Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola Politécnica
Engenharia de Controle e Automação

Sinais e Sistemas Discretos I

Parte 3: Transformada de Fourier em Tempo Discreto
01/2013

Prof. Helon Vicente Hultmann Ayala

Sumário
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Transformada de Fourier em Tempo Discreto . . . . . . . 5

Conververgência da Transformada de Fourier . . . . . . . 29

Propriedades da Transformada de Fourier . . . . . . . . 30

Relação de Parseval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Convolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2
Introdução
• Série de Fourier: é possível representar qualquer sinal
periódico através de séries senoidais harmonicamente
relacionadas
• A série de Fourier em tempo discreto de um sinal
periódico x[n] de período fundamental N e frequência
fundamental ω0 é definida por
X 2π
x[n] = ak ejkω0n, ω0 = (1)
N
k=hN i

onde ak representa os coeficientes da série de Fourier ,

definidos a partir de
1 X
ak = x[n]e−jkω0n (2)
N
n=hN i

3
Introdução
• O conceito de representação de sinais através de
exponenciais complexas é também explorado na
Transformada de Fourier

• A transformada de Fourier é a representação de sinais em

termos de exponenciais complexas, sejam estes periódicos
ou não

• Fourier intuiu que sinais aperiódicos podem ser vistos como

sinais periódicos com N = ∞

4
Transformada de Fourier
• Seja X(ejω ) a transformada de Fourier de um sinal discreto
x[n]

• Dizemos também que X(ejω ) e x[n] são pares da

transformada de Fourier e os representamos da seguinte
forma
TF
x[n] ←→ X(ejω )
ou ainda
F{x[n]} = X(ejω )

• A transformada inversa de Fourier é denotada por

x[n] = F −1{X(ejω )}

5
Transformada de Fourier
• Temos o seguinte par de equações para a transformada de
Fourier Z
1
x[n] = X(ejω )ejωndω (3)
2π 2π
∞
X
X(ejω ) = x[n]e−jωn (4)
n=−∞

• Onde a Eq. (3) é dita equação de síntese da

transformada de Fourier, enquanto a Eq. (4) é chamada
equação de análise da transformada de Fourier

6
Transformada de Fourier
• Ao analisar a equação de síntese
Z
1
x[n] = X(ejω )ejωndω
2π 2π
vemos que x[n] é representado através de uma combinação
linear de exponenciais complexas

• Estas exponenciais complexas estão infinitesalmente

próximas em frequência e com amplitudes (1/2π)X(ejω )dω

• Assim sendo, a transformada de Fourier é chamada muitas

vezes de espectro do sinal x[n], pois oferece a informação
de como x[n] é formado por exponenciais complexas em
diferentes frequências

7
Transformada de Fourier
Dedução da transformada de Fourier: Uma dedução rigorosa
da TF não é trivial. No que segue, utilizamos a intuição de
Fourier que sinais aperiódicos podem ser vistos como sinais
periódicos com período infinito.

• Seja um sinal aperiódico x[n] de duração finita: para dois

inteiros positivos N1, N2 temos x[n] = 0 fora do intervalo
[−N1, N2].

• Seja um sinal periódico x̃[n] com período fundamental N

para o qual x[n] é um período

8
Transformada de Fourier

• Quando escolhemos N maior, temos que x̃[n] é idêntico a

x[n] por um intervalo maior. Em particular,
x[n] = lim x̃[n] (5)
N →∞
Fonte: Haykin (2001)

9
Transformada de Fourier
• Sendo x̃[n] um sinal periódico, podemos representá-lo
através da série de Fourier

• Ao representar x̃[n] através da série de Fourier obtemos

X
x̃[n] = ak ejk(2π/N )n (6a)
k=hN i

1 X
ak = x̃[n]e−jk(2π/N )n (6b)
N
n=hN i

10
Transformada de Fourier
• Como x[n] = x̃[n] no intervalo [−N1, N2], escolhemos o
intervalo hN i de modo que x̃ seja subtituído por x[n] em
(6):
N2
1 X
ak = x[n]e−jk(2π/N )n (7a)
N
n=−N1
∞
1 X
= x[n]e−jk(2π/N )n (7b)
N
n=−∞

sendo que em (7b) utilizamos o fato the x[n] = 0 fora do

intervalo [−N1, N2].

11
Transformada de Fourier
• Seja definida a seguinte função
∞
X
X(ejω ) , x[n]e−jωn (8)
n=−∞

• Vemos a partir de (7b) que os coeficientes da série de

Fourier de x̃[n] são proporcionais a amostras de X(ejω )
1
ak = X(ejkω0 ) (9)
N

• Combinando a Eq. (9) com a Eq. (6a), temos

X 1
x̃[n] = X(ejkω0 )ejkω0n (10)
N
k=hN i

12
Transformada de Fourier
• Como 1/N = ω0/2π, a Eq. (10) pode ser reescrita como
1 X
x̃[n] = X(ejkω0 )ejkω0nω0 (11)
2π
k=hN i

• Quando N → ∞, a Eq. (11) torna-se uma integral e [x[n]

aparece no lado direito da equação

13
Transformada de Fourier
• Para interpretar este fato graficamente, pode-se plotar o
gráfico de X(ejω )ejωn por ω. A medida que ω → 0, o
somatório de de (11) torna-se uma integral

Fonte: Hsu (1993)

14
Transformada de Fourier
• O intervalo de integração pode ser arbitrário com largura de
2π: uma vez que X(ejω ) e ejωn são periódicos com período
de 2π em ω, o produto X(ejω )ejωn também é periódico em
ω com período 2π

• Assim sendo, quando N → ∞, e usando (5), temos que (11)

torna-se
1 X
x̃[n] = X(ejkω0 )ejkω0nω0
2π
k=hN i
1 X
lim x̃[n] = lim X(ejkω0 )ejkω0nω0
N →∞ N →∞ 2π
k=hN i
Z
1
x[n] = X(ejω )ejωndω
2π 2π

15
Transformada de Fourier
Exercícios de sala: Através da equação de análise, calcule a
transformada de Fourier dos sinais a seguir

 n
1 jω 3
1. x[n] = u[n]. Resp.: X(e ) =
3 3 − e−jω
 |n|
1 jω 4
2. x[n] = . Resp.: X(e ) =
3 5 − 3 cos ω

16
Transformada de Fourier
Resolução:
 n
1
1. x[n] = u[n]
3
∞ ∞  n
X X 1
X(ejω ) = x[n]e−jωn = e−jωn
3
n=−∞ n=0
∞  −jω n
jω
X e 1
X(e ) = =
3 e−jω
n=0 1−
3
jω 3
X(e ) =
3 − e−jω

17
Transformada de Fourier
Resolução:
 |n|
1
2. x[n] =
3
∞ ∞  |n|
X X 1
X(ejω ) = x[n]e−jωn = e−jωn
3
n=−∞ n=0
−1  −n ∞  n
X 1 X 1
X(ejω ) = e−jωn + e−jωn
3 3
n=−∞ n=0
Usando uma variável auxiliar m = −n
∞  m
jω
X 1 jωm 3
X(e ) = e +
3 3 − e−jω
m=1

18
Transformada de Fourier

∞  jω m
jω
X e 3
X(e ) = −1+
3 3 − e−jω
m=0
1 3 3 3
X(ejω ) = − 1 + = − 1 +
ejω 3 − e−jω 3 − ejω 3 − e−jω
1−
3
jω jω jω
e 3 3e − 1 + 9 − 3e
X(ejω ) = + =
3 − ejω 3 − e−jω 9 − 3e−jω − 3ejω + 1
8 4
X(ejω ) = =
10 − 6 cos ω 5 − 3 cos ω

19
Transformada de Fourier
Exercícios de sala: Através dos detalhes fornecidos abaixo para
X(ejω ), forneçao sinal x[n]:
|X(ejω )| = 2
jω −ω
∠X(e ) =
2
 1

4 sen (n − 2 )π
Resp.: x[n] =
π (2n − 1)

20
Transformada de Fourier
Resolução:
jω −ω
jω jω −j ω2
|X(e )| = 2, ∠X(e ) = ∴ X(e ) = 2e
Z 2
1
x[n] = X(ejω )ejωndω
2π 2π
Z π Z π
1 ω
−j 2 jωn 1 j(n− 21 )ω
x[n] = 2e e dω = e dω
2π −π π −π
π
j(n− 12 )ω 1 1
1 e 1 ej(n− 2 )π − e−j(n− 2 )π

x[n] =  =

1
π j(n − 2 )  π j(n − 12 )
−π

4 sen[(n − 12 )π]
x[n] =
π (2n − 1)

21
Transformada de Fourier
Exercícios de sala: Esboce o módulo e a fase da transformada
de Fourier do sinal a seguir:

x[n] = δ[n]

22
Transformada de Fourier
Resolução:

Utilizando a equação de análise obtemos

∞
X
X(ejω ) = δ[n]e−jωn
n=−∞
jω
X(e ) = 1

23
Transformada de Fourier
Exercícios de sala: Esboce o módulo e a fase da transformada
de Fourier do sinal a seguir:

x[n] = anu[n], |a| < 1

24
Transformada de Fourier
Resolução:

Utilizando a equação de análise obtemos

∞
X
X(ejω ) = anu[n]e−jωn
n=−∞
∞
jω
X
−jω n 1
X(e ) = (ae ) = .
1 − ae−jω
n=0

25
Transformada de Fourier
Gráficos para |X(ejω )| e ∠X(ejω ) quando (a) a > 0 (b) a < 0.

Fonte: Oppenheim et. al. (2010)

26
Transformada de Fourier
Exercícios de sala: Esboce o módulo e a fase da transformada
de Fourier do sinal a seguir:

x[n] = a|n|

Passo 1: Calcular X(ejω );

Passo 2: Obter |X(ejω )| e ∠X(ejω );

Passo 3: Desenhar o gráfico X(ejω ) por ω.

27
Transformada de Fourier
Resolução:

jω 1 − a2
X(e ) =
1 − 2a cos ω + a2

28
Convergência
• A fim de estudar a convergência da transformada de
Fourier, analisamos o somatório da equação análise:
∞
X
X(ejω ) = x[n]e−jωn
n=−∞

• Esta equação convergirá se x[n] for absolutamente somável:

∞
X
|x[n]| < ∞
n=−∞
ou, de forma equivalente, se x[n] tiver energia finita:
∞
X
|x[n]|2 < ∞
n=−∞

29
Propriedades – Periodicidade
• Periodicidade da transformada de Fourier em tempo
discreto:

X(ejω ) é periódica1 em ω com período 2π, o que remonta a

dizer
X(ej(ω+2π)) = X(ejω ) (12)

• Este fato contrasta com a transformada de Fourier em

tempo contínuo, que em geral não é periódica

1
Utilizamos este fato quando do desenvolvimento da dedução da transformada de Fourier. Isto pode ser
facilmente verificado através da periodicidade em ω de x[n]e−jωn .

30
Propriedades – Linearidade
• Linearidade da transformada de Fourier

Sejam dois sinais x1[n] e x2[n], temos que

X1(ejω ) = F{x1[n]} (13)
X2(ejω ) = F{x2[n]} (14)
então
F{ax1[n] + bx2} = aX1(ejω ) + bX2(ejω ) (15)

31
Propriedades – Deslocamento no
tempo e na frequência
• Deslocamento no tempo
TF
x[n − n0] ←→ e−jωn0 X(ejω ) (16)

• Deslocamento na frequência
TF
ejω0nx[n] ←→ X(ej(ω−ω0)) (17)

32
Propriedades – Conjugação e
Simetria Conjugada
• Conjugação
TF
x∗[n] ←→ X ∗(e−jω ) (18)

• Simetria Conjugada: se x[n] é real, X(ejω ) tem simetria

conjugada
X(ejω ) = X ∗(e−jω ) (19)

• Temos também para as partes ímpares e pares do sinal x[n]:

TF
xp[n] ←→ Re{X(ejω )} (20)
TF
xi[n] ←→ jIm{X(ejω )} (21)

33
Propriedades – Diferenciação e
Acumulação
• Diferença
TF
x[n] − x[n − 1] ←→ (1 − e−jω )X(ejω ) (22)

• Soma
n ∞
TF
X X
x[m] ←→ X(ejω ) + πX(ej0) δ(ω − 2πk) (23)
m=−∞ k=−∞

34
Propriedades – Tempo Reverso e
Diferenciação na Frequência
• Tempo reverso (reflexão no tempo)
TF
x[−n] ←→ X(e−jω ) (24)

• Diferenciação na Frequência
TF X(ejω )
nx[n] ←→ j (25)
dω

35
Relação de Parseval
• Sendo x[n] e X(ejω ) um par transformado de Fourier, então
∞ Z
X 1
|x[n]|2 = |X(ejω )|2dω
2π 2π
n=−∞

• O membro esquerdo da equação é a energia total do sinal

x[n]

• A relação de Parseval mostra a relação da energia do sinal

com a amplitude da sua transformada de Fourier

36
Convolução
• Sejam x[n], h[n], y[n] respectivamente a entrada, resposta
ao impulso e a saída de um sistema LIT, de modo que
y[n] = x[n] ∗ h[n]

• Temos que, para as respectivas transformadas de Fourier

X(ejω ), H(ejω ), Y (ejω )
Y (ejω ) = X(ejω )H(ejω ) (26)

37
Convolução
• A transformada de Fourier permite realizar a convolução
através de uma simples multiplicação no domínio da
frequência

• Através de (26) é possível ver que H(ejω ) representa a

mudança de amplitude complexa da transformada de
Fourier da entrada em cada frequência ω

• Exemplo: no caso de filtragem seletiva de frequência, é

desejável obter H(ejω ) ≈ 1 na banda de passagem desejada
e H(ejω ) ≈ 0 na faixa de frequências a ser eliminada ou
atenuada

38
Apêndice: Números Complexos
• Forma Cartesiana
z = a + ib

• Forma Polar
z = |z|∠θ
z = ρejθ

• Relações
e±jθ = cos θ ± j sen θ
√
ρ = a 2 + b2
z = a + ib = ρ(cos θ ± j sen θ)

39
Apêndice: Números Complexos
• Relações de Módulo
|z1z2| = |z1||z2|
 z  |z |
 1 1
z  =
2 |z2|

• Relações de Fase
∠z1z2 = ∠z1 + ∠z2
z1
∠ = ∠z1 − ∠z2
z2

40
Apêndice: Progressão Geométrica
• Progressão Geométrica (PG)
1, r, r2, r3, . . .

• Soma dos infinitos termos de uma PG (|r| < 1)

∞
X 1
1 + r + r2 + r3 + . . . = rn =
1−r
n=0

41
Referências
Oppenhein, A. V.; Willsky, A. S.; Nawab, S. H. Sinais e Sistemas.
2a ed., Ed. Pearson, São Paulo, 2010.

Haykin, S.; Van Veen, B. Sinais e Sistemas, Bookman, 2001.

Hsu, H. P. Schaum’s outline of theory and problems of signals and

systems, Editora McGraw Hill, 1993.

42