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Universidade Federal de Catalão

Instituto de Química
Trabalho de Iniciação Científica

Estudo teórico computacional para investigar as propriedades estruturais


e eletrônicas do Cloreto de Sódio (NaCl)

Jorge Henrique Vieira Lemes

Orientadora:Prof.Dr.Maria Fernanda do Carmo Gurgel

PALAVRAS-CHAVES: NaCl,estrutura cristalina,DRX

Catalão – GO
2023
RESUMO

Neste trabalho foi realizado um estudo teórico e computacional da estrutura do


Cloreto de Sódio para interpretar a estrutura cristalina e as propriedades
estruturais e eletrônicas do material. A análise computacional possibilitou a
determinação do DRX teórico com a finalidade de correlacionar os picos
cristalográficos com o DRX experimental da literatura do material. Os
resultados obtidos demonstraram uma estrutura cúbica de face centrada
(CFC), e os parâmetros de rede a, b e c = 5.6402 Â e a distância entre os
átomos Na-Cl igual a 2.81000(0) Â. Observou-se semelhanças entre os picos
DRX teórico comparado com o DRX literatura. Na análise da propriedades
estruturais do NaCl pela projeções Densidade de Estados e Estrutura de
Bandas, pode-se observar que o valor da bandGap 7,65 eV. observa-se na
banda de valência e de condução que estão presentes as contribuições
eletrônicas para o átomo de Na e Cl. Foram empregados os programas VESTA
e CRYSTAL,
1. INTRODUÇÃO

Segundo Hooke (1995) a palavra estrutura deriva-se do latim structura,


do verbo struere, construir. Empregando-se o sentido mais amplo, a palavra
designa a organização de partes ou elementos que compõem o todo,
presumindo que a forma externa dos cristais possa estar relacionada à sua
ordem.
Na Química, um cristal é um formato de matéria na qual as partículas
constituintes estão agrupadas regularmente formando uma estrutura cristalina
que, geralmente, possuem alto grau de simetria arranjados em um reticulo
periódico tridimensional. (LEITE e CASTRO, 1978).
Assim, numa definição concisa, cristais são arranjos atômicos ou
moleculares dispostos de forma periódica e tridimensional. A menor estrutura
que representa um cristal é denominada célula unitária. Assim, o cristal é
formado por diversas células unitárias arranjadas tridimensionalmente,
conhecida como rede cristalina. (BLEICHER e SASAKI, 2000).
Os cristais são estudados e analisados por intermédio de uma técnica
conhecida como difração de raios X (ou DRX) a qual foi amplamente
desenvolvida por William Henry Bragg e seu filho William Lawrence Bragg em
1913 e, no ano de 1915 ambos dividiram o Prêmio Nobel de Física. No
experimento de difração, os cristais comportam-se como uma grade de difração
complexa onde as fendas correspondem às camadas de átomos no cristal.
(WARREN, 1990).
Na difração de raios X, um cristal é fixado no caminho de um feixe de
raios x, em um comprimento de onda escolhido e, o padrão de difração é
registrado conforme o cristal gira em torno de seu eixo. Nas camadas de
átomos em um ângulo θ do feixe de raios X, os raios dispersos estarão em fase
(interferência construtiva) exatamente quando a diferença de caminho entre os
dois raios dispersos for igual a um comprimento de onda completo, resultando
em um pico de difração mensurável conhecido como lei de Bragg. (HAMMOND,
1992)
Em 1835, o primeiro trabalho sistemático descrevendo e enumerando os
reticulos foi de autoria do alemão Moritz Ludwig Frankenheim, que propôs 15
reticulos espaciais. Contudo, em 1848, Auguste Bravais demonstrou que
Frankenheim enumerou duplamente dois reticulos correspondentes. Assim, de
acordo com Bravais, os ponto do reticulos, organizam-se de 14 maneiras
diferentes (redes de Bravais) envolvendo 7 sistemas distintos denominados
sistemas de Bravais. (CARNEIRO, 2021).
Figura 1 Representação dos modelos e reticulados espaciais

Fonte: MATERIAIS DE ENGENHARIA Microestrutura e Propriedades


Angelo Fernando Padilha

A Figura 1 representa os modelos reticulados espaciais ilustrando suas


arestas e suas respectivas estruturas cristalinas. Nota-se, que as células
unitárias diferenciam-se pelo posicionamento dos átomos dentro de um sistema
cristalino. Nas células unitárias, é observado que os átomos ocupam os
vértices,diversificando se há presença dos átomos no centro da célula ou nos
centros das faces da célula. (ÁVILA, 2019)
As várias estruturas cristalinas são divididas em sete grupos cristalinos:
cúbico, hexagonal, tetragonal, romboédrico, ortorrômbico, monoclínico e
triclínico. Esses grupos são baseados na geometria da célula unitária. A
geometria da célula unitária é completamente definida por seis parâmetros: o
comprimento das três arestas, 𝒂, 𝒃 e 𝒄, e os três ângulos entre os eixos, 𝜶, 𝜷 e
𝜸. Esses parâmetros são mostrados na Figura 2 e são freqüentemente
chamados de parâmetros de rede da estrutura cristalina. Uma célula unitária
pode ser definida como a menor parte de um cristal que ainda retém suas
propriedades originais, sendo escolhida para representar a simetria de cada
estrutura cristalina. (CARNEIRO, 2021).
Figura 2 Representação dos parâmetros de rede e dos planos cristalinos

Fonte: CARNEIRO, 2021


A Figura 2 ilustra os parâmetros de rede, demonstrando até três
parâmetros (a, b, c) e exibindo até três ângulos, como α , β, ou γ.
Uma célula contém posições atômicas com medições x, y e z. Os eixos x,
y e z se originam de um dos cantos do cubo unitário. As unidades de canto têm
bordas perfeitamente quadradas e suas células seguem uma fórmula idêntica a
um cubo. comprimentos de borda a, b e c definem as características do objeto.
Três ângulos formam a figura. Os ângulos ,  e  são indicados na Tabela 1.

As estruturas cristalinas são formadas por células unitárias que são sua
unidade básica, pois constituem o menor conjunto de átomos associados
encontrados numa estrutura cristalina.

Existem sete tipos de sistemas cristalinos


 Cúbico: em que todos os ângulos são iguais a 90º
 Tetragronal: em que todos os ângulos são iguais a 90º

 Ortorrômbico: em que todos os ângulos são iguais a 90º

 Romboédrico: em que todos os ângulos são iguais, mas diferentes


de 90º.

 Hexagonal: em que dois ângulos são iguais a 90º e um ângulo é


igual a 120º

 Monoclínico: em que há dois ângulos iguais a 90º e dois ângulos


diferentes de 90º

 Triclínico: em que todos ângulos são diferentes e nenhum é igual a


90º

Tabela 1 Classificação dos modelos cristalinos e seus espectivos


parametros de rede e angulos

Fonte: MATERIAIS DE ENGENHARIA Microestrutura e Propriedades


Angelo Fernando Padilha.

Assim, os seus parâmetros de rede designam a célula unitária, onde: a, b


e c demonstram o comprimento dos três eixos e α, β e γ são os três ângulos do
vértice da célula. O cristal de NaCl possui simetria cúbica, possui como
parâmetros de rede a = b = c = 5.64Å e ângulo α = β = γ = 90. (BLEICHER e
SASAKI, 2000).

Figura 3: Célula unitária do NaCl

Fonte: BLEICHER e SASAKI, 2000


A Figura 3 ilustra a célula unitária de NaCl disposta em três dimensões,
esse arranjo pode ser denominado de treliça. É possível analisar a disposição
dos átomos de Sódio e Cloro, sendo que os átomos de Cloro estarão dispostos
entre os de Sódio e inversamente os átomos de Sódio sempre estarão dispostos
entre os átomos de Cloro.
A estrutura do cristal de NaCl (Figura 5) é formada por uma rede cubica
de face centrada, tendo dois íons em sua base, um de Sódio e outro de Cloro,
os quais são separados por meia diagonal do cubo. (REZENDE, 2004). É
possível verificar também que, o tamanho dos íons é comparável com à distância
entre eles, conforme a Figura 4.
Figura 4 - Estrutura do cristal NaCl e representação da distância entre
os átomos

Fonte: REZENDE, 2004


2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho foi investigar as propriedades estruturais e


eletrônicas do composto NaCl (sal de cozinha) com a finalidade por meio das
densidades de estados e mapas de cargas empregando o programa CRYSTAL.
2,1- Objetivos específicos:

 Realizou-se a pesquisa bibliográfica


 Construiu-se o modelo teórico da cela unitária do NaCl
 Analisar o tipo de estrutura do NaCl
 Determinou-se os conjuntos de bases
 Realizou-se a otimização do modelo periódico
 Realizou-se o cálculo no programa Crystal para determinação do Doss e
da densidade de estados e estrutura de bandas

 Construiu-se e analisar a densidade de estados parciais e total Construir
e analisar o mapa de cargas
 Redigiu o relatório parcial e final.
 Participou-se de eventos científicos

3. METODOLGIA

O Vesta foi empregado para a realização de estudos teóricos


preliminares referentes a estrutura do NaCl com a finalidade de introduzir
suporte teórico e estrutural para possibilitar uma investigação estrutural e
eletrônica usando o programa Crystal para interpretar as propriedades
estruturais e eletrônicas do NaCl por meio das projeções da densidade de
estados (DOS) e da estruturas de bandas. Com base na ficha cristalográfica
ICDD n° 001-0994.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho foram realizadas a pesquisa bibliográfica, levantamento dos


dados sobre o cristal NaCl utilizando livros didáticos, teses, dissertações, artigos.
O modelo teórico da celula unitária do NaCl (1x1x1) foi construido
empregando o programa Vesta, conforme ilustrado na Figura 5

Figura 5 - Representação do modelo teorico da estrutura da celula unitaria


do NaCl

A Figura 5 representa o modelo teorico da estrutura da celula unitaria do


NaCl (1x1x1). A construção do modelo do NaCl da estrutura cristalina pode-se
analisar e determinar o fator de empacotamento da celula unitaria.

A Figura 6 representa o modelo de cristal com a estrutura cubica de face


centrada e as projeções destes atomos nesta estrutura permitindo a visualização
3D e seus empatocamento.
Figura 6- Representa o celula unitaria cubica de face centrada em 3D
Fonte: Callister, W. (2002). Materials Science and Engineering

Figura 6 constitui o modelo da estrutura cristalina do NaCl, possibilita a


determinação do empacotamento.
Pode-se calcular o número de atomo por celula unitaria :
Na=6.0,5+8.(0,125)=4
Relação entre a e R
4R= a  2= a = 2R2
FEAcfc=Volume dos Átomos =0,74 que é a mais compacta.
Volume da célula

A Tabela 2 descreve as atribuições da geometria estrutural do NaCL


teorico conforme a Figura 5

Tabela 2. Atribuição dos valores referentes a geometria do cristal NaCl.


Grupo espacial Fm-3m (225)
Parametros de rede a b C
5,6402 5,6402 5,6402
Coordenadas atomicas X Y Z
Sódio (Na) z= 11 0,0 0,0 0,0
Cloro (Cl) z=17 0,5 0,5 0,5

A Tabela 2 demostrou que a estrutura do NaCl apresenta grupo espacial


do tipo Fm-3m (225) cubico sendo que esta estrutura cristalina apresenta 4
átomos por célula,cordenação igual a 12, fator de empacotamento igual a 0,74 e
possui um parametro de rede do tipo 4r (2)1/2
A celula unitária convencional da cfc é construída colocando os átomos
nos cantos do cubo e é adicionando um átomo em cada face, conforme ilustrado
na Figura 5.
O conjunto de vetores primitivos da rede cfc com parâmetro de rede é
igual a :

onde a descreve a distância entre os cantos adjacentes do cubo e não a distância


de um átomo ao seu primeiro vizinho. A fig.6 mostra a rede cfc com os vetores
primitivos e sua célula de Wigner-Seitz. Note que para melhor representarmos
utilizamos uma representação cúbica onde os átomos encontram-se no centro
das arestas do cubo e não nos vértices do mesmo, como na célula cúbica cfc
convencional.
A Figura 7 (a-b) ilustra os picos caracterisitco do solido NaCl . A Figura
7(a) demonstram os picos de DRX teórico do NaCl e a Figura 7(b) observa-se
os picos de DRX do NaCl experimentalmente, segundo a literatura .

Figura 7 – Difração de raios X do NaCl (a) tórico (b) experimental

A Figura 7 (a-b) ilustram os picos de DRX do NaCl teorico e experimental


pode-se observar que os picos caracterisitcos do NaCl para ambas as figuras
são semelhantes da estrutura cristalina do NaCl.
Na Tabela 3 foram atribuidos os valores numéricos de 2Ꝋ para cada pico.
TABELA 3- atribuições do picos de DRX do NaCl teorico e NaCl experiemental
segundo a literatura
Nº Valores númeicos 2Ꝋ
NaCl teórico NaCl experimental
1 ≅32 ≅32
2 ≅42 ≅42
3 ≅56 ≅56
4 ≅76 ≅76
5 ≅88 ≅89

A Tabela 3 representa as atribuições dos picos de DRX do NaCl


experimental comparando ao teorico, observa-se que os picos de 2Ꝋ são
praticamente idênticos, somente o ultimo pico apresentou uma pequena
diferença .
A Figura 8 representa distância das ligações entre os eixos do
sistema cristalino cfc do cristal de NaCl.
Figura 8 – Representação dos modelos do NaCl para a determinação das
distâncias de ligações entre os átomos Na e Cl

Os valores das distâncias de ligações entre os átomos Na e Cl estão


apresentados na Tabela 3 pelos respectivos eixos.
Eixos Distâncias Na-Cl
xy 2.81000(0) Â
zy 2.81000(0) Â
xz 2.81000(0) Â

Na Tabela 3 observa-se que os valores de comprimento de ligação pelos


eixos xy, xz e zx são identicos.
Na Figura 9 ilustra a estrutura de bandas para a estrutura cristalina de NaCl.
Figura 9– Representação da estrutura de bandas do NaCl

Na Figura 9 nota-se as projeções das bandas de energia para o NaCl observar que o
valor da bandGap 7,65 eV, localizado na região entre a banda de valência e a
banda de condução. A região da banda de valência esta localizada entre 0 a -
2,3 eV e a banda de condução está entre 7,65 eV acima de 22eV.
A figura 10

Na Figura 10 demonstra as projetos das densidades de estados (DOS)


observa-se na banda de valência e de condução estão presentes as
contribuições eletrônicas para o átomo de Na e Cl.

6 .CONCLUSÃO

Os programas utilizados para a intrpretação e a análise das propriedades


estruturais e eletronica do Na Cl foram eficientes para obter resultados
satisfatórios. O composto NaCl apresenta uma estrutura cubica de face
centrada. Os picos de DRX teórico comparado com o DRX literatura
apresentaram semelhanças. O valor determinado da bandGap foi de 7,65 eV.,
5. REFERENCIAS

Ávila, Nadja Vasconcellos de. Ciência dos materiais. Volume único / Nadja
Valéria Vasconcellos de Ávila. – Rio de Janeiro : Fundação Cecierj, 2019

BLEICHER, Lucas; SASAKI, José Marcos. Introdução à difração de raios-xem


cristais. Universidade Federal do Ceará, p. 1-20, 2000.

CARNEIRO, José Carlos de Souza. Sínteses de nanopartículas de magnetita


revestidas com PVP e dopadas com neodímio e gadolínio. 2021.

HAMMOND, Christopher et al. Introduction to crystallography. Oxford university


press, 1992.

Hooke, Robert. Micrografá y algunas descripciones fisiológicas de los cuerpos


diminutos realizadas con cristales de aumento con observaciones y
disquisiciones sobre ellas. Ed. Círculo de lectores, Barcelona, 1995.

LEITE, Rogério Cezar de Cérqueira; CASTRO, Antonio Rubens Britto de.


Física do estado sólido. Campinas: Edgard Blucher, 1978.

REZENDE, Sergio Machado. Materiais e dispositivos eletrônicos. Editora


Livraria da Física, 2004.

WARREN, B. E. X‐Ray Diffraction, Dover Publications, Inc., New York, 1990.

Callister, W. (2002). Materials Science and Engineering (em inglês) 6ª ed. São
Francisco, CA: John Wiley and Sons. PADILHA, Angelo Fernando.
Microestrutura e Propriedades. São Paulo: Hemus, 1997.
PADILHA, Angelo Fernando. Microestrutura e Propriedades. São Paulo: Hemus,
1997.

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