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Citações

narrador: História de hoje: Vamos Todos a Acapulco

Quico: Chaves, nunca tinha visto uma bola como essa?

Chaves: Não. Parece que vai ter um filho!

Quico: Ai, é verdade!

[Dona Florinda entra na Vila]

Quico: Mamãe! Mamãezinha! Temos que levá-la ao hospital!

Dona Florinda: Oh, mas quem?!

Quico: A minha bola!

Dona Florinda: A sua bola?

Quico: Sim!

Dona Florinda: Pra quê?

Quico: Ela vai ter uma bolinha!

Dona Florinda: Eu não entendo.

Quico: [aponta para o Chaves] Foi o Chaves quem disse!

Dona Florinda: Hm. Só podia ser o Chaves, mesmo. Você chegou tarde na distribuição de
cérebros, não?

Chaves: Não me lembro!

Dona Florinda: Hm. Claro. [joga mão para o lado] Não liga pro que ele fala, Tesouro! [vai para
casa]

Quico: Está bem, mamãe. [começa a rir]

Chaves: Do quê está rindo?

Quico: Porque você chegou tarde na distribuição de cérebros! [continua a rir]

Chaves: E você não chegou tarde?

Quico: Mas claro que não, porque eu nem sequer fui lá! [ri e para de repente]
Chaves: [pega bola do chão e quica ela]

Quico: Ah! Não te empresto minha bola!

Chaves: Não estou pedindo emprestada, porque seu eu pedir sei que não vai me emprestar, e se
não emprestar sou capaz de te arrebentar o que todos chamam de cara! Ouviu? [levanta bola para
acertá-lo]

Quico: Ai não, Chavinho! [se abaixa e sai]

[Seu Madruga chega na Vila lendo jornal, e é atingido na cabeça pela bola]

Seu Madruga: Tinha que ser o Chaves mesmo! Não é à toa que eles te acertam!

Chaves: Ninguém tem paciência comigo!

Seu Madruga: [afina a voz] "Porque não têm paciência..." Tá bem, e eu tenho que te aguentar!
Mas não me peça que devolva a bola.

Chaves: Me devolve a bola? [estende as mãos]

Seu Madruga: Eu acho que eu vou devolver todas as pancadas que você me deu!

Chaves: Não! Eu dou de presente.

Seu Madruga: [levanta punho] Sai daí! [vai pra casa com a bola]

Chaves: [corre atrás e bate na porta de Seu Madruga]

Seu Madruga: [abre]

Chaves: É que a bola é do Quico.

Seu Madruga: Ah é, é? Pois diga ao Quico que eu não vou devolver nada! [fecha porta]

[Quico sai de casa]

Chaves: Quico!

Quico: Quê?

Chaves: O Seu Madruga disse que não vai devolver nenhuma bola!

Quico: Ah sim? Pois diga ao Seu Madruga que a minha mãe disse pra você dizer que ele vai
apanhar! [volta pra casa]

Chaves: [bate na porta de Seu Madruga]

Seu Madruga: [abre]


Chaves: O Quico disse que a sua mãe disse pra eu dizer ao senhor que o Quico disse que sua mãe
disse pra eu dizer que o Quico me disse que me disseram... pra pe... pra... O Quico disse que- eu
não sei o quê que é... mas é negócio!

Seu Madruga: [balança a cabeça] Ouça aqui. Houve tempos em que essa senhora me dava duas
ou três pancadas. Mas os tempos mudaram, Chaves.

Chaves: Agora ela pode dar seis ou sete! Tudo subiu, né? [joga as mãos pra cima]

Seu Madruga: Está enganado, Chaves, está enganado.

[Dona Florinda e Quico saem de casa]

Seu Madruga: Saiba de uma coisa: Agora eu gostaria de que essa senhora me desse uma única
pancada!

Dona Florinda: Com muito prazer! [bofetada] Vamos, Quico. Não se junte com essa gentalha!

Quico: Sim, mamãe. Gentalha, gentalha! Prrrr! [acompanha Dona Florinda para casa]

Seu Madruga: [joga chapéu no chão, pula em cima dele, e vai para casa]

Chaves: [bate na porta de Seu Madruga]

Seu Madruga: [abre a porta]

Chaves: A bola! [entende as mãos]

Seu Madruga: [suspira; dá cascudo em Chaves] Toma!

Chaves: Pipipipipipi...

Seu Madruga: "Pipipipipipi..." E a próxima vai ser mais forte! [volta pra casa]

Chaves: Pipipipipipi...

Prof. Girafales: [chega na Vila com um buquê] Chaves, posso saber o quê se passa?

Chaves: [choroso] O Seu Madruga me deu um soco na cabeça! [imita movimento do golpe e
derruba buquê no chão] Pipipipipipi... [vai embora]

Prof. Girafales: Hm. [bate na porta de Seu Madruga e se abaixa pra pegar o buquê]

Seu Madruga: É você de novo? Toma! [tira chapéu de Prof. Girafales e dá cascudo nele; devolve
chapéu]

Prof. Girafales: [se levanta]


Seu Madruga: E da próxima vez-- [olha para cara de Prof. Girafales]

Prof. Girafales: Tá, tá, tá, tá, tá!

Seu Madruga: Desculpa, Mestre Linguiça, é que- é que--

Prof. Girafales: Tá, tá, tá, tá, tá! Não sou nenhum Mestre Linguiça! Sou Linguiça de sobrenome
Mestre! Ah, digo, eu sou Mestre e meu nome é Girafales!

Seu Madruga: Mas claro, Professor. Mas eu juro que não queria espancá-lo, Professor! Eu queria
bater no Chaves, que estava batendo na minha porta, e ele amola, amola, amola...

Prof. Girafales: Quem bateu à porta fui eu!

Seu Madruga: ...O senhor?

Prof. Girafales: Sim!

Seu Madruga: Mas não, Professor, se enganou. A Dona Florinda mora no 14.

Prof. Girafales: Meu senhor, eu jamais me enganaria. Somente uma vez eu me enganei!

Seu Madruga: É verdade? E quando?

Prof. Girafales: Uma vez que pensei estar enganado.

Seu Madruga: ...Ah bom. E-Então o quê quer?

Prof. Girafales: Desta vez não vinha ver Dona Florinda. Vim ver o senhor.

Seu Madruga: [para de sorrir lentamente, e engole em seco] Me ver?

Prof. Girafales: Sim.

Seu Madruga: Não está pensando que eu vou convidar o senhor para tomar uma xícara de café,
não é?

Prof. Girafales: Se não o incomoda.

Seu Madruga: De forma alguma, entre!

Prof. Girafales: Depois do senhor, sim. [o acompanha para dentro]

Prof. Girafales: Será que a Chiquinha não teria surrupiado isto de algum lugar?

Seu Madruga: [se levanta do sofá] Ouça, Professor. O senhor está insinuando que a minha filha é
uma ladra?

Prof. Girafales: Bem, não exatamente--


Seu Madruga: Está enganado, senhor! Você sabe o exemplo que a minha filha tem nesta casa?
Não responda!

Prof. Girafales: [olha para tela]

Seu Madruga: Portanto, isto é uma "calhiúnia"! Uma "calhiúnia"! Você sabe o quê é uma
"calhiúnia"?

Prof. Girafales: Bem, eu suponho que o senhor esteja querendo se referir a uma "calúnia".

Seu Madruga: Não tente mudar de assunto, Professor!

Prof. Girafales: [olha para tela e revira os olhos]

Seu Madruga: Somos pobres, mas de honra! Olha, por exemplo. [corre até uma gaveta] Ontem
de manhã eu deixei aqui 20 mangos. Coloquei ali 20 mangos! Se a minha filha fosse uma ladra,
não estariam aqui os 20 mangos que- [procura pela gaveta] que eu de- que eu de...

Prof. Girafales: Já não está aí a nota de 20, não é verdade?

Seu Madruga: Não, bem, mas com certeza eu deixei em algum outro lugar, Professor! Não há
nada de estranho nisso--

Chiquinha: [entra em casa saltitando] Paizinho! Paizinho! Paizinho lindo, meu amor, papai,
paizi-- [abraça Prof. Girafales] Ah, perdão, eu me enganei de casa. [saltita para a porta]

Seu Madruga: Chiquinha!

Chiquinha: [se vira lentamente] Falou comigo?

Seu Madruga: Sim, você. Venha cá!

Chiquinha: [anda lentamente até ele]

Seu Madruga: Você quer fazer o favor de me dizer quem pegou os 20 mangos que estavam
dentro desta gaveta?

Chiquinha: [começa a chorar]

Seu Madruga: Silêncio!

Chiquinha: [para]

Seu Madruga: Foi você que pegou?

Chiquinha: [volta a chorar]

Seu Madruga: Silêncio!


Chiquinha: [para]

Seu Madruga: Você ainda não me respondeu, Chiquinha. Foi você que pegou?

Chiquinha: [toma fôlego]

Seu Madruga: Sem chorar! Você pegou, não é?

Chiquinha: Sim.

Seu Madruga: Como pôde pegar?

Chiquinha: Ora, com as mãos!

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