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X, 2021

RECIMA21 - REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR


ISSN 2675-6218

INDÚSTRIA 4.0 NAS ESCOLAS: UM BREVE RELATO SOBRE CURSO DE EXTENSÃO

Raul Tavares Cecatto¹, Dominique Junior Vais1, Sara Beatriz de Oliveira Duarte2, Adelmo Carlos
Ciquera Silva¹
1Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Primavera do
Leste, Mato Grosso, Brasil.

RESUMO
No decorrer da história, aconteceram três revoluções industriais, alguns teóricos da área
acreditam que a industrialização já alcançou a quarta fase. O conceito de Indústria 4.0 representa
a grande revolução industrial que estamos vivenciando. A utilização de dados digitais para a
reorganização da indústria, através da nuvem e da Internet das coisas, está transformando o
funcionamento das empresas e as relações das equipes com as máquinas. Considerando a
importância dos avanços tecnológicos para a humanidade e devido a atual pandemia, este projeto
teve como objetivo transmitir o conhecimento necessário desta nova revolução, principalmente
para os discentes de séries finais do nível médio e do ensino fundamental da Rede Pública, por
meio de um curso EAD livre, tendo como aportes teóricos diversos autores. O projeto foi
executado de forma remota. A etapa de Análise foi feita com direcionamentos de leituras tanto
sobre o objeto do curso quanto questões metodológicas (Desenho). Após discussões sobre
plataformas ficou decidido o uso do Google Business for Education. A participação planejada
desses estudantes não foi alcançada e obtive um número reduzido de concluintes do curso.
Portanto, neste decurso percebeu-se a importância da dedicação e da persistência não somente
dos tutores, como também dos tutelados.

Palavras-chave: Educação; Extensão; Curso Online; Tecnologia.

ABSTRACT
In the course of history, there have been three industrial revolutions, some theorists in the field
believe that industrialization has already reached the fourth stage. The concept of Industry 4.0
represents the great industrial revolution that we are experiencing. The use of digital data for the
reorganization of the industry, through the cloud and the Internet of Things, is transforming the way
companies work and the relationships between teams and machines. Considering the importance
of technological advances for humanity and due to the current pandemic, this project aimed to
transmit the necessary knowledge of this new revolution, especially for students in the final grades
of high school and elementary school in the Public Network, through a free distance learning
course, having as theoretical contributions several authors. The project was executed remotely.
The Analysis stage was carried out with reading directions both on the object of the course and on
methodological issues (Drawing). After discussions about platforms, it was decided to use Google

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Business for Education. The planned participation of these students was not achieved and I
obtained a reduced number of course graduates. Therefore, in this course it was noticed the
importance of dedication and persistence not only of the tutors, but also of the wards.

Keywords: Education; Extension; Online course; Technolog

INTRODUÇÃO

1 EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA
Para que se entenda o levou a chegada da indústria 4.0 é preciso contextualizar as
revoluções industriais pelas quais a sociedade passou ao longo dos séculos. A indústria ao longo
dos anos passou por diversas transformações, essas só foram possíveis pelas revoluções
industrias que aconteceram ao longo dos anos, tendo seu início no século XVII. O marco da
revolução industrial foi a mecanização das fábricas e sua modernização.
As três primeiras revoluções industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de
montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e
fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A primeira Revolução
Industrial se caracteriza pela mecanização de processos que era antes realizado por pessoas, na
verdade essa caracteriza se permeia por todas as revoluções, e pela invenção das máquinas a
vapor.
Fundamentados na extração de carvão como nova fonte de energia, foram iniciados os
modos de produção em larga escala, com a utilização de máquinas a vapor e invenção de novos
sistemas de transporte, como locomotivas – também movidas a vapor.
A segunda revolução teve a ciência como protagonista, com um avanço industrial graças
à eletricidade e o petróleo. Houve aqui um aumento da manufatura, e queda do que era artesanal,
o desenvolvimento das indústrias químicas e do aço resultaram na evolução e criação de novos
inventos como automóveis, telefones e rádios, levando a novas formas de produção como o
surgimento do Taylorismo.
A terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Tecno-Cientifica,
teve início no século XX e ficou marcada pela introdução de novidades tecnológicas, através da
utilização da energia nuclear principalmente as relacionadas a eletrônica e informática nos
processos industriais, contribuindo para um significativo ganho de produtividade (PENA, 2016).
Estes novos tipos de tecnologia possibilitaram, também, a exploração espacial e pesquisas na
área da biotecnologia. Na área industrial, a terceira revolução trouxe a invenção dos robôs e
autômatos, ou máquinas que operam de forma automática, além do modo de produção chamado
de Toyotismo (também conhecido como sistema flexível). Esta do século passado foi abrindo
espeço pro advento tecnológico, e o Taylorismo foi alterado para o Toyotismo

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A quarta revolução industrial, que terá um impacto mais profundo e exponencial, se


caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e
biológico. Também conhecida como Indústria 4.0 a quarta revolução industrial é fruto do
desenvolvimento de seus antecedentes, pois através de cada revolução há uma busca pela
inovação que desencadeia em uma nova forma de processo produtivo.
2 INDUSTRIA 4.0
Indústria 4.0 é um termo criado na feira de Hannover em 2011 para definir a disruptura
nos sistemas produtivos, transformando os modos de produção para sistemas ciberfísicos. KHAN
e TUROWSKI apud SANTOS et al (2018) afirmam que é “uma revolução habilitada pela aplicação
generalizada de tecnologias avançadas no nível da produção para trazer novos valores e
serviços.” Essa Quarta Revolução Industrial possui como pilares Automação, Comunicação
Máquina a Máquina (M2M), Inteligência Artificial, Big Data, Computação em Nuvem, Integração de
Sistemas e Segurança Cibernética SILVA et al (2020). O conceito de Indústria 4.0 representa a
grande revolução industrial que estamos vivenciando. A utilização de dados digitais para a
reorganização da indústria, através da nuvem e da Internet das coisas, está transformando o
funcionamento das empresas e as relações das equipes com as máquinas
Dentro das disrupturas trazidas por esse novo meio de produção está o ensino aberto no
qual o aprendiz é protagonista do conhecimento mediado por seus tutores. Os cursos de extensão
universitária promovem uma queda nos muros das Instituições de Ensino levando à comunidade o
conhecimento produzido na academia. Possibilita ao aluno de extensão uma busca inquietante ao
conhecimento. Pensando nisso, o projeto Indústria 4.0 nas Escolas - Edital 017/PROEX-IFMT -
surgiu do anseio dos discentes do IFMT-PDL em promover os cursos de formação profissional da
instituição à comunidade.
Alinhado ao novo cenário mundial de cuidados com a saúde e o setor industrial, o projeto
buscou desenvolver um curso livre EAD, de aperfeiçoamento educacional e profissional nas
tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 intitulado “Curso Vida e Trabalho 4.0.”
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O objetivo do projeto seguiu o modelo ADDIEM proposto por BATTESTINI (2019) por suas
similaridades e características ao MOOC.
“1. Análise (Analysis)
o Estabelecer os objetivos do curso, a justificativa, a metodologia, público-alvo, recursos
necessários etc. -> Elaborar o projeto do curso
2. Desenho (Design)
o Planejamento do curso - detalhar a metodologia, os conteúdos a serem trabalhados, as
atividades a serem desenvolvidas, a avaliação da aprendizagem. -> Elaborar o mapa de
atividades.
3. Desenvolvimento (Development)
o Construção do curso - Produção de vídeos, textos e outras mídias do curso, atividades e
avaliações - Elaborar mídias e atividades
4. Implementação (Implement)
o Configurar a sala virtual na plataforma MOOC com disponibilização dos materiais e
atividades.
o Testes pelo professor/instrutor do curso, inclusive utilizando perfil de aluno.

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5. Avaliação (Evaluate)
o Antes de iniciar o curso:
■ Avaliação pelos especialistas
■ Avaliação por revisor de português (ou da língua do curso)
■ Avaliação técnica pela Coord. Geral de Tecnologias Educacionais - CGTE
o Durante o curso, especialmente no primeiro semestre:
■ Acompanhamento do curso pelo professor/instrutor.
o Após realização do curso
■ Avaliação pelos alunos.” (BATTESTINI 2019).

O projeto foi executado de forma remota. A etapa de Análise foi feita com direcionamentos
de leituras tanto sobre o objeto do curso quanto questões metodológicas (Desenho). Após
discussões sobre plataformas ficou decidido o uso do Google Business for Education.
Para um curso que aborda a quarta revolução industrial a metodologia também deve ser
um reflexo do que essa revolução dita, por isso optou-se pelo uso de apostilas e espaços de
debates, de forma a mostrar mais amplamente o novo modo produtivo. Ficando seu
aprofundamento para que o próprio aluno o fizesse, e para isso, foram divulgados alguns canais
para fazer a ponte entre tutor e tutelado.
O levantamento de referencial teórico revelou em diversos textos certos pontos em
comum apresentados numa ordem muito similar. Com algumas leituras foi possível perceber que
a organização dos tópicos no curso deveria seguir certa narrativa. Na tabela 1 é apresentado o
cronograma do curso.

Tabela 1. Conteúdo Programático

Tema Semana
As Revoluções Industriais 1
A quarta revolução Industrial 2
Internet das Coisas 2
Educação 4.0 3
Big Data 3
Blockchain 4
Segurança Digital 4
Computação em Nuvem 5
Integração de Sistemas 5
Manufatura aditiva 6
Manufatura Digital 6
Robótica Avançada 7
Realidade Virtual 7
Encerramento 8
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

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Quanto ao desenvolvimento, “a concepção de materiais de apoio, em ambientes de


ensino/aprendizagem à distância, é mais complexa do que a mesma tarefa orientada a situações
de ensino/aprendizagem convencional” (SANTOS et al 2018) os materiais do curso foram
distribuídos em dois tipos: regulares e de apoio. O material regular foi apostilado, desenvolvido
pelos próprios extensionistas. O material de apoio se trata de fóruns, vídeos (produzidos ou não
pelos extensionistas), áudios, lives e textos de terceiros distribuídos para amparar o processo de
aprendizagem. O processo de implementação ocorreu paralelo ao de desenvolvimento.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Na perspectiva dos cursos online a análise será apresentada comparando o número de
inscritos e o número de concluintes. Dentre os inscritos que não concluíram o segundo grau,
54,72% deles não são oriundos de escolas públicas de Primavera do Leste, o que mostra que o
público alvo se diversificou do proposto (Figura 1).

Figura 1. Diversificação dos cursistas

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

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Na sétima semana do curso foi feita uma análise de entrega de atividades e percebeu-se
alto número de desistências (Figura 2). Feito o contato a fim de entender o que havia acontecido e
como poderia auxiliar no retorno às atividades do curso. Ainda foi feito um acompanhamento de 2
semanas, coincidindo com o prazo para término do envio das avaliações para emissão de
certificado.

Figura 2. Atividades entregues x Inscritos e Número de pessoas que concluíram o curso

Fonte: Elaborado pelos Autores (2021)

Percebe-se um decréscimo nas participações (Figura 2) dentre as causas ouvidas, as


complicações que a pandemia trouxe e o horário vespertino dos encontros ao vivo. Nota-se que

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mesmo entre os que participaram na primeira semana houve alta desistência. Sobre isso
TANNOUS e ROPOLI (2005) afirmam “os alunos que desejam realizar cursos a distância devem
ter um perfil que inclua responsabilidade, automotivação, participação, disciplina e perseverança.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do projeto foi contemplado parcialmente porque não atingiu a demanda
esperada de participação de discentes das séries finais e por conseguinte a inviabilização da
promoção dos cursos profissionalizantes do IFMT aos alunos da Rede Pública de Ensino da
região atendida pelo Campus Primavera do Leste. O público se estendeu para professores e
técnicos administrativos.
Cabe aqui registrar que a diversificação do público alvo não promoveu um aumento da
comunidade atendida. Houve cerca de 70 inscrições e apenas 10 receberam a certificação. O
número não é tão diferente dos cursos promovidos por outras instituições, mesmo assim é um
percentual baixo.
Em meio a pandemia de COVID-19 o projeto enfrentou algumas adversidades que
resultou em uma abordagem diferente da planejada. Os extensionistas aprenderam a usar o
Google Business for Education, a criar apostilas, produzir vídeos, planejar uma "aula", contudo
pecaram na qualidade do material em alguns momentos ou pelo excesso de elementos textuais
ou por não seguir a NBR 6023.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATTESTIN, Vanessa; Santos; Pollyana Silva. Modelo ADDIEM - Processo para criação de
cursos MOOC. Ifes, 2019. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/18xLVt7DjY4ZT6boZcjTPCSVZGnLkTXGX/view. Acesso em 18 de
dezembro de 2021

SANTOS, Beatrice Paiva et al. Indústria 4.0: desafios e oportunidades. Revista Produção e
Desenvolvimento, v. 4, n. 1, p. 111-124, 2018.

SILVA, Felipe; RESENDE, David; AMORIM, Marlene. Um estudo sobre a aplicação dos conceitos
e elementos da indústria 4.0 na produção de biomedicamentos. Revista Produção Online, v. 20, n.
2, p. 493-520, 2020.

TANNOUS, Katia; ROPOLI, Edilene. Análise dos aspectos motivacionais relacionados à evasão e
à aprovação em um curso de extensão. In: 12º Congresso Internacional de Educação a Distância
(ABED), Florianópolis, SC. 2005.

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