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Contagem

Definição: Dado um conjunto denotamos por a quantidade de elementos que este possui. O produto cartesiano de
conjuntos é o conjunto definido por

onde cada elemento é chamado ordenada. Denotaremos o conjunto vazio com o símbolo .

Princípio Aditivo da Contagem

O princípio aditivo da contagem garante que dados dois conjuntos finitos que não tem elemento em comum, o número de
elementos da união é exatamente a soma do número de elementos de cada um, ou seja, se e são disjuntos (isto é,
), então:

Princípio Aditivo da Contagem: Dados os conjuntos finitos dois a dois disjuntos (isto é,
), temos que

Proposição 5.3: Sejam e dois conjuntos finitos quaisquer. Então:

Demonstração
Observe que , onde a união é dois a dois disjunta.
Pelo princípio aditivo, temos que

Analogamente, aplicando novamente este princípio, temos que

Substituindo em temos:

Corolário 5.4: Sejam três conjuntos finitos quaisquer. Então,

Demonstração
Pela proposição 5.3 temos que,

de onde,

Novamente, pela proposição 5.3 temos que,

Aplicando mais uma vez a proposição 5.3 temos que,

Combinando em temos que:


Para facilitar nossa escrita, vamos denotar por o conjunto . Assim, outra forma de enunciar
o Corolário 5.4 é a seguinte:

De uma forma geral, dados os conjuntos finitos , as expressões anteriores nos levam a definir os números:

Assim, a versão mais geral do princípio aditivo, também conhecida como princípio da inclusão e exclusão, é:

Princípio Aditivo – Versão Geral: Sejam conjuntos finitos quaisquer. Então,

Definição 5.6: Definimos o complementar do conjunto em relação ao conjunto como sendo um subconjunto de dado
por

É fácil verificar que os conjuntos e são disjuntos e que . Segue-se pelo princípio aditivo que
; portanto,

Analogamente, dados dois conjuntos e , temos que e são disjuntos e, aliás,


. Novamente, pelo princípio aditivo, vale que

e consequentemente temos que

Similarmente, dados três conjuntos podemos demonstrar que

Então, usando a notação , temos a seguinte proposição:


Proposição 5.7: Para toda família de subconjuntos , vale a relação:
ou resumidamente,

Observação: Observemos que na última relação da proposição usamos a conhecida Lei de DeMorgan: o complementar da
união de uma família finita de conjuntos, em relação a um conjunto , é a intersecção dos complementares de cada um deles.

Princípio Multiplicativo de Contagem

Definição: Se um evento pode ocorrer de maneiras distintas e, se para cada uma dessas maneiras possíveis de
ocorrer, um outro evento pode ocorrer de maneiras distintas, então o número de maneiras de ocorrerem sucessivamente
os eventos e é .

Na linguagem matemática: relembramos que dados dois conjuntos e , podemos construir um par ordenado
tomando um elemento , denominado primeiro elemento do par, e um elemento , denominado segundo
elemento do par. O conjunto é constituído por todos os pares ordenados construídos dessa forma. Assim sendo, a
versão mais simples do princípio multiplicativo nos garante que

Uma extensão deste princípio para um número finito qualquer de conjuntos é a seguinte:

Princípio Multiplicativo da Contagem: Dados os conjuntos finitos temos que

Exemplo 5.13: Se um número natural se fatora como

onde os são números primos distintos e cada , então o número de divisores positivos de , denotado por é

Permutações Simples

Definimos o fatorial de um inteiro positivo

se e , por convenção.

Definição 5.18: Uma permutação simples de objetos distintos é qualquer agrupamento ordenado desses objetos.
Denotaremos por o número de todas as permutações simples de objetos dados.
Por exemplo, todas as permutações dos 3 elementos do conjunto são:

Proposição 5.19: Seja . O número total de permutações simples de objetos é dado por
Demonstração
A fórmula vale para . Vejamos agora que existe a seguinte relação entre e para :
Para comprovar isto, para cada definamos como sendo as permutações dos objetos
. Note que , para cada . Assim, para obtermos uma permutação de
objetos, basta que fixemos o objeto inicial e tomemos um elemento do conjunto , que é a permutação dos objetos
restantes. Pelo princípio aditivo, temos que:

Como a equação é válida para todo , podemos aplicá-la para , obtendo:

de onde vem que

Repetindo este argumento, obtemos que

Arranjos Simples

Definição 5.22: Consideremos objetos e um número inteiro positivo tal que . Um arranjo simples de classe
dos objetos dados é uma seleção de objetos distintos dentre estes que diferem entre si pela ordem de colocação ou pela
natureza de cada um, isto é, o que importa é quem participa ou o lugar que ocupa. Denotaremos por o número de
arranjos simples de classe de objetos.
Por exemplo, dados os objetos todos os arranjos possíveis de classe 2 são:

Observação: Notemos que um arranjo simples de classe de objetos dados não é mais que uma permutação desses
objetos. Logo .

Proposição 5.24: Seja . O número total de arranjos simples de classe de objetos é dado por

Demonstração
Para a fórmula é obviamente válida. Similarmente ao acaso das permutações, primeiramente provaremos que para
vale a seguinte igualdade:

Agora definimos os conjuntos como sendo os arranjos simples de classe dos objetos
. Note que , para cada . Assim, para obtermos um arranjo simples de
classe dos objetos, basta que fixemos o objeto inicial e tomemos um elemento do conjunto , que é um arranjo de
classe dos objetos restantes. Pelo princípio aditivo, temos que:

Como nossa equação é válida para todo , podemos aplicá-la para , obtendo:

de onde vem que


Repetindo este argumento sucessivamente, obtemos que

Notemos agora que ; logo, da igualdade anterior segue-se que

Combinação Simples

Definição 5.28: Consideremos objetos e um inteiro positivo tal que . Uma combinação simples de classe dos
objetos dados é uma seleção de objetos distintos entre estes que diferem entre si apenas pela natureza de cada um, isto
é, o que importa é simplesmente quem participa no grupo selecionado. Denotaremos por o número de combinações
simples de classe de objetos.

Proposição 5.29: Seja . O número total de combinações simples de classe de objetos é dado
por

Demonstração
Veremos a seguir que arranjos simples e combinações simples de classe estão estreitamente relacionados. Com efeito, para
cada combinação simples formada por objetos distintos de podemos gerar todos os arranjos simples de classe
formados por estes objetos. Basta para isto fazer todas as suas permutações possíveis. Obtém-se assim arranjos simples
diferentes com esses objetos. Resumindo, para cada combinação simples de classe formada com objetos diferentes de
podemos fazer arranjos simples diferentes de classe com estes mesmos objetos; logo, no total, teremos a seguinte
relação:

de onde segue-se que

O Binômio de Newton

Teorema 5.35 (Fórmula Binomial de Newton): Sejam e números reais e , então:

Os números , são chamados também de coeficientes binomiais.

Demonstração
Expandindo o binômio no produto de seus fatores, isto é,
Se desenvolvermos o produto destes fatores iguais acima obtemos uma soma finita de termos da forma , onde
cada , toma valor ou . Notemos que em cada termo se o número aparece vezes, então o número
aparecerá vezes, ou seja, quando cada termo for multiplicado deverá tomar valor igual a , para algum
. Por exemplo, os termos:

têm o mesmo valor. Assim, para calcular o coeficiente do termo que aparece na equação , basta responder à
seguinte pergunta: de quantos modos podemos formar uma palavra com letras e letras ? A resposta é
simplesmente . Logo, a expressão na equação é

Proposição 5.36: Seja . As seguintes igualdades são válidas:

Demonstração
Para a primeira afirmação, basta tomar e expanda no Binômio de Newton.
Para a segunda afirmação, tome e e expanda no Binômio de Newton, observando que
é igual a 1 se é par, e igual a 1 se é ímpar.

Contagem e Probabilidades

Uma das aplicações interessantes da contagem de elementos de um conjunto é quando desejamos estudar a probabilidade de
eventos aleatórios. Por exemplo, se lançarmos um dado de seis faces, temos os seguintes resultado possíveis:

Se desejamos saber qual é a chance de que ocorra um número primo no lançamento, devemos contar quantos primos
aparecem em e dividir por 6. Ou seja, a chance de ocorrer um número primo num lançamento de um dado de
seis faces é .

Definimos a probabilidade de um subconjunto como o número

Também chamamos o subconjunto de todos os resultados possíveis de espaço amostral e um subconjunto de de


evento. Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de escolhermos um número par no conjunto 1, 2, 3, ..., 15. Neste caso,
o conjunto está claro e é igual a . O conjunto é . Logo,

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