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Mudanças na

N R -1 7

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2 Mudanças na NR-17
Mudanças na
N R -1 7
Departamento Regional de São Paulo Coordenação editorial
Glauce Perusso Pereira Dias Muniz
Presidente
Josué Christiano Gomes da Silva Direitos autorais
Edilza Alves Leite
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Lucas Ferreira Manezzi Shutterstock
Tatiana Fernandes Pardo
© SESI-SP Editora, 2022
Gerência da Editora
Raimundo Ernando de Melo Junior

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Ferreira, Jefferson Tiago


Mudanças na NR-17 / Jefferson Tiago Ferreira, Lucas Ferreira Manezzi e
Tatiana Fernandes Pardo. – São Paulo : Editora SESI-SP, 2022.
54 p. ; PDF.

Bibliografia: p. 51-52.
ISBN 978-85-8205-423-9

1. Norma regulamentadora 2. Ergonomia 3. Segurança do trabalho


4. Saúde do trabalho I. Manezzi, Lucas Ferreira II. Pardo, Tatiana Fernandes III.
Título

CDD: 620.8

Índice para catálogo sistemático:

1. Norma regulamentadora – Ergonomia – Segurança do trabalho – Saúde do


trabalho
2. Ergonomia – Segurança do trabalho – Saúde do trabalho – Norma
regulamentadora
3. Segurança do trabalho – Saúde do trabalho – Norma regulamentadora
– Ergonomia
4. Saúde do trabalho – Norma regulamentadora – Ergonomia - Segurança do
trabalho

Bibliotecário responsável: Luiz Valter Vasconcelos Júnior CRB-8 8446O

SESI-SP Editora
Av. Paulista, 1.313, andar intermediário
01311-923 – São Paulo – SP
Tel: 11 3146-7308
editora@sesisenaisp.org.br
www.sesispeditora.com.br
Sumário

1.  A NR-17........................................................................................................................................... 9
Introdução....................................................................................................................................... 9
Histórico da NR-17....................................................................................................................... 9
Conceito de ergonomia.............................................................................................................10

2.  Tópicos da estrutura da NR-17............................................................................................13


Item 17.1 – Objetivo...................................................................................................................14
Item 17.2 – Campo de aplicação............................................................................................15
Item 17.3 – Avaliação das situações de trabalho.............................................................15
Item 17.4 – Organização do trabalho...................................................................................24
Item 17.5 – Levantamento, transporte e descarga individual de cargas..................31
Item 17.6 – Mobiliário dos postos de trabalho.................................................................35
Item 17.7 – Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais........39
Item 17.8 – Condições de conforto no ambiente de trabalho......................................44
Anexos sobre trabalho dos operadores de checkout e em teleatendimento
ou telemarketing.........................................................................................................................47
Conclusões.........................................................................................................................................49
Referências.........................................................................................................................................51
Lista de figuras
Figura 1. Exemplo de fatores que interferem na atividade de trabalho.........................11
Figura 2. Objetivos da ergonomia segundo NR-17..............................................................14
Figura 3. Relação entre GRO, NR-17 e PGR...........................................................................16
Figura 4. Elementos que atuam como determinantes das situações de
trabalho, sendo a atividade de trabalho o centro do estudo..............................................18
Figura 5. Exemplo de etapas para construção da AET........................................................19
Figura 6. Exemplo de processo para desenvolvimento da AEP E AET...........................23
Figura 7. Áreas de alcances ótimo e máximo na mesa, para o trabalhador
sentado.................................................................................................................................................37
1
1.  A NR-17

Introdução
O Serviço Social da Indústria (SESI) elaborou esta publicação com o intuito de apoiar
empregadores, profissionais de SST e trabalhadores na interpretação da nova NR-17,
para que possam realizar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológica dos trabalhadores, de modo que seja efetivamente implementada nas
empresas, resultando em redução de acidentes e doenças ocupacionais, benefícios
para a saúde dos trabalhadores e ganhos na produtividade da indústria brasileira.

Histórico da NR-17
A norma regulamentadora foi originalmente editada pela Portaria MTb n. 3.214,
de 8 de junho de 1978, de maneira a regulamentar os artigos 175, 176, 178, 198
e 199 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme redação dada pela Lei
n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que alterou o Capítulo V (Da Segurança e da
Medicina do Trabalho) do Título II da CLT.
Caracterizada como Norma Geral pela Portaria SIT n. 787, de 28 de novembro
de 2018, a redação da NR-17 estabelece parâmetros para permitir a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Desde
a sua publicação, a norma passou por uma ampla revisão, em 1990, e, posterior-
mente, por quatro alterações pontuais. Em 2007, a norma ganhou dois anexos. As-
sim, a Portaria SIT n. 08, de 30 de março, inseriu na norma o Anexo I – Trabalho dos

1.  A NR-17 9
Operadores de Checkout, e a Portaria SIT n. 09, publicada na mesma data, inseriu o
Anexo II – Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing.
A última alteração ocorreu por meio da Portaria MTP n. 423, de 7 de outubro de
2021, promovendo harmonização da NR-17 e seus anexos com a NR-1 (Disposi-
ções Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) e com as demais normas já
revisadas e publicadas. Houve a inclusão da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP)
e a explicitação da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) para as situações que
demandam estudos aprofundados, além do tratamento específico para as micro e
pequenas empresas, e estabeleceu novas diretrizes sobre adaptação das condições
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança,
saúde e desempenho eficiente no trabalho.

Conceito de ergonomia
Existem diversas definições de ergonomia. Todas procuram ressaltar o caráter
interdisciplinar e o objetivo de seu estudo, que é a interação entre o homem e o
trabalho, no sistema homem-máquina e ambiente.
No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) adota a seguinte definição:

Entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnolo-
gia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem
melhorar, de forma integrada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia
das atividades humanas.

Para a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), o conceito é definido como:

Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica relacionada com a com-


preensão das interações entre humanos e outros elementos de um sistema, e a
profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar a fim de
otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema.

Wisner (1987) define ergonomia como:

O conjunto de conhecimentos científicos relacionados ao homem, necessários à


concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados
com o máximo de conforto, segurança e eficácia.

10 Mudanças na NR-17
A ergonomia considera que os fatores e as características que podem interferir
num determinado posto de trabalho são: fatores organizacionais, fatores ambientais
e fatores físicos, de acordo com a Figura 1.

FIGURAFigura 1. Exemplo
1. Exemplo de fatores
de fatores queque interferemnanaatividade
interferem atividade de
de trabalho.
trabalho.

Fatores
organizacionais

Atividade de trabalho

Fatores
Fatores físicos
ambientais

A ergonomia estuda os diversos fatores que influenciam no desempenho do sistema


A ergonomia estuda os diversos fatores que influenciam no desempenho do siste-
produtivoeeprocura
ma produtivo procurareduzir
reduzir as
as suas
suas consequências
consequências nocivas
nocivassobre
sobreo otrabalhador,
trabalhador, que
ocorremda
que ocorrem da interação
interação entre
entreoohomem,
homem, a máquina e oeambiente.
a máquina Assim,
o ambiente. ela procura
Assim, reduzir
ela procura
reduzir a fadiga,
a fadiga, o oestresse,
estresse,
os os erros
erros e acidentes,
e acidentes, proporcionando
proporcionando segurança,
segurança, satisfação
satisfação e saúde
e saúde para os trabalhadores durante seu relacionamento com o sistema produtivo.
para os trabalhadores durante seu relacionamento com o sistema produtivo.

Imagem 1. Conjunto de trabalhadores de carregadores

1.  A NR-17 11
2
2.  Tópicos da estrutura da
NR-17

•  17.1 Objetivo
•  17.2 Campo de aplicação
•  17.3 Avaliação das situações de trabalho
•  17.4 Organização do trabalho
•  17.5 Levantamento, transporte e descarga individual de cargas
•  17.6 Mobiliário dos postos de trabalho
•  17.7 Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais
•  17.8 Condições de conforto no ambiente de trabalho
•  ANEXO I – Trabalho dos operadores de checkout
•  ANEXO II – Trabalho em teleatendimento/telemarketing

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 13


Item 17.1 – Objetivo
17.1.1 – Esta Norma Regulamentadora – NR visa estabelecer as diretrizes e
os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às caracte-
rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto,
segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho.
17.1.1.1 – As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levanta-
mento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho,
ao trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, às condições
de conforto no ambiente de trabalho e à própria organização do trabalho.

tambémOo novo
conforto,
textoada
segurança, a saúde
norma possui umeescopo
o desempenho eficiente
um pouco das atividades,
mais amplo com a
do que apenas
prevenção
impacto positivode
naacidentes e doenças
produtividade no trabalho, pois seu maior objetivo é estabelecer
das empresas.
as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características
As condições psicofisiológicas
de trabalho dos trabalhadores.
incluem aspectos relacionadosAlém disso, ela visatransporte
ao levantamento, proporcionar
e
também o conforto, a segurança, a saúde e o desempenho eficiente das atividades,
descarga de materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho, ao trabalho com máquinas,
com impacto positivo na produtividade das empresas.
equipamentos e ferramentas manuais, às condições de conforto no ambiente de trabalho
As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, trans-
e à própria
porte organização
e descarga do
de trabalho.
materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho, ao trabalho
com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, às condições de conforto no
ambiente de trabalho e à própria organização do trabalho.

Figura 2. Objetivos da ergonomia segundo NR-17.


FIGURA 2. Objetivos da ergonomia segundo NR-17.

Estabelecer diretrizes e requisitos

Objetivo da NR-17 Permitir a adaptação das condições de


ERGONOMIA trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores.

De modo a proporcionar conforto, segurança,


saúde e desempenho eficiente no trabalho.

14 17.2 Mudanças
Item – Campo na NR-17
de aplicação
Item 17.2 – Campo de aplicação
17.2.1 – Esta Norma se aplica a todas as situações de trabalho, relacionadas
às condições previstas no subitem 17.1.1.1, das organizações e dos órgãos pú-
blicos da administração direta e indireta, bem como dos órgãos dos Poderes
Legislativo, Judiciário e Ministério Público que possuam empregados regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
17.2.2 – Nos termos previstos em lei, aplica-se o disposto nesta NR a outras
relações jurídicas.

É determinado o cumprimento desta NR às partes envolvidas na relação de traba-


lho. Sendo de observância obrigatória pelas organizações e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público,
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
bem como outras relações jurídicas de trabalho, como é o caso das terceirizações.

Item 17.3 – Avaliação das situações de trabalho


17.3.1 – A organização deve realizar a avaliação ergonômica preliminar das
situações de trabalho que, em decorrência da natureza e conteúdo das ativida-
des requeridas, demandam adaptação às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, a fim de subsidiar a implementação das medidas de prevenção
e adequações necessárias previstas nesta NR.
17.3.1.1 – A avaliação ergonômica preliminar das situações de trabalho pode
ser realizada por meio de abordagens qualitativas, semiquantitativas, quanti-
tativas ou combinação dessas, dependendo do risco e dos requisitos legais, a
fim de identificar os perigos e produzir informações para o planejamento das
medidas de prevenção necessárias.
17.3.1.2 – A avaliação ergonômica preliminar pode ser contemplada nas eta-
pas do processo de identificação de perigos e de avaliação dos riscos descrito
no item 1.5.4 da Norma Regulamentadora n. 1 (NR-1) – Disposições Gerais e
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais.
17.3.1.2.1 – A avaliação ergonômica preliminar das situações de trabalho deve
ser registrada pela organização.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 15


O novo texto da NR-17 incorporou a Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP)
como etapa inicial para identificação e classificação do risco ergonômico, devendo
ser integrada ao PGR. Sua aplicação não demanda estudos longos e aprofundados e
tem por objetivo identificar perigos, avaliar os riscos e propor medidas de prevenção
que podem ser resolvidos facilmente.
A organização deve realizar a AEP das situações de trabalho que, em decorrência
da natureza e do conteúdo das atividades requeridas, demandam adaptação às ca-
racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, a fim de subsidiar a implementação
das medidas de prevenção e adequações necessárias.
A AEP pode ser realizada por meio de abordagens qualitativas, semiquantitativas,
quantitativas ou combinação dessas e pode ser contemplada nas etapas do proces-
so de identificação de perigos e de avaliação dos riscos descritos no item 1.5.4 da
NR-1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. A AEP deve
ser registrada pela organização, e esse registro pode estar integrado diretamente
ao PGR.
A NR-17 não trouxe nenhum modelo de AEP, mas a organização tem a liberdade
de estruturar um modelo ou melhor estratégia, junto ao olhar dos profissionais, e
aos critérios estabelecidos no item 1.5.4.3.1 da NR-1.

FIGURA 3. Relação entre GRO, NR-17 e PGR.

Fonte: ENIT – Semana CAPACITA SIT (2021).

16 Mudanças na NR-17
17.3.2 – A organização deve realizar Análise Ergonômica do Trabalho – AET da
situação de trabalho quando:
a) observada a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação;
b) identificadas inadequações ou insuficiência das ações adotadas;
c) sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO e da alínea “c”
do subitem 1.5.5.1.1 da NR-1; ou
d) indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes
e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamen-
to de Riscos – PGR.

A AET é um método que necessita percorrer várias etapas de desenvolvimento


conforme item 17.3.3, exigindo um tempo prolongado para sua implementação. En-
tretanto, a realização da AET deverá ser praticada a partir de quatro hipóteses:
•  ser realizada quando se observar a necessidade de uma avaliação mais apro-
fundada da situação de trabalho;
•  na identificação de inadequações ou insuficiência das ações adotadas;
•  na sugestão de acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do
PCMSO; ou
•  quando na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, no âmbito
do PGR, indicar causa relacionada às condições de trabalho.

As duas primeiras hipóteses advêm da AEP ou do processo de identificação de


perigos e de avaliação dos riscos descrito na NR-1, item 1.5.4, a terceira quando su-
gerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do PCMSO,
e a quarta da análise de acidentes e doenças do trabalho previstos na nova NR-1,
caso as causas estejam relacionadas a fatores ergonômicos.
Após sua conclusão, os riscos identificados pela AET deverão compor o inventário
de risco e propor medidas de prevenção por meio do plano de ação.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 17


FIGURA 4. Elementos que atuam como determinantes das situações de trabalho,
sendo a atividade de trabalho o centro do estudo.

O operador A empresa

Objetivos Ferramentas
Contrato Natureza, desgaste,
regulagens, documentação,
Características pessoais meios de comunicação,
Sexo, idade, características programa de computador...
físicas...
Tarefas Prescritas
Tempo
Tarefas reais Horários, cadências...
Experiência,
formação adquirida Organização do trabalho
Instruções, distribuição das
Estado momentâneo tarefas, critérios de qualidade,
Fadiga, ritmos biológicos, vida tipo de aprendizagem...
fora do trabalho Atividade de
trabalho Ambiente
Espaços, tóxicos, características
físicas...

Saúde, acidentes,
Produção, qualidade...
competências...

Fonte: GUÉRIN et al. (2001, p. 27).

17.3.3 – A AET deve abordar as condições de trabalho, conforme estabelecido


nesta NR, incluindo as seguintes etapas:
a) análise da demanda e, quando aplicável, reformulação do problema;
b) análise do funcionamento da organização, dos processos, das situações de
trabalho e da atividade;
c) descrição e justificativa para definição de métodos, técnicas e ferramentas
adequados para a análise e sua aplicação, não estando adstrita à utilização de
métodos, técnicas e ferramentas específicos;
d) estabelecimento de diagnóstico;
e) recomendações para as situações de trabalho analisadas; e

18 Mudanças na NR-17
Uma questão que sempre surge é sobre um modelo de AET que contenha as exigências
f) restituição dos resultados, validação e revisão das intervenções efetuadas,
requeridas pela necessária,
quando fiscalização.com
Uma tal modelo não
participação existe
dos pronto para todas as situações. A
trabalhadores.
nova NR-17 estabelece algumas etapas que devem ser seguidas para melhor exposição
dos resultados da análise,
Uma questão comosurge
que sempre veremos a seguir:
é sobre um modelo de AET que contenha as exi-
gências requeridas pela fiscalização. Um tal modelo não existe pronto para todas as
a) análise
situações. A da demanda
nova NR-17 e, quando aplicável,
estabelece algumasreformulação do problema;
etapas que devem ser seguidas para
melhor exposição
b) análise dos resultados
do funcionamento da análise, como
da organização, veremos adas
dos processos, seguir:
situações de trabalho
•  análise da demanda e, quando aplicável, reformulação do problema;
e da atividade;
c)•  análise do funcionamento
descrição e justificativa da organização,
para definição dos
de processos, das situações
métodos, técnicas de tra-
e ferramentas
balho e da atividade;
adequados para a análise e sua aplicação, não estando adstrita à utilização de
•  descrição e justificativa para definição de métodos, técnicas e ferramentas ade-
métodos,para
quados técnicas e ferramentas
a análise específicos;
e sua aplicação, não estando adstrita à utilização de
d) métodos, técnicas
estabelecimento deediagnóstico;
ferramentas específicos;

e)•  estabelecimento de diagnóstico;


recomendações para as situações de trabalho analisadas; e
f)•  recomendações para as situações
restituição dos resultados, deetrabalho
validação analisadas;
revisão das e
intervenções efetuadas, quando
•  restituição
necessária, dos
com resultados, validação
a participação e revisão das intervenções efetuadas,
dos trabalhadores.
quando necessária, com a participação dos trabalhadores.

FIGURA 5. Exemplo de etapas para construção da AET.


Figura 5. Exemplo de etapas para construção da AET.

Análise da
demanda

Validação e Análise da
revisão das Organização
intervenções do Trabalho e
efetuadas da Atividade

Método
AET

Definição dos
Recomendações
métodos

Diagnóstico

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 19

Nunca se deve esquecer que o mais importante é que o relatório deixe bem claro qual foi
Nunca se deve esquecer que o mais importante é que o relatório deixe bem claro
qual foi o problema que demandou o estudo, os métodos e as técnicas utilizadas
para abordar o problema, os resultados e as proposições de mudança. De nada
adianta seguir um modelo se o problema não for esclarecido e resolvido.
A análise ergonômica do trabalho é um processo construtivo e participativo para
a resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das tarefas, da
atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atin-
girem o desempenho e a produtividade exigidos. Conforme item 17.3.8., a orga-
nização deve garantir que os empregados sejam ouvidos durante o processo da
avaliação ergonômica preliminar e na AET.
O relatório da AET, quando realizado, deve ficar à disposição na organização pelo
prazo de vinte anos, conforme consta no item 17.3.7.

20 Mudanças na NR-17
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP)
17.3.4 – As Microempresas – ME e Empresas de Pequeno Porte – EPP enqua-
dradas como graus de risco 1 e 2 e o Microempreendedor Individual – MEI não
são obrigados a elaborar a AET, mas devem atender todos os demais requisitos
estabelecidos nesta NR, quando aplicáveis.

Na nova NR-17, determina-se um tratamento diferenciado ao Microempreendedor


Individual (MEI), à microempresa (ME) e à empresa de pequeno porte (EPP) com grau
de risco 1 e 2 conforme Quadro I da NR-4. Elas estão dispensadas de elaborar a AET,
com ressalvas a ME e EPP de grau de risco 1 e 2, quando houver duas hipóteses:
•  sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO e da alínea “c”
do subitem 1.5.5.1.1 da NR-1; ou
•  indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento
de Riscos – PGR.

Mas nada impede a recomendação de elaboração da AET vinda pela AEP, proces-
so de identificação de perigos e avaliação de riscos, conforme item 1.5.4 da NR-1 ou
na identificação de inadequações em ações adotadas.
Lembrando que a avaliação ergonômica preliminar é obrigatória para todas as
empresas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT), conforme subitens 17.2.1 e 17.3.1 da NR-17.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 21


17.3.5 – Devem integrar o inventário de riscos do PGR:
a) os resultados da avaliação ergonômica preliminar; e
b) a revisão, quando for o caso, da identificação dos perigos e da avaliação dos
riscos, conforme indicado pela AET.

Todos os riscos ergonômicos identificados na AEP, no processo de identificação


dos perigos e avaliação dos riscos, conforme descrito no item 1.5.4 da NR-1 e na
AET, deverão compor o inventário de riscos do PGR. Caso houver uma nova reavalia-
ção e nela identificado fatores de riscos ergonômicos, o PGR deverá ser atualizado,
realimentando o gerenciamento de riscos ocupacionais.

17.3.6 – Devem ser previstos planos de ação, nos termos do PGR, para:
a) as medidas de prevenção e adequações decorrentes da avaliação ergonômi-
ca preliminar, atendido o previsto nesta NR; e
b) as recomendações da AET.

Para comentarmos esse item é importante entendermos o objetivo do PGR e do


GRO. Entenda que o GRO é um grande guarda-chuva que acolhe e está interligado
com planos, programas e outros documentos previstos na legislação de Segurança
e Saúde no Trabalho. Logo, o PGR é um programa de gerenciamento dos riscos,
contendo, no mínimo, os inventários de riscos e plano de ação, conforme citado no
item 1.5.7.1. da NR-1.

22 Mudanças na NR-17
Portanto, na identificação de um
perigo ergonômico, deverá ser clas-
sificado e indicado o nível de risco
ocupacional, determinado pela com-
binação da severidade das possíveis
lesões ou agravos à saúde com a pro-
babilidade ou chance de sua ocorrên-
cia. Essa etapa vai orientar quais ris-
cos devem ser priorizados na adoção
de medidas de prevenção com adoção do Plano de Ação.

Para entender mais sobre a integração dessa norma com


a NR-1, recomendamos a leitura do livro: A nova Norma
Regulamentadora NR-1 (Editora SESI-SP, 2022).

Importante: A organização pode adaptar a matriz de avaliação dos riscos


ergonômicos, e deve utilizar os mesmos níveis de riscos para os demais
riscos identificados, facilitando a Gestão dos Riscos Ocupacionais.

Figura 6. Exemplo de processo para desenvolvimento da AEP E AET.

FIGURA 6. Exemplo de processo para desenvolvimento da AEP E AET.


- NR-17
- Normas Técnicas
Identificação - Pesquisa Científica
de Definir fatores - Guias Internacionais
PERIGOS de risco - Referências
- Instituto de ergonomia
- Metodologia AET ou AEP

Matriz - Severidade
de Adaptar critérios de
avaliação, para Possíveis lesões ou agravos à
Risco saúde
Avaliação riscos ergonômicos
dos - Probabilidade
RISCOS Chance de sua ocorrência
Níveis Sempre utilizar No uso de ferramentas
de mesmos níveis ergonômicas específicas, o
Risco de risco resultado será a probabilidade

INVENTÁRIO Elaborar plano


de Risco de ação

Fonte: Adaptado ENIT – Semana CAPACITA SIT (2021).


Fonte: Adaptado ENIT – Semana CAPACITA SIT (2021)

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 23


Item 17.4 – Organização do trabalho
17.4.1 – A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em
Item 17.4 – Organização do trabalho
17.4.1 – A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em
consideração:
a) as normas de produção;
b) o modo operatório, quando aplicável;
c) a exigência de tempo;
d) o ritmo de trabalho;
e) o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis; e
f) os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do
trabalhador.

A NR-17 manteve as condições mínimas para compreensão da organização do


trabalho, introduzindo os instrumentos e meios técnicos disponíveis e aspectos
cognitivos. Portanto, em análise de uma situação de trabalho, o profissional deverá
considerar toda a alínea do item 17.4.1.

24 Mudanças na NR-17
É ilusório pensar que a utilização de uma ferramenta de análise de risco biomecâ-
nico pode, por si só, solucionar problemas relacionados com a organização do tra-
balho. Sabemos que aquilo que permite a obtenção dos resultados são os métodos
e não as ferramentas. Para a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, durante o processo avaliativo, o profissional de-
verá considerar em sua análise:
•  as normas de produção;
•  o modo operatório, quando aplicável;
•  a exigência de tempo;
•  o ritmo de trabalho;
•  o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis; e
•  os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do
trabalhador.

17.4.2 – Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica


do tronco, do pescoço, da cabeça, dos membros superiores e dos membros in-
feriores, devem ser adotadas medidas técnicas de engenharia, organizacionais
e/ou administrativas, com o objetivo de eliminar ou reduzir essas sobrecargas,
a partir da avaliação ergonômica preliminar ou da AET.
17.4.3 – Devem ser implementadas medidas de prevenção, a partir da avaliação
ergonômica preliminar ou da AET, que evitem que os trabalhadores, ao realizar
suas atividades, sejam obrigados a efetuar de forma contínua e repetitiva:
a) posturas extremas ou nocivas do tronco, do pescoço, da cabeça, dos mem-
bros superiores e/ou dos membros inferiores;
b) movimentos bruscos de impacto dos membros superiores;
c) uso excessivo de força muscular;
d) frequência de movimentos dos membros superiores ou inferiores que pos-
sam comprometer a segurança e a saúde do trabalhador;
e) exposição a vibrações, nos termos do Anexo I da Norma Regulamentadora
n. 9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos,
Químicos e Biológicos; ou
f) exigência cognitiva que possa comprometer a segurança e saúde do
trabalhador.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 25


A norma manteve a caracterização de perigo em atividades que exijam sobrecar-
ga biomecânica em determinados segmentos corporais. E quando de forma contínua
e repetitiva para posturas nocivas, bem como: movimentos bruscos de MMSS, uso
excessivo de força, frequência de movimentos, exposição a vibração nos termos do
Anexo I da NR-9 e exigência cognitiva que possa comprometer a segurança e saúde
do trabalhador. E que, ao ser avaliado como risco a partir da AEP ou AET, devem ser
adotadas medidas preventivas, considerando a hierarquia de controle.

17.4.3.1 – As medidas de prevenção devem incluir duas ou mais das seguintes


alternativas:
a) pausas para propiciar a recuperação psicofisiológica dos trabalhadores, que
devem ser computadas como tempo de trabalho efetivo;
b) alternância de atividades com outras tarefas que permitam variar as postu-
ras, os grupos musculares utilizados ou o ritmo de trabalho;
c) alteração da forma de execução ou organização da tarefa; e
d) outras medidas técnicas aplicáveis, recomendadas na avaliação ergonômica
preliminar ou na AET.

A nova NR-17, em seu item 17.4.3.1 e alíneas, determina que, a partir da identifi-
cação de riscos ergonômicos, como os citados no item 17.4.3 e alíneas, identificados
a partir da AEP ou AET, devem-se aplicar ao menos duas ou mais alternativas de
prevenção, sendo:
•  pausas para propiciar a recuperação psicofisiológica dos trabalhadores, que
devem ser computadas como tempo de trabalho efetivo;
•  alternância de atividades com outras tarefas que permitam variar as posturas,
os grupos musculares utilizados ou o ritmo de trabalho;
•  alteração da forma de execução ou organização da tarefa; e
•  outras medidas técnicas aplicáveis, recomendadas na avaliação ergonômica
preliminar ou na AET.

E, quando não for possível adotar as alternativas previstas nas alíneas “c” e “d” do
subitem 17.4.3.1, devem, obrigatoriamente, ser adotadas pausas e alternância de
atividades, respectivamente, conforme alíneas “a” e “b” do referido subitem.

26 Mudanças na NR-17
Isso tem de ser avaliado com
muito cuidado, pois cada tarefa
tem a sua particularidade na re-
solução de problemas. Cabe ao
SESMT, Comitê de Ergonomia
ou profissional habilitado ava-
liar o potencial risco identificado
na atividade, tomando medidas
de controle adequadas para
mitigar ou eliminar o risco, pois
podem haver atividades que ne-
cessitam da eliminação urgente
do “problema”, em especial
aquelas atividades de risco alto
para doenças osteomuscular ou
acidentes.

17.4.3.2 – Para que as pausas possam propiciar descanso e recuperação psi-


cofisiológica dos trabalhadores, devem ser observados os requisitos mínimos:
a) a introdução das pausas não pode ser acompanhada de aumento da cadên-
cia individual; e
b) as pausas devem ser usufruídas fora dos postos de trabalho.

A norma estabeleceu os seguintes critérios para a eficiência dos benefícios da


pausa quando aplicada como medida de prevenção:
•  a introdução das pausas não pode ser acompanhada de aumento da cadên-
cia individual, ou seja, se o trabalhador fabrica uma peça por minuto, não se
deve exigir que, após as pausas, o mesmo trabalhador produza duas peças por
minuto.
•  as pausas devem ser usufruídas fora dos postos de trabalho.
A norma não determina um tempo para a pausa, portanto, deve-se levar em conta
as características da atividade para a definição desse tempo, o qual deverá permitir
a recuperação da função psicofisiológica do trabalhador.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 27


E, conforme parágrafo único do artigo 199 da CLT e item 17.6.7 da NR-17, nas
atividades em que os trabalhos são realizados em pé, devem-se disponibilizar as-
sentos com encosto nos locais utilizados pelos trabalhadores durante as pausas.

17.4.3.3 – Deve ser assegurada a saída dos postos de trabalho para satisfação
das necessidades fisiológicas dos trabalhadores nos termos do item 24.9.8 da
Norma Regulamentadora n. 24 (NR-24) – Condições Sanitárias e de Conforto
nos Locais de Trabalho, independentemente da fruição das pausas.

A norma incluiu em seu texto que os trabalhadores têm assegurado o direito de


saída dos postos de trabalho para satisfação fisiológica (por exemplo, a utilização de
sanitários), independentemente da fruição de pausas.

28 Mudanças na NR-17
17.4.4 – Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de
remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as
repercussões sobre a saúde dos trabalhadores.

A norma manteve que todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para


efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração
as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores.

17.4.5 – A concepção dos postos de trabalho deve levar em consideração os


fatores organizacionais e ambientais, a natureza da tarefa e das atividades e
facilitar a alternância de posturas.
17.4.6 – As dimensões dos espaços de trabalho e de circulação, inerentes à exe-
cução da tarefa, devem ser suficientes para que o trabalhador possa movimentar
os segmentos corporais livremente, de maneira a facilitar o trabalho, reduzir o
esforço do trabalhador e não exigir a adoção de posturas extremas ou nocivas.

A norma estabelece em seus itens 17.4.5 e 17.4.6 que a concepção de postos de


trabalho, espaços de circulação inerentes à tarefa, deve ter o enfoque ergonômico,
oferecendo ao trabalhador dimensões adequadas e boas condições de trabalho,
possibilitando a alternância de postura.

17.4.7 – Os superiores hierárquicos diretos dos trabalhadores devem ser orien-


tados para buscar no exercício de suas atividades:
a) facilitar a compreensão das atribuições e responsabilidades de cada função;
b) manter aberto o diálogo de modo que os trabalhadores possam sanar dúvi-
das quanto ao exercício de suas atividades;
c) facilitar o trabalho em equipe; e
d) estimular tratamento justo e respeitoso nas relações pessoais no ambiente
de trabalho.
17.4.7.1 – A organização com até 10 (dez) empregados fica dispensada do
atendimento ao item 17.4.7.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 29


O item 17.4.7, com suas alíneas, foi reproduzido da NR-36, incorporando a NR-17
às exigências específicas para orientação dos superiores hierárquicos diretos dos
trabalhadores, de forma que o exercício de suas atividades seja realizado de manei-
ra adequada. Sendo dispensada a obrigatoriedade para equipes pequenas com até
dez empregados, após negociação tripartite.
A dispensa da organização com até dez empregados de cumprir o item 17.4.7 e
suas alíneas não convenceu quanto aos objetivos que se pretende alcançar. Pois é
de extrema importância que todos os superiores hierárquicos respeitem as alíneas
constantes no item supracitado, sendo imprescindíveis para a manutenção de uma
boa organização do trabalho.

30 Mudanças na NR-17
Item 17.5 – Levantamento, transporte e descarga
individual de cargas
17.5.1 – Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas
por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua
segurança.
17.5.1.1 – A carga suportada deve ser reduzida quando se tratar de trabalha-
dora mulher e de trabalhador menor nas atividades permitidas por lei.

A norma é clara ao não admitir o transporte manual de cargas por um trabalhador


cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança, e a carga
deve ser reduzida quando se tratar de trabalhadora mulher e de trabalhador menor.
Entretanto, a norma não determina o valor ideal suportado para cada um ou ativi-
dade, sendo responsabilidade da organização identificar por meio de leis, referência
bibliográfica, normas internacionais e ferramentas de análise de risco biomecânico
ou equações os limites de peso recomendados para a atividade, de modo que o peso
não comprometa a saúde e segurança do trabalhador.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 31


17.5.2 – No levantamento, manuseio e transporte individual e não eventual de
cargas, devem ser observados os seguintes requisitos:
a) os locais para pega e depósito das cargas, a partir da avaliação ergonômica
preliminar ou da AET, devem ser organizados de modo que as cargas, aces-
sos, espaços para movimentação, alturas de pega e deposição não obriguem
o trabalhador a efetuar flexões, extensões e rotações excessivas do tronco e
outros posicionamentos e movimentações forçadas e nocivas dos segmentos
corporais; e
b) cargas e equipamentos devem ser posicionados o mais próximo possível
do trabalhador, resguardando espaços suficientes para os pés, de maneira a
facilitar o alcance, não atrapalhar os movimentos ou ocasionar outros riscos.

A NR-17 trouxe no seu item 17.5.2 e alíneas a prevenção de transtornos lombar e


dos discos intervertebrais, regiões comumente acometidas no levantamento, manu-
seio e transporte de cargas em condições inadequadas. A norma estabelece critérios
a serem observados em atividades não eventuais que demandam levantamento,
manuseio e transporte individual de carga:
•  os locais para pega e depósito das cargas, a partir da avaliação ergonômica preli-
minar ou da AET, devem ser organizados de modo que cargas, acessos, espaços
para movimentação, alturas de pega e deposição não obriguem o trabalhador a
efetuar flexões, extensões e rotações excessivas do tronco e outros posiciona-
mentos e movimentações forçadas e nocivas dos segmentos corporais; e
•  cargas e equipamentos devem ser posicionados o mais próximo possível do
trabalhador, resguardando espaços suficientes para os pés, de maneira a facili-
tar o alcance, não atrapalhar os movimentos ou ocasionar outros riscos.

17.5.2.1 – É vedado o levantamento não eventual de cargas que possa


comprometer a segurança e a saúde do trabalhador quando a distância de
alcance horizontal da pega for superior a 60 cm (sessenta centímetros) em
relação ao corpo.

A norma trouxe da NR-36 o item 17.5.2.1 e, com base em estudos científicos,


proibiu o levantamento de carga não eventual que possa comprometer a segu-
rança e a saúde do trabalhador, quando a distância da pega for superior a 60 cm.

32 Mudanças na NR-17
A medida saneadora e protetiva passa a ser obrigatória em todos os ambientes
de trabalho.

17.5.3 – O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tra-


ção de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico devem
observar a carga, a frequência, a pega e a distância percorrida, para que não
comprometam a saúde ou a segurança do trabalhador.

Esse item foi complementado, cabendo à organização avaliar a carga, frequência,


a pega e a distância percorrida no transporte e a descarga de materiais feitos por
impulsão ou tração de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho me-
cânico. A avaliação pode ser feita com base em referência bibliográfica, método ou
ferramentas de análise de risco biomecânico e normas da International Organization
for Standardization (ISO) pertinentes ao tema.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 33


17.5.4 – Na movimentação e no transporte manual não eventual de cargas,
devem ser adotadas uma ou mais das seguintes medidas de prevenção:
a) implantar meios técnicos facilitadores;
b) adequar o peso e o tamanho da carga (dimensões e formato) para que não
provoquem o aumento do esforço físico que possa comprometer a segurança e
a saúde do trabalhador;
c) limitar a duração, a frequência e o número de movimentos a serem efetuados
pelos trabalhadores;
d) reduzir as distâncias a percorrer com cargas, quando aplicável; e
e) efetuar a alternância com outras atividades ou pausas suficientes, entre pe-
ríodos não superiores a duas horas.

A NR-17 incorporou o item 17.5.4 e alíneas, determinando que na movimentação


e no transporte manual não eventual de cargas, devem ser adotadas uma ou mais
das seguintes medidas de prevenção:
•  implantar meios técnicos facilitadores;
•  adequar o peso e o tamanho da carga (dimensões e formato) para que não
provoquem o aumento do esforço físico que possa comprometer a segurança e
a saúde do trabalhador;
•  limitar a duração, a frequência e o número de movimentos a serem efetuados
pelos trabalhadores;
•  reduzir as distâncias a percorrer com cargas, quando aplicável; e
•  efetuar a alternância com outras atividades ou pausas suficientes, entre perío-
dos não superiores a duas horas.

17.5.5 – Todo trabalhador designado para o transporte manual não eventual


de cargas deve receber orientação quanto aos métodos de levantamento, car-
regamento e deposição de cargas.
17.5.6 – O capítulo 17.5 Levantamento, transporte e descarga individual de cargas
desta NR não se aplica a levantamento, transporte e movimentação de pessoas.

A norma manteve que todo trabalhador designado para o transporte manual não
eventual de cargas deve receber orientação quanto aos métodos de levantamento,
carregamento e deposição de cargas.

34 Mudanças na NR-17
Não aplicando o capítulo 17.5 desta NR ao levantamento, transporte e movimen-
tação de pessoas, pois fica a cargo da NR-32 avaliar essa questão.

Item 17.6 – Mobiliário dos postos de trabalho


17.6.1 – O conjunto do mobiliário do posto de trabalho deve apresentar regula-
gens em um ou mais de seus elementos que permitam adaptá-lo às caracterís-
ticas antropométricas que atendam ao conjunto dos trabalhadores envolvidos
e à natureza do trabalho a ser desenvolvido.
17.6.2 – Sempre que o trabalho puder ser executado alternando a posição de
pé com a posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado
para favorecer a alternância das posições.

O novo texto possui requisitos para o mobiliário do posto de trabalho, que deve
apresentar regulagens em um ou mais de seus elementos, de forma a adequar-se
às características antropométricas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a
ser desenvolvido.
A norma estabelece também que os postos de trabalho, sempre que possível, de-
vem favorecer a alternância de postura em pé e sentado. A Nota Técnica 060/2001
do Ministério do Trabalho e Emprego determina que “a postura mais adequada ao
trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que pode ser variada ao longo do
tempo. A concepção dos postos de trabalho ou da tarefa deve favorecer a variação
de postura, principalmente a alternância entre a postura sentada e em pé”.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 35


17.6.3 – Para trabalho manual, os planos de trabalho devem proporcionar ao
trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem aten-
der aos seguintes requisitos mínimos:
a) características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimen-
tação dos segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não
ocasionar amplitudes articulares excessivas ou posturas nocivas de trabalho;
b) altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de
atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a
altura do assento;
c) área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização
pelo trabalhador;
d) para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do
plano de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo pos-
sível do ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar,
podendo utilizar apoio para os pés, nos termos do item 17.6.4; e
e) para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de
trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do
ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar.

Estudos de Nachemson e Elfström (1970) demonstraram que inclinações do tron-


co para frente por causa das exigências da tarefa (visuais ou de movimentos), ou
seja, nas atividades cuja zona de alcance ótima encontra-se prejudicada, levam a
um aumento de mais de 30% na pressão sobre o disco intervertebral. Estudos de
Oliver e Middleditch (1998) apud Schuldt et al. (1986) demonstram que existe um
aumento dos níveis de atividade da coluna torácica superior e dos extensores da
coluna vertebral como resultado, por exemplo, da abdução do braço, quando se
trabalha sobre uma mesa muita alta.
A Norma ABNT ISO 11226, que trata da avaliação de posturas estáticas de traba-
lho, considera que “dor, fadiga e distúrbios do sistema musculoesquelético podem
ser resultado da manutenção de posturas inadequadas de trabalho, que podem ser
causadas por situações de trabalho precárias”.
Tomando como base esses estudos, a NR-17 trouxe no seu item 17.6.3 e alí-
neas requisitos mínimos para proporcionar ao trabalhador boa postura em postos
de trabalho:

36 Mudanças na NR-17
•  características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
dos segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não ocasionar
amplitudes articulares excessivas ou posturas nocivas de trabalho;
•  altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de ati-
vidade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a
altura do assento;
•  área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização pelo
trabalhador;
•  para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do plano
de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do
ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar, poden-
do utilizar apoio para os pés, nos termos do item 17.6.4; e
•  para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de tra-
balho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto
de operação e possa posicionar completamente a região plantar.

17.6.3.1 – A área de trabalho dentro da zona de alcance máximo pode ser uti-
lizada para ações que não prejudiquem a segurança e a saúde do trabalhador,
sejam elas eventuais ou também, conforme AET, as não eventuais.

A área de trabalho dentro da zona de alcance máximo pode ser utilizada, desde
que não prejudique a segurança e a saúde do trabalhador, conforme AET.

FIGURA 7. Áreas de alcances ótimo e máximo na mesa, para o trabalhador sentado.

Fonte: IIDA, 2005.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 37


17.6.4 – Para adaptação do mobiliário às dimensões antropométricas do tra-
balhador, pode ser utilizado apoio para os pés sempre que o trabalhador não
puder manter a planta dos pés completamente apoiada no piso.
17.6.5 – Os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter
posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, além de atender
aos requisitos estabelecidos no item 17.6.3.

Quando for identificado que o trabalhador não consegue manter a planta dos pés
completamente apoiada no piso, pode ser utilizado apoio para os pés, para adap-
tação do mobiliário às dimensões antropométricas do trabalhador. Em caso do uso
de pedais e demais comandos de acionamento, devem ser posicionados em área de
fácil alcance e atender ao item 17.6.3.

17.6.6 – Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos se-
guintes requisitos mínimos:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
b) sistemas de ajustes e manuseio acessíveis;
c) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
d) borda frontal arredondada; e
e) encosto com forma adaptada ao corpo para proteção da região lombar.
17.6.7 – Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados em pé,
devem ser colocados assentos com encosto para descanso em locais em que
possam ser utilizados pelos trabalhadores durante as pausas.
17.6.7.1 – Os assentos previstos no item 17.6.7 estão dispensados do atendi-
mento ao item 17.6.6.

A norma incluiu nesse item a alínea b, sendo um requisito fundamental para as-
sentos utilizados nos postos de trabalho, pois permitirá a adaptação às características
antropométricas do trabalhador, permitindo, assim, conforto. E houve a dispensa do
item 17.6.6 e alíneas para assentos destinados aos locais utilizados durante a pausa.

38 Mudanças na NR-17
Item 17.7 – Trabalho com máquinas, equipamentos e
ferramentas manuais
17.7 – Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais.
17.7.1 – O trabalho com máquinas e equipamentos deve atender, em conso-
nância com a Norma Regulamentadora nº 12 – Segurança no Trabalho em Má-
quinas e Equipamentos, além das demais disposições desta NR, aos aspectos
constantes neste capítulo.
17.7.2 – Os fabricantes de máquinas e equipamentos devem projetar e cons-
truir os componentes, como monitores de vídeo, sinais e comandos, de forma
a possibilitar a interação clara e precisa com o operador, objetivando reduzir
possibilidades de erros de interpretação ou retorno de informação, nos termos
do item 12.9.2 da NR 12.
17.7.2.1 – A localização e o posicionamento do painel de controle e dos co-
mandos devem facilitar o acesso, o manejo fácil e seguro e a visibilidade da
informação do processo.

A NR-17 integra a ergonomia à NR-12, em projetos de máquinas, equipamentos


e ferramentas manuais, indicando que na interação homem versus máquina deve-se
prezar pelo conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 39


17.7.3 – Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados
com terminais de vídeo devem permitir ao trabalhador ajustá-lo de acordo com
as tarefas a serem executadas.
17.7.3.1 – Os equipamentos devem ter condições de mobilidade suficiente para
permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-
-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador.

A NR-17 manteve a exigência de ajustes nos equipamentos de terminais de


vídeo, protegendo-os contra reflexos, proporcionando corretos ângulos de visibi-
lidade ao trabalhador.

40 Mudanças na NR-17
17.7.3.2 – Nas atividades com uso de computador portátil de forma não eventual
em posto de trabalho, devem ser previstas formas de adaptação do teclado, do
mouse ou da tela a fim de permitir o ajuste às características antropométricas
do trabalhador e à natureza das tarefas a serem executadas.

A norma incluiu a exigência de adaptação do teclado, do mouse e da tela para


atividades com uso de computadores portátil, permitindo o ajuste às características
antropométricas do trabalhador e à natureza das tarefas a serem executadas.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 41


17.7.4 – Devem ser dotados de dispositivo de sustentação os equipamentos e
ferramentas manuais cujos pesos e utilização na execução das tarefas forem
passíveis de comprometer a segurança ou a saúde dos trabalhadores ou ado-
tada outra medida de prevenção, a partir da avaliação ergonômica preliminar
ou da AET.

Quando na AEP ou AET for identificado uso de equipamentos e ferramentas ma-


nuais cujo peso comprometa a saúde e segurança do trabalhador, eles deverão ser
dotados de dispositivo de sustentação ou outra medida de prevenção.

42 Mudanças na NR-17
17.7.5 – A concepção das ferramentas manuais deve atender, além dos demais
itens desta NR, aos seguintes aspectos:
a) facilidade de uso e manuseio; e
b) evitar a compressão da palma da mão ou de um ou mais dedos em arestas
ou quinas vivas.
17.7.6 – A organização deve selecionar as ferramentas manuais para que o tipo,
formato e a textura da empunhadura sejam apropriados à tarefa e ao eventual
uso de luvas.

O novo item da norma aborda que ferramentas manuais devem facilitar o uso e
manuseio e evitar compressão da palma da mão ou dedos em arestas ou quinas. A
organização deve selecionar ferramentas que estejam adequadas à empunhadura
e ao eventual uso de luvas, evitando, assim, acidentes e exigência de esforços
manuais.

2. Tópicos da estrutura da NR-17 43


Item 17.8 – Condições de conforto no ambiente de
trabalho
17.8.1 – Em todos os locais e situações de trabalho deve haver iluminação,
natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.8.2 – A iluminação deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofusca-
mento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.8.3 – Em todos os locais e situações de trabalho internos, deve haver ilu-
minação em conformidade com os níveis mínimos de iluminamento a serem
observados nos locais de trabalho estabelecidos na Norma de Higiene Ocupa-
cional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento
em Ambientes Internos de Trabalho, versão 2018.

A norma mantém a necessidade de avaliação da iluminação conforme os níveis de


iluminamento apropriados à natureza da atividade, conforme estabelecido na Norma
de Higiene Ocupacional n. 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de
Iluminamento em Ambientes Internos de Trabalho, versão 2018. E deve ser projetada
de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

44 Mudanças na NR-17
17.8.4 – Nos locais de trabalho em ambientes internos onde são executadas
atividades que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção cons-
tantes, devem ser adotadas medidas de conforto acústico e de conforto térmi-
co, conforme disposto nos subitens seguintes.
17.8.4.1 – A organização deve adotar medidas de controle do ruído nos am-
bientes internos com a finalidade de proporcionar conforto acústico nas situa-
ções de trabalho.
17.8.4.1.1 – O nível de ruído de fundo para o conforto deve respeitar os valores
de referência para ambientes internos de acordo com sua finalidade de uso
estabelecidos em normas técnicas oficiais.
17.8.4.1.2 – Para os demais casos, o nível de ruído de fundo aceitável para efei-
to de conforto acústico será de até 65 dB(A), nível de pressão sonora contínuo
equivalente ponderado em A e no circuito de resposta Slow (S).

A norma mantém a necessidade de avaliação do conforto acústico em atividades


que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção constante, respeitando
os valores de referência estabelecidos em normas técnicas oficiais. Para os demais
casos, o nível de ruído de fundo aceitável para efeito de conforto acústico será de
até 65 dB(A), nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderado em A e no
circuito de resposta Slow (S).

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 45


17.8.4.2 – A organização deve adotar medidas de controle da temperatura, da
velocidade do ar e da umidade com a finalidade de proporcionar conforto tér-
mico nas situações de trabalho, observando-se o parâmetro de faixa de tempe-
ratura do ar entre 18 e 25 °C para ambientes climatizados.
17.8.4.2.1 – Devem ser adotadas medidas de controle da ventilação ambiental
para minimizar a ocorrência de correntes de ar aplicadas diretamente sobre os
trabalhadores.
17.8.5 – Fica ressalvado o atendimento dos itens 17.8.3 e 17.8.4.2 nas situa-
ções em que haja normativa específica com a devida justificativa técnica de que
não haverá prejuízo à segurança ou à saúde dos trabalhadores.

A norma mantém a necessidade de avaliação do conforto térmico em atividades


que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção constante, observando-
-se a alteração do parâmetro de faixa de temperatura do ar entre 18°C e 25°C para
ambientes climatizados.
Deve-se também adotar medidas de controle para minimizar a ocorrência de cor-
rentes de ar aplicadas diretamente sobre os trabalhadores.

46 Mudanças na NR-17
Ficando ressalvado o atendimento dos itens 17.8.3 e 17.8.4.2 nas situações em
que haja normativa específica com a devida justificativa técnica de que não haverá
prejuízo à segurança ou à saúde dos trabalhadores.

Anexos sobre trabalho dos operadores de checkout e em


teleatendimento ou telemarketing
O novo texto da NR-17 manteve o Anexo 1 – Trabalho dos operadores de
checkout e o Anexo 2 – Trabalho em teleatendimento/telemarketing. Contudo,
foram harmonizados e atualizados em conformidade as demais NRs já revisadas e
publicadas, como, a NR-1 e NR-7.

2.  Tópicos da estrutura da NR-17 47


Conclusões

A redação anterior da NR-17 manteve-se praticamente intacta desde sua pu-


blicação, em 1990. A única alteração pontual sofrida foi em 2018, quando houve
atualização da disposição normativa sobre iluminância, em função do cancelamento
da norma técnica ABNT NBR 5413, então referenciada pela norma.
A antiga redação contava com mais de trinta anos de publicação, sendo construída
no contexto do que foi considerada uma “epidemia de LER/DORT” no Brasil, tendo
em vista o processamento eletrônico de dados realizado de forma intensiva naquela
época. Ao longo desse período de vigência da NR-17, houve mudança significativa
no conteúdo do trabalho, sendo possível observar, atualmente, o quase completo
desaparecimento da atividade de processamento de dados e a sua substituição por
outras formas de trabalho e atividades, inaugurando a era da digitalização docu-
mental e das transações eletrônicas de forma maciça. Por exemplo, o texto anterior
mencionava comandos normativos para atividades de “digitação, datilografia ou
mecanografia”, sendo estas duas últimas praticamente inexistentes hoje. Portanto,
pelos dados expostos, revelou-se a necessidade de revisão e atualização do texto
da NR-17 às inovações tecnológicas e novas circunstâncias do mundo do trabalho.
O objetivo fundamental da ergonomia é adaptar as condições de trabalho às ca-
racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, prevenindo acidentes e doenças
no trabalho. Para isso, a atualização da norma mantém a NR-17 exequível, efetiva e
eficiente em alcançar os impactos finais desejados.
A revisão geral do texto da NR-17 a atualizou ao atual contexto do mundo do
trabalho, solucionando possíveis conflitos normativos e estabelecendo medidas
de prevenção, visando à redução da acidentalidade e do adoecimento ocupacional.
O novo texto define a aplicação da avaliação ergonômica preliminar, visando dar
maior efetividade à implementação de medidas de prevenção e de adaptação das

Conclusões 49
condições de trabalho, e direciona a utilização da AET como etapa de aprofunda-
mento da avaliação ergonômica, para as situações que demandem uma análise mais
aprofundada dos fatores ergonômicos. Além de harmonizar o texto da NR-17 com
as novas disposições de gerenciamento de riscos ocupacionais e com as demais
normas de SST.
Sua atualização buscou a simplificação e desburocratização, conferindo-lhe lei-
tura e compreensão mais objetivas, tornando mais fácil sua aplicação por parte dos
profissionais de SST, trabalhadores, empregadores e agentes do Estado.

50 Mudanças na NR-17
Referências

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Referências 53
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