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Cofragens tradicionais
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COFRAGENS TRADICIONAIS
Outubro de 2001
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Preparação das cofragens 7
3. Processo construtivo 15
3.1. Fundações 15
3.2. Pilares 18
3.2.1. Marcação do pilar 19
3.2.2. Construção dos taipais 21
3.2.3. Verificação da verticalidade 22
3.2.4. Escoramento 22
3.2.5. Reforço da cofragem 24
3.2.6. Pilares de secção circular 26
3.2.7. Descofragem 26
3.3. Vigas 27
3.3.1. Preparação dos prumos e taipais 29
3.3.2. Colocação da estrutura de suporte 30
3.3.3. Colocação dos painéis de fundo e laterais 31
3.3.4. Descofragem 34
3.4. Lajes 35
3.4.1. Colocação dos prumos, vigas e barrotes 35
3.4.2. Colocação dos painéis da laje 36
3.4.3. Descofragem 38
3.5. Muros e paredes 39
3.6. Escadas 46
3.6.1. Colocação da estrutura de suporte 46
3.6.2. Colocação dos taipais 47
3.6.3. Colocação da armadura 48
3.6.4. Execução e colocação dos moldes dos degraus 49
3.6.5. Descofragem 50
3.7. Corpos salientes 50
3.8. Lajes de cobertura inclinada 52
3.9. Outros elementos 52
4. Fase pré e pós-execução 54
4.1. Montagem das armaduras 54
4.2. Betonagem 55
4.3. Descofragem 59
4.4. Armazenamento 61
4.5. Tratamento das superfícies dos moldes 62
5. Segurança e controlo de qualidade 64
5.1. Procedimentos na obra 64
5.1.1. Segurança 64
5.1.2. Regras de boa prática 66
5.1.3. Níveis de exigência de qualidade 68
5.1.4. Planeamento das actividades 68
5.2. A Norma Provisória Europeia prENV 13670-1 - “Execução de estruturas de
Betão - Parte 1: Regras Gerais” 70
5.2.1. Aspectos gerais relativos às cofragens 73
5.2.1.1. Requisitos básicos 73
5.2.1.2. Materiais 74
5.2.1.3. Cimbres 74
5.2.1.4. Cofragens 74
5.2.1.5. Acabamento da superfície 75
5.2.1.6. Componentes secundários 75
5.2.1.7. Remoção das cofragens e cimbres 76
5.2.2. Inspecção 76
5.2.3. Anexo B (Instruções relativas a cofragens e cimbres) 77
5.2.3.1. Requisitos básicos 77
5.2.3.2. Cimbres 78
5.2.3.3. Cofragens 78
5.2.3.4. Componentes secundários 78
6. Anomalias e erros de execução 79
6.1. Bolhas de pele 79
6.2 Manchas devidas a perdas de humidade através da cofragem 80
6.3. Chochos e esbabaçado 81
6.4. Descasque 83
6.5. Crostas 84
6.6. Eflorescências 85
6.7. Variações de cor 86
6.8. Rachaduras 87
6.9. Fissuração 88
6.10. Contaminação 88
6.11. Irregularidade de perfil 89
7. Evolução dos sistemas tradicionais de cofragem 90
7.1. Cofragens metálicas 90
7.2. Cofragens tradicionais melhoradas 93
7.2.1. Prumos metálicos 93
7.2.2. Viga metálica extensível 94
7.2.3. Novos materiais 94
7.2.4. Complementos 100
7.2.5. Elementos pré-fabricados 100
7.2.6. Exemplos de aplicação 101
7.3. Que futuro para as cofragens tradicionais? 105
8. Dimensionamento de cofragens tradicionais 106
8.1. Acções de cálculo 106
8.2. Utilização de tabelas de cálculo 107
9. Bibliografia 114
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COFRAGENS TRADICIONAIS
1. INTRODUÇÃO
Para a execução dos vários elementos estruturais de betão (sapatas, lajes, vigas, muros, pilares
e outros), é necessário recorrer a moldes, que tal como o nome indica moldam o betão à sua
forma final. Sendo o betão um material fluido, que só se solidifica e torna resistente ao fim de
alguns dias, é premente o recurso a moldes e elementos de suporte que assegurem as formas
pretendidas até que este adquira as propriedades que lhe permitam uma elevada longevidade
estrutural. É este o motivo pelo qual é fundamental em obra a utilização de cofragens.
Durante muitos anos, este foi o único modo de cofrar, até que há relativamente poucos anos se
começou a recorrer a outro tipo de materiais. Por via de uma evolução na Engenharia dos
Materiais, surgiram novas técnicas e materiais de cofragem, como os aglomerados, os
contraplacados, o aço e as ligas de alumínio (cofragens metálicas), o PVC, a fibra de vidro,
entre outros, que vieram substituir parcial ou totalmente a madeira.
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cofragem tradicional continuará a ter uma expressão significativa em obras em que a sua
dimensão e/ou arquitectura não proporcionam grande facilidade para aplicação de sistemas
racionalizados.
Para as obras de pequena dimensão (no extremo, o pequeno edifício ou a moradia - Fig. 1, à
esquerda) já surgiram sistemas racionalizados que começaram paulatinamente a retirar
posição de mercado aos sistemas tradicionais.
Fig. 1 - À esquerda, obra de pequena dimensão totalmente cofrada com cofragem tradicional
e, à direita, cofragem descartável de pilar cilíndrico (cartão, folha de alumínio e película de
polietileno)
A selecção do melhor sistema de cofragem para cada situação deve ter em conta o custo
global e não apenas o custo directo, dependendo aquele de: custos de aquisição (ou aluguer) e
manutenção do equipamento; número de reutilizações possíveis; qualidade do paramento
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devido à sua baixa densidade, não requer máquinas potentes para a sua colocação em
obra;
no entanto, por apresentar uma elevada relação resistência / densidade, é um material
suficientemente resistente para suportar a manipulação descuidada e a movimentação
em obra;
imprime à superfície do betão uma textura rugosa que pode ter aplicações arquite-
ctónicas importantes e também facilita a aplicação de um eventual revestimento;
apesar dessa rugosidade, permite a obtenção de boas superfícies de acabamento, por
um lado, pela sua relativamente fraca adesão ao betão e, por outro, pela possibilidade
de utilizar óleos descofrantes;
é também um excelente material de isolamento térmico do betão jovem sendo ideal
para a betonagem no Inverno;
permite a execução de pequenas peças ou de elementos complicados, pois é um
material de uma grande trabalhabilidade (é fácil de cortar e ligar);
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Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às estruturas de edifícios de betão que, tal como
toda a restante matéria, se restringe fundamentalmente aos edifícios correntes. Dentro deste
capítulo, insere-se nas cofragens e, mais concretamente, nas tradicionais.
A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelos seus Autores mas sim de alguma pesquisa bibliográfica, da consulta dos profissionais
do sector, da organização de dois Seminários de Especialização sobre o tema e de
monografias escritas realizadas por alunos do Instituto Superior Técnico, na Licenciatura em
Engenharia Civil. Assim, muita da informação nele contida poderá também ser encontrada
nos seguintes textos, que não serão citados ao longo do texto:
Pedro Paulo e Jorge de Brito, “Noções Gerais sobre Sistemas de Cofragens”, Curso sobre
Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Dezembro de 2000, Lisboa;
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A forma e o aspecto final das peças de betão dependem quase exclusivamente do molde onde
são executadas (e da descofragem). Os cuidados na execução desse molde em relação a di-
mensões, desempeno da superfície, indeformabilidade, estanqueidade, natureza e acabamento
do material em contacto com o betão e (eventual) óleo descofrante, resultam na necessidade
ou não de se realizarem à posteriori trabalhos finais de rectificação e acabamento. A estas
exigências funcionais que a cofragem tem de garantir juntam-se a resistência (mecânica e ao
calor de hidratação do betão), a rigidez e a estabilidade adequada às cargas a que irá estar
sujeita e ainda a baixa aderência ao betão na descofragem.
A madeira é a base deste tipo de cofragem, dependendo dela e das suas características o
sucesso da execução das estruturas em betão. As principais características da madeira, e que
fazem dela um bom material para a realização de cofragens são sobejamente conhecidas e
foram referidas no capítulo anterior.
A madeira, na forma maciça, que é mais utilizada em Portugal para execução de cofragens é a
do pinheiro bravo, vulgarmente designada por pinho (o eucalipto, nomeadamente para
prumos, é também muito utilizado). As dimensões mais correntes dos elementos de cofragem
tradicional (Fig. 2, à esquerda) assim como as respectivas características mecânicas constam
do Quadro 1 (existem ainda prumos redondos de secção 10 cm).
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não pode ser verde, pois a madeira ainda não tem a resistência suficiente e é muito
flexível, deformando-se facilmente; para além disso, pode retrair e abrir as juntas (o
que pode ser remediado com tabuetas ou massa);
não pode estar muito seca, pois pode prejudicar o betão fresco, ao retirar-lhe parte da
sua água de amassadura; para além disso pode inchar reduzindo a secção útil das peças
(o que pode ser remediado dando uma folga de cerca de meio milímetro [1] [3]).
Para a realização das cofragens, há uma grande variedade de ferramentas (Fig. 2, à direita)
que participam apenas na execução das peças de madeira, tais como:
Fig. 2 - À esquerda, tábuas de solho e prumos de madeira armazenados antes da sua utilização
e, à direita, ferramentas utilizadas na execução de cofragens tradicionais
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Mas os elementos construtivos que mais relevo têm neste processo são aqueles que
constituem de facto a cofragem tal como ela é entendida:
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Os prumos são elementos de apoio / suporte da cofragem. Estes são, na cofragem tradicional,
feitos de madeira (Fig. 8, à direita) mas a dificuldade em arranjar prumos de pinho ou
eucalipto que satisfizessem os critérios de segurança para a sua aplicação e a necessidade de
ter vãos sempre da mesma altura, aliada à impossibilidade de regulação da altura dos prumos,
fez com que estes fossem praticamente substituídos pelos prumos metálicos (Fig. 8, à
esquerda). Estes prumos têm uma durabilidade maior, permitem o ajuste (em função da altura
- Fig. 9, à esquerda), o que não é fácil em segurança com prumos de madeira (Fig. 9, à direita)
e não são um material muito caro, por isso o seu uso em obra é de facto justificado. Os
prumos podem ser dimensionados através de tabelas em função do vão que têm de suportar.
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castanhetas (Fig. 13, à esquerda). As castanhas servem para manter a posição das cofragens,
que tendem a deformar-se devido às pressões laterais do betão fresco (antes de atingir a
presa). Para evitar que isto aconteça as cofragens são trespassadas por varões de aço,
normalmente o de menor custo - 6 mm. Os varões atravessam os elementos a cofrar de um
lado ao outro (Fig. 13, ao centro), e nunca chegam a ser recuperados, pois só quando o betão
já está endurecido é que estes varões deixam de ser necessários. Estes varões, designados por
esticadores (Fig. 11), funcionam como tirantes e são fixados à cofragem por meio das
castanhas. A desvantagem deste método é que fica um pequeno varão à superfície que pode
enferrujar um pouco.
Outro acessório importante, são os grampos (Fig. 12) que funcionam por atrito, impedindo os
taipais de se abrirem. Trata-se de um sistema menos fiável que os esticadores e castanhas. Os
grampos devem ser colocados numa zona reforçada dos taipais (por exemplo, uma travessa ou
um barrote) para evitar esmagamentos locais.
Finalmente, os pregos (Fig. 13, à direita) não podiam ser deixados de ser referidos pela
importância na solidarização dos elementos de madeira. O recurso a parafusos, porcas e
anilhas é muito mais limitado.
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Fig. 13 - Castanha antes de ser aplicada (à esquerda) e presa à cofragem (ao centro) e pregos
antes de serem aplicados (à direita)
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3. PROCESSO CONSTRUTIVO
Por serem as fundações peças que geralmente ficam invisíveis, não há necessidade de muito
rigor e perfeccionismo na execução das suas cofragens, podendo estas ser mais toscas e
menos cuidadas.
De notar que nem sempre há necessidade de utilizar cofragem para a execução dos elementos
de fundação. De facto, se o solo possuir características que permitam a verticalidade dos
taludes em períodos curtos (solos fortemente coerentes), poder-se-á realizar a betonagem
contra o terreno (Fig. 14, à esquerda), embora neste caso seja mais difícil garantir o
recobrimento das armaduras. Mesmo em casos onde não é possível escavar taludes verticais,
mas apenas valas irregulares, é também uma hipótese a considerar a da não utilização de
cofragens, pois o excesso de betão gasto a preencher toda a escavação compensa o custo da
cofragem, ficando as fundações com um pequeno excesso [1]. Nos terrenos soltos em que não
é possível a solução atrás referida, ou nos casos em que esteja prevista no projecto a
escavação geral até à cota de fundação, torna-se necessário executar cofragens das sapatas e
vigas de fundação (Fig. 17, à esquerda). Por vezes, esta cofragem é perdida (Fig. 14, à
direita). Deve ter-se em conta na construção da cofragem destes elementos (Fig. 16, à
esquerda) a vantagem, que geralmente existe, na sua betonagem em simultâneo.
Cofragem
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A cofragem das sapatas (Fig. 15, à direita) é feita através de taipais laterais. Para que resistam
aos esforços que ocorrem na betonagem, os taipais podem ser escorados (normalmente contra
o terreno - Fig. 15 - ou contra os taipais das outras sapatas, se estas se encontrarem
suficientemente próximas) ou ter barrotes (com 10 cm x 7 cm) dispostos na direcção oposta à
das tábuas solidarizados a estas contra os quais reagem esticadores ( 6 ou 8 mm em aço
macio) que atravessam as cofragens da sapata de um lado ao outro e são fixados pelo exterior
com castanhas (Fig. 17, à direita). Nesta figura, pode-se observar que foram colocados
barrotes a duas alturas, de forma a evitar que ocorra flexão excessiva das tábuas verticais.
Uma outra alternativa de escoramento recorre a estacas verticais cravadas no terreno com um
pequeno espaçamento, para o que o solo tem de ter uma resistência razoável.
Fig. 16 - Recorte na cofragem de sapata para acerto com a cofragem de viga de fundação (à
esquerda) e viga de fundação com cofragem perdida de tijolo furado (à direita [12])
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Fig. 17 - Vista geral das sapatas e vigas de fundação totalmente cofradas a madeira (à
esquerda) e cofragem de uma sapata triangular
As vigas de fundação (Fig. 18) são cofradas praticamente como vigas normais (ver mais adi-
ante; a título de curiosidade, apresenta-se na Fig. 16, à direita, uma viga de fundação “cofra-
da” com tijolos perdidos). A diferença mais relevante é o facto de as dimensões serem
maiores implicar que o impulso do betão fresco também o vá ser e fazer com que as cofragens
tenham de ser mais reforçadas e melhor escoradas. Esse reforço pode ser conseguido (Fig.
19), tal como nas cofragens das sapatas, através de barrotes colocados longitudinalmente
fixados com esticadores que atravessam transversalmente a viga e são presos exteriormente
com castanhas. Na Fig.19, à esquerda, também é possível observar o travamento com cunhas
de madeira, que é colocado para garantir o recobrimento, servindo de reacção horizontal em
relação ao “aperto” realizado pelos esticadores acima referidos. Na Fig.19, à direita, importa
salientar a forma como foi obtida a reacção horizontal numa zona de canto: utilizando uma
tábua como escora.
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Ainda que nas fotos apresentadas acima, a escavação geral tenha sido executada até à face
inferior dos elementos de fundação, é também frequente fazê-lo apenas até à face superior.
Nesses casos, a largura das valas (para as vigas de fundação) e caboucos (para as sapatas)
deve ser suficiente para permitir a colocação dos taipais laterais e ainda o seu escoramento.
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confiadas. A execução da cofragem dos pilares irá depender da forma (quadrada, rectangular,
circular ou poligonal) e dimensões da secção transversal, uma vez que tal terá consequências
nos esforços a que as cofragens irão estar submetidas enquanto o betão está fresco.
Após a betonagem das sapatas e vigas de fundação da estrutura, a primeira operação consiste
em confirmar a posição do centro do pilar. Em seguida, desenha-se a secção transversal do
pilar sobre o betão, tratando-se usualmente duma figura geométrica bastante simples, devendo
ter-se o cuidado de garantir que a área interior da secção transversal da caixa de molde tem as
dimensões do pilar de projecto. Para tal, recorre-se a um cangalho, gastalho de centragem
(Fig. 22) ou “cama”, feito geralmente com sobras de madeira (Fig. 23).
Antes da betonagem da sapata, devem ser deixadas armaduras de espera do pilar amarradas às
armaduras da sapata. Estas armaduras podem ter logo a altura necessária para o primeiro piso
(Fig. 15, à direita) ou ser posteriormente empalmadas, sempre antes da execução da cofragem
do pilar (é mesmo possível cofrar e betonar numa primeira fase apenas um troço de pequena
altura de pilar - Fig. 24, à esquerda). Em qualquer dos casos, é necessário escorar essas arma-
duras (Fig. 15, à direita) para que não adquiram deformações permanentes. Por vezes, recorre-
se à colocação de espaçadores de compressão no interior da cofragem (Fig. 24, à direita), para
impedir que a acção dos esticadores reduza as dimensões da secção transversal do pilar.
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Fig. 23 - Execução do cangalho de um pilar: da esquerda para a direita, sobras de madeira,
fase intermédia e cangalho completo na base do pilar
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Os taipais utilizados nas cofragens tradicionais de pilares (Fig. 25, à esquerda) nem sempre
são previamente montados. Vão sendo construídos com tábuas de solho e travessas (Fig. 25, à
direita), sendo reaproveitados (Fig. 26, à esquerda) e utilizados à medida das necessidades.
Por vezes, são reaproveitados em pilares de dimensões transversais mais reduzidas do que o
inicialmente previsto (Fig. 26, à direita). Os aspectos específicos dos pilares de secção
circular são tratados no ponto 3.2.6.
Após a aplicação do óleo descofrante (se for essa a opção), os taipais são sucessivamente
colocados nas suas posições correctas para garantir as dimensões finais do pilar. As ligações
são feitas por pregagem (Fig. 27, à esquerda). Se o pilar for chanfrado, é necessário colocar
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A título de curiosidade, refira-se a prática em desuso, ilustrada na Fig. 21, à direita, de utilizar
a alvenaria de tijolo para cofrar lateralmente os pilares, executados após a erecção da parede.
A verticalidade do pilar é outra operação que merece atenção por parte do carpinteiro de
cofragens. Uma cofragem mal aprumada desfigura o pilar e demonstra, por parte do
carpinteiro, falta de cuidado e precisão. Pode-se garantir a verticalidade do pilar e
simultaneamente o seu desempenamento através de 4 fios-de-prumo, um em cada canto do
pilar. Outra ferramenta utilizada para este efeito é a régua de nível (Fig. 27, à direita). De
notar que se trata de uma ferramenta de uso fácil, sem necessidade de know-how específico.
Fig. 27 - À esquerda, pregagem do último taipal do pilar aos restantes e, à direita, posiciona-
mento dos taipais, vendo-se a régua de nível utilizada na verificação da verticalidade
3.2.4. Escoramento
Trata-se de uma das fases mais importantes na construção da cofragem dum pilar. Se não se
garantir um bom escoramento, de forma a permitir uma boa dissipação de esforços, corre-se o
sério risco de que, no dia da betonagem, ocorra a rotura / derrube da cofragem.
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Se forem em madeira, as escoras são pregadas aos taipais. No caso de se tratar dum pilar
ligeiro isolado, deverão colocar-se escoras nos quatro taipais. Caso nalgum dos lados seja
possível fixar os pilares, poupa-se o escoramento no lado respectivo. Em muitas obras é usual
ver-se o escoramento apenas em dois lados opostos. Na Fig. 28, estão representados diversos
exemplos de escoramentos em madeira. O escoramento pode ser mesmo feito entre os vários
pilares (Fig. 29).
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Poderá haver vantagem em pregar previamente aos taipais barrotes verticais (Fig. 30, à
esquerda) para permitir um melhor apoio do escoramento. No caso de o escoramento ser
constituído por prumos metálicos, é possível ajustar o seu comprimento (Fig. 30, ao centro),
podendo ser necessário (ou prudente) recorrer a diversos escoramentos (Fig. 30, à direita).
O escoramento deverá ser mantido até que o betão adquira presa e resistência suficiente.
As zonas de maiores pressões do betão fresco contra a cofragem situam-se perto da base do
pilar, enquanto na zona superior o seu efeito é quase nulo. Assim seria de esperar um maior
cuidado em reforçar a parte inferior da cofragem com barrotes mais próximos e, à medida que
se sobe, um afastar mais dos barrotes. Na prática, tal não se verifica (Fig. 31, à esquerda),
ainda que o reforço seja feito de forma indirecta através de barrotes adicionais e esticadores
presos com castanhas (Fig. 31, ao centro). Uma outra alternativa, ainda que menos fiável, é
através de cerra-juntas ou grampos (Fig. 31, à direita). Caído em desuso, está o recurso a
molduras (também designadas de gravatas) em madeira (Fig. 32) ou metálicas (Fig. 33).
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Fig. 33 [4] - Moldura ou quadro de barras para fixação dos taipais laterais da cofragem de um
pilar
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Na cofragem deste tipo de secção, não são utilizadas tábuas mas sim tabuinhas estreitas sem
serem pregadas previamente, formando entre elas o molde [2]. Para garantir a forma circular,
empregam-se as chamadas cambotas, obrigando as tabuinhas a adoptar a forma cilíndrica
(Fig. 34, à esquerda). Pode complementarmente recorrer-se a braçadeiras ou arame em aço
(Fig. 34, à esquerda).
Muito resumidamente, o processo construtivo começa pela reunião das tábuas que irão formar
a cambota, acoplando-as devidamente para que, ao encaixarem, a circunferência não
apresente qualquer descontinuidade. De seguida, serra-se o mais próximo possível do risco da
circunferência e pregam-se as peças contínuas (Fig. 34, ao centro). Convém salientar que as
cambotas não são peças resistentes. A sua única função é dar forma às tabuinhas que
determinam o molde do pilar circular.
3.2.7. Descofragem
“A desmoldagem somente deverá ser realizada quando o betão tiver adquirido resistência
suficiente, não só para que seja satisfeita a segurança em relação à rotura das peças
desmoldadas, mas também para que não se verifiquem deformações excessivas” [3]. Em
teoria, os prazos mínimos de descofragem para os pilares estão no ordem dos três a quatro
dias, embora na prática se verifique serem de apenas um dia (Fig. 34, à direita). Refira-se que
este prazo depende fortemente de um conjunto de parâmetros (tipo de cimento, recurso a
adjuvantes, exposição ao solo e ao vento, volume da peça, cuidados na cura), pelo que deverá
ser preconizado caso a caso. Isto é válido também para os restantes elementos estruturais em
betão. A descofragem dos pilares está naturalmente dependente da sequência da cofragem,
conforme se pode constatar pela Fig. 35 (em que as setas a negro indicam os pontos de ataque
dos painéis para desmoldagem e se vê no interior de cada corte o molde já aberto), mas segue
geralmente a seguinte sequência: retirada das molduras, esticadores ou grampos; retirada do
escoramento; desmonte dos taipais; retirada do cangalho; tapamento de (eventuais) buracos.
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Fig. 34 - Cofragem de pilar circular: em esquema (à esquerda) e em obra (ao centro); pilar
descofrado no dia seguinte à betonagem (à direita)
As vigas são peças horizontais que assentam sobre pilares, muros de pedra, paredes de
alvenaria, paredes de betão, etc.. A sua cofragem consiste, em termos gerais, em dois painéis
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As cofragens tradicionais não têm regras rígidas, já que a sua execução é fruto da experiência
e por vezes da necessidade, pelo que é natural que existam diferenças entre os sistemas de co-
fragens executados em diferentes obras e que, por conseguinte, não faça sentido apresentar re-
gras pormenorizadas de como fazer cofragens para vigas. No entanto, as bases da estrutura e a
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montagem são muito semelhantes em todos os casos, o que se deve essencialmente ao facto de
que as cofragens terem que ser montadas sempre a pensar na maneira como vão ser retiradas.
Verifica-se também que, hoje em dia, se torna praticamente impossível encontrar sistemas to-
talmente em madeira, já que o uso de prumos e castanhas metálicos se encontra generalizado.
Inicialmente constroem-se em oficina os painéis (Fig. 39, à esquerda) que vão servir de fundo
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e de paredes laterais das cofragens da viga. É depois necessário construir prumos de madeira
que terão que ter altura necessária para que na sua parte superior se apoiem travessões que
vão receber o fundo da cofragem da viga. As junções de toros para obter um prumo com
determinado comprimento fazem-se por meio de tábuas de 70 cm de comprimento no mínimo,
que se pregam aos elementos que se pretende ligar. Não se usam prumos com mais de uma
emenda e essas emendas devem estar fora do terço central. Como os prumos de madeira são
peças esbeltas, quando a altura é considerável, torna-se necessário interligá-los. Obviamente,
existe a alternativa dos prumos metálicos (Fig. 39, à direita).
Fig. 39 - À esquerda, corte de madeira para a montagem dos painéis de cofragem e, à direita,
prumos metálicos escorando a estrutura de suporte da cofragem
Inicialmente, são pregados nos pilares dois barrotes (Fig. 40, à esquerda) sobre os quais
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assentam os barrotes principais que ligam dois ou mais pilares. Para suster a estrutura de
suporte, a cofragem e a própria viga, são colocados prumos que, quando se apoiam no terreno,
necessitam de uma fundação, geralmente constituída por tábuas e cunhas de madeira ou por
betão pobre de regularização. Em seguida, pregam-se as travessas transversalmente aos
barrotes principais.
Colocam-se depois as travessas que vão receber o fundo da cofragem (Fig. 40, à esquerda).
Nas cofragens totalmente tradicionais, as travessas são escoradas com pendurais formados por
tábuas estreitas (Fig. 37). As travessas podem assentar sobre dois barrotes que, por sua vez,
apoiam nos prumos metálicos. Este sistema é possível graças aos prumos metálicos, já que os
de madeira não permitem um espaçamento tão grande (no máximo 60 a 70 cm [2]), o que leva
a que seja necessário um prumo por cada travessa. Existem, no entanto, hipóteses alternativas
de escoramento da cofragem das vigas (Fig. 41).
O fundo da cofragem da viga, depois de assente sobre as travessas, é nivelado com auxílio do
nível de bolha de ar e alinhado com um cordel (Fig. 40, à direita). Para se obter um apoio
perfeito, pode recorrer-se a cunhas de madeira. Prega-se depois na posição correcta o fundo
da cofragem da viga às travessas em que se apoia.
Fig. 40- À esquerda, pormenor da estrutura de suporte da cofragem propriamente dita da viga
e, à direita, colocação do fundo da cofragem com o auxílio de um cordel
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Depois do painel de fundo, são colocados, nivelados e aprumados os painéis laterais (Fig. 42,
à esquerda), de forma a poderem ser retirados mantendo o painel de fundo, verificando-se se
estão em ângulo recto em relação ao fundo da cofragem, após o que se colocam os gastalhos
de remate (Fig. 42, à direita) e as travessas de apoio travadas finalmente por meio de escoras
(Fig. 37). O recurso a esticadores e castanhas ou de cerra-juntas (também designados por
“sargentos” - Fig. 43, à esquerda) é também possível, nomeadamente quando não se pretende
construir a chamada “mão francesa”, bem visível na Fig. 37. A perpendicularidade das vigas,
nomeadamente durante a betonagem e vibração, pode ser garantida pela colocação de escoras
diagonais de canto na face inferior da cofragem da laje (Fig. 43, à direita).
Fig. 42 - À esquerda, colocação de painel lateral e, à direita, remate entre dois painéis laterais
com gastalho extra (os dos painéis laterais são colocados em estaleiro)
O travamento é muito importante, já que, se este não for bem executado, a cofragem pode
ceder e, por conseguinte, a peça cofrada pode não ficar com a forma e/ou dimensões pretendi-
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das. Para corrigir estas situações, é necessário colocar grandes camadas de reboco, o que leva
a que apareçam grandes fendas já que o reboco com grandes espessuras acaba por fissurar.
Fig. 43 - Recurso a cerra-juntas para travamento dos taipais laterais da cofragem de uma viga
(à esquerda) e escoramento de canto de vigas perpendiculares (à direita)
No caso de um painel onde futuramente irá assentar a cofragem da laje (Fig. 44, à esquerda),
deve haver um cuidado especial na aplicação das travessas de apoio. Como o solho da laje vai
assentar no taipal interior da viga, é necessário dispor uma tábua horizontal pregada às
travessas, designada por alizar. Após a execução da cofragem da viga, são colocadas as
armaduras no seu interior (Fig. 44, à direita).
Fig. 44 - À esquerda, colocação dos barrotes de apoio da cofragem da laje e, à direita, aspecto
da cofragem da viga completa já com a armadura colocada no seu interior
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3.3.4. Descofragem
Na descofragem das vigas, retiram-se primeiro os painéis laterais (Fig. 46, à esquerda)
passados 3 dias ou 12 horas, no caso de serem tomadas precauções especiais para evitar
danificações das superfícies [4]), enquanto que os de fundo devem continuar por mais tempo
(Fig. 46, à direita, durante 15 ou mesmo 21 dias [4]).
Fig. 46 - À esquerda, descofragem dos painéis laterais de vigas e, à direita, painel de fundo e
respectiva estrutura de escoramento ainda no seu lugar após a retirada dos painéis laterais
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Na execução das cofragens de lajes (Fig. 48), não há propriamente um procedimento tipo,
dependendo o método do operador, da sua técnica, da sua experiência, da sua “mão”. A regra
é montar a cofragem de modo a poder ser realizada uma fácil descofragem. No entanto, a
sequência normal é a seguinte.
Fig. 48 [16] - Vista inferior esquemática da cofragem de uma laje de média / grande extensão
Montam-se as vigas que devem estar apoiadas em prumos (Fig. 51, à esquerda), cuja base de
apoio deve ser regularizada (o recurso a embasamentos em solhos de madeira geralmente não
se justifica se o apoio for uma laje estrutural em betão). Estas vigas devem ser contínuas, isto
é, devem evitar-se as “emendas”. Por cima das vigas, colocam-se os barrotes, transversal-
mente às mesmas (Fig. 49, à esquerda), ficando deste modo uma grelha de madeira. Sendo
necessário unir barrotes, esta união far-se-á sobre uma viga, nunca a meio do vão. Os barrotes
fixam-se aos tabuleiros laterais dos moldes das vigas (Fig. 50, à esquerda).
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Fig. 49 - Cofragem de laje após a colocação dos barrotes (à esquerda) e durante a colocação
das tábuas de solho (à direita)
Para o apoio das cofragens das lajes, utilizam-se prumos que, na cofragem tradicional,
deveriam ser de madeira, mas geralmente são metálicos. Estes prumos devem ser colocados
em função do peso da laje, podendo atingir uma grande densidade (Fig. 53, à direita).
Colocam-se então as tábuas de solho (Fig. 49, à direita), que devem ser cortadas na medida
exacta. Colocam-se primeiro as duas tábuas das extremidades, que lhe servirão de guia.
Fixam-se estas com pregos grandes e as outras tábuas mais ligeiramente. É importante que as
tábuas estejam perfeitamente justapostas (Fig. 51, à direita) pois, se houver fendas entre elas
(Fig. 53, à esquerda), quando se procede à betonagem o betão vai escorrer por entre aquelas
(Fig. 52, à direita) criando uma superfície irregular. Uma situação desse tipo ou uma zona
menos resistente da cofragem podem obrigar à pregagem de barrotes inferiores de reforço na
face inferior (Fig. 53, ao centro). Os bordos livres são cofrados lateralmente e escorados
praticamente como se de vigas de bordadura se tratassem (Fig. 50, à direita).
Embora não seja a prática mais aconselhável, existe a hipótese de seguir a seguinte sequência
de erecção da cofragem da laje: colocar os painéis ao alto com a extremidade unida aos
barrotes (Fig. 52, à esquerda); os taipais são então levantados em simultâneo com os prumos,
previamente ajustados para a altura final e colocados no seu sítio; os prumos escoram os
painéis que são ligados uns aos outros através de barrotes perpendiculares ao eixo das tábuas
de solho dos painéis.
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Fig. 50 - À esquerda, pormenor da ligação laje - viga interior - pilar vista de baixo e, à direita,
bordo livre de laje
As cofragens das lajes encostam à face exterior dos pilares e das vigas, sem se apoiar nos seus
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moldes. Isto permite a descofragem da laje antes da das vigas, tal como recomendado. É
conveniente um especial cuidado na união lateral, que, a ser mal executada, faria com que o
betão de um elemento estrutural se ligasse a outro, o que prejudicaria o acabamento das peças.
Fig. 53 - À esquerda, tábuas de solho mal justapostas, ao centro, reforço da cofragem da laje
com barrotes e, à direita, prumos metálicos de escoramento da cofragem de laje
3.4.3. Descofragem
A descofragem é uma tarefa bastante delicada, pois dela depende o bom uso e conservação da
madeira. A madeira, apesar de não poder ter tantas reutilizações como outros materiais de
cofragem, se for bem conservada pode ter 2 a 4 reutilizações (este número pode aumentar até
5 em lajes, 9 em pilares e vigas e 14 em paredes e muros [2] [4] e números muito superiores
em pré-fabricação), após o que é utilizada como lenha. A descofragem deve ser fácil, mas
depende novamente do operário que a executou. Esta tarefa resume-se basicamente aos
seguintes procedimentos:
ao retirar os prumos, dado que se deve descofrar de modo a que a estrutura fique
sujeita aos esforços para a qual foi projectada, é conveniente começar por tirar os
prumos do centro para os extremos;
de seguida, tiram-se as vigas e os barrotes;
por fim, retiram-se as tábuas de solho (Fig. 54, à esquerda).
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O início da descofragem deve obedecer aos prazos mínimos de desmoldagem (REBAP), que
no caso das lajes variam entre os 7 e os 21 dias. O que também acontece por vezes é descofrar
as zonas menos esforçadas primeiro e, passados alguns dias, quando o betão tiver ganho mais
resistência, descofrar o resto dos moldes. Para facilitar a descofragem, é conveniente o
recurso a óleos descofrantes, especialmente no caso da madeira que tem a desvantagem de se
colar ao betão, o que pode levar ao seu arrancamento no acto da desmoldagem.
Fig. 54 - À esquerda, retirada das tábuas de solho de uma laje e, à direita, laje já descofrada
Nos pavimentos à base de vigotas com abobadilhas cerâmicas, é necessário colocar e escorar
uma tábua de madeira na zona do tarugo (Fig. 55), algo que deve ser feito antes da montagem
das abobadilhas (Fig. 55, à esquerda), ainda que nem sempre tal aconteça (Fig. 56, à
esquerda). Na Fig. 56, à direita, é possível ver as tábuas de solho colocadas junto ao apoio da
laje na viga, tal como é preconizado no documento de homologação.
Este tipo de cofragens distingue-se das restantes por empregar painéis de grandes dimensões
(Fig. 58). Durante a betonagem, os sistemas de cofragens de muros e paredes são sujeitos a
grandes esforços, consequência das dimensões destes elementos e da sua posição vertical. Por
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essa razão, os sistemas de cofragem totalmente tradicionais têm sido abandonados já que os
custos de montagem e do material se tornavam muito elevados tendo-se generalizado o
recurso de prumos metálicos de escoramento contra o terreno (Fig. 59, à esquerda).
Para se manter a espessura das paredes durante a betonagem, recorre-se a travamentos (Fig.
58, à esquerda) e a esticadores ligados a castanhas apoiadas em barrotes horizontais (Fig. 59,
à direita). Após a betonagem, as pontas à vista dos esticadores são cortadas, ficando a restante
parte perdida na parede. Nas obras onde o betão ficará à vista, o uso de esticadores é
desaconselhado já que os varões perdidos acabam por oxidar.
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Quando os muros forem betonados contra o terreno (só uma face é cofrada), os esticadores
serão substituídos por escoras e terá que se garantir (pelo efeito da componente vertical das
escoras no taipal) que este não suba. Para isso, quando se betonar a sapata do muro, deixa-se
umas argolas em aço para segurar nestas um varão que vai ligar à viga superior do taipal ,
impedindo-o assim de subir (Fig. 60, à esquerda).
Pelo contrário, quando o muro de suporte de terras é feito após uma escavação periférica (pa-
ra, por exemplo, viabilizar a instalação de um sistema de drenagem e impermeabilização ex-
terior), pode ser necessário escorar (com prumos metálicos ou de madeira directamente contra
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o terreno) também no tardoz do muro (Fig. 60, à direita), isto se não se recorrer, à semelhança
do representado na Fig. 59, à direita, a barrotes de reforço, castanhas e esticadores.
Fig. 59 - À esquerda, cofragem de muro de suporte de terras escorada com prumos metálicos
contra o terreno e, à direita, pormenor dos esticadores
Existe ainda uma situação intermédia em que se recorre a cofragem perdida (Fig. 59, à
esquerda) encostada ao terreno. Uma situação particular desse tipo é a que ocorre quando se
utiliza uma parede tipo Berlim (Fig. 61, à esquerda) como cofragem perdida no tardoz de um
muro de contenção definitivo.
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Fig. 61 - Muro de Berlim, cujas travessas podem funcionar como cofragem perdida de um
muro definitivo (à esquerda) e cofragem da sapata de um muro de suporte de terras (à direita)
A face exterior das paredes enterradas não fica visível depois da obra pronta, pelo que não
existem grandes cuidados na cofragem e descofragem (Fig. 62, à esquerda).
A sequência de construção da cofragem das paredes (após a construção da fundação - Fig. 61,
à direita) é a seguinte: construção dos taipais e aplicação do óleo descofrante (se for essa a
opção); marcação e execução dos furos para os esticadores; colocação (quando for essa a
opção) dos taipais de cofragem do tardoz (eventualmente encostados contra o terreno, como
na Fig. 59, à esquerda); colocação da armadura (geralmente primeiro a camada do tardoz -
Fig. 62, à direita - embora a armadura completa possa ser pré-montada em estaleiro) e
respectivos espaçadores; colocação dos espaçadores de compressão; colocação dos taipais de
cofragem do extradorso; reforço dos taipais com barrotes verticais ou horizontais (em
algumas situações, a colocação de barrotes verticais cravados no terreno precede a pregagem
nos mesmos dos taipais - Fig. 63); escoramento (ou disposição de esticadores) num ou em
ambos os lados do muro; colocação dos esticadores em esforço.
Na implantação dos taipais verticais, pode haver vantagem em colocar tábuas de fixação na
sua base. Estas são marcadas a partir do eixo do muro, contando-se metade da espessura
deste, a espessura do taipal e das costaneiras (ou travessas). Se possível, fixam-se as tábuas de
fixação e respectivos pregos no betão das fundações do muro enquanto este ainda não
endurecer completamente. Tal como para os pilares, é fundamental assegurar a verticalidade
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(aprumar) dos taipais. Os taipais poderão ser solidarizados entre si através de tábuas pregadas.
As escoras verticais de rigidificação são pregadas nas costaneiras dos taipais e nas tábuas de
fixação na base.
Nas paredes muito altas ou que correspondam a mais do que um piso, é possível conceber
uma estrutura provisória para escoramento horizontal e vertical dos painéis superiores (Fig.
64, à direita).
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A Fig. 66 ilustra dois outros tipos de muros e paredes cofrados com cofragem tradicional: à
esquerda, a caixa de elevadores no topo do edifício e, à direita, a platibanda de um terraço.
A execução da cofragem de escadas deve ser especialmente cuidada pois, para além da
necessidade de rigor das medições, a sua montagem é de grande complexidade.
Inicialmente é montada a estrutura que irá suportar a cofragem. Para isso, é necessário que os
prumos sejam cortados no topo com a inclinação que a escada irá ter, para que neles possam
ser assentadas vigas, nestas os barrotes e, colocando as tábuas transversalmente a estes, o
painel da laje da escada (Fig. 68, à esquerda). As Figs. 68, à direita, e 69, à esquerda,
apresentam uma variante, na qual os barrotes, dispostos inclinados, funcionam como vigas e
estas apenas os solidarizam transversalmente. Nesta variante, os prumos, metálicos na Fig. 68,
à direita, e em madeira na Fig. 55, à esquerda, são colocados já após a montagem do painel de
fundo (Fig. 69, à direita). A solução de colocar prumos inclinados não contraventados
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Fig. 69 - À esquerda, pregagem das tábuas de solho nos barrotes e, à direita, escoramento dos
barrotes colocado a posteriori
Depois do taipal da laje da escada, são montados os taipais laterais (Fig. 70, à direita), após a
marcação da sua localização no painel de fundo (Fig. 70, à esquerda). Estes devem ter uma
altura que seja um pouco superior à espessura da escada. Devem também estar
convenientemente escorados lateralmente (Fig. 71, ao centro), de forma a suportarem os
impulsos resultantes da betonagem. Podem ser pregadas tábuas na face superior do painel de
fundo (Fig. 71, ao centro), para facilitar a passagem dos trabalhadores durante o decorrer da
obra antes de ser colocada a armadura.
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Fig. 70 - À esquerda, marcação da localização dos taipais laterais e, à direita, sua pregagem
As escadas em caracol (Fig. 71, à direita) obrigam a que o painel de fundo seja executado
com tábuas de forma trapezoidal ou triangular, o que exige grande qualidade da mão de obra.
É então colocada a armadura das escadas (Fig. 72, à direita), que é precedida pela colocação
das armaduras de espera das lajes do piso (Fig. 73, à direita).
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Fig. 72 - Moldes para execução dos degraus antes (à esquerda) e após (à direita) serem
montados
Na fase seguinte, executam-se as peças que servirão de molde aos degraus (Fig. 72, à
esquerda). Os cuidados a ter na sua execução, são os de terem, em primeiro lugar, a altura
exacta do espelho dos degraus e, em segundo, a largura da escada na secção em que se vai
aplicar cada peça (de forma a “fechar” a passagem ao betão). Depois de marcada a sua
localização (Fig. 73, à esquerda), os moldes são montados, sendo deixada entre os degraus e o
painel de fundo a altura que corresponde à projecção vertical da espessura da laje. É
importante que a espessura da madeira utilizada nestas peças seja tal que confira a rigidez aos
moldes necessária para evitar flexão excessiva durante e após a betonagem. Para que os
moldes sejam colocados equidistantes entre si (e o comprimento do patim ficasse igual em
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todos os degraus), são pregados previamente numa estrutura feita para o efeito, podendo ainda
ser escorados (Fig. 74, à direita) para evitar que saiam do sítio durante a betonagem.
3.6.5. Descofragem
A descofragem das escadas não deve ser toda em simultâneo. Devem ser mantidos os moldes
dos degraus (Fig. 75, à esquerda) até ao momento de executar o revestimento da escada.
Agindo desta forma, evita-se que com o decorrer da obra parte dos degraus (o focinho em
particular) se vá deteriorando.
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de um grande número de prumos já que são estruturas mais sensíveis do que as restantes,
tanto em termos de resistência como de deformabilidade, para além do que o seu colapso é
mais provável pela sua isostatia. No caso específico das varandas (sacadas ou consolas), a
cofragem é muito semelhante à de lajes correntes, conforme se pode constatar na Fig. 76, à
esquerda, em que nos prumos metálicos (frequentemente diagonais para se apoiarem na viga
de fachada do piso anterior e não na laje em consola do mesmo piso - Fig. 75, à direita)
apoiam vigas, barrotes e tábuas de solho, e os taipais laterais dos bordos livres estão apoiados
em escoras apoiadas nos barrotes. A Fig. 76, à direita, por sua vez, apresenta a cofragem
utilizada no muro exterior de uma varanda em quarto do círculo.
Fig. 75 - À esquerda, escada já betonada na qual foram mantidas as cofragens dos degraus, ao
centro, parte da cofragem de uma varanda e, à direita, escoras diagonais para evitar
sobrecarregar a consola do piso inferior
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A cofragem das lajes de cobertura inclinada é um misto da cofragem das lajes correntes e das
escadas e, tal como a destas últimas, é constituída por um painel inclinado que é apoiado
numa estrutura de barrotes de madeira (Fig. 77, à esquerda) ou prumos metálicos (Fig. 77, à
direita).
Fig. 77 - Estrutura de suporte da cofragem de uma laje inclinada: com barrotes de madeira (à
esquerda) e com prumos metálicos (à direita)
Uma das dificuldades da execução do painel passa por lhe dar a inclinação correcta, para que,
quando se “fechar” a cofragem, não tenham de se realizar emendas.
A constituição da cofragem é a seguinte: vigas horizontais, mas com a face superior inclinada,
sobre os prumos, barrotes inclinados e tábuas de solho perpendiculares a estes últimos.
Podem ainda ser utilizadas cofragens tradicionais num conjunto de outros elementos (Figs. 78
a 80).
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A montagem da cofragem não encerra o processo de execução dos elementos de betão. A fase
seguinte é a colocação e montagem das armaduras. Estas podem ser montadas na sua
localização definitiva (Fig. 81, à esquerda) ou ser pré-montadas no estaleiro (Fig. 81, à
direita), eventualmente recorrendo a máquinas / ferramentas de corte e dobragem. Entre os
materiais utilizados nesta fase de execução, contam-se os cavaletes (Fig. 82, à esquerda), os
espaçadores (geralmente em argamassa, mas também em pedra - Fig. 82, ao centro) e o arame
de atar (Fig. 82, à direita).
É nesta fase que se fazem os furos (Fig. 83, à esquerda) para os negativos para a montagem a
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posteriori dos equipamentos eléctricos (Fig. 83, à direita) e dos ductos verticais para
canalizações de ventilação de ar, água e esgotos. Se forem utilizados elementos estranhos à
peça para execução dos negativos, eles deverão ser retirados antes de o betão fazer presa.
4.2. BETONAGEM
Nas peças verticais de maiores dimensões (muros e paredes), deverão ser previstas janelas de
limpeza perto da base das cofragens para remover todos os detritos que aí se tenham
depositado antes de se vazar a primeira camada de betão. Antes da betonagem, as janelas são
fechadas.
De seguida faz-se o vazamento do betão nos elementos, em geral, tratando-se de betão pronto,
com o auxílio de uma manga (Fig. 84, à direita), o que facilita a colocação do mesmo, pois
permite “desenhar” a sequência da betonagem conforme programado. Idealmente, este
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procedimento é feito por dois homens, em que um segura a mangueira (Fig. 84, ao centro) e
outro a guia segundo a direcção da betonagem.
Enquanto o betão está a ser colocado, existe um operário que mede a altura do betão à medida
que outros o vibram e lhe alisam a superfície (Fig. 84, à direita). O vazamento do betão não
deverá ser feito de grandes alturas para não causar estratificação por diferenças de massa. Nos
pilares deve ser feito por duas fases para evitar que as pressões hidrostáticas causem a rotura
das cofragens.
Fig. 84 - Rega da madeira da cofragem com mangueira (à esquerda), betonagem de viga com
o auxílio de uma manga (ao centro) e medição da profundidade do betão e alisamento da sua
superfície (à direita)
Na sequência da betonagem do piso, deve-se começar por betonar as vigas (Fig. 84, ao
centro) e só depois as lajes (Fig. 85, à esquerda). Naturalmente, os pilares do piso já tinham
sido betonados anteriormente.
A vibração do betão deve ser feita de modo a não provocar a segregação e deve ser feita com
instrumentos próprios para o efeito. Se se usarem vibradores de agulha (Fig. 85, à direita),
deve haver o cuidado de não os encostar às superfícies internas dos moldes. Deve haver um
especial cuidado em não danificar as cofragens, pois são estas que vão suportar o betão
enquanto este endurece e mesmo depois até este já possuir as propriedades que lhe permitem
resistir aos esforços.
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Ao realizar estas operações, é conveniente não pisar muito a armadura nem vibrá-la pois os
espaçadores podem sair do lugar, ficando a armadura sem o recobrimento necessário.
Fig. 85 - À esquerda, laje a ser betonada após as vigas e, à direita, vibrador de agulha
Após o betão ganhar presa, a sua cura deve ser feita com o máximo cuidado possível. Uma
das medidas mais eficazes para este efeito, sobretudo no Verão, é a rega com uma mangueira
dos elementos de betão, quer se trate de lajes quer de pilares (Fig. 86) e paredes.
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Após a vibração do betão, alisa-se a superfície e colocam-se cangalhos (Fig. 23, ao centro),
que servem para marcar a posição dos pilares e de apoio da cofragem para a execução da laje
seguinte.
vibrador (de agulha - Fig. 85, à direita, ou para laje - Fig. 87, à esquerda);
telecomando para o controlo da betoneira (Fig. 87, à direita);
manga do betão (Fig. 84, ao centro);
sonda para medir a altura do betão (Fig. 88, à esquerda);
pá de alisar (Fig. 88, ao centro);
mangueira para molhar a madeira antes da betonagem (Fig. 88, à direita).
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4.3. DESCOFRAGEM
Não basta montar um molde perfeito do ponto de vista técnico e mecânico, mas há que ter em
conta que, uma vez cumprida a missão que lhe é confiada, esse molde tem que ser retirado
com facilidade, sem operações complicadas, sem destruição da madeira e danos no betão,
procurando recuperar totalmente íntegro o maior número possível de elementos. Por isso, a
montagem da cofragem deve ser prevista para uma fácil recuperação.
Nos trabalhos de desmontagem dos moldes, é conveniente ter presentes algumas regras de
base [5]:
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Para facilitar a descofragem, podem usar-se produtos, geralmente com o aspecto de um óleo
ou de uma emulsão cremosa, que se aplicam nas faces dos moldes que ficam em contacto com
o betão. Na cofragem tradicional, não se utilizavam muito estes produtos porque, na
perspectiva do construtor, se perde muito tempo a aplicar e não compensa o custo já que, na
maior parte das obras, o betão não fica à vista.
as faces dos moldes deverão ser limpas imediatamente após a sua utilização e não só
passado um longo período de tempo;
os elementos de madeira deverão ser limpos com escovas duras para a remoção de
crostas de betão;
depois de limpos, os componentes dum sistema de cofragens, se não se destinarem a
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4.4. ARMAZENAMENTO
O armazenamento ordenado (Fig. 96) dos componentes dum sistema de cofragens - prumos,
vigas, painéis, acessórios, etc. - é uma operação essencial para que, na altura da sua
utilização, os trabalhos de montagem decorram com regularidade e sem atrasos.
Antes do armazenamento, todos os elementos metálicos deverão ser protegidos com óleo anti-
ferrugem, e os elementos de pequenas dimensões, tais como porcas, anilhas, chaves, etc.,
devem ser arrumados separadamente em caixotes.
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Para um armazenamento de longa duração, e no caso deste não ser feito sob coberto, deverão
as pilhas ser protegidas com encerado ou tela plástica que os envolva totalmente. De facto, a
deterioração da madeira ao longo do tempo não tem apenas a ver com o número de reutiliza-
ções (uso excessivo de pregos nas ligações e fixações, contacto com o betão, esforços
suportados na betonagem e na desmoldagem, sucessivas limpezas e transporte), mas também
com a acção da humidade e, sobretudo, com as alternâncias de molhagem / secagem nos
sucessivos períodos de betonagem e repouso, que provocam a deformação da madeira e a sua
fendilhação. É portanto fundamental assegurar a ventilação do local de armazenamento (Fig.
90).
As faces dos moldes que ficam em contacto com o betão devem ser tratadas com produtos que
facilitem a descofragem, geralmente com o aspecto de um óleo ou duma pasta cremosa. Para
materiais diferentes das superfícies dos moldes (madeira, aço ou plástico), deverão ser usados
produtos descofrantes diferentes, sendo muito importante que se use o que lhes é apropriado.
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O erro mais frequente na aplicação deste tipo de produtos consiste no exagero na quantidade
aplicada, facto que dá origem à formação de manchas nas superfícies moldadas das peças de
betão.
Os produtos descofrantes de diferentes fabricantes nunca deverão ser misturados entre si. Da
mesma forma, nem no caso de uma superfície tratada com um dado produto deverá ser
renovado o tratamento com produto diferente sem que essa superfície seja objecto de uma
limpeza a fundo.
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5.1.1. Segurança
uso de capacete;
uso de cintos apropriados para a fixação de ferramentas portáteis;
uso de trajes impermeáveis (prevenção contra a doença e o desconforto);
uso de calçado adequado (com palmilha e biqueira de aço);
uso de auriculares (para trabalhos muito barulhentos);
uso de óculos de protecção.
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O dimensionamento correcto de uma cofragem (de modo a respeitar a segurança) passa pelo
devido escoramento. Para isso, deverão utilizar-se prumos de eixo rectilíneo com uma
resistência suficiente para evitar o varejamento e, de preferência, constituídos por uma só
peça. Os prumos compridos deverão ser travados a meia altura. Em caso algum se devem
deixar peças em falso sob pena de alguém se apoiar e sofrer um acidente. A disposição do
escoramento é fundamental para limitar o nível de esforços nos elementos que recebem o
escoramento (Fig. 92).
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Fig. 92 [4] - Tipos de escoramento que permitem diminuir os esforços nas lajes do nível 2
Embora a cofragem seja uma estrutura provisória, dado que tem apenas de suportar as
solicitações que ocorrem durante a betonagem, importa que, para além de um correcto
dimensionamento, não se descure a perfeição dos trabalhos de montagem, sem perder de vista
a obtenção da maior facilidade do trabalho de colocação do betão nos moldes.
Se bem que cada caso apresente os seus problemas próprios, convirá ter sempre presente as
seguintes regras gerais [6]:
cada painel deverá ser colocado na posição correcta, tendo em atenção a posição
relativa dos seus caracteres de identificação;
todas as escoras, travessas, separadores, tirantes, cunhas, etc.; deverão ser aplicados
com os espaçamentos correctos;
todos os prumos e escoras de entivação deverão ser verticalizados, contraventados e
rigidamente ligados entre si por forma a que trabalhem em conjunto e não como
elementos isolados;
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paramentos não aparentes, em que o aspecto pouca importância tem (em elementos de
fundação, de caves não visitáveis, etc.);
paramentos pouco aparentes, que não devem apresentar cavidades e irregularidades
importantes, pelo que se exige que os moldes se mantenham alinhados (em colectores,
túneis, paramentos de barragens do lado de montante, etc.);
paramentos exteriores, em que é exigido que a rigidez dos elementos de moldagem
evite grandes deformações, que as juntas fiquem rectilíneas e sem rebarbas e que as
faces não apresentem bolhas; as manchas resultantes da aplicação de óleo descofrante
deverão ser cuidadosamente evitadas (em elementos de edifícios industriais, pontes,
faces do lado de jusante de barragens, etc.);
paramentos interiores, que devem ser planos e apresentar aderência para a aplicação
de reboco; se os paramentos após a desmoldagem apresentam uma superfície
uniforme, como com a aplicação de rebocos, dispensa-se outro acabamento a não ser a
pintura (em edifícios de habitação, comerciais ou industriais);
paramentos excepcionais, em que os moldes devem ser executados com grande
perfeição, utilizando madeira maciça, cuidadosamente ligada, porque não são
admitidas deformações, uma vez que é necessário respeitar com grande precisão as
características geométricas das superfícies (em turbinas, superfícies de refrigeração,
etc.).
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planeamento numa obra em que se utilizam cofragens tradicionais (os prazos indicados são
indicativos e valores médios):
Fig. 93 - À esquerda, sapata e viga de fundação já betonados e, à direita, cofragem dos pilares
do piso térreo
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Fig. 94 - À esquerda, colocação dos taipais laterais das vigas do 1º piso e, à direita, colocação
dos estrados das lajes
terminada esta operação no 1º piso, reinicia-se o ciclo no 2º piso (Fig. 95, à direita);
torna-se nesta segunda fase necessário iniciar a operação de desmoldagem e
recuperação dos moldes e escoramentos usados, a fim de serem reutilizados nos
andares superiores, de acordo com a duração de cada actividade e a sequência das
diversas actividades; é comum existirem em obra dois conjuntos completos de moldes,
de forma a minimizar o tempo de espera aquando do endurecimento do betão.
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têm vindo a elaborar três documentos (normas harmonizadas) que virão a ser aplicados dentro
em breve (cerca de dois anos) no projecto e construção das estruturas de betão, em Portugal e
no resto da União Europeia:
Este último documento foi objecto de um seminário 8, organizado pelo Grupo Português de
Betão Estrutural no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Pelo interesse de que se
reveste no que se refere às cofragens, é mais à frente objecto de uma análise comentada das
suas cláusulas principais. Refira-se ainda que, para além deste, dois outros documentos
normativos deverão ser elaborados para se poder concluir um acordo sobre um contrato de
execução de uma construção:
A conformidade dos produtos com estas normas harmonizadas implica a satisfação pelas
obras das seguintes exigências essenciais 8:
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efectivamente verdade:
existe uma gestão de estaleiro (Fig. 96) que organize os trabalhos no local da
construção e garanta a utilização correcta e segura de todos os equipamentos, a
qualidade satisfatória dos materiais, a execução da estrutura conforme o projecto e a
sua utilização segura até ao acto da entrega;
o trabalho em obra é levado a cabo com o conhecimento necessário (regras geralmente
aceites sobre como fazer bem) e o equipamento e meios adequados para cumprir as
especificações de projecto (o qual, por sua vez, deve estar de acordo com as outras
normas acima referidas);
o empreiteiro cumpre as normas e provimentos nacionais relativos ao estaleiro da obra
no que se refere à qualificação da mão-de-obra e aos aspectos relacionados com a
saúde e a segurança.
O âmbito da norma é definido como a execução de estruturas de betão, tanto provisórias como
definitivas, tanto pré-fabricadas como betonadas in-situ, mas não se aplica a trabalhos
auxiliares de menor importância, nem à especificação, produção e conformidade do betão
fresco (ENV 206-1), assim como a estruturas especiais geotécnicas, a aspectos relacionados
com a saúde, a segurança, o controlo de qualidade ou a qualificação da mão-de-obra ou ainda
a aspectos administrativos e legais.
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No que se refere aos aspectos gerais relativos às cofragens e cimbres, a norma dá indicações
sobre os seguintes aspectos relacionados com cofragens tradicionais:
requisitos básicos;
materiais;
cimbres;
cofragens;
acabamento da superfície;
componentes secundários (esticadores, etc.);
remoção das cofragens e cimbres.
Estas indicações de carácter geral não apresentam grandes novidades em relação à boa prática
corrente, servindo no entanto para definir claramente aquilo que se considera ser uma correcta
execução (por exemplo, é referido que a cofragem e as juntas entre placas e painéis devem ser
suficientemente estanques para impedir a perda dos finos).
Os cimbres e cofragens, assim como o seu suporte e fundações, deverão ser concebidos e
construídos de forma a serem capazes de resistir a qualquer acção a que sejam submetidos
durante o processo construtivo, assim como a serem suficientemente rígidos para garantir que
as tolerâncias especificadas para a estrutura são satisfeitas e que a integridade do elemento
estrutural não é afectada.
A remoção de cimbres e cofragens deverá ser tal que cumpra os requisitos da especificação de
projecto no que se refere a deformações e, se prescrito, à cura.
A forma, função, aspecto e durabilidade dos elementos definitivos não deverão poder ser
postos em causa devido aos cimbres ou cofragens ou à sua remoção.
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5.2.1.2. Materiais
Qualquer material de cofragem ou cimbre que leve ao cumprimento dos critérios especifica-
dos para a estrutura poderá ser utilizado. Se existirem normas relevantes dos produtos utiliza-
dos, elas deverão ser cumpridas. As características de cada material específico (por exemplo,
a retracção da madeira ou a condutividade térmica do aço) deverão ser tidas em conta.
Os agentes descofrantes deverão ser aplicados de tal forma que não sejam prejudiciais ao
betão, ao aço ou à cofragem. Não deverão também ter um efeito negativo na qualidade da
superfície de betão, na sua cor ou nos revestimentos especificados. Finalmente, deverão ser
aplicados de acordo com as especificações do fabricante ou cláusulas válidas no estaleiro.
5.2.1.3. Cimbres
Sempre que requerido, deverá ser preparado um plano de construção que descreva o método de
construção e desmantelamento das estruturas temporárias e especifique os requisitos para o
manuseamento, ajuste, imposição deliberada de contraflechas, carregamento e desmontagem.
A deformação do cimbre durante e após a betonagem deverá ser controlada para evitar
fendilhação indesejável no betão jovem. Tal poderá ser conseguido por limitação da flecha
e/ou do assentamento ou por controlo da sequência de betonagem ou da especificação do
betão (por exemplo, utilizando retardadores de presa).
5.2.1.4. Cofragens
A cofragem deverá manter o betão com a sua forma pretendida até ao seu endurecimento. A
cofragem e as juntas entre placas e painéis deverão ser suficientemente estanques para
impedir a perda dos finos.
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A superfície interior da cofragem deverá estar limpa. Se a cofragem for utilizada para
produzir superfícies de betão à vista, o tratamento da superfície da cofragem deverá ser tal
que viabilize a obtenção do acabamento prescrito.
Se forem requeridos acabamentos especiais, estes deverão ser referidos nas especificações de
projecto. Poderão ser manufacturados painéis de ensaio de um tamanho adequado que sirvam
de base para a aprovação da qualidade da superfície ou do procedimento construtivo. Refira-
se ainda que, para além da cofragem, o acabamento da superfície depende do betão
(agregados, cimento, adições e adjuvantes), da execução e da protecção durante os trabalhos
posteriores.
Qualquer elemento embebido deverá ter resistência e rigidez suficientes para manter a sua
forma durante a operação de betonagem, assim como estar isento de quaisquer substâncias
contaminantes que o possam afectar, ao betão ou à armadura.
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aceite e especificado.
Os cimbres e cofragens não deverão ser removidos antes de o betão ter ganho resistência
suficiente para resistir a estragos das superfícies expostas que decorram da desmoldagem,
para aguentar o nível de carregamento a que o elemento de betão irá estar sujeito nessa fase
do processo e para evitar deformações para além das tolerâncias especificadas devidas ao
comportamento elástico e inelástico do betão.
Se a cofragem fizer parte do sistema de cura, a determinação da altura da sua remoção deverá
ter em conta os requisitos dessa mesma cura.
5.2.2. Inspecção
São definidas três classes de inspecção (1, 2 e 3), por ordem crescente de exigência ao nível
dos aspectos a verificar ao longo da construção e das propriedades a impor aos produtos e
materiais. Esta classe deve ser definida nas especificações de projecto. Referem-se, de
seguida e somente, as imposições relativas aos elementos e materiais de cofragem.
Assim, no que se refere aos requisitos impostos à inspecção dos materiais e produtos de
cofragem, tem-se que eles não existem para a classe 1 e, para as classes 2 e 3, devem ser
especificados no caderno de encargos. Em termos do âmbito da inspecção, para a classe 1 é
feito um controlo de elementos seleccionados aleatoriamente, enquanto que na classe 2 esse
controlo, feito antes da betonagem, incide sobre os elementos principais do escoramento e da
cofragem, de acordo com os procedimentos a seguir descritos. Finalmente, para a classe 3, o
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geometria da cofragem;
estabilidade da cofragem e cimbre e das suas fundações;
estanqueidade da cofragem e das suas componentes;
remoção dos detritos (tais como poeira, neve e/ou gelo assim como restos de arame de
atar) da secção a betonar;
tratamento das faces das juntas de construção;
molhagem da cofragem e/ou das superfícies que funcionam como tal;
preparação da superfície da cofragem;
aberturas e caleiras de betonagem.
Quanto aos aspectos a inspeccionar após a betonagem, eles incluem a verificação da adequada
resistência do betão antes da remoção do cimbre e/ou cofragem e de que os elementos
temporários no interior da cofragem foram efectivamente removidos.
Neste anexo (de carácter informativo), são fornecidos alguns esclarecimentos adicionais
acerca dos aspectos listados em 5.2.1..
As acções principais a ter em conta na concepção das cofragens e cimbres deverão incluir
combinações do peso próprio da cofragem, das armaduras e do betão, do impulso do betão
fresco (incluindo a possibilidade de pressões de baixo para cima), das sobrecargas de
construção (pessoal, equipamento, etc.), incluindo os efeitos estáticos e dinâmicos da
betonagem, do vento e da neve.
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5.2.3.2. Cimbres
As cunhas para o ajustamento correcto dos suportes dos cimbres deverão ser fixas
adequadamente de forma a evitar o seu escorregamento durante a betonagem. Quando o
escoramento for efectuado contra o solo, a influência dos assentamentos diferenciais deverá
ser tida em conta.
5.2.3.3. Cofragens
Uma janela (abertura), susceptível de ser fechada durante a betonagem, na base da cofragem
poderá ser útil para a limpeza da mesma.
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A forma e o aspecto final das peças de betão dependem em grande parte do molde onde são
executadas (e da descofragem). Os cuidados na execução e utilização desse molde em relação
a dimensões, desempeno da superfície, indeformabilidade, estanqueidade, natureza e
acabamento do material em contacto com o betão e (eventual) agente descofrante, resultam na
necessidade ou não de se realizarem a posteriori trabalhos finais de rectificação e
acabamento. Daí a importância de que se revestem as anomalias e erros de execução
associados à cofragem.
Se bem que a esmagadora maioria das anomalias apresentadas seguidamente ocorra mais
frequentemente nas cofragens tradicionais do que nos sistemas racionalizados, poderão existir
alusões a causas específicas destes últimos, nomeadamente no que se refere à pré-fabricação.
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Esta anomalia, também designada por alguns autores por “bexigas”, consiste num número
excessivo de buracos à superfície do elemento, de forma aproximadamente circular e
diâmetro variável, na maioria dos casos da ordem dos 5 mm mas com alguns maiores (Fig.
97), podendo ocorrer em qualquer localização da peça mas com maior incidência nas camadas
superiores.
É causada pela oclusão de bolhas de ar que não foram removidas do betão durante a
compactação do mesmo. Ainda que as principais causas desta anomalia sejam a compactação
(por ser insuficiente / inadequada ou por introduzir vibração na cofragem) e a posologia (por
ser pouco rica ou com baixa trabalhabilidade), a cofragem pode também contribuir para o
fenómeno, nomeadamente quanto mais impermeável (a água com que se satura a superfície da
cofragem contribui para a sua impermeabilidade), mais inclinada para o interior ou mais
flexível for. O agente descofrante, se for puro ou se não for tratado com um emulsionante
adequado, também potencia o fenómeno.
Refira-se ainda que é, na prática, impossível eliminar na sua totalidade as bolhas de ar que
provocam esta anomalia, do que normalmente não advém qualquer problema assinalável.
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Esta anomalia consiste na ocorrência de manchas mais escuras do que a tonalidade geral da
superfície do elemento (Fig. 98). Ocorre geralmente nas juntas entre tábuas, painéis ou placas
e está associada a uma maior concentração de elementos finos (sobretudo de cimento) e a uma
diminuição do teor em água.
Uma vez que as manchas escuras correspondem às zonas mais absorventes da cofragem,
daqui resulta também que os anéis de primavera (assim como o borne) das cofragens em
madeira serão marcados a escuro (Fig. 99), passando-se o inverso com os anéis de outono
(assim como o cerne e os nós). Tira-se por vezes partido desta diferença em betão à vista,
deixando de se tratar de uma anomalia.
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Fig. 99 - Marcação nítida dos veios da madeira, dos seus nós e do cerne e borne
Fig. 100 - Chochos na superfície do betão: à esquerda, num muro de suporte e, à direita, na
nervura de uma laje fungiforme
Uma das causas é a falta de estanqueidade das juntas da cofragem, podendo-se apontar outras:
uma posologia inadequada (por pouco rica ou com baixa trabalhabilidade), uma colocação
deficiente (segregação provocada por queda da mistura de altura excessiva ou por
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Uma outra anomalia, geralmente associada à existência dos chochos, é o esbabaçado (Fig.
101). Consiste no escorrimento e posterior endurecimento de finos da zona inferior de uma
segunda betonagem sobre a parte superior da betonagem anterior. Na primeira zona formam-
se chochos e na segunda esbabaçado. O fenómeno deve-se essencialmente à deficiência de
rigidez da cofragem da segunda betonagem para resistir às pressões do betão fresco, acabando
por se mover e permitir a passagem dos finos e de alguma água de amassadura.
6.4. DESCASQUE
Esta anomalia consiste na perda por aderência ao molde de zonas junto às arestas das secções
transversais dos elementos durante a descofragem (Fig. 102). Por se encontrarem melhor
solidarizadas com o restante volume da peça, as britas juntas a essas mesmas arestas ficam
aparentes, ao contrário da argamassa cuja resistência à tracção (ou a aderência às britas) é,
nessa altura, inferior à aderência argamassa - cofragem e à própria resistência do molde.
A principal causa do descasque é, como já referido, a deficiente rigidez da cofragem que cede
durante a vibração, podendo também a sua extrema irregularidade potenciar este fenómeno.
Curiosamente, neste caso é favorável um aumento da capacidade de absorção de água da
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amassadura pela cofragem, por contribuir para uma redução da fluidez da amassadura. Outras
causas possíveis relacionadas com a cofragem são a ineficácia do agente descofrante (que não
reduz suficientemente a aderência argamassa - cofragem) e o tempo excessivamente curto de
descofragem. Ainda pode ser apontada a baixa resistência da amassadura resultante de uma
posologia inadequada.
Fig. 102 - Descasque dos cantos e faces de um pilar (à esquerda [9]) e de uma viga (à direita)
O descasque confunde-se com os chochos, por evidenciar também as britas, mas está-lhe
associado um mecanismo diferente: um excesso de aderência entre o betão e a cofragem, ao
invés de um arrastamento dos finos.
6.5. CROSTAS
As causas principais desta anomalia são, no segundo caso, o facto de a cofragem ser de fraca
qualidade (em termos de resistência) ou estar já muito estragada (o que será tanto mais
provável quanto maior for o número de reutilizações, mas também se poderá dever ao
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6.6. EFLORESCÊNCIAS
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Existem várias variantes deste tipo de anomalia, que pode também ser designada por fantasma
de agregados e está associada aos movimentos diferenciais dos diferentes constituintes do
betão:
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As zonas mais escuras estão associadas a uma maior concentração de cimento, a uma perda
localizada de água de amassadura ou a uma parte mais absorvente da cofragem. As causas
directas destas ocorrências são a heterogeneidade da capacidade de absorção da cofragem, a
vibração excessiva da amassadura e uma posologia desta pobre em cimento (Fig. 105, à
direita), sendo que quanto menor for a temperatura ambiente durante a betonagem maior será
a probabilidade de ocorrência da anomalia.
Fig. 105 - À esquerda, textura arenosa da superfície à vista e, à direita, anomalia provocada
pela falta de finos na amassadura
6.8. RACHADURAS
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Fig. 106 - Rachaduras horizontais junto à base de uma viga longitudinal de uma ponte
Embora a causa principal deste fenómeno esteja associada à posologia do betão (baixo teor
em finos ou relação água - cimento excessiva), uma forma irregular da cofragem ou um baixo
isolamento térmico da mesma contribuem também para o mesmo, na medida em que
dificultam o assentamento das camadas de betão fresco.
6.9. FISSURAÇÃO
Esta anomalia, designada por vezes por “map cracking” (Fig. 107), o que a descreve bastante
bem, deve-se a tensões instaladas na superfície que forçam os elementos perto das superfícies
a contraírem-se em relação à massa de betão. Estas tensões podem estar associadas a
diferenciais térmicos, a movimentos de humidade ou à carbonatação da superfície.
Embora a causa mais frequente desta anomalia seja a posologia do betão (excesso de cimento
ou relação água - cimento demasiado alta, provocando uma grande fluidez da amassadura),
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6.10. CONTAMINAÇÃO
Os desvios de alinhamento das peças de betão em relação ao inicialmente previsto (Fig. 109),
geralmente inócuos se a peça for revestida mas eventualmente inaceitáveis em betão à vista
ou pintado, devem-se sobretudo a deficiências de execução e à utilização de cofragem
excessivamente flexível (em face das cargas a que irá estar sujeita) ou com juntas pouco
apertadas, podendo ser bastante agravados se a velocidade de colocação do betão for
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Fig. 109 - Desvio dimensional de um pilar (à esquerda) devido a uma execução deficiente e
de uma laje (à direita) devido à inadequação da cofragem
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Hoje em dia, os sistemas tradicionais de cofragem (só em madeira) já só são utilizados por
pequenos e médios empreiteiros e, mesmo assim, geralmente complementados com prumos e
outros acessórios metálicos. Esta evolução natural das cofragens tradicionais no sentido de
aumentar a produtividade dá origem às chamadas cofragens tradicionais melhoradas ou semi-
racionalizadas, que apenas se distinguem das primeiras por alguns elementos serem
preparados ou melhorados antes da execução propriamente dita da cofragem: painéis, taipais,
cantoneiras metálicas nos cantos dos painéis, prumos metálicos ou outros. Por sua vez, estas
cofragens tendem a ser substituídas pelos sistemas racionalizados, recorrendo a métodos de
montagem e a materiais que permitem aumentar drasticamente o rendimento do trabalho e o
número de reutilizações das cofragens. Estes sistemas serão objecto de um documento em
separado.
No entanto, interessa desde já entender que a “racionalização” não é sim a panaceia de todos
os problemas. Para de facto se conseguir atingir uma elevada rentabilidade na execução de
cofragens, é necessário cumprir determinadas regras consideradas fundamentais:
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médio / longo prazo. Cada vez mais, verifica-se uma progressiva racionalização e modulação
dos projectos, em que a arquitectura e a estrutura dos edifícios são projectadas tendo em vista
o equipamento que vai ser utilizado.
Fig. 110 - Recurso simultâneo a cofragens metálicas e de madeira numa viga (à esquerda) e
numa laje (à direita)
As primeiras cofragens metálicas eram em aço, um material relativamente barato mas muito
pesado e sujeito a corrosão mesmo com manutenção. Hoje em dia, as ligas de alumínio de alta
resistência, tanto em termos mecânicos como de corrosão, e baixa densidade (em relação ao
aço) são também utilizadas mas, em face do seu elevadíssimo custo e quase impossibilidade
de reparação, apenas como a parte estrutural da cofragem, cuja superfície é constituída por
outros materiais.
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menos mão-de-obra, sobretudo para formas não planas (Fig. 111, à esquerda);
grande durabilidade ao desgaste mecânico (nomeadamente ao contacto com o
vibrador) e resistência;
a inexistência de desperdícios por serragem para adaptação das peças;
o prescindir da pregagem e despregagem (que danifica sobremaneira a madeira);
não há influência da humidade na volumetria dos moldes (a madeira retrai e incha);
maior rapidez de execução (cofragem e descofragem);
“melhor” qualidade do elemento cofrado: superfície mais lisa (Fig. 111, à direita);
boa capacidade de armazenamento num espaço limitado.
Fig. 111 - Cofragem de pilar cilíndrico (à esquerda) e aspecto da superfície deste após a
descofragem (à direita)
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Para além da sua maior durabilidade (entre 5 e 8 anos) e resistência em relação aos prumos de
madeira, apresentam também uma muito maior facilidade de adaptação à altura dos pisos e
maior facilidade de transporte já montados.
Podem ainda ser referidos outros elementos metálicos que podem ser usados nas cofragens
[13]: barrotes e vigas (Fig. 114, à direita), vigas flexíveis (para cofragens curvas), colunas
(estruturas reticuladas verticais contraventadas para cargas particularmente elevadas), asnas
(para vãos ou cargas muito elevadas) e cintas (para pilares e vigas).
Conjuntamente com a utilização de elementos metálicos (nos quais se pode ainda incluir as
castanhas - Fig. 116, à direita - e os esticadores mencionados anteriormente e ainda os
macacos tensores - Fig. 116, à direita, que servem para colocar em carga os esticadores), os
sistemas semi-racionalizados caracterizam-se pelo recurso a novos materiais, nos quais o
contraplacado marítimo (entre outros derivados da madeira) se distingue pela sua frequente
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aplicação, não só em superfícies curvas (Fig. 117, à esquerda) como em planas (Fig. 117, à
direita). No entanto, nos painéis pré-preparados com dimensões mais ou menos normalizadas
(outro dos elementos característicos destes sistemas de cofragem, dos quais o sistema
“Donau” - Fig. 118, à esquerda - foi percursor em Portugal nos anos 60) recorre-se a diversos
outros materiais (Figs. 118 e 119, ao centro e à direita).
Fig. 114 - Diversas situações de apoio da viga metálica extensível (à esquerda [4]) e prumos,
vigas e barrotes metálicos usados com tábuas de solho (à direita)
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Fig. 115 [4] - Exemplos de aplicação de prumos metálicos de altura regulável e vigas
extensíveis
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receber pregos e parafusos, mesmo na bordadura dos painéis, sem fendilharem. São ainda
mais facilmente montados em obra. Com o cruzamento das fibras das folhas, é produzido uma
espécie de pré-esforço em duas direcções, de que resulta uma resistência final bastante
superior à que corresponde, à mesma espessura da madeira [10] [11]. Por todas estas razões, a
sua durabilidade é muito superior à da madeira maciça.
Fig. 118 [16] - Exemplos de painéis de diferentes materiais: da esquerda para a direita, solho
tosco, contraplacado plastificado, solho tosco revestido com fibra de madeira e solho com
barra de ferro - painel “melhorado”
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Os contraplacados para moldes (Fig. 120) são fabricados com madeiras exóticas ou nórdicas
com um número ímpar de folhas, 3 ou 5. As colas desempenham um papel importante, uma
vez que é indispensável que o contraplacado não se descole sob a acção da humidade. Em
geral, as colas usadas são à base de resinas sintéticas fenólicas [12]. A sua fixação à estrutura
do painel poderá ser feita com pregos, bastando 3 ou 4 por lado. De referir que, no caso de
tabuados correntes, estes 3 ou 4 pregos se transformam em mais de 100. A superfície do
contraplacado apresenta-se lisa e plana sem alguns defeitos das madeiras naturais (nós e
resina) e sem estarem sujeitas às variações volumétricas inerentes a estas últimas. O número
de juntas é muito menor, dadas as suas dimensões, e menos aparentes do que em relação às
madeiras correntes. Com efeito, na moldagem de uma laje com, por exemplo, 12,0 m x 3,70
m, poderão aparecer apenas 40 metros de juntas, utilizando moldes de contraplacado,
enquanto que, pelos processos tradicionais, correspondiam mais de 400 metros de juntas [12].
Estas são menos aparentes em face do rigor do corte e da esquadria.
As juntas entre painéis devem ficar bem alinhadas e, quando necessário, podem ser colocadas
tiras de papel ou tela colada nas juntas para assegurar melhor a estanqueidade. O uso de óleos
descofrantes pode dificultar as tarefas anteriores. Outro processo é a aplicação de mastiques
especiais de madeira, ou simplesmente de gesso amassado com água, ou ainda uma mistura de
cimento e massa consistente ou sebo. Assim as superfícies de desmoldagem, embora lisas,
não aparecem polidas e o fenómeno das bolhas tem menor tendência a ocorrer.
No entanto, o uso destes painéis põe dois problemas: a protecção das superfícies e topos (para
termos uma maior longevidade do material), o que torna desaconselhável a sua serragem, e o
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processo de ligação entre painéis (para facilitar o processo de montagem e desmontagem dos
painéis). A estes inconvenientes, há que juntar, na comparação com a madeira maciça, o preço
mais elevado.
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Vale a pena ainda referir as tintas e vernizes utilizados para protecção das cofragens. No caso
da madeira, têm por objectivo travar a penetração da água e assim reduzir o risco de
apodrecimento, retracção e dilatação. Protegem as superfícies metálicas contra a corrosão
atmosférica. A sua aplicação é feita por pulverização ou simples pincelagem.
7.2.4. Complementos
Naturalmente, a flexibilidade dimensional destes painéis é menor do que a dos painéis execu-
tados por medida para cada utilização específica. Daí que seja com frequência necessário
recorrer aos chamados “complementos”, executados com tábuas ou barrotes de madeira para
acerto dos painéis pré-preparados em relação às dimensões reais das peças (Fig. 121, à
esquerda).
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compostos (por exemplo, em I - Fig. 122, à esquerda), permitindo assim diminuir o trabalho
de carpintaria em obra. Estes elementos são comercializados por empresas especializadas do
sector (existem diversas multinacionais a trabalhar em Portugal) e neles são utilizadas outras
madeiras que não o pinho bravo (o espruce é das mais comuns). São também sujeitas a um
tratamento que incrementa significativamente a sua durabilidade à humidade e aos ataques
orgânicos.
Fig. 121 - Peças complementares dos painéis racionalizados (à esquerda [16]) e recurso a
cofragem tradicional para acertos dimensionais de cofragem semi-racionalizada (à direita)
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Fig. 123 [16] - Cofragem de pilar com moldes “melhorados” (corte transversal)
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Fig. 124 [16] - Cofragem de laje e viga de bordadura com moldes “melhorados”
Fig. 125 [16] - Cofragem de laje nervurada (aligeirada) com moldes “melhorados”
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Fig. 126 [16] - Duas hipóteses de cofragem para betonagem por fiadas em paredes com
moldes “melhorados”
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Fig. 128 [16] - Cofragem de escada com moldes “melhorados” (1º e 2º vãos)
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Em geral, o pessoal que lida com as cofragens não tem conhecimentos ao nível do cálculo es-
trutural (ainda que se tratem por vezes de carpinteiros muito hábeis), dispondo simplesmente
de alguma intuição, habilidade e experiência. Por isso, nestes casos, um projecto de cofragens
para um edifício corrente é em geral dispensável por a sua utilidade ser discutível.
Para as lajes (painéis horizontais), as solicitações consistem no peso próprio do betão (fluido
ou após a presa - 24 kN/m3 - é fundamental que a betonagem seja feita por forma a não
introduzir um efeito dinâmico importante), o peso próprio da própria cofragem (praticamente
desprezável) e uma sobrecarga de utilização (materiais e pessoal sobre a laje após o betão
fazer presa mas antes de este ter resistência suficiente para ser retirado o escoramento), que é
em geral tomada igual a 1.50 kN/m2.
Num extenso documento [15] designado por “Solicitações transmitidas às cofragens pelo
betão armado”, Xavier Rodrigues conclui serem demasiados os factores que podem
influenciar o valor deste impulso (dimensões e forma do elemento estrutural cofrado,
dosagem de cimento mas também dos restantes componentes do betão, velocidade da
betonagem, altura da coluna de betão a cada nível, densidade das armaduras, deformabilidade
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Fig. 129 - Betonagem artesanal de parede de betão com queda deste de altura apreciável
Para as vigas, as cofragens verticais são calculadas para as acções verticais descritas acima
para as lajes (nesta fase, as lajes não descarregam nas vigas!) e as horizontais para o impulso
do betão fresco (ainda que este seja substancialmente menor que, por exemplo, para as
paredes).
Este processo pode tornar-se, nos casos mais corriqueiros, desnecessário recorrendo-se apenas
à experiência do pessoal e do director da obra. No caso das cofragens tradicionais e
tradicionais melhoradas de lajes, existe uma via intermédia que consiste em recorrer a umas
tabelas de “cálculo” existentes para o efeito: “Cofragens tradicionais de madeira (tabelas)” de
Santos Clemente [6]. Nestas, são apresentadas as capacidades de carga dos elementos que
constituem as cofragens, para as secções mais correntes no mercado e para as situações mais
comuns de utilização.
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[10]:
Estas propriedades devem ser tidas em conta com alguma reserva, em face do carácter não
homogéneo e fortemente anisotrópico da madeira. Adicionalmente, as suas características
mecânicas são fortemente influenciadas pelo teor em água, pela inclinação do fio e os defeitos
(bolsas de resina, lenho de compressão, colorações anormais, azulado, ardido, cardido, ataque
de fungos, ataque de insectos e, sobretudo, os nós - Fig. 130, à direita [14]).
Fig. 130 - Exemplo das pressões na cofragem de um pilar para várias dosagens de cimento (à
esquerda [15]) e variação da resistência da madeira com os defeitos (à direita [14])
Foram elaboradas para três possíveis relações flecha / vão limite, correspondentes a diferentes
exigências do trabalho em execução: L/250 para moldagem de superfícies de betão não
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vistas; L/500 para superfícies de betão a rebocar; L/1000 para superfícies de betão à
vista (existem também recomendações no sentido de limitar o valor absoluto das flechas a 3
mm para obras correntes e a 1 mm para acabamento esmerado). Os valores apresentados são
os que satisfazem simultaneamente a tensão de serviço e o valor máximo de deformação.
Nestas fórmulas, L não representa o vão da laje mas sim o vão entre os diversos elementos de
cofragem. Em determinadas circunstâncias, a própria cofragem tem uma contraflecha para
eliminar parte da flecha a longo prazo da laje / viga de betão.
(1) Definir carga = pp laje + 150 kgf / m2 (acréscimo de segurança para ter em conta
eventuais pessoas, material ou equipamento sobre a laje após o betão fazer presa mas
ainda antes da descofragem e ainda o peso da própria cofragem);
(2) Definir espaçamento entre barrotes = vão máximo entre apoios das tábuas de solho,
através do Quadro 2 (função da carga, da espessura das tábuas e das condições de
apoio);
(3) Definir espaçamento entre vigas = vão máximo entre apoios dos barrotes (assume-se
que o espaçamento entre barrotes é o máximo permitido pelo cálculo anterior), através
do Quadro 3 (função da carga, secção transversal dos barrotes e condições de apoio);
(4) Definir espaçamento entre prumos = vão máximo entre apoios das vigas (assume-se
que o espaçamento entre vigas é o máximo permitido pelo cálculo anterior) através do
Quadro 3;
(5) Verificar capacidade dos prumos e escolher a sua secção transversal através do
Quadro 4 (função da carga, da área de influência e da secção transversal e altura dos
prumos). É, no entanto, sempre preferível colocar os prumos no cruzamento dos
barrotes com as vigas;
(6) Nota final: estas tabelas fornecem valores conservativos baseados na verificação da
tensão de serviço para peças simplesmente apoiadas (pl2/8) ou contínuas (pl2/10);
podem-se obter peças mais económicas com base num projecto de cofragens mais
elaborado, conduzindo a esquemas de cofragens do tipo do da Fig. 131.
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1
Tábuas de solho f=
250
VÃOS MÁXIMOS DE UTILIZAÇÃO (m)
Cargas Espessuras das tábuas de solho (cm)
(kgf/m2) 2,0 2,2 2,5 3,0 3,5
275 1,06 0,84 1,17 0,93 1,33 1,06 1,59 1,26 1,86 1,47
300 1,03 0,82 1,13 0,90 1,29 1,02 1,54 1,22 1,86 1,43
325 1,00 0,79 1,10 0,87 1,25 0,99 1,50 1,19 1,75 1,39
350 0,98 0,78 1,08 0,86 1,22 0,97 1,47 1,17 1,71 1,36
375 0,96 0,76 1,05 0,83 1,20 0,95 1,43 1,13 1,67 1,33
400 0,94 0,75 1,03 0,82 1,17 0,93 1,40 1,11 1,64 1,30
425 0,92 0,73 1,01 0,80 1,15 0,91 1,38 1,10 1,70 1,27
450 0,90 0,71 0,99 0,79 1,13 0,90 1,35 1,07 1,58 1,25
475 0,88 0,70 0,97 0,77 1,10 0,87 1,33 1,06 1,55 1,22
500 0,87 0,69 0,96 0,76 1,09 0,87 1,30 1,03 1,52 1,21
525 0,85 0,67 0,94 0,75 1,07 0,85 1,28 1,02 1,49 1,18
550 0,84 0,67 0,93 0,74 1,05 0,83 1,26 1,00 1,47 1,17
575 0,83 0,66 0,91 0,72 1,04 0,83 1,24 0,98 1,45 1,15
600 0,82 0,65 0,90 0,71 1,02 0,81 1,23 0,98 1,43 1,13
625 0,81 0,64 0,89 0,71 1,01 0,80 1,21 0,96 1,41 1,12
650 0,80 0,63 0,88 0,70 1,00 0,79 1,19 0,94 1,39 1,10
675 0,79 0,63 0,86 0,68 0,98 0,78 1,18 0,94 1,38 1,10
700 0,78 0,62 0,85 0,67 0,97 0,77 1,16 0,92 1,36 1,08
725 0,77 0,61 0,84 0,67 0,96 0,76 1,15 0,91 1,34 1,06
750 0,76 0,60 0,83 0,66 0,95 0,75 1,14 0,90 1,33 1,06
775 0,75 0,60 0,83 0,66 0,94 0,75 1,13 0,90 1,31 1,04
800 0,74 0.59 0,82 0,65 0,93 0,71 1,11 0,88 1,30 1,03
825 0,74 0,59 0,81 0,64 0,92 0,73 1,10 0,87 1,29 1,02
850 0,73 0,58 0,80 0,63 0,91 0,72 1,09 0,87 1,27 1,01
875 0,72 0,57 0,79 0,63 0,90 0,71 1,08 0,86 1,26 1,00
900 0,71 0,56 0,79 0,63 0,89 0,71 1,07 0,85 1,25 0,99
925 0,71 0,56 0,78 0,62 0,88 0,70 1,06 0,84 1,24 0,98
950 0,70 0,56 0,77 0,61 0,88 0,70 1,05 0,83 1,23 0,98
975 0,70 0,56 0,76 0,60 0,87 0,69 1,04 0,83 1,22 0,97
1000 0,69 0,55 0,76 0,60 0,86 0,68 1,03 0,82 1,21 0,96
1025 0,68 0,54 0,75 0,60 0,85 0,67 1,03 0,82 1,20 0,95
Nota - Em cada coluna, os valores à esquerda dizem respeito a elementos trabalhando
sobre 3 ou mais apoios e os valores à direita correspondem a elementos
simplesmente apoiados, isto é, trabalhando sobre 2 apoios.
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1
Vigamento f=
250
VÃOS MÁXIMOS DE UTILIZAÇÃO (m)
Secções comerciais correntes (cm x cm)
Cargas hxb hxb hxb hxb
(kgf/m2) 7 x 10 10 x 7 8 x 16 16 x 8
250 1,91 1,52 2,37 1,93 2,56 2,03 4,05 3,23
275 1,85 1,47 2,26 1,87 2,48 1,97 3,86 3,12
300 1,80 1,43 2,16 1,81 2,41 1,91 3,69 3,04
325 1,74 1,39 2,08 1,77 2,35 1,86 3,55 2,96
350 1,67 1,36 2,00 1,72 2,29 1,82 3,42 2,88
375 1,62 1,33 1,93 1,68 2,24 1,78 3,31 2,82
400 1,57 1,30 1,87 1,65 2,18 1,73 3,20 2,76
425 1,52 1,27 1,82 1,62 2,15 1,70 3,10 2,70
450 1,48 1,25 1,76 1,57 2,10 1,67 3,02 2,65
475 1,44 1,23 1,72 1,55 2,07 1,64 2,94 2,60
500 1,40 1,20 1,67 1,49 2,02 1,61 2,86 2,56
525 1,37 1,19 1,63 1,48 1,98 1,59 2,79 2,50
550 1,33 1,17 1,60 1,43 1,93 1,56 2,73 2,44
575 1,31 1,15 1,56 1,40 1,89 1,54 2,67 2,39
600 1,28 1,13 1,53 1,37 1,85 1,52 2,61 2,33
625 1,25 1,12 l,50 1.34 1,81 1,50 2,56 2,29
650 1,23 1,10 1,47 1,3l 1,78 1,48 2,51 2,24
675 1,21 1,08 1,44 1,29 1,74 1,46 2,46 2,20
700 1,18 1,06 1,41 1,26 1,71 1,44 2,42 2,16
725 1,16 1,04 1,39 1,29 1,68 1,42 2,38 2,13
750 1,14 1,02 1,37 1,23 1,65 1,41 2,84 2,09
775 1,12 1,00 1,34 1,20 1,63 1,39 2,90 2,06
800 1,11 0,99 1,32 1,18 1,60 1,38 2,26 2,02
825 1,09 0,97 1,30 1,16 1,58 1,36 2,23 1,99
850 1,07 0,96 1,28 1,14 1,55 1,35 2,19 1,96
875 1,06 0,95 1,27 1,14 1,53 1,39 2,16 1,93
900 1,04 0,93 1,25 1,12 1,51 1,33 2,18 1,91
925 1,03 0,92 1,23 1,10 1,49 1,31 2,10 1,88
950 1,02 0,91 1,21 1,08 1,47 1,30 2,08 1,86
975 1,00 0,89 1,20 1,07 1,45 1,29 2,05 1,83
1000 0,99 0,89 1,17 1,06 1,43 1,28 2,02 1,81
Nota - Em cada coluna, os valores à esquerda dizem respeito a elementos trabalhando
sobre 3 ou mais apoios e os valores à direita correspondem a elementos
simplesmente apoiados, isto é, trabalhando sobre 2 apoios.
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O “cálculo” de cofragens tradicionais melhoradas pode ser feito através das mesmas tabelas,
pelo menos no que se refere às vigas metálicas extensíveis e aos prumos metálicos tubulares.
Já no que se refere às cofragens racionalizadas e às especiais, o seu cálculo e projecto
respectivo são normalmente elaborados pela firma que os instala, num sistema de aluguer. Os
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9. BIBLIOGRAFIA
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