ter tomado a decisão de atuar. Nesse
caso, se a consequência tiver um grande impacto no sistema elétrico, deve ser considerado um
maior custo para a aplicação de um sistema de voto, com decisão de dois em três.
Como todo e qualquer dispositivo de proteção e controle, os SEP podem, quando solicita-
dos a operar, apresentar uma atuação correta, incorreta ou uma recusa de operação. Há ainda
os casos de atuação acidental, caracterizada quando o SEP atua quando da ocorrência de even-
tos que não dizem respeito ao mesmo ou, até mesmo, sem a ocorrência de eventos.
Assim sendo, é importante que todo o cuidado seja tomado de forma que a confiabilidade
dos SEP seja a maior possível, face às consequências para o SIN de sua atuação incorreta,
acidental, ou recusa de atuação.
Mesmo que a estatística de atuação dos SEP apresente resultados considerados, do ponto
de vista puramente técnico, como satisfatórios, a ocorrência de falhas na atuação dos mesmos,
até em número reduzido de casos, pode trazer problemas, acarretando blecautes no SIN ou
interrupção de elevados montantes de carga envolvendo capitais de estados.
Trabalhar no sentido de assegurar o desempenho correto e adequado dos SEP é uma tarefa
a ser perseguida continuamente, desde a fase de concepção, passando pela sua implantação,
comissionamento, operação e manutenção com realização de testes periódicos, bem como nas
atualizações de suas lógicas.
O sucesso final da solução de implementação de um SEP depende de um plano de teste
adequado, que deve incluir testes de laboratório, testes de campo, validação de estudos e testes
periódicos automáticos e manuais.
Os testes de laboratório são projetados para validar o esquema geral do SEP em um am-
biente controlado. Estes permitem entradas controladas de várias fontes, com verificações
frequentes da saída em todas as etapas do processo de teste. Os testes de laboratório garantem
que os requisitos funcionais especificados sejam comprovados nesse ambiente, antecipan-
do verificações que se fossem realizadas no campo seriam mais caras e demoradas. Assim,
por exemplo, em um teste de laboratório pode ser verificada a lógica de programação, as
aos SEP que utilizam tecnologias antigas, deve ser considerada a possibilidade de o
seu desempenho ser alterado ao longo do tempo, requerendo a realização de testes
periódicos para assegurar que os mesmos irão operar corretamente quando solicitados.
Para SEP mais complexos que envolvem uma ampla área de atuação, uma consideração
importante, de forma a evitar riscos conforme relatado, é a implantação de uma plataforma de
testes automatizados. Nessas plataformas, os casos de teste podem ser preparados com base na
aplicação pretendida do esquema, devendo incluir meios para facilitar a atualização de estu-
dos de caso conforme as condições do sistema mudem. Estas plataformas devem ser compos-
tas por dispositivos idênticos aos implementados em campo de forma a reproduzir o SEP na
forma mais fidedigna possível. Também deve compor essa plataforma recursos de simulação
de sistema de potência (RTDS, OPAL, caixas de testes microprocessadas, etc.).
Ao longo dos anos, a evolução tecnológica permitiu a implementação de SEP com ações
mais otimizadas e mais abrangentes. Essa evolução será abordada a seguir, quando será apre-
sentado, como exemplo, um breve relato da modernização de um importante SEP do SIN,
além de novas soluções tecnológicas em desenvolvimento nessa área.
que deveria ter entrado em operação junto com a última unidade do setor de 60 Hz (1991),
mas sofreu sucessivos adiamentos, sendo que nesta configuração, a maximização dos limites
de transmissão de potência, resguardando a segurança operativa do sistema e dos equipamen-
tos envolvidos foram propiciados pelo Sistema Especial de Proteção implementado.
Este SEP, em sua primeira configuração, ficou em operação no período de março de 1989
a agosto de 1992, e dependia da ação de operadores para colocá-lo ou não em operação, em
função de condições operativas. Este SEP foi fundamental para garantir valores elevados de
geração de Itaipu 60 Hz e fluxo para o sistema Sudeste pelas linhas de transmissão em 765 kV,
com índices de confiabilidade superiores àqueles obtidos com geração e fluxo limitados, para
evitar a perda do circuito remanescente por oscilação, quando da saída de uma das linhas de
transmissão em 765 kV. Desta forma o SEP permitiu maior flexibilidade para o planejamento
energético da operação do sistema.
O referido SEP fazia a identificação de perda de linhas de transmissão por meio de uma
combinação de contatos auxiliares de disjuntores de 765 kV nas subestações de Tijuco Preto,
Itaberá, Ivaiporã e Foz de Iguaçu. Para identificação de sobrecarga, os relés de sobrecarga dos
transformadores foram utilizados com atraso em 3 segundos. Por meio de chaves de manobra
acionadas pelos operadores, o SEP era ativado de acordo com a topologia do sistema de 765
kV, o montante de geração na UHE Itaipu e a condição de fluxo de energia entre as regiões Sul
e Sudeste, totalizando mais de 60 condições a serem observadas.
Apesar de o SEP ter sido operado adequadamente, evitando maiores consequências para
o sistema interconectado, ocorreram desconexões acidentais excessivas, devido à seleção ina-
dequada de manobras realizadas pelos operadores que ligavam ou desligavam as chaves do
SEP. Como consequência deste fato, foi desenvolvido uma nova configuração para este SEP
utilizando Controladores Lógicos Programáveis (CLP), com o objetivo principal de minimi-
zar a intervenção humana na operação do esquema, otimizando as ações de corte de geração
na UHE Itaipu e reduzindo as restrições de operação devido ao SEP antigo.
Os CLP monitoram as grandezas digitais e analógicas necessárias para identificação das
condições do sistema e em função das grandezas monitoradas e das contingências em si, per-
mitem que o SEP tome a decisão do que fazer de forma segura e confiável.
Esta nova configuração do SEP do Sistema em 765 kV, que é gerenciado por Controla-
dores Lógicos Programáveis (CLP), constitui-se por várias ações de proteção denominadas
de lógicas, as quais tem por propósito minimizar os efeitos das contingências em linhas e/ou
transformadores do Sistema em 765 kV, além de também evitar condições operativas críticas.
Os CLP, ao identificarem a condição de contingência e de posse dos parâmetros operativos
monitorados (fluxos, período de carga, número de máquinas em Itaipu 60 Hz, etc.), ativam as
lógicas que comandam os desligamentos de unidades geradoras previamente selecionadas na
UHE Itaipu 60 Hz, linhas de transmissão ou reatores do sistema em 765 kV.
Em dezembro de 1996 esse esquema contava com 11 lógicas, e ao longo dos anos, com
a entrada do terceiro circuito desta interligação, de unidades geradoras na UHE Itaipu e da
Contudo, para que essa nova realidade se torne possível permitindo um fluxo bidirecional
de energia elétrica e informação, de forma segura e confiável, são necessárias novas tecno-
logias, melhorias em infraestrutura, além de mudanças nas estruturas de mercado e políticas
públicas.
A modernização do sistema de energia elétrica deve abranger a aplicação de tecnologias
inteligentes, dispositivos de nova geração com proteções de segurança cibernética, novas mo-
delagens de rede e aplicativos avançados de sistema, tudo isto agregado por arquiteturas ino-
vadoras de sistemas de controle.
Em suma, pode-se se dizer que atualmente já existem cinco tendências principais que im-
pulsionam essa transformação:
Nesse contexto, a concepção e implementação de novos SEP terão que considerar estes
desafios, para que sejam implementados de forma robusta, confiável e adequados às condições
do sistema.
Para isso, as novas tecnologias nas subestações e os esforços crescentes de padronização
entre os dispositivos farão com que as arquiteturas baseadas no padrão IEC 61850 desempe-
nhem um papel fundamental na implementação de SEP mais inteligentes. O padrão IEC 61850
permite uma integração mais próxima entre os sistemas de automação, controle, proteção e
monitoramento das instalações. Além das novas tecnologias de automação local, as extensões
recentes do padrão (IEC 61850-90-1 - Comunicação entre subestações) abordam especifica-
mente aplicações de SEP, abrindo novas possibilidades de comunicação entre subestações.
Com isto, deverá ocorrer uma mudança significativa na concepção dos SEP, migrando da
utilização de informações limitadas e com ações locais, ou em áreas restritas, para um ambien-
te abrangente de informações com ações globais, porém seletivas, integrando redes mais inte-
ligentes. Isso tudo se torna possível com a capacidade de processamento de dados aprimorada,
novos protocolos padrão e melhor infraestrutura de comunicação (mais rápida e confiável).
A evolução do SEP está intrinsecamente ligada à aplicação de novas tecnologias, assim
como a implementação das redes elétricas inteligentes (Smart Grids). O termo rede elétrica
inteligente (Smart Grid) refere-se a um sistema de energia elétrica que se utiliza da tecnologia
da informação para fazer com que o sistema seja mais eficiente (econômica e energeticamen-
te), confiável e sustentável.
Mesmo que o sistema se torne uma rede inteligente (Smart Grid) a implementação de SEP
continuará a ser necessária, uma vez que sempre haverá condições previstas no sistema para
as quais se requer ações para garantia de uma operação segura do SIN.
pelo caminho que as informações têm que percorrer da origem até o destino. Quando os dados
chegam à camada de Rede, os endereços de origem e destino contidos em cada quadro (frame)
são examinados para determinar se os dados chegaram ao seu destino. Caso seja verdade, essa
camada 3 formata os dados em pacotes entregues até a camada 4 (Transporte). O IP permite o
roteamento de pacotes de dados (pacotes IP) entre diferentes redes a qualquer distância.
O roteador converte a mensagem GOOSE em um pacote IP roteável enviando-a para o
endereço de destino, tomando sempre cuidado na configuração da rede de forma que a rota
mais curta seja utilizada para mensagens de tempo crítico, como sinalizações de teleproteção.
Este roteador deve ter um firewall visando desta forma isolar a rede interna da subestação de
ataques provenientes do exterior, via WAN.
Desta forma, na camada 3 não há tráfego de mensagens GOOSE, e sim de R-GOOSE ou
GOOSE Roteável, com requisitos de segurança, endereço IP e transporte.
Na camada de transporte podem ser utilizados dois tipos de protocolos, o UDP (User Da-
tagram Protocol) e o TCP (Transmission Control Protocol). Enquanto o TCP é um protocolo
orientado a conexão que requer primeiro estabelecer comunicações entre um cliente e um
servidor, o UDP é sem conexão, o que o torna mais adequado para comunicações R-GOOSE.
O tráfego de rede UDP é organizado na forma de datagramas. Um datagrama compreende
uma unidade de mensagem. Os primeiros oito (8) bytes de um datagrama contêm informações
de cabeçalho e os bytes restantes contêm dados de mensagens. Um cabeçalho de datagrama
UDP consiste em quatro (4) campos de dois bytes cada:
• Número da porta de origem;
• Número da porta de destino;
• Tamanho do datagrama;
• Soma de verificação.
Além disso, R-GOOSE traz benefícios significativos para aplicações em longas distân-
cias. Os recursos de segurança cibernética definidos no padrão IEC 61850 90-5 e IEC 62351
fornecem um alto nível de segurança, que é um requisito fundamental para um SEP entre áreas
ou entre subestações.
O R-GOOSE pode ser usado em SEP de forma a comunicar mudanças de estado dos com-
ponentes do sistema que tenham impacto na estabilidade do mesmo. Também pode ser usado
por SEP para mandar mensagens R-GOOSE para componentes do sistema que normalmente
são usados para realizar determinadas ações, como rejeição de carga e/ou de geração.
Mensagens R-GOOSE desempenham um papel fundamental em esquemas de rejeição de
cargas e/ou geração. Eles podem ser usados para:
• Fornecerem informações sobre as mudanças no carregamento do sistema que podem
ser usadas para definir onde enviar os comandos de rejeição de carga e/ou geração, no
caso de uma perturbação em grandes áreas;
• Fornecerem informações sobre a mudança de estado dos componentes do sistema elé-
trico tais como linhas de transmissão ou transformadores de potência que possam
desencadear o disparo de um esquema de rejeição de carga e/ou geração;
• Executarem a rejeição de carga entre as diferentes camadas de um sistema hierárquico
de proteção de uma grande área.
Como mostrado na figura 5.8.1-2 (Alves e Torres, 2018), as mensagens R-GOOSE podem
ser usadas tanto em comunicações verticais (entre os diferentes níveis da hierarquia) como
em comunicações horizontais (entre os componentes do SEP no mesmo nível de hierarquia).
As comunicações são bidirecionais, desde que elas sejam usadas numa via para fornecer
informações ao SEP sobre o estado da rede elétrica de potência, e em outra via para mandar
informações do SEP para executar uma ordem de rejeição de carga e/ou geração.
Como exemplo do uso desta tecnologia, o estágio final de execução de um esquema de
rejeição de carga de uma subestação pode ser efetuado utilizando uma combinação de men-
sagens R-GOOSE e GOOSE em um sistema centralizado de rejeição de carga e/ou geração.
Também pode ser usado em subestações quando é executado como resultado da operação de
um SEP como mostrado na figura 5.8.1-3 (Alves e Torres, 2018) (Marques, s.d.).
No caso de um distúrbio envolvendo uma grande área, o SEP envia uma mensagem
R-GOOSE através da WAN para o controlador da subestação que contém informações sobre a
quantidade de carga a ser rejeitada na subestação. Esta quantidade de carga é então associada
a possíveis grupos de alimentadores e uma mensagem GOOSE é enviada para rede da subes-
tação indicando quais alimentadores necessitam ser disparados de forma a retirar de operação
a quantidade de carga o mais próximo possível do valor requerido. Qualquer dos dispositivos
de proteção digitais (IED) pertencentes ao esquema de rejeição de carga (e/ou geração) são
assinantes de mensagens GOOSE enviadas do controlador da subestação recebendo a men-
sagem, e se houver indicação de que pertencem ao grupo de alimentadores que deverão ser
desligados, estes mesmos dispositivos de proteção digitais (IED) comandarão o disparo do
respectivo disjuntor associado.
Melhoria adicional da execução de rejeição de carga deste esquema pode ser obtida usan-
do o R-GOOSE para alcançar cargas individuais dentro do sistema de distribuição, em vez
de disparar os disjuntores do alimentador da subestação e, assim, desenergizar o alimentador
completo. O mesmo pode ser feito para linhas conectadas a parques eólicos ou solares, des-
ligando as unidades geradoras necessárias, ao invés de toda a geração conectada à respectiva
linha.
Este exemplo de sistema de rejeição pode ser concebido através de plataforma digital ba-
seada em software supervisório que apresenta interface com dispositivos digitais de proteção
e controle distribuídos ao longo do processo. A plataforma adquire o estado da planta elétrica,
tais como a posição de disjuntores e seccionadoras e as potências fornecidas e consumidas.
A partir destas informações, o sistema calcula o montante de geração no momento e deter-
mina as unidades geradoras a serem descartadas no caso de perda de linhas de transmissão,
para manter o equilíbrio carga-geração. Esta previsão de corte de geração é transferida para
os dispositivos de proteção e controle digitais, que, no caso de uma ocorrência, promove o
desligamento das unidades geradoras definidas pelo próprio sistema digital, de acordo com a
ordem de prioridades.
A figura 5.8.2-1 (Andrade, 2008) ilustra configuração básica do Sistema de Medição Fa-
sorial Sincronizada. Os dados são coletados no sistema elétrico pelas PMU, de forma sincro-
nizada (via satélite), e enviados ao PDC, ficando, assim, disponibilizados para serem usados
nas aplicações desejadas pelo usuário.
Para que seja entendida a aplicação de forma adequada do Sistema de Medição Fasorial
serão descritos a seguir alguns conceitos básicos relacionados aos chamados sincrofasores e
seus componentes (PMU, PDC e transmissão de dados).
v(ωt)
90º +Vp
120º 60º
C C
150º 30º
210º 330º
240º 300º
270º -Vp
Analisando figura 5.8.2-2 é possível observar que o ponto C, em qualquer posição angular
do seu movimento giratório, forma um vetor radial girante cujo módulo é constante e igual
ao valor de pico (amplitude) da senoide. Assim, uma senoide pode ser descrita por um vetor
radial girante com módulo igual à sua amplitude (valor de pico) e mesma frequência angular
ω. A cada período, ou ciclo completado, o vetor radial girante está sempre na mesma posição
angular inicial θ. Se o ciclo da senoide iniciar adiantado, o ângulo de fase inicial θo é positivo.
Se o ciclo da senoide iniciar atrasado, o ângulo de fase inicial θo é negativo, conforme ilustra
a figura 5.8.2-3 (Marques, s.d.).
Figura 5.8.2-3 – Ângulo inicial do vetor radial girante (a) adiantado, θ positivo (b) atrasado, θ negativo
Deste modo, esse vetor girante possui os mesmos parâmetros que descrevem a senoide, e
considerando uma dada frequência, para defini-lo basta o seu módulo e o seu ângulo de fase
inicial. A este vetor radial girante chamamos de Fasor.
Fasor é, portanto, um vetor radial girante com frequência ω, com módulo igual ao valor de
pico e com ângulo de fase inicial θ, que representa uma senoide de iguais parâmetros. Assim,
os sinais senoidais de tensão e corrente também podem ser representados por vetores girantes,
chamados Fasor Tensão e Fasor Corrente, como indica a figura 5.8.2-3.
Fasores sincronizados
Sincrofasor é um fasor medido com relação a uma referência de tempo absoluta. Com a
utilização de relógios de tempo precisos sincronizados via satélite, a medição de fasores passa
a ser sincronizada, originando o nome sincrofasores.
Assim, os sincrofasores podem ser analisados em pontos distintos do sistema, garantindo
maior confiabilidade nas ações de controle e proteção do sistema elétrico. Medições fasoriais
realizadas em pontos distintos, permitem a visualização exata da diferença angular entre dife-
rentes localidades.
Além disso, aplicações com sincrofasores podem promover ações corretivas de proteção
e controle que garantam a estabilidade do sistema; análise de eventos de áreas amplas; locali-
zação precisa de faltas e estudos avançados de parâmetros de linhas e estabilidade.
Receptor de
GPS
Transdutor de
comunicação
Conversor
Filtro Microprocessador
A/D
O potencial que estes sistemas com PMU oferecem significa que eles terão um grande pa-
pel a desempenhar no fornecimento dos dados necessários para funções avançadas num futuro
próximo. A quantidade e o posicionamento ideal, além do desenvolvimento de novas funções
que possam explorar PMU nos sistemas de energia elétrica continuam sendo os principais
tópicos de pesquisas atuais.
Com o avanço do uso da tecnologia de medição fasorial os sistemas de medição utilizando
PMU podem ser utilizados de forma integrada com sistemas de monitoramento, controle e
proteção. Estes sistemas voltados para o monitoramento, controle e proteção de áreas amplas,
estão sendo desenvolvidos em vários países do mundo. Este é um conceito extenso, que en-
volve diversas tecnologias de monitoramento dinâmico de sistemas elétricos, as quais, além
das PMU, também envolvem registradores de perturbação, dispositivos de proteção digitais
(IED), Controladores Lógicos Programáveis (CLP), instrumentos para medição de qualidade
de energia etc. a título de exemplo, os dados coletados de uma PMU em um Centro de Contro-
le de Despacho de transmissão podem ser usados para criar funções de controle e proteção do
sistema elétrico em tempo real para monitoramento e detecção de distúrbios em áreas amplas,
conforme será descrito a seguir.
O sistema CC-PMS foi concebido para prover funções ajustadas para diferentes tipos de
uso, configurando diferentes ambientes, independentes um do outro. Foram previstos quatro
ambientes, quais sejam:
• OP: Ambiente para prover apoio às salas de controle do ONS, ou seja, com aplicações
de tempo real;
• Corpus: Ambiente com aplicações de análise de eventos e destinado a apoiar as áreas
corporativas, em especial às de análise de pós-distúrbio;
• ADOT: Ambiente para treinamento, composto de um simulador dinâmico de medição
fasorial e de todas as aplicações disponíveis nos ambientes OP e Corpus, habilitando a
confecção de treinamentos com cenários altamente sofisticados;
• SSH: Ambiente de homologação e testes de novas configurações/aplicações.
A figura 5.8.2-6 ilustra estes ambientes, onde se observa que, no ONS-Brasília só existe
o ambiente OP.
Fazem parte deste projeto aplicações para monitoração de oscilação eletromecânica; de-
tecção de ilhamentos; detecção e localização de distúrbios; determinação de limites de trans-
ferência dinâmicos e simulador de treinamento.
Atualmente o CC-PMS está em funcionamento experimental com 145 medições sincrofa-
soriais enviadas em tempo real. As medições encaminhadas estão sendo validadas e utilizadas
para a geração de base de dados e para a análise de resultados das aplicações.
A utilização deste sistema irá permitir a análise do comportamento dinâmico do SIN, faci-
litando a indicação de possíveis causas de distúrbios eletromecânicos, a obtenção de subsídios
para reajustes dos controladores das unidades geradoras, a identificação da necessidade de
novas medidas operativas, validação de modelos eletrodinâmicos e ainda a identificação da
necessidades de implantação de novos SEP ou proteções sistêmicas.
transitória, possam levar o sistema a um estado estável. São exemplos das ações de WACS:
controle de fluxo de potência, controle de potência reativa e controle de amortecimento.
Por enquanto, não há sistema de controle de área ampla (WACS) no Brasil. As expectati-
vas é que a experiência com o WAMS será um ponto de partida para que se comece a trabalhar
com o WACS.
Como exemplo desta aplicação, a Coreia do Sul implementou um sistema WAMS, seguin-
do a recomendação da NERC (North American Electric Reliability Corporation), onde foram
adicionadas funções de controle, constituindo um WACS. A NERC recomendou a instalação
WAMS (sistema de monitoramento de áreas amplas) em seu sistema, como fruto das análises
das consequências do blecaute que atingiu o nordeste dos USA e parte do Canadá em agosto
de 2003, que deixou mais de 50 milhões de pessoas sem energia, causando aproximadamente
seis bilhões de dólares em perdas econômicas.
Este WACS, mostrado na figura 5.8.2-7 (Kepco KDN, 2016) usa dados de fasores em tem-
po real baseados em GPS para reconhecer o estado da rede elétrica com rapidez e precisão. As
PMU são instaladas em 40 locais e 28 subestações na área metropolitana da Coreia do Sul e
são usadas para coletar dados de usinas e subestações em tempo real. Os dados coletados são
utilizados para prever a instabilidade do sistema por meio da análise da situação do sistema
em tempo real, permitindo a realização de ações de controle de geração e de tensão.
É esperado que um WAPS atue nas respostas reais do sistema, e execute apenas as ações
necessárias para manter a estabilidade do sistema. Esse WAPS tem como objetivo minimizar
interrupções, aumentar a confiabilidade do sistema e aumentar os limites de transferência de
energia.
Um exemplo de WAPS é o sistema desenvolvido pela BPA – Bonneville Power Adminis-
tration – EUA, utilizando medições fasoriais. As PMU nas subestações transmitem medições
fasoriais em tempo real para um concentrador (PDC) no centro de controle. O PDC envia os
dados combinados para o Sistema de Controle de área ampla (WACS) que analisa a estabili-
dade do sistema de potência com base nesses dados. Se o sistema de potência se aproxima dos
limites de estabilidade, o controlador WAPS executa a ação apropriada para evitar o colapso
do sistema. A figura 5.8.2-8 (Gúzman, et al., 2004) mostra a arquitetura simplificada deste
WAPS.
Esse sistema utiliza um algoritmo rápido de detecção de transitórios que efetua cortes de
geração para manter a estabilidade. Esse esquema aproveita a alta precisão das medições fa-
soriais e baixa latência do sistema de medição para agir em menos de um segundo. Também
está incluída a ação de suporte de tensão que insere capacitores para complementar a saída
de geradores, usando fasores de tensão e corrente para monitorar o fluxo de potência reativa,
sendo que esta ação é mais lenta, com tempos de operação de um a cinco segundos. Ainda
foi avaliada outra função, com base no ângulo de fase e nas medições de frequência, para ser
implementada nesse WAPS.
para supervisão de áreas amplas. Estes sistemas começaram a ser cada vez mais aplicados,
beneficiando-se da evolução dos sistemas de comunicação e da capacidade de processamento.
A premissa para o WAMPACS é a existência de serviços de comunicação altamente resilientes
para os centros de controle e subestações.
Estes sistemas são baseados em novos algoritmos derivados das informações de medições
de múltiplos pontos, que são capazes de eliminar falhas de forma rápida, confiável e precisa,
analisar os efeitos sobre a estabilidade do sistema, e com base nesta análise, tomar as medidas
necessárias para efetuar as funções de proteção, além do controle da estabilidade para evitar
o colapso do sistema. Um WAMPACS pode detectar e reagir a distúrbios complexos, como
oscilação de potência e condições de perda de sincronismo.
Os sistemas WAMPACS devem ser feitos sob medida e adaptados para cada sistema de
transmissão específico. Para criar um sistema de proteção centralizado, é necessária uma ex-
tensa análise das perturbações que podem ocorrer na transmissão. Portanto, modelos inte-
grados devem ser desenvolvidos e inúmeras simulações precisam ser realizadas. Todos os
modelos de rede de transmissão desenvolvidos e as funcionalidades e resultados do modelo
WAMPACS devem ser validados com dados reais disponíveis.
Os WAMPACS se tornaram rapidamente um tópico de estudo, com muitos resultados de
pesquisas publicadas e casos de aplicações efetivas nos últimos anos.
Novas soluções disponíveis por meio de GOOSE (Generic Object Oriented Substation
Event), redes virtuais locais (VLAN) e tecnologias de mensagens prioritárias que estão dispo-
níveis no padrão IEC 61850 facilitam a utilização de WAMPACS.
A figura 5.8.2-9 mostra a relação dos Sistemas de Proteção para Monitoramento de Área
Ampla (WAMS), Sistemas de Controle para Área Ampla (WACS), Sistema de Proteção para
Área Ampla (WAPS) e Sistema de Monitoramento, Proteção e Controle de Áreas (WAMPACS).
Exemplo 1
Este WAMPACS, cuja arquitetura está apresentada figura 5.8.2-10 (Bo, et al., s.s.), con-
siste principalmente em três camadas, compostas de:
1ª – Dispositivos inteligentes de múltiplas funções integrados ao nível local do vão;
2ª – Proteção e controle integrados ao nível da subestação;
3ª – Área ampla integrada (Wide Area).
As partes principais do sistema são a rede de comunicação de longa distância de alta ve-
locidade e a plataforma de informações sincronizadas em tempo real.
Uma rede de comunicação é empregada para conectar várias subestações da região, para
garantir compartilhamento total de informações dinâmicas e transitórias para todas as medidas
elétricas, estados de disjuntores, atuações de proteção, com garantia de tempo de sincroniza-
ção dos dados compartilhados para proteção e controle da ampla área integrada.
A plataforma de informações sincronizadas em tempo real realiza a mitigação de dados
para investigar a relação lógica entre as informações, aumentando a sensibilidade, confiabili-
dade e capacidade de tolerância a falhas no sistema. As informações em tempo real são divi-
didas principalmente em dois tipos: as informações elétricas (como corrente, tensão, ângulo,
e etc.), e as informações de estado (como atuação de proteção e estados do disjuntor etc.),
podendo também incluir outros tipos de informação, como temperatura do óleo do transfor-
mador e temperatura ambiente, velocidade do vento e direção, intensidade do sol etc.
Com base na plataforma de informações, são implementadas funções, como localização
de falhas na área ampla, monitoramento de qualidade de energia, ajustes de proteção, além
de funções de monitoramento de equipamentos para gerenciamento de ciclos de vida e de
operações. Estas funções podem ser efetuadas em uma plataforma de processamento em nu-
vem especialmente desenvolvida, para este fim, por exemplo. A nuvem recebe os dados da
plataforma de informações e as aloca em vários algoritmos de computação especialmente
projetados para executar funções avançadas.
Também, com as informações obtidas das PMU e algoritmos especialmente desenvolvi-
dos, podem ser implementadas funções de proteção dos equipamentos da área ampla. Estas
funções de proteção são capazes de prover retaguarda com tempos de atuação menores que as
funções de proteção de retaguarda temporizadas convencionais, devido à latência envolvida.
O WAMPACS é concebido para realizar a integração da automação, proteção e controle
da rede de acordo com sua arquitetura, ao nível de uma ampla área, como uma determinada
região ou regiões.
Exemplo 2
Este WAMPACS cuja arquitetura está apresentada na figura 5.8.2-11 (Ivankovic, et al.,
2016), pode ser conceitualmente classificado em três camadas hierárquicas:
Com tudo isto, para um futuro próximo, vislumbra-se que, com o uso de novas tecno-
logias, os sistemas de proteção e automação estarão cada vez mais integrados, trazendo as
seguintes vantagens:
• Utilização do padrão IEC 61850;
• Transformação dos dados em informação com fluxo bidirecional;
• Sistemas de medição de sincrofasores;
• Sistemas de comunicação de alta velocidade e largura de banda;
• Compartilhamento da capacidade de processamento e memória dos dispositivos de
proteção digitais (IED);
• Uso de automação distribuída, proteção adaptativa e sistemas especialistas;
• Uso de equipamentos (TC, TP, disjuntores, transformadores etc.) com interface digital
em rede com os dispositivos de proteção digitais (IED);
significa que, à tensão nominal, a máquina deve ser capaz de operar continuamente com uma
subfrequência de 57 Hz, sem atuação de proteção. Desta forma, não se recomenda a aplicação
de proteções de subfrequência em unidades geradoras dotadas de proteção contra sobre-ex-
citação. Em caso de utilização de proteção de subfrequência na unidade geradora hidráulica,
como retaguarda da proteção de sobre-excitação, seus ajustes devem ser compatibilizados
com os ajustes do ERAC da região.
Com relação às usinas termoelétricas, a operação fora da faixa normal de frequência tor-
na-se mais restritiva, podendo inclusive, dependendo do tempo de exposição, ocasionar danos
às turbinas. Para esses casos, os fabricantes dos geradores indicam faixas de operação de fre-
quência proibitivas para estas unidades. Um dos principais problemas está associado aos seus
aspectos construtivos, para os quais a operação em velocidades que coincidam com a frequên-
cia natural de oscilação das pás da turbina pode provocar ressonâncias e a fadiga das mesmas.
A partir desta indicação dos fabricantes, geralmente são empregados relés de subfrequência
temporizados para promover a desconexão dos geradores.
Desta forma, para que o fenômeno de subfrequência seja tratado de forma sistêmica e seja
efetuada a correta coordenação do ERAC com as proteções de subfrequência aplicadas nas
unidades geradoras do SIN, o ONS, responsável pelos estudos e definição dos ajustes deste
esquema, estabelece como requisito mínimo em seus Procedimentos de Rede, os limites de
ajustes de frequência que devem ser respeitados por todas as unidades geradoras térmicas do
sistema. Estes limites também contemplam faixas de sobrefrequência, para permitir a excur-
são da frequência e o uso da capacidade própria de regulação das unidades geradoras. Estas
faixas estão apresentadas a seguir:
• Operação entre 57 e 63 Hz sem atuação dos relés de subfrequência e sobrefrequência
instantâneos.
• Operação abaixo de 57,5 Hz por período de tempo mínimo de 5 segundos.
• Operação abaixo de 58,5 Hz por período de tempo mínimo de 10 segundos;
• Operação entre 58,5 e 61,5 Hz sem atuação dos relés de subfrequência e sobrefrequ-
ência temporizados.
• Operação acima de 61,5 Hz por período de tempo mínimo de10 segundos.
Ressalta-se que esta tabela não tem por objetivo definir os ajustes das proteções de sobre e
subfrequência das unidades térmicas, que devem ser feitos atendendo às limitações impostas
pelos fabricantes, que podem sugerir outros ajustes, até mais flexíveis.
Sendo assim, com base nas informações destacadas acima, é possível projetar o ERAC
para atuar após contingências severas que culminem em desequilíbrios acentuados de carga x
geração, promovendo na área em subfrequência, por meio da medição de frequência elétrica,
o corte de carga pulverizado e escalonado até o reestabelecimento da frequência do SIN a ní-
veis próximos do nominal, evitando desta forma o colapso total da área afetada.
O corte de carga escalonado é executado com o uso dos relés de frequência (função ANSI
81), instalados em vários pontos da rede das distribuidoras de energia e consumidores livres
locais. Estes relés são distribuídos com diferentes níveis de ajustes, sendo eles os responsáveis
por identificar que a frequência elétrica do sistema atingiu o seu nível de subfrequência ajus-
tado e promover a abertura de alimentadores ou unidades transformadoras pré-selecionadas
para desligar o montante de carga programado. Se a frequência do sistema continuar caindo e
outros níveis de ajuste, denominados estágios, forem atingidos, outros relés serão sensibiliza-
dos e novos blocos de carga serão cortados. Este processo será repetido até que a frequência
retorne ao valor nominal ou até que todos os estágios de corte de carga tenham atuado.
A atuação do ERAC resume-se no desligamento de um determinado percentual de carga,
em estágios, em função do decréscimo do valor absoluto da frequência ou da sua taxa de va-
riação. Isto permite que a carga seja desligada parceladamente.
O ERAC é um dos mais importantes esquemas de proteção sistêmica, que age como
último nível protetivo do SIN. Suas ações, com o desligamento automático e escalonado de
blocos de carga, minimizam ou evitam consequências mais graves decorrentes da perda de
grandes blocos de geração ou interligações importantes.
Ao longo dos anos, esse esquema tem evitado, com a sua correta atuação, conforme diag-
nosticado pelas análises de perturbações, diversos blecautes no SIN. Isto tem sido possível
graças à adequação do ERAC no que se refere à disponibilização de carga para corte em está-
gios dentro de valores recomendados por estudos.
Região Sul
A tabela 6.1.1-2 apresenta os ajustes do ERAC para a Região Sul.
Tabela 6.1.1-2 – Ajustes do ERAC da Região Sul
ERAC - Sul
Principal (Frequência
Área Empresa Estágios absoluta) Corte de carga (%)
Instantâneo
1º 58,50 7,5
Distribuidoras e 2º 58,20 7,5
Sul consumidores li- 3º 57,90 10
vres da região sul 4º 57,60 15
5º 57,30 15
Região Nordeste
A tabela 6.1.1-3 apresenta os ajustes de ERAC da Região Nordeste.
Estágios
Área Empresa Corte de
Janela de carga (%)
Taxa (Hz/s) Instantâneo Temporizado
medição
Distribui- 1º 0,7 57,90 58,50 (10s) 6
doras e 2º 1,1 57,80 58,50 (11s) 7
Região consumi- 59 Hz a 58,50 (12
3º 1,5 57,70 11
Nordeste dores livres 58,50 Hz s)
da região 4º 1,8 57,60 - 16
Nordeste 5º - 57,40 - 15
Sistema Manaus
A tabela 6.1.1-4 apresenta os ajustes para o ERAC da área Manaus.
Estágios
absoluta) Corte de carga
Área Empresa
(%)
Janela de
Taxa (Hz/s) Instantâneo
medição
1º 0,5 58,30 11
2º 1,0 58,10 11
59,70 Hz a
Macapá CEA 3º 2,7 57,60 11
59,20 Hz
4º 4,0 57,40 11
5º - 57,20 11
1º 0,5 58,30 11
2º 1,0 58,10 11
Celpa (Orixi- 59,70 Hz a
Interligação 3º 2,7 57,60 11
miná) 59,20 Hz
4º 4,0 57,40 11
5º - 57,20 11
Ressalta-se que os montantes de carga acima referenciados são adicionais aos percentuais
do ERAC da região.
Acre – Rondônia
A Tabela 6.1.1-7 apresenta os ajustes do ERAC para o bloco Acre – Rondônia, com acio-
namento dos estágios por frequência absoluta.
Tabela 6.1.1-7 – Ajustes do ERAC do sistema Acre-Rondônia
ERAC – Acre-Rondônia
Principal (Frequência
absoluta) Corte de carga
Área Empresa Estágios
(%)
Instantâneo
1º 58,50 15
2º 58,20 10
Energisa Acre
Acre e Rondônia 3º 57,90 10
Energisa Rondônia
4º 57,70 10
5º 57,50 10
A implantação do ERAC deverá ser complementada por medidas automáticas para con-
trole da tensão quando do corte de carga, com a retirada de bancos de capacitores de forma
coincidente com os estágios do ERAC. Adicionalmente ao desligamento das cargas, o esque-
ma efetua a inserção de reatores em 230 kV em conjunto com o ERAC, para os ajustes de
frequência absoluta de 57,40 Hz e 56,4 Hz.
Roraima
A tabela 6.1.1-9 apresenta os ajustes do ERAC Roraima, com atuação por frequência
absoluta.
Nessa situação de sobrefrequência, o ideal para a operação segura do SIN, seria que não
ocorresse o desligamento de nenhuma unidade geradora, sendo a sobrefrequência controlada
em alguns segundos simplesmente pela ação dos reguladores de velocidades das unidades
geradoras. Entretanto, em alguns casos ações protetivas durante esse fenômeno podem ser ne-
cessárias, tanto para proteção dos geradores quanto para minimizar o impacto sistêmico. Para
isso, é importante avaliar as informações a seguir sobre o fenômeno de sobrefrequência sob
o ponto de vista das unidades geradoras, para que os ajustes sistêmicos, se necessários, sejam
coordenados com as proteções dos equipamentos.
As turbinas hidráulicas, de modo geral, podem tolerar maiores variações de frequência
que as demais. Na ocorrência de rejeições de carga, podem ocorrer sobrevelocidades supe-
riores a 150% da nominal. Quando de rejeição total, a frequência da usina não irá retornar
automaticamente ao valor nominal, mas sim para um valor igual ao nominal somado com o
seu estatismo multiplicado pela frequência nominal, ou seja, para um sistema de 60 Hz e uma
usina com estatismo de 5%, a frequência irá se estabilizar em 63 Hz. Nestes casos, o valor
nominal da frequência deve ser restabelecido pelo operador, por meio dos controles existentes
para esta finalidade.
É responsabilidade do sistema de regulação de velocidade controlar a sobrevelocidade
em alguns segundos. Todavia, em caso de falha no regulador de velocidade, a máquina pode
aproximar-se rapidamente a 200% da velocidade nominal. Desta forma, é prática comum, no
sistema regulador de velocidade destas unidades, a existência de proteções de sobrevelocida-
de, mecânicas e elétricas.
A proteção elétrica de sobrevelocidade normalmente é realizada por um dispositivo eletrô-
nico de velocidade localizado no painel do regulador de velocidade da máquina. Este disposi-
tivo normalmente é ajustado em função dos testes de rejeição de carga máxima nos terminais
da máquina (com queda máxima e máxima abertura do distribuidor, para se obter a máxima
sobrefrequência e os tempos envolvidos) e não deve atuar nos casos em que a frequência pode
ser controlada por ação de regulação.
Esta proteção atua antes da proteção mecânica de sobrevelocidade e sua atuação deve
provocar a parada da unidade geradora, devido à atuação direta sobre as válvulas solenoides
de parada de emergência. Isto porque, em caso de sobrefrequência provocada por falha no
regulador, seria inútil comandar a parada da máquina sob controle do regulador em falha. Por
outro lado, caso a sobrevelocidade seja um problema mecânico na turbina, mesmo ocorrendo
o fechamento do distribuidor, sua velocidade irá aumentar, ocorrendo, então, a atuação da
proteção mecânica de sobrevelocidade.
A proteção mecânica de sobrevelocidade consiste em um pêndulo centrífugo (pêndulo de
Watt), acoplado ao eixo da máquina, que atua como último recurso em caso de sobrevelocida-
des não controladas. Seu ajuste é superior à máxima sobrefrequência que ocorre em casos de
rejeições totais de carga. O valor típico de ajuste é 94 Hz (variando de acordo com a inércia de
cada máquina). Sua atuação deve comandar a parada de emergência com bloqueio da unidade
geradora, com rejeição de carga e fechamento da comporta da tomada d’água.
Em função do exposto, não é necessária a aplicação de funções de sobrefrequência nos
sistemas de proteção elétricos das unidades geradoras hidráulicas. Em todo caso, pode-se
optar pela sua utilização como proteção de retaguarda das funções de sobrevelocidade imple-
mentadas no regulador de velocidade. Nesse caso, os seus ajustes devem estar coordenados
e a sua filosofia de atuação deve ser a mesma da função principal, ou seja, deve comandar a
parada da unidade geradora, atuando diretamente no sistema hidráulico, além de desconectar
a unidade geradora do sistema.
Com relação às usinas termoelétricas, como mencionado no item anterior, estes tipos de
máquinas, diferentemente das hidráulicas, possuem restrições operativas para operação a fre-
quências fora da faixa normal. Desta forma, proteções elétricas de sobrefrequência podem ser
recomendadas por seus fabricantes. Estes ajustes devem ser informados ao ONS, responsável
pelos ajustes e coordenação das proteções sistêmicas.
Sendo assim, quando da análise de contingências que culminem na separação do SIN
formando ilhas desequilibradas, é necessário avaliar na ilha formada pela região exportadora,
onde ocorrem a sobrefrequência, as possibilidades e os efeitos da atuação dessas proteções
habilitadas nas usinas térmicas da região.
Esta avaliação é importante, pois no caso de uma região com geração predominantemente
térmica, na qual os níveis de sobrefrequência atingidos após um ilhamento provocariam o
desligamento de um grande montante de geração, é possível que a característica do desequi-
líbrio se inverta, passando a predominar carga ao invés de geração. Neste caso, o fenômeno
sistêmico passa a ser de subfrequência podendo provocar a atuação do ERAC ou até mesmo
levar o sistema ao colapso total de cargas.
Desta forma, para se evitar desdobramentos conforme relatado, minimizando o impacto
da perturbação, pode ser necessária a utilização de proteções sistêmicas de sobrefrequência.
Nesse caso, o objetivo das funções de frequência habilitadas não está mais relacionado à pro-
teção da unidade geradora e sim com a proteção do sistema elétrico.
Geralmente as proteções sistêmicas de sobrefrequência são habilitadas nos dispositivos de
proteção das unidades geradoras hidráulicas, em níveis/tempos inferiores aos das proteções
associadas às usinas térmicas, com ação de abertura dos disjuntores principais da unidade,
sem necessidade, neste caso, de envio de comando de parada da unidade. Esta ação tem como
objetivo o alívio de sobrefrequência da ilha evitando, desta forma, que os níveis de frequência
de atuação das proteções das unidades térmicas sejam atingidos provocando o desligamento
destas usinas, o que agravaria a perturbação. Outro ponto que corrobora a ação de se evitar o
bloqueio de unidades geradoras térmicas durante uma perturbação, é que o tempo de retorno
deste tipo de usina à operação geralmente são longos, prolongando o tempo de restabeleci-
mento da rede elétrica.
• Sobretensão atmosférica
A incidência das descargas atmosféricas nas redes elétricas ou em suas proximidades
(descargas indiretas) pode dar origem a sobretensões transitórias de elevada amplitude que
se propagam ao longo da linha. Se as amplitudes destas sobretensões excedem os níveis de
suportabilidade do sistema, podem ocorrer descargas disruptivas, as quais evoluem para arcos
de potência, trazendo como consequência o estabelecimento de faltas entre uma ou mais fases
para a terra. O desempenho de linhas de transmissão e redes de distribuição frente a descargas
atmosféricas pode ser significativamente melhorado caso sejam entendidos os mecanismos de
indução das sobretensões e empregadas técnicas eficazes tanto nos seus projetos quanto na
especificação dos para-raios.
• Sobretensão de manobra
É uma sobretensão originada pela ação sobre equipamentos de manobra em um determi-
nado ponto do sistema, podendo envolver as três fases ou uma fase e a terra. As sobretensões
de manobra são utilizadas como parâmetro na determinação do nível de isolamento do siste-
ma, ressalta-se que a elevação de tensão cuja origem é resultado da operação de um dispositi-
vo de manobra é mais severa do que a sobretensão temporária.
Apesar de, na prática, a utilização do resistor de pré-inserção ser a solução mais simples
para reduzir as sobretensões de manobra, há outras medidas que podem ser adotadas, tais
como:
• Utilização de compensação reativa shunt na linha.
• Sobretensão temporária
As sobretensões temporárias são caracterizadas por suas amplitudes, forma de onda e du-
ração. Todos esses parâmetros dependem da origem das sobretensões e, as amplitudes e forma
de onda, podem inclusive variar durante o seu período de ocorrência.
Estas sobretensões são de natureza oscilatória, de baixa amplitude (em geral inferior a 1,5
pu), duração relativamente longa (tempo de duração superior a dezenas de milissegundos) e
fracamente amortecidas ou não amortecidas. Essas sobretensões, também chamadas de so-
bretensões sustentadas, permanecem no sistema até que ocorra alguma alteração na rede que
favoreça a sua mitigação, ou que a causa que lhe deu origem seja eliminada. As sobretensões
temporárias podem ser provocadas pelas seguintes causas: cargas capacitivas em vazio, redu-
ção brusca de carga e curto-circuito à terra.
A determinação das sobretensões que podem ocorrer em um sistema elétrico é de grande
importância, uma vez que fornece subsídios para a coordenação do isolamento das redes elé-
trica, especificação dos equipamentos e operação do sistema.
A figura 6.3-1 (D’Ajuz, 1987) apresenta de forma comparativa as características dos três
tipos de sobretensão, na amplitude e no tempo de duração.
destas funções de sobretensão são propostos nos estudos pré-operacionais para integração de
novos equipamentos ou em estudos específicos sob demanda.
Pode-se considerar a adoção de dois níveis de proteção sistêmica de sobretensão, sendo
uma unidade instantânea e outra temporizada, ou um conjunto de unidades temporizadas para
desempenhar este papel, considerando as especificidades destas unidades conforme descritas
a seguir:
coordenado dos equipamentos, inclusive com os ajustes das funções de sobretensão que pro-
movem a conexão/desconexão de elementos shunts.
Ajuste mínimo da proteção de sobre-
Tensão nominal de operação [kV] tensão temporizada
138 152 kV (1,10 pu)
230 253 kV (1,10 pu)
345 398 kV (1,15 pu)
440 506 kV (1,15 pu)
500 600 kV (1,20 pu)
525 600 kV (1,15 pu)
Tabela 6.3-2 – Ajuste mínimo (partida) para as unidades temporizadas da proteção sistêmica de sobretensão
Caso o agente proprietário dos equipamentos da instalação sob análise declare que tal ní-
vel de sobretensão imponha risco de danos a seus equipamentos, este deverá fornecer a curva
de suportabilidade que subsidiará o novo ajuste.
O intervalo entre os desligamentos deverá ser o suficiente para garantir a coordenação
(devem-se evitar ajustes que promovam desligamento simultâneo de linhas de transmissão).
Podem-se adotar como referência mínima intervalos superiores a 200 ms entre dois desliga-
mentos consecutivos. Contudo, visando a expansão do sistema com a inclusão de ajustes de
novas linhas, quando possível, utilizar um intervalo de um segundo entre os desligamentos de
linhas de transmissão.
Destaca-se que é proibitiva a utilização de ajustes utilizando a tensão monofásica com
temporização inferior a 1 segundo de modo a evitar a atuação incorreta desta função durante
eventos de curto-circuito.
As duas extremidades da linha de transmissão deverão receber os mesmos ajustes (partida
e temporização).
Em geral, os circuitos que devem ser desligados primeiro correspondem àqueles que apre-
sentarão maior contribuição para a redução do perfil de tensão (susceptância shunt líquida
elevada), preferencialmente circuitos paralelos. Deve-se evitar ao máximo a desconexão de
unidades geradoras e/ou rejeição de carga neste processo, pois tais eventos irão agravar as
sobretensões. O mesmo se aplica a circuitos de transmissão com sobrecompensação.
Na figura 6.3-2 encontra-se um exemplo para ilustrar a decisão para a sequência coorde-
nada de desligamentos.
4. LT-4: Foi o último circuito deste trecho por (dentre os circuitos paralelos) possuir um
reator de linha conectado;
5. LT-5: Foi deixada por último por provocar rejeição de carga (não reduziria o perfil
de tensão). Se a SE de carga for realmente radial, os desligamentos da LT-5 e LT-4
poderiam ser no mesmo instante, ou T5<T4, para que o sistema fique disponível para
recomposição.
aceitáveis de frequência e tensão. Quando isto não for possível, proteções sistêmicas devem
atuar para evitar o colapso da área.
A função responsável pela separação das áreas durante condições de perda de sincronismo
pode ser aplicada para disparo por oscilação de potência – 68OST, ou para disparo por perda
de sincronismo – 78OST. O principal objetivo desta função é diferenciar oscilações estáveis e
instáveis e iniciar a separação das áreas, em pontos previamente determinados, para as condi-
ções que levarão o sistema à perda de sincronismo.
Em casos de perda de sincronismo, a defasagem angular entre as fontes de tensão irá
aumentar, atingindo 180º no centro elétrico do sistema. Desta forma, cuidados devem ser
tomados para se evitar que ocorra a abertura de disjuntores com as tensões em seus terminais
em oposição de fase.
A função 68OST (comumente chamada de “trip na entrada”) não leva em consideração
os ângulos entre as fontes e emitem sinal de disparo para os disjuntores com a oscilação de
potência ainda no primeiro quadrante do diagrama R-X. Sua atuação tem caráter preditivo. Já
a função 78OST (comumente chamada de “trip na saída”) emite o sinal de disparo no segundo
quadrante do diagrama R-X, quando a defasagem das tensões entre as fontes está diminuin-
do, após a passagem pelo centro elétrico do sistema, melhorando a condição de abertura dos
disjuntores.
Um dos principais problemas encontrados na aplicação de proteção para oscilação de po-
tência, principalmente relacionado com a função de disparo por oscilação ou perda de sincro-
nismo em grandes sistemas de potência, está relacionado com a dificuldade de determinação
dos pontos exatos para habilitação da função e na determinação de seus ajustes. Desta forma é
necessária a realização de várias simulações de estabilidade de modo a cobrir o maior número
possível de cenários e condições de operação.
A condição ideal, na aplicação de proteção para oscilação de potência, seria:
• Identificar as linhas de transmissão do sistema nas quais devem ser instaladas as fun-
ções de disparo por oscilação de potência/ perda de sincronismo (PPS); Nesses pon-
tos também devem ser habilitadas as funções de bloqueio por oscilação de potência
(68OSB), em todas as zonas, para impedir que as funções de distância atuem quando
dae oscilações.
• Nas demais linhas de transmissão aplicar somente as funções de bloqueio por oscila-
ção de potência, de modo a evitar seus desligamentos incorretos durante as oscilações.
Nestes casos devem ser definidas as zonas de atuação das funções de distância que
serão bloqueadas e o tempo que permanecerão com o bloqueio ativado.
Isto também se aplica aos esquemas de teleproteção do tipo Transferência de Disparo Per-
missivo por Sobrealcance (POTT). Esses esquemas, para funcionarem corretamente, necessi-
tam de lógicas adicionais para eliminação de falhas internas durante condições de fonte fraca
por um dos terminais (Lógicas de ECO). Esses esquemas podem atuar incorretamente durante
oscilações de potência quando a impedância medida penetrar na característica de atuação de
uma das unidades de medida de sobrealcance, de qualquer um dos terminais, sem atingir ne-
nhuma característica do terminal remoto. Desta forma, através do sinal permissivo recebido
pelas Lógicas de ECO ocorre o disparo e consequente abertura da linha.
Assumindo Es adiantado de δ graus com relação à ER, sendo a relação entre as duas tensões
k, teremos:
E!
=K
E"
E! δ + jSen δ∂
k Cos ∂ k k − Cos δ∂ − JSen δ
∂
= =
E! − E" K Cos δ
∂ + jSen δ
∂ −1 k − Cos δ∂ + Sen δ∂
# #
da impedância medida pelo dispositivo de proteção atingir o centro elétrico do sistema. Esta
alternativa é denominada de “Trip On The Way In” (Disparo na entrada). Nestas aplicações,
se o disparo do disjuntor for liberado no instante de detecção da perda de sincronismo, pode
ocorrer que o disjuntor abra numa situação de ângulo entre as tensões em seus terminais em
oposição de fase ou próximo a esta condição. Na utilização desta filosofia, deve sempre ser
verificado se o disjuntor foi projetado para abrir nestas situações. Nesse caso, a função é de-
nominada de disparo por oscilação de potência (68OST).
Outra alternativa é permitir o disparo somente no segundo quadrante, quando a impedância
medida passar pelo blinder RLO, porque nessa situação o ângulo entre as fontes está diminuindo
e o disjuntor irá abrir numa condição mais favorável. Essa alternativa é denominada de “Trip On
The Way Out” (Disparo na saída) e é mais seletiva, pois o disparo só é liberado após o sistema ter
atingido o centro elétrico, garantindo que a oscilação é instável. Nesse caso, a função é denomi-
nada de disparo por perda de sincronismo (78OST). Caberá aos estudos de estabilidade avaliar
esta situação para verificar as condições do sistema e se é possível adotar esta filosofia.
Zona
área de oscilação de
potência dimensionada
automaticamente
Se uma condição de oscilação de potência for detectada, a lógica permanecerá ativada mesmo
que o vetor impedância saia da área de oscilação de potência, permanecendo a mesma ativa até
que o sistema retorne à condição normal ou em caso de uma falta no sistema. O algoritmo calcula
novos valores de R e de X para cada fase e compara com valores memorizados. Os critérios prin-
cipais, que são utilizadas para definir as oscilações, são: Monotonia, Continuidade e Suavidade. Os
limites aplicados são calculados automaticamente. Essa adaptação automática às variações das ve-
locidades das trajetórias permite que a função detecte oscilações de baixa frequência bem como os-
cilações de alta frequência. A seguir, uma descrição dos principais critérios utilizados no algoritmo:
• Critério de monotonia (Monotony) – neste critério as direções das derivadas de R e
de X são monitoradas. Para garantir um movimento direcional pelo menos uma delas
não pode mudar a direção, conforme a figura 6.4.2-4.
Esses critérios são satisfeitos somente durante condições de oscilação de potência, uma
vez que durante faltas o vetor impedância varia imediatamente para a impedância de falta e,
durante condições de carga, o vetor impedância praticamente não se move.
A lógica da figura 6.4.2-7 é usada para assegurar operação segura e estável do esquema de
detecção de oscilação de potência sem riscos de atuações incorretas da função durante faltas
no sistema.
A figura 6.4.2-8 ilustra os critérios que devem ser combinados para a geração de um sinal
de disparo por perda de sincronismo:
• Impedância na área de detecção de oscilação de potência;
• Detecção de oscilação de potência;
• Impedância atingindo a linha que corresponde ao ângulo da impedância da linha de
transmissão;
• Impedância deixando a área de detecção de oscilação, em caso de disparo na saída;
• Impedância atingindo a linha que corresponde ao ângulo da impedância da linha de
transmissão em direção oposta.
Nas aplicações padrão deste método, o disparo é emitido quando a impedância medida
deixa a área de oscilação de potência, no ponto 4. É possível também adotar o critério de dis-
paro quando a impedância cruzar a linha nos pontos 3 e 5.
A figura 6.4.2-10 mostra o diagrama da figura 6.4.2-9 para sistemas homogêneos, onde o
ângulo Ө é aproximadamente 90º.
Figura 6.4.2-10 – Método de variação da tensão no centro elétrico do sistema – Sistema homogêneo
Um valor aproximado da tensão no centro elétrico pode ser calculado pela seguinte
expressão:
SCV ≈ Vs × cos φ
A expressão acima mostra que a taxa de variação da tensão no centro elétrico independe
das impedâncias do sistema e é máxima quando os sistemas estão defasados de 180º.
O fato de que a derivada da tensão no centro elétrico não depende das impedâncias do
sistema, é uma das grandes vantagens da utilização deste método na detecção de oscilações
no sistema.
d) Esquema R-Rdot
O método baseado no esquema R-Rdot (figura 6.4.2-11) utiliza a taxa de variação da re-
sistência medida para detectar uma condição de oscilação de potência.
A seguinte função define o critério de detecção de oscilação:
dz
U1 = Z − Z1 + T1
dt
Z" Z"
V!" Z$ + 1 − Z$ ∗ k % ∠θ
=
V!# Z" + Z& Z" + Z&
Z$ + 1 −
∗ k % ∠θ
Z$
Onde:
KE é a relação entre as tensões:
E"
k! =
E#
Pode ser demonstrado que o módulo da relação entre V1S e V1R é próxima de 1 e que o
ângulo desta relação representa aproximadamente o ângulo entre as duas fontes equivalentes.
A figura 6.4.2-13 mostra um algoritmo para detecção de oscilação de potência baseado nas
informações dos sincrofasores medidos nas duas barras.
O algoritmo utiliza os ângulos dos fasores das tensões de sequência positiva medidas nas
duas barras para calcular o ângulo δ entre as barras. Então o algoritmo determina Sf ( dδ/dt -
primeira derivada de δ) e Af (d2 δ/dt2 – segunda derivada de δ) entre as duas áreas.
Quando a amplitude da corrente de sequência positiva local for superior a 10% da corrente
nominal, SF for maior que 0,2 Hz e Af for maior que 0,1 Hz/s por três ciclos, o algoritmo ex-
terioriza o sinal PSD indicando uma condição de oscilação de potência.
A figura mostra ainda as condições de reset do algoritmo: Sf > 10 Hz, Af > 50 Hz/s e Sf ≤
0,2 Hz e Af ≤ 0,1 Hz/s durante 3 ciclos.
A figura 6.4.2-14 usa a equação a seguir para definir regiões de instabilidade no plano Sf
x Af :
Figura 6.4.2-16 – Região da diferença angular para o método de detecção de perda de sincronismo
Figura 6.4.3-1 – Efeitos das impedâncias das fontes e das linhas nas funções de detecção de oscilação de potência
A figura 6.4.3-1(b) mostra que o sistema se torna instável antes da impedância medida
atingir as características de atuação das unidades de medida de zonas 1 e 2, sendo relativa-
mente simples os ajustes das unidades de bloqueio por oscilação e disparo por oscilação ou
perda de sincronismo.
Outra dificuldade para ajustar os esquemas tradicionais baseados na medição da impedân-
cia é a separação entre os elementos de detecção e as temporizações utilizadas para diferenciar
uma falta de uma oscilação de potência e uma oscilação estável de uma oscilação instável.
É necessária a realização de diversos estudos de estabilidade para que se possam determinar
ajustes adequados.
A seguir serão mostrados alguns passos na determinação de ajustes de características qua-
drilaterais utilizadas na detecção de oscilações de potência e perdas de sincronismo, com base
no sistema equivalente de duas fontes mostrado na figura 6.4.3-2.
Ajustar a característica externa fora da região de carga máxima, com certa margem de
segurança.
• Ajustar a característica interna fora da maior característica de sobrealcance que se
queira bloquear. Normalmente devem ser bloqueadas as unidades de medida de zonas
2 e 3, inclusive o esquema de teleproteção.
• Em função dos ajustes dos “blinders” interno e externo, de acordo com a figura 6.4.3-
2, calcular a temporização associada ao bloqueio por oscilação de potência de acordo
com a expressão:
Valores típicos para frequência de escorregamento (Fslip) que caracterizam oscilações ins-
táveis, e são utilizados para o cálculo dos temporizadores que discriminam oscilações de po-
tência de curto-circuito (OSBD), associados às funções de bloqueio por oscilação de potência,
estão na faixa de 4 Hz a 7 Hz.
No caso da aplicação da função de disparo por oscilação de potência ou por perda de sin-
cronismo, para o ajuste dos temporizadores associados a estas funções, é utilizada a mesma
fórmula apresentada anteriormente, porém são consideradas as frequências de oscilação de
forma diferente:
• Para o ajuste do temporizador que discrimina oscilação de potência de curto-circuito
(OSTD), a frequência de oscilação utilizada no cálculo deve ser a maior frequên-
cia de oscilação identificada para as oscilações instáveis nas simulações dinâmicas
realizadas;
• Para o ajuste do temporizador que discrimina oscilação instável de oscilação estável
(OSBD), a frequência de oscilação utilizada no cálculo deve ser a menor frequên-
cia de oscilação identificada para as oscilações instáveis, nas simulações dinâmicas
realizadas;
Os esquemas OST são projetados para proteger o sistema durante condições instáveis,
isolando geradores ou grandes áreas do sistema, com a formação de ilhas, de modo a manter a
estabilidade em cada ilha por meio do equilíbrio entre geração e carga em cada ilha formada.
Para esta finalidade, os esquemas OST devem ser aplicados em pontos estratégicos, tipica-
mente próximos ao centro elétrico, para facilitar a identificação da condição, e as separações
devem ser realizadas em pontos estratégicos de modo a manter o equilíbrio entre a geração e
a carga das áreas formadas. Como durante as oscilações existem dispositivos de proteção que
podem atuar em diferentes localidades, o esquema OST deve ser complementado com funções
OSB de modo a evitar desligamentos incontrolados no sistema.
Outro aspecto importante dos sistemas OST é evitar o desligamento de disjuntores quando
o ângulo entre as fontes é próximo a 180º. A abertura de disjuntores nestas condições pode
implicar em reignição de arco e danificação do disjuntor, a menos que esse equipamento tenha
sido projetado para abertura com as tensões em oposição de fase.
Entretanto, dependendo das características do sistema elétrico e dos resultados das análi-
ses de risco, outras filosofias podem ser aplicadas. A seguir serão apresentadas algumas delas:
Também pode ser observado o fato de que qualquer oscilação estável que atinja a caracte-
rística da função de distância em zona 1 irá provocar desligamentos, mesmo que a tendência
do sistema seja de recuperação, podendo levar o sistema a uma condição instável.
Nesse sentido, vale ressaltar que dependendo do comprimento da linha e das fontes equi-
valentes ou quando da aplicação de características quadrilaterais para faltas entre fases, as
funções de distância em zonas 1 podem ter uma grande abrangência no plano R-X, permitindo
a atuação da proteção durante oscilações estáveis, quando o ângulo entre as fontes equivalen-
tes é pequeno.
Também devem ser avaliadas as situações em que a abertura de determinadas linhas de trans-
missão não isole as áreas fora de sincronismo, podendo ser mantidas conexões dessas áreas
fora de sincronismo por outros níveis de tensão. Nesses casos deve-se lançar mão do recurso
da transferência de disparo para que as áreas sejam separadas mais rapidamente.
Embora o melhor ponto para se identificar se a oscilação é ou não instável seja na linha
onde ocorre a formação do centro elétrico do sistema, é possível a aplicação da função OST
para promover aberturas em pontos remotos, por meio dos ajustes de seus alcances reativos,
desde que estas aberturas sejam melhores sob o ponto de vista de formação de ilhas nas quais
se possa manter o equilíbrio entre carga e geração.
A alternativa, utilizando funções de disparo por perda de sincronismo 78 OST, além de
ser mais seletiva, apresenta a vantagem de promover as aberturas dos disjuntores em ângulos
mais favoráveis de tensão, após a defasagem entre as fontes passar de 180° e começar a dimi-
nuir. Além disso, essa alternativa apresenta uma facilidade maior de implantação dos ajustes
das funções responsáveis pela detecção das oscilações, além de não impactar nos limites de
transmissão do sistema e não impor riscos de descoordenação da proteção de perda de sincro-
nismo com os SEP.
A outra opção, menos seletiva, mas que evita grandes excursões de tensão no sistema, é
a utilização da função 68 OST de disparo preditivo. Esta alternativa, quando utilizada, deve
ser ajustada de modo a minimizar a probabilidade de atuações quando de oscilações estáveis,
posicionando as características de atuação de forma que os ângulos entre as fontes equivalen-
tes, nas barras que interligam a linha onde se localiza o centro elétrico, sejam próximos a 120º
elétricos. Nessa região é esperado que o sistema esteja mais próximo da perda de sincronismo
e que a medição da velocidade de variação da impedância medida seja mais precisa, já que
nela as oscilações estáveis e instáveis têm velocidades bem distintas.
6.4.5 – Método simplificado para determinação dos pontos para aplicação de proteção para
oscilação de potência
Esse método tem o objetivo de avaliar a possibilidade de formação de centro elétrico em
um determinado ponto, considerando as impedâncias da rede, de forma a orientar a aplicação
das funções de disparo por oscilação de potência ou perda de sincronismo.
A figura 6.4.5-1 mostra o sistema equivalente de duas fontes e a linha de impedância ZL
em consideração.
Se ZT/2 for maior que ZS ou ZR o centro elétrico pode ser formado na linha em estudo
devendo ser avaliada a utilização da função OST.
Ressalta-se que este método deve ser utilizado apenas como um indicativo e não substitui
os estudos dinâmicos, os quais devem indicar quais são os cenários e as contingências que
resultam na instabilidade do sistema. Esses estudos também devem fornecer as informações
sobre ângulos críticos e frequências da oscilação para subsidiarem os ajustes das funções de
oscilação de potência.
comparada com a do sistema, ou seja, quando for caracterizada uma fonte fraca em um sistema
forte.
Ressalta-se que esse método não substitui os estudos dinâmicos, pois o objetivo do mes-
mo é apenas apresentar uma análise geométrica do fenômeno expresso no diagrama R-X.
De fato, também não aponta quais serão as contingências que irão ocasionar a instabilidade
eletromecânica e a formação do centro elétrico. Essas informações deverão ser obtidas de
estudos adicionais, cujos resultados dependerão, além dos fatores supracitados, de diversos
outros, como o nível de carregamento das linhas, características da carga, tensões nas barras,
inércia do sistema, ações de controle das unidades geradoras, etc.
Sendo assim, quando os estudos indicarem a possibilidade de formação de centro elétrico
numa determinada usina do sistema, é recomendado que a mesma possua habilitada nas prote-
ções de suas unidades geradoras, ou linha de conexão, a função de Perda de Sincronismo (78).
Os dispositivos de proteção de unidades geradoras disponibilizam funções de perda de
sincronismo que detectam oscilações de potência, a partir de diversos algoritmos. A seguir
serão apresentados dois algoritmos disponíveis para executar esta função, um deles utilizando
um único blinder e o outro utilizando dois blinders.
Além dos blinders, ambos os esquemas utilizam ainda um círculo no plano de impedân-
cia, que define o alcance da função. Este círculo é denominado 78Z1 e é o responsável por não
permitir atuações dos algoritmos em oscilações de potência com centro elétrico fora da usina,
provendo seletividade à função. O círculo possui um alcance à frente (78FWD), e um alcance
reverso (78REV).
As posições dos blinders 78R1 e 78R2 devem ser escolhidas de forma que o ângulo das
tensões entre a unidade geradora e a fonte equivalente seja aproximadamente igual a 120º.
Também deve ser observado se o círculo Z1 e os blinders 78R1 e 78R2 não invadem a região
de carga.
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