Você está na página 1de 122

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/282250812

Cofragens tradicionais

Technical Report · October 2001


DOI: 10.13140/RG.2.1.1961.5203

CITATIONS READS

3 25,408

2 authors:

Jorge de Brito Petro Paulo


University of Lisbon Kilimanjaro Christian Medical College
1,577 PUBLICATIONS   29,391 CITATIONS    24 PUBLICATIONS   196 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

High performance recycled aggregates concrete for the precast industry View project

F-EIR Conference 2021 — Environment Concerns and its Remediation View project

All content following this page was uploaded by Jorge de Brito on 28 September 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

MESTRADO AVANÇADO EM CONSTRUÇÃO E


REABILITAÇÃO

CADEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

COFRAGENS TRADICIONAIS

Jorge de Brito e Pedro Paulo

Outubro de 2001
ÍNDICE

1. Introdução 1
2. Preparação das cofragens 7
3. Processo construtivo 15
3.1. Fundações 15
3.2. Pilares 18
3.2.1. Marcação do pilar 19
3.2.2. Construção dos taipais 21
3.2.3. Verificação da verticalidade 22
3.2.4. Escoramento 22
3.2.5. Reforço da cofragem 24
3.2.6. Pilares de secção circular 26
3.2.7. Descofragem 26
3.3. Vigas 27
3.3.1. Preparação dos prumos e taipais 29
3.3.2. Colocação da estrutura de suporte 30
3.3.3. Colocação dos painéis de fundo e laterais 31
3.3.4. Descofragem 34
3.4. Lajes 35
3.4.1. Colocação dos prumos, vigas e barrotes 35
3.4.2. Colocação dos painéis da laje 36
3.4.3. Descofragem 38
3.5. Muros e paredes 39
3.6. Escadas 46
3.6.1. Colocação da estrutura de suporte 46
3.6.2. Colocação dos taipais 47
3.6.3. Colocação da armadura 48
3.6.4. Execução e colocação dos moldes dos degraus 49
3.6.5. Descofragem 50
3.7. Corpos salientes 50
3.8. Lajes de cobertura inclinada 52
3.9. Outros elementos 52
4. Fase pré e pós-execução 54
4.1. Montagem das armaduras 54
4.2. Betonagem 55
4.3. Descofragem 59
4.4. Armazenamento 61
4.5. Tratamento das superfícies dos moldes 62
5. Segurança e controlo de qualidade 64
5.1. Procedimentos na obra 64
5.1.1. Segurança 64
5.1.2. Regras de boa prática 66
5.1.3. Níveis de exigência de qualidade 68
5.1.4. Planeamento das actividades 68
5.2. A Norma Provisória Europeia prENV 13670-1 - “Execução de estruturas de
Betão - Parte 1: Regras Gerais” 70
5.2.1. Aspectos gerais relativos às cofragens 73
5.2.1.1. Requisitos básicos 73
5.2.1.2. Materiais 74
5.2.1.3. Cimbres 74
5.2.1.4. Cofragens 74
5.2.1.5. Acabamento da superfície 75
5.2.1.6. Componentes secundários 75
5.2.1.7. Remoção das cofragens e cimbres 76
5.2.2. Inspecção 76
5.2.3. Anexo B (Instruções relativas a cofragens e cimbres) 77
5.2.3.1. Requisitos básicos 77
5.2.3.2. Cimbres 78
5.2.3.3. Cofragens 78
5.2.3.4. Componentes secundários 78
6. Anomalias e erros de execução 79
6.1. Bolhas de pele 79
6.2 Manchas devidas a perdas de humidade através da cofragem 80
6.3. Chochos e esbabaçado 81
6.4. Descasque 83
6.5. Crostas 84
6.6. Eflorescências 85
6.7. Variações de cor 86
6.8. Rachaduras 87
6.9. Fissuração 88
6.10. Contaminação 88
6.11. Irregularidade de perfil 89
7. Evolução dos sistemas tradicionais de cofragem 90
7.1. Cofragens metálicas 90
7.2. Cofragens tradicionais melhoradas 93
7.2.1. Prumos metálicos 93
7.2.2. Viga metálica extensível 94
7.2.3. Novos materiais 94
7.2.4. Complementos 100
7.2.5. Elementos pré-fabricados 100
7.2.6. Exemplos de aplicação 101
7.3. Que futuro para as cofragens tradicionais? 105
8. Dimensionamento de cofragens tradicionais 106
8.1. Acções de cálculo 106
8.2. Utilização de tabelas de cálculo 107
9. Bibliografia 114
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

COFRAGENS TRADICIONAIS

1. INTRODUÇÃO

Para a execução dos vários elementos estruturais de betão (sapatas, lajes, vigas, muros, pilares
e outros), é necessário recorrer a moldes, que tal como o nome indica moldam o betão à sua
forma final. Sendo o betão um material fluido, que só se solidifica e torna resistente ao fim de
alguns dias, é premente o recurso a moldes e elementos de suporte que assegurem as formas
pretendidas até que este adquira as propriedades que lhe permitam uma elevada longevidade
estrutural. É este o motivo pelo qual é fundamental em obra a utilização de cofragens.

De início, no aparecimento do betão no fim do século XIX (a primeira obra de betão em


Portugal data de 1896), as cofragens eram realizadas unicamente com madeira (um pouco à
semelhança do que já acontecia com a construção em taipa e daí a designação deste tipo de
cofragens como tradicional), pois a madeira era um material barato, acessível e abundante por
quase toda a parte.

Durante muitos anos, este foi o único modo de cofrar, até que há relativamente poucos anos se
começou a recorrer a outro tipo de materiais. Por via de uma evolução na Engenharia dos
Materiais, surgiram novas técnicas e materiais de cofragem, como os aglomerados, os
contraplacados, o aço e as ligas de alumínio (cofragens metálicas), o PVC, a fibra de vidro,
entre outros, que vieram substituir parcial ou totalmente a madeira.

A utilização de cofragens tradicionais tende portanto a perder a importância que outrora


evidenciou, quer devido ao pequeno número de reutilizações, quer à forte incidência da mão-
de-obra fazendo com que a madeira, não transformada / melhorada antes da aplicação, perca
vantagens em relação a outros materiais (Fig. 1, à direita), especialmente ao nível dos
elementos de suporte e dos painéis de cofragem. Além dos dois factores atrás mencionados, é
necessário que o tempo de execução da cofragem e o de descofragem sejam os menores
possíveis, aspecto este em que a cofragem tradicional apresenta uma grande desvantagem face
aos sistemas racionalizados que, cada vez mais ganham posição no mercado. No entanto, a

1
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

cofragem tradicional continuará a ter uma expressão significativa em obras em que a sua
dimensão e/ou arquitectura não proporcionam grande facilidade para aplicação de sistemas
racionalizados.

A utilização de cofragens tradicionais em obras de grande dimensão e com uma arquitectura


simples e repetitiva apresenta tempos de montagem e desmontagem elevados.

Para as obras de pequena dimensão (no extremo, o pequeno edifício ou a moradia - Fig. 1, à
esquerda) já surgiram sistemas racionalizados que começaram paulatinamente a retirar
posição de mercado aos sistemas tradicionais.

Fig. 1 - À esquerda, obra de pequena dimensão totalmente cofrada com cofragem tradicional
e, à direita, cofragem descartável de pilar cilíndrico (cartão, folha de alumínio e película de
polietileno)

A procura de objectivos, tais como a redução do número de juntas, o aumento de


produtividade do processo (montagem, tempos de espera de descofragem e desmontagem),
economia (a dois níveis, o de aumentar a durabilidade da cofragem e o de diminuir o peso da
cofragem no custo total de execução do betão, que chega a ultrapassar os 50%), faz com que
se caminhe para sistemas com um coeficiente de racionalização muito grande.

A selecção do melhor sistema de cofragem para cada situação deve ter em conta o custo
global e não apenas o custo directo, dependendo aquele de: custos de aquisição (ou aluguer) e
manutenção do equipamento; número de reutilizações possíveis; qualidade do paramento

2
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

pretendida; prazo para a realização dos trabalhos; adequabilidade tecnológica do sistema ao


projecto da estrutura; nível de especialização da mão-de-obra disponível; conjuntura da
empresa (ao nível de existências e disponibilidades); conjuntura económica global ou do
sector da construção. Naturalmente, existe também um conjunto de questões de carácter
técnico que também influenciarão o tipo de cofragem a utilizar em cada circunstância: a
complexidade e forma do elemento; a precisão pretendida; a rapidez de cofragem e
descofragem; a possibilidade de repetições; a fluidez, modo de compactação e impulso
introduzido pelo betão fresco; a facilidade de limpeza; a resistência ao transporte e
armazenamento; o isolamento térmico conferido pela cofragem ao betão fresco.

No entanto, em Portugal as cofragens em madeira ainda têm um papel relevante na


construção. Esta situação deve-se especialmente ao facto de a madeira e a sua transformação
ter uma grande tradição no nosso país e também por ser um material abundante, praticamente
apto à partida a ser utilizado e ter um custo de aquisição baixo (ainda que contrabalançado por
um custo da mão de obra subsequente relativamente elevado). É importante referir que a
madeira não é um parente pobre dos outros materiais, pois possui diversas características que
justificam o seu uso largamente difundido:

 devido à sua baixa densidade, não requer máquinas potentes para a sua colocação em
obra;
 no entanto, por apresentar uma elevada relação resistência / densidade, é um material
suficientemente resistente para suportar a manipulação descuidada e a movimentação
em obra;
 imprime à superfície do betão uma textura rugosa que pode ter aplicações arquite-
ctónicas importantes e também facilita a aplicação de um eventual revestimento;
apesar dessa rugosidade, permite a obtenção de boas superfícies de acabamento, por
um lado, pela sua relativamente fraca adesão ao betão e, por outro, pela possibilidade
de utilizar óleos descofrantes;
 é também um excelente material de isolamento térmico do betão jovem sendo ideal
para a betonagem no Inverno;
 permite a execução de pequenas peças ou de elementos complicados, pois é um
material de uma grande trabalhabilidade (é fácil de cortar e ligar);

3
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 permite ainda a sua transformação industrial em outros materiais para cofragem


(aglomerado de madeira e contraplacado marítimo).

Há que fazer um esclarecimento em relação à definição de cofragem tradicional. Considera-se


cofragem tradicional a que recorre somente a elementos de madeira (sem qualquer tratamento,
pois madeira com dimensões normalizadas já escapa em rigor à definição de cofragem
tradicional). Em boa verdade, este tipo de cofragem é de tal ordem raro que teria de se afirmar
que a cofragem tradicional já não existe. Acontece que a utilização de prumos metálicos e de
castanhas está completamente implantada em Portugal e associada aos moldes de madeira.
Este método de cofragem adopta a designação de tradicional melhorada.

Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às estruturas de edifícios de betão que, tal como
toda a restante matéria, se restringe fundamentalmente aos edifícios correntes. Dentro deste
capítulo, insere-se nas cofragens e, mais concretamente, nas tradicionais.

O documento é complementado por um outro dedicado aos sistemas racionalizados de


cofragens, no qual é descrita a classificação geral dos sistemas de cofragens. Está também
prevista a elaboração de um outro documento dedicado aos óleos descofrantes.

A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelos seus Autores mas sim de alguma pesquisa bibliográfica, da consulta dos profissionais
do sector, da organização de dois Seminários de Especialização sobre o tema e de
monografias escritas realizadas por alunos do Instituto Superior Técnico, na Licenciatura em
Engenharia Civil. Assim, muita da informação nele contida poderá também ser encontrada
nos seguintes textos, que não serão citados ao longo do texto:

 Pedro Paulo e Jorge de Brito, “Noções Gerais sobre Sistemas de Cofragens”, Curso sobre
Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Dezembro de 2000, Lisboa;

4
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 Jorge de Brito e Pedro Paulo, “Sistemas Tradicionais de Cofragens em Edifícios


Correntes”, Curso sobre Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Outubro de 2001,
Lisboa;
 Ricardo Nunes, “Sistemas Tradicionais de Cofragens em Edifícios Correntes”, Curso
sobre Sistemas de Cofragens, FUNDEC / ICIST, Dezembro de 2000, Lisboa;
 Hugo Martins, João Fundo, Miguel Faria e Jaime Falca, “Monografia sobre Cofragens”,
Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
1998, Lisboa;
 Pedro Machado, João Castelo do Alferes e Marta Costa, “Cofragens. Construção de Lajes
e Vigas”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, 1998, Lisboa;
 Bruno Paisana, Francisco Fonseca, David Capela e Nuno Marques, “Execução de Lajes e
Vigas”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, 1998, Lisboa;
 Susana Nogueira, Luís Salvador, Filipe Rodrigues e Paulo Felizardo, “Lajes e Vigas”,
Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
1998, Lisboa;
 Pedro Silva, Nuno Pires, Luís Sarmento e Marius Ferreira, “Execução de Elementos
Estruturais Principais. Vigas e Lajes”, Monografia apresentada na Licenciatura em
Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 1998, Lisboa;
 Barnabé Raimundo, João Borges, Neusa Inglês e César Almeida, “Cofragem de Vigas e
Lajes”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, 1998, Lisboa;
 Vítor Felisberto, Artur Caracho, José Sousa e Abel Mendonça, “Cofragens de Lajes e
Vigas”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, 1998, Lisboa;
 Bruno Dantas, Carlos Alves, Joaquim Santos e Manuel Veiga, “Execução de Elementos
Estruturais Principais: Pilares e Paredes Resistentes”, Monografia apresentada na
Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 1998, Lisboa;
 João Pereira, Carlos Pinto e Pedro Azevedo, “Monografia sobre Pilares e Paredes
Resistentes”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto

5
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Superior Técnico, 1998, Lisboa;


 Ana Cristóvão, Filipe Moura, Paulo Silva e Simão Lança, “Execução de Elementos
Estruturais Principais. Pilares e Paredes Resistentes”, Monografia apresentada na
Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 1998, Lisboa;
 António Pinto, Luís Afonso e Marlene Dias, “Cofragens. Pilares e Paredes Resistentes”,
Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
1998, Lisboa;
 Rui Mendes, José Reys, Catarina Figueiredo e Luís Pina, “Sistemas Tradicionais de
Cofragens”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto
Superior Técnico, 2000, Lisboa;
 Nuno Rosário, Carla Duarte, Jorge Lascas e Hernâni Theias, “Cofragens Tradicionais”,
Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
2000, Lisboa;
 João Monteiro, José Maria Raposo, Maria José Afonso e Vasco Silva Lopes, “Sistemas
Tradicionais de Cofragens de Edifícios”, Monografia apresentada na Licenciatura em
Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 2000, Lisboa;
 Albano Oliveira, Ana Brito e Nuno Vicente, “Cofragens Tradicionais”, Monografia
apresentada na Licenciatura em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 2000,
Lisboa;
 David Barreiros, Nelson Rodrigues, Bruno Martins e Tiago Barata, “Sistemas
Tradicionais de Cofragens de Edifícios”, Monografia apresentada na Licenciatura em
Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, 2000, Lisboa;
 Filipa Rosa, Humberto Santos, João Costa, José Gaspar e Sara Simões, “Sistemas
Tradicionais de Cofragens”, Monografia apresentada na Licenciatura em Engenharia
Civil, Instituto Superior Técnico, 2000, Lisboa.

6
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

2. PREPARAÇÃO DAS COFRAGENS

A forma e o aspecto final das peças de betão dependem quase exclusivamente do molde onde
são executadas (e da descofragem). Os cuidados na execução desse molde em relação a di-
mensões, desempeno da superfície, indeformabilidade, estanqueidade, natureza e acabamento
do material em contacto com o betão e (eventual) óleo descofrante, resultam na necessidade
ou não de se realizarem à posteriori trabalhos finais de rectificação e acabamento. A estas
exigências funcionais que a cofragem tem de garantir juntam-se a resistência (mecânica e ao
calor de hidratação do betão), a rigidez e a estabilidade adequada às cargas a que irá estar
sujeita e ainda a baixa aderência ao betão na descofragem.

A madeira é a base deste tipo de cofragem, dependendo dela e das suas características o
sucesso da execução das estruturas em betão. As principais características da madeira, e que
fazem dela um bom material para a realização de cofragens são sobejamente conhecidas e
foram referidas no capítulo anterior.

A madeira, na forma maciça, que é mais utilizada em Portugal para execução de cofragens é a
do pinheiro bravo, vulgarmente designada por pinho (o eucalipto, nomeadamente para
prumos, é também muito utilizado). As dimensões mais correntes dos elementos de cofragem
tradicional (Fig. 2, à esquerda) assim como as respectivas características mecânicas constam
do Quadro 1 (existem ainda prumos redondos de secção  10 cm).

Quadro 1 - Dimensões dos vários elementos de cofragens tradicionais


3 2
Dimensões S=bh I = b h /12 W = b h /2
Designação 2 4 3
h [cm] b [cm] l [cm] [cm ] [cm ] [cm ]
Prumo 10 7 2.60/3.00/3.50 70 583 117
Prumo 7 10 2.60/3.00/3.50 70 286 82
Vigamento 16 8 2.60 a 6.00 128 2731 341
Vigamento 8 16 2.60 a 6.00 128 683 171
Solho 2.5 12 a 20 2.60 30 a 50 16 a 26 40 a 63
Solho 3 16 a 20 2.60 48 a 60 36 a 45 72 a 90
Moldura 4 16 a 20 2.60 64 a 80 85 a 107 128 a 160

A madeira para o uso em cofragens tem de ter as seguintes propriedades:

7
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 não pode ser verde, pois a madeira ainda não tem a resistência suficiente e é muito
flexível, deformando-se facilmente; para além disso, pode retrair e abrir as juntas (o
que pode ser remediado com tabuetas ou massa);
 não pode estar muito seca, pois pode prejudicar o betão fresco, ao retirar-lhe parte da
sua água de amassadura; para além disso pode inchar reduzindo a secção útil das peças
(o que pode ser remediado dando uma folga de cerca de meio milímetro [1] [3]).

Para a realização das cofragens, há uma grande variedade de ferramentas (Fig. 2, à direita)
que participam apenas na execução das peças de madeira, tais como:

 serra de carpinteiro (Fig. 2-4 e Fig. 3, à esquerda) e eléctrica (Fig. 7, à esquerda);


 plaina - serve para desbastar a madeira (Fig. 2-5, Fig. 3, à direita);
 rebarbadora (Fig. 4, à esquerda), lixa e lima;
 serrote (Fig. 2-6);
 régua de nível - serve para nivelar as cofragens (Fig. 2-7 e Fig. 6, à esquerda);

Fig. 2 - À esquerda, tábuas de solho e prumos de madeira armazenados antes da sua utilização
e, à direita, ferramentas utilizadas na execução de cofragens tradicionais

8
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 fio-de-prumo (Fig. 2-9);


 martelo (Fig. 2-8 e Fig. 7, à direita);
 arranca-pregos ou pé-de-cabra (Fig. 2-10 e Fig. 4, à direita);
 serrote de vazar (Fig. 2-11);

Fig. 3 - À esquerda, serra de carpinteiro e, à direita, plaina manual

Fig. 4 - À esquerda, rebarbadora e, à direita, pé-de-cabra

Fig. 5 - À esquerda, mesa de corte da madeira e, à direita, pequeno torno

9
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 machado - serve para aguçar a madeira e abrir fendas (Fig. 2-12);


 maço ou marreta (Fig. 2-13);
 mesa de corte da madeira (Fig. 5, à esquerda);
 torno (Fig. 5, à direita), tenaz e grampo;
 régua (Fig. 6, à direita), fita métrica e lápis de carpinteiro.

Fig. 6 - À esquerda, régua de nível (de bolha de ar) e, à direita, régua

Fig. 7 - À esquerda, serra eléctrica e, à direita, martelo

Mas os elementos construtivos que mais relevo têm neste processo são aqueles que
constituem de facto a cofragem tal como ela é entendida:

 prumos (Fig. 8);


 taipais (superfícies constituídas por conjuntos de tábuas já agrupadas, a utilizar nas
cofragens de pilares e vigas) (Fig. 10, à esquerda);

10
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 estrados (superfícies constituídas por conjuntos de tábuas, a utilizar na cofragem de


lajes) (Fig. 10, à direita).

Os prumos são elementos de apoio / suporte da cofragem. Estes são, na cofragem tradicional,
feitos de madeira (Fig. 8, à direita) mas a dificuldade em arranjar prumos de pinho ou
eucalipto que satisfizessem os critérios de segurança para a sua aplicação e a necessidade de
ter vãos sempre da mesma altura, aliada à impossibilidade de regulação da altura dos prumos,
fez com que estes fossem praticamente substituídos pelos prumos metálicos (Fig. 8, à
esquerda). Estes prumos têm uma durabilidade maior, permitem o ajuste (em função da altura
- Fig. 9, à esquerda), o que não é fácil em segurança com prumos de madeira (Fig. 9, à direita)
e não são um material muito caro, por isso o seu uso em obra é de facto justificado. Os
prumos podem ser dimensionados através de tabelas em função do vão que têm de suportar.

Fig. 8 - Prumos metálicos (à esquerda) e de madeira (à direita)

Fig. 9 - À esquerda, pormenor do sistema de regulação em altura de prumo metálico e, à


direita, apoio algo instável de prumo de madeira para permitir o seu ajustamento em altura

11
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 10 - Taipais (à esquerda) e estrados (à direita)

Fig. 11 - Diversos tipos de esticadores

De entre os acessórios que se aplicam neste tipo de cofragens, salientam-se as castanhas ou

12
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

castanhetas (Fig. 13, à esquerda). As castanhas servem para manter a posição das cofragens,
que tendem a deformar-se devido às pressões laterais do betão fresco (antes de atingir a
presa). Para evitar que isto aconteça as cofragens são trespassadas por varões de aço,
normalmente o de menor custo -  6 mm. Os varões atravessam os elementos a cofrar de um
lado ao outro (Fig. 13, ao centro), e nunca chegam a ser recuperados, pois só quando o betão
já está endurecido é que estes varões deixam de ser necessários. Estes varões, designados por
esticadores (Fig. 11), funcionam como tirantes e são fixados à cofragem por meio das
castanhas. A desvantagem deste método é que fica um pequeno varão à superfície que pode
enferrujar um pouco.

Outro acessório importante, são os grampos (Fig. 12) que funcionam por atrito, impedindo os
taipais de se abrirem. Trata-se de um sistema menos fiável que os esticadores e castanhas. Os
grampos devem ser colocados numa zona reforçada dos taipais (por exemplo, uma travessa ou
um barrote) para evitar esmagamentos locais.

Fig. 12 - Grampo (à esquerda) e sua aplicação num pilar (à direita)

Finalmente, os pregos (Fig. 13, à direita) não podiam ser deixados de ser referidos pela
importância na solidarização dos elementos de madeira. O recurso a parafusos, porcas e
anilhas é muito mais limitado.

13
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 13 - Castanha antes de ser aplicada (à esquerda) e presa à cofragem (ao centro) e pregos
antes de serem aplicados (à direita)

14
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

3. PROCESSO CONSTRUTIVO

A execução e aplicação das cofragens tradicionais em obra estão profundamente dependentes


do tipo de elemento estrutural de betão a cofrar. Daí que este capítulo esteja organizado em
função desse mesmo tipo.

3.1. FUNDAÇÕES (Fig. 14, à esquerda)

Por serem as fundações peças que geralmente ficam invisíveis, não há necessidade de muito
rigor e perfeccionismo na execução das suas cofragens, podendo estas ser mais toscas e
menos cuidadas.

De notar que nem sempre há necessidade de utilizar cofragem para a execução dos elementos
de fundação. De facto, se o solo possuir características que permitam a verticalidade dos
taludes em períodos curtos (solos fortemente coerentes), poder-se-á realizar a betonagem
contra o terreno (Fig. 14, à esquerda), embora neste caso seja mais difícil garantir o
recobrimento das armaduras. Mesmo em casos onde não é possível escavar taludes verticais,
mas apenas valas irregulares, é também uma hipótese a considerar a da não utilização de
cofragens, pois o excesso de betão gasto a preencher toda a escavação compensa o custo da
cofragem, ficando as fundações com um pequeno excesso [1]. Nos terrenos soltos em que não
é possível a solução atrás referida, ou nos casos em que esteja prevista no projecto a
escavação geral até à cota de fundação, torna-se necessário executar cofragens das sapatas e
vigas de fundação (Fig. 17, à esquerda). Por vezes, esta cofragem é perdida (Fig. 14, à
direita). Deve ter-se em conta na construção da cofragem destes elementos (Fig. 16, à
esquerda) a vantagem, que geralmente existe, na sua betonagem em simultâneo.

Cofragem

Fig. 14 - Sapata betonada directamente contra o terreno (à esquerda) ou contra cofragem


perdida encostada ao terreno (à direita)

15
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

A cofragem das sapatas (Fig. 15, à direita) é feita através de taipais laterais. Para que resistam
aos esforços que ocorrem na betonagem, os taipais podem ser escorados (normalmente contra
o terreno - Fig. 15 - ou contra os taipais das outras sapatas, se estas se encontrarem
suficientemente próximas) ou ter barrotes (com 10 cm x 7 cm) dispostos na direcção oposta à
das tábuas solidarizados a estas contra os quais reagem esticadores ( 6 ou 8 mm em aço
macio) que atravessam as cofragens da sapata de um lado ao outro e são fixados pelo exterior
com castanhas (Fig. 17, à direita). Nesta figura, pode-se observar que foram colocados
barrotes a duas alturas, de forma a evitar que ocorra flexão excessiva das tábuas verticais.
Uma outra alternativa de escoramento recorre a estacas verticais cravadas no terreno com um
pequeno espaçamento, para o que o solo tem de ter uma resistência razoável.

Fig. 15 - À esquerda, aspecto geral da cofragem de fundações e, à direita, vista de topo de


cofragem de sapata de pilar já betonada

Fig. 16 - Recorte na cofragem de sapata para acerto com a cofragem de viga de fundação (à
esquerda) e viga de fundação com cofragem perdida de tijolo furado (à direita [12])

16
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 17 - Vista geral das sapatas e vigas de fundação totalmente cofradas a madeira (à
esquerda) e cofragem de uma sapata triangular

As vigas de fundação (Fig. 18) são cofradas praticamente como vigas normais (ver mais adi-
ante; a título de curiosidade, apresenta-se na Fig. 16, à direita, uma viga de fundação “cofra-
da” com tijolos perdidos). A diferença mais relevante é o facto de as dimensões serem
maiores implicar que o impulso do betão fresco também o vá ser e fazer com que as cofragens
tenham de ser mais reforçadas e melhor escoradas. Esse reforço pode ser conseguido (Fig.
19), tal como nas cofragens das sapatas, através de barrotes colocados longitudinalmente
fixados com esticadores que atravessam transversalmente a viga e são presos exteriormente
com castanhas. Na Fig.19, à esquerda, também é possível observar o travamento com cunhas
de madeira, que é colocado para garantir o recobrimento, servindo de reacção horizontal em
relação ao “aperto” realizado pelos esticadores acima referidos. Na Fig.19, à direita, importa
salientar a forma como foi obtida a reacção horizontal numa zona de canto: utilizando uma
tábua como escora.

Fig. 18 - Cofragem de vigas de fundação: antes (à esquerda) e após a betonagem (à direita)

17
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 19 - À esquerda, vista da cofragem de uma viga de fundação e, à direita, pormenor da


união de duas vigas de fundação

Ainda que nas fotos apresentadas acima, a escavação geral tenha sido executada até à face
inferior dos elementos de fundação, é também frequente fazê-lo apenas até à face superior.
Nesses casos, a largura das valas (para as vigas de fundação) e caboucos (para as sapatas)
deve ser suficiente para permitir a colocação dos taipais laterais e ainda o seu escoramento.

As cofragens tradicionais são também utilizadas em fundações de escadas (Fig. 20, à


esquerda) e maciços de encabeçamento de estacas (Fig. 20, à direita).

Fig. 20 - À esquerda, cofragem de fundação de escada e, à direita, cofragem de maciço de


encabeçamento de estacas

3.2. PILARES (Fig. 21)

A cofragem de pilares é o principal trabalho do carpinteiro de cofragens. A qualidade do car-


pinteiro é medida pelo cuidado que ele tem na obtenção de boas faces das colunas que lhe são

18
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

confiadas. A execução da cofragem dos pilares irá depender da forma (quadrada, rectangular,
circular ou poligonal) e dimensões da secção transversal, uma vez que tal terá consequências
nos esforços a que as cofragens irão estar submetidas enquanto o betão está fresco.

Fig. 21 - Diversos exemplos de cofragens de pilares

3.2.1. Marcação do pilar

Após a betonagem das sapatas e vigas de fundação da estrutura, a primeira operação consiste
em confirmar a posição do centro do pilar. Em seguida, desenha-se a secção transversal do
pilar sobre o betão, tratando-se usualmente duma figura geométrica bastante simples, devendo
ter-se o cuidado de garantir que a área interior da secção transversal da caixa de molde tem as
dimensões do pilar de projecto. Para tal, recorre-se a um cangalho, gastalho de centragem
(Fig. 22) ou “cama”, feito geralmente com sobras de madeira (Fig. 23).

Antes da betonagem da sapata, devem ser deixadas armaduras de espera do pilar amarradas às
armaduras da sapata. Estas armaduras podem ter logo a altura necessária para o primeiro piso
(Fig. 15, à direita) ou ser posteriormente empalmadas, sempre antes da execução da cofragem
do pilar (é mesmo possível cofrar e betonar numa primeira fase apenas um troço de pequena
altura de pilar - Fig. 24, à esquerda). Em qualquer dos casos, é necessário escorar essas arma-
duras (Fig. 15, à direita) para que não adquiram deformações permanentes. Por vezes, recorre-
se à colocação de espaçadores de compressão no interior da cofragem (Fig. 24, à direita), para
impedir que a acção dos esticadores reduza as dimensões da secção transversal do pilar.

19
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 22 - Gastalho de centragem do pilar executada ainda antes da betonagem da sapata

.
Fig. 23 - Execução do cangalho de um pilar: da esquerda para a direita, sobras de madeira,
fase intermédia e cangalho completo na base do pilar

Fig. 24 - À esquerda, pequeno troço de pilar já cofrado e betonado e, à direita, colocação de


espaçadores de compressão

20
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

3.2.2. Construção dos taipais

Os taipais utilizados nas cofragens tradicionais de pilares (Fig. 25, à esquerda) nem sempre
são previamente montados. Vão sendo construídos com tábuas de solho e travessas (Fig. 25, à
direita), sendo reaproveitados (Fig. 26, à esquerda) e utilizados à medida das necessidades.
Por vezes, são reaproveitados em pilares de dimensões transversais mais reduzidas do que o
inicialmente previsto (Fig. 26, à direita). Os aspectos específicos dos pilares de secção
circular são tratados no ponto 3.2.6.

Fig. 25 - Taipais para pilares: já instalados em obra (à esquerda) e em esquema (à direita)

Fig. 26 - Taipais armazenados para reaproveitamento (à esquerda) e adaptação de taipais a


pilares de diferentes dimensões (à direita)

Após a aplicação do óleo descofrante (se for essa a opção), os taipais são sucessivamente
colocados nas suas posições correctas para garantir as dimensões finais do pilar. As ligações
são feitas por pregagem (Fig. 27, à esquerda). Se o pilar for chanfrado, é necessário colocar

21
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

prismas triangulares de madeira nos cantos pregados pelo interior.

A título de curiosidade, refira-se a prática em desuso, ilustrada na Fig. 21, à direita, de utilizar
a alvenaria de tijolo para cofrar lateralmente os pilares, executados após a erecção da parede.

3.2.3. Verificação da verticalidade

A verticalidade do pilar é outra operação que merece atenção por parte do carpinteiro de
cofragens. Uma cofragem mal aprumada desfigura o pilar e demonstra, por parte do
carpinteiro, falta de cuidado e precisão. Pode-se garantir a verticalidade do pilar e
simultaneamente o seu desempenamento através de 4 fios-de-prumo, um em cada canto do
pilar. Outra ferramenta utilizada para este efeito é a régua de nível (Fig. 27, à direita). De
notar que se trata de uma ferramenta de uso fácil, sem necessidade de know-how específico.

Fig. 27 - À esquerda, pregagem do último taipal do pilar aos restantes e, à direita, posiciona-
mento dos taipais, vendo-se a régua de nível utilizada na verificação da verticalidade

3.2.4. Escoramento

Trata-se de uma das fases mais importantes na construção da cofragem dum pilar. Se não se
garantir um bom escoramento, de forma a permitir uma boa dissipação de esforços, corre-se o
sério risco de que, no dia da betonagem, ocorra a rotura / derrube da cofragem.

22
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Se forem em madeira, as escoras são pregadas aos taipais. No caso de se tratar dum pilar
ligeiro isolado, deverão colocar-se escoras nos quatro taipais. Caso nalgum dos lados seja
possível fixar os pilares, poupa-se o escoramento no lado respectivo. Em muitas obras é usual
ver-se o escoramento apenas em dois lados opostos. Na Fig. 28, estão representados diversos
exemplos de escoramentos em madeira. O escoramento pode ser mesmo feito entre os vários
pilares (Fig. 29).

Fig. 28 - Exemplos de escoramentos da cofragem de pilares (esquemas, em cima [16], e casos


reais, em baixo)

Fig. 29 - Escoramento dos pilares uns nos outros

23
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Poderá haver vantagem em pregar previamente aos taipais barrotes verticais (Fig. 30, à
esquerda) para permitir um melhor apoio do escoramento. No caso de o escoramento ser
constituído por prumos metálicos, é possível ajustar o seu comprimento (Fig. 30, ao centro),
podendo ser necessário (ou prudente) recorrer a diversos escoramentos (Fig. 30, à direita).

Fig. 30 - À esquerda, procedimentos prévios ao escoramento da cofragem do pilar, ao centro,


colocação e ajuste de prumo metálico e, à direita, aspecto final do pilar cofrado e escorado

O escoramento deverá ser mantido até que o betão adquira presa e resistência suficiente.

3.2.5. Reforço da cofragem

As zonas de maiores pressões do betão fresco contra a cofragem situam-se perto da base do
pilar, enquanto na zona superior o seu efeito é quase nulo. Assim seria de esperar um maior
cuidado em reforçar a parte inferior da cofragem com barrotes mais próximos e, à medida que
se sobe, um afastar mais dos barrotes. Na prática, tal não se verifica (Fig. 31, à esquerda),
ainda que o reforço seja feito de forma indirecta através de barrotes adicionais e esticadores
presos com castanhas (Fig. 31, ao centro). Uma outra alternativa, ainda que menos fiável, é
através de cerra-juntas ou grampos (Fig. 31, à direita). Caído em desuso, está o recurso a
molduras (também designadas de gravatas) em madeira (Fig. 32) ou metálicas (Fig. 33).

24
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 31 - À esquerda, manutenção do espaçamento das travessas dos taipais em altura, ao


centro, reforço dos taipais com barrotes adicionais e esticadores e, à direita, recurso a cerra-
juntas em pilar de canto

Fig. 32 - Contenção da cofragem de um pilar com molduras em madeira

Fig. 33 [4] - Moldura ou quadro de barras para fixação dos taipais laterais da cofragem de um
pilar

25
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

3.2.6. Pilares de secção circular

Na cofragem deste tipo de secção, não são utilizadas tábuas mas sim tabuinhas estreitas sem
serem pregadas previamente, formando entre elas o molde [2]. Para garantir a forma circular,
empregam-se as chamadas cambotas, obrigando as tabuinhas a adoptar a forma cilíndrica
(Fig. 34, à esquerda). Pode complementarmente recorrer-se a braçadeiras ou arame em aço
(Fig. 34, à esquerda).

Muito resumidamente, o processo construtivo começa pela reunião das tábuas que irão formar
a cambota, acoplando-as devidamente para que, ao encaixarem, a circunferência não
apresente qualquer descontinuidade. De seguida, serra-se o mais próximo possível do risco da
circunferência e pregam-se as peças contínuas (Fig. 34, ao centro). Convém salientar que as
cambotas não são peças resistentes. A sua única função é dar forma às tabuinhas que
determinam o molde do pilar circular.

3.2.7. Descofragem

“A desmoldagem somente deverá ser realizada quando o betão tiver adquirido resistência
suficiente, não só para que seja satisfeita a segurança em relação à rotura das peças
desmoldadas, mas também para que não se verifiquem deformações excessivas” [3]. Em
teoria, os prazos mínimos de descofragem para os pilares estão no ordem dos três a quatro
dias, embora na prática se verifique serem de apenas um dia (Fig. 34, à direita). Refira-se que
este prazo depende fortemente de um conjunto de parâmetros (tipo de cimento, recurso a
adjuvantes, exposição ao solo e ao vento, volume da peça, cuidados na cura), pelo que deverá
ser preconizado caso a caso. Isto é válido também para os restantes elementos estruturais em
betão. A descofragem dos pilares está naturalmente dependente da sequência da cofragem,
conforme se pode constatar pela Fig. 35 (em que as setas a negro indicam os pontos de ataque
dos painéis para desmoldagem e se vê no interior de cada corte o molde já aberto), mas segue
geralmente a seguinte sequência: retirada das molduras, esticadores ou grampos; retirada do
escoramento; desmonte dos taipais; retirada do cangalho; tapamento de (eventuais) buracos.

26
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 34 - Cofragem de pilar circular: em esquema (à esquerda) e em obra (ao centro); pilar
descofrado no dia seguinte à betonagem (à direita)

Fig. 35 [16] - Descofragem de pilares

3.3. VIGAS (Fig. 36)

As vigas são peças horizontais que assentam sobre pilares, muros de pedra, paredes de
alvenaria, paredes de betão, etc.. A sua cofragem consiste, em termos gerais, em dois painéis

27
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

laterais e um de fundo. Deve obedecer a algumas regras [2]:

 o painel de fundo fica sempre entre os laterais;


 o painel de fundo é muito ligeiro visto confiar-se a sua resistência aos apoios;
 os painéis de cofragem de uma viga assentam unicamente sobre o topo das cofragens
dos pilares.

Fig. 36 - Dois exemplos de cofragens de vigas

As cofragens das vigas reflectem a sua localização: na fachada ou de bordadura (Figs. 37 e


38, à direita) ou interior (Fig. da capa e Fig. 38, à esquerda). Nas vigas de bordadura, os
taipais laterais serão de altura diferente. O taipal correspondente à fachada ou empena terá
como altura total a da viga, acrescida da medida da espessura da tábua do painel de fundo. Por
sua vez, o taipal interior termina na cofragem da laje. A sua altura será a da viga, diminuída
da espessura da laje e da tábua do fundo. Nas vigas interiores, os taipais laterais são iguais e a
sua altura igual à da viga, diminuída da altura da laje e aumentada da espessura da tábua, que
corresponde ao tabuleiro do fundo. A nomenclatura apresentada não tem aplicação geral,
dependendo de região para região e até da experiência profissional dos operários.

As cofragens tradicionais não têm regras rígidas, já que a sua execução é fruto da experiência
e por vezes da necessidade, pelo que é natural que existam diferenças entre os sistemas de co-
fragens executados em diferentes obras e que, por conseguinte, não faça sentido apresentar re-
gras pormenorizadas de como fazer cofragens para vigas. No entanto, as bases da estrutura e a

28
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

montagem são muito semelhantes em todos os casos, o que se deve essencialmente ao facto de
que as cofragens terem que ser montadas sempre a pensar na maneira como vão ser retiradas.
Verifica-se também que, hoje em dia, se torna praticamente impossível encontrar sistemas to-
talmente em madeira, já que o uso de prumos e castanhas metálicos se encontra generalizado.

Fig. 37 - Sistema de cofragem totalmente tradicional de uma viga de bordadura

3.3.1. Preparação dos prumos e taipais

Inicialmente constroem-se em oficina os painéis (Fig. 39, à esquerda) que vão servir de fundo

29
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

e de paredes laterais das cofragens da viga. É depois necessário construir prumos de madeira
que terão que ter altura necessária para que na sua parte superior se apoiem travessões que
vão receber o fundo da cofragem da viga. As junções de toros para obter um prumo com
determinado comprimento fazem-se por meio de tábuas de 70 cm de comprimento no mínimo,
que se pregam aos elementos que se pretende ligar. Não se usam prumos com mais de uma
emenda e essas emendas devem estar fora do terço central. Como os prumos de madeira são
peças esbeltas, quando a altura é considerável, torna-se necessário interligá-los. Obviamente,
existe a alternativa dos prumos metálicos (Fig. 39, à direita).

Fig. 38 - Aspecto da cofragem de viga interior (à esquerda) e de bordadura (à direita)

Fig. 39 - À esquerda, corte de madeira para a montagem dos painéis de cofragem e, à direita,
prumos metálicos escorando a estrutura de suporte da cofragem

3.3.2. Colocação da estrutura de suporte

Inicialmente, são pregados nos pilares dois barrotes (Fig. 40, à esquerda) sobre os quais

30
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

assentam os barrotes principais que ligam dois ou mais pilares. Para suster a estrutura de
suporte, a cofragem e a própria viga, são colocados prumos que, quando se apoiam no terreno,
necessitam de uma fundação, geralmente constituída por tábuas e cunhas de madeira ou por
betão pobre de regularização. Em seguida, pregam-se as travessas transversalmente aos
barrotes principais.

3.3.3. Colocação dos painéis de fundo e laterais

Colocam-se depois as travessas que vão receber o fundo da cofragem (Fig. 40, à esquerda).
Nas cofragens totalmente tradicionais, as travessas são escoradas com pendurais formados por
tábuas estreitas (Fig. 37). As travessas podem assentar sobre dois barrotes que, por sua vez,
apoiam nos prumos metálicos. Este sistema é possível graças aos prumos metálicos, já que os
de madeira não permitem um espaçamento tão grande (no máximo 60 a 70 cm [2]), o que leva
a que seja necessário um prumo por cada travessa. Existem, no entanto, hipóteses alternativas
de escoramento da cofragem das vigas (Fig. 41).

O fundo da cofragem da viga, depois de assente sobre as travessas, é nivelado com auxílio do
nível de bolha de ar e alinhado com um cordel (Fig. 40, à direita). Para se obter um apoio
perfeito, pode recorrer-se a cunhas de madeira. Prega-se depois na posição correcta o fundo
da cofragem da viga às travessas em que se apoia.

Fig. 40- À esquerda, pormenor da estrutura de suporte da cofragem propriamente dita da viga
e, à direita, colocação do fundo da cofragem com o auxílio de um cordel

31
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 41 [16] - Hipóteses alternativas de escoramento da estrutura de suporte da cofragem de


viga interior

Depois do painel de fundo, são colocados, nivelados e aprumados os painéis laterais (Fig. 42,
à esquerda), de forma a poderem ser retirados mantendo o painel de fundo, verificando-se se
estão em ângulo recto em relação ao fundo da cofragem, após o que se colocam os gastalhos
de remate (Fig. 42, à direita) e as travessas de apoio travadas finalmente por meio de escoras
(Fig. 37). O recurso a esticadores e castanhas ou de cerra-juntas (também designados por
“sargentos” - Fig. 43, à esquerda) é também possível, nomeadamente quando não se pretende
construir a chamada “mão francesa”, bem visível na Fig. 37. A perpendicularidade das vigas,
nomeadamente durante a betonagem e vibração, pode ser garantida pela colocação de escoras
diagonais de canto na face inferior da cofragem da laje (Fig. 43, à direita).

Fig. 42 - À esquerda, colocação de painel lateral e, à direita, remate entre dois painéis laterais
com gastalho extra (os dos painéis laterais são colocados em estaleiro)

O travamento é muito importante, já que, se este não for bem executado, a cofragem pode
ceder e, por conseguinte, a peça cofrada pode não ficar com a forma e/ou dimensões pretendi-

32
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

das. Para corrigir estas situações, é necessário colocar grandes camadas de reboco, o que leva
a que apareçam grandes fendas já que o reboco com grandes espessuras acaba por fissurar.

Fig. 43 - Recurso a cerra-juntas para travamento dos taipais laterais da cofragem de uma viga
(à esquerda) e escoramento de canto de vigas perpendiculares (à direita)

No caso de um painel onde futuramente irá assentar a cofragem da laje (Fig. 44, à esquerda),
deve haver um cuidado especial na aplicação das travessas de apoio. Como o solho da laje vai
assentar no taipal interior da viga, é necessário dispor uma tábua horizontal pregada às
travessas, designada por alizar. Após a execução da cofragem da viga, são colocadas as
armaduras no seu interior (Fig. 44, à direita).

Fig. 44 - À esquerda, colocação dos barrotes de apoio da cofragem da laje e, à direita, aspecto
da cofragem da viga completa já com a armadura colocada no seu interior

33
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 45 - Cofragem da extremidade livre comum de duas vigas (à esquerda) e do cruzamento


de duas vigas de alturas diferentes (à direita)

A Fig. 45 apresenta 2 casos particulares de cofragens tradicionais de vigas: a extremidade li-


vre comum de 2 vigas (à esquerda) e o cruzamento de 2 vigas de alturas diferentes (à direita).

3.3.4. Descofragem

Na descofragem das vigas, retiram-se primeiro os painéis laterais (Fig. 46, à esquerda)
passados 3 dias ou 12 horas, no caso de serem tomadas precauções especiais para evitar
danificações das superfícies [4]), enquanto que os de fundo devem continuar por mais tempo
(Fig. 46, à direita, durante 15 ou mesmo 21 dias [4]).

Fig. 46 - À esquerda, descofragem dos painéis laterais de vigas e, à direita, painel de fundo e
respectiva estrutura de escoramento ainda no seu lugar após a retirada dos painéis laterais

34
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

3.4. LAJES (Fig. 47)

Na execução das cofragens de lajes (Fig. 48), não há propriamente um procedimento tipo,
dependendo o método do operador, da sua técnica, da sua experiência, da sua “mão”. A regra
é montar a cofragem de modo a poder ser realizada uma fácil descofragem. No entanto, a
sequência normal é a seguinte.

Fig. 47 - Dois exemplos de cofragens de lajes

Fig. 48 [16] - Vista inferior esquemática da cofragem de uma laje de média / grande extensão

3.4.1. Colocação dos prumos, vigas e barrotes

Montam-se as vigas que devem estar apoiadas em prumos (Fig. 51, à esquerda), cuja base de
apoio deve ser regularizada (o recurso a embasamentos em solhos de madeira geralmente não
se justifica se o apoio for uma laje estrutural em betão). Estas vigas devem ser contínuas, isto
é, devem evitar-se as “emendas”. Por cima das vigas, colocam-se os barrotes, transversal-
mente às mesmas (Fig. 49, à esquerda), ficando deste modo uma grelha de madeira. Sendo
necessário unir barrotes, esta união far-se-á sobre uma viga, nunca a meio do vão. Os barrotes
fixam-se aos tabuleiros laterais dos moldes das vigas (Fig. 50, à esquerda).

35
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 49 - Cofragem de laje após a colocação dos barrotes (à esquerda) e durante a colocação
das tábuas de solho (à direita)

Para o apoio das cofragens das lajes, utilizam-se prumos que, na cofragem tradicional,
deveriam ser de madeira, mas geralmente são metálicos. Estes prumos devem ser colocados
em função do peso da laje, podendo atingir uma grande densidade (Fig. 53, à direita).

3.4.2. Colocação dos painéis da laje

Colocam-se então as tábuas de solho (Fig. 49, à direita), que devem ser cortadas na medida
exacta. Colocam-se primeiro as duas tábuas das extremidades, que lhe servirão de guia.
Fixam-se estas com pregos grandes e as outras tábuas mais ligeiramente. É importante que as
tábuas estejam perfeitamente justapostas (Fig. 51, à direita) pois, se houver fendas entre elas
(Fig. 53, à esquerda), quando se procede à betonagem o betão vai escorrer por entre aquelas
(Fig. 52, à direita) criando uma superfície irregular. Uma situação desse tipo ou uma zona
menos resistente da cofragem podem obrigar à pregagem de barrotes inferiores de reforço na
face inferior (Fig. 53, ao centro). Os bordos livres são cofrados lateralmente e escorados
praticamente como se de vigas de bordadura se tratassem (Fig. 50, à direita).

Embora não seja a prática mais aconselhável, existe a hipótese de seguir a seguinte sequência
de erecção da cofragem da laje: colocar os painéis ao alto com a extremidade unida aos
barrotes (Fig. 52, à esquerda); os taipais são então levantados em simultâneo com os prumos,
previamente ajustados para a altura final e colocados no seu sítio; os prumos escoram os
painéis que são ligados uns aos outros através de barrotes perpendiculares ao eixo das tábuas
de solho dos painéis.

36
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 50 - À esquerda, pormenor da ligação laje - viga interior - pilar vista de baixo e, à direita,
bordo livre de laje

Fig. 51 - Cofragem de laje vista de baixo, à esquerda, e de cima, à direita

Fig. 52 - Processo de posicionamento por levantamento dos painéis da laje (à esquerda) e


leitada de cimento escorrendo pelas juntas abertas da cofragem de uma viga (à direita)

As cofragens das lajes encostam à face exterior dos pilares e das vigas, sem se apoiar nos seus

37
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

moldes. Isto permite a descofragem da laje antes da das vigas, tal como recomendado. É
conveniente um especial cuidado na união lateral, que, a ser mal executada, faria com que o
betão de um elemento estrutural se ligasse a outro, o que prejudicaria o acabamento das peças.

Fig. 53 - À esquerda, tábuas de solho mal justapostas, ao centro, reforço da cofragem da laje
com barrotes e, à direita, prumos metálicos de escoramento da cofragem de laje

3.4.3. Descofragem

A descofragem é uma tarefa bastante delicada, pois dela depende o bom uso e conservação da
madeira. A madeira, apesar de não poder ter tantas reutilizações como outros materiais de
cofragem, se for bem conservada pode ter 2 a 4 reutilizações (este número pode aumentar até
5 em lajes, 9 em pilares e vigas e 14 em paredes e muros [2] [4] e números muito superiores
em pré-fabricação), após o que é utilizada como lenha. A descofragem deve ser fácil, mas
depende novamente do operário que a executou. Esta tarefa resume-se basicamente aos
seguintes procedimentos:

 ao retirar os prumos, dado que se deve descofrar de modo a que a estrutura fique
sujeita aos esforços para a qual foi projectada, é conveniente começar por tirar os
prumos do centro para os extremos;
 de seguida, tiram-se as vigas e os barrotes;
 por fim, retiram-se as tábuas de solho (Fig. 54, à esquerda).

38
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

O início da descofragem deve obedecer aos prazos mínimos de desmoldagem (REBAP), que
no caso das lajes variam entre os 7 e os 21 dias. O que também acontece por vezes é descofrar
as zonas menos esforçadas primeiro e, passados alguns dias, quando o betão tiver ganho mais
resistência, descofrar o resto dos moldes. Para facilitar a descofragem, é conveniente o
recurso a óleos descofrantes, especialmente no caso da madeira que tem a desvantagem de se
colar ao betão, o que pode levar ao seu arrancamento no acto da desmoldagem.

Após a descofragem, é importante fazer a limpeza das tábuas (recorrendo à picadeira e à


raspadeira ou a escovas duras), para que estas possam ser novamente aplicadas (sem ter restos
de betão preso às tábuas, o que poria em risco a qualidade da superfície do betão - Fig. 54, à
direita).

Fig. 54 - À esquerda, retirada das tábuas de solho de uma laje e, à direita, laje já descofrada

Nos pavimentos à base de vigotas com abobadilhas cerâmicas, é necessário colocar e escorar
uma tábua de madeira na zona do tarugo (Fig. 55), algo que deve ser feito antes da montagem
das abobadilhas (Fig. 55, à esquerda), ainda que nem sempre tal aconteça (Fig. 56, à
esquerda). Na Fig. 56, à direita, é possível ver as tábuas de solho colocadas junto ao apoio da
laje na viga, tal como é preconizado no documento de homologação.

3.5. MUROS E PAREDES (Fig. 57)

Este tipo de cofragens distingue-se das restantes por empregar painéis de grandes dimensões
(Fig. 58). Durante a betonagem, os sistemas de cofragens de muros e paredes são sujeitos a
grandes esforços, consequência das dimensões destes elementos e da sua posição vertical. Por

39
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

essa razão, os sistemas de cofragem totalmente tradicionais têm sido abandonados já que os
custos de montagem e do material se tornavam muito elevados tendo-se generalizado o
recurso de prumos metálicos de escoramento contra o terreno (Fig. 59, à esquerda).

Fig. 55 - Cofragem do tarugo de laje de vigotas e seu escoramento: vista de baixo (à


esquerda) e de cima (à direita)

Fig. 56 - À esquerda, colocação e escoramento da cofragem de tarugo de laje de vigotas após


a colocação das vigotas e das abobadilhas (incorrecto) e, à direita, cofragem na zona do apoio

Para se manter a espessura das paredes durante a betonagem, recorre-se a travamentos (Fig.
58, à esquerda) e a esticadores ligados a castanhas apoiadas em barrotes horizontais (Fig. 59,
à direita). Após a betonagem, as pontas à vista dos esticadores são cortadas, ficando a restante
parte perdida na parede. Nas obras onde o betão ficará à vista, o uso de esticadores é
desaconselhado já que os varões perdidos acabam por oxidar.

40
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 57 - Dois exemplos de cofragens de muros de suporte de terras

Quando os muros forem betonados contra o terreno (só uma face é cofrada), os esticadores
serão substituídos por escoras e terá que se garantir (pelo efeito da componente vertical das
escoras no taipal) que este não suba. Para isso, quando se betonar a sapata do muro, deixa-se
umas argolas em aço para segurar nestas um varão que vai ligar à viga superior do taipal ,
impedindo-o assim de subir (Fig. 60, à esquerda).

Fig. 58 - Cofragem de muro de suporte (à esquerda) e de reservatório (à direita)

Pelo contrário, quando o muro de suporte de terras é feito após uma escavação periférica (pa-
ra, por exemplo, viabilizar a instalação de um sistema de drenagem e impermeabilização ex-
terior), pode ser necessário escorar (com prumos metálicos ou de madeira directamente contra

41
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

o terreno) também no tardoz do muro (Fig. 60, à direita), isto se não se recorrer, à semelhança
do representado na Fig. 59, à direita, a barrotes de reforço, castanhas e esticadores.

Fig. 59 - À esquerda, cofragem de muro de suporte de terras escorada com prumos metálicos
contra o terreno e, à direita, pormenor dos esticadores

Existe ainda uma situação intermédia em que se recorre a cofragem perdida (Fig. 59, à
esquerda) encostada ao terreno. Uma situação particular desse tipo é a que ocorre quando se
utiliza uma parede tipo Berlim (Fig. 61, à esquerda) como cofragem perdida no tardoz de um
muro de contenção definitivo.

Fig. 60 - Cofragem de muro betonado contra o terreno (à esquerda) e cofrado de ambos os


lados e escorado contra o terreno (à direita)

42
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 61 - Muro de Berlim, cujas travessas podem funcionar como cofragem perdida de um
muro definitivo (à esquerda) e cofragem da sapata de um muro de suporte de terras (à direita)

A face exterior das paredes enterradas não fica visível depois da obra pronta, pelo que não
existem grandes cuidados na cofragem e descofragem (Fig. 62, à esquerda).

A sequência de construção da cofragem das paredes (após a construção da fundação - Fig. 61,
à direita) é a seguinte: construção dos taipais e aplicação do óleo descofrante (se for essa a
opção); marcação e execução dos furos para os esticadores; colocação (quando for essa a
opção) dos taipais de cofragem do tardoz (eventualmente encostados contra o terreno, como
na Fig. 59, à esquerda); colocação da armadura (geralmente primeiro a camada do tardoz -
Fig. 62, à direita - embora a armadura completa possa ser pré-montada em estaleiro) e
respectivos espaçadores; colocação dos espaçadores de compressão; colocação dos taipais de
cofragem do extradorso; reforço dos taipais com barrotes verticais ou horizontais (em
algumas situações, a colocação de barrotes verticais cravados no terreno precede a pregagem
nos mesmos dos taipais - Fig. 63); escoramento (ou disposição de esticadores) num ou em
ambos os lados do muro; colocação dos esticadores em esforço.

Na implantação dos taipais verticais, pode haver vantagem em colocar tábuas de fixação na
sua base. Estas são marcadas a partir do eixo do muro, contando-se metade da espessura
deste, a espessura do taipal e das costaneiras (ou travessas). Se possível, fixam-se as tábuas de
fixação e respectivos pregos no betão das fundações do muro enquanto este ainda não
endurecer completamente. Tal como para os pilares, é fundamental assegurar a verticalidade

43
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

(aprumar) dos taipais. Os taipais poderão ser solidarizados entre si através de tábuas pregadas.
As escoras verticais de rigidificação são pregadas nas costaneiras dos taipais e nas tábuas de
fixação na base.

Fig. 62 - À esquerda, face exterior de parede enterrada e, à direita, colocação da primeira


camada de armadura

Fig. 63 - Fases consecutivas da construção da cofragem de um muro de suporte (barrotes


verticais de reforço antes dos taipais)

Nas paredes de forma cilíndrica, adoptam-se soluções de cofragem semelhantes às referidas


para pilares cilíndricos, mas recorrendo a painéis de maiores dimensões (Fig. 64, à esquerda).

Nas paredes muito altas ou que correspondam a mais do que um piso, é possível conceber
uma estrutura provisória para escoramento horizontal e vertical dos painéis superiores (Fig.
64, à direita).

44
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 64 - À esquerda, painel de cofragem de parede cilíndrica e, à direita, estrutura de


contraventamento / escoramento de uma parede com dois níveis

Fig. 65 - Fases de cofragem e escoramento do contraforte de um muro de suporte de terras

Fig. 66 - À esquerda, caixa de elevadores no topo do edifício e, à direita, platibanda de terraço

45
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

A Fig. 65 ilustra a forma de executar com cofragem tradicional os contrafortes de muros de


suporte de terras de altura apreciável, em que, na 2ª fase (Fig. 65, à direita), a cofragem é
escorada horizontalmente contra o terreno do tardoz e verticalmente na sapata do próprio
muro.

A Fig. 66 ilustra dois outros tipos de muros e paredes cofrados com cofragem tradicional: à
esquerda, a caixa de elevadores no topo do edifício e, à direita, a platibanda de um terraço.

3.6. ESCADAS (Fig. 67)

A execução da cofragem de escadas deve ser especialmente cuidada pois, para além da
necessidade de rigor das medições, a sua montagem é de grande complexidade.

Fig. 67 - Dois exemplos de cofragens de escadas

3.6.1. Colocação da estrutura de suporte

Inicialmente é montada a estrutura que irá suportar a cofragem. Para isso, é necessário que os
prumos sejam cortados no topo com a inclinação que a escada irá ter, para que neles possam
ser assentadas vigas, nestas os barrotes e, colocando as tábuas transversalmente a estes, o
painel da laje da escada (Fig. 68, à esquerda). As Figs. 68, à direita, e 69, à esquerda,
apresentam uma variante, na qual os barrotes, dispostos inclinados, funcionam como vigas e
estas apenas os solidarizam transversalmente. Nesta variante, os prumos, metálicos na Fig. 68,
à direita, e em madeira na Fig. 55, à esquerda, são colocados já após a montagem do painel de
fundo (Fig. 69, à direita). A solução de colocar prumos inclinados não contraventados

46
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

horizontalmente (Fig. 71, à esquerda) não é boa por ser instável.

Fig. 68 [16] - Duas disposições alternativas da estrutura da cofragem de escadas (na da


direita, faltam ainda as tábuas que são pregadas sobre os barrotes inclinados)

Fig. 69 - À esquerda, pregagem das tábuas de solho nos barrotes e, à direita, escoramento dos
barrotes colocado a posteriori

3.6.2. Colocação dos taipais

Depois do taipal da laje da escada, são montados os taipais laterais (Fig. 70, à direita), após a
marcação da sua localização no painel de fundo (Fig. 70, à esquerda). Estes devem ter uma
altura que seja um pouco superior à espessura da escada. Devem também estar
convenientemente escorados lateralmente (Fig. 71, ao centro), de forma a suportarem os
impulsos resultantes da betonagem. Podem ser pregadas tábuas na face superior do painel de
fundo (Fig. 71, ao centro), para facilitar a passagem dos trabalhadores durante o decorrer da
obra antes de ser colocada a armadura.

47
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 70 - À esquerda, marcação da localização dos taipais laterais e, à direita, sua pregagem

Fig. 71 - À esquerda, escoramento com prumos inclinados, ao centro, painéis de fundo e


laterais já montados e, à direita, escada em caracol

As escadas em caracol (Fig. 71, à direita) obrigam a que o painel de fundo seja executado
com tábuas de forma trapezoidal ou triangular, o que exige grande qualidade da mão de obra.

3.6.3. Colocação da armadura

É então colocada a armadura das escadas (Fig. 72, à direita), que é precedida pela colocação
das armaduras de espera das lajes do piso (Fig. 73, à direita).

48
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 72 - Moldes para execução dos degraus antes (à esquerda) e após (à direita) serem
montados

Fig. 73 - À esquerda, marcação da localização dos degraus e, à direita, colocação no local da


armadura de espera da laje de piso

3.6.4. Execução e colocação dos moldes dos degraus

Na fase seguinte, executam-se as peças que servirão de molde aos degraus (Fig. 72, à
esquerda). Os cuidados a ter na sua execução, são os de terem, em primeiro lugar, a altura
exacta do espelho dos degraus e, em segundo, a largura da escada na secção em que se vai
aplicar cada peça (de forma a “fechar” a passagem ao betão). Depois de marcada a sua
localização (Fig. 73, à esquerda), os moldes são montados, sendo deixada entre os degraus e o
painel de fundo a altura que corresponde à projecção vertical da espessura da laje. É
importante que a espessura da madeira utilizada nestas peças seja tal que confira a rigidez aos
moldes necessária para evitar flexão excessiva durante e após a betonagem. Para que os
moldes sejam colocados equidistantes entre si (e o comprimento do patim ficasse igual em

49
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

todos os degraus), são pregados previamente numa estrutura feita para o efeito, podendo ainda
ser escorados (Fig. 74, à direita) para evitar que saiam do sítio durante a betonagem.

A construção do 1º lanço da escada oferece a particularidade de o seu escoramento vertical


poder ser feito com estacas pontiagudas de madeira cravadas no terreno com uma marreta
(Fig. 74, à esquerda). Por outro lado, as rampas de acesso, um misto entre uma escada e uma
laje, têm um sistema de cofragem semelhante ao da primeira com a excepção dos degraus
(Fig. 74, ao centro).

Fig. 74 - À esquerda, estacas cravadas funcionando com escoramento vertical do 1º troço da


escada, ao centro, sistema de cofragem de uma rampa de acesso e à direita, escoramento da
cofragem dos degraus

3.6.5. Descofragem

A descofragem das escadas não deve ser toda em simultâneo. Devem ser mantidos os moldes
dos degraus (Fig. 75, à esquerda) até ao momento de executar o revestimento da escada.
Agindo desta forma, evita-se que com o decorrer da obra parte dos degraus (o focinho em
particular) se vá deteriorando.

3.7. CORPOS SALIENTES

As cofragens de elementos salientes (Fig. 75, ao centro) têm a particularidade de necessitarem

50
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

de um grande número de prumos já que são estruturas mais sensíveis do que as restantes,
tanto em termos de resistência como de deformabilidade, para além do que o seu colapso é
mais provável pela sua isostatia. No caso específico das varandas (sacadas ou consolas), a
cofragem é muito semelhante à de lajes correntes, conforme se pode constatar na Fig. 76, à
esquerda, em que nos prumos metálicos (frequentemente diagonais para se apoiarem na viga
de fachada do piso anterior e não na laje em consola do mesmo piso - Fig. 75, à direita)
apoiam vigas, barrotes e tábuas de solho, e os taipais laterais dos bordos livres estão apoiados
em escoras apoiadas nos barrotes. A Fig. 76, à direita, por sua vez, apresenta a cofragem
utilizada no muro exterior de uma varanda em quarto do círculo.

Fig. 75 - À esquerda, escada já betonada na qual foram mantidas as cofragens dos degraus, ao
centro, parte da cofragem de uma varanda e, à direita, escoras diagonais para evitar
sobrecarregar a consola do piso inferior

Fig. 76 - À esquerda, sistema de cofragem de uma varanda e, à direita, cofragem do muro


exterior curvo de uma varanda

51
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

3.8. LAJES DE COBERTURA INCLINADA

A cofragem das lajes de cobertura inclinada é um misto da cofragem das lajes correntes e das
escadas e, tal como a destas últimas, é constituída por um painel inclinado que é apoiado
numa estrutura de barrotes de madeira (Fig. 77, à esquerda) ou prumos metálicos (Fig. 77, à
direita).

Fig. 77 - Estrutura de suporte da cofragem de uma laje inclinada: com barrotes de madeira (à
esquerda) e com prumos metálicos (à direita)

Uma das dificuldades da execução do painel passa por lhe dar a inclinação correcta, para que,
quando se “fechar” a cofragem, não tenham de se realizar emendas.

A constituição da cofragem é a seguinte: vigas horizontais, mas com a face superior inclinada,
sobre os prumos, barrotes inclinados e tábuas de solho perpendiculares a estes últimos.

3.9. OUTROS ELEMENTOS

Podem ainda ser utilizadas cofragens tradicionais num conjunto de outros elementos (Figs. 78
a 80).

52
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 78 - Cofragem para execução de lintel de janela (à esquerda) e de janela triangular

Fig. 79 - Cofragem para a execução de murete (à esquerda) e pilarete (à direita)

Fig. 80 - Cofragem para a execução de viga de cobertura (à esquerda) e canteiro em espiral (à


direita)

53
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

4. FASES PRÉ E PÓS-EXECUÇÃO

4.1. MONTAGEM E COLOCAÇÃO DAS ARMADURAS

A montagem da cofragem não encerra o processo de execução dos elementos de betão. A fase
seguinte é a colocação e montagem das armaduras. Estas podem ser montadas na sua
localização definitiva (Fig. 81, à esquerda) ou ser pré-montadas no estaleiro (Fig. 81, à
direita), eventualmente recorrendo a máquinas / ferramentas de corte e dobragem. Entre os
materiais utilizados nesta fase de execução, contam-se os cavaletes (Fig. 82, à esquerda), os
espaçadores (geralmente em argamassa, mas também em pedra - Fig. 82, ao centro) e o arame
de atar (Fig. 82, à direita).

Fig. 81 - Aspecto da armadura da viga (já montada) e da armadura inferior da laje (à


esquerda) e armadura de sapata de muro de suporte de terras pré-montada em estaleiro (à
direita)

Fig. 82 - Da esquerda para a direita, cavalete, espaçador de pedra e arames de atar

É nesta fase que se fazem os furos (Fig. 83, à esquerda) para os negativos para a montagem a

54
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

posteriori dos equipamentos eléctricos (Fig. 83, à direita) e dos ductos verticais para
canalizações de ventilação de ar, água e esgotos. Se forem utilizados elementos estranhos à
peça para execução dos negativos, eles deverão ser retirados antes de o betão fazer presa.

Fig. 83 - Furação da cofragem da laje para execução de negativo (à esquerda) e colocação de


cablagem eléctrica em negativo (à direita)

4.2. BETONAGEM

Após a montagem e colocação das armaduras e antes da betonagem, é conveniente molhar a


madeira das cofragens (Fig. 84, à esquerda) para atingir dois objectivos: fazer inchar a
madeira e assim fechar, pelo menos parcialmente, as juntas; impedir que, durante a cura do
betão, a água de hidratação, necessária ao processo químico de endurecimento do betão, seja
absorvida pela madeira seca. Adicionalmente, esta molhagem poderá impedir o empenamento
da cofragem pelo calor de hidratação do betão durante a presa.

Nas peças verticais de maiores dimensões (muros e paredes), deverão ser previstas janelas de
limpeza perto da base das cofragens para remover todos os detritos que aí se tenham
depositado antes de se vazar a primeira camada de betão. Antes da betonagem, as janelas são
fechadas.

De seguida faz-se o vazamento do betão nos elementos, em geral, tratando-se de betão pronto,
com o auxílio de uma manga (Fig. 84, à direita), o que facilita a colocação do mesmo, pois
permite “desenhar” a sequência da betonagem conforme programado. Idealmente, este

55
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

procedimento é feito por dois homens, em que um segura a mangueira (Fig. 84, ao centro) e
outro a guia segundo a direcção da betonagem.

Enquanto o betão está a ser colocado, existe um operário que mede a altura do betão à medida
que outros o vibram e lhe alisam a superfície (Fig. 84, à direita). O vazamento do betão não
deverá ser feito de grandes alturas para não causar estratificação por diferenças de massa. Nos
pilares deve ser feito por duas fases para evitar que as pressões hidrostáticas causem a rotura
das cofragens.

Fig. 84 - Rega da madeira da cofragem com mangueira (à esquerda), betonagem de viga com
o auxílio de uma manga (ao centro) e medição da profundidade do betão e alisamento da sua
superfície (à direita)

Na sequência da betonagem do piso, deve-se começar por betonar as vigas (Fig. 84, ao
centro) e só depois as lajes (Fig. 85, à esquerda). Naturalmente, os pilares do piso já tinham
sido betonados anteriormente.

A vibração do betão deve ser feita de modo a não provocar a segregação e deve ser feita com
instrumentos próprios para o efeito. Se se usarem vibradores de agulha (Fig. 85, à direita),
deve haver o cuidado de não os encostar às superfícies internas dos moldes. Deve haver um
especial cuidado em não danificar as cofragens, pois são estas que vão suportar o betão
enquanto este endurece e mesmo depois até este já possuir as propriedades que lhe permitem
resistir aos esforços.

56
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Ao realizar estas operações, é conveniente não pisar muito a armadura nem vibrá-la pois os
espaçadores podem sair do lugar, ficando a armadura sem o recobrimento necessário.

Fig. 85 - À esquerda, laje a ser betonada após as vigas e, à direita, vibrador de agulha

Após o betão ganhar presa, a sua cura deve ser feita com o máximo cuidado possível. Uma
das medidas mais eficazes para este efeito, sobretudo no Verão, é a rega com uma mangueira
dos elementos de betão, quer se trate de lajes quer de pilares (Fig. 86) e paredes.

Fig. 86 - Rega de pilar ainda não descofrado

A programação da betonagem é imprescindível, pois não convém deixar um elemento


betonado a meio por não haver betão imediatamente disponível em obra e por vezes as
demoras na chegada das betoneiras serem grandes. No entanto, quando inevitáveis, há que
preparar convenientemente as juntas de betonagem (ou de trabalho).

57
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Após a vibração do betão, alisa-se a superfície e colocam-se cangalhos (Fig. 23, ao centro),
que servem para marcar a posição dos pilares e de apoio da cofragem para a execução da laje
seguinte.

Há também um conjunto de ferramentas relacionadas com a betonagem:

 vibrador (de agulha - Fig. 85, à direita, ou para laje - Fig. 87, à esquerda);
 telecomando para o controlo da betoneira (Fig. 87, à direita);
 manga do betão (Fig. 84, ao centro);
 sonda para medir a altura do betão (Fig. 88, à esquerda);
 pá de alisar (Fig. 88, ao centro);
 mangueira para molhar a madeira antes da betonagem (Fig. 88, à direita).

Fig. 87 - À esquerda, vibrador para laje e, à direita, telecomando da betoneira

Fig. 88 - Da esquerda para a direita, sonda, pá de alisar e mangueira de água

58
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

4.3. DESCOFRAGEM

Após o endurecimento do betão, passa-se à sua descofragem, fase já referida no capítulo


anterior a propósito do processo construtiva da cofragem dos diversos elementos estruturais.
Uma vez que a cofragem e mão de obra envolvida no seu fabrico representam entre 20 e 25%
do custo total de execução do betão armado, é fundamental estudar previamente uma obra
antes de se começar a confeccionar painéis e taipais e moldes já que a economia obriga a
utilizar os mesmos moldes o maior número de vezes possível. Esta economia passa
fundamentalmente pelos cuidados a tomar na descofragem e pela limpeza das cofragens após
cada utilização.

Não basta montar um molde perfeito do ponto de vista técnico e mecânico, mas há que ter em
conta que, uma vez cumprida a missão que lhe é confiada, esse molde tem que ser retirado
com facilidade, sem operações complicadas, sem destruição da madeira e danos no betão,
procurando recuperar totalmente íntegro o maior número possível de elementos. Por isso, a
montagem da cofragem deve ser prevista para uma fácil recuperação.

Nos trabalhos de desmontagem dos moldes, é conveniente ter presentes algumas regras de
base [5]:

 o tempo de endurecimento até à descofragem é função das dimensões do elemento


betonado, do tipo de cimento e das condições de ambiente (temperatura e humidade
relativa do ar ), devendo o betão ter adquirido a resistência suficiente, não só para que
seja satisfeita a segurança em relação à rotura da peça desmoldada, mas também para
que não se verifiquem deformações excessivas, tanto a curto como a longo prazo;
 a descofragem deve ser feita de maneira a que a peça seja sempre sujeita aos esforços
para a qual foi projectada (esta regra nem sempre é respeitada em obra, sobretudo no
caso das consolas, onde o último prumo a ser retirado é o mais afastado do
encastramento, o que leva a que a peça seja sujeita a momentos positivos inicialmente
e só mais tarde trabalhe apenas com momentos negativos, o que leva a que o betão
fendilhe e apareçam deformações excessivas);

59
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 os elementos de aperto e de apoio (parafusos, tirantes, cunhas, pontaletes, prumos,


etc.) deverão ser aliviados ou retirados intervaladamente, sem choques bruscos;
 nunca deverão ser utilizadas alavancas metálicas entre o betão e a cofragem, se um
painel precisar de ser arrancado, poderão ser utilizadas cunhas de madeira rija (na
verdade em obra utilizam muito o pé de cabra - Fig. 89, à esquerda - o que deixa
marcas no betão; este cuidado é, naturalmente, mais relevante em obras onde se
pretende que o betão fique à vista;
 as arestas das peças acabadas de descofrar, no caso de poderem vir a ser danificados
pelo tráfego de pessoas ou materiais, deverão ser protegidas por sarrafos.

Para facilitar a descofragem, podem usar-se produtos, geralmente com o aspecto de um óleo
ou de uma emulsão cremosa, que se aplicam nas faces dos moldes que ficam em contacto com
o betão. Na cofragem tradicional, não se utilizavam muito estes produtos porque, na
perspectiva do construtor, se perde muito tempo a aplicar e não compensa o custo já que, na
maior parte das obras, o betão não fica à vista.

Associada à descofragem, existe a retirada do escoramento. Esta poderá preceder a


descofragem (quando o sistema de descofragem não foi concebido para o caso contrário) ou
seguir-se-lhe (permitindo assim uma maior rotatividade dos elementos de cofragem - taipais
laterais das vigas e barrotes e tábuas de solho das lajes - que podem ser retirados com maior
rapidez sem pôs em causa a segurança estrutural dos elementos descofrados). Neste último
caso, é recomendável que a retirada do escoramento ocorra em duas fases: na primeira,
tipicamente 15 dias após a betonagem, é retirada metade dos prumos; na segunda, em geral 21
a 28 dias após a betonagem, são retirados os restantes

Depois da descofragem, deve ter-se presente que [6]:

 as faces dos moldes deverão ser limpas imediatamente após a sua utilização e não só
passado um longo período de tempo;
 os elementos de madeira deverão ser limpos com escovas duras para a remoção de
crostas de betão;
 depois de limpos, os componentes dum sistema de cofragens, se não se destinarem a

60
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

imediata utilização, deverão ser armazenados (Fig. 89, à direita).

Fig. 89 - Utilização de pé-de-cabra na descofragem de um taipal lateral de uma viga (à


esquerda) e aspecto descuidado do armazenamento de cofragens já utilizadas (à direita)

4.4. ARMAZENAMENTO

O armazenamento ordenado (Fig. 96) dos componentes dum sistema de cofragens - prumos,
vigas, painéis, acessórios, etc. - é uma operação essencial para que, na altura da sua
utilização, os trabalhos de montagem decorram com regularidade e sem atrasos.

Os painéis, individualmente identificados, devem ser armazenados em pilhas horizontais no


sistema de face com face (com separadores - Fig. 90), de tal forma que cada pilha só contenha
painéis de um dado tipo e de iguais dimensões.

Os componentes com uma dimensão predominante em relação às outras - prumos, vigas,


escoras, etc. - deverão igualmente ser empilhados, respeitando-se a selecção de tipos, secções
e comprimentos.

Antes do armazenamento, todos os elementos metálicos deverão ser protegidos com óleo anti-
ferrugem, e os elementos de pequenas dimensões, tais como porcas, anilhas, chaves, etc.,
devem ser arrumados separadamente em caixotes.

61
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 90 [4] - Armazenamento de painéis e pormenor dos separadores

Para um armazenamento de longa duração, e no caso deste não ser feito sob coberto, deverão
as pilhas ser protegidas com encerado ou tela plástica que os envolva totalmente. De facto, a
deterioração da madeira ao longo do tempo não tem apenas a ver com o número de reutiliza-
ções (uso excessivo de pregos nas ligações e fixações, contacto com o betão, esforços
suportados na betonagem e na desmoldagem, sucessivas limpezas e transporte), mas também
com a acção da humidade e, sobretudo, com as alternâncias de molhagem / secagem nos
sucessivos períodos de betonagem e repouso, que provocam a deformação da madeira e a sua
fendilhação. É portanto fundamental assegurar a ventilação do local de armazenamento (Fig.
90).

4.5. TRATAMENTO DAS SUPERFÍCIES DOS MOLDES

As faces dos moldes que ficam em contacto com o betão devem ser tratadas com produtos que
facilitem a descofragem, geralmente com o aspecto de um óleo ou duma pasta cremosa. Para
materiais diferentes das superfícies dos moldes (madeira, aço ou plástico), deverão ser usados
produtos descofrantes diferentes, sendo muito importante que se use o que lhes é apropriado.

62
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

O erro mais frequente na aplicação deste tipo de produtos consiste no exagero na quantidade
aplicada, facto que dá origem à formação de manchas nas superfícies moldadas das peças de
betão.

Os produtos descofrantes de diferentes fabricantes nunca deverão ser misturados entre si. Da
mesma forma, nem no caso de uma superfície tratada com um dado produto deverá ser
renovado o tratamento com produto diferente sem que essa superfície seja objecto de uma
limpeza a fundo.

63
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

5. SEGURANÇA E CONTROLO DE QUALIDADE

5.1. PROCEDIMENTOS NA OBRA

5.1.1. Segurança

Na execução de cofragens, há um certo número de medidas de prevenção específicas a


adoptar. No entanto, não convém deixar de enumerar as medidas e equipamento de protecção
individual (EPI) de carácter genérico como (Fig. 91, à esquerda):

 uso de capacete;
 uso de cintos apropriados para a fixação de ferramentas portáteis;
 uso de trajes impermeáveis (prevenção contra a doença e o desconforto);
 uso de calçado adequado (com palmilha e biqueira de aço);
 uso de auriculares (para trabalhos muito barulhentos);
 uso de óculos de protecção.

Como medidas de segurança colectiva mais relacionadas com a cofragem, tem-se:

 limpeza das zonas de trabalho;


 boas condições de trânsito e permanência;
 a circulação de pessoas e o depósito de materiais sobre troços recentemente
desmoldados deve ser evitada;
 conveniente arrumação do material e das ferramentas (não deverá haver pregos es-
palhados - Fig. 91, à direita, as ferramentas deverão ser arrumadas de modo a não po-
derem cair, não deverão existir tábuas com pregos espetados para cima, nem arrumar-
se em pilhas mal estabelecidas que possam desmoronar-se - Fig. 75, à direita);
 as escadas de acesso deverão estar bem apoiadas;
 as plataformas e escadas deverão possuir guardas;
 não devem ser deixadas tábuas ou outras peças de madeira em falso, sobre as quais
alguém se possa apoiar.

64
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 91 - À esquerda, sinalética de segurança em obra e, à direita, pregos usados espalhados


pelo chão

As peças dos moldes e os respectivos escoramentos devem ter a resistência e a estabilidade


necessárias para poderem suportar com segurança os esforços que os solicitam. Estes esforços
podem ser: o peso do betão fresco, os impulsos “hidrostáticos” do betão até este endurecer, o
peso do pessoal que circula na obra, entre outros.

O dimensionamento correcto de uma cofragem (de modo a respeitar a segurança) passa pelo
devido escoramento. Para isso, deverão utilizar-se prumos de eixo rectilíneo com uma
resistência suficiente para evitar o varejamento e, de preferência, constituídos por uma só
peça. Os prumos compridos deverão ser travados a meia altura. Em caso algum se devem
deixar peças em falso sob pena de alguém se apoiar e sofrer um acidente. A disposição do
escoramento é fundamental para limitar o nível de esforços nos elementos que recebem o
escoramento (Fig. 92).

Todas as operações de uma construção, nomeadamente a da execução das cofragens, devem


ser feitas sob a responsabilidade de um técnico qualificado que exerça uma adequada
vigilância (ao nível de materiais, equipamento e procedimentos) que impeça qualquer espécie
de falha de segurança. É necessário ter presente que uma correcta execução dos trabalhos de
acordo com o projecto é também uma medida de segurança, pois garante um melhor
desempenho dos elementos da cofragem.

65
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 92 [4] - Tipos de escoramento que permitem diminuir os esforços nas lajes do nível 2

Embora a cofragem seja uma estrutura provisória, dado que tem apenas de suportar as
solicitações que ocorrem durante a betonagem, importa que, para além de um correcto
dimensionamento, não se descure a perfeição dos trabalhos de montagem, sem perder de vista
a obtenção da maior facilidade do trabalho de colocação do betão nos moldes.

5.1.2. Regras de boa prática

Se bem que cada caso apresente os seus problemas próprios, convirá ter sempre presente as
seguintes regras gerais [6]:

 cada painel deverá ser colocado na posição correcta, tendo em atenção a posição
relativa dos seus caracteres de identificação;
 todas as escoras, travessas, separadores, tirantes, cunhas, etc.; deverão ser aplicados
com os espaçamentos correctos;
 todos os prumos e escoras de entivação deverão ser verticalizados, contraventados e
rigidamente ligados entre si por forma a que trabalhem em conjunto e não como
elementos isolados;

66
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 os elementos verticais da entivação apoiarão sempre em elementos horizontais de


maior dimensão (“bolachas”) com o fim de melhorar a distribuição das respectivas
reacções e garantir a fixação dos pés daqueles elementos;
 os elementos horizontais devem estar bem apoiados;
 os moldes deverão ser estanques, para o que se usarão tiras de plástico esponjoso em
topos, curvas, juntas, etc. para evitar perdas da leitada de cimento;
 todos os elementos de aperto (parafusos, esticadores, grampos, cunhas, etc.) deverão
ser inspeccionados antes do começo dos trabalhos de betonagem;
 nas ligações feitas com pregos, estes não devem estar sujeitos a esforços de arranque
elevados e devem facilitar a descofragem, sem ser necessário danificar a madeira;
 não deve haver alterações ao plano de betonagem para se evitar a introdução de
esforços não previstos no sistema de cofragem e escoramento;
 a altura e velocidade de betonagem devem ser rigorosamente controladas pela mesma
razão;
 em betonagens sucessivas em altura, o canto inferior do molde deverá ser bem
apertado contra o betão já endurecido da betonagem anterior;
 todas as peças do interior dos moldes, assim como os painéis de topo, devem ser
fixados à cofragem principal sem a danificar, procurando evitar-se a furação ou o
corte dos painéis normalizados;
 os elementos de contraventamento e de cofragem só poderão ser retirados após os
prazos regulamentares;
 os moldes devem ser limpos de restos de esticadores, pregos, etc., pois estes, ao
enferrujar, mancham a cofragem e, consequentemente, o betão;
 nas secções pré-fabricadas de cofragem de maiores dimensões, deve assinalar-se o seu
peso, para que, ao serem içadas, se utilizem órgãos de elevação com capacidade de
carga suficiente;
 um estaleiro amplo, plano e desimpedido de obstáculos, facilita a montagem das
grandes secções de cofragem, melhora a segurança dos trabalhos e contribui para a
redução dos custos;
 se se usarem sistemas de cofragem patenteados, devem seguir-se as instruções do
respectivo fabricante.

67
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

5.1.3. Níveis de exigência de qualidade

Do ponto de vista do grau de exigência da perfeição do paramento de betão, podem ser


considerados cinco tipos diferentes, com repercussões nos cuidados a implementar durante a
cofragem e descofragem:

 paramentos não aparentes, em que o aspecto pouca importância tem (em elementos de
fundação, de caves não visitáveis, etc.);
 paramentos pouco aparentes, que não devem apresentar cavidades e irregularidades
importantes, pelo que se exige que os moldes se mantenham alinhados (em colectores,
túneis, paramentos de barragens do lado de montante, etc.);
 paramentos exteriores, em que é exigido que a rigidez dos elementos de moldagem
evite grandes deformações, que as juntas fiquem rectilíneas e sem rebarbas e que as
faces não apresentem bolhas; as manchas resultantes da aplicação de óleo descofrante
deverão ser cuidadosamente evitadas (em elementos de edifícios industriais, pontes,
faces do lado de jusante de barragens, etc.);
 paramentos interiores, que devem ser planos e apresentar aderência para a aplicação
de reboco; se os paramentos após a desmoldagem apresentam uma superfície
uniforme, como com a aplicação de rebocos, dispensa-se outro acabamento a não ser a
pintura (em edifícios de habitação, comerciais ou industriais);
 paramentos excepcionais, em que os moldes devem ser executados com grande
perfeição, utilizando madeira maciça, cuidadosamente ligada, porque não são
admitidas deformações, uma vez que é necessário respeitar com grande precisão as
características geométricas das superfícies (em turbinas, superfícies de refrigeração,
etc.).

5.1.4. Planeamento das actividades

O planeamento das actividades é fundamental na actividade de execução de cofragens, para


permitir maximizar o rendimento do equipamento. Dá-se de seguida um exemplo de

68
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

planeamento numa obra em que se utilizam cofragens tradicionais (os prazos indicados são
indicativos e valores médios):

 durante os primeiros dias executam-se os taipais em estaleiro enquanto ocorre em


simultâneo a escavação dos caboucos; os restantes dias serão para o processo de
montagem, desmontagem e reparação dos moldes;
 os primeiros elementos estruturais a ser executados são os das fundações,
nomeadamente as sapatas e as vigas de fundação (Fig. 93, à esquerda), passando-se de
seguida aos restantes elementos;
 colocam-se os taipais dos pilares do 1º piso (Fig. 93, à direita);
 betonam-se os pilares cerca de um dia após a colocação dos taipais e a descofragem
decorre durante aproximadamente o mesmo tempo para não haver moldes inactivos
depois de desmontados;
 coloca-se o painel de fundo das vigas após execução da estrutura de suporte; esta
operação começa dois dias após o início da execução dos pilares;
 colocam-se os taipais laterais das vigas (Fig. 94, à esquerda) cerca de um dia depois;
 colocam-se os estrados das lajes e escadas (Fig. 94, à direita) cerca de um dia depois;
 colocam-se as armaduras das vigas, lajes, escadas e do arranque dos pilares do piso
seguinte (Fig. 95, à esquerda) cerca de um dia depois;
 procede-se à betonagem das vigas, lajes e escadas cerca de sete dias após a betonagem
dos pilares;

Fig. 93 - À esquerda, sapata e viga de fundação já betonados e, à direita, cofragem dos pilares
do piso térreo

69
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 94 - À esquerda, colocação dos taipais laterais das vigas do 1º piso e, à direita, colocação
dos estrados das lajes

Fig. 95 - À esquerda, vigas e lajes já armadas e, à direita, cofragem do 2º piso

 terminada esta operação no 1º piso, reinicia-se o ciclo no 2º piso (Fig. 95, à direita);
 torna-se nesta segunda fase necessário iniciar a operação de desmoldagem e
recuperação dos moldes e escoramentos usados, a fim de serem reutilizados nos
andares superiores, de acordo com a duração de cada actividade e a sequência das
diversas actividades; é comum existirem em obra dois conjuntos completos de moldes,
de forma a minimizar o tempo de espera aquando do endurecimento do betão.

5.2. A NORMA PROVISÓRIA EUROPEIA prENV 13670-1 - “EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE


BETÃO - PARTE 1: REGRAS GERAIS”

Os Comités Técnicos da Comissão Europeia de Normalização CEN / TC 250 e CEN / TC 104

70
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

têm vindo a elaborar três documentos (normas harmonizadas) que virão a ser aplicados dentro
em breve (cerca de dois anos) no projecto e construção das estruturas de betão, em Portugal e
no resto da União Europeia:

 a EN 19992  “Eurocódigo 2: Projecto de Estruturas de Betão”;


 a EN 206-1  “Betão - Parte 1: Especificação, Desempenho, Produção e
Conformidade”;
 a prENV 13670-1  “Execução de Estruturas de Betão - Parte 1: Regras Gerais” 7.

Este último documento foi objecto de um seminário 8, organizado pelo Grupo Português de
Betão Estrutural no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Pelo interesse de que se
reveste no que se refere às cofragens, é mais à frente objecto de uma análise comentada das
suas cláusulas principais. Refira-se ainda que, para além deste, dois outros documentos
normativos deverão ser elaborados para se poder concluir um acordo sobre um contrato de
execução de uma construção:

 Condições Contratuais (que compreendem as facetas legal e comercial);


 Especificações de Projecto (que definem os requisitos técnicos específicos do
projecto, como por exemplo o caderno de encargos).

A conformidade dos produtos com estas normas harmonizadas implica a satisfação pelas
obras das seguintes exigências essenciais 8:

 resistência mecânica e estabilidade;


 segurança em caso de incêndio;
 higiene, saúde e ambiente;
 segurança na utilização;
 protecção contra o ruído;
 economia de energia e isolamento térmico.

A norma é aplicável somente se as seguintes hipóteses de base, entre outras, forem

71
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

efectivamente verdade:

 existe uma gestão de estaleiro (Fig. 96) que organize os trabalhos no local da
construção e garanta a utilização correcta e segura de todos os equipamentos, a
qualidade satisfatória dos materiais, a execução da estrutura conforme o projecto e a
sua utilização segura até ao acto da entrega;
 o trabalho em obra é levado a cabo com o conhecimento necessário (regras geralmente
aceites sobre como fazer bem) e o equipamento e meios adequados para cumprir as
especificações de projecto (o qual, por sua vez, deve estar de acordo com as outras
normas acima referidas);
 o empreiteiro cumpre as normas e provimentos nacionais relativos ao estaleiro da obra
no que se refere à qualificação da mão-de-obra e aos aspectos relacionados com a
saúde e a segurança.

O âmbito da norma é definido como a execução de estruturas de betão, tanto provisórias como
definitivas, tanto pré-fabricadas como betonadas in-situ, mas não se aplica a trabalhos
auxiliares de menor importância, nem à especificação, produção e conformidade do betão
fresco (ENV 206-1), assim como a estruturas especiais geotécnicas, a aspectos relacionados
com a saúde, a segurança, o controlo de qualidade ou a qualificação da mão-de-obra ou ainda
a aspectos administrativos e legais.

Fig. 96 - Dois exemplos de estaleiros / armazém de cofragens

72
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

5.2.1. Aspectos relativos às cofragens

No que se refere aos aspectos gerais relativos às cofragens e cimbres, a norma dá indicações
sobre os seguintes aspectos relacionados com cofragens tradicionais:

 requisitos básicos;
 materiais;
 cimbres;
 cofragens;
 acabamento da superfície;
 componentes secundários (esticadores, etc.);
 remoção das cofragens e cimbres.

Estas indicações de carácter geral não apresentam grandes novidades em relação à boa prática
corrente, servindo no entanto para definir claramente aquilo que se considera ser uma correcta
execução (por exemplo, é referido que a cofragem e as juntas entre placas e painéis devem ser
suficientemente estanques para impedir a perda dos finos).

5.2.1.1. Requisitos básicos

Os cimbres e cofragens, assim como o seu suporte e fundações, deverão ser concebidos e
construídos de forma a serem capazes de resistir a qualquer acção a que sejam submetidos
durante o processo construtivo, assim como a serem suficientemente rígidos para garantir que
as tolerâncias especificadas para a estrutura são satisfeitas e que a integridade do elemento
estrutural não é afectada.

A remoção de cimbres e cofragens deverá ser tal que cumpra os requisitos da especificação de
projecto no que se refere a deformações e, se prescrito, à cura.

A forma, função, aspecto e durabilidade dos elementos definitivos não deverão poder ser
postos em causa devido aos cimbres ou cofragens ou à sua remoção.

73
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

5.2.1.2. Materiais

Qualquer material de cofragem ou cimbre que leve ao cumprimento dos critérios especifica-
dos para a estrutura poderá ser utilizado. Se existirem normas relevantes dos produtos utiliza-
dos, elas deverão ser cumpridas. As características de cada material específico (por exemplo,
a retracção da madeira ou a condutividade térmica do aço) deverão ser tidas em conta.

Os agentes descofrantes deverão ser aplicados de tal forma que não sejam prejudiciais ao
betão, ao aço ou à cofragem. Não deverão também ter um efeito negativo na qualidade da
superfície de betão, na sua cor ou nos revestimentos especificados. Finalmente, deverão ser
aplicados de acordo com as especificações do fabricante ou cláusulas válidas no estaleiro.

5.2.1.3. Cimbres

Sempre que requerido, deverá ser preparado um plano de construção que descreva o método de
construção e desmantelamento das estruturas temporárias e especifique os requisitos para o
manuseamento, ajuste, imposição deliberada de contraflechas, carregamento e desmontagem.

A deformação do cimbre durante e após a betonagem deverá ser controlada para evitar
fendilhação indesejável no betão jovem. Tal poderá ser conseguido por limitação da flecha
e/ou do assentamento ou por controlo da sequência de betonagem ou da especificação do
betão (por exemplo, utilizando retardadores de presa).

5.2.1.4. Cofragens

A cofragem deverá manter o betão com a sua forma pretendida até ao seu endurecimento. A
cofragem e as juntas entre placas e painéis deverão ser suficientemente estanques para
impedir a perda dos finos.

Cofragens que absorvam humidade ou proporcionem a evaporação da água de amassadura


deverão ser correctamente saturadas de forma a minimizar a perda de água do betão fresco, a
não ser que sejam concebidas especificamente para esse efeito.

74
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

A superfície interior da cofragem deverá estar limpa. Se a cofragem for utilizada para
produzir superfícies de betão à vista, o tratamento da superfície da cofragem deverá ser tal
que viabilize a obtenção do acabamento prescrito.

5.2.1.5. Acabamento da superfície

Se forem requeridos acabamentos especiais, estes deverão ser referidos nas especificações de
projecto. Poderão ser manufacturados painéis de ensaio de um tamanho adequado que sirvam
de base para a aprovação da qualidade da superfície ou do procedimento construtivo. Refira-
se ainda que, para além da cofragem, o acabamento da superfície depende do betão
(agregados, cimento, adições e adjuvantes), da execução e da protecção durante os trabalhos
posteriores.

5.2.1.6. Componentes secundários

Os elementos temporários colocados no interior da cofragem para a rigidificar, os varões,


ductos e elementos similares inseridos no interior do elemento, assim como os componentes
embebidos (por exemplo, placas e parafusos de porca de ancoragem), deverão ser fixados de
forma robusta para garantir que se manterão na sua posição pretendida durante a colocação e
endurecimento do betão. Não deverão também introduzir esforços indesejáveis na estrutura,
reagir de forma prejudicial com o betão, a armadura ordinária ou a de pré-esforço, produzir
defeitos superficiais inaceitáveis, impedir a performance ou a durabilidade do elemento
estrutural ou impedir a colocação e compactação adequadas do betão fresco.

Qualquer elemento embebido deverá ter resistência e rigidez suficientes para manter a sua
forma durante a operação de betonagem, assim como estar isento de quaisquer substâncias
contaminantes que o possam afectar, ao betão ou à armadura.

Concavidades e aberturas utilizadas para trabalhos provisórios deverão ser preenchidas e


acabadas com um material de qualidade semelhante à do betão adjacente, a não ser que a
função do elemento seja tal que elas se possam manter abertas ou que outro método seja

75
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

aceite e especificado.

5.2.1.7. Remoção das cofragens e cimbres

Os cimbres e cofragens não deverão ser removidos antes de o betão ter ganho resistência
suficiente para resistir a estragos das superfícies expostas que decorram da desmoldagem,
para aguentar o nível de carregamento a que o elemento de betão irá estar sujeito nessa fase
do processo e para evitar deformações para além das tolerâncias especificadas devidas ao
comportamento elástico e inelástico do betão.

A desmoldagem deverá ser feita de forma a não submeter a estrutura a impactos,


carregamentos excessivos ou danos.

Poder-se-á recorrer a escoramento, antes ou depois da betonagem, para reduzir os efeitos do


carregamento inicial ou posterior e/ou para evitar deformações excessivas.

Se a cofragem fizer parte do sistema de cura, a determinação da altura da sua remoção deverá
ter em conta os requisitos dessa mesma cura.

5.2.2. Inspecção

São definidas três classes de inspecção (1, 2 e 3), por ordem crescente de exigência ao nível
dos aspectos a verificar ao longo da construção e das propriedades a impor aos produtos e
materiais. Esta classe deve ser definida nas especificações de projecto. Referem-se, de
seguida e somente, as imposições relativas aos elementos e materiais de cofragem.

Assim, no que se refere aos requisitos impostos à inspecção dos materiais e produtos de
cofragem, tem-se que eles não existem para a classe 1 e, para as classes 2 e 3, devem ser
especificados no caderno de encargos. Em termos do âmbito da inspecção, para a classe 1 é
feito um controlo de elementos seleccionados aleatoriamente, enquanto que na classe 2 esse
controlo, feito antes da betonagem, incide sobre os elementos principais do escoramento e da
cofragem, de acordo com os procedimentos a seguir descritos. Finalmente, para a classe 3, o

76
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

controlo é feito a todos os elementos do escoramento e da cofragem, também antes da


betonagem.

A inspecção antes da betonagem incide sobre os seguintes aspectos:

 geometria da cofragem;
 estabilidade da cofragem e cimbre e das suas fundações;
 estanqueidade da cofragem e das suas componentes;
 remoção dos detritos (tais como poeira, neve e/ou gelo assim como restos de arame de
atar) da secção a betonar;
 tratamento das faces das juntas de construção;
 molhagem da cofragem e/ou das superfícies que funcionam como tal;
 preparação da superfície da cofragem;
 aberturas e caleiras de betonagem.

Quanto aos aspectos a inspeccionar após a betonagem, eles incluem a verificação da adequada
resistência do betão antes da remoção do cimbre e/ou cofragem e de que os elementos
temporários no interior da cofragem foram efectivamente removidos.

5.2.3. Anexo B (Instruções relativas às cofragens e cimbres)

Neste anexo (de carácter informativo), são fornecidos alguns esclarecimentos adicionais
acerca dos aspectos listados em 5.2.1..

5.2.3.1. Requisitos básicos

As acções principais a ter em conta na concepção das cofragens e cimbres deverão incluir
combinações do peso próprio da cofragem, das armaduras e do betão, do impulso do betão
fresco (incluindo a possibilidade de pressões de baixo para cima), das sobrecargas de
construção (pessoal, equipamento, etc.), incluindo os efeitos estáticos e dinâmicos da
betonagem, do vento e da neve.

77
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

A previsão de contraventamento adequado é importante assim como das respectivas formas


de solidarização.

5.2.3.2. Cimbres

As cunhas para o ajustamento correcto dos suportes dos cimbres deverão ser fixas
adequadamente de forma a evitar o seu escorregamento durante a betonagem. Quando o
escoramento for efectuado contra o solo, a influência dos assentamentos diferenciais deverá
ser tida em conta.

5.2.3.3. Cofragens

Uma janela (abertura), susceptível de ser fechada durante a betonagem, na base da cofragem
poderá ser útil para a limpeza da mesma.

5.2.3.4. Componentes secundários

Quando forem utilizados elementos de alumínio ou de aço galvanizado no interior das


cofragens, deverão ser tomadas medidas especiais para evitar reacções químicas entre o metal
e o betão. Por outro lado, materiais metálicos de potencial eléctrico diferente não deverão ser
ligados estabelecendo um circuito eléctrico.

78
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

6. ANOMALIAS E ERROS DE EXECUÇÃO

A forma e o aspecto final das peças de betão dependem em grande parte do molde onde são
executadas (e da descofragem). Os cuidados na execução e utilização desse molde em relação
a dimensões, desempeno da superfície, indeformabilidade, estanqueidade, natureza e
acabamento do material em contacto com o betão e (eventual) agente descofrante, resultam na
necessidade ou não de se realizarem a posteriori trabalhos finais de rectificação e
acabamento. Daí a importância de que se revestem as anomalias e erros de execução
associados à cofragem.

Neste capítulo, pretende-se descrever as anomalias que as superfícies descofradas de betão


podem apresentar e que resultam (ou podem resultar) directamente de erros de execução asso-
ciados à cofragem, quer em termos do material adoptado, como da sua qualidade /
degradação, das juntas entre elementos de cofragem, do agente descofrante (não) utilizado, da
altura ou forma como a descofragem é efectuada, etc.. Nesta descrição, seguiu-se a proposta
de classificação apresentada em [9] com alguns pequenos acertos. Sempre que possível,
procurou-se ilustrar as anomalias descritas. Não foram analisadas as formas de evitar as
anomalias nem as consequências que elas poderão ter na estrutura acabada. Também não
foram descritas as anomalias superficiais do betão exclusivamente devidas a outras causas
que não as cofragens, tais como a colocação do betão nos moldes, a sua compactação /
vibração ou cura, a posologia inadequada do betão, a excessiva densidade das armaduras, ou
outras. Fora da listagem ficaram todas as consequências (que podem ser muito gravosas, tanto
em termos materiais como humanos: colapsos, grandes deformações permanentes, desaprumo
das peças, etc.) da cedência ou rotura de elementos de cofragem ou escoramento e respectivos
acessórios, nomeadamente durante a betonagem.

Se bem que a esmagadora maioria das anomalias apresentadas seguidamente ocorra mais
frequentemente nas cofragens tradicionais do que nos sistemas racionalizados, poderão existir
alusões a causas específicas destes últimos, nomeadamente no que se refere à pré-fabricação.

6.1. BOLHAS DE PELE

79
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Esta anomalia, também designada por alguns autores por “bexigas”, consiste num número
excessivo de buracos à superfície do elemento, de forma aproximadamente circular e
diâmetro variável, na maioria dos casos da ordem dos 5 mm mas com alguns maiores (Fig.
97), podendo ocorrer em qualquer localização da peça mas com maior incidência nas camadas
superiores.

Fig. 97 - Bolhas de pele na superfície do betão: situação moderada (à esquerda) e severa (à


direita)

É causada pela oclusão de bolhas de ar que não foram removidas do betão durante a
compactação do mesmo. Ainda que as principais causas desta anomalia sejam a compactação
(por ser insuficiente / inadequada ou por introduzir vibração na cofragem) e a posologia (por
ser pouco rica ou com baixa trabalhabilidade), a cofragem pode também contribuir para o
fenómeno, nomeadamente quanto mais impermeável (a água com que se satura a superfície da
cofragem contribui para a sua impermeabilidade), mais inclinada para o interior ou mais
flexível for. O agente descofrante, se for puro ou se não for tratado com um emulsionante
adequado, também potencia o fenómeno.

Refira-se ainda que é, na prática, impossível eliminar na sua totalidade as bolhas de ar que
provocam esta anomalia, do que normalmente não advém qualquer problema assinalável.

6.2. MANCHAS DEVIDAS A PERDAS DE HUMIDADE ATRAVÉS DA COFRAGEM

80
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Esta anomalia consiste na ocorrência de manchas mais escuras do que a tonalidade geral da
superfície do elemento (Fig. 98). Ocorre geralmente nas juntas entre tábuas, painéis ou placas
e está associada a uma maior concentração de elementos finos (sobretudo de cimento) e a uma
diminuição do teor em água.

Fig. 98 - Manchas devidas a perdas de humidade através da cofragem

A principal causa é a capacidade variável de absorção da cofragem (devida quer à utilização


de elementos de diferentes origens, quer à ausência ou falta de homogeneidade da operação
de saturação das superfícies interiores da cofragem com água antes da betonagem, quer ainda
à falta de estanqueidade das juntas da cofragem), ainda que também possam ser referidos: a
utilização de um agente descofrante inadequado ou mal aplicado e o recurso a um tempo de
descofragem inadequado.

Uma vez que as manchas escuras correspondem às zonas mais absorventes da cofragem,
daqui resulta também que os anéis de primavera (assim como o borne) das cofragens em
madeira serão marcados a escuro (Fig. 99), passando-se o inverso com os anéis de outono
(assim como o cerne e os nós). Tira-se por vezes partido desta diferença em betão à vista,
deixando de se tratar de uma anomalia.

6.3. CHOCHOS E ESBABAÇADO

81
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Os chochos consistem na existência de vazios na superfície de betão (Fig. 100), evidenciando


uma maior concentração de constituintes arenosos (arraste do cimento) e, nos casos mais
graves, colocando a brita à vista (arraste de todos os finos). Distinguem-se das bolhas de pele
por terem uma forma irregular e serem maiores (as bolhas de ar que originam as bolhas de
pele são fortemente distorcidas no processo de compactação, tornando-se portanto menores),
podendo, numa fase inicial, ficar escondidos por uma película de argamassa que se desfaz
com a descofragem ou por exposição aos agentes ambientais. Ocorrem especialmente nas
juntas entre tábuas, painéis ou placas e nas arestas dos cantos da secção transversal.

Fig. 99 - Marcação nítida dos veios da madeira, dos seus nós e do cerne e borne

Fig. 100 - Chochos na superfície do betão: à esquerda, num muro de suporte e, à direita, na
nervura de uma laje fungiforme

Uma das causas é a falta de estanqueidade das juntas da cofragem, podendo-se apontar outras:
uma posologia inadequada (por pouco rica ou com baixa trabalhabilidade), uma colocação
deficiente (segregação provocada por queda da mistura de altura excessiva ou por

82
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

compactação inadequada) e uma pormenorização incorrecta (demasiada armadura com espaço


insuficiente dos varões entre si e entre estes e a cofragem).

Uma outra anomalia, geralmente associada à existência dos chochos, é o esbabaçado (Fig.
101). Consiste no escorrimento e posterior endurecimento de finos da zona inferior de uma
segunda betonagem sobre a parte superior da betonagem anterior. Na primeira zona formam-
se chochos e na segunda esbabaçado. O fenómeno deve-se essencialmente à deficiência de
rigidez da cofragem da segunda betonagem para resistir às pressões do betão fresco, acabando
por se mover e permitir a passagem dos finos e de alguma água de amassadura.

Fig. 101 - Esbabaçado sobre uma superfície anteriormente betonada

6.4. DESCASQUE

Esta anomalia consiste na perda por aderência ao molde de zonas junto às arestas das secções
transversais dos elementos durante a descofragem (Fig. 102). Por se encontrarem melhor
solidarizadas com o restante volume da peça, as britas juntas a essas mesmas arestas ficam
aparentes, ao contrário da argamassa cuja resistência à tracção (ou a aderência às britas) é,
nessa altura, inferior à aderência argamassa - cofragem e à própria resistência do molde.

A principal causa do descasque é, como já referido, a deficiente rigidez da cofragem que cede
durante a vibração, podendo também a sua extrema irregularidade potenciar este fenómeno.
Curiosamente, neste caso é favorável um aumento da capacidade de absorção de água da

83
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

amassadura pela cofragem, por contribuir para uma redução da fluidez da amassadura. Outras
causas possíveis relacionadas com a cofragem são a ineficácia do agente descofrante (que não
reduz suficientemente a aderência argamassa - cofragem) e o tempo excessivamente curto de
descofragem. Ainda pode ser apontada a baixa resistência da amassadura resultante de uma
posologia inadequada.

Fig. 102 - Descasque dos cantos e faces de um pilar (à esquerda [9]) e de uma viga (à direita)

O descasque confunde-se com os chochos, por evidenciar também as britas, mas está-lhe
associado um mecanismo diferente: um excesso de aderência entre o betão e a cofragem, ao
invés de um arrastamento dos finos.

6.5. CROSTAS

Esta anomalia consiste na existência, após a descofragem, de pedaços de cofragem aderentes


ao betão ou de protuberâncias na superfície associadas a estragos na cofragem (Fig. 103). No
primeiro caso, a aderência betão - cofragem é superior a resistência desta última. Ao longo do
tempo, esta anomalia, de características fundamentalmente estéticas, torna-se praticamente
imperceptível.

As causas principais desta anomalia são, no segundo caso, o facto de a cofragem ser de fraca
qualidade (em termos de resistência) ou estar já muito estragada (o que será tanto mais
provável quanto maior for o número de reutilizações, mas também se poderá dever ao

84
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

contacto do vibrador com a cofragem ou à raspagem pelo betão durante a colocação e


compactação), sendo ainda o fenómeno mais frequente para posologias ricas em cimento
(maior resistência do betão). No primeiro caso, às causas anteriores juntam-se a ineficácia (ou
ausência) do agente descofrante, um tempo de descofragem excessivamente grande e ainda a
falta de cuidado na descofragem (por exemplo, forçando o destacamento da cofragem com
utensílios metálicos).

Fig. 103 - Crostas na superfície do betão

6.6. EFLORESCÊNCIAS

Esta anomalia consiste no aparecimento, ao fim de alguma exposição do betão, de manchas


esbranquiçadas (Fig. 104). Deve-se à reacção dos álcalis do betão com o anidrido de carbono
atmosférico, dando origem a carbonatos brancos insolúveis. Embora não tenha uma
localização privilegiada, nos locais por onde escorre água ocorre com mais facilidade. Esta
deficiência é muitas vezes disfarçada pelas variações de cor que se referem seguidamente.

85
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 104 - Ocorrência severa de eflorescências na superfície do betão

Esta reacção ocorre naturalmente em face da composição do betão e da existência de CO 2 na


atmosfera. Apesar disso, existem condições em que a sua ocorrência é facilitada, para o que
pode contribuir o tipo de agente descofrante (emulsões são piores para este efeito do que
óleos puros), a impermeabilidade das superfícies inferiores da cofragem (quando essas
superfícies são mais permeáveis e não são saturadas com água, absorvem água e “puxam” os
finos e o cimento para a superfície, tornando-a mais impermeável) e a prescrição no projecto
de superfícies nas quais a água escorra frequentemente.

6.7. VARIAÇÕES DE COR

Existem várias variantes deste tipo de anomalia, que pode também ser designada por fantasma
de agregados e está associada aos movimentos diferenciais dos diferentes constituintes do
betão:

 agregados aparentes - áreas individuais escuras em meio mais claro, semelhantes em


forma e tamanho às britas da amassadura (associada a segregação severa na direcção
perpendicular à superfície do molde); dá origem a uma textura arenosa (Fig. 105, à
esquerda);
 salpicado - semelhante ao anterior, mas em que as manchas são muito menores e não
imitam a forma das britas (associada a segregação leve na direcção perpendicular à
superfície do molde);

86
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 negrões - variação aleatória do tom numa zona de apreciável extensão (associada a


uma segregação severa paralela ao molde);
 salpicado miúdo - variação aleatória de tom com manchas muito pequenas (associada
a uma segregação leve paralela ao molde).

As zonas mais escuras estão associadas a uma maior concentração de cimento, a uma perda
localizada de água de amassadura ou a uma parte mais absorvente da cofragem. As causas
directas destas ocorrências são a heterogeneidade da capacidade de absorção da cofragem, a
vibração excessiva da amassadura e uma posologia desta pobre em cimento (Fig. 105, à
direita), sendo que quanto menor for a temperatura ambiente durante a betonagem maior será
a probabilidade de ocorrência da anomalia.

Fig. 105 - À esquerda, textura arenosa da superfície à vista e, à direita, anomalia provocada
pela falta de finos na amassadura

6.8. RACHADURAS

Esta anomalia consiste na ocorrência de linhas de descontinuidade nas superfícies exteriores


do betão, com particular incidência nas esquinas, onde fazem ângulos próximos de 45º com a
horizontal. Podem também ocorrer noutras zonas com uma direcção próxima da horizontal
(Fig. 106) e devem-se à acumulação de água da amassadura entre massas de betão fresco que
não se aglutinaram.

87
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 106 - Rachaduras horizontais junto à base de uma viga longitudinal de uma ponte

Embora a causa principal deste fenómeno esteja associada à posologia do betão (baixo teor
em finos ou relação água - cimento excessiva), uma forma irregular da cofragem ou um baixo
isolamento térmico da mesma contribuem também para o mesmo, na medida em que
dificultam o assentamento das camadas de betão fresco.

6.9. FISSURAÇÃO

Esta anomalia, designada por vezes por “map cracking” (Fig. 107), o que a descreve bastante
bem, deve-se a tensões instaladas na superfície que forçam os elementos perto das superfícies
a contraírem-se em relação à massa de betão. Estas tensões podem estar associadas a
diferenciais térmicos, a movimentos de humidade ou à carbonatação da superfície.

Fig. 107 - Exemplos de fissuração da superfície do betão

Embora a causa mais frequente desta anomalia seja a posologia do betão (excesso de cimento
ou relação água - cimento demasiado alta, provocando uma grande fluidez da amassadura),

88
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

uma cofragem com baixa absorção de água e sobretudo um tempo de descofragem


insuficiente (especialmente com tempo muito frio ou grandes amplitudes térmicas e
higrométricas) podem também contribuir para o fenómeno.

6.10. CONTAMINAÇÃO

A existência de manchas no betão devidas a agentes estranhos aos constituintes do mesmo


podem dever-se à falta de limpeza das superfícies com corrosão de cofragens metálicas (Fig.
108, à esquerda), ao agente descofrante utilizado, a componentes de limpeza após a
descofragem inadequados, à existência de pirites, argilas ou outras impurezas nos agregados,
à corrosão de esticadores deixados no interior das peças cofradas e ainda à utilização de
armadura já fortemente corroída (Fig. 108, à direita) e/ou com recobrimento insuficiente.

Fig. 108 - À esquerda, manchas devidas a limpeza deficiente da cofragem e, à direita,


escorrência de ferrugem sobre o betão

6.11. IRREGULARIDADES DE PERFIL

Os desvios de alinhamento das peças de betão em relação ao inicialmente previsto (Fig. 109),
geralmente inócuos se a peça for revestida mas eventualmente inaceitáveis em betão à vista
ou pintado, devem-se sobretudo a deficiências de execução e à utilização de cofragem
excessivamente flexível (em face das cargas a que irá estar sujeita) ou com juntas pouco
apertadas, podendo ser bastante agravados se a velocidade de colocação do betão for

89
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

excessiva ou se a mesma for feita sem cuidado.

Fig. 109 - Desvio dimensional de um pilar (à esquerda) devido a uma execução deficiente e
de uma laje (à direita) devido à inadequação da cofragem

90
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

7. A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS TRADICIONAIS DE COFRAGEM

Hoje em dia, os sistemas tradicionais de cofragem (só em madeira) já só são utilizados por
pequenos e médios empreiteiros e, mesmo assim, geralmente complementados com prumos e
outros acessórios metálicos. Esta evolução natural das cofragens tradicionais no sentido de
aumentar a produtividade dá origem às chamadas cofragens tradicionais melhoradas ou semi-
racionalizadas, que apenas se distinguem das primeiras por alguns elementos serem
preparados ou melhorados antes da execução propriamente dita da cofragem: painéis, taipais,
cantoneiras metálicas nos cantos dos painéis, prumos metálicos ou outros. Por sua vez, estas
cofragens tendem a ser substituídas pelos sistemas racionalizados, recorrendo a métodos de
montagem e a materiais que permitem aumentar drasticamente o rendimento do trabalho e o
número de reutilizações das cofragens. Estes sistemas serão objecto de um documento em
separado.

No entanto, interessa desde já entender que a “racionalização” não é sim a panaceia de todos
os problemas. Para de facto se conseguir atingir uma elevada rentabilidade na execução de
cofragens, é necessário cumprir determinadas regras consideradas fundamentais:

 analisar cuidadosamente os elementos a cofrar;


 escolher criteriosamente o equipamento a utilizar;
 fazer uma preparação explícita para todos os intervenientes no processo;
 organizar bem todas as fases do trabalho.

Antes de se descrever as cofragens tradicionais melhoradas, faz-se uma breve alusão às


cofragens metálicas que, pelo tempo em que já têm vindo a ser utilizadas na construção,
sobretudo no sector da pré-fabricação, já têm também um carácter de tradicionais, sendo
inclusivamente utilizadas com frequência em simultâneo com as de madeira (Fig. 110).

7.1. COFRAGENS METÁLICAS

As cofragens metálicas regem-se por uma política de economia e flexibilidade. Quando se


pensa em economia, não se está a referir apenas o investimento inicial, mas sim os custos a

91
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

médio / longo prazo. Cada vez mais, verifica-se uma progressiva racionalização e modulação
dos projectos, em que a arquitectura e a estrutura dos edifícios são projectadas tendo em vista
o equipamento que vai ser utilizado.

Fig. 110 - Recurso simultâneo a cofragens metálicas e de madeira numa viga (à esquerda) e
numa laje (à direita)

As primeiras cofragens metálicas eram em aço, um material relativamente barato mas muito
pesado e sujeito a corrosão mesmo com manutenção. Hoje em dia, as ligas de alumínio de alta
resistência, tanto em termos mecânicos como de corrosão, e baixa densidade (em relação ao
aço) são também utilizadas mas, em face do seu elevadíssimo custo e quase impossibilidade
de reparação, apenas como a parte estrutural da cofragem, cuja superfície é constituída por
outros materiais.

A sequência de utilização das cofragens metálicas é tipicamente a seguinte: montagem da


estrutura de suporte (quando existe) de forma semelhante à descrita para as cofragens
tradicionais; aplicação do óleo descofrante; montagem dos painéis compostos; colocação e
nivelamento dos painéis; estabelecimento das ligações entre painéis e respectivo reforço, se
necessário; escoramento doa painéis verticais. Na descofragem, a sequência é a seguinte:
retirada dos elementos de estabilização e escoramento; retirada dos painéis e seu
desmembramento; limpeza e armazenamento.

Como vantagens relativas das cofragens metálicas em relação às de madeira, tem-se:

 muito maior capacidade de reutilização (800 a 1000 utilizações);

92
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 menos mão-de-obra, sobretudo para formas não planas (Fig. 111, à esquerda);
 grande durabilidade ao desgaste mecânico (nomeadamente ao contacto com o
vibrador) e resistência;
 a inexistência de desperdícios por serragem para adaptação das peças;
 o prescindir da pregagem e despregagem (que danifica sobremaneira a madeira);
 não há influência da humidade na volumetria dos moldes (a madeira retrai e incha);
 maior rapidez de execução (cofragem e descofragem);
 “melhor” qualidade do elemento cofrado: superfície mais lisa (Fig. 111, à direita);
 boa capacidade de armazenamento num espaço limitado.

Fig. 111 - Cofragem de pilar cilíndrico (à esquerda) e aspecto da superfície deste após a
descofragem (à direita)

No entanto, convém também referir quais as suas desvantagens relativas:

 custo de aquisição bastante elevado;


 exigência de meios de elevação (por exemplo, gruas) mais potentes e caros;
 flexibilidade reduzida (condicionamento à forma e dimensões da cofragem);
 maior propensão à retenção de bolhas de ar na superfície das peças de betão;
 fraco isolamento térmico (problemas em condições extremas de temperatura);
 superfície acabada por vezes demasiado lisa (perda de aderência do revestimento);
 mão-de-obra mais especializada (ainda que a cofragem de superfícies irregulares em
madeira, para ser bem executada, exija carpinteiros de grande qualidade e experiência);

93
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

 elevado número de acessórios;


 custos de manutenção, associada ao problema da corrosão, e reparação elevados.

7.2. COFRAGENS TRADICIONAIS MELHORADAS

7.2.1. Prumos metálicos

De entre os elementos de cofragem característicos deste tipo de cofragens, destacam-se os


prumos metálicos tubulares de escoramento, aos quais está associado um conjunto de
acessórios (Fig. 112), dos quais se destacam:

Fig. 112 [4] - Acessórios associados aos escoramentos metálicos tubulares

 as bases ajustáveis (8), elementos de apoio da estrutura metálica que permitem um


ajuste inferior da mesma e são fundamentais quando as zonas para assentamento da

94
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

estrutura não estão regularizadas;


 as rodas com rasto de borracha (4), uma alternativa à base ajustável, sendo
aplicadas inferiormente nos prumos e permitindo executar torres móveis;
 os parafusos esticadores (2), aplicados para amarrações aos elementos estruturais de
edifícios;
 os parafusos esticadores com “U” (1), aplicados nos topos da estrutura e permitem o
assentamento das vigas de cofragem; são reguláveis o que permite ajustamentos;
existe ainda o parafuso esticador especial que pode ser aplicado a vigas que se cruzam.

Para além da sua maior durabilidade (entre 5 e 8 anos) e resistência em relação aos prumos de
madeira, apresentam também uma muito maior facilidade de adaptação à altura dos pisos e
maior facilidade de transporte já montados.

7.2.2. Viga metálica extensível

Um outro elemento de cofragem já com larga tradição de utilização conjuntamente com a


cofragem tradicional é a viga metálica extensível (Fig. 113), que funciona como apoio dos
painéis e/ou barrotes. Devido à sua versatilidade, viabiliza as situações mais diversas de apoio
(Fig. 114, à esquerda), nomeadamente em associação com os prumos metálicos (Fig. 115).

Podem ainda ser referidos outros elementos metálicos que podem ser usados nas cofragens
[13]: barrotes e vigas (Fig. 114, à direita), vigas flexíveis (para cofragens curvas), colunas
(estruturas reticuladas verticais contraventadas para cargas particularmente elevadas), asnas
(para vãos ou cargas muito elevadas) e cintas (para pilares e vigas).

7.2.3. Novos materiais

Conjuntamente com a utilização de elementos metálicos (nos quais se pode ainda incluir as
castanhas - Fig. 116, à direita - e os esticadores mencionados anteriormente e ainda os
macacos tensores - Fig. 116, à direita, que servem para colocar em carga os esticadores), os
sistemas semi-racionalizados caracterizam-se pelo recurso a novos materiais, nos quais o
contraplacado marítimo (entre outros derivados da madeira) se distingue pela sua frequente

95
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

aplicação, não só em superfícies curvas (Fig. 117, à esquerda) como em planas (Fig. 117, à
direita). No entanto, nos painéis pré-preparados com dimensões mais ou menos normalizadas
(outro dos elementos característicos destes sistemas de cofragem, dos quais o sistema
“Donau” - Fig. 118, à esquerda - foi percursor em Portugal nos anos 60) recorre-se a diversos
outros materiais (Figs. 118 e 119, ao centro e à direita).

Fig. 113 [4] - Viga metálica extensível

Fig. 114 - Diversas situações de apoio da viga metálica extensível (à esquerda [4]) e prumos,
vigas e barrotes metálicos usados com tábuas de solho (à direita)

96
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 115 [4] - Exemplos de aplicação de prumos metálicos de altura regulável e vigas
extensíveis

Fig. 116 - Dois tipos de macacos tensores (à esquerda) e de castanhas (à direita)

Os contraplacados (revestidos a borracha, fenólico, ureia-formol, poliester ou lamilado [4],


camada esta sujeita a ser danificada por impacto durante o transporte e descofragem, pelo que
é recomendado o recurso a cunhas de madeira e de evitar a utilização de pé-de-cabra ou
espátulas metálicas, estas na limpeza) têm algumas vantagens importantes sobre a madeira
maciça, como sejam a boa resistência à flexão e ao corte, a planeza (que permite
revestimentos finos nas superfícies acabadas de betão, como vernizes ou pinturas), a dureza,
uma maior impermeabilidade, a manutenção da forma plana ou curva face às condições
alternadas de humidade que se apresentam nas diferentes fases de fabrico, a aptidão para

97
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

receber pregos e parafusos, mesmo na bordadura dos painéis, sem fendilharem. São ainda
mais facilmente montados em obra. Com o cruzamento das fibras das folhas, é produzido uma
espécie de pré-esforço em duas direcções, de que resulta uma resistência final bastante
superior à que corresponde, à mesma espessura da madeira [10] [11]. Por todas estas razões, a
sua durabilidade é muito superior à da madeira maciça.

Fig. 117 - Aplicação de contraplacado em superfícies curvas (à esquerda) e planas (à direita)

Fig. 118 [16] - Exemplos de painéis de diferentes materiais: da esquerda para a direita, solho
tosco, contraplacado plastificado, solho tosco revestido com fibra de madeira e solho com
barra de ferro - painel “melhorado”

98
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 119 - Exemplos comerciais de painéis de cofragem semi-racionalizados

Os contraplacados para moldes (Fig. 120) são fabricados com madeiras exóticas ou nórdicas
com um número ímpar de folhas, 3 ou 5. As colas desempenham um papel importante, uma
vez que é indispensável que o contraplacado não se descole sob a acção da humidade. Em
geral, as colas usadas são à base de resinas sintéticas fenólicas [12]. A sua fixação à estrutura
do painel poderá ser feita com pregos, bastando 3 ou 4 por lado. De referir que, no caso de
tabuados correntes, estes 3 ou 4 pregos se transformam em mais de 100. A superfície do
contraplacado apresenta-se lisa e plana sem alguns defeitos das madeiras naturais (nós e
resina) e sem estarem sujeitas às variações volumétricas inerentes a estas últimas. O número
de juntas é muito menor, dadas as suas dimensões, e menos aparentes do que em relação às
madeiras correntes. Com efeito, na moldagem de uma laje com, por exemplo, 12,0 m x 3,70
m, poderão aparecer apenas 40 metros de juntas, utilizando moldes de contraplacado,
enquanto que, pelos processos tradicionais, correspondiam mais de 400 metros de juntas [12].
Estas são menos aparentes em face do rigor do corte e da esquadria.

As juntas entre painéis devem ficar bem alinhadas e, quando necessário, podem ser colocadas
tiras de papel ou tela colada nas juntas para assegurar melhor a estanqueidade. O uso de óleos
descofrantes pode dificultar as tarefas anteriores. Outro processo é a aplicação de mastiques
especiais de madeira, ou simplesmente de gesso amassado com água, ou ainda uma mistura de
cimento e massa consistente ou sebo. Assim as superfícies de desmoldagem, embora lisas,
não aparecem polidas e o fenómeno das bolhas tem menor tendência a ocorrer.

No entanto, o uso destes painéis põe dois problemas: a protecção das superfícies e topos (para
termos uma maior longevidade do material), o que torna desaconselhável a sua serragem, e o

99
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

processo de ligação entre painéis (para facilitar o processo de montagem e desmontagem dos
painéis). A estes inconvenientes, há que juntar, na comparação com a madeira maciça, o preço
mais elevado.

Fig. 120 - Exemplo de um catálogo comercial de contraplacado

Podem listar-se algumas regras de aplicação de contraplacados:

 fazer sempre juntas de topo;


 evitar chanfros;
 utilizar cunhas de madeira para aprumar e alinhar as cofragens e também na
descofragem, ao invés de alavancas ou barras metálicas;
 ao pregar as placas, usar pedaços de madeira para minimizar os danos;
 colocar sempre as fibras do contraplacado perpendicularmente aos reforços;
 durante a betonagem, evitar a agressão da agulha do vibrador nas placas.

100
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

A utilização dos moldes de contraplacado necessita do emprego de óleos de desmoldagem,


sendo a sua reutilização garantida de 15 vezes. Pode também recorrer-se a protecções
superficiais com vernizes ou produtos sintéticos para melhorar a rigidez e resistência e
impedir a acção da humidade, assegurando um número de reaplicações da ordem das 30 a 50,
utilizando as duas faces do contraplacado [11].

Os painéis em aglomerado de fibras e de partículas, compostos por fibras de madeira


(desperdícios da indústria de carpintaria) embebidos num ligante e comprimidos sob pressão e
a determinada temperatura, são outra opção. Têm um baixo custo, permitem obter superfícies
bem acabadas, conferem um bom isolamento térmico ao betão fresco e podem ser pregados e
serrados, mas são vulneráveis ao desgaste mecânico (sobretudo nos bordos e cantos), têm uma
flexibilidade elevada e dilatam sob contacto prolongado com a água, pelo que o seu número
de reutilizações é menor que o dos contraplacados.

Vale a pena ainda referir as tintas e vernizes utilizados para protecção das cofragens. No caso
da madeira, têm por objectivo travar a penetração da água e assim reduzir o risco de
apodrecimento, retracção e dilatação. Protegem as superfícies metálicas contra a corrosão
atmosférica. A sua aplicação é feita por pulverização ou simples pincelagem.

7.2.4. Complementos

Naturalmente, a flexibilidade dimensional destes painéis é menor do que a dos painéis execu-
tados por medida para cada utilização específica. Daí que seja com frequência necessário
recorrer aos chamados “complementos”, executados com tábuas ou barrotes de madeira para
acerto dos painéis pré-preparados em relação às dimensões reais das peças (Fig. 121, à
esquerda).

7.2.5. Elementos pré-fabricados

Os sistemas semi-racionalizados recorrem também a elementos de cofragem que, apesar de


serem também em madeira, têm dimensões ou formas normalizadas ou correspondem a perfis

101
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

compostos (por exemplo, em I - Fig. 122, à esquerda), permitindo assim diminuir o trabalho
de carpintaria em obra. Estes elementos são comercializados por empresas especializadas do
sector (existem diversas multinacionais a trabalhar em Portugal) e neles são utilizadas outras
madeiras que não o pinho bravo (o espruce é das mais comuns). São também sujeitas a um
tratamento que incrementa significativamente a sua durabilidade à humidade e aos ataques
orgânicos.

Fig. 121 - Peças complementares dos painéis racionalizados (à esquerda [16]) e recurso a
cofragem tradicional para acertos dimensionais de cofragem semi-racionalizada (à direita)

7.2.6. Exemplos de aplicação

Nas figuras seguintes, apresentam-se exemplos de utilização de cofragens tradicionais


melhoradas em diversos tipos de elementos estruturais: pilar (Fig. 123), viga (Fig. 124), laje
(Fig. 125), parede (Figs. 126 e 127) e escada (Fig. 128).

102
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 122 - À esquerda, vigas em I apoiadas directamente em prumos metálicos e servindo de


apoio a outras vigas idênticas nas quais apoiam as tábuas de solho de cofragem de uma laje e,
à direita, cornijas de viga de bordadura executadas com cofragem tradicional

Fig. 123 [16] - Cofragem de pilar com moldes “melhorados” (corte transversal)

103
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 124 [16] - Cofragem de laje e viga de bordadura com moldes “melhorados”

Fig. 125 [16] - Cofragem de laje nervurada (aligeirada) com moldes “melhorados”

104
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 126 [16] - Duas hipóteses de cofragem para betonagem por fiadas em paredes com
moldes “melhorados”

Fig. 127 [16] - Execução de vãos em paredes com moldes “melhorados”

105
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Fig. 128 [16] - Cofragem de escada com moldes “melhorados” (1º e 2º vãos)

7.3. QUE FUTURO PARA AS COFRAGENS TRADICIONAIS?

Conforme a Fig. 121 demonstra cabalmente, a necessidade de recorrer a cofragem tradicional


para acertos dimensionais (Fig. 121, à direita) nunca será anulada, por mais racionalizada que
a construção se transforme. Em obras de pequena dimensão, longe dos grandes centros (maior
dificuldade de acesso aos sistemas racionalizados), onde a especialização da mão de obra seja
menor e quando houver uma repetitividade dos elementos muito baixa (algo especialmente
sentido nas pequenas moradias), a cofragem tradicional continuará a ser a solução preferida.

A grande flexibilidade das cofragens tradicionais (susceptíveis de serem executadas na sua


totalidade na obra) faz com que sejam sempre uma solução a adoptar na execução de peças de
forma irregular (Fig. 122, à direita) e nos acertos características de qualquer obra, sobretudo
se não for exigida uma superfície muito bem acabada, como acontece nos elementos de betão
à vista. Outra situação em que actualmente as cofragens tradicionais substituem com
frequência as normalizadas corresponde à existência de elementos confinantes que impedem a
montagem ou fixação dos painéis normalizados.

106
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

8. DIMENSIONAMENTO DE COFRAGENS TRADICIONAIS

Em geral, o pessoal que lida com as cofragens não tem conhecimentos ao nível do cálculo es-
trutural (ainda que se tratem por vezes de carpinteiros muito hábeis), dispondo simplesmente
de alguma intuição, habilidade e experiência. Por isso, nestes casos, um projecto de cofragens
para um edifício corrente é em geral dispensável por a sua utilidade ser discutível.

Uma forma de contornar a falta de projecto é adoptar moldes sobre-dimensionados e exagerar


um pouco no número de elementos de suporte e contraventamento. A racionalização da
operação, bem como a do material (reutilização sucessiva e quantidade), fica assim relegada
para segundo plano. No entanto, os prumos não devem ficar tão juntos entre si que se tornem
um obstáculo ao normal desenvolvimento dos trabalhos.

8.1. ACÇÕES DE CÁLCULO

Para as lajes (painéis horizontais), as solicitações consistem no peso próprio do betão (fluido
ou após a presa - 24 kN/m3 - é fundamental que a betonagem seja feita por forma a não
introduzir um efeito dinâmico importante), o peso próprio da própria cofragem (praticamente
desprezável) e uma sobrecarga de utilização (materiais e pessoal sobre a laje após o betão
fazer presa mas antes de este ter resistência suficiente para ser retirado o escoramento), que é
em geral tomada igual a 1.50 kN/m2.

Para os pilares e paredes (painéis verticais), a única solicitação relevante é o impulso


introduzido pelo betão fresco, impulso este que pode ser muito drasticamente aumentado na
fase da betonagem se a velocidade desta não for controlada ou houver queda de betão de uma
altura apreciável (efeito dinâmico - Fig. 129).

Num extenso documento [15] designado por “Solicitações transmitidas às cofragens pelo
betão armado”, Xavier Rodrigues conclui serem demasiados os factores que podem
influenciar o valor deste impulso (dimensões e forma do elemento estrutural cofrado,
dosagem de cimento mas também dos restantes componentes do betão, velocidade da
betonagem, altura da coluna de betão a cada nível, densidade das armaduras, deformabilidade

107
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

da cofragem, modo de compactação, condições ambientais, etc. - Fig. 130, à esquerda), do


que resultou uma multiplicidade de teorias de cálculo.

Fig. 129 - Betonagem artesanal de parede de betão com queda deste de altura apreciável

Para as vigas, as cofragens verticais são calculadas para as acções verticais descritas acima
para as lajes (nesta fase, as lajes não descarregam nas vigas!) e as horizontais para o impulso
do betão fresco (ainda que este seja substancialmente menor que, por exemplo, para as
paredes).

8.2. UTILIZAÇÃO DE TABELAS DE CÁLCULO

Este processo pode tornar-se, nos casos mais corriqueiros, desnecessário recorrendo-se apenas
à experiência do pessoal e do director da obra. No caso das cofragens tradicionais e
tradicionais melhoradas de lajes, existe uma via intermédia que consiste em recorrer a umas
tabelas de “cálculo” existentes para o efeito: “Cofragens tradicionais de madeira (tabelas)” de
Santos Clemente [6]. Nestas, são apresentadas as capacidades de carga dos elementos que
constituem as cofragens, para as secções mais correntes no mercado e para as situações mais
comuns de utilização.

As tabelas referem-se a elementos de madeira de pinho bravo de 2ª escolha / categoria ou a


elementos metálicos do tipo vigas extensíveis e prumos tubulares. Tendo em conta o carácter
provisório das cofragens, a relativa curta duração das solicitações a que se encontram sujeitas
e o facto de os seus componentes poderem ficar sob a acção directa da água, as tensões
máximas de serviço recomendadas para a madeira de pinho de 2ª categoria são as seguintes

108
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

[10]:

 compressão axial: 6 MPa;


 flexão estática: 9 MPa;
 corte: 1 MPa;
 compressão transversal: 2 MPa;
 módulo de elasticidade: 7 GPa (em geral);
5 GPa (em tábuas de solho).

Estas propriedades devem ser tidas em conta com alguma reserva, em face do carácter não
homogéneo e fortemente anisotrópico da madeira. Adicionalmente, as suas características
mecânicas são fortemente influenciadas pelo teor em água, pela inclinação do fio e os defeitos
(bolsas de resina, lenho de compressão, colorações anormais, azulado, ardido, cardido, ataque
de fungos, ataque de insectos e, sobretudo, os nós - Fig. 130, à direita [14]).

Fig. 130 - Exemplo das pressões na cofragem de um pilar para várias dosagens de cimento (à
esquerda [15]) e variação da resistência da madeira com os defeitos (à direita [14])

Foram elaboradas para três possíveis relações flecha / vão limite, correspondentes a diferentes
exigências do trabalho em execução:   L/250 para moldagem de superfícies de betão não

109
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

vistas;   L/500 para superfícies de betão a rebocar;   L/1000 para superfícies de betão à
vista (existem também recomendações no sentido de limitar o valor absoluto das flechas a 3
mm para obras correntes e a 1 mm para acabamento esmerado). Os valores apresentados são
os que satisfazem simultaneamente a tensão de serviço e o valor máximo de deformação.
Nestas fórmulas, L não representa o vão da laje mas sim o vão entre os diversos elementos de
cofragem. Em determinadas circunstâncias, a própria cofragem tem uma contraflecha para
eliminar parte da flecha a longo prazo da laje / viga de betão.

Descreve-se seguidamente como “calcular” cofragens tradicionais pelas tabelas:

(1) Definir carga = pp laje + 150 kgf / m2 (acréscimo de segurança para ter em conta
eventuais pessoas, material ou equipamento sobre a laje após o betão fazer presa mas
ainda antes da descofragem e ainda o peso da própria cofragem);
(2) Definir espaçamento entre barrotes = vão máximo entre apoios das tábuas de solho,
através do Quadro 2 (função da carga, da espessura das tábuas e das condições de
apoio);
(3) Definir espaçamento entre vigas = vão máximo entre apoios dos barrotes (assume-se
que o espaçamento entre barrotes é o máximo permitido pelo cálculo anterior), através
do Quadro 3 (função da carga, secção transversal dos barrotes e condições de apoio);
(4) Definir espaçamento entre prumos = vão máximo entre apoios das vigas (assume-se
que o espaçamento entre vigas é o máximo permitido pelo cálculo anterior) através do
Quadro 3;
(5) Verificar capacidade dos prumos e escolher a sua secção transversal através do
Quadro 4 (função da carga, da área de influência e da secção transversal e altura dos
prumos). É, no entanto, sempre preferível colocar os prumos no cruzamento dos
barrotes com as vigas;
(6) Nota final: estas tabelas fornecem valores conservativos baseados na verificação da
tensão de serviço para peças simplesmente apoiadas (pl2/8) ou contínuas (pl2/10);
podem-se obter peças mais económicas com base num projecto de cofragens mais
elaborado, conduzindo a esquemas de cofragens do tipo do da Fig. 131.

Quadro 2 [6] - “Cálculo” do espaçamento entre barrotes

110
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

1
Tábuas de solho f=
250
VÃOS MÁXIMOS DE UTILIZAÇÃO (m)
Cargas Espessuras das tábuas de solho (cm)
(kgf/m2) 2,0 2,2 2,5 3,0 3,5
275 1,06 0,84 1,17 0,93 1,33 1,06 1,59 1,26 1,86 1,47
300 1,03 0,82 1,13 0,90 1,29 1,02 1,54 1,22 1,86 1,43
325 1,00 0,79 1,10 0,87 1,25 0,99 1,50 1,19 1,75 1,39
350 0,98 0,78 1,08 0,86 1,22 0,97 1,47 1,17 1,71 1,36
375 0,96 0,76 1,05 0,83 1,20 0,95 1,43 1,13 1,67 1,33
400 0,94 0,75 1,03 0,82 1,17 0,93 1,40 1,11 1,64 1,30
425 0,92 0,73 1,01 0,80 1,15 0,91 1,38 1,10 1,70 1,27
450 0,90 0,71 0,99 0,79 1,13 0,90 1,35 1,07 1,58 1,25
475 0,88 0,70 0,97 0,77 1,10 0,87 1,33 1,06 1,55 1,22
500 0,87 0,69 0,96 0,76 1,09 0,87 1,30 1,03 1,52 1,21
525 0,85 0,67 0,94 0,75 1,07 0,85 1,28 1,02 1,49 1,18
550 0,84 0,67 0,93 0,74 1,05 0,83 1,26 1,00 1,47 1,17
575 0,83 0,66 0,91 0,72 1,04 0,83 1,24 0,98 1,45 1,15
600 0,82 0,65 0,90 0,71 1,02 0,81 1,23 0,98 1,43 1,13
625 0,81 0,64 0,89 0,71 1,01 0,80 1,21 0,96 1,41 1,12
650 0,80 0,63 0,88 0,70 1,00 0,79 1,19 0,94 1,39 1,10
675 0,79 0,63 0,86 0,68 0,98 0,78 1,18 0,94 1,38 1,10
700 0,78 0,62 0,85 0,67 0,97 0,77 1,16 0,92 1,36 1,08
725 0,77 0,61 0,84 0,67 0,96 0,76 1,15 0,91 1,34 1,06
750 0,76 0,60 0,83 0,66 0,95 0,75 1,14 0,90 1,33 1,06
775 0,75 0,60 0,83 0,66 0,94 0,75 1,13 0,90 1,31 1,04
800 0,74 0.59 0,82 0,65 0,93 0,71 1,11 0,88 1,30 1,03
825 0,74 0,59 0,81 0,64 0,92 0,73 1,10 0,87 1,29 1,02
850 0,73 0,58 0,80 0,63 0,91 0,72 1,09 0,87 1,27 1,01
875 0,72 0,57 0,79 0,63 0,90 0,71 1,08 0,86 1,26 1,00
900 0,71 0,56 0,79 0,63 0,89 0,71 1,07 0,85 1,25 0,99
925 0,71 0,56 0,78 0,62 0,88 0,70 1,06 0,84 1,24 0,98
950 0,70 0,56 0,77 0,61 0,88 0,70 1,05 0,83 1,23 0,98
975 0,70 0,56 0,76 0,60 0,87 0,69 1,04 0,83 1,22 0,97
1000 0,69 0,55 0,76 0,60 0,86 0,68 1,03 0,82 1,21 0,96
1025 0,68 0,54 0,75 0,60 0,85 0,67 1,03 0,82 1,20 0,95
Nota - Em cada coluna, os valores à esquerda dizem respeito a elementos trabalhando
sobre 3 ou mais apoios e os valores à direita correspondem a elementos
simplesmente apoiados, isto é, trabalhando sobre 2 apoios.

Quadro 3 [6] - “Cálculo” do espaçamento entre vigas e entre prumos

111
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

1
Vigamento f=
250
VÃOS MÁXIMOS DE UTILIZAÇÃO (m)
Secções comerciais correntes (cm x cm)
Cargas hxb hxb hxb hxb
(kgf/m2) 7 x 10 10 x 7 8 x 16 16 x 8
250 1,91 1,52 2,37 1,93 2,56 2,03 4,05 3,23
275 1,85 1,47 2,26 1,87 2,48 1,97 3,86 3,12
300 1,80 1,43 2,16 1,81 2,41 1,91 3,69 3,04
325 1,74 1,39 2,08 1,77 2,35 1,86 3,55 2,96
350 1,67 1,36 2,00 1,72 2,29 1,82 3,42 2,88
375 1,62 1,33 1,93 1,68 2,24 1,78 3,31 2,82
400 1,57 1,30 1,87 1,65 2,18 1,73 3,20 2,76
425 1,52 1,27 1,82 1,62 2,15 1,70 3,10 2,70
450 1,48 1,25 1,76 1,57 2,10 1,67 3,02 2,65
475 1,44 1,23 1,72 1,55 2,07 1,64 2,94 2,60
500 1,40 1,20 1,67 1,49 2,02 1,61 2,86 2,56
525 1,37 1,19 1,63 1,48 1,98 1,59 2,79 2,50
550 1,33 1,17 1,60 1,43 1,93 1,56 2,73 2,44
575 1,31 1,15 1,56 1,40 1,89 1,54 2,67 2,39
600 1,28 1,13 1,53 1,37 1,85 1,52 2,61 2,33
625 1,25 1,12 l,50 1.34 1,81 1,50 2,56 2,29
650 1,23 1,10 1,47 1,3l 1,78 1,48 2,51 2,24
675 1,21 1,08 1,44 1,29 1,74 1,46 2,46 2,20
700 1,18 1,06 1,41 1,26 1,71 1,44 2,42 2,16
725 1,16 1,04 1,39 1,29 1,68 1,42 2,38 2,13
750 1,14 1,02 1,37 1,23 1,65 1,41 2,84 2,09
775 1,12 1,00 1,34 1,20 1,63 1,39 2,90 2,06
800 1,11 0,99 1,32 1,18 1,60 1,38 2,26 2,02
825 1,09 0,97 1,30 1,16 1,58 1,36 2,23 1,99
850 1,07 0,96 1,28 1,14 1,55 1,35 2,19 1,96
875 1,06 0,95 1,27 1,14 1,53 1,39 2,16 1,93
900 1,04 0,93 1,25 1,12 1,51 1,33 2,18 1,91
925 1,03 0,92 1,23 1,10 1,49 1,31 2,10 1,88
950 1,02 0,91 1,21 1,08 1,47 1,30 2,08 1,86
975 1,00 0,89 1,20 1,07 1,45 1,29 2,05 1,83
1000 0,99 0,89 1,17 1,06 1,43 1,28 2,02 1,81
Nota - Em cada coluna, os valores à esquerda dizem respeito a elementos trabalhando
sobre 3 ou mais apoios e os valores à direita correspondem a elementos
simplesmente apoiados, isto é, trabalhando sobre 2 apoios.

112
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

Quadro 4 [6] - “Verificação” da capacidade dos prumos


Prumos esquadriados de madeira

CARGAS MÁXIMAS DE TOPO (kgf)

Alturas Secções (cm x cm)


(m) 7 x 10 8x8 8 x 10 10 x 10 10 x 12 12 x 12
2,00 2700 3150 3950 6050 7250 10150
2,10 2450 3000 3750 5750 6900 9700
2,20 2200 2700 3400 5600 6700 9350
2,30 2050 2400 3000 5350 6400 9100
2,40 1900 2200 2800 5150 6200 8750
2,50 1700 2050 2550 4950 5950 8450
2,60 1550 I900 2350 4800 5750 8100
2,70 1450 1750 2200 4450 5350 7850
2,80 1350 1650 2050 4050 4850 7600
2,90 1250 1500 1900 3750 4550 7350
3,00 1200 1400 1750 3450 4150 7100
3,10 1150 1350 1650 3300 3950 6900
3,20 - 1250 1550 3050 3650 6550
3,30 - 1150 1450 2900 3500 6100
3,40 - 1100 1400 2700 3250 5650
3,50 - 1050 1300 2600 3100 5300
3,60 - - - 2400 2900 5000
3,70 - - - 2300 2750 4700
3,80 - - - 2150 2600 4450
3,90 - - - 2050 2450 4250
4,00 - - - 1950 2350 4050
4,10 - - - 1850 2200 3900
4,20 - - - 1800 2150 3700
4,30 - - - 1700 2000 3550
4,40 - - - 1650 1950 3350
4,50 - - - - - 3200

O “cálculo” de cofragens tradicionais melhoradas pode ser feito através das mesmas tabelas,
pelo menos no que se refere às vigas metálicas extensíveis e aos prumos metálicos tubulares.
Já no que se refere às cofragens racionalizadas e às especiais, o seu cálculo e projecto
respectivo são normalmente elaborados pela firma que os instala, num sistema de aluguer. Os

113
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

fabricantes também fornecem tabelas de cálculo para os diversos elementos estruturais da


cofragem.

Fig. 131 [10] - Desenho de um projecto de cofragem

114
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Cofragens tradicionais por Jorge de Brito e Pedro Paulo

9. BIBLIOGRAFIA

[1] Arquero, Francisco - “Manual Prático de Construção Civil”, Edições CETOP.


[2] Grinán, José - “Manual Prático de Cofragens”, Edições CETOP.
[3] Correia, M. Santos - “Manual do Construtor Civil”, Edições Rei dos Livros, 9ª edição.
[4] Farinha, J. Brazão - “A Moldagem do Betão e a Organização do Estaleiro da
Construção”, LNEC, 1972.
[5] “Les Coffrages: Matériaux et Sistèmes”, Centre Scientifique et Téchnique de la
Construction, Note d’Information n.º 100, Bruxelles, 1973.
[6] Clemente, J. dos Santos - “ Cofragens Tradicionais de Madeira (Tabelas)”, LNEC, 1988.
[7] prENV 13670-1 - “Execution of Concrete Structures - Part 1: Common”, CEN / TC 104
/ SC2, 1999.
[8] Seminário sobre “Execução de Estruturas de Betão”, GPBE / LNEC, Lisboa, 1999.
[9] Franco da Costa, J. C., “Defeitos nas Superfícies de Betão”, Curso de Formação
Profissional 501 sobre Cofragens, LNEC, Lisboa, 1972.
[10] Clemente, J. dos Santos - “A Madeira como Material de Cofragem”, Curso de
Formação Profissional CPP 501, LNEC, 1976.
[11] Silva, A. Duarte - “Cofragens para Betão à Vista”, Curso de Formação Profissional CPP
501, LNEC, 1976.
[12] Farinha, J. Brazão - “Moldes Especiais para o Betão”, Curso de Formação Profissional
CPP 501, LNEC, 1976.
[13] Silva, A. Duarte - “Sistemas de Cofragens. Equipamento Especial”, Curso de Formação
Profissional CPP 501, LNEC, 1976.
[14] Mateus, Tomás - “O Emprego da Madeira de Pinho em Obras Provisórias (Cimbres,
Cofragens, etc.)”, Curso de Formação Profissional CPP 501, LNEC, 1976.
[15] Rodrigues, M. Xavier - “Solicitações Transmitidas às Cofragens pelo Betão Armado”,
Curso de Formação Profissional CPP 501, LNEC, 1976.
[16] Paz Branco, José - “Aspectos Práticos do Projecto e Execução de Cofragens”, Curso de
Formação Profissional CPP 501, LNEC, 1976.

115

View publication stats

Você também pode gostar