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Estrutura Cristalina

Prof. José Nicoletti Filho


Revisado março - 2023
Fonte: Callister, William D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução (9a. ed.)
1
Materiais cristalinos

✓Estrutura cristalina: conceitos fundamentais,


célula unitária;
✓Sistemas cristalinos;
✓Polimorfismo e alotropia;
✓Direções e planos cristalográficos.

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Arranjo atômico

Por que estudar?

• As propriedades de alguns materiais estão diretamente associadas à sua


estrutura cristalina (ex: magnésio e berílio que têm a mesma estrutura se
deformam muito menos que ouro e prata que têm outra estrutura cristalina);

• Explica a diferença significativa nas propriedades de materiais cristalinos e não


cristalinos de mesma composição (materiais cerâmicos e poliméricos não-
cristalinos tendem a ser opticamente transparentes enquanto os cristalinos não).

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Arranjo atômico

• Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos ou não-cristalinos de


acordo com a regularidade na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à
seus vizinhos;
• Material cristalino é aquele no qual os átomos encontram-se ordenados por
longas distâncias atômicas formando uma estrutura tridimensional chamada
rede cristalina;
• Todos os metais, muitos cerâmicos e alguns polímeros formam estruturas
cristalinas sob condições normais de solidificação;

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Célula Unitária
(unidade básica repetitiva da estrutura tridimensional)

Os átomos são representados como esferas rígidas

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Estrutura cristalina dos metais

• Sendo a ligação metálica não-direcional, não há restrições quanto ao


número e posições dos vizinhos mais próximos;

• Assim, a estrutura cristalina dos metais comporta um número grande


de vizinhos e alto empacotamento atômico;

• Estruturas cristalinas mais comuns em metais: Cúbica de corpo


centrado, cúbica de face centrada e hexagonal compacta.

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Sistema cúbico

Os átomos podem ser agrupados dentro do sistema cúbico em 3


diferentes tipos de repetição:

• Cúbico simples
• Cúbico de corpo centrado
• Cúbico de face centrada

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Sistema cúbico simples - CS

◼ Apenas 1/8 de cada átomo cai dentro da


célula unitária, ou seja, a célula unitária
contém apenas 1 átomo;

◼ O baixo empacotamento atômico justifica o


fato dos metais não cristalizarem na
estrutura cúbica simples.
a

Parâmetro de rede
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Número de coordenação para CS

• Número de coordenação corresponde ao número de átomos vizinhos


mais próximos;

• Para a estrutura cúbica simples o número de coordenação é 6.

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Relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro de rede (a) para o
sitema CS

◼ No sistema cúbico simples


os átomos se tocam na face

acs = 2 r

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Fator de empacotamento atômico para CS

Fator de empacotamento = Número de átomos x Volume dos átomos


Volume da célula unitária

Volume dos átomos = número de átomos x Volume da Esfera (4r3/3)


Volume da célula = Volume do Cubo = a3

◼ Fator de empacotamento = 4r3/3


(2r) 3

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A ESTRUTURA CS É O,52

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Sistema cúbico de corpo centrado - CCC

◼ Na estrutura ccc cada átomo dos vértices do cubo é


compartilhado com 8 células unitárias;

◼ Já o átomo do centro pertence somente a uma célula unitária;

◼ Cada átomo de uma estrutura ccc é cercado por 8 átomos


adjacentes;

◼ Há 2 átomos por célula unitária na estrutura ccc;

◼ O Fe, Cr, W cristalizam na estrutura ccc.

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Número de coordenação para CCC

1/8 de átomo

1 átomo inteiro

Para a estrutura ccc o número de coordenação é 8


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Relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro de rede (a) para o
sitema CCC

◼ No sistema CCC os átomos se tocam ao


longo da diagonal do cubo: (3) 1/2.a=4r

accc= 4r/ (3)1/2

14
Fator de empacotamento atômico para CCC

Fator de empacotamento = Número de átomos x Volume dos átomos


Volume da célula unitária

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A ESTRUTURA CCC É 0,68

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Sistema cúbico de faces centradas - CFC

◼ O PARÂMETRO DE REDE E O RAIO ATÔMICO ESTÃO RELACIONADOS


POR:

acfc = 2R.(2)1/2 = 4R/(2)1/2

◼ Na estrutura cfc cada átomo dos vértices do cubo é dividido entre 8


células unitátias;

◼ Os átomos das faces pertencem a 2 células unitárias;


◼ a2 + a2 = (4R)2
◼ A célula unitária contém 4 átomos;
a2
2 = 16 R2
a2 = 8 R2 ◼ É o sistema mais comumente encontrado nos metais (Al, Fe, Cu, Pb,
Ag, Ni,...)
a = 2R (2)1/2
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Número de coordenação para CFC

Para a estrutura cfc o número de coordenação é 12


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Fator de empacotamento atômico para CFC

Fator de empacotamento = Número de átomos x Volume dos átomos


Volume da célula unitária

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A ESTRUTURA CFC É 0,74

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Cálculo da massa específica

◼ O conhecimento da estrutura cristalina permite o cálculo da


densidade ():

= nA
Vc.NA
n= número de átomos da célula unitária
A= massa atômica
Vc= Volume da célula unitária
NA= Número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos/mol)

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Tabela resumo para o sistema cúbico

Átomos Número de Parâmetro Fator de


por célula coordenação de rede empacotamento

CS 1 6 2R 0,52
CCC 2 8 4R/(3)1/2 0,68
CFC 4 12 4R/(2)1/2 0,74

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Estrutura hexagonal compacta - HC

◼ O sistema Hexagonal Compacto é mais


comum nos metais (ex: Mg, Zn);

◼ No HC cada átomo de uma dada camada está


diretamente abaixo ou acima dos interstícios
formados entre as camadas adjacentes.

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Estrutura hexagonal compacta - HC

◼ Cada átomo tangencia 3 átomos da


camada de cima, 6 átomos no seu
próprio plano e 3 na camada de
baixo do seu plano;

◼ O número de coordenação para a


estrutura HC é 12 e, portanto, o
fator de empacotamento é o
mesmo da cfc, ou seja, 0,74.
Relação entre R e a:
a = 2R
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Estrutura hexagonal compacta - HC

Há 2 parâmetros de rede representando os parâmetros


Basais (a) e de altura (c)

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Raio atômico e estrutura cristalina de alguns metais

24
Sistemas cristalinos

❖ Estes sistemas incluem todas as possíveis geometrias de


divisão do espaço por superfícies planas contínuas

25
Os 7 sistemas cristalinos

Uma célula unitária com os eixos


coordenados x, y e z, mostrando os
comprimentos axiais (a, b e c) e os
ângulos entre os eixos (α, β e γ).

26
Os 7 sistemas cristalinos

27
As 14 redes de bravais
A partir dos 7 sistemas cristalinos é possível identificar 14 tipos diferentes de células unitárias, conhecidas
como redes de Bravais. Cada uma destas células unitárias tem características que permitem diferenciá-las
das outras células unitárias. Além disso, estas características também auxiliam na definição das
propriedades de um material particular.

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Direções nos cristais

a, b e c definem os eixos de um sistema de coordenadas em 3D. Qualquer linha (ou direção) do


sistema de coordenadas pode ser especificada através de dois pontos: um deles é tomado como
a origem do sistema de coordenadas, geralmente (0,0,0) por convenção;

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Direções nos cristais

• As direções são representadas


entre colchetes=[uvw]

• Família de direções: <uvw>

30
Direções nos cristais

Família de direções: arestas <100>

31
Direções nos cristais

• Diagonal de face

• Se a subtração resultar
negativa, coloca-se uma
barra sobre o número

32
Direções nos cristais

• Diagonal do sólido

33
Direções nos cristais

As representações devem resultar


valores inteiros. Quando fracionários,
cabe divider ou multiplicar por um
fator comum para gerar inteiros.

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Direções para o sistema cúbico

• A simetria desta estrutura permite que as direções


equivalentes sejam agrupadas para formar uma família de
direções:
• <100> para as faces
• <110> para as diagonais das faces
• <111> para a diagonal do cubo

<110>

<111>
<100>
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Direções para o sistema CCC

• No sistema ccc os átomos se tocam ao


longo da diagonal do cubo, que
corresponde a família de direções <111>.

• Logo, a direção <111> é a de maior


empacotamento atômico para o sistema
ccc.

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Direções para o sistema CFC

• No sistema cfc os átomos se tocam ao


longo da diagonal da face, que
corresponde a família de direções <110>.

• Logo, a direção <110> é a de maior


empacotamento atômico para o sistema
cfc.

Filme 22

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Planos cristalinos
Porque são importantes?

· Para a determinação da estrutura cristalina


Esta informação é usada para determinar os parâmetros do reticulado de um cristal através de métodos de difração.

· Para a deformação plástica


A deformação plástica (permanente) dos metais ocorre pelo deslizamento dos átomos, escorregando uns sobre os
outros no cristal. Este deslizamento tende a acontecer preferencialmente ao longo de planos e direções específicos do
cristal.

· Para as propriedades de transporte


Em certos materiais, a estrutura atômica em determinados planos causa o transporte de elétrons e/ou acelera a
condução nestes planos, e, relativamente, reduz a velocidade em planos distantes destes.

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Planos cristalinos

• São representados de maneira similar às direções.

• São representados pelos índices de Miller = (hkl).

• Planos paralelos são equivalentes tendo os mesmos índices.

39
Planos cristalinos

40
Planos cristalinos

Planos (010)

• São paralelos aos eixos x e z


(paralelo à face).

• Cortam um eixo (neste


exemplo: y em 1 e os eixos x e
z em ).

• 1/ , 1/1, 1/  = (010).

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Planos cristalinos

Planos (110)

• São paralelos a um eixo (z).

• Cortam dois eixos (x e y).

• 1/ 1, 1/1, 1/  = (110).

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Planos cristalinos

Planos (111)

• Cortam os 3 eixos cristalográficos.

• 1/ 1, 1/1, 1/ 1 = (111).

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Família de planos {110}
paralelo a um eixo

44
Família de planos {111}
intercepta os 3 eixos

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Planos no sistema cúbico

• A simetria do sistema cúbico faz com que a família de


planos tenha os mesmos arranjo e densidade;

• Deformação em metais envolve deslizamento de planos


atômicos. O deslizamento ocorre mais facilmente nos
planos e direções de maior densidade atômica.

46
Planos de maior densidade atômica no sistema
CCC

• A família de planos {110} no sistema


ccc é o de maior densidade atômica

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Planos de maior densidade atômica no sistema
CFC

• A família de planos {111} no sistema cfc é o


de maior densidade atômica.

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