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ATIVIDADES 

PEDAGÓGICAS 

  
  
  
  
  
  
  
  
  
  

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HISTÓRIA 
Material elaborado pela equipe do campus Realengo 
II 
 

PROEJA 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
 

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Atividade 7 (3/11/2020)

2° ANO (PROEJA)

EIXO: ​Democracia e cidadania

TEMA: ​Fascismo

Estudante, é muito bom tê-lo aqui mais uma vez. 


Recorde que acompanhamos o investimento dos nazistas na ​Juventude 
Hitlerista.​   Responsável  pela  doutrinação,  organização  e  preparação  da 
juventude  alemã  para  a  guerra,  também  era  marcada  pela  encenação  tão 
cara  aos  fascistas.  Bandeiras,  marchas  militarizadas,  forte  simbologia  - 
como  a  cruz  suástica  invertida  -  e  imensa  centralidade  dispensada  à 
liderança  política  de  Hitler,  na  última  atividade,  apareceram  nos  relatos de 
antigos integrantes. 
O  estudante  deve  se  questionar,  a  esta  altura,  como  os  grupos 
fascistas  surgiram.  Se  carrega  a  ilusão  de  que  os  países  europeus  e  sua 
burguesia  são  civilizados,  deve  se  perguntar  como  os  fascistas  alcançaram 
posição  de  poder  nalguns  dos  principais  e  mais  ricos  países  do  mundo. As 
respostas tem a ver, sobretudo, com a utilidade das organizações fascistas. 
Quando a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim e várias das áreas 
ocupadas  pelos  nazistas  e  fascistas  foram  libertadas,  os  países  aliados 
organizaram  tribunais  militares  para  o  julgamento  dos  crimes  de  guerra  e, 
demais, que envolviam pessoas ligadas aos nazistas. Os Processos de Guerra 
de  Nurenberg  -  assim  ficaram  conhecidos  -  foram  iniciados  em  1945  e 
indiciaram  inúmeros  réus.  O  industrial  alemão  Gustav  Krupp  -  ligado  a 
indústria armamentista, de embarcações, arames, cinema, automóveis entre 
outros  -  acusado  de  se  aproveitar  de  trabalho  escravo  nestes  processos, 
deixou-nos depoimento com algumas pistas sobre a utilidade dos fascismos. 
   

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Documento 1 - Depoimento de Krupp 
A  economia  tem  necessidade  de  um  desenvolvimento  são  e 
progressivo.  Os  numerosos  partidos  políticos  lutavam  entre  si  em 
desordem…  Nós,  da  firma  Krupp,  não  somos  idealistas  mas  realistas. 
Tínhamos  a  impressão  que  Hitler  nos  daria  a  possibilidade  de  um 
desenvolvimento sadio. De resto, ele o fez. 
A  princípio,  votamos  no  partido populista (1) mas os conservadores 
não  puderam  governar  o  país:  eram  muito  fracos.  Nesta  luta  implacável 
pelo  pão  e  pelo  poder,  nós  tínhamos  necessidade  de  ser  conduzidos  por 
mão forte e dura. A de Hitler era. Depois de alguns anos sob sua direção, 
nós nos sentimos mais à vontade. Queríamos um sistema que funcionasse 
bem e que nos desse meios de trabalhar tranquilamente. 
Eu  disse  que  ignorava  todo  o  extermínio  de  judeus  e  acrescente: 
"Quando se compra um bom cavalo, não se repara certos defeitos". 
Depoimento  de  Krupp  no  processo  de  Nurenberg.  In:  BADIA,  G.  "Histoire 
de L'Allemagne Contemporaine, t. II, pág. 55. 
1.Este  partido  criado  em  1919  desaparece  com  a  ascensão  do  Nazismo. 
Era  o  partido  que  representava  os  interesses  da  indústria  pesada  (...)  no 
período  em  que  estes  sustentavam  uma  república  conservadora  de 
fachada democrática. 
Gostaríamos  que os estudantes reparassem em duas coisas presentes 
neste depoimento. A mais importante delas é o caráter útil do nazismo para 
o  empresário. Gustav Krupp diz que votava no partido tradicional da direita 
mas, como eles eram "fracos", Hitler se tornou uma alternativa. 
Útil  para  qual  objetivo?  Cessar  o  estado  caótico  é  parte  da  resposta 
dele.  Os  fascistas  no  poder,  declara  o  empresário,  lhe  deram  "meios  de 
trabalhar tranquilamente" 
Palavras de quinze anos antes, proferidas pelo fascista António Salazar 
(1889-1970)  -  que  governou  Portugal  longamente  -,  evocam  a  mesma 
sensação  de  desordem.  A  perspectiva  defendida  é  a  de  que  aos  fascistas 
fizeram  o  "trabalho  de  reorganização"  em  Portugal. Leia trecho do discurso, 
abaixo. 
 

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Documento 2

Antes de se haver entrado no trabalho de reorganização, uma palavra só –


desordem – definia em todos os domínios a situação portuguesa. No cimo, um
pouco causa um pouco efeito de todas as outras desordens, o irregular
funcionamento dos Poderes Públicos. (...) A Presidência da República não tinha
força nem estabilidade. O Parlamento oferecia permanentemente o espetáculo da
desarmonia, do tumulto da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo
escandalizando o país com seus processos e a inferior qualidade do seu trabalho.
Aos Ministérios faltava a consistência; não podiam governar mesmo quando os
seus membros queriam. A administração pública, compreendida a das autarquias e
a das colônias, não representava a da unidade e ação progressiva do Estado; era
ao contrário o símbolo vivo da desconexão geral, da irregularidade, do movimento
desordenado, a gerar o ceticismo, a indiferença, o pessimismo dos melhores
espíritos.
Antônio Salazar, ditador em Portugal, 1930. 

Por meio de apoiadores e porta vozes, muito foi dito e escrito sobre as 
causas,  razões  e  métodos  das  organizações  fascistas.  Hábeis  com  as 
palavras,  muitos  documentos  da  época  com  o  registro  do  que  os  fascistas 
pensavam nada mais são que obras de retórica. Nesses textos e discursos, a 
"ditadura"  e  sua  necessidade  são  argumentadas,  são  justificadas  as 
perseguições  de  tipo  racista  ou,  então,  defendidas  invasões  e  anexações  de 
países inteiros como se não fossem obra de puro interesse econômico. 
A acusação de que há uma desordem  é expressa com frequência pelos 
fascistas,  assim  como  a  perspectiva  de  que  a  eles  caberia  -  os  estudantes 
argutos  devem,  já,  imaginar  -  "por  ordem  na  casa".  Mas  o  que  seria  essa 
desordem ou fonte de desordem? Antes de chegarem ao poder, quais eram os 
métodos dos fascistas para reordenar a vida social, econômica e política? 
Para  responder  a  essas  duas  perguntas,  vamos  investigar  a 
experiência da sociedade italiana com o fascismo. Leia os textos que seguem. 

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Texto A

O nacionalismo italiano ficou exaltado após a I Guerra Mundial, porque a


Itália não tinha conseguido obter nos tratados de pós-guerra algumas possessões
territoriais que ambicionava, como a Dalmácia, que permaneceu ligada à
Iugoslávia.
Suas perdas na guerra, ao lado dos aliados, foram enormes (cerca de 650
mil vítimas), e a região da Veneza foi devastada; como compensação territorial
desses danos não veio, a desilusão aumentou ainda mais o desejo de novas
conquistas.
A situação econômica geral, depois da Grande Guerra, piorou muito: os
problemas normais da Itália, tais como superpovoamento e atraso econômico,
foram agravados; os esforços militares e industriais foram financiados pela
emissão e por empréstimos de outros países - A dívida para com esses países era
enorme e a lira (moeda italiana) ficou bastante desvalorizada com a inflação.
Mesmo as indústrias mais fortes foram abaladas pela crise: o desemprego,
agravado pela diminuição da emigração, que havia sido controlada durante a
guerra, atingiu níveis perigosos.
A crise social adquiria um aspecto revolucionário.
ARRUDA, José Jobson. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora
Ática, 1984. pp.334.

Texto B
[Devido à imensa destruição econômica] motins brutais aconteciam na
Itália do pós guerra. Em muitas cidades do norte, operários tomavam fábricas. A
recente Revolução Russa estava fresca na memória de todos, e chamados para
pôr fim à democracia "burguesa" e instalar um Estado operário se disseminavam.
[...] Proprietários de terras, habituados a ditar os termos para os camponeses,
viam-se na defensiva. Centenas de milhares de veteranos não conseguiam
encontrar emprego. [...] Os socialistas formavam uma espécie de Estado dentro
do Estado, assumindo governos municipais e formando cooperativas de trabalho
numa vasta faixa do norte do país, do sopé dos Alpes, no noroeste, ao mar
Adriático, no Leste.
Os socialistas - cujo número crescera ao longo das décadas - esperavam
aproveitar a maré de indignação popular para chegar ao poder. Operários
ocuparam fábricas em Turim, Milão e Gênova. Trabalhadores da agricultura
fizeram greves, ameaçando a velha classe de proprietários rurais. Apenas dois
anos antes, em 1917, uma revolução comunista conduzira os bolcheviques ao

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poder e destruíra a velha ordem czarista na Rússia. Incentivados por esse
exemplo, manifestantes italianos sonhavam com um futuro em que operários e
camponeses dariam as ordens.[...]

Texto adaptado de KERTZER, David I. O Papa e Mussolini: a conexão secreta entre


Pio XI e a ascensão do fascismo na Europa. Rio de Janeiro: Intrínseca,
2017.pp.34-35; 49-50.
 
A  desordem  italiana  -  na  perspectiva  da  burguesia e seus interesses, 
de  estratos  médios  e  dos  fascistas  -  estava  no  marco  da  profunda  crise 
econômica e na ameaça da mobilização revolucionária dos trabalhadores da 
cidade  e  do  campo.  Os  grupos  fascistas,  contudo,  agiram  violentamente 
contra  militantes  sindicais  e  de  partidos,  políticos  eleitos  e  jornalistas, 
aterrorizaram  a  vida  política do país. Era uma prova do que fariam quando 
controlassem posições em governos. 
Leia  um  pouco  sobre  os  métodos  e  práticas  dos  fascistas,  no  texto a 
seguir.

Texto C - A prática fascista

Das suas sedes nas cidades do norte e do centro da Itália, fascistas de


camisas negras amontoavam-se em carros e saíam pelo interior em violentas
incursões, incendiando sindicatos, salas de reuniões de socialistas e redações de
jornais de esquerda. Mussolini tinha pouco controle direto sobre esses ​squadristi​,
encabeçado por chefes fascistas locais conhecidos como ras​. Durante três anos, a
partir de 1919, esses bandos cada vez mais numerosos passaram a atacar com
frequência funcionários e militantes socialistas, espancando-os e forçando-os a
tomar óleo de rícino. Os squadristi tinham um prazer sádico em usar o óleo, que
provocava não apenas náusea, mas também uma diarréia humilhante e
incontrolável. Prefeitos e vereadores socialistas fugiam em pânico, deixando
grandes porções da Itália nas mãos de rufiões fascistas.[...]
Na primavera de 1920, ligas socialistas organizaram uma greve na
agricultura no vale do rio Pó. Como o governo nada fez para intervir, os
proprietários de terra locais procuraram os fasci. No outono, bandos fascistas
armados - usando camisas e barretes negros - saquearam câmaras de trabalho
socialistas e outros alvos de esquerda. A Itália moderna nunca tinha visto nada
parecido. Embora presidisse de forma negligente a rede desses saqueadores,
Mussolini não os organizava diretamente, recorrendo a chefes fascistas locais para
executar o trabalho sujo. Em 21 de novembro, um desses bandos invadiu a

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prefeitura de Bolonha, onde uma administração socialista recém-eleita tomava
posse. Dez pessoas morreram na batalha subsequente, e o governo suspendeu a
nova administração municipal. A violência se espalhou, com bandos fascistas
atacando governos municipais de esquerda, sedes socialistas e sindicatos.

Texto adaptado de KERTZER, David I. O Papa e Mussolini: a conexão


secreta entre Pio XI e a ascensão do fascismo na Europa. Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2017.pp.34-35; 49-50.

- Aprofunde seus conhecimentos...

Caso queira conhecer a trajetória do perigoso ditador Benito Mussolini,


recomendamos documentário do History Channel,
A Evolução da Maldade.

Link:​ https://www.youtube.com/watch?v=W_6cigIbV4g

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