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A presente seção tem como objetivo analisar e discutir os dados obtidos até o
momento no contexto deste estudo acadêmico de iniciação científica. Com base nas
etapas anteriores, que envolveram a identificação e mapeamento das Zonas
Especiais de Interesse Social (ZEIS) ou Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS)
em Natal, no estado do Rio Grande do Norte, bem como a análise das interações
entre essas áreas e as regiões de produção formal da cidade, é possível aprofundar
nossa compreensão sobre a segregação socioespacial e seus desafios.
Ao analisar os dados espaciais e socioeconômicos coletados, foi evidenciada
uma distribuição heterogênea das ZEIS/AEIS na cidade de Natal. Observou-se que
essas áreas estão concentradas em regiões periféricas, marcadas por baixa renda e
condições socioeconômicas desfavoráveis. Em contrapartida, as áreas de produção
formal, onde se concentram empreendimentos comerciais e industriais, estão
predominantemente localizadas em regiões mais centrais e privilegiadas.
A análise das interações entre as ZEIS/AEIS e as áreas de produção formal
revelou uma dinâmica complexa. Verificou-se que o mercado imobiliário formal
exerce uma forte pressão sobre as áreas especiais designadas para habitação de
interesse social, buscando aproveitar seu potencial econômico e impulsionar a
valorização imobiliária. Essa pressão resulta na transformação gradual dessas
áreas, muitas vezes levando ao deslocamento das populações de baixa renda e
contribuindo para a intensificação da segregação socioespacial.
Além disso, foi constatado que a promoção da habitação de interesse social
nas ZEIS/AEIS enfrenta diversos desafios. A regularização fundiária se apresenta
como uma questão crucial, uma vez que muitas dessas áreas são ocupadas de
forma irregular, sem a devida titularidade dos terrenos. A falta de acesso a serviços
e infraestrutura adequados também é um obstáculo significativo, dificultando a
melhoria das condições de vida e a inclusão social dos moradores dessas áreas.
Esses resultados preliminares reforçam a importância de se adotar
abordagens integradas e sustentáveis no planejamento urbano. A redução da
segregação socioespacial requer a implementação de políticas públicas efetivas,
que considerem a função social da propriedade, promovam a regularização fundiária
e garantam o acesso a serviços básicos, transporte, saúde e educação. É
fundamental envolver a participação ativa da comunidade local e promover a
inclusão social, visando à construção de uma cidade mais justa e igualitária.
Ao avançar nesta pesquisa, é necessário aprofundar a análise dos dados
coletados, explorando outras dimensões relevantes, como os impactos ambientais e
a percepção dos moradores sobre a segregação socioespacial. Além disso, é
importante considerar estudos comparativos com outras cidades, a fim de obter uma
visão mais ampla e contribuir para o desenvolvimento de estratégias e políticas
urbanas mais abrangentes e efetivas.
Em suma, os dados obtidos até o momento oferecem insights importantes
sobre a segregação socioespacial em Natal. Essa análise inicial serve como base
para a continuidade deste estudo, fornecendo subsídios para a compreensão mais
aprofundada desse fenômeno complexo e para a proposição de soluções que
promovam a justiça social e a inclusão urbana.
SMITH, Neil. The New Urban Frontier: Gentrification and the Revanchist City.
London: Routledge, 1996.
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