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REGIÃO INTEGRADA DE DESENVOLVIMENTO- RIDE GRANDE

TERESINA: ISOLAMENTO E DISPERSÃO NO PLANEJAMENTO


URBANO

LEAL JUNIOR, Jose Hamilton (1); CARCARÁ, Maria Clara M. (2)

(1) Professor Mestre do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro


Universitário Uninovafapi, josehamilton.arq@gmail.com.
(2) Centro Universitário Uninovafapi/Graduanda em Arquitetura e Urbanismo,
Brasil, mclaracarcara@hotmail.com;
1. RESUMO
O momento econômico de um país tem muita relação com as ideias e
pensamentos sobre a vida em comunidade. Blanco et al(2012) explica que os
momentos de crise, com aumento de desemprego e corte de gastos públicos,
em outros tempos, levaram ao predomínio de uma postura mais individualista
que colaborou para a ascensão do neoliberalismo em plena década de 1970,
após a crise do petróleo. O Brasil revive este momento de valorização das
relações empresariais e fé de que a iniciativa privada pode gerar soluções para
os problemas da vida em sociedade. É importante ressaltar que a lógica do
mercado cria localizações privilegiadas ao preferir investir em determinadas
regiões, que devido a uma série de investimentos tornam-se polos por
possuírem uma melhor infraestrutura e concentrar empregos, afetando assim a
rede urbana e a dinâmica tanto das grandes cidades quanto das pequenas que
se tornam mais dependentes (CORREA, 2009).
A Constituição de 1988, em seu art. 25 deu aos Estados a atribuição
de instituir áreas metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões e no
art. 23 institucionalizou a cooperação voluntária entre elas. Segundo Azevedo e
Alves (2010, p.89) esses incentivos na legislação, juntamente com o
surgimento de “um dinamismo econômico com crescimento da agroindústria,
da agricultura irrigada, da exploração de recursos naturais intensificaram a
migração intrarregional” e a redução da migração em direção à região sudeste,
cuja atividade econômica tem predomínio da indústria. Neste cenário, houve
grande crescimento dos processos para a criação de Regiões Metropolitanas e
Regiões de Desenvolvimento Integrado (RIDES).
A cidade de Teresina, capital do Piauí, foi a primeira cidade com traçado
planejado no Brasil e desde a sua fundação em 1852, foi alvo de vários planos
urbanos que em muito tem relação com a configuração atual do seu espaço
urbano, apesar de a maioria das ideias contidas nestes planos não terem saído
do papel, reafirmando o que Villaça (2005) enuncia como uma tradição
brasileira de não obedecer aos Planos Diretores. Apesar da relevância da
capital como importante polo de saúde, educacional e de empregos, não existe
no texto destes planos nenhuma menção às cidades do entorno.
Uma alternativa surgida para esta ausência de alinhamento político no que
diz respeito às questões de interesse comum foi a criação da RIDE Grande
Teresina (Região Integrada de Desenvolvimento Urbano), a qual pretendia
auxiliar e impulsionar soluções de infraestrutura, saneamento básico, uso e
ocupação do solo. A Ride Grande Teresina foi criada pela Lei Complementar
112 de 19 de setembro de 2001 e regulamentada pelo decreto nº 4367 de 09
de setembro de 2002. Os municípios do Piauí que compõem a RIDE são Altos,
Beneditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval Lobão, José de Freitas, Lagoa
Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão, Monsenhor Gil, Pau D’arco, União,
Nazaria e Teresina, o município de Timon do Maranhão completa a lista.
Juntos estes municípios somam 1.154.716 habitantes (RIDE, 2015).
Estes municípios têm a sua economia ligada a de Teresina, servindo em
sua maioria como cidades dormitório e sofrendo influência direta dos planos
urbanos elaborados para a capital (REGIAO, 2015). É essencial, pois, na busca
do êxito diante das atuais dificuldades, que seja criado um planejamento
conjunto, o que em muitos casos não vem ocorrendo, tanto em Teresina
quanto em outras RIDES existentes (RIDE Geoeconômica de Brasília, RIDE
Petrolina-Juazeiro) conforme demonstra o trabalho de Azevedo e Alves (2010).
As alterações no espaço urbano demandam tempo para serem analisadas e
compreendidas, já que possuem elementos que estão em contínua
transformação e outros já em permanência. Este é o ponto central do método
de análise espacial defendido por Santos (1977) e serve ao objetivo desse
estudo, que é a compreensão e identificação das estratégias de gestão urbana
utilizadas desde a criação da RIDE grande Teresina como forma de entender
os processos socioeconômicos e culturais que se intensificaram na década de
2000 nos municípios que integram esta rede urbana.
Palavras-chave: RIDE, Teresina, planejamento urbano
2. OBJETIVOS
Identificar e analisar através dos processos de gestão urbana o grau de
integração socioespacial das cidades que compõem a Região Integrada de
Desenvolvimento da Grande Teresina (RIDE Grande Teresina) e expor as
possíveis melhorias urbanas decorrentes do planejamento conjunto.
3. METODOLOGIA
Para a elaboração da Pesquisa foram adotados os seguintes procedimentos:
a) Amplo levantamento bibliográfico, realizado no decorrer de todo o
processo, que consiste na pesquisa em livros, periódicos, dissertações e
teses, jornais, artigos científicos, abordando conceitos sobre aspectos
relacionados à expansão, planejamento e centro urbano.
b) Levantamento das legislações (Municipal, Estadual e Federal)
existentes, relacionadas ao tema abordado, para subsidiar a análise do
Planejamento urbano de Teresina e de outras cidades estudadas no
recorte temporal adotado;
c) Levantamento dos Planos Urbanos elaborados para Teresina e para
outras cidades pertencentes à RIDE Grande Teresina, apontando suas
diretrizes e realizando análise dos pontos implantados;
d) Levantamento gráfico das cidades estudadas, por meio de documentos
fotográficos, fotos aéreas e plantas plani-altimétricas, para identificação
da expansão urbana, nos órgãos públicos e em bibliografia pertinente;
e) Análise Morfológica ou Configuracional do Espaço Urbano associada a
uma leitura socioespacial dos assentamentos urbanos, relacionando a
forma e o processo de formação urbana com base em:
I. Cartografia e mapeamento de informações e dados sócio-
econômicos e demográficos, mas também de culturais e de grupos
individualizados;
II. Cartografia e mapeamento de informações e dados territoriais:
f) Desenvolvimento de esquemas sínteses com base nas informações
obtidas, identificando superposições importantes dos sistemas
analisados, conflitos, entre outros;
g) Realização de visitas ao municípios, para diagnóstico da situação atual
do traçado urbano, identificando as principais mudanças ocorridas ao
longo do tempo;
4. REFERÊNCIAS
AZEVEDO, H.; ALVES, A. M. Rides – por que criá-las? Geografias, v. 06, n. 2,
p. 87-101, 2010.
BLANCO, I.; FLEURY, S.; SUBIRATS, J. Nuevas miradas sobre viejos
problemas. Gestion y Politica publica, v. temático, p. 3-40, 2012.
CORREA, R. L. Globalização e reestruturação da rede urbana- uma nota sobre
as pequenas cidades. Territorio, v. jan/jun, no 6, 1999.
REGIAO Integrada de Desenvolvido- RIDE Grande Teresina. Ministério da
Integração Nacional. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/ride-grande-
teresina. Acessado em 24 de abr de 2015.
RIDE Teresina- Região Integrada de Desenvolvimento. Semplan. Disponível
em: <http://semplan.teresina.pi.gov.br/ride-teresina/>. Acessado em 22 de nov
de 2015.
SANTOS, Milton. Sociedade e Espaço: Formação Espacial como Teoria e
como Método. Antipode. V. 9, n. 1, 1977.
VILLAÇA, F. As ilusões do plano diretor. São Paulo, Edição do autor, 2005.
Disponível em:< http://www.flaviovillaca.arq.br/pdf/ilusao_pd.pdf>. Acessado
em 22 de Nov de 2015.

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