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Curso Profissional de Instrumentista de Sopros e Percussão

(2020-2023)

Trabalho de Física do Som

Gaita-de-Foles

Tomás Almeida

Março 2023

Escola Profissional Metropolitana


Curso Profissional de Instrumentista de Sopros e Percussão

(2020-2023)

Trabalho de Física do Som

Gaita-de-Foles

Tomás Almeida

Março 2023
ÍNDICE

Introdução

1. A gaita-de-foles

2. Gaita-de-Foles e Sanfona: Instrumentos “marginais”

3. Gaita-de-foles com ponteiro cilíndrico

4. Ar quente e frio

5. Origem

6. Preocupações médicas
INTRODUÇÃO
1- A gaita-de-foles

A gaita-de-foles é um saco de couro (odre de cabra, carneiro) donde partem


vários tubos de madeira, tendo um deles orifícios como um pífaro. Enche-se
o odre de ar soprando no tubo mais pequeno; uma válvula, no interior,
impede que o ar volte a sair por esse tubo, embora possa sair pelos outros.
Quando a pressão interior é suficiente o ar começa a sair pelos tubos
maiores, que têm no seu interior uma palheta de cana, produzindo em cada
um deles um som grave. Ouvem-se assim vários sons (bordões ou roncões)
à distância de quinta (tónica e dominante da melodia)

Figura 1 – Explicação da gaita-de-foles

Finalmente no tubo com orifícios (entre nós conhecido por palheta) é que se
executa a melodia. Este tubo tem acoplada uma palheta dupla. O odre
aguenta-se debaixo do braço e é apertando-o mais ou menos que se regula
a pressão do ar. Nalgumas gaitas-de-foles existe alimentação de ar e é feita
apenas por um fole acionado pelo braço. No séc. XVII era muito popular
entre a aristocracia da corte francesa uma pequena gaita-de-foles chamada
musette.

Embora a gaita-de-foles não seja um instrumento de cápsula existe contudo


uma certa semelhança entre ela e estes instrumentos, porque a palheta
também não está em contacto com a boca. Segundo Dvid Munrow, os
instrumentos de cápsula podem de certo modo ser considerados como
derivados da gaita-de-foles já era conhecida dos romanos no séc. I da
nossa era.
As características gerais deste instrumento é um simples cachimbo de
sabugueiro, cana ou osso, tocado por uma palheta batida de cana ou
sabugueiro, na maioria das espécies, dois desses tubos são unidos
paralelamente (tubo duplo). Sobre a extremidade distal dos tubos é fixado
um sino de chifre de vaca ou, em certos casos dois sinos. Instrumentos
dessa descrição são retratados na arte medieval no século X e na arte e
escultura inglesa dos séculos XIV e XV, e a tais instrumentos o nome
contemporâneo “Gaita-de-foles” é razoavelmente presumido para se referir.
Existem exemplos no Saltério de Beuchamp (no qual é segurado por um
pastor) e no vitral de St Mary`s, Warwick.

Nestes, como no pibgorn (dos quais conservam-se do século XVIII) as


palhetas são cobertas por um segundo chifre de baca formando uma taça
que é levada à boca do instrumentista. Em algumas espécies russas e
albanesas, as palhetas são tomadas diretamente na boca, como acontecia
nas formas escocesas mais antigas do instrumento, cujos relatos do final do
século 18 são de Alexander Pennecuik e Robert Burn, eram cachimbos
simples de fêmur de ovelha ou caramanchão com sino de vaca e cana de
aveia, feitos por pastores. Exemplos escoceses posteriores têm uma tampa
de palheta de madeira torneada como a de uma gaita-de-foles. A maioria
são flautas duplas tocadas com um saco inflado de pele de cabra, estômago
de vaca, etc. Isso acorre iconograficamente no Oeste desde o século 14 e
hoje existem como instrumentos folclóricos do Cáucaso, regiões da Rússia
até as ilhas gregas e a norte de África.

Um resumo da surpreendente variedade de técnicas musicais resultantes de


diferentes arranjos de orifícios para os dedos nesta e em gaita de chifre
sem saco também foi tentando por Baines.

2. Gaita-de-Foles e Sanfona: Instrumentos “marginais”

Embora a gaita-de-foles e a sanfona sejam instrumentos completamente


diferentes a sua história cruzou-se por vezes. E há exemplos musicais em
que um podia substituir o outro na mesma partitura. Num interessantíssimo
estudo, Emanuel Winternitz evidencia as analogias entre estes dois
instrumentos:

 Ambos são bastantes mecanizados, do que resulta a impossibilidade


de controlar diretamente o timbre e a dinâmica.
 Ambos permitem uma emissão sonora contínua.
 Ambos acompanham a melodia através de um bordão de uma ou
mais notas.
Esta última característica, musicalmente a mais importante, é muito
antiga na Ásia, onde numerosos instrumentos a utilizam, e
desempenhou um papel de relevo no desenvolvimento da polifonia
ocidental.
Encontra-se também a presença da corda bordão (ou bordões) na lira
da braccio.

Gaita-de-foles e sanfona são de certo modo instrumentos marginais. Por


razões já expostas os dois instrumentos são casos, à parte dentro dos
grupos a que pertencem (respetivamente aerofones de palheta e cordofones
friccionados). Instrumentos populares associados a um ambiente bucólico,
em certas épocas foram alvo de grande interesse por parte da aristocracia.

3. Gaita-de-foles com ponteiro cilíndrico

Muitas gaitas de ponteiro cilíndrico começaram a ser populares a partir do


barroco, por serem excelentes instrumentos de câmara. Isso deve-se ao
fato de apresentarem um som geralmente mais doce e suave, graças ao
seu torneado assim como à palheta simples e ao lúmen cilíndrico do
ponteiro. A partir do período barroco proliferaram diferentes modelos do
instrumento, em especial na França e Alemanha. Contudo há que frisar que
existem modelos com palheta dupla no ponteiro e a sua digitação pode
variar entre o semifechado e o fechado dependendo do modelo. Grande
parte destas gaitas é insuflada por fole mecânico (de ar-frio). Muitos
modelos cilíndricos possuem ponteiro duplo.

Figura 2 – Um escocês a tocar a sua gaita-de-foles em Edimburgo

4. Ar-quente e ar-frio

Há ainda uma distinção entre as gaitas de foles, as que são insufladas por
meio do ar do músico, chamadas de ar quente por necessitarem do fôlego
do músico e as que são insufladas por um fole mecânico conhecido por
barquim chamadas de ar frio. Na verdade, essa distinção não é musical ou
morfológica, isto porque o sistema sonoro das palhetas, ainda que tendo
diferenças perante o nível de humidade de cada sistema permanece
praticamente o mesmo. Tanto é que muitos instrumentos tradicionalmente
de ar quente são encontrados munidos do fole mecânico e vice-versa. A
distinção relativa ao torneado do ponteiro e os tipos de palhetas utilizados
são muito mais relevantes para as classificações organológicas.

5. Origem

Não há certeza sobre a origem do termo gaita. De acordo com Joan


Corominas, viria de gaits (Cabra) mas muitos outros filólogos discordam
dessa teoria, inclusive defendendo a hipótese de ser uma palavra de origem
árabe. Em muitas regiões distintas, o instrumento foi batizado
simplesmente com o termo que designa o animal do qual se extrai o couro
para a sua bolsa: ghaida, gaida, gajdy, cabra etc.

6. Preocupações Médicas

Em 2014, médicos do Reino Unido descobriram que um caso fatal de


pneumonite de hipersensibilidade tinha sido provavelmente provocado por
fungos existentes dentro da bolsa, quente e húmida, da gaita-de-foles do
músico.

“Os músicos precisam estar cientes de que há riscos de que o instrumento


possa ser colonizados com bolor e fungos e isso pode estar relacionado a
doenças pulmonares graves e potencialmente fatais” Afirmou assim a Dra.
Jenny King, primeira autora do estudo sobre o assunto.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA

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