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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CENTRO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM REDE (CEAR)


CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

KELIANE ALVES DOS SANTOS


RANI RAFAELE E SILVA

CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO ESTUDO DE
NÚMEROS RACIONAIS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

POSSE/GO
JUNHO/2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CENTRO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM REDE - CEAR
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

KELIANE ALVES DOS SANTOS


RANI RAFAELE E SILVA

CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO ESTUDO DE
NÚMEROS RACIONAIS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada como Trabalho de


Conclusão do Curso de Licenciatura em
Pedagogia no Polo de Apoio Presencial da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), da cidade
de Posse como requisito parcial para obtenção
do grau de Licenciada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Reis dos Santos

POSSE/GO
JUNHO/2021
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CENTRO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM REDE (CEAR)
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

KELIANE ALVES DOS SANTOS


RANI RAFAELE E SILVA

CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO ESTUDO DE
NÚMEROS RACIONAIS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em


Pedagogia no Polo de Apoio Presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), da
cidade de Posse como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em
Pedagogia.

Aprovado por:

_________________________________
Prof. Dr. Flávio Reis dos Santos (UEG)
(Orientador)

________________________________
Profa. Me. Adriana Maria da Silva
(Examinadora)

Posse/GO, _______ de junho de 2021.


CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO ESTUDO DE
NÚMEROS RACIONAIS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

SANTOS; KELIANE ALVES DOS; SILVA, RANI RAFAELE E

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em sessão pública, realizada


no dia ______ de _____________ de 2021, às _________ horas, no Polo de Apoio
Presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), da cidade de Posse do Centro
de Ensino e Aprendizagem em Rede (CEAR) da Universidade Estadual de Goiás,
cuja banca examinadora esteve constituída dos seguintes integrantes:

_________________________________
Prof. Dr. Flávio Reis dos Santos (UEG)
(Orientador)

_________________________________
Profa. Me. Adriana Maria da Silva
(Examinadora)
FICHA CATALOGRÁFICA

SANTOS, Keliane Alves dos; SILVA, Rani Rafaele e. Contribuição das


ferramentas pedagógicas para o desenvolvimento da educação matemática no
estudo de números racionais nos anos iniciais do ensino fundamental.
Posse/GO, 2021. 38p. (UEG/CEAR, Licenciada em Pedagogia, 2021). Monografia.
Universidade Estadual de Goiás, Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede
(CEAR). Curso Licenciatura em Pedagogia. Polo de Apoio Presencial da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), da cidade de Posse.
1. Ensino Fundamental. 2. Educação Matemática. 3. Metodologias Pedagógicas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SANTOS, Keliane Alves dos; SILVA, Rani Rafaele e. Contribuição das


ferramentas pedagógicas para o desenvolvimento da educação matemática no
estudo de números racionais nos anos iniciais do ensino fundamental. Posse.
2021. 38p. Monografia – Curso de Licenciatura em Pedagogia. Centro de Ensino e
Aprendizagem em Rede (CEAR), Universidade Estadual de Goiás, 2021.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DAS AUTORAS: Keliane Alves dos Santos; Rani Rafaele e Silva
TÍTULO DO TRABALHO: Contribuição das ferramentas pedagógicas para o
desenvolvimento da educação matemática no estudo de números racionais
nos anos iniciais do ensino fundamental.
GRAU/ANO: Graduação/Licenciatura em Pedagogia. 2021.

É concedida à Universidade Estadual de Goiás permissão para reproduzir cópias


deste trabalho, emprestar ou vender tais cópias para propósitos acadêmicos e
científicos. A autora reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste
trabalho pode ser reproduzida sem a sua autorização por escrito.

Posse/GO, _____ de junho de 2021.


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, que me concebeu os dons necessários e a fortaleza


para não desistir.
À minha mãe Maria Célia, ao meu padrasto Gerson (in memoriam) e aos meus avôs
maternos Anísia e Gercino (in memoriam) que sempre me incentivaram a estudar e
buscar meus objetivos.
Keliane

Dedico este trabalho a Deus.


À minha mãe Maria das Dores, ao meu pai Raimundo (in memoriam) e à minha
madrinha Isabel (in memoriam), que sempre me incentivaram a estudar e buscar
meus objetivos.
Ao meu filho João Felipe, que me deu forças para continuar a buscar os meus
objetivos.
Rani
AGRADECIMENTOS

A Deus pela inspiração e pela capacitação para desenvolver este trabalho.

Às nossas famílias pelo suporte emocional e pela força que nos deram para a
conclusão desta monografia.

Às nossas tutoras Maria Donizete e Célia Maria e à nossa primeira orientadora


Profa. Regina pela dedicação, perseverança e companheirismo dedicado a nós.

À Profa. Dra. Suelaynne Paz, coordenadora do Curso de Licenciatura Plena em


Pedagogia, pessoa de personalidade e caráter invejável.

Aos nossos professores do curso de Pedagogia pela inestimável contribuição


lançada em favor de nosso crescimento pessoal e intelectual.

Nessa etapa final, ao nosso orientador Prof. Dr. Flávio Reis dos Santos pelos
redirecionamentos, reorganização, reconstrução e revisão geral para a finalização
da pesquisa.

À Universidade Estadual de Goiás pela sua excelência.

Aos nossos companheiros de trabalho pela amizade e incentivo.

Aos gestores, professores e alunos do Colégio Municipal Dr. Joaquim da Costa


Sobrinho, que contribuíram para a realização da sequência didática.
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.

Paulo Freire
SANTOS, Keliane Alves dos; SILVA, Rani Rafaele e. Contribuição das
ferramentas pedagógicas para o desenvolvimento da educação matemática no
estudo de números racionais nos anos iniciais do ensino fundamental. Posse.
2021. 38p. Monografia – Curso de Licenciatura em Pedagogia. Centro de Ensino e
Aprendizagem em Rede (CEAR), Universidade Estadual de Goiás, 2021.

RESUMO

Ao propor a presente pesquisa tivemos a preocupação de sua inserção num


processo de renovação do ensino da matemática, mediante o uso de ferramentas
voltadas para a concreticidade, especificamente, da modelagem e da ludicidade
concentradas no ensino números racionais, com vistas a contribuir para o processo
de aprendizagem dos alunos. A pesquisa teve caráter qualitativo, os dados
coletados foram analisados e representados/dispostos em gráficos que demonstram
os resultados obtidos no processo investigativo. Os questionamentos envolveram a
satisfação dos professores em mediar o conhecimento da matemática, bem como as
habilidades a serem desenvolvidas em relação ao conteúdo dos números racionais
para atestar, posteriormente, como os professores mediam esse conteúdo e o uso
da ludicidade e da modelagem em suas aulas. Os resultados demonstram que a
maior parte dos professores entrevistados admite que o uso da modelagem e outras
práticas pedagógicas concretas facilitam a aprendizagem de matemática. Um dos
motivos é que por meio da concreticidade as crianças podem construir seu próprio
conhecimento acerca dos conteúdos em questão, encontrando o seu significado no
meio em que convive e apropriação dos conceitos abordados em sala de aula.

Palavras-Chave: Letramento Matemático. Concreticidade. Ludicidade. Modelagem.


SANTOS, Keliane Alves dos; SILVA, Rani Rafaele e. Contribution of pedagogical
tools to the development of mathematical education in the study of rational
numbers in the early years of elementary school. Posse. 2021. 38p. Monograph –
Degree in Pedagogy. Network Teaching and Learning Center (CEAR), State
University of Goiás, 2021.

ABSTRACT
In proposing this research, we were concerned with its insertion in a process of
renewing the teaching of mathematics, using tools focused on concreteness,
specifically, modeling and playfulness focused on teaching rational numbers, with a
view to contributing to the process students' learning process. The research was
qualitative, the data collected were analyzed and represented/displayed in graphs
that demonstrate the results obtained in the investigative process. The questions
involved the satisfaction of teachers in mediating knowledge of mathematics, as well
as the skills to be developed in relation to the content of rational numbers to attest,
later, how teachers measure this content and the use of playfulness and modeling in
their classes. The results show that most of the teachers interviewed admit that the
use of modeling and other concrete pedagogical practices facilitate the learning of
mathematics. One reason is that through concreteness children can build their own
knowledge about the content in question, finding its meaning in the environment in
which they live and appropriating the concepts addressed in the classroom.

Keywords: Mathematical Literacy. Concreteness. Playfulness. Modeling.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O Professor a Afinidade com o Ensino da Matemática......................34

Figura 2 – Lúdico e Modelagem enquanto Ferramentas de Aprendizagem.......35

Figura 3 – Utilização da Modelagem em Sala de Aula...........................................35

Figura 4 – Números Racionais.................................................................................36

Figura 5 – Formação Acadêmica e o Ensino da Matemática................................37

Figura 6 – O Conteúdo Matemático para os Alunos..............................................37

Figura 7 – Matemática: Desafios para a Prática Docente.....................................38


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................13

2 LETRAMENTO MATEMÁTICO: A CONCRETICIDADE COMO METODOLOGIA


PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.....................16

2.1 Consideração sobre Ensino e Aprendizagem da Educação Matemática.....16

2.2 Dificuldades de Aprendizagem na Educação Matemática..............................19

2.3 As Novas Metodologias para o Letramento Matemático................................21

3 O ENSINO MATEMÁTICO E A PRÁTICA DOCENTE: A MODELAGEM E A


LUDICIDADE ENQUANTO INSTRUMENTOS FACILITADORES DA
APRENDIZAGEM.......................................................................................................24

3.1 Considerações sobre a Importância do Ensino da Matemática.....................25

3.2 O Ensino e o Professor de Matemática nos Anos Iniciais..............................26

3.3 O Lúdico e a Modelagem Aplicados ao Ensino da Matemática.....................28

4 OPÇÃO METODOLÓGICA PARA A PESQUISA...................................................32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39

7 REFERÊNCIAS .......................................................................................................40
13

1 INTRODUÇÃO

A presente monografia aborda a utilização do lúdico e da modelagem como


ferramentas metodológicas para o processo de ensino e aprendizagem dos números
racionais nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Entendemos que por meio do
emprego de representações lúdicas e da modelagem de maneira dinâmica é
possível destacar a importância da matemática para o desenvolvimento cognitivo e
cultural das crianças, assim como algumas implicações em relação às dificuldades
de aprendizagem por parte dos discente sobre os conteúdos desta Ciência.
Acreditamos ser pertinente tecer em nossas considerações iniciais a fundamentação
teórica que orienta as nossas inquietações, discussões e argumentações.
Consideramos que o atual modelo de ensino de orientação conservadora –
em muitas situações – precisa ser repensado ou até mesmo reestruturado para que
possa atender às necessidades do homem na contemporaneidade. Com as
permanentes transformações que o mundo atual é submetido cotidianamente, sejam
elas de caráter econômico, político, social, cultural, ambiental não é mais aceitável
pensar a educação, a escola e o ensino sob uma orientação tradicionalista, na qual
os alunos são meros receptores de informações e sujeitos inertes de ação.
Contudo, ressaltamos as nossas preocupações para não correr o risco de
uma leitura e/ou proposta desatualizada sem plena conexão com a sociedade
capitalista contemporânea em constante mudança. Entendemos que não existem
fórmulas, modelos, receitas pré-estabelecidas para o desenvolvimento de uma
prática docente que realmente possa promover uma aprendizagem significativa no
processo formativo de nossas crianças.
Portanto, não podemos de forma alguma de incorrer em erro na proposição
de uma aprendizagem mecânica e desprovida de significados que não contribuam
para a formação escolar dos alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental e,
consequentemente, prejudiquem a sua evolução e sucesso escolar. Em oposição,
uma educação inovadora devemos nos apoiar em uma diversidade de propostas
com habilidades e competências que sirvam de orientação/direção para a realização
do processo de ensino e aprendizagem.
Nesse sentido, vale observar as proposições da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC, 2017, p. 268) sobre o conhecimento matemático, organizado em
cinco unidades temáticas, com o intuito desenvolver as competências necessárias
14

durante todo o Ensino Fundamental, na perspectiva de orientar a formulação de


habilidades a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental. Para a
realização deste estudo concentramos a nossa atenção na unidade temática de
números, mais especificamente no estudo de números racionais, conteúdo
fundamental para que os alunos possam desenvolver e exercitar capacidades como
analisar, experimentar e questionar processos naturais, sociais e econômicos para a
produção de argumentos lógicos e consistentes. Não deixamos de considerar que
muitas pessoas ainda têm uma ideia negativa sobre o conhecimento matemático
enquanto algo abstrato e complexo.
Assim sendo, acreditamos que o professor pode disponibilizar aos seus
alunos recursos, instrumentos, ferramentas que possam auxiliar na apreensão dos
conceitos aritméticos. Desse modo, destacamos a utilização do lúdico e da
modelagem como ferramenta de auxílio no processo de ensino e aprendizagem, que
pode contribuir para um melhor rendimento escolar do aluno no que diz respeito ao
estudo dos números racionais.
Esta Introdução é seguida pela Seção 2 (Capítulo 1), na qual
disponibilizamos as nossas considerações sobre o ensino e a aprendizagem da
educação matemática, apontamos algumas dificuldades que dificultam a sua
compreensão por parte dos alunos e apresentamos as novas possibilidades
metodológicas-pedagógicas que podem contribuir para a superação dos problemas
cotidianamente observados na prática cotidiana.
Na Seção 3 (Capítulo 2) procuramos apontar a necessidade do ensino dos
conteúdos matemáticos para a formação do indivíduo, considerando a sua
importância na vida cotidiana. Em seguida, tratamos das relações entre o ensino e a
prática docente do professor de matemática nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Para o fechamento do capítulo (seção) apresentamos a ludicidade e a
modelagem como opções/ferramentas que podem contribuir para a aprendizagem
dos alunos enquanto instrumentos concretos para a compreensão dos conteúdos
estudados.
A Seção 4 (Capítulo 3) esclarece a nossa opção metodológica, que para
além dos limites da pesquisa bibliográfica – fundamental para a sustentação de
nossos esclarecimentos e argumentações – se encaminhou para uma pesquisa
empírica por meio da aplicação de questionários (on-line) aos vinte e cinco
15

professores da rede municipal de ensino de Posse/GO que atuam nos anos iniciais
do Ensino Fundamental selecionados para a pesquisa.
Na Seção 5 (Capítulo 4) trazemos os dados decorrentes da pesquisa de
campo, resultado da aplicação de perguntas aos professores sobre a prática e
mediação do componente curricular matemática, a importância da utilização de
novas metodologias em sala de aula (ludicidade e modelagem), associação das
dessas metodologias para o estudo dos números racionais em sala de aula e a
deficiência/fragilidade de sua formação e os desafios no que diz respeito à condução
dos conteúdos matemáticos.
A Seção 6 (Considerações Finais) expressamos a defesa de nossos
argumentos ao entender que por meio a utilização da ludicidade e da modelagem as
crianças podem se tornar aprendizes mais ativos e participativos e não somente
expectadores do processo de ensino e aprendizagem, na medida em que o
ambiente que envolve a sala de aula lhe permite uma interação ativa em direção a
uma aprendizagem significativa. Ressaltamos que este trabalho procurou nortear
não só a reflexão sobre o atual modelo de ensino no tocante à disciplina matemática
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, mas buscou apresentar a concreticidade
enquanto ferramenta possível para auxiliar no estudo dos números racionais.
16

2 LETRAMENTO MATEMÁTICO: A CONCRETICIDADE COMO METODOLOGIA


PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

No mundo contemporâneo, se faz necessário obter conhecimentos


matemáticos em diferentes situações. Utiliza-se a matemática não apenas para
cálculos, fórmulas e regras, mas, em todas as áreas de atuação do ser humano,
visto ser ela uma disciplina que pode promover o desenvolvimento de habilidades,
tais como pensar, criar, compreender, interpretar, tomar decisões, entre outras, e
essas habilidades devem ser desenvolvidas nas crianças desde os primeiros anos
de seu processo formativo.
O letramento matemático tem por desígnio principal contribuir para
transformar a condição do aluno de mero receptor de informações e o tornar sujeito
capaz de estabelecer relações vivenciadas no âmbito escolar com aquelas de sua
vida cotidiana. A interdisciplinaridade pode apresentar ao educando uma leitura do
mundo onde está inserido, sem exonerar a especificidade de cada disciplina,
possibilitando a interação de informações para que possa refletir sobre um
conhecimento mais amplo, que mostre diferentes conotações dos fatos.

2.1 Consideração sobre o Ensino e Aprendizagem da Educação Matemática

O estudo das operações com números racionais, por exemplo, pode


disponibilizar ao aluno a oportunidade de conhecer e utilizar a linguagem
matemática enquanto ciência com todos os seus códigos e regras. Estudar números,
portanto, é um processo gradativo onde o aluno passará a adquirir a habilidade de
interpretar e resolver problemas, tanto nas aulas de matemática, quanto nas suas
ações cotidianas.
Entretanto, a forma tradicional como é apresentado o conteúdo de números,
especialmente, a parte do estudo dos números racionais, não possibilita ao aluno o
desenvolvimento de competências e habilidades que o capacite para efetuar a
análise, interpretação e resolução de problemas nos mais diferentes âmbitos,
principalmente, em situações habituais da sua vida diária em família e em
sociedade.
Muitos alunos apresentam dificuldades de interpretação, pois aprendem o
conteúdo sem a assimilar o conhecimento matemático desenvolvido na sala de aula
com o conhecimento cotidiano, em consequência, não adquirem uma linguagem
17

aritmética para estabelecer conexões dentro e fora da matemática. Observa-se que


muitos professores tendem a mediar o conhecimento matemático desfragmentado e
de forma isolada desde as bases iniciais, impondo os conceitos aos alunos. Esta
prática torna o conteúdo holisticamente fechado e isolado das demais áreas do
conhecimento matemático.
Confinados neste contexto, os alunos tendem sempre a associar uma
operação matemática ao problema sem necessariamente identificar qual operação
utilizar, o que torna complexa a visualização do processo inverso. Na perspectiva de
alterar este cenário, podemos recorrer às modelagens e atividades lúdicas
preparadas para o estudo da unidade de números, proposta pela Base Nacional
Comum Curricular (BNCC, 2017), com vistas a construir um conhecimento
significativo e prazeroso.
A utilização de recursos inovadores para a educação tem constituído tema
de variados debates, muito se discute sobre o uso de metodologias que envolvam
recursos para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa. Embasados na
dificuldade dos alunos em compreender os conteúdos de aritmética, sobretudo, ler
essa linguagem no seu cotidiano, bem como os desafios enfrentados pelos
professores que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental para mediar o
conhecimento matemático de forma prazerosa, tendo em vista despertar o gosto do
aluno por esta área do conhecimento.
Frequentemente os problemas ocasionados pela mediação superficial no
processo de ensino e aprendizagem da matemática somente são percebidos no final
do Ensino Fundamental – 5º e 9º ano – e, muitas vezes, essas lacunas são tão
sistêmicas que dificultam o desenvolvimento do aluno em outros níveis de
aprendizagem.
Boa parte desse problema pode ser superado quando detectado pelo
professor. A detecção tardia resulta na aversão do aluno à matemática, não tem
interesse ou motivação para a aprendizagens dos conteúdos da disciplina e as
dificuldades iniciais da aprendizagem se aprofundam e dificultam o avanço/evolução
do aluno nos anos seguintes de seu processo formativo.
Na concepção de Alves e Cavalcante (2017, p. 81) “é o pedagogo quem dá
o ponta pé inicial para a vida escolar de todos os alunos, e trabalhar esses
conhecimentos não é tarefa fácil, precisa ter formação, e não é qualquer uma”. A
base da aprendizagem de qualquer disciplina passa pelos pedagogos, inclusive a
18

matemática e todas são importantes, portanto, devem ser mediadas com a mesma
seriedade e com os mesmos cuidados.
Nesse sentido, destacamos que o ensino matemático é orientado por cinco
unidades temáticas – aritmética, álgebra, geometria, estatística e probabilidade –
que propõem uma diversidade de habilidades que podem ser utilizadas tanto em
sala de aula quanto no cotidiano do aluno. De acordo com a BNCC, a articulação
dessas unidades temáticas deve assegurar:
[...] que os alunos relacionem observações empíricas do mundo real a
representações (tabelas, figuras e esquemas) e associem essas
representações a uma atividade matemática (conceitos e propriedades),
fazendo induções e conjecturas. Assim, espera-se que eles desenvolvam a
capacidade de identificar oportunidades de utilização da matemática para
resolver problemas, aplicando conceitos, procedimentos e resultados para
obter soluções e interpretá-las segundo os contextos das situações (BNCC,
2017, p. 265).
Assim sendo, não podemos negar a importância da matemática como
ciência e sua integração no contexto social das pessoas, assim, com esta
característica peculiar se faz necessária a construção de um conhecimento
matemático significativo. Nesse sentido, a inserção da concreticidade por meio da
modelagem e do lúdico traz consigo uma perspectiva de desenvolvimento e
mudanças, o que exige dos professores um esforço considerável de adaptação,
demandando a sua preparação para a utilização de recursos e ferramentas que
contribuam para a mediação do conhecimento.
O docente precisa ter plena consciência da necessidade de se adequar ao
novo e às constantes transformações da sociedade contemporânea para despertar
no aluno o gosto pela matemática. Diante disso, é importante repensar os conceitos
da educação sintonizados à utilização das novas metodologias, dentre as quais
destacamos a modelagem, o lúdico e a interdisciplinaridade para promover a
qualidade e o sucesso do processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo
competências e habilidades tanto dos professores quanto nos alunos.
Não há fórmulas prontas para utilizar metodologias inovadoras em sala de
aula, o que existe é a necessidade de modificar velhas práticas pedagógicas
estabelecidas, como é o caso da memorização por repetição, falta de
contextualização e possível imposição de conteúdos, que demandam a reconstrução
da prática pedagógica. A Base Nacional Comum Curricular destaca que:
O Ensino Fundamental deve ter compromisso com o desenvolvimento do
letramento matemático, definido como as competências e habilidades de
raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de
19

modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a


resolução de problemas em uma variedade de contextos (BNCC, 2017, p.
266).
Os números racionais são partes constituintes da matemática, considerados
variavelmente como um estudo de manipulações rotineiras e mecânicas, fator que
contribui para possíveis insucessos em posteriores aprendizados. Essa possível
tendência ao fracasso nos estudos provoca nos alunos certo desgosto por estudar e
compreender a essência da aritmética. Portanto, é preciso construir uma linguagem
aritmética que não exponha o conteúdo de forma mecânica e totalmente
desconectada das práticas sociais.
Vários são os fatores que implicam em dificuldades no ensino da aritmética e
especificamente do conteúdo de números racionais, como exemplo podemos citar
as dificuldades das crianças em associar um número decimal a uma determinada
fração, e, maior ainda, em observar uma fração na sua representação gráfica e
numérica ao mesmo tempo. A complexidade do conceito de números racionais
também é parcialmente responsável pelas dificuldades dos alunos, assim sendo, a
definição de números decimais e fracionários implica muitos conceitos como inteiro,
parte do inteiro, divisão, entre outros.
A importância da compreensão destes conceitos deve ser fator
imprescindível para o prosseguimento dos estudos da aritmética. Outra dificuldade
dos alunos reside na falta de visão espacial, pois mesmo exercitando em sala de
aula, os alunos tendem a ter dificuldades em assimilar o conteúdo de racionais.
Destarte, é nesse contexto que podemos inserir a ferramenta da modelagem para
mediar a aprendizagem.
O planejamento, por sua vez, é parte essencial para a utilização de novas
práticas metodológicas, sendo primordial a escolha destes instrumentos e
metodologias alinhadas ao cotidiano do aluno com vistas a facilitar a compreensão,
seguida de interatividade. Metodologias como a modelagem e o lúdico aplicadas ao
ensino da matemática podem auxiliar os professores na sua atividade docente e são
relevantes para auxiliar os alunos na construção do conhecimento.

2.2 Dificuldades de Aprendizagem na Educação Matemática

No senso comum a matemática é entendida como uma ciência complexa e


sem aplicabilidade no cotidiano. O conhecimento matemático está diretamente
relacionado à vida cotidiana e à certa parte de ações realizadas na sociedade para o
20

desenvolvimento cognitivo e altas habilidades. O apreço à disciplina matemática,


entretanto é tomado em diversas situações com certa estranheza.
A matemática não foi construída como um passe de magia, ela decorreu da
necessidade que o homem teve de transformar a natureza para resolver seus
problemas cotidianos. Esta ciência é muito mais que números e o seu conhecimento
pode possibilitar a interferência do homem na construção de uma sociedade mais
equilibrada. Se a matemática é norteada de tantos aspectos positivos, por que
tantos alunos apresentam rejeição a ela?
A grande dificuldade na compreensão dos conteúdos matemáticos vivida por
boa parte dos estudantes nas escolas é atribuída muitas vezes, à falta de
aplicabilidade dos conhecimentos dessa área nas situações diárias. Na verdade,
atualmente percebemos que há uma grande necessidade de novas abordagens para
trabalhar a educação matemática, conforme apontamos anteriormente. Diferente de
como ocorre em relação ao desenvolvimento da escrita e leitura, apresentar
dificuldades na apropriação do conhecimento matemático não expressa no
imaginário social um traço de problemas de aprendizagem da criança.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP, 2017), a baixa expectativa relacionada ao processo de
aprendizagem da matemática ao longo da jornada estudantil da criança, requer a
detecção de problemas de aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
pois de outro modo poderá acarretar uma gama de problemas nas séries seguintes,
uma vez que o ensino da matemática é construído por pilares e se o aluno não se
apropria das habilidades básicas nos anos inicias, provavelmente terá dificuldades
em todo em toda a sua trajetória formativa na Educação Básica.
A dificuldade apresentada pelos alunos pode ser consequência de vários
fatores, dentre os quais podemos elencar: o emocional da criança, que em muitas
situações, já possui baixa autoestima; problemas de relacionamento em seu
convívio familiar e social; antes de ter um contato direto com a disciplina
costumeiramente recebe informações negativas sobre a mesma – as pessoas do
convívio da criança ou até mesmo os próprios pais enfatizam que a disciplina é
difícil, com isso a criança pode desenvolver o conceito de que não conseguirá
aprender matemática.
Para aprender matemática os alunos precisam desenvolver conceitos,
procedimentos e registros, ou seja, um dos objetivos nos anos iniciais do Ensino
21

Fundamental, é que a criança apreenda conceitos, elabore e compreenda o seu


significado e não apenas receba os conteúdos como receitas prontas, e, para tanto,
é preciso que o professor entre no mundo imaginário da criança, utilizando-se de
recursos metodológicos que a aproximem deste universo.
Ainda diante das dificuldades de aprendizagem da matemática destacamos
a ocorrência da discalculia e do inumerismo. Esclarecemos que discalculia é um
problema de ordem neurológica, que costuma ser acompanhada da dislexia,
entretanto, não há uma generalização. Nesse caso, a criança apresenta dificuldades
em compreender conceitos relacionados a números, usar simbologia matemática ou
funções n e habilidades necessárias para o sucesso em matemática. Isso não quer
dizer que a criança não conseguirá absorver nenhum conhecimento, mas
possivelmente acompanhará o andamento das aulas e conteúdos de forma
mecanizada e pouco significativa, ou seja, reproduzirá os conhecimentos
compartilhados rigidamente.
No caso do inumerismo, popularmente conhecido como analfabetismo
matemático, trata-se de um problema de ordem pedagógica, ou seja, é uma
dificuldade que pode ser sanada com metodologias alternativas que facilitem a
aprendizagem da criança. No inumerismo a criança apresenta falta de domínio das
habilidades aritméticas fundamentais e um saber mecanizado e descontextualizado,
ou seja, o aluno não se apropria do letramento matemático, entretanto, podem ser
realizadas intervenções com práticas metodológicas, uma vez que esse problema
não se trata de um traço neurológico.

2.3 As Novas Metodologias para o Letramento Matemático

Um dos grandes problemas existentes no atual sistema de ensino é o alto


índice de aversão à disciplina matemática, haja vista a forma tradicional como a
disciplina é trabalhada. O ensino de matemática não é somente complexo, mas,
também de grande responsabilidade conferida ao professor que se dedica a
compartilhar os conhecimentos da disciplina num universo que está em constante
desenvolvimento. Cury (2006), de sua parte argumenta que:
As escolas devem ensinar os alunos a conhecer mais profundamente o
comportamento humano, expandir a arte de pensar, desenvolver ética e
responsabilidade social, construindo relações saudáveis, tornando-se
lideres criativos, ousados, que sonham e têm determinação e disciplina para
transformar seus projetos de vida em realidade (CURY, 2006, p. 148).
22

A utilização da modelagem e do lúdico como alternativas para fazer


matemática na sala de aula, ainda divide as opiniões de muitos educadores.
Entretanto, entendemos que a sociedade atual está imersa em um mundo em que
não cabem mais as práticas de ensino tradicional e mecânico, trazendo consigo a
necessidade de um saber sistêmico e aprofundado, partindo do aprendizado
significativo e do letramento.
O letramento matemático, proposto pela BNCC (2017) ressalta que
desencadearam novas formas de ler, escrever, se comunicar, pensar e agir. A
questão não é simplesmente inserir objetos concretos nas aulas, mas, criar novos
conceitos e ressignificar os processos educativos, possibilitando a construção e
elaboração do conhecimento, possibilitando novos meios de aprendizagem.
Segundo D’Ambrósio (1993), a educação representa o futuro das próximas
gerações, portanto:
[...]. É nossa missão preparar os jovens para o mundo de amanhã. Os
programas de matemática são, em sua maioria, justificados exclusivamente
porque ‘no meu tempo se fazia assim’. A obsolescência dos programas
matemáticos é absolutamente injustificável (D’AMBRÓSIO, 1993, p. 15).
A matemática é um instrumento de grande importância no que diz respeito a
compreender o mundo e interpretar seus conceitos, tornando os educandos aptos a
serem melhores profissionais. Ainda hoje, uma boa parcela dos professores aborda
os problemas de aprendizagem que nada dizem respeito às crianças, são problemas
fictícios e artificiais e, consequentemente, a criança não vê relação entre o que
aprende na escola e a sua vida cotidiana.
Experimentar um novo método, uma nova técnica, uma nova ferramenta
requer antes de tudo, uma desvinculação com o tradicionalismo, pois demonstraram
não responder aos anseios das crianças em seu universo imaginário e estudantil.
Nesse sentido, a concreticidade pode representar grande potencial. Utilizar meios
concretos como ferramenta metodológica para superar as dificuldades na
aprendizagem da matemática, além de tornar as aulas mais atraentes, permite a
aplicação e a confrontação com a realidade dos conhecimentos adquiridos. Portanto,
trata-se de um instrumento significativo para facilitar a construção de conceitos
pertinentes à matemática.
O professor ao planejar uma aula valendo-se de metodologias diversificadas
e concretas como instrumentos educacionais pode atuar como dinamizador de
experiências e atividades pedagógicas. Cabendo-lhe criar situações que envolvam o
23

trabalho em grupo, simular problemas e resolvê-los de forma compartilhada e


criativa.
Entretanto, deve-se tomar o cuidado de não subestimar as experiências
acumuladas pelas crianças. Enquanto relação de troca de experiências e
conhecimentos, não basta apenas que a exposição verbal seja bem estruturada, é
necessário que o professor encontre no aluno e para o aluno instrumentos de
assimilação concretas do conteúdo.
Não é demasiado ressaltar que a humanidade experimenta um permanente
desenvolvimento técnico, científico e tecnológico de ampla complexidade, portanto,
mais do que nunca, o domínio de conhecimentos aplicados à matemática se fazem
necessários para que possamos acompanhar a evolução da sociedade de nosso
tempo. Esta inserção ou forma de interferência dos conceitos matemáticos em nosso
dia a dia caracteriza uma contribuição que ocorre de forma sistêmica. Nesse
contexto, a modelagem como instrumento metodológico contribuí para a superação
de barreiras historicamente impostas ao processo de ensino e aprendizagem.
24

3 O ENSINO MATEMÁTICO E A PRÁTICA DOCENTE: A MODELAGEM E A


LUDICIDADE ENQUANTO INSTRUMENTOS FACILITADORES DA
APRENDIZAGEM

A educação está entre um dos campos mais importantes para o


desenvolvimento de um país, visto que por meio de um ensino de boa qualidade é
possível contribuir para melhorar a condição de vida da população. A situação da
educação no Brasil tem apresentado melhorias ao longo dos anos, embora esteja
longe do modelo de educação desejado como aqueles praticados nos países
desenvolvidos economicamente.
Entretanto, o padrão da educação em muito depende das políticas publicada
implementadas em nosso país. É inegável que a construção do conhecimento é um
dos objetivos da educação, porém em terras brasileiras o descaso com a educação
pública de boa qualidade para as classes menos favorecidas economicamente,
historicamente, constituí uma realidade, reiterando as afirmações de Saviani (2009)
de que a educação destinada às classes privilegiadas é de altíssima qualidade e a
educação para as massas populares de baixíssima qualidade.
Nos afastando da não preocupação do Estado com a educação pública,
considerando a realidade da educação matemática e a formação dos professores,
Bicudo (2005, p. 48) afirma que “ser professor de Matemática é, antes de tudo, ser-
professor. Ser professor é preocupar-se com o ser do aluno, tentando auxiliá-lo a
conhecer algo que ele, professor, já conhece e que julga importante que o aluno
venha conhecer, também”.
Portanto, é imprescindível que o professor tenha domínio dos conteúdos a
serem estudados e que esteja em constante formação, tendo em vista a sua atuação
como ser docente e mediador dos conhecimentos, empenhando-se na formação de
seus alunos. Para Carraher (2003, p. 12), “a aprendizagem de um conceito está
quase sempre relacionada à psicologia da aprendizagem em primeiro plano. A
atividade que conduz à aprendizagem é a atividade de um sujeito humano
construindo seu conhecimento”.
25

A aprendizagem na sala de aula é um momento de interação entre o que de


certa forma já é de conhecimento do aluno e o saber aprofundado e organizado na
escola, ou seja, o conhecimento formal e o informal. A construção do saber apenas
dar-se-á mediante a interação do próprio aluno com sua aprendizagem.

3.1 Considerações sobre a Importância do Ensino da Matemática

A educação matemática admite os impactos da ação do homem na


construção de seu próprio conhecimento e nas adaptações realizadas no decorrer
de sua história como ser social. O ensino da matemática constitui-se assim em um
projeto de vida que pode propiciar ao educando e, posteriormente, ao cidadão
melhores condições de atuar na sociedade. Os métodos empregados para se
ministrar o ensino de matemática demonstram o conhecimento como sendo
produzido ao longo da história da humanidade para a solução de problemas e exige
uma relação permanente que envolve cotidiano e aprendizagem.
Trabalhar com o ensino da matemática não significa apenas analisá-lo, pois
representaria seria apenas um meio de estudo. É preciso criar, organizar e orientar
situações de aprendizagem para trabalhar com os alunos em diferentes níveis de
conhecimento matemático. Porém, de forma alguma, deixa-se de lado o ensino de
conhecimentos das teorias desenvolvidas nas mais diversas áreas da matemática,
mas procura-se mostrar ao aluno que todos os conceitos não são apenas para a
avaliação, mas para a sua vida diária.
A matemática comumente é ensinada na escola como sendo uma ciência
exata, onde geralmente o aluno simplesmente memoriza um amontoado de regras,
conceitos e definições que lhe auxiliará na realização de uma prova ao término de
cada bimestre. Uma escola que adota tal postura não respeita e nem estimula a
construção do conhecimento, levando o aluno a ser meramente receptor passivo de
informações.
É preciso repensar e compreender qual é o sentido de se estudar
matemática. O observado é que não existe muita continuidade entre o que é
aprendido na escola e o conhecimento que se tem fora dela. Dificilmente o aluno
percebe a relação direta que existe entre a vida e a escola. Um ensino de qualidade
contribui para a formação do cidadão na medida em que a construção do
conhecimento exige uma participação crítica e autônoma do aluno. Segundo
Carraher, Carraher e Schliemann (2003, p. 12), “a aprendizagem de matemática na
26

sala de aula é um momento de interação entre a matemática organizada pela


comunidade cientifica [...], ou seja, a matemática formal e a matemática como
atividade humana”.
Seguindo estes preceitos é possível afirmar que a aprendizagem deve
tornar-se interativa, unindo pensamentos e ideias para a resolução de um problema,
imperando a reciprocidade na construção de conhecimentos. Ampliar o
conhecimento matemático é fundamental para que o educando possa expandir seu
saber e colaborar para o desenvolvimento da humanidade. Não se pode desprezar o
saber acumulado por esta ciência, mas ser observado sob um novo prisma, sob a
ótica da sua utilidade diária.
Não podemos deixar de apontar a preocupação mundial em medir/avaliar a
qualidade da educação ofertada às suas populações. No Brasil foi implementado o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), um processo que
busca explicitar os problemas e as deficiências do sistema educativo nacional.
Dentre os instrumentos de avaliação da educação em nosso país temos o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica sob a coordenação do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (IDEB/INEP, 2019, p. 15) que apontou que “44%
é a proporção de alunos que aprenderam o adequado na competência de resolução
de problemas até o 5º ano na rede pública de ensino”.
O IDEB/INEP sugestiona que para a melhoria da qualidade do ensino de
matemática é preciso haver professores capacitados, que dominem os conteúdos e
que estejam imbuídos de proporcionar aos alunos uma construção significativa de
conhecimentos, promovendo um aprender reflexivo, seja por meio de situações-
problema ou de qualquer procedimento ou ferramenta metodológica que assegure o
aprendizado.

3.2 O Ensino e o Professor de Matemática nos Anos Iniciais

Sendo que o propósito principal deste trabalho é tecer algumas


considerações pedagógicas no ensino de matemática nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, convém ressaltar que segundo Araújo e Luizio (2005):
A melhoria do ensino da Matemática nas escolas brasileiras depende,
principalmente, da melhor capacitação dos professores. É crucial que eles
estejam bem preparados, e isso significa dominar o conteúdo daquilo que
deve ser ensinado e conhecer as melhores estratégias para o ensino. Para
os sistemas de ensino, seria essencial aproximar a pesquisa em educação
matemática das séries iniciais. Os avanços nessa área devem ser
27

incorporados ao funcionamento das escolas desde o início da escolarização


(ARAÚJO; LUIZIO, 2005, p. 65)
A matemática auxilia no desenvolvimento cognitivo das crianças,
desenvolvendo várias habilidades fundamentais tais como concentração, estratégia
e raciocínio lógico, que são necessárias em várias áreas do saber e em sua vida
cotidiana, mas durante o processo de conhecimento matemático nas fases inicias,
algumas crianças criam aversão a este componente curricular. Segundo Alves e
Cavalcante (2017):
O Ensino de Matemática é fundamental e traz muitos benefícios para a vida
em todos os aspectos. Uma criança que aprende a decifrar os primeiros
números já se pode observar que lhe é aberta um novo horizonte, tudo
ganha significado, e assim esses significados vão se fortalecendo na
medida em que começa seu processo de escolarização, mas algo acontece
nesse processo, pois a Matemática se torna para a maioria, difícil de ser
compreendida. As razões pelas quais isso acontece tem muito a haver com
as propostas curriculares que são implantadas nas escolas (ALVES;
CAVALVANTE, 2017, p. 84).
Para Bicudo (2005, p. 49), “o ser professor é auxiliar o conhecimento de
algo”, a própria função do professor é ensinar e compartilhar conhecimento a
alguém, neste caso, ao aluno, mas, a função do professor deve ir além do simples
ensinar, ele é elemento de mediação do conhecimento e deve estar à procura de
novas metodologias e ferramentas que o auxiliem no desenvolvimento do processo
de ensinar e aprender.
No mundo globalizado, é comum supervalorizar a aquisição do saber, onde
o cidadão necessita ter a capacidade de se expressar, compreender o que lê,
interpretar e processar uma quantidade muito grande de informações em um curto
espaço de tempo. Este é o motivo pelo qual a educação, no que diz respeito ao
processo de ensino e aprendizagem precisa ser dinâmica numa troca constante de
experiências entre professor e aluno.
Considerando o exposto, as metodologias de modelagem e ludicidade
orientada passam a ser ferramentas de grande importância, utilizadas pelos
professores para que a aula seja atrativa, tornando eficaz a compreensão dos
conceitos estudados. Boa parte do processo depende do planejamento feito pelo
professor – conforme apontamos anteriormente – e a concreticidade na educação é
um campo rico a ser explorado no interior das escolas.
Quando se faz uso de metodologias diversificadas é possível ter uma
percepção de uma maior interação entre os alunos e o conhecimento matemático. A
flexibilidade de metodologias utilizados pelo professor pode permitir ao aluno
28

construir um conhecimento concreto e sistêmico. Nesse processo a mediação do


professor é fundamental ao desenvolver metodologias que possam alcançar e
despertar o interesse dos seus alunos; longe da imposição das aulas maçantes
fundamentadas no tradicionalismo e na imposição abstrata de conceitos. A
coerência na escolha das metodologias permite ao aluno compreender os conceitos
pré-estabelecidos sobre o conteúdo matemático sem que a aula seja tediosa, ou
seja, apenas com o uso do quadro e giz com procedimentos e regras que não
permitem articular a matemática.
A prática do ensino da matemática tem sido considerada por muitos
pedagogos como um enorme desafio; muitos escolhem equivocadamente essa área
por supor que não vão precisar estudar a disciplina. “Isso nos dá a ideia de que
ainda falta informação sobre o que se estuda na Pedagogia, bem como sobre função
do profissional” (ALVES; CAVALCANTE, 2017, p. 81)
Chamamos a atenção para o fato de que o ensino da matemática é um
desafio ao professor devido a especificidade do componente curricular desta
disciplina. Por se tratar de uma ciência que tem uma linguagem própria, a
matemática tende a ser tratada com certa superficialidade no curso de formação de
pedagogos, uma vez que muitos professores ficam apreensivos diante da disciplina,
possivelmente, por não terem um conhecimento aprofundado.
Assim sendo, se sentem despreparados e inseguros diante de certos
conteúdos e, por consequência deixam de mediar alguns conteúdos, privando a
criança de adquirir habilidades importantíssimas para o desenvolvimento cognitivo e
sociocultural, gerando lacunas de habilidades essenciais para a sua vida em
sociedade.

3.3 O Lúdico e a Modelagem Aplicados ao Ensino da Matemática

O estudo dos números racionais pode conceder ao aluno a oportunidade de


conhecer e utilizar a linguagem matemática enquanto ciência com todos os seus
códigos e regras. Estudar os números, portanto, é um processo gradativo onde o
aluno passará a adquirir uma série habilidades, tanto nas aulas de matemática,
quanto nas ações cotidianas. De acordo com a BNCC (2017):
A unidade temática Números tem como finalidade desenvolver o
pensamento numérico, que implica o conhecimento de maneiras de
quantificar atributos de objetos e de julgar e interpretar argumentos
baseados em quantidades. No processo da construção da noção de
número, os alunos precisam desenvolver, entre outras, as ideias de
29

aproximação, proporcionalidade, equivalência e ordem, noções


fundamentais da Matemática. Para essa construção, é importante propor,
por meio de situações significativas, sucessivas ampliações dos campos
numéricos. No estudo desses campos numéricos, devem ser enfatizados
registros, usos, significados e operações (BNCC, 2017, p. 268).
Os conceitos matemáticos são assimilados de forma particular por cada
sujeito, compreendendo tais conceitos por mediação de instrumentos intercessores,
a partir do rompimento da relação unilateral entre o sujeito e o objeto de
conhecimento. Sobre esta mesma visão, vê-se o docente como um sujeito mediador
na relação entre o aluno e o conhecimento matemático, e esta relação pode ser
redefinida com a presença de novos elementos de mediação do conhecimento,
dentre eles o lúdico e a modelagem aplicada à educação.
Para tanto, há a necessidade de preparação da escola e do professor para o
trabalho voltado ao uso de ferramentas metodológicas que auxiliem nessa
mediação. Ambas as partes devem ter plena consciência que é preciso se adequar
ao novo e às constantes mudanças da sociedade contemporânea.
Nessa direção, a concreticidade passa a interferir na função docente em
termos de construção do conhecimento, o que demanda o repensar dos conceitos
da educação, reestruturando-a para a utilização do lúdico e da modelagem elevando
a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo competências e
habilidades tanto aos professores quanto aos alunos.
Acreditamos que para se obter resultados satisfatórios no processo de
ensino e aprendizagem, é preciso despertar o interesse dos alunos para que tentem
entender o que estão fazendo para que pesquisem com curiosidade sobre o
assunto, de modo a desenvolver o raciocínio e aumentar seus conhecimentos.
McConnel (1995) relata que os professores alegam múltiplas razões para
não utilizarem as aulas dinâmicas como por exemplo o fato muitas escolas não
possuírem espaços e materiais pedagógicos suficientes, além disso, há certa
aversão dos mesmos por determinados conteúdos de matemática.
As dificuldades de recursos pedagógicos de algumas instituições de ensino
infelizmente não favorecem uma melhoria na qualidade do ensino, entretanto, há
muitos objetos e jogos que podem ser facilmente utilizados, sem muitos custos e
que auxiliam os alunos de forma significativa. Muitas vezes os
instrumentos/ferramentas lúdicos podem ser construídos, a partir de objetos simples,
como tampinhas, palitos, canudos e outros objetos recicláveis.
30

Ludicidade é um termo de originalidade latina e seu significado é jogo ou


brincadeira. Tratando-se do processo de aprendizagem, esse termo é utilizado para
designar jogos e brincadeiras de qualquer exercício que estimulem a imaginação e a
fantasia. O lúdico é fundamental na aprendizagem das crianças, uma vez que, para
ensiná-las é necessário entrar no “mundo” delas, utilizar de linguagem e artifícios
que as ajudem a construir o seu conhecimento e significar os conceitos de
habilidades essenciais. A BNCC (2017) sobre o ensino para os anos iniciais propõe
que:
[...] ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a
necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação
Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização
dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas
formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular
hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refuta-las, de elaborar
conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos (BNCC,
2017, p. 57).
Os jogos além de propiciarem a aprendizagem, representam uma forma de
aprender brincando, e isso desperta o prazer e o gosto pela matemática, que
frequentemente é rejeitada por muitos alunos, que possivelmente não conheceram a
disciplina de forma lúdica e prazerosa. Objetivando o letramento matemático, a
BNCC (2017) enfatiza o direito da criança a uma aprendizagem significativa, capaz
de desenvolver conceitos e não apenas reproduzi-los mecanicamente, sem sentido
algum.
Para superar essa situação destacamos o emprego da modelagem, visto
que vivemos em um mundo globalizado e em constante transformação, que a cada
dia mais se rende aos encantos da evolução técnica e científica. Portanto, o
desenvolvimento de habilidades que podem ajudar nas possíveis soluções para
melhorar a qualidade da aprendizagem e, posteriormente, do ensino configurando
novos significados para e na vida cotidiana. Nesse sentido, “o papel dialógico e
mediador do professor é de suma importância”, conforme afirmam Rosa e Orey
(2012, p. 275).
A modelagem matemática é um método que estuda a simulação de sistemas
e situações da vida real, utilizando a criatividade, a imaginação, a investigação com
o objetivo de desenvolver uma aprendizagem significativa em diversos campos do
saber, como propõe Bassanezi (2002), a modelagem:
[...] pode ser considerada como um dos caminhos pedagógicos que
desperta maior interesse, que amplia o conhecimento dos alunos e que os
auxilia a estruturar a maneira pela qual eles pensam, raciocinam e agem.
31

Esta tendência de ensino tem como objetivo desenvolver a formação de


alunos críticos, reflexivos e que estejam atentos aos diferentes problemas
que são enfrentados no cotidiano. No entanto, para que este objetivo seja
atingido, existe a necessidade de que os alunos estejam inseridos em um
ambiente de aprendizagem que facilite a utilização do conhecimento
matemático que eles previamente adquiriram na escola e na comunidade na
qual eles estão inseridos (BASSANEZI, 2002 apud ROSA; OREY, 2012, p.
263).
De acordo com Burak (1992) a modelagem:
[...] constitui-se em um conjunto de procedimentos cujo objetivo é
estabelecer um paralelo para tentar explicar, matematicamente, os
fenômenos presentes no cotidiano dos alunos, auxiliando no processo de
construção do conhecimento a partir da relação com objeto ou modelo de
situação em estudo (BURAK, 1992 apud ROSA; OREY, 2012, p. 273).
Todavia, Rosa e Orey (2012, p. 273) alertam que para que os alunos se
tornem criativos há a necessidade da utilização de “ambientes de aprendizagem que
proporcionem a motivação necessária para que eles possam desenvolver e exercer
a capacidade crítica que possuem, através da análise crítica da geração e produção
do conhecimento”.
32

4 OPÇÃO METODOLÓGICA PARA A PESQUISA

Ao propor a presente pesquisa tivemos a preocupação de sua inserção num


processo de renovação do ensino da matemática, mediante o uso de ferramentas
voltadas para a concreticidade, especificamente, da modelagem e da ludicidade
concentradas no ensino números racionais, com vistas a contribuir para o processo
de aprendizagem dos alunos. A pesquisa teve caráter qualitativo, os dados
coletados foram analisados e representados/dispostos em gráficos que demonstram
os resultados obtidos no processo investigativo.
Considerando a utilização de práticas que envolvam o concreto para auxiliar
no processo de ensino e aprendizagem dos números racionais, definimos como
sujeitos da pesquisa vinte e cinco professores que atuam nos anos iniciais do Ensino
Fundamental da rede municipal de Posse. Buscamos identificar junto aos
professores a afinidade que têm com o ensino da matemática e os métodos e
recursos aplicados em sala de aula para a aprendizagem dos conteúdos da
disciplina. Esclarecemos que a coleta de dados foi realizada por meio da aplicação
de questionário on-line constituído por sete perguntas estruturadas.
33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo realizado neste Trabalho de Conclusão de Curso teve o propósito
de analisar o conhecimento matemático nos anos iniciais do Ensino Fundamental
para evidenciar a prática docente em relação à utilização de metodologias concretas
que facilitem a construção do conhecimento matemático do aluno. Para isso, foram
exibidos vídeos sobre o conteúdo, onde se promoveu estudos com e sem o uso da
modelagem e do lúdico para inserir os conceitos iniciais de números racionais.
O ensino de matemática no Brasil vem sendo reestruturado por pilares que
estimulam o uso de materiais concretos na sala de aula que, segundo Carraher
(2003, p.178), constitui uma “proposta a partir da noção de que os alunos passam
por um período em que raciocinam mais facilmente sobre problemas concretos do
que problemas abstratos”.
A inserção de metodologias concretas na mediação do componente
curricular de matemática vem se expandindo a cada dia e um de seus objetivos é
criar situações que facilitem a aprendizagem dos alunos e desconstrua a visão
denotada a esta ciência. Esta prática busca integrar os conteúdos trabalhados em
sala de aula com os existentes na realidade do cotidiano, procurando contribuir para
o letramento matemático e formação de um cidadão consciente, crítico e
responsável pelos seus atos, capaz de compreender o mundo em que está inserido.
Os questionamentos envolveram a satisfação dos professores em mediar o
conhecimento da matemática, incluiu também um questionamento relativamente
simples sobre as habilidades a serem desenvolvidas em relação ao conteúdo dos
números racionais para atestar, posteriormente, como os professores mediam esse
conteúdo e o uso da modelagem em suas aulas.
34

Ao planejar sua aula o professor deve explorar a metodologia escolhida para


adequar o seu uso com as reais necessidades dos alunos. O planejamento é útil
também para antecipar questões ou dificuldades dos alunos com o conteúdo,
permitindo sanar as dificuldades no decorrer da aula, logo, caracteriza-se como
ponto de partida para o estudo sobre a funcionalidade da modelagem.
Além de estar bem preparado para utilizar metodologias por meio da
concreticidade e suas potencialidades, é indispensável que o professor tenha pleno
domínio do conteúdo matemático abordado. Ao selecionar e/ou desenvolver
ferramentas que auxiliem no processo de ensino e aprendizagem, alguns fatores
relevantes devem ser levados em conta, pois não basta colocar os alunos para usar
o lúdico e a modelagem sem o devido planejamento e acompanhamento do
professor.
A priori, os professores foram indagados quanto ao gosto pela disciplina
“matemática”. Em sua maioria, os professores reconhecem que o aprendizado
matemático é parte essencial na formação de cidadãos em sentido universal e não
apenas escolar (Figura 1). Os dados coletados demonstram que os professores
compreendem a importância da disciplina.
Figura 1 – O Professor a Afinidade com o Ensino da Matemática

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Em um mundo cada vez mais globalizado em que tudo avança de maneira
rápida, deixa os alunos diante de diversas informações e atividades possivelmente
mais prazerosas do que estudar. A educação se reestrutura em seus pilares e
35

competências, que propõem romper as barreiras do ensino tradicional e se expandir


para todos os ramos do conhecimento.
Na sequência, questionamos o conceito dos professores sobre o uso de
novas metodologias no processo de ensino e aprendizagem de matemática e a
contribuição que a mesma pode dar aos educandos (Figura 2). A questão
considerou o ponto de vista dos professores à utilização de práticas pedagógicas
(lúdico e modelagem) que podem facilitar a aprendizagem matemática dos alunos.
Figura 2 – O Lúdico e a Modelagem enquanto Ferramentas de Aprendizagem

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Os valores demonstram que a maior parte dos professores admite que o uso
da modelagem e outras práticas pedagógicas concretas facilitam a aprendizagem de
matemática. Um dos motivos é que por meio da concreticidade as crianças podem
construir seu próprio conhecimento acerca dos conteúdos em questão, encontrando
o seu significado no meio em que convive e apropriação dos conceitos abordados
em sala de aula.
36

Figura 3 – Utilização da Modelagem em Sala de Aula

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Os professores reconhecem que ferramentas auxiliares podem subsidiar a
construção do conhecimento das crianças, entretanto, apenas um percentual
relativamente pequeno (31,8%) em relação ao grupo entrevistado afirma utilizar
essas metodologias com frequência, conforme podemos observar nos dados
disponibilizados na Figura 3.
É importante ressaltar a influência que as habilidades matemáticas auxiliam
no desenvolvimento das crianças, tais como compreensão, intervenção, mudança e
previsão da realidade. Dentro de tantos aspectos importantes para o cognitivo e a
relação com o meio, já não cabe mais as velhas práticas de ensino, que em alguns
casos, paralisam ou engessam a aprendizagem, causa de possíveis problemas e
traumas futuros nas crianças em relação a esta disciplina. Vejamos nos dados
dispostos na Figura 4, os percentuais acerca da utilização da ludicidade e
modelagem no desenvolvimento das atividades focalizadas no trabalho com
números racionais.
37

Figura 4 – Números Racionais

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Questionamos se os professores se sentiam preparados a partir do processo
de formação acadêmica inicial (graduação) para ministrar o atual currículo de
matemática, que vem evoluindo gradativamente e acrescentando novos pilares
desde os primeiros anos de ensino, como é o caso, por exemplo, da álgebra no
primeiro ano do Ensino Fundamental, que tem como habilidade específica o estudo
aprofundado e não apenas o cálculo, mas compreensão de forma significativa do
sentido de cada operação.
Conforme podemos verificar nas informações contidas na Figura 5, temos
um empate entre as opiniões/concepções coletas, considerando que 50% dos
entrevistados apresentam ótimo currículo e vários anos de experiência na prática
docente, afirmam que não tiveram acesso aos conhecimentos sobre as habilidades
necessárias para ministrar a disciplina de matemática e, portanto, costumam buscar
a formação continuada por meios próprios para o domínio de tais conteúdos.
Figura 5 – Formação Acadêmica e o Ensino da Matemática
38

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Lembramos que os dados da presente pesquisa foram coletados de um
grupo específico de professores que atua na rede municipal de ensino de Posse/GO,
mas que nos fornecem uma perspectiva de fragilidade e/ou deficiência do processo
de formação acadêmica e o currículo de matemática do pedagogo para atuar nos
anos iniciais do Ensino Fundamental.
Figura 6 – O Conteúdo Matemático para os Alunos

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Quando ao gosto e apreço dos alunos pelo ensino de matemática realizada
junto aos professores, foi possível observar que há uma rejeição com a disciplina,
uma vez que mais da metade dos entrevistados afirmam que seus alunos não
gostam das aulas de matemática, ou seja, um percentual de 54,5%, como
demonstra as informações contidas na Figura 6.
Em relação aos possíveis motivos da rejeição e dificuldades no aprendizado
da disciplina, os professores apontam como maior desafio, a falta de habilidades
essenciais que o aluno deveria ter apropriado nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (42,9%). Isso reforça a discussão de como tem sido ministrada a
disciplina de matemática nos anos iniciais, isto é, os professores têm trabalhado (ou
não) os conhecimentos e habilidades propostas para cada ano de ensino?

Figura 7 – Matemática: Desafios para a Prática Docente


39

Fonte: Elaboração das Autoras (2020)


Reforçamos que a formação de professores não é foco principal desta
pesquisa, entretanto, o seu papel é essencial para os resultados finais da
aprendizagem do aluno. Com base nisso, é importante salientar que quase 15% dos
docentes, não consideram ter recebido aprofundamento em alguns objetos do
conhecimento matemático no componente curricular de matemática ao longo da sua
formação acadêmica.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um ensino de matemática de qualidade contribui para a formação do cidadão


na medida em que ele constrói seu conhecimento, bem como constitui importante
fator para o desenvolvimento de habilidades cognitivas das crianças. As inúmeras
aplicações da matemática no mundo do trabalho e o auxílio na construção de
saberes em diversas áreas são inegáveis.
A aprendizagem representa a articulação entre conhecer, se informar e saber.
É uma construção singular que o educando faz a partir de suas vivencias, em que
transforma as informações em conhecimentos concretos. Reiteramos, que este
40

estudo buscou estruturar essas definições de aprendizagem e conhecimento para


evidenciar que a importância da utilização de recursos metodológicos como a
ludicidade e a modelagem podem assessorar o professor no processo de
aprendizagem dos alunos para a construção do conhecimento.
A concreticidade possui aspectos positivos e negativos e será o
posicionamento do professor que ressaltará ou inibirá estes aspectos. A modelagem
pode ser usada como ferramenta metodológica para a transformação da educação,
visto que se trata de uma metodologia que motiva o desenvolvimento intelectual,
social e afetivo, colocando a criança conectada a situações que afetam o seu
cotidiano.
Por meio de metodologias como a modelagem e o lúdico, por exemplo, as
crianças tornam-se aprendizes mais ativos, não apenas meros observadores, já que
neste ambiente a participação do aluno é ativa com alto nível de interação,
realizando de fato a aprendizagem significativa. Ressaltamos que este trabalho
procurou nortear não só a reflexão sobre o atual modelo de ensino no tocante à
disciplina matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, mas apresentar a
concreticidade como uma importante ferramenta metodológica auxiliar para o estudo
dos números racionais.
Este trabalho é, portanto, apenas uma pequena, porém significativa
contribuição diante do que se necessita descobrir sobre um possível método para
alcançar o letramento matemático, especificamente o uso da modelagem e recursos
lúdicos no estudo dos números racionais, bem como formas que ressaltam a
importância de incentivar a construção do conhecimento.

7 REFERÊNCIAS

ALVES, F. T. O; CAVALCANTE, R. B. Ensino de matemática no curso de pedagogia:


concepções dos graduandos sobre suas aprendizagens. Revista Educação
Matemática em Foco, v. 6, n. 2, jul./dez. 2017. Disponível em:
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