Você está na página 1de 48

CIÊNCIA DOS MATERIAIS

- ARQUITETURA DOS SÓLIDOS-


ESTADO CRISTALINO

Luciana Cordeiro - 2017


§ Introdução

• DIVISÃO DA ESTRUTURA NOS MATERIAIS


§ Introdução
n Estrutura Cristalina

“É como átomos, íons ou moléculas


estão arranjados no espaço”

n Por que estudar?


q Para entender que as propriedades dos materiais estão
diretamente associadas à sua estrutura cristalina.
ARQUITETURA DOS

q E para explicar a diferença existente entre as


SÓLIDOS

propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos de


mesma composição.
§ Introdução
1) As propriedades de materiais estão diretamente associadas à sua
estrutura cristalina.
Exemplos:

• Alguns materiais são mais dúcteis que outros


• Magnésio e Berílio que têm a mesma estrutura (HC) se
deformam muito menos que ouro e prata (CFC) que têm
outra estrutura cristalina.

Grande parte da diferença das propriedades dos materiais é de interesse tecnológico,


assim as diferenças na estrutura cristalina é de grande importância na Engenharia.
§ Introdução
1) As propriedades de materiais estão diretamente associadas à sua
estrutura cristalina.
Exemplos:

• Diamante e carbono, BN-a e BN-b, Fe-a e Fe-g e outros.

Fe-g

Fe-a
§ Introdução
2) Diferença existente entre as propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos
de mesma composição.

Exemplos:
• Materiais cerâmicos e polímeros

NÃO CRISTALINO
OPTICAMENTE TRANSPARENTE
CRISTALINO
OPTICAMENTE OPACOS

• Por quê?
Devido a maneira na qual os átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos.
CD2
CD3

Ordenação de Átomos
Os materiais sólidos podem ser classificados em cristalinos ou não-cristalinos de acordo
com a regularidade na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos.
CD4

Cristal Vidro Polímero Gás


ordem de longo ordem de curto sem ordenamento
alcance alcance
Slide 7

CD2 Nos materiais cristalizados, os átomos são situados num reticulado periódico e apresentarão ordem de longo alcance.
Confidencial; 30/01/2017

CD3 Em condições normais de solidificação todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros produzirão materiais
cristalizados.
Confidencial; 30/01/2017

CD4 Os materiais cristalinos são classificado segundo a regularidade do arranjo


Confidencial; 30/01/2017
Ordenação de Átomos
n Material cristalino
q É aquele no qual os átomos encontram-se ordenados
sobre longas distâncias atômicas formando uma
estrutura tridimensional que se chama de rede
cristalina.

n Material não-cristalino (ou Amorfo)


q Em geral não apresentam regularidade na
distribuição dos átomos. Ou seja, não existe ordem
de longo alcance na disposição dos átomos.
Ordenação de Átomos: Conceitos Fundamentais
1.1 Sistema Cristalino:
q Esquema que classifica as estruturas cristalinas de acordo com a geometria da
célula unitária. Essa geometria é especificada de acordo com o comprimento das
arestas e os ângulos interaxiais.
Estruturas Cristalinas
n Três estruturas cristalinas são comumente encontradas nas maiorias dos materiais,
são elas:

Cúbica de corpo centrado (CCC) Hexagonal compacta (HC)

Cúbica de face centrada (CFC)


Ordenação de Átomos: Conceitos Fundamentais
1.2 Simetria:
q É a propriedade pela qual um ente exibe correspondentes quando submetida a uma
operação. Assim sendo, um objeto que possui simetria pode ser convertido nele
próprio, a partir de uma de suas partes.

1.2.1 Tipos de Simetria:


q Até agora, eram conhecidos 5 tipos de simetria para descrever a estrutura cristalina:
rotação, inversão, rotação-inversão, translação e reversão temporal. Um sexto
tipo de simetria, a rotação reversa foi proposta recentemente (2010), fazendo com
que os materiais cristalinos possam se organizar em 17.800 estruturas diferentes
(antes era 1.651 !).
Ordenação de Átomos: Conceitos Fundamentais
Os átomos são representados como esferas rígidas.

1.3 Rede
A rede é formada por átomos se repete regularmente. Em outras palavras é um conjunto de pontos
espaciais que possuem vizinhança idêntica.

- simetria com os vizinhos;


CRITÉRIOS PELOS QUAIS SE
DEFINE UM CRISTAL - distâncias parâmetros de rede (a, b, c);
- ângulos entre arestas (a, b, g )

• Ideais (teóricas): puras,


temperatura 0 K, 1 atm pressão:
baixa energia e maior
empacotamento.

• Reais: compreendem os defeitos


(imperfeições) possíveis nas
ideais.
Exemplo esquemático de rede
Ordenação de Átomos: Conceitos Fundamentais
TUDO O QUE NECESSITAMOS É DESCREVER A UNIDADE BÁSICA DE REPETIÇÃO DA REDE

1.4 Célula unitária:


q É a menor porção (subdivisão) da rede cristalina que
retém as características de toda a rede.
q É a unidade estrutural básica da estrutura cristalina
q É escolhida para representar a simetria da estrutura
cristalina.
q Consiste num pequeno grupos de átomos que formam um
modelo repetitivo ao longo da estrutura tridimensional.
Célula
unitária
Ordenação de Átomos: Conceitos Fundamentais
1.5 Parâmetros de Rede
q Geometricamente uma célula unitária pode ser representada por um paralelepípedo,
q Que pode ser descrita em termos de seis parâmetros de redes que são:

ü Comprimento das três arestas (a, b, c)


ü Os três ângulos entre as arestas a, b, g
1.6 Combinações dos Parâmetros de Rede
q São as configurações básicas da disposição dos átomos em cada célula unitária da rede
cristalina. Existem 7 combinações dos parâmetros de rede e cada uma dessas constitui um
Sistema Cristalino.
CD5
CD6

Sistemas Cristalinos
Sistema Relações Ângulos entre os eixos Geometria da
cristalino Axiais célula unitária

Cúbico a=b=c α = β = γ = 90º

α = β = 90º; γ = 120º
Hexagonal a=b≠c

α = β = γ = 90º
Tetragonal a=b≠c
Slide 16

CD5 Confidencial; 30/01/2017

CD6 Diferentes empacotamentos atômicos nos 7 diferentes tipos de redes cristalinas


Confidencial; 30/01/2017
Sistemas Cristalinos
Sistema Relações Ângulos entre os eixos Geometria da
cristalino Axiais célula unitária

Romboédrico ou
a=b=c α = β = γ ≠ 90º
trigonal

α = β = γ = 90º
Ortorrômbico a≠b≠c

α = γ = 90º ≠ β
Monoclínico a≠ b≠c

a≠ b≠c α ≠ β ≠ γ ≠ 90º
Triclínico
Estruturas Cristalinas
CD7
1.6 Rede de Bravais
q Qualquer reticulado cristalino pode ser descrito por um dos 14 reticulados de Bravais
Slide 19

CD7 (Auguste Bravais cristalógrafo francês 1811-1863)


- Representam as possibilidades de preenchimento dos sete reticulados cristalinos
por átomos
Confidencial; 31/01/2017
• CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA CARACTERIZAÇÃO DE REDES CRISTALINAS
n Número de átomos por célula unitária
O número de átomos por célula unitária é o número específico de pontos da rede que define cada
célula unitária.

Þ Um ponto no vértice da célula unitária cúbica é partilhado


por oito células unitárias do arredor; assim, somente 1/8 de
cada vértice pertence a uma célula particular. No centro da
face é compartilhado por 2 células unitárias.
n Número de átomos por célula unitária
Número de átomos por célula unitária no sistema cristalino cúbico.

CS
n° pontos da rede = 8*(vértices) * 1 = 1 átomo
célula unitária 8

CCC n° pontos da rede = 8*(vértices) * 1 + 1 centro = 2 átomos


célula unitária 8

CFC n° pontos da rede = 8*(vértices) * 1 + 6 * 1 centro face = 4 átomos


célula unitária 8 2

n° pontos da rede = 12*(vértices) * 1 + 2 * 1 centro face + 3 no centro = 6 átomos


HC célula unitária 6 2
n Relação entre raio atômico e Parâmetro de Rede
A relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro (ao) é determinada geometricamente a partir da
direção em que os átomos estão em contato (direção de empacotamento fechado, ou de maior
empacotamento).
Relação entre o raio atômico e o parâmetro para as células unitárias do sistema cristalino cúbico

CCC HC
CS CFC

ao = r + r (diagonal cubo)2 = (4 r)2 = ao2 + ao2 + ao2 (diagonal face)2 = (4 r)2 = ao2 + ao2 ao = 2r co = 1,633 ao
ao = 2r
ao = 4r ao = 4r
31/2 Diagonal face 21/2
n Relação entre raio atômico e Parâmetro de Rede

Hexagonal Hexagonal Compacto


n Relação entre raio atômico e Parâmetro de Rede
Exemplo: O raio atômico do Fe é 1,24 A. Calcule o parâmetro de rede do FeCCC e do FeCFC.
FeCCC
ao = 4 x 1,24 A = 2,86 A
31/2

FeCFC

ao = 4 x 1,24 A = 3,51 A
21/2
n Número de Coordenação
O número de coordenação é o número de vizinhos mais próximos.
Þ Depende: (i) da covalência: o número de ligações covalentes que um átomo pode compartilhar; (ii) do fator de
empacotamento cristalino.
Relação entre o raio atômico e o parâmetro para as células unitárias do sistema cristalino cúbico
CS CCC CFC HC

NC= 6
NC= 8

NC= 12 NC= 12
n Fator de empacotamento atômico
q O FEA representa a fração do volume de uma célula unitária que corresponde a
esfera sólida.
á é á
é á

FEA = (n° átomos / célula) * volume cada átomo


volume da célula unitária
n Fator de empacotamento atômico
Massa Específica
n Definição:
q A massa específica do corpo (ρ) é definida como sendo a razão entre a sua massa e o seu
volume
q O cálculo de possível com o conhecimento de sua estrutura

TEÓRICA
ú á é á
ô
é á
á
ú 6,023 10
Massa Específica
n Exemplo:
q Determine a densidade do Fe CCC, que tem um a0 de 2,866 Å.
Átomos/célula = 2 átomos
Massa atômica = A = 55,85 g/mol
Volume da célula unitária = = 23,55·10-24 cm³/célula
Número de Avogadro = = 6,02·1023 átomos/mol

2á / é 55,85 /
23,55 10−24 cm³/célula 6,02·1023 átomos/mol
, g/cm³
n Exemplo 2:
Massa Específica
q Calcule a mudança de densidade e de volume que ocorre quando o FeCCC é aquecido
e transforma-se em FeCFC. Na transformação de fase, o parâmetro de rede muda de
aoCCC = 2,863A para aoCFC = 3,591A.
n Exemplo 2:
Massa Específica
q Calcule a mudança de densidade e de volume que ocorre quando o FeCCC é aquecido
e transforma-se em FeCFC. Na transformação de fase, o parâmetro de rede muda de
aoCCC = 2,863A para aoCFC = 3,591A.
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica Simples:
q Célula unitária com geometria cúbica, com
os átomos localizados em cada um dos
vértices
q 1 átomo associado a cada célula unitária
q Número de coordenação: É o número de
vizinhos de cada átomo (em contato)

6 para a
Cúbica
Simples

Parâmetro de rede
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica Simples 2
Parâmetro de rede .
1/8 de átomo por vértice do cubo
Fator de empacotamento (FE):
á

4· · 1
·
3 2· 6

FE = 0,52
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica de Corpo Centrado:
q Átomos localizados em todos os oito vértices e um único átomo no centro do cubo
q 2 átomos associados a cada célula unitária

EX.: Estrutura cristalina


do cromo, ferro,
tungstênio, etc.

Número de
coordenação 8
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica de Corpo Centrado
4
Parâmetro de rede .
3
1/8 de átomo por vértice do cubo
+
1 átomo no interior da célula
Fator de empacotamento (FE):
FE = 0,68
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica de Face Centrada:
q Célula unitária com geometria cúbica, com os átomos localizados em cada um dos vértices e
nos centros de todas as faces do cubo
q Os núcleos iônicos (esferas) se tocam uns nos outros ao longo de uma diagonal da face
q 4 átomos associados a cada célula unitária

EX.: Estrutura cristalina do cobre,


alumínio, prata, ouro, etc.

4
Número de
coordenação 12
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica de Face Centrada
4
Parâmetro de rede .
2
1/8 de átomo por vértice do cubo
+
1/2 átomo em cada face da célula
Fator de empacotamento (FE):
FE = 0,74
Reticulados Cristalinos Importantes
n Cúbica Complexa
(diamante)
1/8 de átomo por vértice do cubo +
1/2 átomo em cada face da célula +
4 átomos dentro da célula = 8
Fator de empacotamento: FE = 0,34
Reticulados Cristalinos Importantes
n Hexagonal Compacta
Parâmetros de rede aec
1/6 de átomo por vértice da base +
1/2 átomo em base hexagonal +
3 átomos no interior da célula = 6
Fator de empacotamento (FE):

4· · ²· 3
6 / 6·
3 4
FE = 0,74
Reticulados Cristalinos Importantes
n Hexagonal Compacta:
q Cada átomo tangencia 3 átomos da camada de cima, 6 átomos no seu
próprio plano e 3 na camada de baixo do seu plano.
q O sistema HC é o mais comum nos metais

EX.: Estrutura cristalina


do magnésio, zinco, etc.

Número de
coordenação 12
c 1,633
2
POLIMORFISMO E ALOTROPIA
Alguns materiais podem ter mais de uma estrutura cristalina dependendo da
temperatura e pressão. São denominados de alotrópicos (elementos químicos) ou
polimórficos (compostos em geral).

• Geralmente as transformações
polimórficas são acompanhadas de
mudanças na densidade e mudanças de
outras propriedades físicas.
POLIMORFISMO E ALOTROPIA
q Polimorfismo: Fenômeno no qual um sólido (metálico ou não metálico) pode apresentar mais
de uma estrutura cristalina
q Depende tanto da temperatura quanto da pressão (SiO2 como quartzo ou cristobalita)
POLIMORFISMO E ALOTROPIA
q O fenômeno é conhecido como alotropia quando encontrado nos sólidos
elementares
q O C pode ser encontrado como grafite (estável em condições ambientes) e diamante
(formado a alta temperatura e pressão)
POLIMORFISMO E ALOTROPIA
q O Fe puro apesenta diferentes
estruturas em função da
temperatura

Você também pode gostar