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Cadernos Liberais - 1
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INSTITUTO
TANCREDO NEVES
Diretoria
1996/99
Cláudio Lembo
(Diretor de Atividades Culturais)
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I
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)
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
a) O caminho percorrido 13
b) Iniciativas em curso 20
II-AGENDA TEÓRICA I
I
a) Hipótese geral 23 I
b) Como designar as principais vertentes liberais 24 I
c) O problema social 31
d) A família e a empresa como instituições nucleares
da sociedade 36
e) Posicionamento do Estado em face das atividades
económicas 40
f) A representação polítiça e seu aprimoramento 39
g) Problemática atual do Estado em geral e do
Estado brasileiro em particular 47
h) Repressão ao terrorismo e ao narcotráfico,
assegurada a preservação das liberdades
democráticas 58
i) Segurançajjúbljca e redefinição jo papel jas
Forças Axmadas 59 - ** — 1
y
APRESENTAÇÃO
política nacional.
Com a República, interrompeu-se abruptamente o
processo de aprimoramento do sistema representativo que
vínhamos trilhando. De todos os modos, na República
Velha, homens como Rui Barbosa (1849/1923) ou João I
Arruda (1861/1943) trazem a debate temas e autores
liberais de seu tempo, achando-se entre os primeiros que
perceberam o significado daquela vertente que mais tarde
11
se denominou de liberalismo social.
(1) Em anexo, inserimos uma breve nota sobre a obra e a perso
nalidade de Silvestre Pinheiro Ferreira.
13
12
Com a avalanche autoritária subsequente aos anos
passagem pela direção da Editora da UNB, Carlos
trinta, os liberais foram sendo acuados para circunscrever
Henrique Cardim conseguiu editar muitos autores
sua ação à defesa da liberdade. Dizia-se no interregno liberais contemporâneos, como Nisbet, Dahrendorf,
democrático posterior a 45 - em tom de blague mas
Robert Dahl etc. Essa iniciativa não teve continuidade
refletindo uma realidade profunda - que a Constituição
naquela instituição mas surgiram diversas outras.
de 46, para sobreviver, teria que ser impressa em amianto.
No ciclo autoritário pós-64, proclamou-se enfaticamente O Instituto Liberal editou, desde sua fundação até
inícios de 1993, 45 livros, um terço dos quais autores
que o liberalismo havia acabado. No livro Legislativo e
Tecnocracia (Rio de Janeiro, 1975), o prof. Cândido
ligados à Escola austríaca. Os brasileiros comparecem com
Mendes avançou o entendimento de que na sociedade oito títulos (pouco menos de 20%). Os cinquenta por
cento restantes compreenderam a tradução de pensadores
complexa de nosso tempo o Parlamento perderia as suas
funções tradicionais, devendo transformar-se num foro liberais ligados a outras vertentes que não a Escola
de debates. Austríaca.
A década de oitenta marca uma reviravolta completa Entre os austríacos, a preferência é por Ludwig Von
na evolução política do Ocidente desde o último pós- Mises e Friedrich Hayek, tendo aparecido cinco livros
guerra. Até então, o socialismo parecia acumular vitórias do primeiro e quatro do segundo. O Instituto Liberal
sucessivas. Estas, entretanto, haviam levado alguns países patrocinou a tradução dos principais livros de Von Mises
a uma redução sem precedente dos padrões de vida e à - Ação Humana; A mentalidade; As seis lições;
perda de horizontes, sendo a Inglaterra o exemplo mais Liberalismo e O mercado, além de uma síntese do seu
flagrante. A reação de Mme. Thatcher conseguiu não só pensamento: O essencial Von Mises, de Murray
reverter o quadro em seu país como revelar aos habitantes Rothbard — e algumas obras de Hayek (Desemprego e
do Leste a grande mentira que representava o socialismo, política monetária; Desestatizaçao do dinheiro e O
caracterizado, em contraposição ao que alardeava, pelo caminho da servidão), bem como uma exposição sobre
sucessivo empobrecimento e pela destruição do meio suas idéias: A contribuição de Hayek às idéiaspolíticas I
ambiente. de nosso tempo, de Eamon Butler. Também dedicado à I
A subseqiiente queda do muro de Berlim, o divulgação das idéias dessa vertente é o livro: O que é o I
abandono do socialismo pelos satélites soviéticos e o Liberalismo, de Donald Stewart. Hayek já se havia tor I
aparente fim do Império Russo, tudo isto originou amplo nado autor conhecido no Brasil graças à publicação, pelas I
renascimento das correntes liberais, tanto na Europa Editoras UNB e Visão, dos seus livros considerados mais
Ocidental como nos Estados Unidos. importantes.
O esforço de reaproximar-nos do pensamento Das outras vertentes do liberalismo contemporâneo
liberal no exterior vinha de muito antes. Em sua no exterior, sobressaem os livros de Guy Sorman (A
nova riqueza das nações; A solução liberal; O Estado
14 15
e a última obra de José Guilherme Merquior (1941/
mínimo; Os verdadeiros pensadores de nosso tempo e 1991): O liberalismo antigo e moderno (Nova Fronteira,
Sair do socialismo), que se tornaram best-sellers em 1991). Evolução histórica do liberalismo é uma exposição
diversos países do mundo por se dedicarem à sistemática das principais obras do pensamento liberal,
popularização, em linguagem jornalística, do fenomeno associada à diferenciação temática que apresenta su
da ascenção do neoconservadorismo desde os anos seqiientemente. Assim, está caracterizada a fundação do
setenta, que culminou com o desmoronamento do liberalismo por Locke e Kant, nos fins do século XVII ao
socialismo no Leste, embora a nossa aproximação com século XVIII, bem como a consolidação do sistema
essa vertente deva ser considerado insuficiente, como representativo na Inglaterra, no mesmo período,
procuramos enfatizar, logo adiante. Outro autor muito
fenômeno isolado nessa época. O ciclo seguinte e
importante cuja obra o Instituto Liberal divulga no Brasil,
denominado de “processo de democratização da idéia
em caráter pioneiro, é Paul Johnson (Tempos Modernos).
liberal”, com destaque para a obra de Tocqueville e as
Posteriormente, desse mesmo estudioso, a Imago
divulgou uma obra o Instituto Liberal divulga no Brasil, reformas inglesas, onde sobressai a figura de Gladstone.
em caráter pioneiro, é Paul Johnson (TemposModernos). Segue-se a emergência da problemática social,
Posteriormente, desse mesmo estudioso, a Imago divulgou evidenciando-se o grande papel que tiveram os liberais
uma obra muito importante: Os intelectuais. A Imago no seu adequado equacionamento. O livro compoe-se
também editou a História Intelectual do Liberalismo, de de oito ensaios, de diferentes autores, inserindo em seu
Pierre Manent, e a obra coletiva; A Europa e a ascensão anexo um roteiro para estudo das principais obras liberais,
do capitalismo. do mesmo modo que para a organização de cursos. São
Nos anos mais recentes, a Editora Jorge Zahar tem os seguintes os ensaios que o integram: A formação
incluído autores de obras liberais em sua linha editorial. inicial do liberalismo na obra de Locke (Antonio
Acham-se neste caso: Omito da decadência dos Estados aim); A fundamentação do Estado Liberal segundo
Unidos de Henry Nau e dois livros de Ralf Dahrendorf ^nt (Francisco Martins de Souza); O liberalismo
(Conflito social moderno e Reflexões sobre a revolução doutrinário (Ubiratan Borges de Macedo); O
na Europa), relativamente divulgado no Brasil por ter ^sarnento de Tocqueville (J. O. de Meira Penna)-
figurado na Coleção Pensamento Político, organizada por Zj . eIe,corais inglesas (Antonio Pajm).
Carlos Henrique Cardim em sua passagem pela direção 0 rgenaada questão social eposição anterior a Keynes
da Editora UNB. Cabe mencionar, ainda, a divulgação ^.nesian.smo (Antonio Paim); A crítica dn
das obras de Michael Novak pela Editora Nórdica.
Nessa mesma linha de reconstituição dos vínculos
com o pensamento liberal no exterior, sobressaem os B- Macedo). P'nnil '
livros Evolução histórica do liberalismo (Itatiaia, 1987)
16 17
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A visão de Merquior em O liberalismo antigo e
Reality (Minneapolis University of Minnesota Press, I'
1986), de Robert Nisbet; The Conservative Inteilectual
moderno é multifacetada e bastante ampla, achando-se
Mouvement in America, since 1945 (N. York, 1979),
estudados todos os principais autores. O liberalismo
de Guy George Nash, e La révolution conservative
antigo (ou clássico) é situado entre 1780 e 1860,
américaine (Paris, 1983), de Guy Sorman. Seria
compreendendo a experiência européia propriamente dita
imprescindível divulgá-las de alguma forma, ainda que
e não apenas inglesa. É a fase de consolidação do sistema não obrigatoriamente através de tradução. Contudo
nos principais países, seguindo-se os percalços decorrentes deveríamos diligenciar no sentido de ser traduzido o livro
do processo de democratização. Neste formam-se América s Welfare State. From Rooseveit to Reagan (John
nitidamente duas vertentes: o liberalismo conservador e Hopkins University, 1991) de Edward D. Berkowitz,
o liberalismo social. Parece-lhe que “os liberais que muito contribuiria para a compreensão do
conservadores, desde cerca de 1830 a 1930, procuravam posicionamento do conservadorismo liberal em face do
geralmente retardar a democratização da política liberal, Welfare, já que só se tem difundido no Pais a visão e
sob esse aspecto, assinalaram um regresso à posição whig-
O liberalismo whig era essencialmente um liberalismo
uma de suas vertentes, a da Escola Austríaca, que não
parece a mais feliz. Berkowitz mostra como os
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de representação limitada, restritiva” (pag. 149). O conservadores liberais têm-se empenhado no sentido de
liberalismo social singulariza-se pela preocupação com a alcançar maior eficácia das políticas sociais efetivadas com
situação social dos desfavorecidos e o desejo de substituir
fundos públicos, graças à sua atitude vigilante e crítica
a economia do laissez-faire. No ciclo mais recente, o
diante das burocracias estatais. A impressão qjje ’ se tem
antigo conservadorismo liberal assume novas formas e radicalmente
generalizado entre nós é a de que seriam i—
registra uma grande presença. A exposição de Merquior
é eminentemente didática e corresponde a uma notável contrários àquelas políticas.
Outro aspecto para o qual cumprir: chamar a
qual cumpriria
contribuição ao adequado conhecimento do liberalismo atenção é a importância que tem readquirido a atribuição
entre nós. Encerra-se por uma cronologia bastante a fatores culturais de papel destacado no desen
circunstanciada, notadamente no que se refere às obras e volvimento. Em parte, isto se deve ao retumbante fracasso
autores marcantes em seus respectivos momentos. das políticas patrocinadas pelo Banco Mundia que,
Em que pese o progresso registrado na aproximação
supostamente, deveriam ter disseminado a prosperi
ao liberalismo contemporâneo nos Estados Unidos e na Ao contrário disto, o subdesenvolvimento manteve s
Europa, estamos longe de haver adquirido uma virtualmente incólume na África e em grande parte
compreensão apropriada do neoconservadorismo, que Ásia e da América Latina. Num quadro desses, sobressai
consideramos o fenômeno decisivo para o renascimento o aparecimento dos chamados ‘Tigres Asiáticos. Como
liberal em nosso tempo. Três obras permitem situá-lo se explica o seu sucesso? A liderança de tais [
do ponto de vista histórico: Conservatism; Dreams and
encontra-se com Peter Berger — de quem a Itatiaia entre liberais e comunitaristas, iniciando-se também
publicou a conhecida obra?l revolução capitalista-, que o exame da crítica ao liberalismo desenvolvida pelos
dirige presentemente o Instituto de Cultura Económica sociais-democratas franceses.
da Universidade de Boston, a quem se deve a divulgação A Editora Expressão e Cultura está lançando a
de expressiva bibliografia. As teses de Max Weber voltam Coleção Sociedade Livre. Essa coleção tem por objetivo
a adquirir grande popularidade. Nesse particular, vem institucionalizar formas de acompanhar a reflexão
sendo atribuída a maior relevância ao fenômeno da contemporânea, nos mais importantes centros,
expansão das religiões evangélicas na América Latina. O principalmente nos Estados Unidos e Europa, em torno
lema em voga é o seguinte: “não há desenvolvimento do sistema que Kari Popper denominou de sociedade
sem empresários; não há empresários sem grande aberta e também se chama Democracia Representativa.
mudança nas crenças morais; não há crenças morais sem Nesse particular pretende-se ainda, em caráter pioneiro,
religião”. colocar ao alcance do leitor brasileiro textos de
importantes fundadores daquela meditação, ate hoje não
traduzidos. Além dos Escritos Políticos Ae. Kant, cogita-
b) Iniciativas em curso se de publicar a obra de Benjamin Constant, Humboldt,
Guizot e Gladstone. Autores brasileiros igualmente
No entendimento de Ubiratan Macedo, o debate comprometidos com semelhante ideário estarão sendo
atual e no futuro imediato travar-se-á entre os liberais e
os sociais-democratas. A social-democracia conta hoje editados.
com a preferência dos socialistas, e mesmo de ex-
comunistas, como é o caso da Itália. Dentre os grandes
partidos socialistas do Ocidente, o único que resiste a
essa opção é o Partido Socialista Francês. Paradoxalmente,
encontra-se na França expressivo grupo de intelectuais
que se tem ocupado de fazer avançar a doutrina social*
democrática e formular novos desafios ao liberalismo.
Atentos a essa circunstância, reconstituiu-se 0
Círculo de Estudos do Liberalismo, no Rio de Janeií°’
mantido e coordenado por Ubiratan Macedo. Este
grupo tem contado com a participação de intelectuais
dos diversos estados. No ano de 1996, foi passado em
revista o debate atual que se trava, nos Estados Unidos,
A
20 21 í J
II. AGENDA TEÓRICA
a) Hipótese geral
1 • O problema social
2- A família e a empresa como instituições I
nucleares da sociedade :•
23
Acreditamos que irão se deve obscurecer o 6» de
3. Posicionamento do Estado em face das que no seio do liberalismo, formaram-se duas vertentes
atividades económicas nucleares, justamente o que explica
plica hajam surgido
4. A representação política e seu apnmorameno Inglaterra os Partidos Liberal e Conservador. É cerro que
5. A problemática atual do Estado em geral e do o Partido Liberal acabaria, nos anos recentes, por abd‘c
Estado brasileiro em particular de sua existência autónoma ao fundir-se com parte do
6. A repressão ao terrorismo e ao narcotráfico, Pa,Social Democrata. Semelhante desfecho,
assegurada a preservação das liberdades contudo, não pode ser considerado como '“™fjnlhda
democráticas A fim de o que
7. Segurança pública e redefinição do papel das
do tema, seria necessário, a noss liberalism0. E,
Forças Armadas
8. As culturas nacionais em face da formação subseqúentemente, em que s &
de grandes blocos económicos social e social-democracia. liberais é o
9. Agenda contemporânea da educação liberal A questão unificadora de todos os
10. O liberalismo e a questão religiosa
compromisso com o
do sistema representativo, diferenciar o
da lei. Esse ponto serve .meU (também
conservadorismo liberal do fez as
b) Como designar as principais vertentes chamado de conservadorismo cat0 ‘ representativo,
liberais pazes com as instituições o sist como a família
entendendo que não são corpos na ^nservadorismo de
A primeira questão teórica que tem preocupado os ou o município. De sorte que o . ivamente para
liberais brasileiros reside na forma de conceber as Hayek-ainda que haja contri u . j0 merCado,
principais vertentes em que se dividiu o liberalismo. As a compreensão do papel inS“ S“alism0 económico -
preferências divergem abertamente: uma parcela as batiza
enriquecendo sobremaneira o enl busca
de conservadorismo liberal (ou liberalismo conservador)
tende ao tradicionalismo na m q [jfoeralismo
e liberalismo social. Consideram-se liberais sociais: Miguel alternativas para o sistema represe ltapisrno, com o
Reale, Marco Maciel, Gilberto de Melo Kujawski,
acha-se comprometido com
Ubiratan Macedo e outros. Acham que a palavra soci<d
fortalecimento da iniciativa Pr
está poluída e irremediavelmente comprometida com a d» mercado etc. Nerre par.icu « f»
tradição patrimonialista, entre outros, Roberto Camp°s os liberais sociais e os conserva ore
belecido profundas
e Meira Penna. Compreende-se que a preocupação destes o keynesianismo havia esta
últimos consiste em preservar a diferenciação entre °
liberalismo e a social-democracia.
25
24
impossibilidade de comparecer ao rraWho pomatões de
divergências entre ambos. Ainda assim, na atualidade, o
um elvdiaado
neoconservadorismo tem contribuído para atenuar tais
divergências porquanto reconhece que, embora perdendo
eficácia, o keynesianismo fez desaparecer as crises
cíclicas®. Contudo, esse notável impulso dado à
economia ocidental não foi suficiente para eliminar sociedade, baseada na P™P”'^X „„„„„ tais
fenômenos como a recessão, tendo mesmo surgida a verdade, acha-se melhorbaMuad-.J*
28 29
I
nao há como postular a posse de uma sabedoria sobre,
por exemplo, o completo funcionamento do Sistema a denominação de neoliberalismo^ uma das vertentes
Social. Consequência disso é que não há indivíduo ou em que se subdivide o liberalismo.
grupo capaz de com base em adequado conhecimento
arvorar-se em planificador da “racionalidade social” e em
c) O problema social
d'í„stituições d„em scr
Antecedentes
32
33
efeitos diversos. O terceiro pressuposto, aceito por todas
formuladores do liberalismo social (Green, Hobhouse as vertentes, é a concepção da sociedade como uma ordem
etc.), os marxistas e a Igreja Católica, enunciando os
marcos fundamentais da meditação contemporânea. não planejada.
Ubiratan de Macedo minimiza a divergência de
Depois dessa visão panorâmica, deter-se-á na análise Hayek com a ideia de justiça social, concebida segundo
circunstanciada de dois posicionamentos básicos diante os pressupostos antes explicitados. Segundo supõe, admite
o que chama de “justiça dos comportamentos”, isto é, a
da matéria, a saber: o católico e o liberal.
obediência a regras fixadas por um tipo de justiça
Segundo Ubiratan de Macedo, os católicos em sua
maioria consideram a justiça social uma virtude, vale processual que conduza à igualdade de oportunidades e
dizer, uma regra interna de perfeição moral. Assim, não reconheça a impossibilidade de influir sobre os resultados.
corresponde a um estado de coisas independentes das Caberia lembrar aqui o que já dizia Max Weber: a justiça
pessoas mas um princípio orientador da ação dos católicos. que se proponha assegurar a igualdade de resultados deve
começar por cometer a suprema injustiça de punir aos
Segundo o seu entendimento, os católicos que enxergam bem dotados. A esse propósito, conclui Ubiratan de
na justiça social um estado futuro da sociedade, a ser
alcançado pela revolução, discrepam do grande estuário Macedo: “Esta afirmação não tira o valor da justiça, nem
0
atenua o significado da ordem instaurada sobre ela, mas
formado pela tradição de Roma. Acham mesmo que indica apenas, sob outro aspecto, a necessidade de recorrer
apa Joao Paulo II encerra o ciclo em que a instituição às forças bem mais profundas do espírito, que à própria
condenava o capitalismo, reduzindo essa condenação ao
per odo inicial (manchesteriano) do século XIX, ante- ordemOda
pensador .
justiça”português João Carlos Espa a...
Pu
, C-1S aÇã° Protecionista do trabalho, dando agora em inglês importante estudo dedicado ao assunto de que
a esao ao capitalismo ocidental moderno. ora nos ocupamos. Denomina-se Social ,tiz^ns ,p
oarm j dÍVerg‘ndo em certa medida, os liberais Rights. A critique ofF. A. Hayek and RaymondPlan .
L ' preS*UP°stos “muns. Ubiratan de Macedo (Mac Millan Press, 1996), livro que mereceu
regras m ec'mento Que a sociedade formulou apresentação de Ralf Dahrendorf. Acalentamos
Pela oua?38'3 °raS da prore9âo dos direitos sociais, razão
esperança de vê-lo traduzido e editado no
felacion d dÍSCUtir abstratamente questões Do que precede, verifica-se o grande interesse qu
os liberais dedicam à questão social, ao contrario .
igualdade d rresP°nde à recusa da busca de unia supõem e afirmam os nossos detratores, a e n ’
programai ferais estão engajados nos sistematizar essas posições e estimular o e ate
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1
I
I
I
l
chamar a atenção para o significado que devemos atribuir
à família e à empresa. Na época em que publicou aquele I
condições e limites deve exercitar-se a responsabilidade
livro ele era prefeito de Saint-Claude e Senador da í
36
p« exemplo. qu»do o
“"d0SÍSteTSe XXlmàpmpnedxde
preconizam o dir P P televisão mostrou-
comi ao Poder Público exigir, dos pais ou resPon“’ e fomentar d'“"’k.ndo ou liderando .
a frequência das crianças à escola. Essa tra içao i er nos o padre Leonardo em petrópolis. O
^«i»set ^orsd.ení. o conformismo com. invasão de um prédio e aParta™. d em suspender
primeiro ato do governo Collor consts^ a
d'SS°Nós° itn” não devemos temer que os soci.lmM
a vigência do direito e pro bancários. Num
nos acusem de querer restaurar a família patriarca . er poupança ou até simp es condiçâo de pivete ou
esta a fórmula tortuosa com que reconhecerão os quadro destes, e natura l ititnada para parcela
verdadeiros propósitos de fazer sucumbir a instituição assaltante se apresente com pça ^dade maior
familiar. A família patriarcal foi superada pela própria expressiva da população urbana. socialistas, que
vida mas não a família em si mesma, que pode ser uma por esse estado de coisas $ repousa a
instituição fraterna e solidária, onde a autoridade dos p^$ enfraqueceram os va ores so o propriedade,
resulte do livre reconhecimento e não de uma simp convivência democrática, como emprego e 0
imposição. A família contemporânea, qtie cultive
solidariedade, não pode omitir-se diante da discussão
apreçopel° em^ltXmc?meoa-"bredÍente fUnda'
oreconhecimento do trabalho com
todas as questões. Assim, o nosso reconhecimento^ mental na realização da pessoa n0 Brasil,
Oliveira Viana tinha razao enquant0 a
legitimidade das relações sexuais antes do matrim
não significa conciliar com a permissividade. Os J° não podiam florescer instit Ç . gquivocou-se ao
de hoje não podem continuar sendo educados como sociedade fosse clínica e patoatc
não tivessem que assumir a criação dos próprios filhos e^ _ pero do seria capa resultar da
portanto, a continuidade da comunidade naciona
prevalência de valores liberam ^brasileiras, as ma
preocupação com os índios e com o meio-ambieo^’
fomentada pelas escolas freqiientadas pela classe me < que as tradições cultura15 ,bante ideário, o ^ue
ida arraigadas, não favorecem se ^ente a criticar
inserem uma inversão da hierarquia de valores. De ”
da obriga não só a promovê-los ^rra-reform-tas e
adianta cultivar uma atitude conservacionista di^n^
iedade:» denunciar aquelas tradiçoe ^orizadoras d
natureza, deixando combalidos os pilares da soci- mercantilistas, depreciadoraslu^ e privado,
família e a empresa.
Reconhecer a empresa como pilar da sociedade» trabalho e indutoras da con ,Q
ao exaltar a riqueza em maos d
caso brasileiro, pressupõe que se trate de revita 12 $
propriedade como um valor. Não é de espantar os ”
e degradação moral registrados na atividade pu
39
38
I
41 d
40
II
Trata-se, no entendimento de Meira Penna, de um I
verdade.ro mtlagre o fato de que “o próprio egoísmo
individual, incoercível e relutante da natureza humana
em sua essência, biologicamente postulada por Darwin e
teologicamente certificada peia doutrina ortodoxa do
próprio - e
bate de filosofia mordA^l ^^7' j Um ^ganKsco de- pecado original”, conduz ao progresso e ao bem-
uma mente formada nelo í nCepÇa° eêoisrno horroriza comum”.
Pela tradição de contrapor paixão e contemplação, o
insistimos, éé „„ 'mperat'V° da caridade cristã...
0 f«o, insistimos,
interesses egoístas ’ nUma neg°c'aÇão comercial
dois interesses cidente acabou identificando a primeira com interesses
conscientemente, franca 6 rentarn- Claramente, subalternos. Kant, entretanto, procurou impulsionar uma
^rezemqueosdoi arc^re' Como num jogo de outra noção de interesses, distinguindo-o de inclinação,
«da um é ganhar a pLu bem 0 objetiv° que c sempre determinada pelos instintos (pelas paixões).
Na visão do eminente pensador, pode haver interesse por
curvam humildemente àc 3 a° 171651110 tempo, se
confronto na transação ' d° JOg0’ A soluÇâo do uma ação moral (uma ação por dever, no entendimento
chave do problema 0 í raJ°naJ’ nao é violenta - eis a
kantiano).
matao adversário. qUe perde a Partida não Creio que é a partir dessa distinção estabelecida
na aparcncia é um‘‘víc'^’ ee^mÍtb têm O que, por Kant que, no processo de democratização da ideia
hberal, os interesses conquistam a sua legitimidade.
urn benefíci0 público A .,pnvado aca^a redundando
p°de ser regulada Po' de qUe a vida económica Educado segundo o espírito do liberalismo inglês (que
Candadeé falsa e diabóliC°nS;deraÇÕes de a'^uísmo e em seu tempo — começos do século XIX — ainda era
denominado de direito constitucional), Silvestre
«HdadTe San[° Agostinhò TprÍmarÍamenK Pinheiro Ferreira iria estabelecer, como dissemos, que a
v: e ° anior se nr J a PerPeitarnente que a
Xante na C,dadede Ddem à esfera d0 Amolei, Apresentação política é de interesses.
Louvando-se do caráter negativo da experiencia
diase a<ÍUe,a eni que ef/^’ 30 paSS0 ^ue a caridade
afemã pós-unificação (1870), quando os prussianos se
Pelo ACOmerciaJ1ZamosnesetlVarnente vivemos todos os
atribuíram inúmeros privilégios, disputados por outros
ilusões. Sui> 0 egoísmotesmUndA °bsceno’ é regu,ada
grupos, Von Mises supõe que o liberalismo deveria situar-
Agosti«l>» âlà eraST
no m • O<^UeestamoçJ;
M‘°nÍ° “nl”
hipócrita - e a
se acima dos interesses, o que entendo ser grave equívoco.
De sorte que, diante da difusão que tem merecido no
edÍfício dasSDXdced^XaCOmperfeÍÇâ°
ÍP.42/43JOSO Ofício Brasil as idéias desse pensador austríaco, a questão teórica
idades agostinianas . do interesse adquiriu enorme relevância, levando em
conta que é a partir dessa visão negativa que Von Mises
42
43
I
44 45
No que se refere ao aprimoramerrto da repre-
A creio que caberia fcinp* a siruaçâo bras.le.ra
g) Problemática atual do Estado em geral
e do Estado brasileiro em particular
46 47
de justificar a preferência seja pela centralização seja pela
ressuscitou o papei das e e> a° m«mo tempo,
descentralização. Com o tempo, adl pa(s segu'/na
Na obra citada, a autora indi utonomias locais.
do Princípio em „u„[ã matéria, o seu próprio curso, em decorrência de tradições
ao ooopl"™ , ÍT p„ culturais arraigadas.
arraigadas, o que, de certa forma, levou ao
Poente que a organização so ’ / na.Cldade (tenha-se abandono daquele debate.
era a cidade-estado) APnVlleSÍada> ™ Grécia No período jrecente, notadamente com a formação
A piedade descrita por Ari Z 1 pr°Pósit0 escreve: do Mercado Com
. Europeu, a ideia do princípio de
mesclad- Uns aos outro^f COmp--e de grupos subsidiariedade voltou à tona. A noção básica, que lhe é
'ocumbe tarefas específicas ,qUe a cada um deles su jacente, ensina que as diversas tarefas e atribuições
própr,as necessidades A pr°Ver às suas evem ser desenvolvidas no seu nível próprio. Vale dizer,
7^des da vida colidi de --der às quando a Administração (pública ou privada) acha-se
subdividida em níveis diversos, as atribuições de cada um
Z ampliai ír’ ' 3
P[°Pnamente político éc^S°men^ a Cldade, órgão
às -a
aqueles níveis tem, naturalmente, um padrão ótimo.
f o" SZ‘ênCÍa d° -do T atender a —rquia, a Assim, otimizar essa subdivisão passa a corresponder a
Uípa questão crucial, de que irá depender o sucesso das
ía
In*ciativas que lhe estarão afetas.
Significa que os
Para nós brasileiros fácil será perceber a significação
em autarquia,
0 mencionado princípio. Basta ter presente que, no re-
vasto para o
Navisão da autora , adas farefas” gíme republicano (o sistema monárquico optará pela
(p. 10).
Ceutralização), embora vigore há mais de um século, não
PoXÍWade M^aXnd de ArÍStóteleS foi Sobrecudo
sido m ■ ‘US’ÍUr'sta demão d °retomado e desenvolvido
50
o projeto de empreender
equivale a jPretender alterar-lh^Ía S°C'edade
Toda a reviravolta indicada decorre
estruturou-se hii do pluralismo
religioso, de que carecemos. Estudiosos norte-americanos
contra-reformistas, i
Desde o século XVIII r ■■’ntdoódioa°i--tc: hderados por Peter Berger - o festejado autor de A
.. - tem°s sido martelados com a Kevoluçao Capitalista dirige presentemente o Instituto
riM (*lnJu«o ou do injusto é para o Estudo da Cultura Económica, da Universidade
de Boston - vêm atribuindo muita importância ao
enômeno do crescimento das religiões evangélicas na
™ capitalismo. Tudo í América Latina/6^ Segundo supõem, seu desfecho deve
°mma de moralsocial consistir na criação de condições favoráveis ao capitalismo,
m°ralidadesocia]TZ * Refo
ontudo, ainda que a hipótese esteja bem fundamentada,
Católica tderafiXadaiorma Protestante, a a mudança requer algumas gerações. As pessoas que estão
■ daqueles 7 UniIateralmente pela
torn°u-se a religião 3 “ P^ses onde aderindo (de certa forma em massa) às igrejas evangélicas,
anhuma U °-iente
mi K’ 030 emer8iu em seu seio na Maioria dos casos de origem humilde, mudam de
moralT^if°rte Para subsnruir pronto sua relação com o trabalho e com a família.
ralorK pas o L A Preferência por Elevam-se substancialmente os graus de responsabilidade
P u a ser estabelecida a partir Pisoai. Tudo isto é verdade e de fácil verificação. De
^te acerca do que deveria fodos os modos, o surgimento de pessoas com vocação
s°iução bélica d d' caleiro (honra; urbanidade; ernpresarial, certamente, não será automático, embora o
o- n&r CriAre 25 naÇÕes etc.) ou a do nieio ambiente lhes seja favorável, o que não ocorre nos
"■ OU»?"? forta,“imenío dos círculos católicos.
Maiores resultados - e provavelmente em mais
^«ioxmUÍiTP
reMvn
'"8larc™
‘^e5deenrã^ - .
’ “T7
3 Prirneira metade do
Curt°s prazos - poderiam advir do renascimento da
eVant««m discussãTn "a° mudan^ valorativas tfadição liberal. Esta revelou enorme vigor no século
Prévia e consenso.® Passado, sendo espezinhada e isolada ao longo da
RePública. O aparecimento de uma corrente política pós-
£Un“ (173^8^ «Musao foi eslabe, 85, organizada no PFL, registrando sucessos alvissareiros,
representa cerramente fato alentador.
, porFeliciano Souza
Deus(-..)CdS’iSWo Agoltinhn°^mosoqúraW (,758) nestes Precis0S
^erônini e CS’ COrr)o rénr l ° e °utros muit c esPeit0 nos dizem São Mateus, '5) Examino essa questão, detidamente, no livro Fundamentos da moral
>njusnr
aque| aÇç2P^^Z OS’ri^ezas sân n? Crisí0e D~
rqueumnã^?es diz aS5de°
iss0l^
e Por da "der”a (Curitiba. Editora Universitária Champagnat, 1994)
52
53
Por não enten<lermos ° a0es
Em que pese as ressalvas que formu o não se pode
abdicar do projeto de pôr abaixo o Estado Patrimonia,
ainda que sua consecução pressuponha o concurso de Trata-se, portanto, aee
mais de uma geração. À nossa geração rncumb.ria „a q„.l incluiria estes pontos.
formular pauta mínima capaz de conquistar adesoe p.) Eliminar todas as “breuÍ
sucessivas. aos programas oficiais de s -b- P
54
e«pe»iXa nôTeXdXT’ í
danam uma grande contribuição em prol da redução dos
«e.» de de™,*,^ „ „Um novo
gastos da União se patrocinassem esse tipo de estudo.
apresentado pela Revolução de 64 ’° ^e
Tanto no que se refere aos dispêndios da União como
retirado da cena sem d COns-«e justamente etn
d«envolvimento que pudes^° Um P^jeto de aos custos das tarifas públicas, o pressuposto básico
Pnvadaemereceroapoiodocapital 'n‘CÍatÍva consiste na admissão de que as duas instâncias teriam
Peíocoqaotativismo.sualideraníe Ma™etada dimensões ótimas, o que não passa de grave equívoco.
^grandeza.Nacirc^ ^«aurtu-se^essegesto Consumada essa proposição, insistir na simplificação
0 «forço realço por João’ pda m^or relevância tributária que tem sido sugerida pela Confederação
Nacional, no Jtid°0 dd°S Reis Velloso, no Nacional do Comércio; e,
em torno da matéria. Nesse n 8erar.Um novo consenso
colocar na ordem do dia Pa7'C_U ar seria necessário 4fi) Concebida uma nova estrutura administrativa
Américas, Proposta pelos p" j ° à íniciativa das para a União, examinar concretamente as ações de que
Wéxico. P °S Estad°5 Unidos, Canadá e poderia resultar a dignificação do servidor. Novos
objetivos precisariam ser apontados igualmente às Forças
Armadas, de modo a levar a bom termo o empenho de
fiscal do EsTadoT05 SUCe“° no C1
profissionalizá-las e reduzir as suas dimensões.
:°mbare à voracidade
«Pecifico da estruturaTdmí130 P‘ULeaer ao reexame Essa enumeração poderia prosseguir, se se tratasse
proceder
nte^nres da (Jnião /^‘^a dos vários órgãos de uma pauta exaustiva e não de fixar prioridades, a fim
Patr?rÇanient0 União. Ap
a^ndeT redu^ P^enLs de evitar a dispersão do passado, tão agudamente
■J atende j percebida por Amaury Temporal.
Mi .^"'altsmo. To prec,samente ao jogo do ll
Ofn° um c Nesse esboço estou naturalmente supondo que a
liderança empresarial brasileira estaria convencida de que
tUra mantém
lamento Nr só tem a ganhar se conseguir obstar a atuação do
I
I
Patrimonialismo e lograr que o capitalismo alcance um I
*o de toLde d assforência àquelas
comt Ç S' Coprecex
P^ra í °pSUa eXístcncia corto° o° ^Stac^° na<^a tem a ver
novo patamar. Estaria voltada para pactuar com 35 i
forças que, no interior do Estado, se dispusessem a abdicar I
desse ,Carenipreguisni0 P° jde a mero expediente das tradições patrimonialistas - isto é, de estabelecer a I
ouàpeso,n-SténO 00 ^ese reF^^ParUdaSãCribuiÇões tutela do Estado sobre a sociedade -, aceitando o penoso I
sobre qU1Sa P°deria ser nr’ fiscaJizaÇão sanitária caminho de buscar a constituição do Estado Liberal de
Direito.
■ As organj2a - UaÇões análogas serão
I
Ç°es ernPresariais brasileiras
56
57
(
I'
59
58
Esse trabalho permanenm^ — os
Preocupados com o "inimigo interno , os governos
poiicims C°^ çX a-Multem a aproximação com
militares desmontaram todas as formas de policiamento
ostensivo mantidas pela população, a exemplo das
denominadas Guardas Civil e Noturna. Colocou-se em
setores reduzidos as ag f do “jnSpetor de
primeiro piano a segurança do Estado (da União, na aperfeiçoado naFrança, C°m.^adores dos prédios
verdade) e as polícias militares foram transformadas em quarteirão”, que contacta os ^‘^ção pressupõe
reserva do Exército. Tudo isto coincidiu com o processo
e previne ações criminosas. capazes
de urbanização, cuja intensidade não tinha antecedentes. naturalmente instituições democraucas^ £
Criou-se, portanto, um caldo de cultura propício à
de obstar uma atuação ar m * rsistentemente e
proliferação da insegurança nas cidades.
processo interativo que foi impi não usa arrna
Impõe-se, portanto, rediscutir o modelo de segurança
não algo que caiu do céu. P° ° Natal, é de praxe
pública adotado no País, que repousa em polícia
defogoenasfestivida e'polícia e ot contigen«
aquartelada e completo abandono do policiamento
a confraternização e nde. Ainda na
atei-
ostensivo. A prática brasileira, aliás, contraria fron
populacional dos quarteirentre as melhor
talmente a experiência internacional.
Inglaterra, a função policia
Tomemos aqui o exemplo da Inglaterra. Desde o
remuneradas do serviço publico- lorque, que
início do século passado, estabeleceu-se que “o objetivo O sucesso recente da pohci precisamente
primordial de uma polícia eficiente é a prevenção do tem alcançado tanta repercus , ^Ifaçao do
crime . Contingente reduzido (cerca de 10% do efetivo), no que poderíamos denominar
mas suficientemente treinado e sucessivamente
policiamento ostensivo. a segurança pu ‘
aperfeiçoado, trabalha no Departamento de Investigação A adoção de novo modelo Pefin.çâo do papel das
Criminal, dedicado ao estudo e classificação dos relatórios
envolve obrigatoriamente a o Henrique «
dos crimes, ao preparo da documentação relativa a Forças Armadas. O govern0^ comportam
criminosos e suspeitos, à organização de estatísticas,
enfim, pessoal altamente especializado e familiarizado empenhado em tal objetivo dissesse respeito-
se como se a questão não lhes
com o seu ofício. O grosso do efetivo está voltado para
policiamento ostensivo. Desde 1966, organizaram-se nas da formação dos
delegacias, cobrindo áreas limitadas de Londres e outras j) As culturas naC1°n^^icOs
grandes cidades, as chamadas “unidades policiais de
grandes blocos econ
atedores” (t/n/r beac policing), que policiam Se supõe
torno do que
determinados quarteirões, mantendo contato com a ...ára dos debates em .acionais, em
Na esteira Estados na-
população. fim da soberania do
seria o
61
60
ecorrencia da formação do Mercado C
ha um grande empenho na F C EuroPeu,
estrangeiros, enganá-los e ofendê-los. Essa virtude foi
,dentificação das singularidade, a ??1" pro1 da
chamada de patriotismo A trajetória do nacionalismo é
culturas dos países que ■ e 0 fortaiecimento das
conhecida tendo ressucitado a ideia imperial e criado a
sobretudo aqueles de n? nte§ram a comunidade
Ap^ardhtdeomdesmoexpressao econ°mjca’com° instabilidade na Europa com as sucessivas conflagrações
no Leste Europeu tem áo °r°nament0 do totalitarismo que culminaram nas duas guerras mundiais, nutrindo
ferocidade insuspeTtada° 7^—alismo.com no resto do mundo, a ação do imperialismo.
A tarefa que Kujawski coloca aos liberais é a seguinte:
ê°S'áv,ae na própria Rússia^ ° “
A partir da Revolução Francesa, patriotismo tornou-se
Nesse particular n sinónimo de nacionalismo. Nosso trabalho daqui em
^ndo que GiJbeno de Mejo0?'1^ nacionaíi*™,
diante será dissociar, nitidamente, o patriotismo do
so,0Ção criativa e qUe Con Kujawski encontrou uma
nacionalismo e mostrar como esse último pode ser a forma
notável contribuiÇão à do f° mesmo temP°. uma
° 1,Vro Aama Desc^lna Lberal. Tenho em vista do antipatriotismo”.
As nações consolidam-se com mais vigor e presteza
cntlca o nacionalismo eoon' PauI°’ 1992)’ onde
quanto mais longa é a capacidade de assimilação de tudo
Kujawski mostra n 30 patrio^mo.
que vem de fora, sejam ideias, técnicas, mercadorias,
U™a °bta complexa e dilar J C°nStÍtUÍÇão d« nações é
modelos de conduta ou propostas. Nesse embate é que o
ap Ç° res*de em congre tempo- Seu primeir0 projeto nacional adquire contornos nítidos e duradouros.
r^Upamenmsdemen®rfr numa unidade superior
O nacionalismo é uma forma de colocar-se na contramão
pe!aea CanÇadanaoaPenasen?dade' EsSa unidade supe'
da história. Nosso passado recente é rico de ensinamentos
artes mas nessa matéria. A política de informática levou-nos a um
Af°rmaagressivT? OjetOc°nwm.
atraso colossal. O nacionalismo é pois o principal
St"*0"’1'""» < —peio responsável pelas dificuldades que atravessamos,
“m deSemPenhad entao’ ° patriotismo sobretudo na medida em que está associado ao
eler-
y-^nto aglutina;orhdadoo um um papeJ positivo, como agigantamento do Estado. Trata-se, na verdade, de um
naÇões> tOrnou-Se a J° “mPProcesso
^°CeSS0 d
de constituição das
Íustificando grosseiro equívoco supor que o Estado possa apresentar-
t0(ia espécje fedida
• 3 todas as coisas”, se como solução. O Estado constitui, precisamente, o
t . . '■vu« as LOISãb ,
t Vla pela qual
nKu^i transcr-
^10 ência. O nacionalismo é problema.
as naÇões fech;
reVe aa palav,iam-se umas às outras. Os liberais repudiam o nacionalismo mas apostam
ras de Abade Barruel, no patriotismo. Este não teme o contato com o
■ onde
;mo.^0CC Pe'a Perneira vez uma estrangeiro e confia na sua capacidade de asstm.laçao e
onalisj
geral. ••■Foi • nac^onaFsmo ocupou o incorporação do que vem de fora, sem riscos e
Sjm permitido desprezar os desfigurar-se, preservadas as melhores tradições nacionais.
62 63
A Pátria Descoberta é rico de ensinamentos e seria
impossível resumidos todos, bastando referir a crítica do
iluminismo e do nativismo, bem como a análise
terminou pelo esta , maneira que não interferisse
circunstanciada dos elementos constitutivos da pátria
o caráter do ensino oficia, ^nte etn nosso Século este
(a cor local; a língua; a paisagem; a cultura e a na liberdade religiosa. S forma adequada.
interpretação correta de aspectos da nossa maneira de
sistema de ensino ta °cidadanja.
ser que aparecem distorcidos, como o futebol, o carnaval
ou a “malandragem”). Cabe, ainda, chamar a atenção Chamou-se de uma outra com-
A educado liberal “ eserv«;á« da tradição
para a fecundidade de sua análise crítica da idéia de pnente: o compromisso com a pres
“terceiro mundo”, na verdade uma noção torpe de que
há países de terceira classe, condenados (por si mesmos) humanista. . , acham-se entreme
Os aspectos menC‘° d lndustrial, consistentes
à rotina e ao atraso. O autêntico patriotismo pode retirar pelas exigências da Revoluç^Ind aspecto
o Brasil do círculo de ferro em que nos lançou a pregação diversificação intensa d* fo^ ^idade medie
socialista e terceiro-mundista. de cena forma desenvolve!> P: „ em fios
A par disto, ao acompanharmos a discussão que ora
e completado pelo aparei
se trava na Europa estaremos nos antecipando à temática
que inevitavelmente deve aflorar na medida em que nos
do século XVIH- fioesmestWea-teS»
aproximemos da efetivação do Mercado Comum das São portanto tres 4 nista e 3 ) iu
Américas. cidadania; 2a) tradlÇados pa[ses °cident^demodo
profissional. A maiori -1S objeti >
k) Agenda contemporânea da educação
liberal que os seus sistema ^j0 BraS1 ’ . > adaptar-
as quais eseão «“"“/Xnal - P'? L -
■I
Em nosso pais tem escapado o sentido profundo •I respeita a formaçao pro' a(fian« re dedicado
se às novas circuostanc®,nsinofcn
» ^dame»^
dan,enti qM
da educação liberal, o que talvez explique a nossa
incapacidade de organizar um sistema de ensino apto a conseguimos “"“‘“"'“dadania. «°
à formação para eatradiÇa0 nS pensadores
I
atender às necessidades da sociedade moderna.
A educação liberal é, antes de tudo e em primeiro abandonamos inteiramen ■menteaTÊ? '
Desde os fundadores^ ,eS(Lockee-
e Kant), os P
pelo*
da
°
lugar, a herdeira do sistema de ensino, criado na Época ,do >r
Moderna pelas igrejas protestantes e que, no século liberais manifestaram re em consoruese
educação, na linha de prioridades
passado, tornara-se uma incumbência das comunidades, , quais as P
conhecido pela denominação de educação popular. Essa respectivo ciclo históri
65
64
exemplo, reduziu-se de P-^3% em
pudesse denominar, apropriadamente, de educação
liberal. Neste sentido, diversos nomes poderiam ser
destacados, a começar de William von Humboldt (1767/ próximos trinta anos. progres.
1835), a quem se credita ter encaminhado a Universidade O ensino Pr° 1SS‘ y^rsidades, estruturou-se
Alemã na direção da pesquisa científica, que a sivamente absorvido pe curs0 da
transformou num modelo vitorioso, de reconhecida com base no modelo q rp:ramente superado.
influência em diversos países. Entre os ingleses, Revolução Industrial, achan o icos acarretam
sobressaem Thomas Hill Green (1836/1882) e William
Além disto, os avanço de umas para outras
Beveridge (1879/1963), que contribuíram para associar expressiva migração de mao- e-o r medida os
o liberalismo à promoção da cultura humanista, numa atividades. O fenômeno que ating corriqUeiro
visão enriquecida e distinta das proposições anteriores, profissionais do último pós-guer deveriam ser
de idêntica intenção, tendo o último, por muitos anos, em relação às futuras S^Ç°“profissões no curso de
dirigido a London School of Economics. Na França,
preparadas para exercer
François Guizot (1787/1874), que, além de renomado
suas vidas. _ , liberal é bem mais
estadista e teórico, concebeu um sistema de educação
Nessa matéria, aliás, a ag entrevista que
elementar que se tornaria um paradigma. Os norte-
ampla e não se restringe a e u Ferrari e que se
americanos notabilizaram-se pela fundamentação teórica concedeu ao jornalista itahano Oliberal.smo
da educação para a cidadania, destacando-se John Dewey
publicou em forma de livro “ lf pahrendorf formu a a
(1859/1952).
e 3 Europa (Roma, 19/ b • al é
Contemporaneamente, em que pese seja muito
nestes termos: pensamento i er
ampla a bibliografia, marcando os liberais presença
•o par’0SP„<,««s. «”•» ‘
significativa no debate das questões emergentes, I começar a ponderar, OT dea,de. O sisrema am .
enfatizaria os aspectos adiante resumidos:
humana está estruturada na s à instruÇao, u
A economia deste final de século, no mundo
que estatui uma primeirarigidamente entre^
desenvolvido, caracteriza-se pela sucessiva redução do
longa fase intermediar última e l°nS c:s0
papel do denominado setor manufatureiro, isto é, da trabalho e o tempo livre, " funciona mais. É p .
industria tradicional. O crescimento repousa em novos aposentadoria, obviamente undo novos cri
serviços, sobretudo os que são prestados às empresas e descobrir o modo de integra ;Juçâo, o trabalho a
os que atendem aos setores de comunicação, educação, todas estas atlVldad?nreressesthurnan0S’°5.Ue
saude, cultura e lazer. O processo em causa traduz-se aposentadoria e ou.ros socai e !»«<“■
pela mudança de posição do operariado industrial no
grandes mudanças nas es ^^didade.
conjunto da população ativa. Nos Estados Unidos, por
que distingue apenas p°r
67
66
* p" « fcnçfa de „,mr
e™etant°. rejeitar a experiência, cumprindo criticar os
“ equívocos e apontar as consequências. É o que
procuram fazer os educadores liberais. 9
Na visão de Dokr j e “herdade. sumárird 9116 P°Í Sef faCU,tada Uma idéia’ ainda
dada à -P° ^caminhâmento que vem sendo
dada a questão a partir de breves indicações sobre o
T ■“«.«íçõee eomo'° ”7'” »«>««« cMS, £ conteúdo dos ensaios reunidos no livro Full Circle?
r,ng‘ng up Children in the Post-Permissive Sociery
e^7 JZ‘” ? “7"^ ondres, 1988, editado por Digby Anderson, diretor
organizaÇão de pesquisa SocialAffair Unit, autor de
?d°‘ »d,7*
dife^es cic,n
Armação „ r
Para
P>»«»do , X7fre<l^n “
tadas extensa bibliografia, colunista regular de The Times e
-«“r1
derecfolagem d de de^volVer mède
7- * pectatoij. A introdução de Digby Anderson tem o
expressivo título de “O fim da indulgência”.
assegUreJ deVendo adotar forma ,mecanismos ágeis O cerne do debate está centrado na revisão da
niaior proximidade r S de or8anização que psicologia infantil de que se louvou a experiência. A crítica
69
I
somente causaram danos a si mesmos. Parece muito
divórcio), evidenciando ainda o caráter equivocado do arraigada a crença em sua responsabilidade no aumento
enfoque feminista ao pressupor que a valorização da do consumo de drogas entre os jovens. A conclusão é de I
mulher passe obrigatoriamente pelo seu acesso ao que se que o reconhecimento desses reflexos tem contribuído l
poderia denominar de “mundo dos valores masculinos . para que a educação permissiva encontre-se em franco
Critica-se de modo contundente a igualdade educacional
reivindicada pelo feminismo, como contraposta aos recesso.
Embora essa discussão ainda não tenha chegado ao
elementos aptos a exaltar o lugar da mulher na sociedade. Brasil, sabe-se que muitas famílias reavaliaram a sua
O mais grave da educação permissiva reside no preferência por escolas experimentais permissivas. Muitos
menosprezo aos valores tradicionais, supondo-se que professores das escolas tradicionais responsabilizam-nas,
nesse particular não haja afetado apenas as vítimas diretas, também, pelo fenômeno das drogas entre estudantes e
mas a segmentos mais amplos da sociedade. O esforço igualmente pelo comportamento indisciplinado dos
dos educadores liberais há de consistir na ênfase desses
valores. Finalmente, critica-se o ensino da matemática O nas
alunos grande evento do mundo educacional deste fim
classes.
moderna em detrimento do aprendizado da aritmética de século é representado, entretanto, pela Proposta
comum. Avaliações específicas indicam que essa mudança Paidéia, que pretende responder à seguinte pergunta,
não tem qualquer sentido para a vida em sociedade, alcançada a meta da educação fundamental, abrangen
encarada globalmente, parecendo só ter tido o efeito até o fim da escola secundária, nada mais há a azer.
adicional de afastar ainda mais os pais do processo A Proposta Paidéia — um manifesto educacion .
educacional dos filhos. um documento que reflete o consenso das principais
A educação permissiva não chegou a interferir nos correntes educacionais norte-americanas e não ap
seculares sistemas educacionais dos países desenvolvidos, ponto de vista liberal. Educadores re igiosos,
mantidos pelo setor público, mas parece ter causado católicos como protestantes, deram seu apoio a1
I
grandes danos à educação pré-escolar. As vítimas desse Atuou como coordenador o conheci o u
experimentalismo, por sua vez, resistiam a adaptar-se às Mortimer Adler, diretor do Institute or aja
instituições convencionais para onde obrigatoriamente Research. A Universidade Notre ame’
acabavam por transferir-se. Naqueles países, o ensino fun instituição católica, está represenra a por do Ins[i[ute
damental, compulsório e universal, não é muito rigoroso
Assinam o manifesto, ainda,,Do^ Schimidt, do St.
nas reprovações. Mas o mercado de trabalho atribui
for Humanistic Studies, Adolp • Philo-
enorme importância ao histórico escolar. Na visão dos
John’s College, John Van Grear Ideas
ingleses aqui considerados, aquele tipo de educação criou sophicaJ Research e Diretor EfXjnlstraçáo escolar
os inadaptados com o currículo da escola fundamental,
Todaye diversos representantes da
e com seus métodos de ensino, pessoas que, por esse meio,
71
ligada ao ensino fundamental. Está dedicado a John I
Dewey por corresponder ao desenvolvimento pleno das desenvolvimento pessoal-mental, moral e espiritual;
idéias educacionais do grande pensador liberal. 2Q) tornar-se um cidadão pleno da República; e, 3°) á I
O Manifesto parte do reconhecimento de que o I ganhar a vida de modo responsável e inteligente. A
programa formulado pelos educadores do início do século tentativa de treiná-lo para um emprego específico é um
foi alcançado, no que se refere à universalização do ensino
atentado às possibilidades individuais. Ao contrário disto,
fundamental. Com efeito, esse nível de ensino abrange
doze séries, geralmente cursadas dos 6 aos 17 anos. Em a escola deve facultar as habilitações básicas que são
1978, a escola fundamental abrigava cerca de 60 milhões comuns a todo tipo de trabalho numa sociedade
desenvolvida.
de jovens. Para esse mesmo ano, 75,6% dos rapazes e
O currículo deve ser obrigatório para todos,
moças com 17 anos cursavam o último ano da High admitida como única exceção a escolha de uma segunda
School, sendo a diferença atribuída aos que se adiantaram
língua. Subdivide-se em três troncos básicos, sendo o
ou atrasaram.
Ainda assim,na avaliação dos signatários da Proposta primeiro a aquisição de conhecimento organizado
Paidéia, uma parte das escolas optou pelo denominado mediante o sistema convencional de aulas nas áreas de I)
“ensino vocacional”, que dedica grande parte do tempo Língua, Literatura e Belas Artes; II) Matemática e Ciências
escolar ao aprendizado profissional. Naturais; e, III) História, Geografia e Estudos Sociais. O
Essa escolha constitui uma violação frontal dos segundo tronco é constituído pelo desenvolvimento de
princípios que norteiam a educação para a cidadania. habilidades intelectuais, imprescindíveis à aprendizagem,
Além disto, crianças oriundas de famílias carentes chegam que se alcança pelo exercício repetitivo, compreendendo
a escola com preparo inferior ao conjunto, estando estas operações: Ler, Escrever, Falar, Ouvir, Calcular,
condenadas à condição de retardatárias. A Proposta Resolver Problemas, Avaliar, Exercer Julgamento Crítico.
Paidéia dirige-se à sociedade americana convocando-a Embora não se trate de desenvolver habilidades
a superar tais problemas, do mesmo modo que outras intelectuais, mas da aquisição de hábitos saudáveis, a esse
deficiências registradas pelo sistema. O lema em que se grupo agrega-se, como matérias auxiliares, educação física
baseia é o seguinte: a melhor educação para os melhores e higiene pessoal. Finalmente, o terceiro tronco consiste
é a melhor educação para todos”. numa novidade: assegurar a compreensão amp a e i
A ambição da Proposta Paidéia é conseguir que o e valores mediante a leitura e discussão de livros *vers
ensino fundamental proporcione educação geral da dos livros-texto) e proporcionando, tam m,
melhor qualidade. Os Pque r°porcio
a tenham cursado, isto é, a envolvimento em atividades artísticas.
que a
população em idade escolar, devem estar capacitados para A Proposta Paidéia justifica pormenonzadamente
alcançar os seguintes “colar, d<
obi-=- p) assegurar o este programa, que corresponde ao espirito aqui o que
s objetivos: de constituir de fato, uma nova escola. Trata, alem
dist0, da preparação dos professores e os iretore .
72
73
Entende também que os alunos saídos dessa i
75
originado em seu seio o
corporativismo que assumiu,
entre outras, as formas do fascismo italiano e do
coletivismo marxista, nem
salazarismo. sequer uma possível opção I
Ao mesmo (Solicitude ente contrapostas
tempo, quando foi proclamada a ’ S°C,aJls’ § 41>P- 80, Ed Paulinas,§ 41,
infalibilidade do Papa, expressivos líderes liberais como p. 80).
Lord Acton proclamaram a impossibilidade de manter
E prossegue:
aquela condição, desde que eram católicos.
Explica a seguir que a doutrina •
De modo que as relações entre liberalismo e social da Igreja não
é uma ideologia, mas uma reflexão a luz da fée da tradição
catolicismo, durante largo período, estiveram longe de
eclesial, é teologia, não sistema ou programa económico
ser tranqiiilas. Neste pós-guerra, contudo, o capitalismo
demonstrou ser a maneira adequada de alcançar ou político, nem manifesta preferências por uns ou por
distribuição de renda relativamente equilibrada. Assim, outros (idem).”
sem que hajam desaparecido os ricos, os bens e serviços Na encíclica de 1991 insiste em que a “Igreja não
disponíveis na sociedade tornaram-se acessíveis à imensa tem modelos a propor”, mas “reconhece o valor positivo
maioria. Desapareceu a condição do indigente. As do mercado e da empresa” (Centesimus Annus, Ed.
Vozes, § 43, p. 74). Isto após responder à pergunta se
comunidades passaram a dispor de formas de atender a I
situações de desemprego ou enfermidades, situações essas com a falência do comunismo, o sistema social adequado
que deixaram de constituir ameaça à sobrevivência. Ao ao Terceiro Mundo seria o capitalismo; sua resposta
mesmo tempo, a experiência socialista acabou no mais apresenta-se nestes termos:
absoluto fracasso, evidenciando que as principais de suas Se por ‘capitalismo’ se indica um sistema
promessas somente poderiam ser atendidas pelo económico que reconhece o papel fundamental e positivo
capitalismo. Semelhante desfecho teria inevitavelmente da empresa, do mercado, da propriedade privada e da
que se refletir no posicionamento da Igreja Católica. consequente responsabilidade pelos meios de produção,
Estudando o assunto no livro Liberalismo ejustiça da livre criatividade humana no setor da economia, a
social (Ibrasa, 1995), Ubiratan Macedo indica que a resposta é certamente positiva, embora talvez fosse mais
opção socialista, inclusive pela via revolucionária, que apropriado falar de ‘economia de empresa’, ou de
ain a se observa entre os católicos brasileiros representa economia de mercado’, ou simplesmente ec^n^mia
uma opção minoritária no seio do catolicismo e, ainda livre’. Mas se por capitalismo se entende onde a liberdade
mas, discrepante “da orientação do atual Papa João Paulo n° setor da economia não está enquadrada num so
l<que nas suas encíclicas sociais Solicirude Social(1987) c°ntexto jurídico que a coloque a serviço da liberda e
e O Centenário da Rerum Novarum (1991), deixou clara humana integral e a considere como uma pa
« P0S1jã° da Igreja ao afirmar que sua doutrina social: dimensão desta liberdade, cujo centro seja ti „
nao é uma terceira via entre o cani«l~-- m ' e o religioso, então a resposta é, sem dúvida, negativa.
^Pitalismo liberal 42, p.73).
76
77
Impossível pedir uma mais completa adesão ao
uma sociedade de abundância (ao contrário da sociedade I
capitalismo ocidental moderno, o que se rejeita é o
capitalismo manchesteriano do início do século XIX sem primordial, vitimada pela escassez) e a única maneira da
lei social alguma. Mesmo porque, antes da pergunta, já imensa maioria ter acesso à variada gama de bens e
o Papa escrevera: serviços, disponíveis na sociedade, é através do emprego.
“Na sociedade ocidental foi superada a exploração, E ainda que a busca da riqueza pelo empresário não vise
pelo menos nas formas analisadas e descritas por Karl diretamente o bem estar geral, ao propiciar novos
Marx.” {CcnccsimusAnnus, § 41, p. 72). empregos está desempenhando função primordial. O
No caso brasileiro, a hierarquia católica reunida na resto fica por conta daquilo que nós liberais denominamos
CNBB, do mesmo modo que o PT, fiel à sua orientação, de igualdade de oportunidades e é parte de nosso
defendem estritamente os princípios da moral contra-
programa desde as versões desse ideário que se
reformista, amplamente difundida no Brasil desde o formularam a partir da segunda metade do século
século XVIII. Embora não se trate de contestar a passado. De modo que, do ângulo estritamente religioso
legitimidade da escolha religiosa dos católicos — ou sequer
a preservação da moral contra-reformista corresponde a
aceitar tranqiiilamente que lhes esteja vedado aderir ao uma brutal distorção do espírito da lei moral que
liberalismo —, cumpre-nos derrotar aquela hierarquia no herdamos de nossos mais remotos ancestrais.
plano teórico. Não há certamente nenhuma dúvida de
A par disto, o que a experiência ocidental evidencia
que o texto bíblico faça nitidamente uma opção pelos é que o capitalismo foi capaz de eliminar a pobreza,
pobres. Ainda assim, conforme analiso a questão mais t
detidamente no opúsculo Roteiro para o estudo da nos pois arrastá-los a esse debate teórico, onde certamen e
podemos derrotá-los. Ao mesmo tempo entendo que o
1í
problemática moralna cultura brasileira (E. UEL, 1996),
liberais devam encarar com simpatia o crescim
escapa à sociedade descrita no Pentateuco o imperativo protestantismo. Tudo indica que o sistema repres I
de gerar a riqueza, como se dá na moderna sociedade I
industrial. Tratava-se ali de manter uma situação requer base moral cujo núcleo correspon
igualitária (entre as tribos) original, instituída pelo próprio convencionou denominar de moral socia e no
sensual. E esta, inquestionavelmente, rep
riador. O rico ganancioso era certamente uma ameaça
pluralismo religioso.
ao equilíbrio que o ano de jubileu buscava preservar. Na
poca Moderna, embora a avareza ou o ócio devam
ontinuar merecendo a nossa condenação, no seio dos
1 .t7I/tores riqueza (ou dos que se proponham alcança-
a uma igura digna de ser exaltada: o empresário.
azão muito simples de que ora estamos diante de
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ANEXO - A OBRA E A PERSONALIDADE DE
SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA
84 85
1