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CURSO AUTOFORMATIVO ONLINE

PERGUNTAS NA

MEDIAÇÃO
TEXTO INTRODUTÓRIO

MARCELO GIRADE CORRÊA


Curso Autoformativo
Perguntas na Mediação
https://ig.rdstation.com/marcelogirade

INTRODUÇÃO *

B asicamente, podemos concentrar nossas perguntas


em três grandes estágios de um processo de
mediação ou mesmo em uma negociação direta
voltada para resolver uma situação problemática e/ou
fazer uma tomada de decisão conjunta:

1. Esclarecer as informações existentes;


2. Reunir novas informações;
3. Criar novas percepções e perspectivas para a
tomada de decisão.

Seja em uma mediação, em uma negociação ou


qualquer outro processo de tomada de decisão, para
conseguirmos convergir em direção a um
compromisso eficaz e sustentável, é importante
experimentar uma mudança em nosso modo de
perceber a situação conflitiva.

Essa mudança de perspectiva acontece quando


olhamos para a situação conflitiva de uma maneira
diferente. Tal mudança de pensamento, e a provável
mudança de comportamento que a acompanha, é
alcançada quando obtemos novas informações e
percepções sobre o que aconteceu, o que está
acontecendo e o que poderá acontecer.

* O– Formulating
presente texto foi adaptado a partir da obra The Mediator’s Toolkit
and asking questiions for successful outcomes, de Gerry
O’Sullivan. Que, particularmente, acho uma obra diferenciada!
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Perguntas na Mediação
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O objetivo de fazer perguntas na mediação é
revelar novas informações e percepções às partes
em conflito e ao mediador, de modo que ocorra
uma mudança de paradigma em seu pensamento e
abordagem.

Quando as partes se apresentam à mediação, elas


geralmente mantêm uma posição arraigada sobre
sua situação, onde é muito comum a presunção de
que a origem do conflito é culpa da outra parte e
que a única maneira de resolvê-lo é a outra parte
mudar sua posição ou comportamento.

Cada lado cria uma versão do conflito com base


em suas próprias perspectivas, interpretações e
realidades subjetivas. Isso torna inevitável que as
partes mantenham uma posição consolidada e
possam não compreender a perspectiva ou a posição
uma da outra de forma racional e objetiva.

Daí a importância de fazermos perguntas


exploratórias e incisivas para trazer novas
informações ao processo de mediação e “desafiar”,
com cuidado e técnica, as perspectivas de cada
uma das partes e, eventualmente, seus
advogados. É desse modo que são ampliadas as
chances das partes poderem obter um novo
insight que pode levar a uma mudança de
paradigma em suas perspectivas sobre o conflito.

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O termo paradigma, nesse caso, pode ser utilizado para


ilustrar como vemos, interpretamos e entendemos nosso
mundo e nosso papel nele, e como entendemos o papel dos
outros. É a nossa ‘visão do mundo’ e como ele deveria ser e o
modelo a partir do qual entendemos a realidade em que
vivemos e atuamos. Em outras palavras, é o modo como
enquadramos as situações que vivenciamos.

Nosso paradigma, individual e único, é nosso ponto de


referência para interpretar a realidade e dar sentido ao que
nela acontece. É uma forma de organizar, classificar e
condensar as informações sensoriais (cinco sentidos) para
nos ajudar a compreender a realidade que impactamos.

COMO "CONSTRUIMOS" NOSSOS PARADIGMAS


O paradigma ou a visão de mundo de cada um de nós foi
exclusivamente personalizado e estruturado conforme:

as crenças e valores que desenvolvemos a partir das


nossas experiências durante a nossa formação, sobre nós
próprios, sobre os outros e sobre o mundo no qual
crescemos e que vivemos; e

as experiências de outras pessoas significativas em nossas


vidas e como seus valores e crenças foram retratados e
internalizados por nós; e

nossa cultura, educação, religião, raça e qualquer outra


influência condicional que contribuiu para sermos quem
entendemos que somos.

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Não vemos o mundo como é,


mas como somos.
Anaïs Nin

Percepções
Nossa visão de mundo influencia nossas
percepções que, por sua vez, filtram as
informações que chegam à nossa consciência, de
modo que vemos e vivenciamos o mundo da
maneira que esperamos vê-lo e experimentá-lo,
de acordo com as lentes que estruturam o que
podemos chamar de nosso paradigma ou
enquadramento da realidade.

Nossos filtros são condicionados por nossas


experiências à medida que aprendemos sobre o
ambiente que nos circunda ao longo de nossas
vidas. Os paradigmas muitas vezes limitam e
colorem nossas percepções e consciência,
resultando em que achemos difícil ver algo que
não está de acordo com nossas suposições básicas.

É importante notar que as memórias armazenadas,


são memórias de nossas percepções ou realidades
subjetivas, não efetivamente memórias da realidade
em si.

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COMO PODE OCORRER UMA MUDANÇA DE PARADIGMA


Uma mudança de paradigma ocorre quando mudamos nosso
pensamento, perspectiva e compreensão sobre uma situação.
Na mediação, isso pode resultar em uma mudança no modo
como as partes estão abordando o conflito e na resposta ao que
estão vivenciando.

Ao ouvirem, gentil e atenciosamente, e refletirem de volta o


que ouviram e, em seguida, fazerem novas perguntas,
mediadores podem...

...fornecer um espaço seguro para as partes refletirem sobre seus


paradigmas e percepções, olharem para seus conflitos de forma
diferente e fazerem mudanças em seus comportamentos, se elas
assim escolherem.

Um dos principais papéis de um(a) mediador(a), é trabalhar


com as perspectivas e posições arraigadas das partes para
estimular uma mudança em seus pensamentos e em suas
abordagens para lidarem com o conflito.

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