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DESMONTE DE

ROCHAS

AULA - 04
Técnico em
MINERAÇÃO

ARACI/BA
2021

Desmonte de Rochas – Aula 04 pág:1/21


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AULA 04

OBJETIVOS DA AULA

Nesta quarta aula vamos estudar:

OTIMIZAÇÃO DO DESMONTE:

✓ Instrumentação,

✓ Equipamentos disponíveis para geração e análise direta de dados,

✓ Resultados dos desmontes por explosivo: presença de matacões na pilha de material


detonado, volume de material para a fragmentação secundária, produção e interrupção do
britador primário e geometria da pilha de material desmontado; e

✓ Avaliação dos explosivos utilizados;

OS EFEITOS SECUNDÁRIOS DAS DETONAÇÕES:

✓ Causas dos problemas ambientais gerados pelos desmontes de rochas por explosivos:
vibração do terreno e sobre pressão atmosférica e ruído,

✓ Causas da sobre pressão atmosférica e ultra lançamento dos fragmentos rochosos;

PLANO DE FOGO PARA O DESMONTE ESCULTURAL:

✓ Pressão produzida no furo durante a detonação do explosivo,

✓ Desacoplamento e espaçadores e

✓ Regras empíricas para o cálculo do plano de fogo do desmonte escultural.

OTIMIZAÇÃO DO DESMONTE

INSTRUMENTAÇÃO

Na marcação dos furos (afastamento e espaçamento), para que se obtenha a máxima


precisão, pode-se utilizar o GPS.

Na verificação da qualidade da perfuração utiliza-se o equipamento denominado Boretrak


(figura 1) permite determinar a profundidade exata dos furos e dos desvios ocorridos
durante a perfuração da rocha.

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Figura 1: Perfilamento do furo com o Boretrak

Quando o maciço rochoso contém cavernas e grandes fendas, recomenda-se o uso da


câmera de inspeção, evitando a ocorrência de ultra lançamentos, principalmente quando o
desmonte é realizado com explosivos bombeados.

Ainda para evitar a ocorrência de ultra lançamento devido a irregularidades nas faces da
bancadas, deve-se fazer o perfilamento das mesmas, através do equipamento denominado
Laser Profile (Quarryman) figura 2, corrigindo-se, logo em seguida, as quantidades de
explosivos da primeira linha de detonação.

Figura 2: Perfilamento da face da bancada com o Quarryman.

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EQUIPAMENTOS DISPONÍVEIS PARA GERAÇÃO E ANÁLISE DIRETA DE
DADOS

Nas avaliações das distribuições granulométricas dos desmontes de rochas (figura 3)


utilizam-se os sistemas de foto análises denominadas WipFrag (Canadá) e SpliSet (Estados
Unidos), que permitem quantificar a qualidade dos desmontes de rocha, sem as famosas
subjetividades.

Figura 3: Curva de distribuição granulométrica obtida na foto análise.

RESULTADOS DOS DESMONTES POR EXPLOSIVO

Um desmonte de rocha com o uso de explosivo atinge seu objetivo quando:

a) Apresenta uma boa fragmentação com um menor custo possível.

b) Não danifica (backbreak) a face e a rocha remanescente do próximo banco a ser


perfurado.

c) Não gera grandes problemas ambientais (vibração do terreno, sobre pressão atmosférica
e ultra lançamento).

d) Forma uma pilha mais adequada aos equipamentos de carregamento.

e) Não gera grande quantidade de matacões e repés.

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Presença de Matacões na Pilha de Material Detonado

Na maioria dos desmontes, é inevitável a ocorrência de matacões devido aos seguintes


fatores:

✓ presença de blocos pré-formados pelas presenças de descontinuidades (juntas e falhas);

✓ falta de carga nos furos, devido a entupimentos;

✓ desvios dos furos ocorridos durante a perfuração;

✓ alto grau de confinamento dos furos (afastamento grande ou tempo de retardo curto);

✓ irregularidades nas malhas de perfuração.

✓ face da bancada bastante irregular;

✓ falhas de explosivos e/ou acessórios de iniciação;

✓ blocos formados pela quebra-pra-traz (back break) do desmonte anterior.

Volume de Material para a Fragmentação Secundária

O volume máximo de material para a fragmentação secundária é bastante controvertido.

Entretanto, alguns autores sugerem um volume máximo de 5% em relação aos fragmentos


presentes na pilha.

Produção e Interrupção do Britador Primário

A produção do britador (t/h) e, consequentemente, dos equipamentos de transporte e


moagem, são bastante afetados pelo engaiolamento de blocos no britador.

Estudos desenvolvidos na Mina de Sossego, da Vale, Pará, indicaram que um aumento


significativo na razão de carregamento dos fogos, reduziram o número de matacões e a
produtividade do britador e dos equipamentos de transporte (caminhões), tendo como
consequência, uma maior produção na moagem, contribuindo para uma operação unitária
bastante lucrativa.

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Geometria da Pilha de Material Desmontado

A geometria da pilha é fundamental para a produtividade dos equipamentos de


carregamento (carregadeiras e escavadeiras).

A figura 4 mostra a forma de pilha mais adequada para o equipamento de carregamento.

Figura 4: a) altura de pilha apropriada para a pá carregadeira de pequeno porte;


b) altura da pilha apropriada para escavadeiras a cabo e hidráulica.

AVALIAÇÃO DOS EXPLOSIVOS UTILIZADOS

Na avaliação do desempenho dos explosivos utilizados no desmonte de rocha, os seguintes


fatores devem ser levados em conta:

✓ qualidade da fragmentação;

✓ custo da tonelada de rocha desmontada;

✓ presença de fumaças negras ou alaranjadas (indicador de explosivo desbalanceado).

✓ índice de falhas dos explosivos.

✓ resistência a água (número de horas ou dias).

EFEITOS SECUNDÁRIOS DAS DETONAÇÕES

A detonação de uma carga explosiva contida em um furo gera pressões instantâneas que
podem atingir níveis que variam de 2 a 10 GPa, dependendo das características e
quantidades do explosivo utilizado.

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Parte da energia gerada pelo explosivo vai trabalhar na quebra e lançamento da massa
rochosa; outra parte vai passar diretamente ao maciço rochoso na forma de ondas de
choque instáveis, de alta velocidade (body waves), que vai se propagar pelo maciço, sob
forma ondulatória, provocando vibrações, até que a energia se dissipe; uma terceira parte
da energia de detonação vai ser transmitida à atmosfera, provocando ruídos e onda aérea
(sobre pressão atmosférica).

A figura 5 mostra os principais problemas gerados pelos desmontes de rochas.

Figura 5: Perturbações originadas pelos desmontes de rochas.

Detonações realizadas próximas a locais muitas vezes geram conflitos devido a impactos
ambientais.

Um dos principais problemas de atrito da comunidade com a mineração é o desmonte de


rochas por explosivo.

Nestas situações, os responsáveis pelas detonações têm, muitas vezes, pouco o que fazer,
pois tentam encontrar um plano de fogo para otimizar o desmonte de rocha sem realizar
uma pesquisa, com o uso adequado de instrumentação, para determinar a influência de
diversos parâmetros nos problemas ambientais gerados pelas detonações com o uso de
explosivos.

A maioria dos países tem normas locais, que especificam legalmente níveis aceitáveis de
vibração do solo provocadas por detonações.

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Estas normas são baseadas em pesquisas que relacionam o pico da velocidade com os
dados estruturais.

No Brasil a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabeleceu normas, válidas


a partir de 31/10/2005, através da ABNT NBR 9653 (Norma Brasileira Registrada), para
reduzir os riscos inerentes ao desmonte de rocha com uso de explosivos em minerações,
estabelecendo os seguintes parâmetros a um grau compatível com a tecnologia disponível
para a segurança das populações vizinhas:

A ABNT NBR 9653:2005 apresenta as seguintes definições:

a) Velocidade de Vibração de Partícula de Pico: máximo valor instantâneo da velocidade


de uma partícula em um ponto durante um determinado intervalo de tempo, considerando
como sendo o maior valor dentre os valores de pico das componentes de velocidade de
vibração da partícula para o mesmo intervalo de tempo;

b) Velocidade de Vibração de Partícula Resultante de Pico (VR): máximo valor obtido


pela soma vetorial das três componentes ortogonais simultâneas de velocidade de vibração
de partícula, considerado ao longo de um determinado intervalo de tempo, isto é:

onde:

VL, VT e VV são respectivamente os módulos de velocidade de vibração de partícula,


segundo as direções L - longitudinal, T - transversal e V – vertical;

c) Pressão Acústica: aquela provocada por uma onda de choque aérea com componentes
na faixa audível (20Hz a 20.000Hz) e não audível, com uma duração menor do que 1s;

d) Área de Operação: área compreendida pela união da área de licenciamento ambiental


mais a área de propriedade da empresa de mineração.

e) Ultra Lançamento: arremesso de fragmentos de rocha decorrente do desmonte com


uso de explosivos, além da área de operação.

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f) Distância Escalonada (DE) ou distância reduzida: calculada através da seguinte
expressão e usada para estimar a vibração do terreno:

onde:

D é a distância horizontal entre o ponto de medição e o ponto mais próximo da detonação,


em metros;

Q é a carga máxima de explosivos a ser detonado por espera, em quilogramas.

g) Desmonte de Rocha com uso de Explosivos: operação de arrancamento,


fragmentação, deslocamento e lançamento de rocha mediante aplicação de cargas
explosivas.

Os limites para velocidade de vibração de partícula de pico acima dos quais podem ocorrer
danos induzidos por vibrações do terreno são apresentados numericamente na Figura 6.

Figura 6: Limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de frequências.

Nível de Pressão Acústica: a pressão acústica, medida além da área de operação, não
deve ultrapassar o valor de 100 Pa, o que corresponde a um nível de pressão acústica de
134 dBL pico.

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Ultra Lançamento: o ultra lançamento não deve ocorrer além da área de operação do
empreendimento, respeitadas as normas internas de segurança referentes à operação de
desmonte.

Na maioria das operações, os níveis de vibrações são mantidos bem abaixo dos critérios
estabelecidos para evitar danos.

Entretanto, o respeito às leis não exclui problemas: vibrações dentro de limite legais podem
ainda aborrecer vizinhos.

Estes aborrecimentos poderão induzir a problemas de relacionamento com a vizinhança,


litígios e fechamento da mina.

Situações Excepcionais: quando por motivo excepcionai, houver o impedimento da


realização do monitoramento sismográfico, pode ser considerada atendida essa Norma
com relação à velocidade de vibração de partícula de pico, se for obedecida uma distância
escalonada que cumpra com as seguintes exigências:

DE ≥ 40 m/kg0,5 para D ≤ 300 m

CAUSAS DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS GERADOS PELOS DESMONTES DE


ROCHAS POR EXPLOSIVOS

Vibração do Terreno

Quando um explosivo detona dentro de um furo, ondas de tensão são geradas causando
distorções e fissuras no maciço rochoso.

Entretanto, imediatamente fora dessa vizinhança, não ocorrem permanente deformações,


e sim uma rápida atenuação das ondas de tensão, fazendo com que o terreno exiba
propriedades elásticas.

As vibrações dos terrenos geradas pelo desmontes de rochas por explosivos se transmite
através dos materiais como ondas sísmicas, cuja frente de desloca radialmente a partir do
ponto de detonação.

As distintas ondas sísmicas se classificam em dois grupos: “ondas internas” e “ondas


superficiais”.

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Na figura 7 o primeiro tipo de onda interna é denominado “Primária ou de Compressão”,
onde estas ondas se propagam dentro dos materiais, produzindo alternadamente
compressões e rarefações e dando lugar a um movimento das partículas na direção de
propagação das ondas.

São as mais rápidas e produzem troca de volumes, sem troca de forma, no material através
do qual se movimentam.

O segundo tipo é constituído das “Ondas Transversais ou de Cisalhamento-S”, que dão


lugar a um movimento das partículas perpendicular a direção de propagação da onda.

Os materiais submetidos a esses tipos de onda experimentam trocas de forma e não de


volume.

Figura 7: Efeito das ondas “P” e “S” sobre as estruturas.

As ondas do tipo superficial que são geradas pelos desmontes de rochas são: as Ondas
Rayleigh-R e as Ondas Love-Q.

Outros tipos de ondas superficiais são as ondas Canal e as Ondas Stonelly.

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Na prática, a velocidade de pressão das ondas transversais é da ordem de 50 a 60% da
velocidade das ondas compressionais.

Sobrepressão Atmosférica e Ruído

Sempre que um explosivo é detonado ondas transientes de pressões são geradas.

Como o ar é compressível, absorve parte da energia da onda de pressão, à medida que


essas ondas passam de um ponto a outro, a pressão do ar aumenta rapidamente a um
valor acima da pressão atmosférica.

Antes de essas ondas retornarem a um valor abaixo da pressão atmosférica as mesmas


sofrem uma série de oscilações.

A pressão máxima, isto é, acima do valor da pressão atmosférica, é conhecida como


sobrepressão atmosférica ou sopro de ar.

Essas pressões compreendem energia em diferentes faixas de frequências.

A sobrepressão atmosférica que se transforma com a distância em relação à detonação,


ao atingir a frequência acima de 20Hz é perceptível pela audição humana na forma de
ruído, já os valores abaixo de 20Hz são imperceptíveis, entretanto, eles podem causar uma
concussão nas residências.

A sobrepressão atmosférica e o ruído são medidos em decibéis (dB) ou pascal (Pa).

A sobrepressão atmosférica contém uma considerável quantidade de energia de baixa


frequência que pode chegar a produzir danos diretamente sobre as estruturas, entretanto
são mais comuns as vibrações de alfa frequência que se manifestam como ruído das
janelas, portas etc.

A sobrepressão atmosférica de baixa frequência ao atingir uma residência provoca


vibrações nas estruturas.

Se a vibração induzida é de suficiente magnitude será percebida pelos ocupantes da


residência podendo causar danos materiais.

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Os elementos flexíveis de uma residência (paredes, pisos, teto etc.) e os objetos fixados
aos mesmos (quadros, lustres, persianas, móveis, louças etc.) são muito sensíveis as
sobrepressões atmosféricas.

Muitas vezes a intensidade da sobrepressão é percebida pelos residentes através de


objetos situados nas mesas, armários, estante, quando estes começam a vibrar, ocorrendo
assim uma vibração secundária, provocando a reação imediata dos ocupantes das
residências.

CAUSAS DA SOBREPRESSÃO ATMOSFÉRICA

As sobrepressões atmosféricas, decorrente das atividades dos desmontes de rocha por


explosivo, são causadas pela movimentação da rocha, emissão dos tampões, emissão dos
gases através dos tampões e fendas da rocha, colisão dos fragmentos projetados,
afastamentos incorretos e a falta de cobertura dos cordéis detonantes como mostram a
Figura 8.

Figura 8: Fontes de ondas aéreas nos desmonte.

Os gradientes do vento e as inversões de temperatura podem afetar os níveis da


sobrepressão atmosférica.

Coberturas de nuvens também podem causar a reflexão da onda de pressão de volta para
a superfície a uma certa distância do local do desmonte.

A topografia e a geometria das formações geológicas podem conduzir a reflexão e


concentração de frentes de ondas em determinados pontos.

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ULTRALANÇAMENTO DOS FRAGMENTOS ROCHOSOS

O ultra lançamento é o lançamento indesejável de fragmentos rochosos da área de


desmonte, representando um grande perigo para as pessoas que vivem fora do limite da
mina.

Quando o afastamento da frente de uma bancada é inadequado ou quando a coluna de


tamponamento é muito curta, uma cratera é formada e a rocha é ejetada da cratera e pode
ser arremessada a uma distância considerável, como é mostrado na Figura 9.

Figura 9: Causas dos ultralançamentos dos fragmentos rochosos

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Continuação da Figura 9.

A continuação da figura 9 mostra que o ultralançamento pode ser causado pela inclinação
incorreta da perfuração e por condições que permitam a fuga de gases explosivos ao longo
da descontinuidade do maciço rochoso ou uma alta concentração de explosivo em virtude
da presença de vazios (cavernas) na rocha.

PLANO DE FOGO PARA O DESMONTE ESCULTURAL

O desmonte escultural, também chamado de detonação controlada, pode ser considerado


como a técnica de minimizar as irregularidades provocadas na rocha pelo ultra arranque
(backbreak) nos limites da escavação, quando se usa explosivos.

O ultra arranque, ou sobre escavação, ocorre quando a resistência à compressão dinâmica


do maciço rochoso é excedida.

Se a resistência à compressão dinâmica for igual a pressão máxima do explosivo, a mesma


não produzirá a quebra da parede no limite da escavação.

As consequências negativas que derivam do ultra arranquem (quebra para trás):

✓ maior diluição do minério com o estéril, nas zonas de contato, nas minas metálicas;

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✓ aumento do custo de carregamento e transporte, devido ao incremento do volume do
material escavado;

✓ aumento do custo de concretagem nas obras civis: túneis, centrais hidráulicas, câmaras
de armazenamento, sapatas, muralhas etc.;

✓ necessidade de reforçar a estrutura rochosa residual, mediante custosos sistemas de


sustentação: tirantes, cavilhas, split set, cintas metálicas, revestimento e/ou jateamento de
concreto, redes metálicas, enchimento etc.;

✓ manutenção do maciço residual com um maior risco para o pessoal da operação e


equipamentos;

✓ aumento da vazão da água na zona de trabalho, devido a abertura e prolongamento das


fraturas e descontinuidades do maciço rochoso.

Nas minerações a céu aberto, no controle dos taludes finais, podem produzir as seguintes
vantagens:

✓ elevação do angulo do talude, conseguindo-se um incremento nas reservas recuperáveis


ou uma diminuição da relação estéril/minério;

✓ redução dos riscos de desprendimento parciais do talude, minimizando a necessidade


de bermas largas, repercutindo positivamente sobre a produção e a segurança nos
trabalhos de explotação;

✓ tornar seguro e estético os trabalhos de desmonte relacionados à engenharia urbana.

Paralelamente, nos trabalhos subterrâneos a aplicação dos desmontes de contorno tem as


seguintes vantagens:

✓ menores dimensões dos pilares nas explotações e, por conseguinte, maior recuperação
do jazimento;

✓ melhora a ventilação, devido ao menor atrito entre o ar e as paredes das galerias;

✓ aberturas mais seguras com um menor custo de manutenção das paredes, tetos e pisos;

✓ menor risco de danos à perfuração prévia, no caso do método de lavra VCR (Vertical
Crater Retreat).

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Assim, pois, os esforços destinados à aplicação do desmonte escultural, nas obras
subterrâneas e a céu aberto, são justificados por motivos técnicos, econômicos e de
segurança.

PRESSÃO PRODUZIDA NO FURO DURANTE A DETONAÇÃO DO EXPLOSIVO

O pico da pressão exercida pela expansão dos gases, depende primariamente da


densidade e da velocidade de detonação do explosivo.

As pressões podem ser calculadas usando a seguinte expressão:

sendo:

PF = pressão da carga da coluna de explosivo acoplada ao furo (GPa);

ρ = densidade do explosivo (g/cm3);

VOD = velocidade de detonação de um explosivo confinado (m/s);

Quanto menor a pressão da carga da coluna de explosivo, menor será o ultra arranque.

DESACOPLAMENTO E ESPAÇADORES

O ultra arranque pode ser reduzido através do desacoplamento das cargas e espaçadores.

A razão entre o diâmetro da carga de explosivo (d) e o diâmetro do furo (D) é a medida do
desacoplamento entre as cargas de explosivos e as paredes dos furos (d/D < 1).

As cargas são espaçadas através da separação de porções da coluna de explosivos,


através do uso de material inerte (argila, detritos da perfuração, madeira etc.).

A redução da pressão de detonação da carga de explosivo, decorrente da expansão dos


gases na câmara de ar (colchão de ar) pode ser quantificada a partir da seguinte expressão:

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onde:

PE = pressão efetiva (amortecida), GPa;

Cl = quociente entre a longitude da carga de explosivo e da longitude da carga de coluna


(Cl = 1 para cargas contínuas, isto é, sem espaçadores);

d = diâmetro da carga de explosivo (polegadas ou mm);

D = diâmetro da perfuração (polegadas ou mm).

Dessa maneira a pressão do furo é drasticamente reduzida através do desacoplamento.


Nesse texto abordaremos os seguintes tipos de desmonte escultural: pré-corte (pre-
splitting) com cargas desacopladas ou espaçadas e pré-corte com o sistema Air deck.

O método do pré-corte (figura 10) compreende uma carreira de furos espaçadamente


próximos, perfurados ao longo da linha limite da escavação.

Os furos são carregados levemente com um explosivo apropriado, e são detonados antes
que qualquer escavação nas adjacências tenha sido executada.

Acredita-se que este procedimento cria umas fraturas abertas, necessárias para dissipar a
expansão dos gases provenientes da escavação principal.

Figura 10: Método do Pré-corte (pre-splitting)

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REGRAS EMPÍRICAS PARA O CÁLCULO DO PLANO DE FOGO DO DESMONTE
ESCULTURAL

Plano de fogo ara o pré-corte (pré-fissuramento) com carga contínua ou desacopladas.

As seguintes regras empíricas podem ser utilizadas para o cálculo do plano de fogo:

✓ Espaçamento entre os furos: 10 a 12 vezes o diâmetro do furo (em metros);

✓ Longitude do tampão: 0,6 a 1,5 m, dependendo do diâmetro do furo;

✓ Distância da linha do pré-corte à linha de furos mais próxima de produção: 15 a 20 vezes


o diâmetro do furo (em metros).

Desmonte de pré-corte com carga contínua desacoplada

Desacoplamento entre a carga de explosivo e o furo (d/D): 0,4 a 0,6; sendo (d) o diâmetro
do explosivo e (D) o diâmetro da perfuração;

A literatura recomenda os seguintes espaçamentos e razões lineares de carregamento em


função do diâmetro do furo:

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Uma boa indicação e fazer a distância X igual ao comprimento do cartucho utilizado.

OBSERVAÇÕES:

✓ a última linha de furos de produção (buffer line) deve ter sua carga reduzida, no mínimo
de 50%, para que a parede do pré-corte não seja danificada durante a detonação principal;

✓ nos exemplos acima, os valores devem ser ajustados em função das descontinuidades
(falhas, juntas, fissuras, dobras etc.) apresentadas pelas rochas e o tipo de explosivo;

✓ o sucesso do pré-corte pode ser constatado no campo através da ocorrência das “meias
canas” (vestígios dos furos no talude após a detonação).

RESUMO

Chegamos ao final desta quarta aula e aprendemos sobre:

✓ OTIMIZAÇÃO DO DESMONTE: instrumentação, equipamentos disponíveis para


geração e análise direta de dados, resultados dos desmontes por explosivo (presença de
matacões na pilha de material detonado, volume de material para a fragmentação
secundária, produção e interrupção do britador primário e geometria da pilha de material
desmontado) e avaliação dos explosivos utilizados;

✓ OS EFEITOS SECUNDÁRIOS DAS DETONAÇÕES: causas dos problemas ambientais


gerados pelos desmontes de rochas por explosivos (vibração do terreno e sobrepressão
atmosférica e ruído), causas da sobrepressão atmosférica e ultralançamento dos
fragmentos rochosos; e

✓ O PLANO DE FOGO PARA O DESMONTE ESCULTURAL: pressão produzida no furo


durante a detonação do explosivo, desacoplamento e espaçadores e regras empíricas para
o cálculo do plano de fogo do desmonte escultural.

Muito bem! Agora que você chegou ao final desse encontro, siga em frente com os
estudos.

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