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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 1

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 2
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Profa. Dra. Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte


Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes
Prof. Dr. Paulo Fortes Neto
Profa. Dra. Rita do Amaral Fragoso
ORGANIZADORES

FILMES BIODEGRADÁVEIS
PARA COBERTURA
DE SOLO AGRÍCOLA

Série : Cidades Sustentáveis

Taubaté-SP | SP
2021
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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 3
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EXPEDIENTE EDITORA

edUNITAU
| Diretora-Presidente: Profa. Dra. Nara Lúcia Perondi Fortes

Conselho Editorial
| Pró-reitora de Extensão: Profa. Dra. Leticia Maria Pinto da Costa
| Assessor de Difusão Cultural: Prof. Me Luzimar Goulart Gouvêa
| Coordenador do Sistema Integrado de Bibliotecas:
Felipe Augusto Souza dos Santos Rio Branco
| Representante da Pró-reitoria de Graduação:
Profa. Ma. Silvia Regina Ferreira Pompeo Araújo
| Representante da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação:
Profa Dra. Cristiane Aparecida de Assis Claro
| Área de Biociências: Profa. Dra. Adriana Leônidas de Oliveira
| Área de Exatas: Prof. Me. Alex Thaumaturgo Dias
| Área de Humanas: Prof. Dr. Moacir José dos Santos

Projeto Gráfico
| NDG – Núcleo de Design Gráfico da Universidade de Taubaté
| Capa: Alessandro Squarcini
| Diagramação: Alessandro Squarcini
| Fotos: Acervo dos autores
| Revisão: Profa. Ma. Adriana Milharezi Abud (in memoriam)
| Impressão: Eletrônica (e-book)

Ficha Catalográfica
| Bibliotecária Ana Beatriz Ramos - CRB-8/6318

Sistema Integrado de Bibliotecas - SIBi/ UNITAU


Grupo Especial de Tratamento da Informação - GETI

F487 Filmes biodegradáveis para cobertura de solo agrícola [recurso


eletrônico] / organizado por Elizabeth da Costa Neves
Fernandes de Almeida Duarte... [et al.]. Dados eletrônicos. –
Taubaté : EdUnitau, 2021.
(Série Cidades Sustentáveis)

Formato: PDF
Requisitos do sistema: Adobe
Modo de acesso: world wide web

ISBN 978-65-89914-18-4 (on-line)

1. Técnica do Mulching. 2. Cultivos agrícolas. 3. Manejo do


solo. 4. Plantas invasoras. I. Fortes, Nara Lucia Perondi (org.). II.
Fortes Neto, Paulo (org.). III. Fragoso, Rita do Amaral (org.). IV.
Título.

CDD – 631.451

Índice para Catálogo sistemático

Técnica do Mulching – 631.451


Cultivo agrícolas – 630
Manejo do solo – 631.4
Plantas invasoras – 631.5

Copyright © by Editora da UNITAU, 2021 ______________________________________________


Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistema eletrônico,
Série: fotocopiada,
Cidades Sustentáveis
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor.
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COMITÊ EDITORIAL

Eduardo Sonnewend Brondizio


Indiana University Bloomington

Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte


Universidade de Lisboa

Nelson Wellausen Dias


Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Rita do Amaral Fragoso


Universidade de Lisboa

Silvio Jorge Coelho Simões


Universidade Estadual Paulista

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PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS


(PPCA) - ACADÊMICO E PROFISSIONAL

Coordenador Geral
Prof. Dr. Marcelo dos Santos Targa

Coordenadora Adjunta do PPCA - Acadêmico


Profa. Dra. Ana Aparecida da Silva Almeida

Linha de Pesquisa 1:
Composição e Processos Estruturantes de Bacias Hidrográficas

Coordenador Adjunto do PPCA - Profissional


Prof. Dr. Paulo Fortes Neto

Linha de Pesquisa 1:
Composição, Estrutura e Processos do Ambiente Natural

Linha de Pesquisa 2:
Transformação e Construção do Ambiente Humano

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PREFÁCIO
Foi uma surpresa agradável e honrosa o meu colega

Professor Doutor Paulo Fortes Neto ter-me convidado para escrever o

Prefácio do livro “Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo

Agrícola” obra da qual é coordenador. Acedi ao convite, tendo

solicitado apenas que me fosse concedido algum tempo para a sua

leitura, o que fiz com um enorme prazer sentindo a responsabilidade

que a elaboração do mesmo comportava.

Sendo uma das funções essenciais do Prefácio de qualquer

obra introduzir os leitores na sua leitura, motivando para a mesma,

devo dizer-vos que alguns dos temas presentes, tratados neste livro,

são de uma grande atualidade, dado que aborda práticas que visam a

mudança de filmes convencionais para filmes biodegradáveis

constituindo um desafio complexo, envolvendo componentes técnico-

científicas, comerciais e socioeconómicas. Trata-se, portanto, de

questões pertinentes tanto no domínio da agricultura e do ambiente.

Compreende-se assim que o título se possa considerar muito

“apelativo”, pois espelha claramente as preocupações de todos

aqueles que aceitam as conclusões da ciência atual.


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Dividido em seis capítulos, com diferentes autores, onde o

coordenador (e também autor), procurando um indicador comum à

obra, não deixou de solicitar a colaboração daqueles que entendeu, e

penso que bem, seriam os mais indicados para abordar em coautoria

cada um dos seguintes capítulos:

No Capítulo 1 a aborda-se “A cobertura do solo (mulching)

com filme biodegradável e plástico na produção de hortaliças e

frutas” com a apresentação geral e dados, sobre a mesma; no Capítulo

2 “A experiência Luso-Brasileira na utilização de filmes de coberturas

biodegradáveis na produção horto-frutícola” realça-se a temática dos

filmes de cobertura biodegradável, a sua atualidade e a sua

importância, dando um enorme contributo para tornar a atividade

agrícola mais sustentável, e dinamiza-se a promoção dos contatos

estabelecidos com o meio empresarial na ótica da transposição de

barreiras através da transferência de conhecimento técnico-científico

para outros contextos e mercados fora da Europa; Capítulos 3 e 4

“Rendimento do pimentão (Capsicum annum L) cultivado com

coberturas de filme biodegradável, polietileno e casca de arroz” e

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“A cobertura do solo com filme biodegradável no cultivo

da alface (Lactusa sativa)” agregam informação dos dados

experimentais desenvolvidos que permitem concluir que o filme

biodegradável apresentou a mesma eficiência do polietileno quanto

ao rendimento dos frutos do pimentão e na redução das plantas

invasoras com as vantagens associadas à redução dos impactos

ambientais associados à gestão de resíduos de difícil degradação;

Capítulo 5 “Comparação de metodologias para quantificar a

biodegradação de filmes biodegradáveis em diferentes tipos de

solo” reflete com grande profundidade a importância do

desenvolvimento de metodologias para aferir a cinética de

biodegrabilidade dos filmes biodegradáveis no solo- um sistema

complexo e frágil; Capítulo 6 “Emissão de CO2 e biomassa microbiana

em solos sob cobertura com filme biodegradável, polietileno e casca

de arroz” abrem-se novos desafios onde se destaca o papel da

incorporação do filme biodegradável para estimular o

desenvolvimento de comunidades microbianas imobilizadoras e

mineralizadoras de carbono orgânico no solo.

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Como conclusão pode-se afirmar com confiança que este

caminho será aquele por onde o futuro irá passar, com maior ou

menor velocidade, indiferente ao querer ou ao crer, de cada cidadão.

Tenho grande admiração pela trajetória de superação e

sucesso de meu Colega e Amigo Paulo Fortes Neto. Ele é Doutor em

Solos e Nutrição de Plantas pela prestigiada Escola de Agricultura Luíz

de Queiroz, Universidade de São Paulo, ESALQ, Brasil; Mestre em

Microbiologia Agricola e do Ambiente, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul Federal, UFRGS, Brasil e Graduado em Agronomia pela

Universidade de Taubaté, UNITAU, Brasil.

A vasta experiência académica profissional do autor faz dele

uma referência quando o tema é aperfeiçoamento pessoal, com

estímulos de como procurar as motivações certas. Envolvendo a

sociedade na ciência tem-lhe permitido tornar os processos de

produção de conhecimentos mais eficientes, bem como aumentar a

sua relevância e impacto. O Professor Paulo Fortes Neto tem

fundamentado a sua atividade profissional criando condições para

tornar realidade a colaboração estreita entre a sociedade e a

comunidade científica na busca conjunta de soluções para os desafios

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societais. Fá-lo de uma forma colaborativa e aberta, abordando os

problemas de forma transnacional, sem paredes. As grandes questões

do nosso tempo não têm nacionalidade. Neste livro, ele trata temas

pertinentes para quem deseja alcançar o sucesso académico e

profissional, mostrando que é necessário ir além do querer – é preciso

primeiro reinventar, reaprender e reorganizar a própria mente para

depois vencer. O livro reúne ainda estratégias metodológicas para

reforçar a aprendizagem e o desafio da investigação aplicada, que

levam o leitor a refletir sobre o próprio potencial de realização.

Reconheço na obra de Paulo Fortes Neto princípios que

nortearam a minha vida, logo no início do meu percurso académico,

que me auxiliariam no caminho da inovação e da transferência de

conhecimento para o setor empresarial e social. Envolver instituições,

comunidades e cidadãos de diversos países permite aumentar o

impacto social do conhecimento, multiplicando o seu impacto. Juntos

chegaremos mais longe que separados, vale a pena considerar. A

capacidade de tomar as decisões corretas, de crer no seu potencial de

realizá-las e de trabalhar intensamente até conquistar suas metas é o

que define sua vida. As pessoas que admiramos são as que

conquistaram seus objetivos de vida. Já as pessoas frustradas são

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aquelas que deixaram os sonhos no mundo das ilusões. As suas

realizações são o maior presente que você pode deixar para a

humanidade, pois as suas riquezas criarão mais riquezas para todos.

Deixe que a sua generosidade crie oportunidades para que os outros

sejam mais felizes. Eu acredito que existe um segredo comum a todas

as pessoas de sucesso: elas ajudam outras pessoas, resolvem

problemas, motivam, encontram soluções para os obstáculos dos

outros, e assim transformam vidas e também o mundo. É por isso que

Paulo Fortes Neto, além de um amigo querido, é um profissional que

admiro muito. Desde o primeiro contato com o trabalho dele, vi

quanto é dedicado ao desenvolvimento de pessoas e comprometido

com seus alunos, pesquisadores e colegas partilhando todo o seu

saber e experiência de um modo tão natural que nos motiva e desafia

para abraçar novas rotas do conhecimento. Apaixonado por fazer

acontecer grandes revoluções na vida dos diferentes atores do mundo

académico, tocando em cada dia a existência de quem tem o privilégio

de ser seu aluno de licenciatura, mestrado ou doutoramento ou dos

pesquisadores que integram os inúmeros projetos de investigação

nacionais e internacionais que lidera. Um trabalho como o do Paulo

traz mudanças profundas na nossa sociedade, mostrando às pessoas

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que mudar é possível e ensinando a confiança inabalável nos

resultados que podem ser obtidos.

Este livro segue a mesma linha do trabalho desenvolvido por

ele há mais de trinta anos, para tornar realidade o “vencedor” que

existe dentro das pessoas. Como ele mesmo diz, “tem poder quem

age”, e esta obra é um convite para todos nós agirmos agora. O papel

dos filmes biodegradáveis numa Agricultura Circular já não é um

sonho, uma utopia. É uma realidade em andamento e se for para

alguns um sonho, recordemos o que o poeta Gedeão* também dizia,

“sempre que um homem sonha o mundo pula e avança” e, como

alguém já disse “os Filmes Biodegradáveis como cobertura do solo

“tem Futuro e o Futuro é Hoje.

Ao ler esta obra inspiradora, lembrem-se de que o sucesso

acontece quando a preparação encontra a oportunidade. Prepare-se

para uma transformação de paradigma mental que vai mudar

completamente o curso da sua vida académica e profissional.

Boa leitura.

Profa. Dra. Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte

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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 15
A cobertura do solo (mulching) com filme biodegradável e plástico
na produção de hortaliças e frutas
Paulo Fortes Neto, Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida
Duarte, Nara Lucia Perondi Fortes, Leandro Bras Camilo

CAPÍTULO 2 44
A experiência Luso-Brasileira na utilização de filmes de coberturas
biodegradáveis na produção horto-frutícola
Raquel Alexandra Cardoso Costa, Artur Saraiva, Eliana Maria Araújo
Marinao Silva, Paulo Fortes Neto, Nara Lucia Perondi Fortes, Elizabeth
da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte

CAPÍTULO 3 64
Rendimento do pimentão (Capsicum annum L) cultivado com
coberturas de filme biodegradável, polietileno e casca de arroz
Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte, Raquel
Alexandra Cardoso Costa, Artur Saraiva, Paulo Fortes Neto, Nara
Lucia Perondi Fortes, Augusto Marques Graciano

CAPÍTULO 4 81
A cobertura do solo com filme biodegradável no cultivo da alface
(Lactusa sativa)
Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de Souza, Nara Lucia Perondi
Fortes, Paulo Fortes Neto, Artur Saraiva, Raquel Alexandra Cardoso
Costa, Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte

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CAPÍTULO 5 115
Comparação de metodologias para quantificar a biodegradação de
filmes biodegradáveis em diferentes tipos de solo
Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte, Artur
Saraiva, Raquel Alexandra Cardoso Costa, Paulo Fortes Neto, Nara
Lucia Perondi Fortes, Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de Souza

CAPÍTULO 6 139
Emissão de CO2 e biomassa microbiana em solos sob cobertura
com filme biodegradável, polietileno e casca de arroz
Nara Lucia Perondi Fortes, Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de
Souza, Paulo Fortes Neto, Artur Saraiva, Raquel Alexandra Cardoso
Costa, Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte, Alana
Cristina de Oliveira

ÍNDICE REMISSIVO 157

SOBRE OS AUTORES 161

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CAPÍTULO 1

A cobertura do solo (mulching) com filme


biodegradável e plástico na produção de hortaliças e
frutas
1
Paulo Fortes Neto, 2Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida
Duarte, 1Nara Lucia Perondi Fortes, 3Leandro Bras Camilo

RESUMO

A descoberta e o desenvolvimento do polímero de


polietileno (PE) nos finais dos anos 30, e sua subsequente introdução
no início dos anos 50 na agricultura sob a forma de filmes de plástico
na cobertura do solo e estufas, na tubagem e na fita de irrigação,
revolucionou a produção comercial de muitas hortaliças e frutíferas.
Isso permitiu antecipar e aumentar as produções, obter produtos
limpos e de elevada qualidade, usar de forma mais eficiente os
recursos hídricos, reduzir a lixiviação de nutrientes, reduzir a erosão

1
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua
4 de março, 432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.br

2
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

3
Discente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua
4 de março, 432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270

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do solo, melhorar o controle de pragas e doenças, reduzir problemas


com plantas invasoras e a compactação do solo. Apesar dessas
vantagens, o plástico tem como inconveniente o seu destino final,
pois na maioria dos casos ele é queimado ou fragmentado e
misturado com o solo. Assim, a utilização de cobertura do solo com
filme biodegradável poderá ser uma alternativa para solucionar o
problema do destino final do plástico de polietileno (PE), pois
estudos realizados na Europa pelo Projeto Europeu FP7
“Development of enhanced biodegradable films for agricultural
activities” e no Brasil pelos Projeto Agrisus 1351/2014 “Avaliação do
bioplástico como cobertura do solo para cultivo agrícola” e Projeto
Agrisus 2053/2017 “Macrofauna do solo em áreas de hortaliças
cultivadas sobre plantio direto e cobertura com bioplástico”,
constataram que o filme biodegradável apresentou a mesma
produtividade e qualidade obtida com o filme de polietileno e ainda
teve como vantagem a possibilidade de ser incorporado e
degradado pelos microrganismos do solo.

INTRODUÇÃO

No ano de 2018 foram produzidos no mundo cerca de 366

milhões de toneladas de plásticos, desse montante 17,5% são

utilizados na agricultura como sacos, bandejas, recipientes

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reutilizáveis, filmes agrícolas e embalagens para alimentos (ABIPLAST,

2019; PLASTIC EUROPE, 2019).

Na Europa em 2011 foram utilizados na cobertura do solo

(mulching) cerca de 545.000 t, desse total 6.600 t foi consumido

pelos países nórdicos, 20.000 t pela Alemanha, 9.000 t pela Benelux

(Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo), 5.700 t pelo Reino Unido,

35.000 t pela Espanha, 28.600 t pela Itália, 8.000 t pela França e 4.500

t por Portugal (CONSÓRCIO AGROBIOFILM, 2013).

Devido ao aumento no uso de plástico de polietileno na

agricultura o meio técnico vem questionando sobre o seu destino

final, pois na maioria das propriedades rurais o plástico é queimado

com os restos culturais e/ou fragmentado e misturado com o solo.

Nesse sentido a utilização da cobertura do solo com filme

biodegradável poderá ser uma alternativa para solucionar o

problema de destinação final do plástico de polietileno, pois estudos

realizados pelo Projeto Europeu FP7 “Development of enhanced

biodegradable films for agricultural activities”, Projeto Agrisus

1351/2014 “Avaliação do bioplástico como cobertura do solo para

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cultivo agrícola” e Projeto Agrisus 2053/2017 “Macrofauna do solo

em áreas de hortaliças cultivadas sobre plantio direto e cobertura

com bioplástico” constataram que o filme biodegradável apresentou

a mesma produtividade e qualidade obtida com o plástico de

polietileno e ainda teve como vantagem a possibilidade de ser

incorporado e degradado pelos microrganismos do solo.

DESENVOLVIMENTO

-Filme plástico na cobertura do solo

Com o advento da produção do polietileno (PE) em 1933 e

do cloreto de polivinila (PVC) em 1941 iniciaram-se as pesquisas para

utilização destes filmes plásticos na cobertura do solo para o cultivo

de hortaliças, flores e frutíferas (SPICE, 1959, GARNAUD, 1974,

NESMITH et al., 1992).

A utilização e comercialização de plásticos para cobertura de

solo teve início no Japão em 1951 com o uso do filme plástico de

PVC e na Europa a introdução ocorreu na década de 60 (LIAKATAS et

al., 1986, SGANZERLA, 1991). No Brasil, essa técnica só ganhou

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repercussão no início dos anos 70 com a utilização de polietileno na

cultura do morango em São Paulo.

O polímero plástico mais utilizado como cobertura de solo

na agricultura é o polietileno de baixa densidade e isto é devido ao

seu baixo custo, fácil manuseio, boas propriedades mecânicas e

particularmente a elasticidade (GRACI et al., 2008). O polietileno é

uma resina termoplástica obtida a partir do etileno polimerizado a

altas pressões. É um material flexível, impermeável e inalterável à

água, não apodrece nem é atacado por microrganismos

(VALENZUELA e GUTIÉRREZ, 1999).

Os filmes plásticos utilizados na cobertura do solo estão

disponíveis no mercado com diferentes colorações: preto, branco,

cinza, verde, marrom, amarelo e prateado (dupla-face) e são

disponíveis no mercado e são utilizados com diferentes objetivos na

agricultura. De acordo com a coloração, opacidade ou transparência,

o plástico apresenta maior ou menor capacidade de transmitir

radiações caloríficas e visíveis sendo que a escolha da cor vai

depender das condições climáticas (SGANZERLA, 1997).

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O desenvolvimento da planta está diretamente relacionado

com a temperatura. Todas as culturas apresentam para cada fase

fenológica, uma temperatura ótima que possibilita expressar o seu

potencial (YURI et al., 2012). Além de favorecer o desenvolvimento

das plantas as temperaturas mais elevadas dos solos com cobertura

plástica e o teor de umidade constante favorecem a maior

mineralização do nitrogênio orgânico, aumentando a disponibilidade

deste nutriente para as plantas nas camadas mais superficiais do solo

(SAMPAIO et al., 1999). Assim, as condições de temperatura e

umidade criadas no solo proporcionam economia de fertilizantes

pela maior disponibilidade de nutrientes no solo. De acordo com

LÓPEZ e HERNÁNDEZ (2004), estudando a influência da cobertura

plástica na produção de pimenta malagueta quanto à umidade e à

fertilidade do solo, observaram que os solos cobertos com plástico

apresentaram tensões de umidade do solo menores que os solos

descobertos, uma vez que a cobertura plástica reduz a evaporação

de água no solo, evita a lixiviação de fertilizantes, produtos químicos

e a erosão do solo (RAMAKRISHNA et al., 2006). Como a cobertura é,

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geralmente, acompanhada pelo sistema de irrigação por

gotejamento, há também uma redução no consumo de água

utilizada durante a irrigação das culturas (CARVALHO, 2012).

A utilização de filmes plásticos para cobertura de solo em

culturas agrícolas apresenta várias vantagens, tais como: uma maior

produção, maior precocidade e um controle mais eficiente das

plantas invasoras (GREEN et al., 2003). A cobertura do solo com filme

plástico nas mais variadas culturas, visa aumentos na qualidade e no

rendimento dessas culturas. Em cucurbitáceas vários resultados

foram encontrados quanto à produtividade e qualidade de frutos

(MIRANDA et al., 2003, MEDEIROS et al., 2007), número, peso médio

e produtividade de frutos comerciáveis (ARAÚJO et al., 2003),

maiores teores de sólidos solúveis totais (CÂMARA et al., 2007) e

precocidade de colheita do melão (CANTAMUTTO et al., 2000). Na

cultura do pepino foram observadas maior precocidade de colheita e

aumento da massa seca (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2008). No

morangueiro têm sido constatados aumentos no rendimento e maior

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desenvolvimento dos frutos (OLIVEIRA e SCIVITTARO, 2009; KIKAS e

LUIK, 2011; YURI et al., 2012).

O controle mais eficiente das plantas invasoras pode ser

alcançado, se o filme plástico cobrir totalmente o solo durante a

maior parte da cultura (MINUTO et al., 2008), pois quando da

instalação da cultura as plantas partem em vantagem ao serem

transplantadas em relação às plantas invasoras que ainda necessitam

de radiação solar para germinarem. A germinação das plantas

invasoras é assim inibida visto que a cobertura do solo com plástico

de cor negra reduz a radiação transmitida (IBARRA et al., 2001). A

cobertura do solo com plástico inibe o desenvolvimento das plantas

invasoras na entrelinha e reduzem a aplicação de herbicidas e a

capina manual durante o desenvolvimento das culturas (McCRAW e

MOSTES, 2007).

A cobertura do solo tem também impactos positivos na

compactação do solo, pois torna-o mais solto, friável e bem arejado.

Favorecendo dessa forma a oxigenação das raízes e a atividade

microbiana durante a ciclagem dos nutrientes no solo (GRACI et al.,

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2008). A cobertura plástica faz com que os frutos se apresentem mais

limpos, uma vez que ficam em cima do plástico e não entram em

contato com solo, diminuindo tanto os problemas da sujidade dos

frutos, como a incidência de doenças (McCRAW e MOSTES, 2007).

As desvantagens do uso de filmes plásticos como cobertura

de solo estão relacionadas com a sua origem, pois a matéria-prima

utilizada na sua produção é proveniente de fonte não renovável e

também com o seu destino final, pois após o uso os agricultores têm

dificuldades em dar um destino adequado ao plástico remanescente

(MORENO e MORENO, 2008). Isto ocorre porque existe um desajuste

entre o curto período de tempo durante o qual as culturas

necessitam do plástico e a enorme longevidade que o polietileno

tem no ecossistema (MARTIN-CLOSAS et al., 2008). O polietileno é

um material que não se degrada naturalmente, tornando necessária

sua remoção após a finalização do ciclo cultural e posterior

recondução dos resíduos removidos para uma estação de reciclagem

ou para aterro sanitário, acarretando custos consideráveis ao

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processo de produção, refletindo-se no preço final dos produtos

(BONHOMME et al., 2003).

O processo de remoção do plástico é um trabalho difícil e

por melhor executado que seja acaba sempre por deixar resíduos

espalhados no campo, pois à medida que o plástico vai sendo

removido parte do material acaba sempre por rasgar e dar origem à

formação de fragmentos com várias dimensões (CARVALHO et al.,

2012).

A acumulação desse tipo de resíduos no solo ao longo de

várias décadas de utilização pode dar origem a contaminações

irreversíveis no solo, ameaçando a segurança dos produtos

alimentares produzidos nesses terrenos (BRIASSOULIS, 2006).

-Filme biodegradável na cobertura do solo

Desde o início dos anos 60 que se estudam novas

coberturas de solo como possível alternativa ao polietileno

(LAMONT, 1993). Os primeiros filmes biodegradáveis surgiram como

polímeros tendo como base o amido (OTEY e WESTOFF, 1980). No

entanto, os filmes biodegradáveis assim obtidos tiveram, até a


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década de 90, problemas de estabilidade química (CHU e

MATTHEWS, 1984).

Na década de 90, com a problemática do constante

aumento do consumo de energia para produção e transporte de

alimentos, o progressivo aumento das emissões de CO2 para a

atmosfera e o crescente acúmulo de resíduos plásticos no meio

ambiente fizeram a sociedade despertar para a necessidade de uma

produção baseada em matéria-prima biodegradável (MARTÍN-

CLOSAS e PELACHO, 2011).

A união europeia (UE) defendeu que a alternativa aos

materiais não degradáveis seria um polímero que tivesse na sua

produção materiais biodegradáveis e de origem renovável (THE

PLASTICS PORTAL, 2012). Alguns desses materiais foram celulose

(proveniente da madeira), óleos vegetais, açúcar e amido. Esses

materiais deram origem a polímeros mais tarde denominados de

plásticos “bio-based” ou mais genericamente “biopolímeros” ou

“bioplásticos”. Os dois últimos termos geraram alguma confusão

porque foram usados, muitas vezes, sem critério para descrever o

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material usado na produção desses polímeros quanto à fonte do

material (renovável ou não) ou a sua funcionalidade (biodegradável

e/ou possibilidade de ser compostado). Muitos desses materiais

apresentaram uma elevada biodegradabilidade quer por ação da

radiação solar quer pela ação de microrganismos, pois quando

incorporados ao solo se biodegradaram completamente em menos

de um ano.

Essa característica de se biodegradar no ambiente,

proporciona ao bioplástico uma vantagem em relação ao plástico,

pois não é necessária a sua remoção do campo e podem

(dependendo do material constituinte) ser incorporado no solo e

fornecer nutrientes para as plantas. O material em si tem um custo

elevado, mas tem a vantagem de eliminar as etapas de remoção e

tratamento de resíduo e ainda manter a fertilidade do solo

(BERLUNG, 2006).

Dos diversos estudos realizados na área, surgiram

biopolímeros como os derivados de amido termoplástico, Mater-

Bi®, PLA (polilactato), PBAT (polibutileno adipado tereftalado) da

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 27
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marca Ecoflex® e PHA (polihidroxialcanoato) da Biopol® (BASTIOLI,

1998; MARTÍN-CLOSAS E PELACHO, 2011). Estes biopolímeros são

formados na natureza, sendo que na sua síntese estão geralmente

enzimas catalíticas e reações de polimerase que, em geral, formam-

se dentro das células por processos metabólicos complexos

(CHANDRA e RUSTGI, 1998).

Ao serem usados são biodegradados rapidamente no solo,

devido à ação dos microrganismos como bactérias e fungos, tendo

como resultado a liberação de dióxido de carbono, metano, água e

biomassa (BASTIOLI, 1998, SCHETTINI et al., 2007).

O Mater-Bi® é um biopolímero derivado de amido que

possui uma estrutura natural formada por cadeias linerares de

amilose e cadeias ramificadas de amilopectinas.

A produção deste material, implica uma ruptura da

estrutura original da molécula de amido e sua posterior reordenação

em complexos de estruturas entre amiloses e moléculas naturais, que

aumentam a resistência à água e originam mudanças na estrutura

mecânica do amido (CORDEIRO, 2011).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 28
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Dentre os vários tipos disponíveis de filmes biodegradáveis

do consórcio AGROBIOFILM tem-se o produto CF04P, com nova

formulação à base de Mater-Bi® que tem a mesma matriz de amido

de outros produtos já existentes como NF01U e NF803P, mas difere

quanto à composição química e conteúdo em materiais renováveis.

Enquanto a gama NF tem cerca de 50% de poliésteres

biodegradáveis, a gama CF tem mais de 50% de polímeros

biodegradáveis, uma vez que as suas fontes renováveis são à base de

óleos vegetais. Quimicamente, a matéria-prima do CF04P é um co-

co-co copoliéster alifático/aromático com amido de milho

(CONSÓRCIO AGROBIOFILM, 2013). A biodegradibilidade do Mater-

Bi® está de acordo com a norma europeia da compostagem (EN

13432) (KYRIKOU e BRIASSOULIS, 2007).

As primeiras tentativas de produzir um filme biodegradável

para cobertura de solo datam de 1972 e os testes foram efetuados

na cultura do melão. Mais tarde, a fim de se obter um filme para

cobertura de solo parcialmente biodegradável, o polietileno foi

misturado com amido. Depois um filme para cobertura de solo foi

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 29
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desenvolvido a partir da mistura de nutrientes para as plantas com

um polímero solúvel em água, contendo álcool polivinílico, ureia e

amido (Plastigone® e Biolan®), e foi, provavelmente, o primeiro

filme de cobertura biodegradável, apesar dos filmes de celulose

(Ecopac®) estarem entre os materiais de cobertura do solo, porém

ainda não tinham sido testados em condições de campo (MARTÍN-

CLOSAS e PELACHO, 2011).

No início dos anos 90, estudos com termoplásticos

derivados de hidratos de carbono apresentaram novas

oportunidades em termos de materiais biodegradáveis para utilizar

na cobertura de solo. Novos materiais biodegradáveis à base de

amido termoplástico foram obtidos e comercializados sob a marca

Mater-Bi® e foram, também, sugeridas algumas gamas para a

fabricação dos biofilmes (BASTIOLI, 1998).

Os estudos referentes ao uso agrícola do filme

biodegradável como cobertura de solo têm sido realizados na

Europa desde o final dos anos 90 e têm como objetivo verificar a

biodegradabilidade no solo e avaliar a eficiência do bioplástico sobre

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 30
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a umidade, temperatura e lixiviação de nutrientes no solo, o controle

de doenças, pragas e plantas invasoras, a precocidade das colheitas,

a produtividade e composição química das plantas (OLSEN e

GOUNDER, 2001; MORENO e MORENO, 2002; QUEZANDA et al.,

2003; WANG et al., 2004; NGOUAJIO et al., 2008; MINUTO et al.,

2008; KASIRAJAN e NGOUAJIO, 2012).

A biodegradação do filme biodegradável ocorre porque o

amido presente na sua composição química é utilizado como fonte

de energia e carbono pelos microrganismos do solo. O processo de

decomposição ocorre por meio das seguintes etapas: (1) quebra dos

compostos de carbono em pequenas moléculas devido a secreção

de enzimas e/ou pela ação do meio ambiente (temperatura, umidade

e luz solar); (2) absorção e transporte de pequenas moléculas para

dentro das células dos microrganismos; e (3) a oxidação das

pequenas moléculas no interior das células microbianas em CO2,

água e calor (ASTM 2004; KYRIKOU e BRIASSOULIS, 2007; SIVAN,

2011; KASIRAJAN e NGOUAJIO, 2012).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 31
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A biodegradação do filme biodegradável é influenciada

pela temperatura, umidade, fertilidade, matéria orgânica do solo e as

condições climáticas da região, talvez essas variáveis interagindo em

conjunto ou isoladas sejam responsáveis para explicar os diferentes

resultados verificados nos estudos de campo realizados por diversos

autores (OLSEN e GOUNDER, 2001; MORENO e MORENO, 2002;

WANG et al., 2004; LOPEZ et al., 2007). Olsen e Gounder (2001)

utilizando filme biodegradável na cobertura do solo para a produção

de hortaliças na Espanha constataram que 20% do filme foi

degradado em 33 dias no verão, 38 dias na primavera, 56 no outono

e 83 dias no inverno. Lopes et al (2007) estudando o cultivo do

melão em uma região mediterrânea da Espanha, constataram que o

filme levou cerca de 6 meses para se decompor após ser incorporado

ao solo. Já Mirshekari et al. (2012) avaliando a eficiência da cobertura

do solo com filme biodegradável e polietileno na produção de milho

doce em uma região com elevada temperatura e umidade no Irã,

constataram que 50% do filme foi degradado em 56 dias após ter

sido utilizado para revestir o solo.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 32
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Em relação ao teor de matéria orgânica no solo, Saraiva et

al. (2012) constataram que a biodegradabilidade do filme

biodegradável e do polietileno não apresentaram diferença

significativa em solos com 1% de matéria orgânica, por outro lado,

Barragán et al. (2010) observaram elevadas taxas de biodegradação

do bioplástico em solos com teores de matéria orgânica acima de

3,9%.

Quanto à qualidade agronômica os resultados referentes à

produtividade de frutos e hortaliças verificados com cobertura de

filmes biodegradável são similares aos observados quando se

utilizam plásticos de polietileno na cobertura de solo. Esse

comportamento foi constatado com várias culturas, tais como o

tomate de indústria (MARTÍN-CLOSAS et al., 2003; ARMÉNDARIZ et

al., 2006; MARTÍN-CLOSAS et al., 2008), tomate fresco e de estufa

(CANDIDO et al., 2006; MORENO e MORENO, 2008; NGOUAJIO et al.,

2008; MORENO, MORENO e MANCEBO, 2009; ANZALONE et al.,

2010), pimentão (OLSEN e GOUNDER, 2001), melões (CANDIDO et

al., 2006; LÓPEZ et al., 2007; FILIPPI et al., 2011), e pepinos (WEBER,

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 33
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2000), morangos (SCARASCIA-MUGNOZZA et al., 2006; BILCK et al.,

2010), couve-flor (MAGNANI et al., 2005), alface (MINUTO et al.,

2008) e batata-doce (LEE et al., 2009).

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o filme biodegradável apresentou a

mesma produtividade e qualidade obtida com o plástico de

polietileno, a vida útil do filme se ajustou ao ciclo da cultura e ainda

teve como vantagem a possibilidade de ser incorporado e

biodegradado pelos microrganismos do solo.

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CAPÍTULO 2

A experiência Luso-Brasileira na utilização de filmes de


coberturas biodegradáveis na produção horto-frutícola
1
Raquel Alexandra Cardoso Costa, 1Artur Saraiva, 2Eliana Maria Araújo
Marinao Silva, 2Paulo Fortes Neto, 2Nara Lucia Perondi
Fortes, 3Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte

RESUMO

As exigências do mercado e o enorme desajuste entre o

curto período de tempo durante o qual as culturas necessitam do


filme de cobertura e a longevidade do filme tradicional de
polietileno, abriram a oportunidade para em 2010 se desenvolver o

projeto Europeu AGROBIOFILM. Este projeto veio quebrar barreiras e


trazer de volta ao debate público a aplicação dos filmes de

coberturas biodegradáveis em Portugal, Espanha e França. Para além

1
Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa –
Portugal raquelcosta@isa.ulisboa.pt, artursaraiva@isa.ulisboa.pt

2
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua
4 de março, 432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.com.br

3
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 45
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do desempenho agronômico, fundamental para a sua

competitividade, foram determinadas características como a

permeabilidade ao vapor de água e a biodegradação no solo. Desde


o final do projeto e da validação da sua utilização, o Agrobiofilm®
passou a ser aplicado comercialmente e já foi testado e comprovado

o seu desempenho para culturas tão diversas como: morango,

pimentão, alface, videira entre outros. O projeto teve uma grande


repercussão, despertando interesses no Brasil, onde deu origem ao
projeto Agrisus - Avaliação de bioplástico como cobertura de solo
para o cultivo agrícola, em 2014, continuando assim, a investigação
dos filmes biodegradáveis nas condições edafoclimáticas do Brasil

onde já foi validado o seu uso em alface, tomate, abobrinha,


morango e pimentão. Em 2015 o projeto Proder FilmAgRega deu um
passo à frente, testando o efeito combinado dos filmes

biodegradáveis com diferentes práticas de irrigação, avaliando a


melhor relação custo-eficiência para as culturas do pimentão e
tomate. Em 2017 um novo projeto Agrisus, no Brasil, dando
continuidade à investigação está a estudar A Macrofauna do solo em

áreas de hortaliças cultivadas sobre plantio direto e cobertura com


bioplástico de forma a perceber o efeito das coberturas no solo e as
suas consequências na dinâmica da comunidade da macrofauna

associada às características do solo.

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INTRODUÇÃO

O uso de filmes de plástico, tradicionalmente de polietileno

(PE) como cobertura de solo está largamente disseminado em

horticultura, especialmente em frutas e hortaliças de elevado valor

acrescentado. No entanto, na utilização desses filmes estão

associados os impactos ambientais negativos e os reconhecidos

problemas de sustentabilidade. A mudança de filmes convencionais

para biodegradáveis constitui um desafio complexo, que envolve

componentes técnicos, comerciais e socioeconômicos. (SARAIVA e

DUARTE, 2016).

O filme de polietileno tem uma duração estimada de 100

anos, enquanto a necessidade de utilização desse material nas

culturas é de apenas alguns meses ou poucos anos (culturas

perenes), assim existe uma inadequação relativamente ao uso desse

material que constitui um risco ambiental.

Nesse contexto, de 2010 a 2013, desenvolveu-se o projeto

Europeu FP7 AGROBIOFILM. Esse projeto trouxe de volta ao debate

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público os filmes biodegradáveis e foi percursor de outros trabalhos

de disseminações no sentido de divulgar a utilização desses filmes.

O projeto teve como objetivo:

- Testar a utilização de uma cobertura de solo

biodegradável (Agrobiofilm®) em substituição do convencional PE

ou do solo sem cobertura para diversas culturas e em diferentes

condições edafoclimáticas;

-Conhecer as interações da metodologia de condução da

irrigação com o filme e o seu impacto na cultura;

-Avaliar a biodegradação dos filmes em diferentes tipos de solos.

DESENVOLVIMENTO

O projeto Europeu FP7 AGROBIOFILM teve origem no

consórcio constituído por empresas nacionais e internacionais

(SILVEX, BIOBAG e ICSE) tendo sido coordenado pela empresa

Portuguesa SILVEX, Universidades e Centros de Investigação (ISA-

ULisboa, AARHUS UNIVERSITY ADESVA e IATE/UM2) e utilizadores

finais (Hortofrutícolas Campelos, Olivier Mandeville e Explotaciónes

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Agrarias Garrido Mora). O projeto Agrobiofilm® testou uma solução

alternativa e abriu caminho para a substituição dos filmes em

plástico convencional por filmes biodegradáveis, tendo sido

superadas algumas das barreiras técnicas que impediam a utilização,

em larga escala dos filmes de cobertura biodegradáveis. Os ensaios

realizados permitiram aprofundar o conhecimento das características

do material, metodologias de utilização, efeito no desenvolvimento

das culturas, bem como as condições e o período de tempo

necessário para a biodegradação dos filmes levando à minimização

dos impactos ambientais das atividades agrícolas. Ao longo de 3

anos foi avaliado o desempenho dos filmes biodegradáveis em

culturas de ciclo curto (melão e pimentão), ciclo longo (morango) e

culturas perenes (videira). Em Portugal os ensaios foram realizados

na região do Ribatejo em que o clima, é classificado como sendo do

tipo Csa, clima temperado com verão quente e seco na classificação

de Köpen (1936). Este projeto trouxe de volta ao debate público os

filmes biodegradáveis, tendo sido testadas diferentes cores,

espessuras e formulações, em Portugal, Espanha e França. Para além

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do desempenho agronômico, fundamental para a competitividade

destes filmes, foram determinadas características como a

permeabilidade ao vapor de água e a biodegradação do

Agrobiofilm® no solo.

Os resultados do projeto foram muito positivos pois foi

demonstrado que os filmes biodegradáveis não comprometeram a

produtividade e qualidade das culturas permitindo em alguns casos

até superar os convencionais. Essa alteração dos filmes convencionais

para biodegradáveis foi atingida com sucesso, através da abordagem

holística utilizada neste projeto, que envolveu as empresas e

instituições de inovação e desenvolvimento permitindo a

transferência de conhecimento no País, na União Europeia e fora das

fronteiras comunitárias, nomeadamente no Brasil. Desde o final do

projeto e da validação do Agrobiofilm®, este passou a ser aplicado

comercialmente e já foi testado e comprovado para culturas tão

diversas como: morango, melão, pimentão, alface, escarola,

pimentas, tomate, cebola e videira, entre outras. A investigação

desenvolvida acompanhou essa aplicação, aprofundando os

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 50
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conhecimentos para novas culturas e deu confiança aos produtores

para a utilização desse filme na cobertura do solo.

Na região dos Vinhos Verdes, Lousada, onde o clima é

classificado como sendo do tipo Csb, clima temperado com verão

seco e suave na classificação de Köpen (1936). Os resultados das

duas campanhas em vinha mostram que as videiras com

Agrobiofilm®, logo no ano da plantação, apresentaram vigor muito

superior ao das outras modalidades (solo nu e tubos protetores),

mantendo-se esta tendência no ano seguinte. Na campanha de 2012,

as plantas oriundas da modalidade Agrobiofilm ® produziram cerca

de 9 t/ha, enquanto que nas de solo sem cobertura e tubos

protetores, ainda não tiveram produção. Essa modalidade obteve

ainda menores custos de manutenção inferiores ao tradicional.

As modalidades de Agrobiofilm® originaram maior

desenvolvimento das videiras, permitindo à primeira poda deixar

carga com elevada capacidade produtiva. A sua produção à segunda

folha já teve significado econômico, originando mostos de elevada

qualidade, tendo em vista os produtos a que se destinam (CASTRO

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 51
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et al., 2013), confirmando os resultados obtidos no desenvolvimento

do projeto Agrobiofilm®.

O projeto Agrobiofilm® teve uma grande repercussão,

despertando interesses no Brasil, onde deu origem ao projeto

Agrisus - Avaliação de bioplástico como cobertura de solo para o

cultivo agrícola, em 2014, continuando assim, a investigação da

utilização dos filmes biodegradáveis nas condições edafoclimáticas

do Brasil. Este projeto surge do estabelecimento de uma parceria

entre o Instituto Superior de Agronomia (ISAA) da Universidade de

Lisboa e o Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de

Taubaté do Brasil, com os objetivos principais de: avaliar o

desempenho agronômico no Brasil, onde já foi validado o seu uso

em alface, tomate, abobrinha, morango e pimentão, entre outras;

avaliar a taxa de biodegradação de Agrobiofilm® em solos com

diferentes caraterísticas e comparar as metodologias utilizadas nos

testes respirométricos desenvolvidos nas duas unidades de

investigação. Os ensaios de campo decorreram na Fazenda Piloto do

Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Taubaté –

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UNITAU –, localizado no Município de Taubaté, região do Vale do

Paraíba, Estado de São Paulo. O clima local, de acordo com a

classificação de Köpen (1948) é do tipo Cwa (Subtropical), com

chuvas durante o período de verão e com uma precipitação média

anual de 1.300mm.

Os resultados obtidos durante o desenvolvimento do

projeto permitiram comprovar que as coberturas dos canteiros com

plástico e filme biodegradável foram eficientes no controle das

plantas invasoras. De acordo com os resultados da produção de

alface cultivada nos canteiros sem cobertura e com cobertura de

casca de arroz, plástico e filme biodegradável, pode concluir-se que

houve diferenças significativas no rendimento entre a cobertura com

filme biodegradável e o solo sem cobertura. A produção de alface no

cultivo com o filme foi 64,3 % superior à produção obtida no solo

sem cobertura e quando comparada com as produções verificadas

com as coberturas, constata-se que ela foi 14,8% mais elevada do

que a casca de arroz e 29,3% acima da obtida com o PE. Para a

cultura da abobrinha os resultados demonstram que a cobertura

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com o filme biodegradável promoveu um incremento no número de

frutos superior em 75% ao verificado no solo sem cobertura. Já as

coberturas com casca de arroz e PE apresentaram em média um

aumento de 56,2% em relação ao número de frutos determinado no

solo sem cobertura. Os resultados referentes ao comprimento e

número de frutos por planta também foram superiores com a

utilização de Agrobiofilm®.

Em Portugal, com a participação do Instituto Superior de

Agronomia, da Silvex, da Vitacress e da Valorfito através das bolsas

Valorfito - Armando Murta foram também desenvolvidos ensaios

experimentais nas instalações da Vitacress, (clima do tipo Csa,

temperado com verão quente e seco), tendo em vista a produção de

escarola com filme de cobertura biodegradável. A Vitacress é uma

empresa de referência na qualidade e inovação na fileira

agroalimentar portuguesa, no que respeita a produção, o

embalamento e a comercialização de vegetais, simples ou

preparados.

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Os resultados comprovaram a adaptabilidade dos filmes

biodegradáveis às condições edafoclimáticas do Alentejo Litoral a

que foi sujeito, verificando-se uma diferença significativa na

produtividade das plantas cobertas com o filme biodegradável em

relação à modalidade convencional PE (DIAS, 2015). Em 2015 o

projeto Proder FilmAgRega dá um passo em frente, testando o efeito

combinado dos filmes biodegradáveis com diferentes práticas de

irrigação, avaliando a melhor relação custo-eficiência para as culturas

do pimentão e tomate.

O Projeto FILMAGREGA nasce do consórcio entre a EPCA, o

Instituto Superior de Agronomia, a Agromais, a Agrotejo e a

Consulai, reunindo valências técnico-científicas para a concretização

do projeto que visa a avaliar as vantagens e desvantagens de duas

modalidades de irrigação (superficial e subterrânea) e duas

modalidades de filmes de cobertura (convencional e biodegradável)

de modo a avaliar a melhor relação custo-eficiência para as culturas

em estudo. Esse Projeto financiado pelo Programa Proder,

desenvolveu-se no perímetro de rega do Alqueva onde o clima é do

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tipo Csa (IPMA, 2015) e teve como objetivo desenvolver práticas

agrícolas que contribuam para uma agricultura mais sustentável e

com menores impactos ambientais associados a uma melhor gestão

de recursos.

Em 2016 foi desenvolvido um estudo em colaboração com

a Biofrade para determinar o efeito do Agrobiofilm® no combate a

infestantes em produção biológica. Foram avaliadas quatro técnicas

utilizadas no seu controle: capina manual, capina térmica, cobertura

com restos vegetais e cobertura com filme biodegradável. O ensaio

experimental realizou-se no conselho da Lourinhã onde se

monitorizou um ciclo nas culturas de alface e cebola. Foram

avaliados diversos parâmetros, entre os quais: a temperatura e

umidade do solo, o tempo de instalação, o tempo de limpeza,

produtividade, calibre, perdas de produção, precocidade, custos de

produção associados à técnica e margem econômica para o

produtor.

Na cultura da alface, o filme biodegradável proporcionou

maior produtividade e precocidade e os resultados foram

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significativamente superiores aos obtidos quando foi realizada a

capina manual ou térmica.

Na cultura da cebola, o filme biodegradável apresentou

maior produtividade e precocidade, apesar de perdas ligeiramente

superiores. O menor tempo de capina foi obtido com a capina

térmica apesar do Agrobiofilm® ter obtido resultados muito

promissores (COUTINHO, 2016). Os resultados obtidos, quanto aos

benefícios econômicos para o produtor, indicaram que a melhor

técnica para controlar as infestantes, em ambas as culturas, foi a

cobertura com filme biodegradável (COUTINHO, 2016). Em 2017 foi

implantado no Brasil um novo projeto Agrisus com o objetivo de

estudar A Macrofauna do solo em áreas de hortaliças cultivadas

sobre plantio direto e cobertura com filme biodegradável de forma a

verificar o efeito das coberturas no solo e as suas consequências na

dinâmica da comunidade da macrofauna e na qualidade do solo.

Nas Figuras 1 e 2 apresentam-se, respectivamente,

algumas das produtividades obtidas no decorrer dos ensaios de

campo em Portugal e no Brasil.

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Os resultados da utilização de Agrobiofilm® vs Polietileno

(PE) ou Solo sem cobertura (SC) no decorrer dos ensaios de campo,

não apresentam diferenças significativas (P<0,05) para todas as

culturas, exceto para a escarola em que os resultados com a

utilização de Agrobiofilm® foram superiores e significativamente

diferentes do PE.

Figura 1. Produtividades obtidas em Portugal com Agrobiofilm® vs


Polietileno (PE) e Solo sem cobertura (SC), sem diferenças
significativas para todas as culturas exceto escarola em que o
agrobiofilm foi superior e significativamente diferente do PE
(P<0,05).

No tomate, apesar da diferença aparente, não houve

diferença significativa devido à variabilidade entre repetições.

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No estudo realizado no Brasil foi observado que a maior

produção de alface foi obtida no canteiro com cobertura realizada

com filme biodegradável e depois no canteiro com cobertura de

polietileno.

A sua biodegradação apresentou um valor semelhante a

outros estudos reportados e mostra que é necessário continuar com

a sua avaliação em diferentes solos para que se conheça o tempo

efetivo de biodegradação em cada tipo de solo e região.

Figura 2. Produtividade da alface no Brasil cultivada em canteiros com


polietileno (PE), sem cobertura (SC) e Agrobiofilm® (BIO), sem
diferenças significativas estatisticamente entre o BIO e o PE, mas
estes estatisticamente diferentes do SC a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey.
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CONCLUSÃO

Consórcios constituídos por empresas, unidades de

investigação e produtores são fundamentais para que os ensaios de

campo decorram em condições reais de produção e para a efetiva

transferência de conhecimento.

O interesse de grandes produtores e entidades (Monliz, Vitacress,

Valorfito, Agromais, Biofrade, Tomaterra, entre outros) nestes filmes

demonstra a tendência do mercado para a utilização de soluções

mais sustentáveis para a atividade agrícola. Os contatos

estabelecidos com o meio empresarial e associativo permitem

transpor as barreiras da transferência de conhecimento técnico-

científico para outros contextos e mercados fora da Europa,

contribuindo para o desenvolvimento e uma melhoria ambiental do

setor.

O filme de cobertura biodegradável teve um bom

desempenho ao longo dos ciclos culturais, mantendo as suas

funções e não afetando o rendimento das culturas. A sua

biodegradação apresentou um valor semelhante a outros estudos

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reportados e mostra que é necessário continuar com a sua avaliação

em diferentes solos para que se conheça o tempo efetivo de

biodegradação em cada tipo de solo e região. Durante o processo de

biodegradação Agrobiofilm® foi verificada a ocorrência de fungos e

os gêneros predominantes que apresentaram crescimento nos

fragmentos do Agrobiofilm® foram o Mucor sp e Trichoderma sp e

essa biodegradação não apresentou toxicidade para a germinação e

desenvolvimento das plântulas de Brassica oleraceae. É importante

salientar que o filme de cobertura biodegradável tem um valor de

aquisição mais elevado, mas que em Portugal pode ser subsidiado

pela medida 7.6 das organizações de produtores (GPP, 2009) com

uma ajuda de 52% do valor, o que pode torná-lo muito atrativo para

os produtores (SANTOS, 2014).

A temática dos filmes de cobertura biodegradável é por

isso atual e da maior importância, tendo em conta o objetivo de

tornar a atividade agrícola mais sustentável, a equipe de investigação

e os contatos estabelecidos com o meio empresarial permitem

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transpor barreiras para a transferência de conhecimento técnico-

científico para outros contextos e mercados fora da Europa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 3
Rendimento do pimentão (Capsicum annum L)
cultivado com coberturas de filme biodegradável,
polietileno e casca de arroz
1
Elizabeth da Costa Neves 1Fernandes de Almeida Duarte, 1Raquel
Alexandra Cardoso Costa, 1Artur Saraiva, 2Paulo Fortes Neto, 2Nara
Lucia Perondi Fortes), 3Augusto Marques Graciano

RESUMO

Avaliou-se o efeito de diferentes tipos de cobertura do solo


sobre as características de frutos do pimentão (Capsicum annuum L.
cv. Yolo Wonder) e incidência de plantas invasoras em um
experimento instalado no Departamento de Ciências Agrárias
(UNITAU) em Taubaté-SP a 23º02’34”S e 45º31’02”W e com altitude
média de 577m. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho
Amarelo distrófico de textura média. O delineamento experimental
utilizado foi de blocos casualizados com quatro tratamentos: 1-

1
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

2
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua
4 de março, 432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.br

3
Discente da Graduação em Agronomia, Universidade de Taubaté, Rua 4 de março, 432, Centro,
Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270

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cobertura morta de casca de arroz (CCA), 2-filme de polietileno preto


(PE), 3-filme de biodegradável preto (ABF) e 4-solo sem cobertura
(SC) e cinco repetições. Os tratamentos foram distribuídos em
parcelas com 1,2 m de largura, 0,3 m de altura e 10 m de
comprimento. O sistema de irrigação por gotejamento foi colocado
sobre a superfície das parcelas com linha de tubo gotejador com
vazão aferida de 1,67 L.h-1, pressão de serviço de 1,6 kPa e com
emissores a cada 0,4 m. A colheita do pimentão foi realizada aos 90
dias após o plantio das mudas e foram determinados o
comprimento, número de frutos e massa dos frutos. As espécies de
plantas daninhas presentes na parcela foram avaliadas em cinco
amostras de 0,25 m2 obtidas aleatoriamente por parcela. As
coberturas do solo apresentaram efeito significativo para o
comprimento, número e massa dos frutos, tendo o polietileno e o
filme biodegradável se mostrado superiores à cobertura com casca
de arroz e ao solo sem cobertura. Nas coberturas com polietileno e
filme biodegradável o comprimento dos frutos ficou acima de 12 cm,
o número de frutos acima de 10 por planta e a massa dos frutos
superior a 1 kg por planta. As coberturas de polietileno e filme
biodegradável reduziram em média a infestação das plantas
daninhas em média 75% quando comparado com o solo descoberto.
Pode-se concluir que o filme biodegradável apresentou a mesma
eficiência do polietileno quanto ao rendimento dos frutos do
pimentão e na redução das plantas invasoras.

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INTRODUÇÃO

No desenvolvimento dos frutos e hortaliças, a presença de

erva daninha, é um dos fatores responsáveis pela redução da

produtividade, pois elas competem por raios solares, nutrientes e

água. O controle predominante das ervas daninhas nos sistemas de

produção de hortaliças é realizado via a aplicação de herbicidas,

porém esta técnica vem sendo questionada devido ao aumento no

custo de produção e da exigência do consumidor em adquirir

alimentos saudáveis. Assim, a cobertura do solo com restos vegetais

e filme de polietileno é uma prática que vem sendo adotada no

controle das plantas daninhas, pois a diminuição da infestação

ocorre porque a cobertura cria uma barreira física que reduz a

interceptação dos raios solares (McGRAW e MOSTES, 2007; MINUTO

et al., 2008). Além disso, proporciona outros benefícios tais como:

manutenção da matéria orgânica no solo, redução da erosão, diminui

a lixiviação de nutrientes e reduz a perda de água no solo (SILVA et

al., 2009). Tradicionalmente a cobertura mais utilizada é o filme de

polietileno e materiais de origem vegetal como raspas de madeira,

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palha de carnaúba, casca de arroz e palha de milho (QUEIROGA et al.,

2002; TEÓFILO, et al., 2012). Vários autores constataram que a

cobertura do solo com filme de polietileno tem levado ao

incremento no crescimento e na produtividade de frutos e hortaliças,

no número e peso médio de frutos, nos teores de sólidos solúveis,

garantindo maior precocidade de colheita e aumento da massa seca

dos frutos (MEDEIROS et al., 2007; YURI et al., 2012). Em relação ao

uso de cobertura vegetal os estudos têm constatado que o aumento

na produtividade das hortaliças e frutos estão relacionados ao

sombreamento do solo, a diminuição da perda de água por

evaporação e a liberação de substâncias químicas pela

decomposição da palhada inibem a germinação das plantas daninhas

(QUEIROGA et al., 2002; COELHO et al., 2013). Já a utilização de filme

biodegradável na cobertura do solo vem se intensificando em países

como Portugal, Espanha e Itália, e os resultados têm demonstrado

que o uso de filme biodegradável na cobertura do solo tem

aumentado a produtividade das culturas com valores similares aos

observados com o polietileno, porém com a vantagem de se

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decomporem no solo tal como igual aos restos vegetais utilizados

como cobertura do solo (MINUTO et al., 2008; MARTÍN-CLOSAS et

al., 2008; CARVALHO et al., 2012; SARAIVA, et al., 2012; KASIRAJAN e

NGOUAJIO, 2012).

DESENVOLVIMENTO

Rendimento do pimentão

O número de frutos de pimentão colhidos nos canteiros com

e sem cobertura está apresentado na Figura 1. Verifica-se, em relação

a esta característica, que as coberturas de solo de uma maneira geral

influenciaram significativamente o número de frutos, quando

comparado com o valor do número de frutos determinado no

canteiro sem cobertura. Entre as coberturas o filme biodegradável foi

o que proporcionou o maior número de frutos por planta, seguido

depois pelo polietileno e casca de arroz. O número de frutos do

canteiro revestido com filme biodegradável foi superior em 58,3% ao

valor obtido no cultivo sem cobertura, 29,7% ao determinado com a

cobertura de casca de arroz e 5,7% ao verificado com a cobertura

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com polietileno. Já com a cobertura de polietileno, a quantidade de

frutos superou em 55,7% a verificada no canteiro sem cobertura e

em 18,2 % ao valor quantificado no canteiro com cobertura de casca

de arroz. E no canteiro com cobertura de casca de arroz a

quantidade de frutos foi superior em 45,8% ao número determinado

no solo sem cobertura.

A
B

Figura 1. Número de frutos de pimentão, cultivado com cobertura de casca


de arroz (CCA), polietileno (PE), filme biodegradável (ABF) e sem
cobertura (SC). (Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey).

A superioridade das coberturas no número de frutos por

planta em relação ao solo sem cobertura demonstra a influência

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positiva destas sobre a conservação da umidade no solo e na

inibição do crescimento de plantas infestantes, proporcionando

dessa maneira, condições mais favoráveis para o desenvolvimento

dos frutos (McGRAW e MOSTES, 2007; COELHO et al., 2013).

O comprimento dos frutos de pimentão foi influenciado

significativamente pelas coberturas quando comparado com o solo

sem cobertura (Figura 2).

A A A

Figura 2. Comprimento dos frutos de pimentão, cultivado com cobertura de


casca de arroz (CCA), polietileno (PE), filme biodegradável (ABF) e
sem cobertura (SC). (Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey).

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A maior média foi observada no canteiro com bioplástico,

embora não tenha diferido significativamente dos canteiros com

coberturas com polietileno e casca de arroz.

Os valores do comprimento dos frutos oscilaram de 9,7 cm no

canteiro sem cobertura para 12,2 cm no canteiro com cobertura de

bioplástico, isto corresponde a um aumento de 20,5% no

comprimento dos frutos de pimentão.

O peso dos frutos foi afetado significativamente pelos tipos

de coberturas onde foi possível verificar uma certa superioridade das

coberturas de bioplástico, polietileno e casca de arroz em relação ao

solo sem cobertura (Figura 3). A produção de massa dos frutos nas

coberturas com bioplástico e polietileno foi 63,4% superior à massa

determinada no solo sem cobertura e 34,6% na casca de arroz.

Este resultado pode ser explicado pelo maior número e

comprimento de frutos por plantas observados nos cultivos com

bioplástico e polietileno, pois essas coberturas proporcionaram uma

menor competição com as plantas infestantes e por serem

impermeáveis reduziram as perdas de água no solo, proporcionando

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 72
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uma condição mais favorável para o desenvolvimento do pimentão

(QUEIROGA et al. 2002; SILVA et al., 2009; YURI et al., 2012).

A A

Figura 3. Peso dos frutos de pimentão, cultivado com cobertura de casca de


arroz (CCA), polietileno (PE), filme biodegradável (ABF) e sem
cobertura (SC). (Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey).

Identificação de plantas infestantes

O número de plantas infestantes determinados no solo dos

canteiros sem cobertura e com coberturas, cultivados com pimentão

foi de uma maneira geral, controlados significativamente pelo tipo

de cobertura (Figura 4). Percebe-se que o controle das plantas

infestantes foi eficiente no solo com coberturas de polietileno e

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 73
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bioplástico, quando comparados com o solo sem cobertura e com

casca de arroz.

C C

Figura 4. Número de plantas infestantes nos canteiros de pimentão cultivado


com cobertura de casca de arroz (CCA), polietileno (PE), filme
biodegradável (ABF) e sem cobertura (SC). (Médias seguidas da mesma
letra não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste
de Tukey).

Comparando-se os números de plantas daninhas

determinados no solo sem cobertura e com coberturas de polietileno

e bioplástico, nota-se que o polietileno e o bioplástico reduziram a

infestação das plantas infestantes em 75,4%. Ao analisar a eficiência

do controle da cobertura do solo com polietileno e bioplástico com a

cobertura com a casca de arroz, verifica-se que a redução foi de

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 74
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30,6% no controle das plantas infestantes durante o ciclo do

pimentão.

As plantas infestantes foram separadas em

monocotiledôneas e dicotiledôneas e foi constatado um predomínio

das monocotiledôneas em relação as dicotiledôneas em todos os

tratamentos (Figuras 5 e 6). Pode-se verificar que as coberturas de

polietileno e bioplástico controlaram em 100% a infestação de

dicotiledôneas e também foram mais eficientes no controle das

monocotiledôneas quando comparados com o solo sem cobertura e

com cobertura de casca de arroz.

As espécies predominantes entre as monocotiledôneas

foram o capim pé-de-galinha (Eleusine indica L) e a tiririca (Cyperus

rotindus L), porém nas coberturas com plástico e bioplástico a que

prevaleceu foi a tiririca (Cyperus rotindus L), pois devido a sua

morfologia e à posição de suas folhas, conseguiu perfurar a

cobertura de polietileno e bioplástico.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 75
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B
C
C

Figura 5. Número de plantas monocotiledôneas nos canteiros de pimentão


cultivado com cobertura de casca de arroz (CCA), polietileno (PE),
filme biodegradável (ABF) e sem cobertura (SC). (Médias seguidas
da mesma letra não diferem estatisticamente entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey).

A
B

C C

Figura 6. Número de plantas monocotiledôneas nos canteiros de pimentão


cultivado com cobertura de casca de arroz (CCA), polietileno (PE),
filme biodegradável (ABF) e sem cobertura (SC). (Médias seguidas da
mesma letra não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade
pelo teste de Tukey)

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 76
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Analisando as Figuras 5 e 6 observa-se que em relação ao

solo sem cobertura, o polietileno e o filme biodegradável reduziram

a infestação das monocotiledôneas em cerca de 63,8% e com a

cobertura de casca de arroz o controle foi de 40,7%. Durante o

desenvolvimento das culturas foi constatado que a tiririca (Cyperus

rotindus L) e o capim pé-de-galinha (Eleusine indica L) foram as

espécies predominantes entre as monocotiledôneas e entre as

dicotiledôneas as espécies que prevaleceram foram o caruru

(Amaranthus hybridis L), beldoegra (Portulaca olereacea L) e o capim

carrapicho (Cenchurs echinatus L).

De uma maneira geral verificou-se que as coberturas dos

canteiros com casca de arroz, polietileno e o filme biodegradável

foram eficientes no controle das plantas infestantes, isso ficou

evidente porque esses materiais impedem a incidência da radiação

solar que é necessária para a germinação das sementes e o

desenvolvimento das plântulas de plantas infestantes (McGRAW e

MOSTES, 2007; MINUTO et al., 2008; COELHO et al., 2013).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 77
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CONCLUSÃO

Diante dos resultados pode-se concluir que a

produtividade do pimentão e a eficiência no controle das plantas

infestantes obtidos com a cobertura de solo com filme

biodegradável foi similar à verificada na cobertura com filme de

polietileno. A utilização do filme de polietileno e filme biodegradável

proporcionaram um aumento médio de 55% no número de frutos e

uma maior produtividade de pimentão quando comparado com o

solo sem cobertura. Em relação ao comprimento dos frutos não

foram observadas diferenças significativas entre as coberturas de

polietileno, filme biodegradável e casca de arroz. As coberturas de

polietileno e filme biodegradável reduziram em média as plantas

infestantes em 75,4% quando comparado com o solo sem cobertura

e 30,6% com cobertura de casca de arroz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, L., OLIVEIRA, M. & DUARTE, E. A cultura outonal do


morangueiro com plástico biodegradável resultados do primeiro ano

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 78
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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 81
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CAPÍTULO 4

A cobertura do solo com filme biodegradável no cultivo


da alface (Lactusa sativa)
1
Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de Souza, 1Nara Lucia Perondi
Fortes, 1Paulo Fortes Neto, 2Artur Saraiva, 2Raquel Alexandra Cardoso
Costa, 2Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte

RESUMO

No Brasil as coberturas de solo utilizadas na produção de


alface são restos vegetais ou polietileno, são inexistentes os estudos
sobre a utilização de filmes biodegradáveis no cultivo de hortaliças.
Sendo assim o trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho do
filme biodegradável com diferentes tipos de cobertura do solo. O
experimento foi realizado no Departamento de Ciências Agrárias da
Universidade de Taubaté (UNITAU) em um delineamento de blocos
casualizados com 4 tratamentos e 5 repetições. Foram testados os
seguintes tratamentos: 1-sem cobertura (SC); 2-cobertura com casca
de arroz (CA); 3-cobertura com polietileno (CP) e 4-cobertura com

1
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua
4 de março, 432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.com.br

2
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

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Série: Cidades Sustentáveis
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filme biodegradável (CB) de amido de milho (Agrobiofilm®). A


variedade utilizada foi a crespa e a colheita foi realizada 50 dias após
o transplante das mudas. A partir dos resultados foi possível observar
que a temperatura do solo e o volume de água foram mais elevados
nos solos com coberturas de polietileno e filme biodegradável. Em
relação ao teor de nitrogênio no solo, foi observado que o menor
valor foi obtido no solo com cobertura de casca de arroz. Como
esperado o controle das plantas invasoras foi mais acentuado nas
coberturas com os filmes de polietileno e biodegradável e as
propriedades mecânicas dos filmes de cobertura foram mantidas ao
longo do ciclo da cultura. Quanto à produção média os maiores
valores foram obtidos com filme biodegradável (945 g/planta)
seguido do polietileno (823 g/planta), casca de arroz (733 g/planta) e
sem cobertura (575 g/planta), respectivamente. No geral o filme
biodegradável quando comparado com o polietileno e a casca de
arroz foi mais eficiente na produção da alface.

INTRODUÇÃO

A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta herbácea, anual,

pertencente à família Asteraceae, sendo considerada a hortaliça

folhosa mais importante na alimentação do brasileiro, o que

assegura a essa cultura, uma expressiva importância econômica

(CARVALHO et al., 2005). O cultivo da alface ocorre durante o ano


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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 83
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todo em períodos com elevadas temperaturas e radiação solar, que

favorece o alongamento do caule e, no período de precipitações

prolongadas, que podem retardar o crescimento e danificar as

plantas (FILGUEIRAS, 2008). Em 2011, a produção brasileira de alface

alcançou 1,5 milhão de toneladas por ano, em uma área cultivada de

79.800 hectares por ano (ABCSEM, 2011).

No processo de produção da alface os tratos culturais são

os fatores de grande relevância para o êxito da cultura. Neste

contexto, a utilização de cobertura de solo no Brasil, vem se

destacando, principalmente com a aplicação ao solo de material

orgânico (restos culturais) e filmes plásticos de cor preta como

cobertura de superfície (VALENZUELA e GUITIERREZ, 1995;

RAMAKRISHNA et al., 2006; FERREIRA et al., 2014). A cobertura do

solo tem sido utilizada para controlar as plantas invasoras, reduzir o

consumo de água de irrigação, além de contribuir para a

manutenção da temperatura e umidade do solo em níveis

adequados para o desenvolvimento das plantas e atividades dos

microrganismos do solo (ALMEIDA, 2015). Esses benefícios estão

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 84
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diretamente relacionados à cor e ao tipo de cobertura utilizado no

solo, pois as amplitudes de variação térmica da temperatura do solo

variam com a absortividade e condutividade térmica do material

utilizado como cobertura.

Estudos realizados com cobertura de solo com polietileno

de coloração preta têm apresentado valores de temperatura do solo

mais elevadas do que o solo revestido com cobertura vegetal, pois a

cor preta favorece a absorção de grande parte da energia irradiada

pelo sol e promove a reirradiação desta para o solo (MONTEIRO

NETO et al., 2014; RIBAS et al., 2015). Isto ocorre porque a cobertura

com material vegetal proporciona um maior efeito isolante na

superfície do solo e maior perda de energia por irradiação quando

comparado com polietileno, além de contribuir para o resfriamento

uma vez que permite a transferência de calor latente para o

ambiente (COSTA et al., 1997).

Em relação à manutenção da água no solo tem sido

verificado que os solos revestidos com polietileno apresentam teores

de umidade mais elevados do que os solos com coberturas de restos

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 85
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vegetais (MONTEIRO NETO et al., 2014; RIBAS et al., 2015. Essa

diferença é porque o polietileno apresenta uma baixa

permeabilidade, evitando desta forma a evaporação da água e

mantendo a umidade mais elevadas nos intervalos entre as

irrigações, já os restos vegetais por apresentarem uma estrutura

porosa liberam mais rapidamente a água para a atmosfera do que o

filme plástico (RAMAKRISHNA et al., 2006).

No tocante à disponibilidade do nitrogênio para as plantas

cultivadas em solo com cobertura de polietileno, Sampaio et al.

(1999) observou que o teor de umidade constante e a temperatura

mais elevada dos solos com cobertura plástica favoreceu a atividade

microbiana na mineralização do nitrogênio orgânico, aumentando a

disponibilidade deste nutriente para as plantas nas camadas mais

superficiais do solo, quando comparado com solo desnudo e com

cobertura de restos vegetais. Também a cobertura com polietileno

reduz a volatilização da amônia e a lixiviação de nitrito e nitrato,

fazendo com que estes compostos nitrogenados se concentrem mais

no solo (ALMEIDA et al., 2015).

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O maior crescimento de plantas espontâneas no solo

descoberto tem proporcionado uma redução de 30 a 45% na

produtividade da alface, pois as plantas espontâneas competem com

a cultura por água, luz e nutrientes, liberam substâncias alelopáticas,

são hospedeiras de pragas e doenças, dificultam os tratos culturais e

a colheita dos frutos e ainda podem prejudicar a qualidade do

produto comercializável (REGHIN et al., 2002; FREITAS et al., 2009).

Por outro lado, a cobertura com restos vegetais tende a restringir

moderadamente o desenvolvimento das plantas espontâneas e o uso

do polietileno como cobertura do solo promove uma forte supressão

no crescimento de plantas espontâneas e aumento na produtividade

da alface (FERREIRA et al., 2009).

Quanto à produção da alface tem sido verificado, que a

cobertura do solo com polietileno preto proporciona maior massa

fresca de planta de alface, quando comparada com a cobertura de

restos vegetais (ANDRADE JÚNIOR et al., 2005; BRANCO et al., 2010).

O ganho em produtividade da alface, segundo Branco et al. (2010)

está associado a maior quantidade de nutrientes absorvidos pelas

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 87
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plantas cultivadas em cobertura com polietileno e também pelo

aumento na temperatura do solo proporcionado pelos tratamentos

com cobertura de polietileno, o que pode ter favorecido a atividade

radicular para absorção de nutrientes.

Com base no exposto, verifica-se que a cobertura de solo

geralmente utilizada no cultivo de alface no Brasil é composta por

restos vegetais ou polietileno. E a prática da cobertura com filme

biodegradável é inexistente porque são raros ou poucos os estudos

para avaliar sua eficiência na produção de hortaliças. Sendo assim, o

estudo teve como objetivo comparar o efeito das coberturas do solo

com restos vegetais, polietileno e filme biodegradável sobre a

temperatura, umidade, formas nitrogenadas, controle de plantas

espontâneas e produção de alface.

DESENVOLVIMENTO

O experimento foi conduzido na Fazenda Piloto do

Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Taubaté

(UNITAU), município de Taubaté, SP, cujas coordenadas geográficas

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são: 23º02’34”S e 45º31’02”W, no período de setembro a novembro

de 2014, em solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo

distrófico de textura média (EMBRAPA, 1999). As análises químicas

do solo da área experimental foram realizadas no Laboratório de

Análises de Solos e Plantas pertencente à UNITAU, de acordo com os

métodos descritos por (RAIJ et al., 2001) e apresentou a seguinte

composição química: pH (H2O) = 5,8; MO = 21 g dm-3; P = 30 mg

dm-3; K = 3,5 mmolc dm-3; Ca = 30 mmolc dm-3; Mg = 14 mmolc dm-3;

H + Al = 18 mmolc dm-3; SB = 47,5 mmolc dm-3; T = 65,5 mmolc dm-3

e V = 73%. A calagem foi realizada no preparo dos canteiros, 60 dias

antes do transplante. Para isso, utilizou-se o método de saturação

por base na quantidade de 0,6 Mg ha-1 de calcário dolomítico com

PRNT de 70%. A adubação orgânica foi realizada com

vermicomposto, na quantidade de 40 Mg ha-1. A adubação mineral

foi feita com N, P2O5 e K2O, nas quantidades de 300, 100 e 40 kg ha-1,

respectivamente.

A parcela experimental foi composta por um canteiro com

1,2m de largura, 0,3m de altura e 10m de comprimento e com

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 89
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espaçamento de 1m entre os canteiros. O sistema de irrigação por

gotejamento foi colocado sobre a superfície dos canteiros com linha

de tubo gotejador com vazão aferida de 1,67 L h-1 e pressão de

serviço de 1,6 kPa e com emissores espaçado a cada 20 cm.

O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao

acaso com cinco blocos e quatro tratamentos: 1-sem cobertura (SC);

2-cobertura com casca de arroz com casca de arroz (CA); 3-com

cobertura de polietileno (CP) e 4-com cobertura de filme

biodegradável (CB) de amido de milho (AGROBIOFIM®).

A cobertura com casca de arroz foi colocada sobre a

superfície do canteiro numa camada com espessura de 4 cm, a

cobertura de polietileno de 30 µm de espessura e a cobertura com

filme biodegradável com espessura de 15µm na cor preta foram

esticados sobre os canteiros e as sobras laterais fixadas com uma

camada de 20 cm de terra.

As mudas de alface crespa com 30 dias de idade foram

transplantadas em duas fileiras nos canteiros em um espaçamento

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de 0,2 x 0,2 m, perfazendo uma área de 12 m2 e 300 mudas de

plantas por canteiros.

A temperatura da superfície da cobertura e do solo foi

determinada semanalmente em quatro pontos dos canteiros sempre

às 14:00 horas. A medição da temperatura do solo foi avaliada por

meio da introdução de um termômetro colocado a uma

profundidade de 5 cm abaixo da superfície do solo.

A umidade do solo foi determinada mensalmente pelo

método da diferença de peso, coletando-se amostras de solo no

centro dos canteiros, a 10 cm de profundidade e depois colocando

para secar em estufa a 105oC por 48 horas (EMBRAPA, 1997).

As determinações das formas nitrogenadas (N-NH+4, N-NO-

2 + N-NO-3) no solo foram realizadas mensalmente nas amostras de

solo coletadas na camada de 20 cm de profundidade do solo,

conforme a metodologia descrita por Bremmer e Mulvaney (1982).

As principais espécies de plantas invasoras presentes na

parcela foram avaliadas com o auxílio de um marcador de 0,25 m2

lançado aleatoriamente na parcela (FEY et al., 2013).

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As coletas para determinar o rendimento da alface foram

realizadas 50 dias após o transplante das mudas e foram coletadas

50 plantas por parcela para as avaliações que consistiram na

obtenção da massa fresca da parte aérea.

As características avaliadas foram submetidas à análise de

variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

A Tabela 1 apresenta a média da temperatura e umidade

do solo dos tratamentos sem e com coberturas de casca de arroz,

polietileno e filme biodegradável, observa-se que a cobertura com

casca de arroz apresentou a menor variação de temperatura em

relação ao do solo descoberto quando comparada com as coberturas

de polietileno e filme biodegradável. A cobertura com casca de arroz

reduziu a temperatura do solo em 2,1oC quando comparado ao solo

sem cobertura, 2,5oC em relação ao solo com CB e 2,9oC em relação

ao solo com CP.

A redução da temperatura do solo com a casca de arroz

está associada à sua coloração clara que reduz a absorção e reflete

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uma parte da radiação de ondas curtas para a atmosfera e a outra é

transmitida para o solo, e nessas condições o solo fica menos

aquecido e com temperatura inferior ao do solo sem cobertura e

com polietileno e filme biodegradável.

Tabela 1. Médias dos valores das temperaturas e umidade


determinadas no solo sem e com cobertura de casca de
arroz (CA), polietileno (CP) e filme biodegradável (CB),
entre setembro, outubro e novembro de 2014.
Tratamentos Temperatura Umidade

--------------(oC)--------- ---------------(%)---------

SC 32,66A* 10,5C

CA 30,56B 13,3B

CP 33,50A 22,9A

CB 33,10A 22,7A

CV (%) 6,34 3,23

*Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a
5% de probabilidade pelo teste de Tukey

De acordo com Costa et al. (1997), isso ocorre porque a

cobertura com material vegetal proporciona um maior efeito isolante

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na superfície do solo e maior perda de energia por irradiação

quando comparado com filmes plásticos, além de contribuir para o

resfriamento, uma vez que permite a transferência de calor latente

para o ambiente. Resultados semelhantes também foram

encontrados por Andrade Júnior et al. (2005), os quais observaram

que a temperatura média do solo coberto com casca de arroz foi

igual à do solo sem cobertura e menor a temperatura do solo com

plástico preto. Monteiro Neto et al. (2014) testando diferentes tipos

de coberturas de solo constataram que a utilização de casca de arroz

sobre o solo diminuiu a temperatura média em 1,2ºC, quando

comparada com a cobertura com plástico preto que propiciou a

maior temperatura. Meneses et al. (2016) pesquisando diferentes

coloração de plástico com cobertura de palha de capim-elefante

(Pennisetum purpureum) verificaram uma diferença na temperatura

entre 4,0oC e 5,1oC, respectivamente no solo sem e com cobertura de

plástico preto, quando comparado com a temperatura do solo com

palha de capim-elefante.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 94
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Diferentemente da cobertura com casca de arroz, as

coberturas com plástico e filme biodegradável apresentaram

temperaturas mais elevadas do que a temperatura do solo sem

cobertura. A cobertura com polietileno elevou a temperatura do solo

em até 0,8°C e com filme biodegradável em até 0,5°C quando

comparado com o solo descoberto. Em experimento conduzido por

Moura Filho et al. (2009), o filme de polietileno promoveu o

aquecimento do solo, com aumento de 1ºC em relação ao

tratamento sem cobertura e de até 4,0°C em tratamentos com

cobertura morta de capim-elefante. Andrade Junior et al. (2005)

constataram que a temperatura do solo se mostrou superior em

relação às parcelas com cobertura de polietileno, com valores, em

média, entre 2 e 3ºC maiores que aqueles medidos em solo

descoberto. Já o valor da temperatura proporcionado pela cobertura

com o filme biodegradável ficou abaixo de 2oC, conforme foi

observado por Wortman et al. (2016) quando se comparam os

valores da temperatura com o solo coberto com plástico

biodegradável e o solo desnudo.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 95
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Em relação às temperaturas do solo com coberturas de

polietileno e filme biodegradável, observa-se que a diferença entre

as médias das temperaturas (Tabela 1) foi de 0,4oC mais elevada para

o polietileno, porém este valor ficou abaixo de 1,3oC constatado por

Carvalho et al. (2012) ao estudarem o desempenho das coberturas

com filme biodegradável e polietileno na cultura do morangueiro. E

também abaixo do observado por Barata (2014), pois ao avaliar a

eficiência da irrigação com a utilização de cobertura de polietileno e

filme biodegradável, verificou que a diferença da temperatura do

solo foi de 1,7oC para o polietileno quando comparado com a

temperatura do solo com filme biodegradável.

As temperaturas mais elevadas constatadas no solo com

polietileno e filme biodegradável em relação à cobertura com casca

de arroz, é atribuída à coloração preta do polietileno e filme

biodegradável, pois a cor preta favorece a absorção de grande parte

da energia irradiada pelo sol e promove a reirradiação desta para o

solo (VALENZUELA e GUITIERREZ, 1995).

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 96
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O aumento da temperatura do solo proporcionada pelo

uso das coberturas de polietileno e filme biodegradável não

proporcionou efeitos negativos sobre a produção de matéria seca da

planta, indicando que o incremento da temperatura do solo

ocasionado por essas coberturas foi positivo para a produção da

alface (Tabela 3). Provavelmente a elevação da temperatura do solo

observada com as coberturas de polietileno e filme biodegradável

não afetaram o rendimento da alface, porque a temperatura

ambiente durante o desenvolvimento da cultura variou entre 21,2oC

a 23,8oC, ou seja, abaixo de 27oC considerada como temperatura

adequada para o cultivo da alface (PUIATTI e FINGER, 2005).

Por outro lado, diversos estudos têm demonstrado que a

produção de alface com cobertura de polietileno em condições

climáticas que apresentam elevadas temperaturas, tende a

apresentar um rendimento inferior ao observado com a cobertura de

material vegetal (MOURA et al., 2006; MENESES et al., 2016)

Na Tabela 1 está apresentada a diferença nos valores da

umidade determinadas nas amostras de solo sem e com coberturas,

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 97
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nota-se que as coberturas do solo com polietileno e filme

biodegradável apresentaram os maiores teores de água no solo,

seguida depois pela casca de arroz e o menor teor foi observado no

solo sem cobertura. O menor teor de água determinado no solo

descoberto ocorreu porque nesta condição a superfície do solo fica

exposta à radiação solar, sendo assim maior a perda de água por

evaporação (MONTEIRO NETO et al., 2014; RIBAS et al., 2015).

As coberturas com polietileno e filme biodegradável

aumentaram a retenção da água no solo em 12,4 e 12,5%

respectivamente, quando comparados com a umidade do solo sem

cobertura. Em termos relativos os teores de água no solo com

polietileno e filme biodegradável foram superiores em 54,15 e

53,74% do valor de umidade determinado no solo descoberto. Já em

relação à cobertura com casca de arroz a umidade dos solos

cobertos com polietileno e filme biodegradável ficaram 41,92 e

41,40% acima do teor de umidade verificado no solo com casca de

arroz.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 98
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Os valores de umidade do solo observados nos canteiros

com coberturas de polietileno e filme biodegradável foram mais

elevados, porque as películas de polímeros de polietileno e do amido

do filme biodegradável apresentam baixa permeabilidade, evitando

dessa forma a evaporação da água e mantendo a umidade mais

elevadas nos intervalos entre as irrigações. E na casca de arroz a

água fica retida nos poros entre as cascas, liberando-a

gradativamente ao solo e deixando-o mais úmido na camada

superficial (SAMPAIO et al. 1999, RAMAKRISHNA et al., 2006).

Nos estudos realizados para avaliar a diferença da umidade

do solo revestido com polietileno e filme biodegradável, Costa et al.

(2013) avaliado a eficiência da irrigação no solo na cultura do

pimentão constaram também que a umidade do solo a 5 e 15 cm de

profundidade foram mais elevadas com as coberturas de polietileno

e filme biodegradável quando comparado com o solo descoberto.

Porém, quando comparado com os teores de umidade do solo com

polietileno e filme biodegradável, Carvalho et al. (2012) constataram

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 99
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que a umidade no solo com filme biodegradável foi superior em

3,4% do valor determinado no solo com plástico.

Na Tabela 2 estão apresentadas a média de NH4+ e NO2- +

NO3- determinadas no período de setembro e novembro de 2014.

Verifica-se que os menores teores de nitrogênio mineral foram

quantificados no solo do canteiro com cobertura de casca de arroz e

os teores mais elevados foram no solo coberto com polietileno e

filme biodegradável. Isso ocorre porque as elevadas temperaturas e a

umidade do solo proporcionada por estas coberturas estimulam a

atividade microbiana na mineralização do nitrogênio orgânico do

solo e na nitrificação dos adubos nitrogenados (SAMPAIO et al.,

1999; QUEIROGA et al., 2002).

Já os baixos teores de NH4+ e NO2- + NO3- verificados no

solo com cobertura de casca de arroz podem estar relacionados,

provavelmente, à imobilização destes nutrientes pelos

microrganismos do solo ocasionados pela elevada relação C/N da

casca de arroz (QUEIROGA et al., 2 002; RODRIGUES et al., 2009). Por

outro lado, os elevados teores dessas frações nitrogenadas no solo

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 100
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com plástico e filme biodegradável devem-se ao fato de que essas

coberturas reduzem a volatilização da amônia e a lixiviação de nitrito

e nitrato, fazendo com que esses compostos nitrogenados se

concentrem mais no solo (FERREIRA et al., 2009; RODRIGUES et al.,

2009).

Tabela 2. Médias e desvio padrão dos teores de NH4+ e NO2- + NO3-


determinados no solo dos canteiros sem (SC) e com
coberturas com casca de arroz (CA), polietileno (CP) e filme
biodegradável (CB), entre setembro, outubro, novembro e
2104.
Tratamentos NH4+ NO2- + NO3-
------------------------- (mg kg-1 de solo) ----------------

--------

SC 3,40A* 0,32A

CA 6,41B 1,22B

CP 11,65C 2,97C

CB 11,38C 3,30C

CV (%) 8,28 16,13

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 101
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O número de planta invasora determinado no solo sem

cobertura e com coberturas, cultivados com alface, foram de uma

maneira geral controladas significativamente pelos tipos de

coberturas (Tabela 3).

Tabela 3. Médias do número de plantas invasoras e produção de


matéria fresca determinados no solo dos canteiros sem
(SC) e com coberturas com casca de arroz (CA), polietileno
(CP) e filme biodegradável (CB), entre setembro, outubro,
novembro e 2104.
Tratamentos Plantas invasoras Matéria fresca

(Número de plantas/0,25m2) (g planta-1)

SC 11,41C* 575,02A

CA 6,40B 733,34B

CP 1,80A 823,14C

CP 1,40A 945,56C

CV (%) 17,73 12,25

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade
Percebe-se que o controle das plantas invasoras foi

eficiente no solo com coberturas de plástico, filme biodegradável e

casca de arroz quando comparado com o solo descoberto.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 102
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A redução das plantas invasoras ocasionadas pelas

coberturas utilizadas no presente estudo ocorreu porque a cobertura

de solo tem uma ampla ação sobre as plantas invasoras, cujas

sementes necessitam de luz ou da variação térmica para germinarem

permitindo manter assim a cultura de interesse sem competição

durante parte de seu ciclo (REGHIN, et al., 2002; FREITAS et al., 2009).

Comparando-se o número de planta invasora determinado

no solo sem cobertura e com coberturas de polietileno e filmes

biodegradáveis, constata-se que essas coberturas proporcionaram

uma redução média de 85% na incidência de plantas invasoras e na

cobertura com casca de arroz está redução ficou em 43,86%. Nas

coberturas com polietileno e filme biodegradável, as plantas

invasoras germinaram juntos às mudas de alface, nos furos abertos

nos filmes para colocar as mudas e na cobertura com casca de arroz,

a emergência das invasoras ocorreu nos pontos em que a camada

não ficou espessa o suficiente para impedir totalmente a incidência

de luz solar sobre o solo. Resultados similares também foram

observados por Ferreira et al. (2009), quando verificaram uma forte

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 103
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supressão no crescimento de plantas espontâneas usando cobertura

de polietileno e uma restrição moderada na incidência das plantas

invasoras com a cobertura de casca de arroz. Biasi et al. (2009)

também constataram uma redução acentuada na germinação de

plantas invasoras no solo com cobertura de polietileno e uma menor

germinação de invasoras no solo revestido com acículas de pinus.

Também, Reghin et al. (2002) testando o cultivo de alface com

coberturas de palhada de arroz, agrotêxtil e polietileno, verificaram

que a massa seca das plantas invasoras desenvolvidas sob cobertura

de agrotêxtil e polietileno, foi significativamente menor que aquelas

desenvolvidas sob a palhada de arroz e solo descoberto. Segundo os

autores, o fato deve estar relacionado tanto com a supressão no

número quanto no crescimento estiolado das invasoras sob

cobertura de solo, refletindo na incapacidade de acumulação de

biomassa seca.

Ao analisar comparativamente a eficiência no controle de

plantas invasoras no solo com coberturas de polietileno e filme

biodegradável, verifica-se que a cobertura do solo com filme

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 104
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biodegradável reduziu a infestação das plantas invasoras na mesma

proporção que a cobertura com polietileno.

A Tabela 3 apresenta os resultados da produção de matéria

fresca de alface cultivada nos canteiros sem cobertura e com

cobertura de casca arroz, polietileno e filme biodegradável. Através

da análise dos resultados observa-se que a produção de alface com

filme biodegradável foi igual à verificada com polietileno e a

diferença significativa no rendimento foi observada entre a cobertura

com filme biodegradável e o solo descoberto e com cobertura de

casca de arroz.

A matéria fresca da alface no cultivo com filme

biodegradável foi 39,15 % superior à produção obtida no solo sem

cobertura e quando comparada com a produção verificada na

cobertura com casca de arroz, constata-se que ela foi 22,43% mais

elevada.

Os tratamentos com coberturas de filme biodegradável,

polietileno e casca de arroz apresentaram valores de produção de

alface superiores ao determinado no canteiro sem cobertura. Esses

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 105
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resultados sugerem que as coberturas aplicadas à superfície do solo,

sejam de origem vegetal como a casca de arroz ou com filmes de

polietileno e biodegradável, favoreceram o desenvolvimento da

alface. Isso se deve aos benefícios do cultivo em solo coberto, pois

nesse cultivo há menos competição com plantas invasoras, e melhor

aproveitamento da água e nutrientes quando comparado com o solo

nu, por não se verificar evaporação, mas somente transpiração da

planta (Mc CRAW e MOSTES, 2007; ALMEIDA, 2015; MONTEIRO

NETO, et al., 2014).

Dessa forma, as plantas do tratamento com cobertura de

solo apresentaram melhores condições para o aproveitamento da

água disponível que, ao ser reduzido gradualmente durante a

secagem do solo, provavelmente reduz o estresse na planta, fazendo

com que obtivesse melhor desenvolvimento e as maiores produções

em massa de matéria fresca (MINUTO et al., 2008; RODRIGUES et al.,

2009).

O valor da massa fresca (733 g plantas-1) verificada com a

cobertura da casca de arroz ficou acima dos valores observados por

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 106
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outros autores que colheram plantas de alface com massa fresca

variando de 177,50 a 696,21 g plantas-1 e a produção da massa fresca

obtida com a cobertura de polietileno (823 g plantas-1) foi superior

aos valores observados em outros estudos que apresentaram uma

variação entre 642,48 a 750,05 g plantas-1 (CARVALHO, et al., 2005;

FERREIRA, et al., 2009; BRANCO, et al., 2010; FERREIRA, et al. 2014).

Em relação ao rendimento com filme biodegradável vários

estudos realizados na Europa para comparar a produção das culturas

com coberturas de polietileno e filme biodegradável também não

constataram diferenças significativas na produtividade e qualidade

dos frutos entre as coberturas com polietileno e filme biodegradável

(CORDEIRO, 2011; SARAÍVA, et al., 2012; COSTA, 2012; CARVALHO,

2012).

As diferenças de valores verificadas na massa fresca da

alface no presente estudo com as observadas por outros autores no

rendimento da alface cultivada com cobertura de casca de arroz,

polietileno e filme biodegradável estão relacionadas às condições

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 107
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climáticas da região, ao período de cultivo e à variedade da alface

(FERREIRA, et al., 2009; MÓGOR, et al., 2009; FERREIRA, et al. 2014).

CONCLUSÃO

As coberturas de polietileno e filme biodegradável elevam

a temperatura do solo em relação à temperatura do solo sem e com

cobertura de casca de arroz;

As coberturas com filme biodegradável, polietileno e casca

de arroz conservaram por mais tempo a umidade do solo, porém a

umidade na média foi mais elevada no solo com filme biodegradável;

As coberturas do solo com filme biodegradável e polietileno

favoreceram a mineralização das formas nitrogenadas no solo e a

cobertura com casca de arroz ocasionou a imobilização do nitrogênio

no solo;

O controle das plantas invasoras foi mais eficiente no solo

com cobertura de polietileno e filme biodegradável;

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 108
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As plantas de alface cultivadas em solos cobertos com

polietileno e filme biodegradável apresentam maior produção de

massa fresca de alface.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 115
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CAPÍTULO 5

Comparação de metodologias para quantificar a


biodegradação de filmes biodegradáveis em diferentes
tipos de solo
1
Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte, 1Artur
Saraiva, 1Raquel Alexandra Cardoso Costa, 2Paulo Fortes Neto, 2Nara
Lucia Perondi Fortes, 2Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de Souza

RESUMO

Atualmente o destino final do uso da cobertura de


polietileno em culturas hortícolas leva a impactos ambientais
negativos. Para superar estes problemas, as coberturas
biodegradáveis foram desenvolvidas uma vez que podem ser
incorporadas ao solo no final do ciclo da cultura. O objetivo deste
estudo foi realizar os testes respirométricos em condições aeróbicas
padronizadas utilizando dois métodos: um em condições de batelada
(a 28oC) e outro em modo contínuo (a 25oC). Os testes de
biodegradação foram desenvolvidos em três tipos de solo: Ferralsols

1
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

2
Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua 4 de março,
432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.com.br

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 116
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(T1); Calcissóis (T2) e Aeronosóis (T3) com 21 g/kg de matéria


orgânica (MO), textura franco-arenosa, 5,8 pH (H2O); 11 g/kg de
matéria orgânica (MO), textura argilosa, 7,6 pH (H2O) e 8 g/kg de
matéria orgânica (MO), textura areia, 6,9 pH (H2O). Como o filme
biodegradável da marca Agrobiolfilm® (15µm) foi utilizado nos
ensaios a campo no Brasil e Portugal ele foi selecionado para realizar
os testes de biodegradação. Na Universidade de Taubaté o ensaio
respirométrico foi desenvolvido no solo T1 em um sistema de
batelada. Na Universidade de Lisboa a emissão de CO2 foi medida
em testes de aereação de fluxo continuo nos solos T1, T2 e T3. Os
resultados obtidos em relação ao teste no Brasil mostraram que a
liberação de CO2 foi maior no solo com Agrobiolfilm® (1,2 mg CO2/g
solo) e menor no solo sem o Agrobiolfilm® (0,69 mg CO2/g solo). Os
resultados nos ensaios realizados em Portugal para os solos T1, T2 e
T3 com incorporação de Agrobiolfilm® foram de 3,04; 0,88 e 0,74 mg
CO2/ g solo e sem o Agrobiolfilm® foram de 1,88; 0,58 e 0,50 mg
CO2/ g solo, respectivamente. A quantidade de CO2 verificada com a
metodologia de aeração de fluxo contínuo foi superior em 2,5 vezes
aos valores determinados na metodologia por batelada. No geral, a
correlação entre a taxa de biodegradação e as diferentes
características do solo se mostraram promissora para entender os
complexos mecanismos envolvidos na biodegradação do solo.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 117
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INTRODUÇÃO

O uso de filmes de cobertura morta em sistemas de

produção agrícola tem várias vantagens, como maior precocidade e

rendimento da cultura (LAMONT, 1999; KYRIKOU e BRIASSOULIS,

2007). Essas vantagens fazem com que os filmes de cobertura sejam

utilizados em uma variedade de espécies de culturas em todo o

mundo criando um problema na sua manipulação, após o seu uso,

uma vez que os filmes de polietileno (PE) não pode ser

biodegradado naturalmente no campo. Os agricultores geralmente

deixam os resíduos plástico no campo, levando à sua acumulação e,

em alguns casos, são queimados (BRIASSOULIS, 2006; SCARASCIA-

MUGNOZZA et al., 2006). Os filmes de cobertura biodegradável

(BMF) foram desenvolvidos com amido de milho e por isso tem a

vantagem de serem incorporados diretamente no solo ou podem ser

compostados para sofrer a biodegradação pelos microrganismos

(MORENO e MORENO, 2008; CONSÓRCIO AGROBIOFILM, 2013). A

biodegradação desses materiais não pode ser facilmente controlada

a campo, tornando o monitoramento em condições laboratoriais

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 118
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muito importante, uma vez que tem impactos econômicos e

ambientais (KYRIKOU e BRIASSOULIS, 2007). O BMF usado neste

estudo é produzido com Mater-BiTM, que é uma mistura de um

componente sintético com amido de milho (BASTIOLI, 1998;

CONSÓRCIO AGROBIOFILM, 2013). No laboratório a metodologia

utilizada para determinar a biodegradação do BMF baseia-se na

medida do CO2, uma vez que a quantidade de CO2, liberada pela

atividade dos microrganismos está correlacionada com a taxa

cinética de biodegradação do BMF (MEI e MARIANI, 2005;

BARRAGÁN et al., 2012). A quantidade de CO2 liberada pela atividade

microbiana no solo depende da composição química da cobertura

morta e das características químicas, físicas e biológicas do solo. A

matéria orgânica é a principal fonte de carbono do microrganismo e

por isso uma das principais características do solo que interferem na

respiração basal do solo (COSTA et al., 2008; PADILHA et al., 2014).

Alguns autores que estudaram a biodegradação do BMF no solo

constataram uma correlação direta entre a biodegradação do BMF e

o teor de matéria orgânica no solo (BARRAGAN et al., 2012; SARAIVA

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 119
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et al., 2012), no entanto outros referem que as emissões de CO2 não

estão diretamente correlacionadas com o conteúdo de matéria

orgânica do solo, uma vez que a relação entre elas é complexa e

difícil de entender (CARBONELL-BOJOLLO et al., 2012; SONGet al.,

2013).

A biodegradação de materiais orgânicos também está

relacionada com a textura do solo, pois a biodegradação de resíduos

orgânicos é mais lenta em solos argilosos quando comparados com

solos arenosos. Isso ocorre devido à ligação criada entre a matéria

orgânica e os minerais argilosos, que protegem a matéria orgânica

de sua rápida decomposição (BAYER et al., 2002; SHI e MARSCHNER,

2012). Estudos realizados por Mariani (2008) com polímeros

biodegradáveis em diferentes texturas de solo, constataram que as

maiores taxas de emissão de CO2 foram observadas em solos de

textura arenosa e que as menores foram em solos de textura

argilosa.

O objetivo deste trabalho foi realizar os testes

respirométricos de batelada e fluxo contínuo em diferentes tipos de

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 120
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solos após a incorporação de fragmento de filme biodegradável

(Agrobiolfilm®).

DESENVOLVIMENTO

Para a realização dos ensaios de biodegradação foram

coletadas amostras de solo em três áreas distintas: uma no Campus

da Universidade de Taubaté - Brasil (T1) e as outras duas na região

do Alentejo - Portugal (T2 e T3). As amostras foram coletadas a uma

profundidade de 0 a 20 cm após a remoção da camada superficial.

Elas foram secas ao ar e homogeneizadas por peneiramento (2 mm).

O solo T1 do Brasil e os solos T2 e T3 de Portugal utilizados

nos testes respirométricos foram classificados como Ferralsols,

Calcisols e Arenosols e foram selecionados devido a sua

representatividade nos países de origem. As principais características

físicas e químicas naturais dos solos estão apresentadas na Tabela 1.

Neste trabalho a cobertura utilizada de filme

biodegradável foi do Agrobiolfilm® com 15µm de espessura, 1,10 m

de largura, 1,27 de densidade e cor preta.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 121
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Tabela 1. Caracterização física e químicas dos solos T1, T2 e T3


utilizados nos testes de respirometrias.

Soil characteristics
T1 T2 T3 Methods

Brazil - Portugal - Portugal -


Soil origin
Taubaté Ervidel Odemira

Organic Combustion, CO2


21 11 8
Matter (g/Kg) detection throw IV

pH (H2O) 5.8 7.6 6.9 (1:2.5) Potentiometry

Electrical

conductivity 0.20 0.51 0.18 (1:2) Conductimetry

(mS/cm)

Sandy-
Texture Clay Sand FAO, 2014
Loam

Soil
Ferralsols Calcisols Arenosols FAO, 2014
classification

Para determinar a taxa de biodegradação do Agrobiolfilm®

foram realizados dois tipos de testes usando duas metodologias

diferentes baseadas na liberação de CO2 emitida do solo. Um resumo

das principais características das metodologias está apresentado na

Tabela 2.
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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 122
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Tabela 2. Resumo das metodologias utilizadas nos testes


respirométricos

Teste - UNITAU Teste - ISA

Localização Brasil - Taubaté Portugal - Lisboa

Aeração Descontínuo Contínuo

Volume do frasco 2L 3L

Número de frasco 12 9

Temperatura 28 ± 1°C 25 ± 1°C

Condutividade com solução Sensor infravermelho de


Determinação do CO2
de NaOH CO2

Aquisição de dados/
A cada 10 dias Contínuo
aeração

No Brasil a determinação da biodegradabilidade foi efetuada pela

quantificação do CO2 liberado do solo e foi realizado com uma

proporção de 100 mg de filme biodegradável Agrobiolfilm® para 100

g de solo (1:1.000) e a umidade ajustada a 70% da capacidade de

campo (Figuras 1 e 2). O CO2 foi determinado indiretamente através

da condutividade elétrica da amostra da solução de NaOH retirada

do interior de cada frasco onde o CO2 foi capturado (RODELLA e


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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 123
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SABOYA, 1999), os frascos foram abertos regularmente para permitir

a aeração e a substituição da solução de NaOH.

Figura 1. Desenho esquemático da metodologia do teste de


respirometria por fluxo descontínuo-batch (UNITAU/Brasil)

Figura 2. Determinação do CO2 liberado pelo método de fluxo descontinuo-


batch (UNITAU/Brasil)

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 124
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Os tratamentos utilizados foram: solo (testemunha), solo +

celulose (controle positivo) e solo + filme biodegradável

Agrobiolfilm® (material teste) com quatro repetições e mantidos

incubados a 28oC durante 60 dias. A celulose e o filme biodegradável

foram cortados em pedaços menores que 2 mm.

Em Portugal foram realizados dois testes respirométricos

em modo de fluxo continuo com os solos T1, T2 e T3 em um

equipamento UmicLab1 (Figuras 3 e 4). UmicLab1 é um equipamento

de laboratório para determinar a biodegradabilidade final de

materiais orgânicos sob condições controladas por meio de um

analisador de dióxido de carbono (WETLANDS BIOSIENCES, 2009).

Esses testes também foram adaptados da ISO 17556 e foram

realizados com a mesma proporção utilizada no Brasil. No primeiro

teste com solo T1 foram utilizados 800 mg de filme biodegradável

Agrobiolfilm® para 800 g de solo e depois a umidade da mistura foi

ajustada para 50% da capacidade de campo. Os tratamentos foram

os mesmos dos utilizados no Brasil solo (testemunha), solo +

celulose (controle positivo) e solo + filme biodegradável

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 125
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Agrobiolfilm® (material teste) com três repetições e mantidos

incubados a 25oC durante 60 dias.

Figura 3. Desenho esquemático da metodologia do teste de


respirometria por fluxo contínuo (ISA-UL/PORTUGAL)

Figura 4. Equipamento UmicLab utilizados nos ensaios de biodegradação


dos biofilmes (ISA-UL/PORTUGAL)

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 126
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No segundo teste com solo T2 e T3 foram utilizadas 900

mg de filme biodegradável Agrobiolfilm® (material teste) para 900 g

de solo ajustados a 50% da capacidade de campo. Os tratamentos

utilizados foram: solo (testemunha), solo + celulose (controle

positivo) e solo + filme biodegradável Agrobiolfilm® (material teste)

com duas repetições e mantidos incubados a 25oC durante 60 dias. O

solo + celulose não foi realizado, uma vez que esses solos já foram

previamente utilizados e tiveram seu controle de atividade já

realizado. Nos testes em Portugal a celulose e o filme biodegradável

Agrobiolfilm® foram cortados em pedaços menores que 2mm e o

solo foi continuamente aerado (fluxo de ar de 150 mL/min) e as

medições de CO2 foram armazenadas continuamente no PC para

aquisição de dados. Os dados foram submetidos à análise de

variância e a diferença entre as médias foi determinada seguindo o

procedimento de Tukey (α 0,05).

Comparação entre as metodologias

Para a comparação das metodologias foi realizado um

teste de biodegradação em Portugal e Brasil utilizando o mesmo

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 127
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filme biodegradável e solo, conforme a descrição das metodologias

apresentadas na Tabela 2. Os resultados estão apresentados na

Tabela 3 em que é possível verificar que a taxa de biodegradação foi

significativamente mais elevada no teste de fluxo contínuo (Portugal)

quando comparado com o teste de fluxo descontínuo (Brasil).

Tabela 3. Resultados da comparação entre metodologias durante os


60 dias de incubação
Comparação entre as metodologias (Portugal e Brasil)

Emissão de CO2 (mg CO2 gsoil-1) Taxa de biodegradação (%)

Solo Solo + Agrobiofilm® Agrobiofilm® Celulose

Descontínuo 0.6
1.20 18.7a 31.6a
Brasil 9

Contínuo 1.8
3.04 48.9b 99.2b
Portugal 8

*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a α=0.05.

A taxa de biodegradação do Agrobiolfilm® e celulose foi

cerca de três vezes maior no teste de aeração com fluxo contínuo,

pois a aeração contínua aumenta a difusão do oxigênio em todo o

solo levando a uma maior atividade dos microrganismos na

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 128
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biodegradação da matéria orgânica (INNOCENTI, 2005; WALPOLA e

ARUNAKUMARA, 2010; COSTA et al., 2014; PADILHA et al., 2014).

Este aumento é observado também na liberação de CO2

do solo testemunha com um valor de 1,88 mg CO2/g solo no fluxo

contínuo contra 0,69 mg CO2/g solo no teste descontínuo.

Na Figura 5 ao analisar a dinâmica da biodegradação do

filme biodegradável no modo descontínuo, podem ser distinguidos

dois estágios na curva. No início ao longo dos primeiros 5 dias de

incubação espera-se que o crescimento das células vivas no meio

esteja associado ao início do processo de biodegradação. Do 5o dia

de incubação até o final do ensaio aos 60 dias, a taxa de

biodegradação aumentou lentamente como mostrado na Figura 5.

Ao analisar a dinâmica da biodegradação do

Agrobiolfilm® no fluxo contínuo podem ser distinguidos dois

estágios na curva presumivelmente correspondendo a diferentes

eventos ao longo do processo de biodegradação. No início ao longo

dos primeiros 15 dias de incubação espera-se que o crescimento de

células vivas no meio esteja associado ao início do processo de

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 129
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biodegradação. Nos 15o a 38o dias de incubação seguintes, a taxa de

biodegradação aumentou acentuadamente como mostra a Figura 5.

Figura 5. Resultados da taxa de biodegradação no solo pelos


métodos de (a) fluxo descontínuo-batch (Brasil) e (b) fluxo
contínuo (Portugal)

Em relação ao controle positivo com celulose observa-se

que entre o 5o e o 15o dia a biodegradação é quase exponencial no

teste de fluxo contínuo enquanto em condições de fluxo descontínuo

nota-se um comportamento linear. Após 60 dias a celulose atingiu

quase 100% de biodegradação no teste de fluxo contínuo, contra

31,6% no fluxo descontínuo, esses resultados demonstram que a


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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 130
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aeração contínua é favorável à atividade dos microrganismos durante

a biodegradação de carbono no solo.

A biodegrabilidade em diferentes tipos de solos

Para avaliar o efeito das características do solo na

biodegradação do Agrobiolfilm® foi realizado um teste

respirométrico nos três tipos de solos (T1, T2 e T3) com areação de

fluxo contínuo. Os resultados estão apresentados na Tabela 4,

verifica-se que a biodegradação no solo T1 foi superior em cinco

vezes a taxa de biodegradação dos solos T2 e T3. Pelo mesmo tempo

o solo T1 apresentou a maior emissão de CO2 e alcançou a maior

taxa de biodegradação quando comparado com o solo T2 e T3. Esse

comportamento pode ser devido ao maior teor de matéria orgânica

do solo T1 como relatado por outros autores que observaram taxas

de biodegradação mais elevadas em solos com maiores teores de

matéria orgânica (BARRAGAN et al., 2012; SARAIVA et al., 2012).

A maior biodegradação no solo T1 também pode estar

associada com a textura do solo, pois solos com textura média

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 131
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apresentam uma melhor distribuição no tamanho dos poros

promovendo assim uma melhor distribuição do ar e da água para os

microrganismos ao contrário das texturas dos solos T2 e T3

(INNOCENTI, 2005; WALPOLA e ARUNAKUMARA, 2010; PADILHA et

al., 2014).

Tabela 4. Liberação de CO2 e taxa de biodegradação em diferentes


tipos de solos durante 60 dias de incubação.
Comparação com diferentes tipos de solos
Tipos de Taxa de
Emissão de CO2 (mg CO2 gsolo-1)
solos biodegradação (%)

Solo+
Solo Agrobiofilm
Agrobiofilm®

T1 – Brasil 1,88 3,04 48,9b

T2 – Portugal 0,58 0,88 10,2a

T3 – Portugal 0,50 0,74 11,2a

**Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a α=0.05.

A biodegradação de resíduos orgânicos como filmes

biodegradáveis é mais lenta em solos argilosos quando comparada a

solos de textura arenosa, uma vez que os minerais de argila criam

uma ligação estável com a matéria orgânica (BAYER et al., 2002; SHI e

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 132
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MARSCHNER, 2012). Ao comparar os resultados no solo T1 com os

reportados por Agrobiolfilm (2013) em um solo com 25 g/ kg de

matéria orgânica e textura argilosa, pode-se verificar que para o

mesmo tempo de ensaio (60 dias) a taxa de biodegradação foi cerca

da metade da biodegradação alcançada no solo T1. Esses resultados

comprovam que a textura do solo pode ser tão importante quanto o

teor de matéria orgânica no solo. Ao comparar os resultados dos

experimentos T2 e T,3 nota-se que o teor de matéria orgânica não é

o único fator que influência a biodegradação. O solo T2 apresenta o

maior teor de matéria orgânica quando comparado ao solo T3, mas a

biodegradação alcançada não é diferente, uma vez que existem

outros fatores que influenciam a taxa de biodegradação. Esses

resultados demostraram que o teor de matéria orgânica não pode

ser o único fator considerado na previsão da taxa de biodegradação

do Agrobiolfilm®.

A partir da análise da Figura 6, verifica-se que o solo T1

possui uma elevada atividade dos microrganismos com 1,88 mg

CO2/g solo contra 0,58 mg CO2/g solo e 0,50 mg CO2/g solo dos

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 133
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solos T2 e T3, respectivamente. De fato, o CO2 liberado pelo solo T1 é

mais de três vezes superior ao quantificado nos solos T2 e T3 o que

indica sua maior adequação a biodegradação do Agrobiolfilm®.

Figura 6. Liberação de CO2 nos solos T1, T2 e T3.

CONCLUSÃO

A partir deste estudo pode-se concluir que:

- A modificação da metodologia de um sistema com

condições de fluxo descontínuo para um de fluxo contínuo causou

um aumento na taxa de biodegradação de 2,5 a 3,0 vezes;

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 134
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- O solo do Brasil tem condições químicas e físicas

favoráveis à biodegradação do filme biodegradável;

- O teor de matéria orgânica e a textura do solo

influenciaram diretamente na taxa de biodegradação do filme

biodegradável;

- É muito importante proceder à caracterização das taxas

de biodegradação obtidas em diferentes áreas e tipos de solo onde

os filmes biodegradáveis serão utilizados como cobertura de solo;

- As interações entre as características físicas do sol, a

matéria orgânica e a taxa de biodegradação do filme biodegradável

são complexas e requerem estudos adicionais.

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CAPÍTULO 6

Emissão de CO2 e biomassa microbiana em solos sob


cobertura com filme biodegradável, polietileno e casca
de arroz
1
Nara Lucia Perondi Fortes, 1Gustavo Tadeu Alvarenga Marques de
Souza, 1Paulo Fortes Neto, 2Artur Saraiva, 2Raquel Alexandra Cardoso
Costa, 2Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida
Duarte, 3Alana Cristina de Oliveira

RESUMO

No Brasil, em 2010, cerca de 2.500 t de filmes de cobertura


foram utilizados na horticultura. Após a colheita as coberturas de

polietileno são frequentemente enterradas ou queimadas como


resíduos, uma vez que a reciclagem de películas é demorada e
dispendiosa devido ao elevado custo de mão de obra para a
remoção. Os filmes biodegradáveis apresentam-se como uma

1
Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, Rua 4 de março,
432, Centro, Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270, paulo.fortes@unitau.br

2
Landscape, Enviroment, Agriculture and Food (LEAF), Instituto Superior de Agronomia,
Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa – Portugal eduarte@isa.ulisboa.pt

3
Discente da Graduação em Agronomia, Universidade de Taubaté, Rua 4 de março, 432, Centro,
Taubaté-SP, Brasil, CEP 12020-270

______________________________________________
Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 140
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alternativa ao uso do polietileno, uma vez que são incorporados no


solo com resíduos culturais no final do ciclo da cultura. Este estudo

foi realizado com o objetivo de avaliar a biodegradação de diferentes


tipos de coberturas em solos tropicais. O delineamento experimental
foi o de blocos casualizados com cinco repetições e quatro

tratamentos: solo sem cobertura (SC), palha de arroz (PA), cobertura

de polietileno (CP) e cobertura de filme biodegradável (FB). No


laboratório, um teste respirométrico foi realizado com o solo, a 70%
de capacidade de retenção de água e 28°C. A produção de dióxido

de carbono foi medida a cada 2 dias, durante um período de 20

dias. O carbono microbiano também foi determinado pelo método


de fumigação, ao final do teste respirométrico. Os resultados
mostraram que a cobertura com FB produziu mais dióxido de
carbono, 82,01 mg de C-CO2 g solo-1, do que outras coberturas. O

carbono microbiano foi maior na modalidade PA com 21,56 µg Cmic g


solo-1, seguido por FB com 19,60 µg C mic g solo-1 e menores valores
foram encontrados na SC e CP, com 12,18 e 13,57 µg Cmic g solo-1,

respectivamente. A partir dos resultados obtidos, os maiores valores


de CO2 verificados foram provavelmente devidos a um efeito

sinergético entre o conteúdo de carbono da cobertura morta e a taxa


de crescimento do microrganismo.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 141
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INTRODUÇÃO

A técnica da cobertura do solo (mulching) com polietileno

está perfeitamente implementada no mundo inteiro para diversas

culturas agrícolas e com benefícios comprovados, tais como

aumento de produção e qualidade dos frutos, melhores condições

de solo para o desenvolvimento das raízes e controle de plantas

infestantes (MILES et al. 2012). No Brasil o filme de polietileno é

utilizado como cobertura de solo em uma área de 9 mil hectares,

procedimento que apresenta uma tendência de crescimento em

torno de 13% ao ano (BLISKA, 2011). Estudos realizados pelo Comitê

Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura

(Cobapla) constataram que em 2010 foram consumidas cerca de

2.500 toneladas/ano de filmes plásticos de polietileno para cobertura

do solo no cultivo de flores, frutas e hortaliças (RETO, 2010).

No entanto, as quantidades de resíduos gerados no final

do ciclo produtivo e a dificuldade de enviar estes resíduos para um

destino adequado tornam premente o desenvolvimento de uma

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 142
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solução alternativa ao uso de polietileno na cobertura de solo

(GARTHE e KOWAL, 1993).

A contaminação ambiental causada pela queima ou

incorporação da cobertura de polietileno no solo, tem levado a

comunidade científica a procurar estratégias para minimizar estes

problemas ambientais e entre elas está a utilização de filmes

biodegradáveis como cobertura de solo, pois o bioplástico por ter

em sua composição o amido, tem como vantagem a possibilidade de

ser incorporado e biodegradado pelos microrganismos do solo em

dióxido de carbono, sais minerais e biomassa microbiana (KYRIKOU e

BRIASSOULIS, 2007; SIVAN, 2011; KASIRAJAN e NGOUAJIO, 2012).

Dessa forma, a cobertura do solo com filme biodegradável poderá

ser uma alternativa para solucionar o problema do destino final do

polietileno, pois estudos realizados pelo Projeto Europeu FP7

AGROBIOFILM constataram que o bioplástico apresentou a mesma

produtividade e qualidade obtida com o polietileno e ainda teve

como vantagem a possibilidade de ser incorporado e biodegradado

pelos microrganismos do solo (CONSÓRCIO AGROBIOFILM, 2013).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 143
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A biodegradação do filme biodegradável é influenciada

pela composição do polímero, temperatura, umidade, fertilidade,

matéria orgânica do solo e as condições climáticas da região, talvez

essas variáveis interagindo em conjunto ou isoladas sejam

responsáveis para explicar os diferentes resultados verificados nos

estudos de campo realizados em condições de clima temperado.

Assim Olsen e Gounder (2001) utilizando filme

biodegradável na cobertura do solo para a produção de hortaliças na

Espanha constataram que 20% do filme foi degradado em 33 dias no

verão, 38 dias na primavera, 56 no outono e 83 dias no inverno.

Lopez et al. (2007) estudando o cultivo do melão em uma região

mediterrânea da Espanha, constataram que o filme biodegradável

levou cerca de 120 dias para se decompor após ser incorporado ao

solo. Saraiva et al. (2012) constataram que a biodegradabilidade do

filme biodegradável e o polietileno não apresentaram diferença

significativa em solos com 1% de matéria orgânica, por outro lado,

Barragán et al. (2010) observaram elevadas taxas de biodegradação

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 144
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do filme biodegradável em solos com teores de matéria orgânica

acima de 3,9%.

Já estudos realizados em condições de solos tropicais

como no Brasil para avaliar a biodegradabilidade do filme

biodegradável com outros tipos de cobertura do solo são raros ou

inexistentes.

Sendo assim, o presente capítulo tem como objetivo

apresentar os resultados da emissão de C-CO2 e a biomassa

microbina do solo sob cobertura com filme biodegradável,

polietileno e casca de arroz.

DESENVOLVIMENTO

O estudo foi realizado no Laboratório de Microbiologia

Agrícola e Fitopatologia da Universidade de Taubaté, em Taubaté-SP,

Brasil. As amostras de solo foram coletadas a 20 cm de

profundidade, 60 dias após a incorporação no solo das coberturas

com casca de arroz, polietileno e filme biodegradável. O solo foi

classificado como um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico de

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 145
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textura média (EMBRAPA, 1999) e com a seguinte composição

química: pH (H2O) = 5,8; MO = 21 g dm-3; P = 30 mg dm-3; K = 3,5

mmolc dm-3; Ca = 30 mmolc dm-3; Mg = 14 mmolc dm-3; H + Al = 18

mmolc dm-3; SB = 47,5 mmolc dm-3; T = 65,5 mmolc dm-3 e V = 73%.

O filme biodegradável da marca Agrobiofilm® produzido a

partir de um copoliéster alifático/aromático com matriz de amido

(Mater Bi®) foi produzido e doado pela empresa portuguesa SILVEX

Indústrias de Plásticos e Papeis S.A.

Para a determinação da liberação de C-CO2 pesou-se 100

g de solo peneirado e seco ao ar e depois adicionou-se água

destilada para ajustar a umidade do solo para 70% da capacidade de

retenção de água (CRA). Após o ajuste da umidade o solo foi

colocado dentro de um frasco de vidro (2L) e ao lado do solo foi

colocado um recipiente contendo 40 mL de solução de hidróxido de

sódio 0,5 mol L-1 para absorver o CO2 liberado do solo. Os frascos de

vidros, depois de fechados, foram levados para a incubação em uma

sala climatizada à temperatura de ±28°C e em ausência de luz

durante um período de 15 dias. A cada intervalo de 3 dias foram

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 146
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realizadas as determinações da quantidade de CO2 liberado do solo

por condutivimetria, conforme metodologia descrita por Rodella e

Saboya (1999). O carbono referente à biomassa microbiana do solo

foi determinado pelo método de fumigação e extração conforme os

procedimentos descritos por Vance et al. (1987).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos

casualizados, com quatro blocos e cinco tratamentos: 1-Sem

cobertura (SC); 2-Cobertura com casca de arroz (PA); 3-Cobertura

com polietileno (CP) e 4-Cobertura com filme biodegradável (FB).

Os resultados foram submetidos a análise de variância e a

diferença entre as medias foram avaliadas pelo teste de Tukey a 5%.

Os dados foram analisados pelo software “SAS for Windows” (SAS,

2000).

Respiração microbiana do solo

Os resultados da liberação de C-CO2 acumulada do solo

das amostras coletadas nos canteiros sem cobertura e com

coberturas de cascas de arroz, polietileno e filme biodegradável, 60

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 147
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dias após a incorporação das coberturas no solo estão apresentados

na Figura 1.

B B
B

Figura 1. Liberação de C-CO2 do solo determinado em amostras coletadas


nos canteiros sem cobertura (SC) e com coberturas de palha de
arroz (PA), polietileno (CP) e filme biodegradável (FB). (Médias
seguidas da mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si a
5% de probabilidade pelo teste de Tukey).

As emissões de C-CO2 foram influenciadas

significativamente pelos tipos de coberturas incorporadas no solo,

sendo os maiores valores observados no solo com incorporação de

filme biodegradável e os menores no solo sem cobertura e com

incorporação de casca de arroz e polietileno. As médias acumuladas

das emissões de C-CO2 determinadas no período foi de 82,01 no

solo sem cobertura, 53,90 na casca de arroz, 54,41 no polietileno e


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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 148
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49,32 mg de C-CO2 g de solo-1 com filme biodegradável. A diferença

entre as emissões de C-CO2 do solo sem e com incorporação das

coberturas foi de 39,86% para o filme biodegradável, 9,35 % para a

casca de arroz e 8,50 % para o polietileno. Esses resultados sugerem

que a tendência observada, poderá estar associada à biodegradação

do filme biodegradável, pois a sua incorporação no solo pode ter

disponibilizado moléculas de amido que por serem solúveis foram

rapidamente degradadas em glicose e assimiladas pelos

microrganismos como fonte de energia e convertidas em emissões

de C-CO2 (BASTIOLI et al. 1990, KASIRAJAN e NGOUAJIO, 2012).

Carbono da biomassa microbiana do solo

Na Figura 2 estão apresentados os valores do carbono da

biomassa microbiana determinados nas amostras de solo coletadas

nos canteiros sem e com a incorporação das coberturas.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 149
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A
AB

B
B

Figura 2. Carbono da biomassa microbiana do solo determinado em


amostras coletadas nos canteiros sem cobertura (SC) e com a
incorporação das coberturas de palha de arroz (PA), polietileno
(CP) e filme biodegradável (FB) no solo. (Médias seguidas da mesma
letra na vertical não diferem estatisticamente entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey).

Nota-se que o tipo de cobertura incorporada ao solo

influenciou significativamente o teor de carbono microbiano, sendo

os maiores valores determinados nos canteiros com coberturas de

palha de arroz e filmes biodegradável e os menores no solo sem

cobertura e com cobertura de polietileno. As médias do conteúdo de

carbono microbiano foram de 21,56 na palha de arroz, 19,60 no

bioplástico, 13,57 no polietileno e 12,18 µg Cmic g de solo-1 no sem

cobertura (Figura 2). As coberturas de solo com palha de arroz, filme

biodegradável e polietileno proporcionaram um aumento de 43,50;


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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 150
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37,85 e 10,24%, respectivamente, no conteúdo de carbono

microbiano do solo quando comparado com o solo sem

incorporação de cobertura.

O maior conteúdo de carbono microbiano determinado no

solo com a incorporação da cobertura da palha de arroz pode estar

relacionado à elevada relação C/N da casca de arroz que ao ser

incorporado ao solo favoreceu o processo de assimilação de carbono

pelos microrganismos do solo. Dessa forma, nessa condição, a sua

decomposição no solo será gradual e com os microrganismos

consumindo parte do carbono como fonte de energia e nutriente, e a

outra parte do carbono sendo imobilizada para a produção de

células microbianas (ALMEIDA et al., 2009). Segundo Oliveira et al.

(1999,) isso ocorre porque os resíduos com elevada relação C/N

como a palha de arroz apresentam elevados teores de hemicelulose,

celulose e lignina e que após serem incorporados ao solo reduzem a

taxa de conversão do carbono orgânico em C-CO2 e elevam a

conversão para a produção de carbono microbiano. Já no solo com

filme biodegradável o conteúdo de carbono microbiano foi inferior

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 151
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ao solo com casca se arroz e superior ao solo sem cobertura e com

incorporação de polietileno. Nesse caso, o amido existente no filme

biodegradável foi utilizado como fonte de carbono e energia pelos

microrganismos do solo, pois o amido é um carboidrato solúvel que

rapidamente é biodegradado pelos microrganismos do solo e uma

grande parte do carbono é convertido em C-CO2 e uma pequena

parte é assimilada para a produção de novas células (KASIARAJAM e

NGOUIJO, 2012). Entre os tratamentos com coberturas o menor

conteúdo de carbono microbiano no solo foi quantificado com a

incorporação de polietileno e isso pode ser atribuído ao fato de que

a película de polietileno é uma resina termoplástica obtida a partir

do etileno polimerizado a alta pressão. Devido ao processo de

polimerização a resina termoplástica apresenta em sua composição

físico-química característica que conferem ao polietileno ser um

material impermeável, inalterável à água e resistente a

biodegradação pelos microrganismos (VALENZUELA e GUTIÉRREZ,

1999).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 152
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O menor conteúdo de carbono microbiano constatado no

solo sem cobertura e com polietileno foi devido principalmente à

falta de oferta de carbono orgânico lábil para os microrganismos do

solo.

A avaliação conjunta da liberação de C-CO2 (Figura 1) e a

quantidade de carbono microbiano (Figura 2), observada nos locais

com adição de palha de arroz e filme biodegradável, permitem inferir

que a incorporação desses materiais no solo ocasionou mudanças

nos padrões metabólicos dos microrganismos. Assim no solo com

adição de palha de arroz a comunidade microbiana decompositora

predominante foi composta por microrganismos com maior

capacidade para imobilizar o carbono. Por outro lado, a incorporação

de filme biodegradável estimulou as comunidades microbianas com

capacidades metabólicas para imobilizar e mineralizar o carbono

durante a biodegradação do bioplástico no solo. De acordo com

Moreira e Siqueira (2006), essa alteração metabólica que ocorre entre

a comunidade microbiana do solo está relacionada ao conteúdo de

carbono label existente no resíduo orgânico incorporado ao solo.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 153
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CONCLUSÃO

-O filme biodegradável apresentou uma biodegradabilidade mais

elevada no solo do que as coberturas com palha de arroz e

polietileno.

-A incorporação do filme biodegradável estimulou o

desenvolvimento de comunidades microbianas imobilizadoras e

mineralizadoras de carbono orgânico no solo.

-A biodegradabilidade variou de acordo com a disponibilidade do

carbono orgânico presente na composição química das coberturas

de palha de arroz, filme biodegradável e polietileno.

- As medidas de liberação de C-CO2 e de carbono da biomassa

microbiana foram sensíveis à incorporação das coberturas de palha

de arroz, filmes biodegradáveis e polietileno no solo.

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 157
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ÍNDICE REMISSIVO

A
Abobrinha 45, 51, 52
Absorção de nutrientes 87
Água no solo 20, 66, 71, 84, 97
Amido 24, 26, 27, 28, 29, 30, 82, 89, 98, 117, 118, 136, 144, 147, 150

B
Bactérias 27
Biodegradação 8, 14, 30, 31, 32, 45, 47, 48, 49, 51, 58, 59, 60, 115,
116, 117,118, 119, 120,121, 125, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133,
134
Biomassa microbiana 8, 14, 139, 142, 145, 148, 152

C
Calcisols 120
Carbono microbiano 140, 148, 149, 150, 151
Celulose 126
Consumo de água 21, 83

E
Emissões de CO2 25, 119
Erva daninha 66
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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 158
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F
Ferrasols 120
Fungos 27, 60
Frutos 8, 21, 22, 23, 32, 36, 40, 41, 52, 53, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71,
72, 77, 86, 106, 109, 140

G
Germinação 22, 60, 67, 76, 103

H
Hortaliças 7, 13, 15, 16, 18, 31, 32, 45, 46, 56, 66, 67, 108, 109, 141,
142

I
Irrigação 15, 21, 35, 39, 41, 45, 47, 54, 65, 79, 83, 89, 95, 98, 109, 113,
114

L
Latossolo Vermelho Amarelo 64, 88, 144
Lixiviação 15, 20, 30, 66, 85, 100

M
Macrofauna do solo 16, 18, 45, 56
Mater Bi® 144

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Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 159
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Matéria orgânica 31, 32, 66, 116, 118, 119, 128, 130, 131, 132, 134,
142, 143
Massa seca 21, 67, 103
Microrganismos 16, 15, 19, 26, 27, 30, 33, 99, 117, 118, 127, 130, 131,
132, 141, 142, 147, 149, 150, 151
Mineralização do nitrogênio 20, 85, 99
Morango 19, 33, 41, 45, 48, 49, 51
Mulching 7, 13, 15, 17, 35, 37, 38, 39, 42, 43, 78, 80, 108, 137, 140

P
Pimentão 7, 8, 32, 45, 48, 49, 51, 54, 64, 65, 68, 70, 71, 72, 74, 77, 79,
98
Plantas invasoras 8, 16, 21, 22, 32, 52, 64, 65, 82, 83, 90, 101, 102, 103,
104, 105, 107
Produtividade 16, 18, 21, 30, 32, 33, 49, 54, 55, 56, 66, 67, 77, 86, 106,
142

R
Raios solares 66
Reciclagem 23, 130
Respiração basal 118
Restos vegetais 55, 66, 68, 81, 84, 85, 86, 87

S
Superfície do solo 84, 90, 93, 97, 105, 159

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T
Temperatura do solo 82, 84, 87, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 107
Tomate 32, 45, 49, 51, 54, 57
Tratos culturais 83, 86

U
Umidade do solo 20, 55, 83, 90, 91, 97, 98, 99, 107, 144
Uso agrícola 29

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Sobre os autores

Elizabeth da Costa Neves Fernandes de Almeida Duarte, graduada


em Engenharia Química, Faculdade de Ciências da Universidade de
Coimbra, Mestre em Bioinorgânica pela Universidade de Oxford,
Doutora em Engenharia do Ambiente, especialidade em Sistemas
Naturais e suas Tensões, pela Universidade Nova de Lisboa,
Faculdade de Ciências e Tecnologia., Especialista na área de
tratamento e valorização agronômica/energética de águas
residuais/lamas/bio-resíduos, Professora Catedrática Jubilada no
Instituto Superior de Agronomia (ISA) – Universidade de Lisboa,
Leciona unidades curriculares nos Mestrados de Engenharia do
Ambiente, Alimentar, Zootécnica, Viticultura e Enologia, Segurança
Alimentar (FMV-ULisboa).

Nara Lúcia Perondi Fortes, graduada em Biologia pela Universidade


de Passo Fundo (UPF), Mestre em Microbiologia Agrícola e do
Ambiente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Doutora em Agronomia pela Universidade Estadual de São Paulo
(UNESP), Professora de graduação do curso de Agronomia da
Universidade de Taubaté (UNITAU) e Professora do Programa de
Pós-graduação Profissional em Ciências Ambientais da Universidade
de Taubaté (UNITAU).

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 162
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Paulo Fortes Neto, graduado em Agronomia pela Universidade de


Taubaté (UNITAU), Mestre em Microbiologia Agrícola e do Ambiente
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutor em
Agronomia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ), Universidade de São Paulo (USP), Professor de graduação
do curso de Agronomia da Universidade de Taubaté (UNITAU),
Professor dos Programas de Pós-graduação Profissional e Acadêmico
em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) e
Coordenador adjunto do Programa Profissional em Ciências
Ambientais (UNITAU).

Rita do Amaral Fragoso, graduada em Química Tecnológica pela


Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Doutora em
Engenharia Agro-Industrial pelo Instituto Superior de Agronomia da
Universidade de Lisboa, Professora Auxiliar no Instituto Superior de
Agronomia da Universidade de Lisboa colaborando na docência de
unidades curriculares dos cursos de Mestrado em Engenharia do
Ambiente, Engenharia Alimentar e Engenharia Enológica (FMV-
ULisboa.

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Série: Cidades Sustentáveis
Filmes Biodegradáveis para Cobertura de Solo Agrícola 163
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Série: Cidades Sustentáveis

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