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ESTRUTURA CRISTALINA

DOS MATERIAIS
CERÂMICOS

PMT-2311 Cerâmica Física


Antonio Carlos Vieira Coelho / Samuel M. Toffoli
PMT – EPUSP – 2019
ESTRUTURA DOS MATERIAIS CERÂMICOS

◼ ref.: Capítulo 1 - Chiang, Y.-M.; Birnie, D.P.;


Kingery, W.D. - Physical Ceramics – Principles for
Ceramic Science and Engineering

◼ Conhecimentos pressupostos (básicos...)


◼ Princípios gerais de estrutura atômica e ligações

químicas
◼ Princípios gerais de estrutura cristalina dos sólidos

◼ ref.: Capítulos 2 e 3 - Callister, W.D. – Materials


Science and Engineering

2
ESTRUTURA DOS MATERIAIS CERÂMICOS

◼ Considerações Iniciais – as estruturas encontradas nos


materiais cerâmicos são diferentes daquelas presentes nas outras
classes de materiais, porque os materiais cerâmicos são compostos:
◼ Inorgânicos
◼ Contendo pelo menos dois – e com muita frequência, mais –
elementos químicos
◼ Em aplicações tecnológicas podem ser usadas em uma
variedade de morfologias: monolitos, pós finos, filmes finos ou
espessos, fibras longas ou curtas
◼ Cada um desses pode ser um monocristal ou ser policristalino,
ou ainda pode ser amorfo
◼ Podem ainda apresentar uma ou várias fases (pela quantidade de
componentes, o número de fase presentes é geralmente maior do que o n° de
fases encontrado em sistemas exclusivamente metálicos)
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ESTRUTURA DOS MATERIAIS CERÂMICOS

Revisão
Sólidos cristalinos e amorfos
Estruturas cristalinas simples (CCC, CFC, HC)
Índices de Miller

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Sólidos Cristalinos e Sólidos Amorfos

◼ Segundo a distribuição espacial dos átomos, moléculas ou


íons, os materiais sólidos podem ser classificados em:
◼ Cristalinos: compostos por átomos, moléculas ou íons
arranjados de uma forma periódica nas três dimensões. As
posições ocupadas seguem uma ordenação que se repete
para grandes distâncias atômicas (de longo alcance).

◼ Amorfos: compostos por átomos, moléculas ou íons que


não apresentam uma ordenação de longo alcance. Podem,
no entanto, apresentar ordenação de curto alcance.

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Sólidos Cristalinos e Sólidos Amorfos

Estruturas
da cristobalita
sílica

vidro de sílica quartzo 6


Para que estudar as estruturas cristalinas?

A estrutura afeta as
propriedades

Sólidos amorfos → Isotropia

Sólidos cristalinos → pode haver


anisotropia dependendo da estrutura
7
Para que estudar as estruturas cristalinas?
Sólidos cristalinos → pode
haver anisotropia
dependendo da estrutura

É comum acontecer que os cristais


individuais sejam anisotrópicos,
mas que o material (policristalino)
seja isotrópico

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Reticulado Cristalino

◼ Um cristal é constituído por “motivos


estruturais” que se repetem regularmente.
◼ Esses motivos podem ser átomos, moléculas,
íons, ou grupos de átomos, de moléculas ou
de íons.
◼ Um reticulado cristalino é a figura formada,
no espaço, pelos pontos que definem a
localização desses motivos.
◼ O reticulado cristalino é, na realidade, um
esqueleto abstrato da estrutura cristalina.

9
Reticulado Cristalino

◼ Cada ponto do reticulado


determina a localização de
um motivo estrutural (um
átomo, íon, molécula ou
grupo de átomos, íons ou
moléculas).

◼ O reticulado é formado
pelo conjunto de pontos.

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Célula (Cela) Unitária

◼ A cela unitária é um
paralelepípedo
imaginário que constitui
uma unidade
fundamental com a qual
se constrói todo o
cristal somente por
deslocamentos de
translação (tal como os
tijolos numa parede).

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Célula (Cela) Unitária

Halita

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Célula (Cela) Unitária

Célula unitária Célula unitária de


representada por um reticulado
Sólido cristalino CFC esferas rígidas cristalino.

Qualquer ponto da célula unitária que for transladado de um múltiplo


inteiro de parâmetros de rede ocupará uma posição equivalente em
outra célula unitária.

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Parâmetros de rede

• Geometricamente uma célula unitária pode ser


representada por um paralelepípedo.

• A geometria da célula unitária


é univocamente descrita em
termos de seis parâmetros: o
comprimento das três arestas
do paralelepípedo (a, b , c) e os
três ângulos entre as arestas
( ,  , ). Esses parâmetros
são chamados parâmetros de
rede.

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Reticulados
de Bravais

(c) 2003 Brooks/Cole Publishing / Thomson Learning™

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Resumo – Sistemas Cristalinos

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Índices de Miller: direções cristalográficas

◼ Direção cristalográfica: vetor que une dois pontos


da rede cristalina.
◼ Se o vetor não passar pela origem: transladar o “vetor
direção” de maneira que ele passe pela origem do sistema de
coordenadas (ou transladar a origem...).
◼ Determinar a projeção do vetor em cada um dos
três eixos de coordenadas. Essas projeções devem
ser medidas em termos dos parâmetros de rede
(a,b,c).
◼ Multiplicar ou dividir esses três números por um
fator comum, tal que os três números resultantes
sejam os menores inteiros possíveis.
◼ Representar a direção escrevendo os três números
entre colchetes: [u v w].

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Direções cristalográficas : Exemplo

x y z
projeções ½xa 1xb Oxc
projeções em ½ 1 0
termos de a,b e c
redução a 1 2 0
mínimos
inteiros
notação [120]

18
Direções cristalográficas : Exercícios

19
Direções cristalográficas : Exercícios

20
Direções cristalográficas : Exercícios

21
Direções cristalográficas : Exercícios

[102]

22
Direções cristalográficas : Exercícios

23
Direções cristalográficas : Exercícios

24
Família de direções cristalográficas

Sistema Cúbico de Face Centrada

Uma família de direções, por exemplo mesma densidade


[110], é representada por <110> linear
25
Família de direções cristalográficas

Sistema Ortorrômbico de Faces Centradas


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Índices de Miller: Planos Cristalográficos

◼ Se o plano passar pela origem: mover o plano ou a origem (por


translação) para uma nova posição no sistema de coordenadas.
◼ Determinar as intersecções do plano com os eixos do
sistema de coordenadas em termos dos parâmetros de
rede a , b , c.
◼ Obter os recíprocos dos três interceptos. Se o plano for
paralelo a um dos eixos, considera-se o intercepto
infinito, e o seu recíproco zero.
◼ Representar na forma (h k l ).

Nota: Às vezes é necessário multiplicar ou dividir


esses três recíprocos por um fator comum, tal que os
três números resultantes sejam os menores inteiros
possíveis.
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Planos cristalográficos

28
Planos cristalográficos : Exercícios

29
Planos cristalográficos : Exercícios

30
Planos cristalográficos : Exercícios

31
Planos cristalográficos : Exercícios

32
Planos cristalográficos : Exercícios

33
Planos cristalográficos : Exercícios

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Família de planos cristalográficos

Sistema Cúbico de Face Centrada São 6 planos

Uma família de planos, por exemplo (110), mesma densidade


é representada por {110} planar
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Família de planos cristalográficos

São 2 planos
Sistema Ortorrômbico de Face Centrada
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... estruturas cristalinas ...

Por que as espécies preferem


arranjar-se num cristal iônico
ao invés de permanecerem
isoladas umas das outras?

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CONSTANTE DE MADELUNG

Constante de Madelung
◼ É uma definição precisa da energia de uma dada estrutura
cristalina relativa ao mesmo número de componentes
isolados.
◼ Medida da estabilização eletrostática de um cristal.
◼ A energia de ligação cátion-ânion tem duas componentes:
atração coulombiana e um segundo termo, devido, que é
a repulsão devido ao Princípio de Exclusão de Pauli, a qual
torna-se mais forte para pequenas distâncias de
separação.
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CONSTANTE DE MADELUNG

Energia de interação E entre dois íons


Atração coulombiana
Repulsão

◼ onde Zi e Zj são íons. Cargas: Zie e o outro: Zje


onde e = carga do elétron
◼ e0 é a permissividade do vácuo, Bij é uma constante
empírica, Rij é a separação interatômica, e o
expoente n tem um valor de aproximadamente 10.

39
CONSTANTE DE MADELUNG

Energia de interação Ec - cristal com N pares


cátion-ânion
◼ Mínima energia do par = Eo
(fundo do poço de energia potencial)

◼ Pares separados: energia total = N.Eo

◼ Assim, no cristal:

40
CONSTANTE DE MADELUNG

Energia de interação Ec - cristal com N pares cátion-ânion


◼ Considerando:
◼ ZC = valência do cátion e ZA = valência do ânion;
◼ Rij = xij.R0 , onde R0 = mínima separação entre os íons
( R0 = RC + RA , ou seja, corresponde ao fundo do “poço de potencial”)
então

Onde  é a soma das interações eletrostáticas = constante de


(Z i / | Z i |)(Z j / | Z j |)

Madelung:
 = −
i X ij
◼ C é a soma das interações repulsivas de curta distância = - S Bij/Xijn
41
CONSTANTE DE MADELUNG

◼ Energia eletrostática de um cristal relativa ao mesmo número de


componentes isolados
◼ Medida da estabilização eletrostática de um cristal

◼ Valores muito próximos, mesma composição → POLIMORFISMO

TIPO DE ESTRUTURA CONSTANTE DE MADELUNG


“Sal de rocha” (NaCl) 1,748
Cloreto de Césio (CsCl) 1,763
Esfalerita (“Zincblende” - ZnS) 1,638
Wurtzita (ZnS) 1,641
Fluorita 2,519
Córindon 4,040
42
...falando de estruturas cristalinas...

Dado um composto, existe


somente uma estrutura
possível?

Qual é a estrutura mais


estável para um composto?

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REGRAS DE PAULING

A constante de Madelung dá a energia eletrostática de um cristal relativa ao mesmo


número de componentes isolados, mas sozinha não permite prever estruturas.
Portanto: as 5 Regras de Pauling ( em ordem decrescente de importância)

PREMISSAS
◼ Baseadas na estabilidade geométrica do empacotamento de íons de
diferentes tamanhos + estabilidade eletrostática.

◼ Íons são considerados esferas rígidas (uma simplificação).

◼ Raios iônicos mantêm-se constantes para uma mesma valência e mesmo


número de coordenação (também uma simplificação).
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REGRAS DE PAULING

REGRA 1
◼ Cada íon se coordenará com um poliedro de íons de carga
oposta.
◼ Esse poliedro possuirá um número de íons determinado pela
relação entre os tamanhos dos íons.
◼ Configurações estáveis são aquelas em que os íons menores
(normalmente os cátions) têm dimensão similar ou
ligeiramente maior do que os interstícios que devem ocupar
na estrutura cristalina.

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Número de Coordenação

Coordenação Cúbica (NC=8) Coordenação Octaédrica (NC=6)

x  0,732 x  0,414

46
Número de Coordenação

Coordenação Tetraédrica (NC=4) Coordenação Triangular (NC=3)

x  0,225
x  0,155

47
Número de Coordenação

◼ Exceções à Regra 1 não são


Coordenação Linear (NC=2)
difíceis de serem
encontradas...
◼ átomos não são esferas rígidas
◼ neutralidade local (particularmente no caso
de átomos muito grandes)

◼ tipo de ligação
x0
◼ ligações covalentes e metálicas
tendem a diminuir a distância
interatômica

48
REGRAS DE PAULING

REGRA 2
◼ Numa estrutura cristalina estável, os poliedros de coordenação
se arranjam nas três dimensões de forma a preservar a
neutralidade de carga local.

◼ Contribuição de cada íon (e.v.) → e.v. = z / NC


◼ A carga contrária que cada íon “sente” é igual (em módulo) à sua própria
carga.

rNa = 0,102nm
rCl = 0,181nm
rNa/rCl = 0,564

Regra 1: Estrutura da Halita


Coordenação (NaCl)
Octaédrica
49
REGRAS DE PAULING

rCa = 0,112nm
rF = 0,131nm
rCa/rF = 0,855
◼ Para preservar a
neutralidade de carga Estrutura da Fluorita
Regra 1:
local, como os íons tem (CaF2)
Coordenação valências diferentes,
Cúbica existem duas
coordenações diferentes.

50
REGRAS DE PAULING

Coordenação tetraédrica
REGRA 3
◼ Os poliedros de coordenação
“preferem”, em ordem de
estabilidade, compartilhar
vértices a compartilhar
arestas, e compartilhar
aresta a compartilhar faces
inteiras.
◼ Razão: aumento da distância
entre cátions!!

Coordenação octaédrica
51
REGRAS DE PAULING

REGRA 4
◼ A Regra 3 torna-se tanto mais importante quanto menor é o
número de coordenação e mais elevada é a valência do íon
menor (que geralmente é o cátion).

◼ Em cristais contendo diferentes cátions, aqueles com valência maior e


menor número de coordenação tendem a não compartilhar poliedros com
os outros, e, se isso ocorrer, as arestas dos poliedros se contraem (para
concentrar carga negativa entre os cátions), e os cátions podem se
deslocar de suas posições no centro dos poliedros na direção contrária à
aresta ou face compartilhada (para minimizar a repulsão entre os cátions).

52
REGRAS DE PAULING

REGRA 5
◼ Estruturas simples são sempre preferidas em relação a
estruturas mais complicadas (...”keep it simple”...) . Por exemplo:

◼ Quando diferentes cátions de dimensões similares e de mesma valência


estão presentes em um cristal, eles freqüentemente ocupam o mesmo
tipo de sítio, porém distribuídos de forma aleatória, formando um tipo de
“solução sólida”.

◼ No entanto, se esses diferentes cátions forem suficientemente distintos


em dimensões e em valência, eles podem ocupar sítios com
coordenações diferentes, aumentando a complexidade da estrutura.

53
Aplicação das Regras de Pauling

◼ Quem é o maior: cátion ou ânion?

◼ Se o ânion é o maior (o que é o mais comum),


supõe-se um arranjo compacto de ânions (HC ou
CFC), com os cátions ocupando sítios intersticiais.

◼ A relação entre os raios iônicos vai indicar quais


serão as posições ocupadas → as mais comuns são
as tetraédricas e as octaédricas .

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ESTRUTURAS CRISTALINAS MAIS COMUNS

◼ Grande parte dos compostos que formam as cerâmicas


cristalizam-se em estruturas baseadas no empacotamento
compacto de ao menos um dos elementos que os compõem
(com o outro íon ocupando um conjunto específico de sítios intersticiais).

◼ Os empacotamentos: Lembrete
Fator
◼ CFC (em inglês FCC ); de
Empacotamento
◼ HC (em inglês HCP ).

◼ OBS: as estruturas de cerâmicas com ligações altamente covalentes


não são determinadas pelas regras de Pauling, mas sim pelas
direções das ligações.

55
Empacotamento HC (HCP)

Posições C

56
Empacotamento HC (HCP)
Posições A

Posições B

Posições C

57
Empacotamento CFC (FCC)

58
Posições A

Posições B

Posições C

59
SAL DE ROCHA (NaCl) : baseado em CFC

60
SAL DE ROCHA (NaCl) : baseado em CFC

Haletos Óxidos Sulfetos


LiF, LiCl, LiBr, LiI, NaF, MgO, CaO, SrO, BaO, MgS, CaS, MnS, PbS,
NaCl, NaBr, NaI, KF, NiO, CoO, MnO, PbO FeS2 ( pirita )
KCl, KBr, KI, RbF, RbCl,
RbBr, RbI

◼ Compostos baseados no
empacotamento CFC →
posições octaédricas
ocupadas; posições
tetraédricas vazias

61
SAL DE ROCHA (NaCl): baseada em CFC

Plano (110) da estrutura da halita

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FLUORITA ( MX2 ) E ANTI-FLUORITA ( M2X )

◼ Compostos baseados no empacotamento CFC → posições tetraédricas


ocupadas; posições octaédricas vazias
◼ Fluorita (CaF2): ânions nas posições tetraédricas, e cátions formando
empacotamento CFC; Antifluorita: posições dos íons invertidas → posições
com coordenações diferentes.
◼ COMPOSTOS : Li2O, Na2O, K2O (antifluorita); ZrO2, UO2, CeO2 (fluorita)

vazia
Fluorita Antifluorita

CÁTION NC = 8 NC = 4
ÂNION NC = 4 NC = 8

ocupada

(F) (Ca)

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FLUORITA ( MX2 ) E ANTI-FLUORITA ( M2X )

Plano (110) do ZrO2


estrutura da fluorita

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ESFALERITA (ZnS) – Zincblende

◼ Esfalerita ou blenda, mineral, é o principal minério de


zinco. Estrutura cúbica.
◼ Cátions ocupam apenas a metade das posições
tetraédricas → cátions pequenos têm “maior
estabilidade” em coordenação tetraédrica
◼ Cátions e ânions têm coordenação tetraédrica
◼ Tetraedros compartilham vértices
◼ COMPOSTOS: óxidos e sulfetos (ZnO, ZnS, BaO); SiC;
compostos semicondutores III-V, de forte caráter
covalente (GaAs, CdS, GaP, InSb)
◼ Derivativo da estrutura do diamante
65
ESFALERITA (Zincblende)

Estrutura do diamante
Estrutura da esfalerita
66
ESFALERITA (Zincblende)

Projeção da cela no plano

(c) 2003 Brooks/Cole Publishing / Thomson Learning™

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WURTZITA (também ZnS) – Wurtzite

Estrutura
da
Esfalerita
(Cúbica)

vazia

Estrutura
ocupada da
Wurtzita
EM AMBAS:
(HC)
•Metade das posições tetraédricas ocupadas
Também é ZnS
•Coordenação dos íons igual a 4
(mas pode ser FeS)
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POLIMORFOS E POLITIPOS

◼ POLIMORFISMO : transformações entre as fases


ocorrem simplesmente pelos deslocamentos de átomos
(= displacive transformations).
◼ Fases polimorfas apresentam simetria cristalina
diferente e diferentes distâncias interatômicas e inter-
planares, MAS fases polimorfas tem sempre a mesma
coordenação de cátions e de ânions. Exemplos:
◼ Os três polimorfos da zircônia (ZrO2): cúbica, tetragonal e
monoclínica
◼ Quartzos “low” e “high”; cristobalitas “low” e “high”.

Obs: outras transformações de fases requerem quebra de ligações e rearranjo


e são conhecidas como reconstructive transformations (ver à frente)

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POLIMORFISMO

◼ Algumas características das


Displacives Transformations
(nem sempre todas são verificadas): “high”
◼ A forma de alta temperatura
(“high”) é a forma com estrutura
mais aberta.
◼ A forma “high” tem maior
volume específico
◼ A forma “high” tem maior
capacidade calorífica e maior
entropia
◼ A forma “high” tem maior
simetria
◼ Como pode existir mais de uma
forma de estrutura “low” (uma
imagem de espelho da outra),
transformações no resfriamento
podem formar defeitos de macla
(“twins”).
formas “low”
70
Exemplo: ZrO2

Três polimorfos da zircônia

Importância da zircônia: entre outros, uso


em condutores iônicos de oxigênio para
sensores de O2 e células à combustível e
como gema, substituindo o diamante.
71
POLIMORFOS E POLITIPOS

“ Transformation toughening “
→ Transformação de tetragonal a
monoclínico envolve expansão
volumétrica de 4,7%

72
“ Transformation toughening “
→ Transformação de tetragonal a
monoclínico envolve expansão
volumétrica de 4,7%

73
POLITIPISMO

◼ Tipo especial de polimorfismo.


◼ Para que possam ocorrer as
transformações entre as fases é
necessária a quebra de ligações e
rearranjos → Reconstructive
Transformation .
◼ Algumas das características das
Reconstrutive Transformations :
◼ Necessidade de energia de ativação
para quebra de ligações.
◼ Transformações lentas.
◼ Estruturas de alta temperatura podem
ser mantidas em baixa temperatura
sem que haja a reversão à forma
termodinamicamente estável.

74
◼ “Reconstructive transformations”
podem se dar de diversas formas:
◼ Nucleação e crescimento no
estado sólido.
◼ Vaporização – condensação.
◼ Precipitação a partir de fase
líquida na qual a fase instável tem
maior solubilidade.
◼ Fornecimento de energia
mecânica.
◼ Qualquer estratégia que permita
que a barreira de energia da
transformação seja suplantada
facilita transformações
reconstrutivas.
75
EXEMPLO : Polimorfos da Sílica

76
EXEMPLO : Polimorfos da Sílica

77
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS
ALUMINA – Al2O3

Cela unitária do córindon


(-alumina), mostrando
apenas as posições catiônicas

78
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS
ALUMINA – Al2O3

• Existem diversos
polimorfos da alumina,
sendo a forma alfa a mais
comum e a única estável
a partir de 1200°C.

79
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS
ALUMINA – Al2O3

• Geralmente, o monocristal de
-alumina é chamado de
safira, sendo também a base
para o rubi (vermelho, por
causa das impurezas de cromo)
e para a safira azul (com
impurezas de ferro e titânio).
• A dureza é 9, na escala de
Mohs (diamante = 10)

Monocristais de safira

80
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

◼ Rutilo (um dos polimorfos do


TiO2, ao lado do anatásio e
brookita)
RUTILO, TiO2

◼ Estrutura HC com
metade das posições
de cátions preenchida
◼ Índice de refração
altamente anisotrópico
◼ Grande poder de
espalhamento de luz
na forma de pó
micrométrico
◼ Uso como opacificante
em tintas e papéis.

81
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

◼ Quando os cátions A e B são bivalentes e trivalentes


(AO.B2O3)
ESPINÉLIO – AB2O4

◼ Estrutura CFC com uma fração dos sítios tetraédricos e


octaédricos preenchida
◼ Cela unitária representada por oito celas CFC de oxigênio

82
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS
ESPINÉLIO – AB2O4

83
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

◼ O membro do grupo mais comum e importante


(encontrado em refratários cerâmicos, p.ex.): MgAl2O4
ESPINÉLIO – AB2O4

◼ Além desse, existem outros espinélios de alumínio (ex.,


ganita, ZnAl2O4) e também outras famílias:
◼ Espinélios de ferro (ex., magnetita, Fe3O4, ou seja, FeO.Fe2O3 ,
ou ainda, Fe2+Fe3+2O4)
◼ Espinélios de cromo (ex., cromita, FeCr2O4 , colorante verde
para vidros)
◼ Etc. • Espinélios de magnésio e alumínio
(dureza Mohs = 8) ocorrem na
forma de gemas, frequentemente
vermelhas, brilhantes, e são muito
confundidas com rubis (Al2O3, dureza
Mohs = 9), pela coloração e porque
frequentemente ocorrem nas
MgAl2O4 mesmas regiões (mas podem ser
incolores ou de várias outras cores)
84
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

◼ MgAl2O4
ESPINÉLIO – AB2O4

The U.S. Naval Research Laboratory (NRL)


invented a new way of making transparent SPINEL OPTICAL CERAMIC: Surmet Corporation, USA
spinel, by hot-pressing a purified starting Composition: MgAl2O4
powder, says lead researcher Dr. Jas Grain Size (typical): Bimodal, 25 μm average and 150 μm average
Structure: Cubic, Spinel Lattice Constant: 8.082 A
Sanghera. In this photo, from left to right:
Density: 3.58 g/cc Form: Polycrystalline
Michael Hunt, Dr. Woohong (Rick) Kim, Dr. Melting Point: 2135°C
Jas Sanghera, Robert Miklos, Dr. Guillermo Young's Modulus: 276 GPa
Villalobos, Dr. Colin Baker, Bryan Sadowski, Hardness: 1650 Kg/mm2 (Knoop Indent, 200g)
and Dr. Shyam Bayya. Fracture Toughness: 1.5 MPa-m1/2
Flexure Strength: 170 MPa
(Notícia de maio de 2015)
Transmission Limits: 0.25 to 6.5 microns ... 85
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

◼ Muitos compostos ternários que têm os cátions A e B


de tamanhos muito diferentes cristalizam nessa
PEROVSKITA – ABO3

estrutura
◼ Estrutura pode ser considerada como derivada de um
CFC, com o cátion grande (A) e os oxigênios formando
o retículo
◼ O cátion menor B ocupa um sítio octaédrico, rodeado
apenas por oxigênios
◼ Exemplos: BaTiO3, CaTiO3, PbTiO3, PbZrO3, etc.
◼ Representa também a unidade estrutural parcial de
supercondutores à base de cobre

86
EXEMPLOS DE ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS

O
PEROVSKITA – ABO3

Pb ou Ba
(NC=12)

Ti
(NC=6)

Distorção do retículo
→ piezoeletricidade
Constante Dielétrica:
vácuo = 1; quartzo = 5;
BaTiO3 = 1000-10000 87
CERÂMICAS COVALENTES
◼ Muitas das estruturas mais duras, mais refratárias e
mais tenazes dentre os materiais cerâmicos
◼ Exemplos:
➢ Nitretos
➢ Nitreto de silício (Si3N4)
➢ Nitreto de boro (BN)
➢ Nitreto de alumínio (AlN)
➢ Oxinitretos: soluções sólidas entre nitretos e óxidos (tais
como os “sialons”, compostos do sistema Si-Al-O-N)
➢ Carbetos
➢ Carbeto de boro (B4C)
➢ Carbeto de silício e seus vários polimorfos (SiC)
➢ Etc. 88
CERÂMICAS COVALENTES

NITRETOS
Nitreto de silício (Si3N4): três polimorfos, usado em ferramentas de
corte, rolamentos, tubeiras de foguetes, partes de motores a combustão,
rotores de turbo, etc. Decompõe a 1900°C. Fase  difícil de obter.

azuis = N ; cinza = Si

trigonal -Si3N4 hexagonal β-Si3N4 cubic γ-Si3N4

89
CERÂMICAS COVALENTES

NITRETOS
Nitreto de boro (BN): o polimorfo hexagonal (~grafite) é mole, mas o
CBN (cubic boron nitride, estrutura da esfalerita) tem dureza próxima à do
diamante)

Hexagonal: “grafite branco”

90
CERÂMICAS COVALENTES

CARBETOS
Carbeto de boro (B4C): quase tão duro quanto
o CBN, usado em veículos militares blindados, coletes à
prova de bala, etc. (r = 2.52 g/cm3). A estrutura é
complexa: icosaedros constituídos por 12 átomos de
boro formam uma estrutura romboédrica, o centro da
cela unitária contém um grupo C-B-C (o carbono é a
esfera preta, a esfera verde e os icosaedros são boro)

Icosaedro: poliedro constituído por 20 triângulos equiláteros


91
CERÂMICAS COVALENTES

CARBETOS
Carbeto de silício (SiC): material muito duro (decompõe-se a 2730°C), usado em
abrasivos, rebolos e ferramentas de corte há muito tempo: variedade industrial em produção
desde 1893 (processo Acheson: areia + carvão em forno de arco), mas variedades mais puras e
usadas em coletes à prova de balas, como elementos de aquecimento e, em eletrônica, como
semicondutores para aplicações em alta temperatura / alta tensão, bem mais recentes.

Politipo -SiC (~blenda de zinco)


(porém, a variedade mais comum é a alfa, com
estrutura hexagonal, ~wurtzita)

92
FUNDAMENTOS DAS
ESTRUTURAS DOS
ARGILOMINERAIS

93
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

◼ Tetraedro de Sílica

94
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

FOLHA TETRAÉDRICA

◼ Arranjo na folha
tetraédrica:
◼ três vértices
compartilhados;
◼ o quarto vértice fica
perpendicular ao plano
da figura.

95
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

FOLHA OCTAÉDRICA

96
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

97
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

98
Fundamentos da Estrutura dos Argilominerais

◼ Os argilominerais são lamelares, constituídos por folhas


contínuas de tetraedros SiO4 condensados com folhas
octaédricas. De uma maneira geral, são silicatos de alumínio
(ou magnésio) hidratados.
◼ Os argilominerais se dividem em famílias, de acordo com a
forma pela qual as folhas tetraédricas estão ligadas às folhas
tetraédricas e de acordo com a presença de cátions.
◼ A argila é, tecnicamente, uma rocha (=mistura de minerais),
cujo principal mineral presente é um argilomineral.
◼ Ex.: um caulim contém, majoritariamente, o mineral caulinita, mas geralmente
pode trazer também pequenas porcentagens de quartzo, restos de material
orgânico (de vegetais), outros argilominerais, calcário, etc.

99
Estrutura dos argilominerais 1:1
Estrutura da Caulinita

5mm

Caulinita (o mais simples e mais comum dos argilominerais): dioctaédrica


Antigorita, Lizardita: trioctaédricas
100
Estrutura dos argilominerais 2:1
TALCO E
PIROFILITA

Estrutura da
Pirofilita
◼ Pirofilita (c/ Al):
◼ dioctaédrica

◼ Talco (c/ Mg):


◼ trioctaédrico

101
Estrutura dos argilominerais 2:1

MICA

5mm

◼ Muscovita:
◼ dioctaédrica
◼ Biotita,
Flogopita:
Estrutura da Muscovita ◼ trioctaédrica
102
Estrutura dos argilominerais 2:1
ESMECTITAS
◼ Diversos
minerais,
dependendo
das
substituições
isomórficas

5mm

103
Estrutura das Esmectitas

Cations
trocáveis

Oxigênio

Silício

Alumínio
Hidroxila

104
Estrutura dos argilominerais 2:1
VERMICULITAS
◼ Elevada CTC.
◼ Cátions trocáveis: Ca2+, Mg2+
◼ Piroexpansíveis.

105
Vermiculitas expandidas
Estrutura dos argilominerais 2:1

Mg

5mm

Estrutura
da
Clorita

Fe

2mm

106
Referências

◼ Chiang, Y.-M.; Birnie, D.P.; Kingery, W.D. - Physical


Ceramics – Principles for Ceramic Science and Engineering.
Wiley. Nova York. 1997. cap.1.

◼ Klein, C.; Hurlbut Jr., C.S. – Manual of Mineralogy. 21a ed.


Wiley. Nova York. 1993.

◼ mindat.org - the mineral and locality database


◼ http://www.mindat.org/index.php

107
Sistema Cúbico

◼ a=b=c
◼  =  =  = 900

cúbico simples cúbico de corpo cúbico de faces


centrado (CCC) centradas (CFC)

Detalhes de reticulados de Bravais


108
Sistema Hexagonal

◼ a=bc
◼  =  = 900 e  = 1200

hexagonal
Detalhes de reticulados de Bravais
109
Sistema Tetragonal

◼ a=bc
◼  =  =  = 900

tetragonal simples tetragonal de


corpo centrado

Detalhes de reticulados de Bravais


110
Sistema Romboédrico

◼ a=b=c
◼  =  =   900

romboédrico (R)

Detalhes de reticulados de Bravais


111
Sistema Ortorrômbico

◼ abc
◼  =  =  = 900

ortorrômbico de
corpo centrado

ortorrômbico simples

ortorrômbico de
faces centradas
ortorrômbico de
Detalhes de reticulados de Bravais
bases centradas
112
Sistema Monoclínico
◼ abc
◼  =  = 900  

monoclínico monoclínico de
simples bases centradas

Detalhes de reticulados de Bravais


113
Sistema Triclínico

◼ abc
◼ 

triclínico

Detalhes de reticulados de Bravais


114
Fator de empacotamento atômico (FEA)

Vátomos
FEA =
V célula

 4 R 3   4 R 3 
4   4  
FEA CFC =  3 
=  3 
= 0,74
3 3
a (2 R 2 )

115
Densidade Atômica Planar (DP)

Área AC
DP =
átomos no plano
=
Área plano
AP

( )( ) (
AP = AC AD = (4 R) 2 R 2 = 8R 2 2 ) cela unitária


CFC

AC = (2)  R 2

Assim :
AC 2 R 2
DP = = 2 = 0,555
AP 8R 2
CFC – plano (110)
116
Densidade Atômica Linear (DL)
L atomos LA
DL = =
L linha LL
4R cela unitária
LL = aresta = CCC

3
LA = 2 R

Assim :

LA 3R
DL = = = 0,866
LL 2R
CCC – direção [100]

117

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