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MACEIÓ – 2014
AGRADECIMENTOS
A primeira edição desse livro foi lançada ao mercado em 2008, com 500 unidades. Em
2009 publicou-se segunda edição com o dobro da quantidade da primeira. Foi praticamente
esgotada em 2011, e por diversos motivos somente agora está sendo publicada a terceira
edição, com algumas correções e com a inserção de um trabalho de pesquisa, apresentado no
anexo desse livro, publicado no COBRAMSEG 2014. Esse artigo científico trata de um
método de execução do ensaio de SPT – Standard Penetration Test (Índice de resistência à
penetração), para ser executado em locais de condições extremas de dificuldades de acesso,
onde não é possível montar a torre de sondagem. Esse trabalho foi fruto de 4 anos de
realização de ensaios de campo e de análises.
Em 2008, a intenção do autor era produzir um livro didático sobre fundações para ser
um livro a ser utilizado nos cursos sobre o assunto. Esse livro, Método de Investigação do
Subsolo, seria um dos capítulos do pretenso livro. Em decorrência de trocas de ideias com os
coautores, Juliane e Ricardo, e da constatação de que nos últimos seis anos foram lançados no
mercado bons livros sobre fundações, mudou-se o pensamento para um livro sobre práticas de
fundações e de obras geotécnicas. Esse livro seria fundamentado nos 37 anos de experiência
como engenheiro de fundações e nos trabalhos técnicos e científicos publicados por mim, por
Juliane, por Ricardo e por nós três.
Introdução........................................................................................................11
3. Sondagem a Trado.........................................................................................14
6. Ensaio de Palheta..........................................................................................20
7. Sondagem Rotativa.......................................................................................22
. Resistência à Penetração..............................................................................23
8.1 Introdução..............................................................................................23
Referências ...................................................................................................... 61
Anexo .............................................................................................................. 63
INTRODUÇÃO
Dependendo do tipo de obra, o projetista poderá pedir uma sondagem para simples
verificação do tipo de solo ou solicitar uma sondagem completa, na qual ele terá todas as
informações sobre o subsolo do terreno em estudo. Os tipos de sondagens e ensaios de campo,
mais utilizados pelos engenheiros geotécnicos nos projetos de fundações correntes, serão
apresentados neste livro. São eles:
- Poço Exploratório ou de Inspeção
- Sondagem a Trado
- Sondagem pelo Método da Cravação de Haste
- Ensaio do Cone (CPT) e de Piezocone (CPTU)
11
- Ensaio de Palheta
- Sondagem Rotativa
- Sondagem à Percussão com Determinação do Índice de Resistência
à Penetração (SPT).
12
2 - POÇO EXPLORATÓRIO OU DE INSPEÇÃO
13
3 - SONDAGEM A TRADO
Este tipo de sondagem é executado de forma manual com um trado. São dois os tipos de
trado mais comuns utilizados nas sondagens a trado: o trado concha e o helicoidal, mostrados
na figura 1. Existe o trado conhecido por “boca de lobo”, que pode ser utilizado em sondagens
para profundidades não superiores a 2 metros, devido ao seu processo de escavação. Ele é
muito utilizado na construção de cercas, instalação de pequenos postes, entre outros.
Normalmente coletam-se amostras de meio em meio metro e perfura-se até uns 5 metros
de profundidade. Os diâmetros dos trados destinados às sondagens variam entre 5 a 10 cm. A
perfuração é interrompida quando se encontra o lençol freático ou um estrato de solo de alta
14
resistência à perfuração manual. Quando o solo apresenta uma permeabilidade muito baixa, é
possível avançar a perfuração até uns dois metros abaixo do nível d’água.
O perfil geotécnico do terreno sondado pode ser obtido pela simples análise visual das
amostras de solo coletados (a exemplo do que se faz nas sondagens à percussão com obtenção
de SPT) ou pela execução de ensaios básicos de caracterização de solos, tais como:
granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade, limites de contração, peso específico,
densidade real, entre outros.
Quando se trata de obras que irão transmitir pequenas cargas ao terreno, como é o caso
de redes de esgoto ou de abastecimento d’água, basta a classificação visual. Isto é, basta
identificar o tipo de solo (se é argila ou areia, etc), para fins de uma análise preliminar. Mas,
quando se tratam de obras nas quais irão acontecer altas pressões no terreno, como no caso
das estradas, a classificação dos solos é feita por intermédio da realização dos ensaios citados.
No caso de estradas, a sondagem a trado irá orientar o projetista na localização de jazidas de
materiais próprios para reforço de subleito, para sub-base e base do pavimento. Nestas áreas
prováveis de jazidas, são executados poços de inspeção que nada mais são que cacimbas, com
diâmetro de (1 a 1,5 metro), e profundidade de uns 3 metros, a depender das condições de
escavação do terreno. Desses poços, coletam-se amostras de solo suficientes para realização
dos ensaios de compactação e CBR (California Bearing Ratio), que são indispensáveis nos
projetos geotécnicos de estradas.
A quantidade de furos de sondagem a trado é obtida em função da distribuição
(normalmente em linha) desses furos, nos projetos de estradas, de rede de abastecimento
d´agua ou de esgoto. Quando se trata de uma área tipo tabuleiro, onde não há alagados e tem-
se um visual de uniformidade geológica em relação aos solos próximos à superfície, adota-se
1 furo a cada 100 metros. Se a área é típica de várzea onde se tem a ocorrência de córregos,
lagoas, entre outros, projeta-se, inicialmente, um furo a cada 20 metros. Quando se tem uma
situação intermediária, entre as duas citadas, adota-se um furo a cada 50 metros. Lembrando-
se sempre que em qualquer situação, esta quantidade de furos poderá aumentar no caso de
dúvidas na hora de definição final do projeto. A norma brasileira NBR-9603/86 detalha todo o
procedimento de execução e recomendações gerais sobre a sondagem a trado.
15
4 - SONDAGEM PELO MÉTODO DA CRAVAÇÃO DE
HASTE
16
5 - ENSAIO DE CONE (CPT) E PIEZOCONE (CPTU)
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posição inicial 1) 2) 3)
luva
cone
4 cm
16 cm
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Muitos pesquisadores estabeleceram correlações empíricas entre esses parâmetros de
resistências de penetração estática e os de penetração dinâmica. No Brasil, o de maior
utilidade nos projetos de fundações tem sido a relação:
qc = k N (1)
onde:
qc = resistência de ponta obtida no ensaio de cone (CPT)
N = Número de golpes do ensaio SPT (Standard Penetration Test)
k = é obtido na tabela 1.
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6 – ENSAIO DE PALHETA
O ensaio de palheta foi desenvolvido na Suécia, em 1919, por John Olsson (Flodin &
Broms, 1981). Este ensaio, também conhecido por Vane Test, tem por objetivo a
determinação, in situ, da resistência ao cisalhamento de solos coesivos. Ele é mais apropriado
e de maior interesse para solos moles e muito moles. A depender da capacidade do
equipamento, pode-se também utilizá-lo nas argilas de consistência média e rija. Tratando-se
de argila pura, o resultado desse ensaio é o valor da coesão dessa argila, a qual, como se sabe,
é a sua resistência ao cisalhamento.
A figura 3 mostra o princípio em que se fundamenta esse ensaio. Como se vê na figura,
trata-se de uma palheta, na extremidade de uma haste, constituída de quatro palhetas,
fabricadas em aço de alta resistência, cuja altura é o dobro do diâmetro. Correntemente, o
diâmetro tem 6,5 cm e altura, 13 cm.
M2
M1
20
O ensaio consiste no seguinte: executa-se um furo a trado, se não houver água, ou pelo
processo de perfuração com circulação de lama bentonítica, com diâmetro de 8 a 9 cm, até a
profundidade desejada. Em seguida, crava-se estaticamente (uns 30 cm), a palheta no solo
desejado, a partir do fundo do furo. Aplica-se, lentamente, à palheta, um movimento de
rotação, cisalhando completamente o solo, ao longo das superfícies cilíndrica laterais, e das
bases circulares, superior e inferior. Através de um torquímetro, mede-se o momento que foi
necessário para romper completamente a argila em estudo. Fazendo-se o equilíbrio entre o
esforço aplicado e o resistente, oriundo da resistência do solo ao cisalhado, desenvolvida ao
longo das superfícies cilíndrica e circulares, determina-se a coesão (cu), em função do
momento (M), fornecido pelo torquímetro, pela fórmula:
0,86 M
cu = (2)
π d3
No caso das argilas saturadas, que é o comum, nos casos das argilas mole e muito mole,
a coesão cu, é não drenada, visto que não há tempo para drenagem.
21
7 - SONDAGEM ROTATIVA
Quando, durante a perfuração do terreno, por um processo manual, ocorre rocha (que
podem ser matacões ou blocos de rocha), tem-se a necessidade de promover a perfuração
dessa rocha para estudar as suas condições básicas de integridade e espessura. Para isso,
recorre-se a perfuratrizes, que utilizando-se barriletes (ou amostradores), equipados de coroas
diamantadas, penetrarem na rocha e extraem dela amostras, que são conhecidas por
testemunho. Esses barriletes têm diâmetro variando de 37,3 mm a 98,8 mm, e as amostras por
eles extraídas têm diâmetros que variam de 20,6 mm a 76,2 mm, respectivamente.
A qualidade da rocha é fornecida pelo parâmetro RQD (“Rock Quality Designation”)
que corresponde, em percentagem, ao tamanho (comprimento) da amostra extraída, em
relação ao comprimento perfurado pelo barrilete que, normalmente, é o comprimento do
barrilete. Para fins de cálculos, consideram-se os fragmentos de rocha maiores que 10 cm.
Para a determinação do RQD, não se recomendam barriletes com diâmetro menor que 75,3
mm. A tabela 2, extraída de Lopes e Velloso (1996), fornece a classificação da rocha de
acordo com o RQD.
Outras informações com bastantes detalhes, podem ser vistas no livro Geologia de
Engenharia (ABGE, 1998).
22
8 – SONDAGEM À PERCUSSÃO COM - DETERMINAÇÃO
DO ÍNDICE DE RESISTÊNCIA A PENETRAÇÃO (SPT)
8.1-Introdução
Seguramente este é o tipo de sondagem mais popular em quase todos os países. Essa
popularidade está na simplicidade e rapidez de execução, informações suficientes para os
projetos de fundações de obras correntes e o baixo custo financeiro. Esse método fornece a
compacidade (fofa a muito compacta) dos solos granulares, consistências (muito mole à dura)
das argilas e até o estado de resistência de rochas brandas. Além das resistências, obtêm-se
também a espessura e declividade das camadas e, evidentemente, os tipos de solo encontrado
ao longo da perfuração. Informações completas sobre a ocorrência ou não de água são
também fornecidas.
Como será visto no sub-item seguinte, o SPT (“Standard Penetration Test”) é um ensaio
de campo por intermédio do qual determina-se a resistência dinâmica. O SPT é o número de
golpes aplicados por um peso de 65 kg, com altura de queda de 75 cm, para fazer penetrar 30
cm de um amostrador padrão. A normatização desse ensaio foi realizada em 1958, pela
ASTM (American Society for Testing and Materials). No Brasil, o ensaio do SPT é
normatizado pela NBR – 6484/1980.
23
peça cortante. Essa lama, ao chegar no fundo da perfuração, ajuda a fofar ou amolecer o solo
e retorna à superfície através do espaço anelar existente entre a parede do furo, que tem
diâmetro aproximado de 2 ½ polegadas, e da haste, que tem diâmetro de 1 polegada. Ao
retornar à superfície, a lama cai numa caixa metálica (caixa de lama) e, então, é reinjetada.
Dessa forma, estabelece-se a circulação da lama e, ao mesmo tempo, a manutenção da
estabilidade das paredes do furo.
roldana
tripé
lama betonítica
bomba
cavador
24
À medida que o barrilete vai sendo cravado, o solo vai penetrando em seu interior. Esse
barrilete tem um comprimento total de uns 75 cm. É composto de um bico, que tem uns 7,5
cm de comprimento, uma base com uns 15 cm, e um “corpo” que forma sua parte central.
Esta última é bipartida, de forma que, quando a base e o bico são desatarraxados, esta parte
central se transforma em duas canaletas, para melhor se coletar o solo e observar com detalhes
sua constituição. Mas, a principal amostra coletada é aquela que vem do bico. E assim, a cada
metro perfurado, obtém-se uma amostra de solo e sua resistência à penetração (SPT ou N = nº
de golpes / 30 cm). A profundidade de perfuração, recomendada por norma, é estimada
através do gráfico da figura 6. No campo, a perfuração é concluída quando se encontra uma
resistência à penetração igual ou superior a 30 golpes/30 cm, em 5 metros sucessivos, após
uma perfuração mínima de 8 metros (em solo). Esse procedimento só deve ser aplicado
quando se tem um bom conhecimento geológico e geotécnico da área.
roldana
peso
guia
coxim
barrilete
25
Concluída a perfuração, faz-se um furo a trado, de 3 a 4 polegadas de diâmetro, a uns 50
cm de distância da perfuração, até encontrar o lençol freático. Caso não encontre até a
profundidade de uns 5 ou 6 metros, tenta-se achá-lo dentro da própria perfuração, 24 horas
após a conclusão desta. Para isto, penetra-se uma haste enxuta, dentro do furo com
comprimento de 8 a 10 metros. Caso ocorra água, a haste virá com uma parte enxuta e outra
molhada. A parte enxuta representa a profundidade do nível d’água. Este processo exige
cuidado, pois pode acontecer de a água de perfuração, ficar represada (suspensa) pela
bentonita e fornecer um resultado falso. Caso não ocorra água, registra-se esse fato.
A princípio, uma sondagem deve atingir profundidades tais que envolvam todas as
camadas que estejam dentro do bulbo de pressão, gerado pela área de projeção da edificação.
Para fim de cálculo estimado dessa profundidade, adota-se uma carga de 12 kN/m2, por
pavimento, para se obter o valor de q do gráfico da figura 6.
A norma NBR 8036/1983 diz que: “a profundidade a ser explorada pelas sondagens de
simples reconhecimento para efeito do projeto geotécnico, é em função do tipo de edifício,
das características particulares de sua estrutura, de suas dimensões em planta, da forma da
área carregada e das condições geotécnicas e topográficas locais”.
Também diz que: “as sondagens devem ser levadas até a profundidade onde o solo não
seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais, fixando-se como critério
aquela profundidade onde o acréscimo de pressão no solo, devido as cargas aplicadas pela
fundação, for menor do que 10% da citada pressão aplicada pela fundação” (item 4.1.2.2 da
NBR 8036).
No item 4.1.2.3, a citada norma, recomenda o gráfico mostrado na figura 6, para estimar
a profundidade de uma sondagem.
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Figura 6: gráfico para estimativa da profundidade (NBR 8036/83).
Onde:
q = pressão média sobre o terreno (peso do edifício dividido pela área de planta)
γ = peso específico médio estimado para os solos ao longo da profundidade em
questão. Pode-se adotar γ = 15 kN/m3 para um cálculo estimativo.
M = 0,1 = coeficiente decorrente do critério definido em 4.1.2.2
B = menor dimensão do retângulo circunscrito à planta da edificação
L = maior dimensão do retângulo circunscrito à planta da edificação
D = profundidade da sondagem
Entre outras recomendações complementares importantes, destacam-se aqui os itens
4.1.2.6 e 4.1.2.7, que preconizam, respectivamente:
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“Quando uma sondagem atingir camada de solo de compacidade ou consistência
elevada, e as condições geológicas locais mostrarem não haver possibilidade de se atingirem
camadas menos consistentes ou compactas, pode-se parar a sondagem naquela camada”.
“Quando a sondagem atingir rocha ou camada impenetrável à percussão, subjacente a
solo adequado ao suporte da fundação, pode ser nela interrompida. Nos casos de fundações de
importância, ou quando as camadas superiores de solo não forem adequadas ao suporte,
aconselha-se a verificação da natureza e da continuidade da camada impenetrável. Nestes
casos, a profundidade mínima a investigar é de 5 m”.
O plano de sondagem para estudo de fundações de um edifício difere de um plano de
investigação para o projeto de uma ponte ou uma barragem. No caso dos edifícios, o projetista
preocupa-se com a profundidade das sondagens (dependente dos bulbos das pressões),
número e localização dos pontos a serem perfurados. No caso de pontes, soma-se a esses
itens, a determinação dos estratos que são erosíveis, principalmente os que estão próximos ao
leito do rio. A literatura técnica registra casos de erosões de fundo de rio em mais de 11
metros. No caso de barragens, a preocupação, além dos elementos citados, reside na
determinação do estrato (ou estratos) impermeável que pode ser uma argila ou a própria
rocha.
Evidentemente, o tamanho da área determina a quantidade de furos que se deve executar
inicialmente. A NBR 6484/80, a respeito do número de furos que se deve executar
preliminarmente, recomenda o seguinte:
1 – Um mínimo de 2 furos, para uma área (A) menor ou igual que 200 m2;
2 – Um mínimo de 3 furos para: 200 < A ≤ 400 m2;
3 – Um furo para cada 200 m2, quando: A ≤ 1200 m2;
4 – Um furo para cada 400 m2 que exceder 1200 m2, quando: 1200 < A ≤ 2400 m2;
5 – Quando A > 2400 m2, fica a critério do projetista.
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horizontal). Nessas condições, terrenos com áreas de 1200 m2, por exemplo, nos quais
deveriam ser executados 6 furos (segundo a norma), bastariam apenas 3 ou 4 furos, devido ao
grande número de informações sobre o subsolo dos terrenos vizinhos.
Quanto à distribuição dos furos, ou locação, deve-se fazê-lo de forma a cobrir toda a
área. Por exemplo, é incorreto locar furos somente nos pontos de maior carga, isto porque se
corre o risco de centralizar as sondagens em pequenas áreas do terreno, deixando-se partes
maiores do terreno sem informações seguras. Três furos locados de forma triangular,
próximos às divisas, fornecem informações melhores a respeito de área situada entre eles, do
que se eles fossem locados de forma qualquer e muito próximos um do outro. Fica, dessa
maneira, muito arriscado dizer que o perfil do subsolo desse terreno em pontos próximos às
bordas ou divisas seja o mesmo encontrado naqueles três furos, executados numa área restrita
à parte central do terreno. Também não é recomendada a locação de três furos alinhados na
diagonal, pois dessa forma não se tem a determinação de um plano e, consequentemente, não
se tem a declividade das camadas nas duas direções.
29
exemplo, na profundidade de 3 metros tem-se 30/11. Isto significa que foram aplicados 30
golpes e só penetrou 11 cm; igualmente na profundidade de 17 metros, tem-se 30/7, que
significa que foram aplicados 30 golpes e só penetrou 7 cm. A terceira representação de
resistência à penetração também feita por dois números separados por uma barra. O primeiro
número representa o mínimo de golpes e o segundo, o quanto penetrou o amostrador. Como
exemplo, na profundidade de 12 metros, tem-se 1/50, que significa que se aplicou apenas, 1
golpe e penetrou 50 cm do amostrador.
30
Figura 7 – Perfil de sondagem.
31
8.5 – Classificação de Solos, Ângulo de Atrito, Coesão e Peso
Específico Obtidos por Correlação com SPT (N)
PESO
Nº DE GOLPES
ESPECÍFICO COESÃO
SOLOS N
γ (kN/m3) c (MPa)
(SPT)
ARGILA E
SILTE ARGILOSO
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Em função do SPT, pode-se também estimar o ângulo de atrito e os fatores de
capacidade de carga Nγ e Nq utilizando o ábaco de Peck, Hanson e Thornburn (1974),
mostrado na figura 8. Esses fatores são utilizados no cálculo de capacidade de carga de
fundações pouco profundas, pela teoria de Terzaghi.
33
Devido ao fator eficiência de energia, o SPT brasileiro deve ser majorado, por um
coeficiente entre 1,1 e 1,2 ao se utilizar este ábaco e outros estrangeiros. Por exemplo, se o
SPT for 10, deve-se entrar no ábaco com um valor mínimo de 11. Caso se trate de uma
empresa de confiança do projetista, entrar-se-á com um valor de 12.
Para as argilas, o ábaco da figura 9, resultado dos trabalhos de Terzaghi e Peck, e
Sowers (as linhas tracejadas são resultados de Sowers), fornece a resistência não drenada (Su)
em função do SPT (NSPT). Os valores de resistência fornecidos por esse gráfico (Terzaghi e
Peck) são bastante conservadores, segundo a maioria dos pesquisadores.
Figura 9 – Relação entre NSPT e a resistência não drenada de argilas (U.S. Navy, 1986).
34
8.6 – Obtenção Direta da Pressão Admissível Estimada em Função
do SPT (N)
Por meio das tabelas 4 e 5, extraídas de Milititsky e Schnaid (1995), pode-se estimar a
pressão admissível do terreno, em função do SPT, para fins de elaboração de anti-projeto. Os
valores de tensão admissível apresentado nas tabelas 4 e 5 foram estimados para
profundidades em torno de 1 metro e recalques bem menores que os admissíveis máximo para
as edificações correntes.
Tabela 4 – Correlação entre NSPT e a tensão admissível de solos granulares (Milititsky &
Schnaid, 1995).
Tabela 5 - Correlação entre NSPT e a tensão admissível de solos coesivos (Milititsky &
Schnaid, 1995).
35
8.7- Outras Informações e Comentários
Existem vários fatores que influenciam no valor do SPT (N). Os fatores mais
importantes são:
a) Se o acionamento do martelo cilíndrico (“peso de bater”) é com corda ou com cabo
de aço;
b) Se é manual ou mecânico;
c) Se o coxim (disco no qual se aplicam os golpes) é de madeira ou de aço;
d) Se a composição (roldanas, cabo de aço ou cordas, etc) é nova ou velha, etc.
A eficiência da energia aplicada do SPT brasileiro, em relação à energia nominal, varia
entre 60% a mais de 80%, segundo Belincanta (1998) e outros. As pesquisas mostram que a
eficiência média brasileira é de 70%, sendo a execução desse ensaio de forma manual. Nos
Estados Unidos e na Europa, esse ensaio é mecanizado e a eficiência média é de 60%. Daí o
termo N60. Os pesquisadores brasileiros recomendam que ao se utilizarem os ábacos
estrangeiros, deve-se majorar o SPT brasileiro entre 1,1 e 1,2, ficando a critério do calculista o
valor a ser empregado.
Além dos fatores citados, que podem influenciar no SPT (N), cita-se também a
seriedade da empresa que executou a sondagem. Não é exagero afirmar que há casos de
relatórios de Sondagem a Percussão com SPT, criados em escritórios de empresas
inescrupulosas. Um verdadeiro crime. Quando não, inventam maior parte do relatório. Por
exemplo, perfuram 10 metros e inventam mais 10 ou 15 metros, em cada furo, e apresentam
perfis com 20 ou 25 metros de profundidade. Quando não é isso, a equipe de uma empresa de
má qualidade, durante o ensaio, aplica golpes com altura de queda de 50 ou 60 cm (quando
deveria ser de 75cm), dando resultados, contra segurança, extremamente perigosos.
Em 1988, Ranzini sugeriu acrescentar ao ensaio de SPT a medição de um torque logo
após a obtenção do número de golpes N, do SPT. Em São Paulo, Décourt e Quaresma (1991,
1994) desenvolveram essa técnica e estabeleceram o SPT – T, que é o SPT corrente, com a
medição do torque. No livro da ABMS/ABEF (1997), o leitor interessado encontrará muitas
informações a respeito do STP – T.
36
8.8 – Perfis Geotécnicos de Maceió
37
PERFIL DE SONDAGEM
CLIE NTE : TECMAR CONSTRUÇÕES LTDA. RE G.: 12.557
OB RA : EDIFÍCIO LETÍCIA LOCA L: AVENIDA FERNANDES LIMA, FAROL
E S CALA - 1: 100 DA TA: 25 / 09 / 2012 NÍV E L MÉ DIO DO N. A. A P ÓS 24H: NÃO ENCONTRADO
S ONDA GE M: SP - 10 COTA DA BOCA DO FURO: 120,428m (Fornecida pelo Cliente)
PROF. No. DE REVESTIMENTO: φ = 21/2"
AMOSTRA
PROF. EM N o . D E G OLPES PA R A GOLPES GRÁFICO
AMOSTRADOR: φ interno = 13/8"
DO RELA- PEN ET R A ÇÃ O D E 15cm PA R A SPT x PROF. φ externo = 2"
N.A. ÇÃO À 3 0 cm SPT: peso 65kg - altura de queda 75cm
(m) SUPER-
FÍCIE (m)
1a 2a 3a 2a e 3a 0 10 20 30 40 C LA S S IF IC A ÇÃ O D O M A T E R IA L
0 10 12 13 25
0
escura, compacta.
2 1 1 2 3
2
3 2 2 2 4
3
4 2 3 3 6
4
5 2 3 3 6
5
6 4 5 5 10
6
7 5 7 7 14
7
11 13 14 15/14 29/ 29
11
38
PERFIL DE SONDAGEM
CLIE NTE : TECMAR CONSTRUÇÕES LTDA.. RE G. : 10.869
OB RA : EDIFÍCIO LETÍCIA LOCA L: Av. LESTE-OESTE - CAMBONA
E S CA LA - 1: 100 DA TA : 09 / 02 / 2010 NÍV E L MÉ DIO DO N. A . A P ÓS 24H: 0,80m
S ONDA GE M: SP - 4 COTA DA B OCA DO FURO: - 0,40m
PROF. No. DE REVESTIMENTO: φ = 21/ 2"
GRÁFICO
AMOSTRA
PROF. EM N o . D E GOLPES PA R A GO LPES
SPT x PROF. AMOSTRADOR: φ interno = 13/ 8"
DO RELA- PEN ET R A ÇÃ O D E 15cm PA R A φ externo = 2"
N.A. ÇÃO À 3 0 cm SPT: peso 65kg - altura de queda 75cm
(m) SUPER-
FÍ CIE (m)
1a 2a 3a 2a e 3a 0 10 20 30 40 C LA S S IF IC A ÇÃ O D O M A T E R IA L
0
0
4 10 6 16
0,75 ARGILA siltosa, cor variegada,
1
1
1 1 2 3
SOLO turfoso, cor preto, consistência
4
4
1 1 1 mole.
2
4,70
5
5
AREIA fina, siltosa, pouco argilosa,
1/30 - 1 2/ 45
cor cinza escura, fofa.
6
6
1 1 1 2
SOLO orgânico siltosa, cor preto,
7
7
consistência muito mole.
1 1 1 2
7,75
8
8
1/30 - 1 2/ 45
10
10
1/45 - - 1/ 45
11
11
1/45 - - 1/ 45
12
12
1/45 - - 1/ 45
14
14
PP - - PP
15
15
1/45 - - 1/ 45
16 15,65
16
9 15 15/9 30/ 24
17
17
18
18
20,70
21
39
8.9 – Perfil Geológico de Maceió
Na figura 12, tem-se o perfil geológico da cidade de Maceió (Marques, 2004), com
destaque para a região praieira e a parte alta da cidade.
40
QUESTÕES PROPOSTAS RESOLVIDAS
41
Questão 1:
42
Questão 2:
- Calcule número e profundidade de sondagens à percussão com SPT para uma área
circular com diâmetro de 30 metros, na qual será construído um edifício de 25 pavimentos.
(Obs: considere nesta e em outras questões que precisarem uma carga de 12kN/m2 por
pavimento)
Solução: Sendo a área a ser carregada, 706,50m2, a NBR 6484/80, recomenda 4 furos.
Se for uma região (cidade, bairro, etc.) em que as camadas são homogêneas e contínuas no
sentido horizontal e tendo-se muitos furos de sondagem na vizinhança, pode-se reduzir para 3
furos, locados de forma triangular e próximos à circunferência da área. Caso se trate de uma
área (bairro, quadra, etc.) reconhecida como tendo uma formação errática (ocorrência de
rochas de forma descontínua, principalmente no sentido horizontal, bolsões de solos moles ou
fofos, etc), deve-se, no mínimo, duplicar a quantidade de furos calculados para daí tomar uma
decisão final com relação à quantidade de furos.
q 12 × 25
= = 6 ,67
γ MB 15 × 0,1 × 30
D
Daí se tem = 1, 09 ∴ D = 1, 09 × 30 = 32 , 7 m
B
ou D = 33 metros.
43
Questão 3:
Solução: Para estruturas dessa magnitude, que transmitem grandes cargas ao terreno de
fundação, é indispensável o conhecimento da geologia local (quer sejam pontes, barragens,
edificações, etc).
O plano de sondagem para uma ponte tem diferenças importantes, comparado com ao
de outras obras. A quantidade de furos, a locação, e a profundidade deles deverão ser
executados em duas etapas:
a- Primeira Etapa: Quando se trata de uma ponte pequena, com 20 ou 30 metros de
comprimento e uns 10 metros de largura, bastam 1 ou 2 furos em cada ponto de apoio. Mas,
tratando-se de uma ponte de porte consideravelmente grande, como essa, com carga total
vertical em torno de 70.000 kN e cargas momento média que podem ser em torno de 8.000
kN.m (tanto na direção longitudinal como na transversal), as sondagens são executadas em
duas etapas. Na primeira, estima-se a quantidade de furos em função da área da ponte,
seguindo-se a orientação da norma, para se ter um conhecimento inicial do subsolo. Sendo
6.240 m2 a área dessa ponte, pode-se recomendar 11 furos (1 furo para cada 567,3 m2),
distribuído a cada 24 m, ao longo do provável eixo longitudinal da ponte. O critério para
determinação da profundidade desses furos resume-se em:
1- Conhecer a geologia local.
2- Alcançar estratos impermeáveis e de alta resistência à penetração.
3- No caso da não ocorrência do item 2, deve-se estimar com segurança, a
profundidade provável de erosão do leito do rio e atingir estratos, com um mínimo de
5 metros de espessura com STPs iguais ou superiores a 30 golpes.
44
b- Segunda etapa: Nessa etapa os furos serão locados nos pontos de pilares.
Recomenda-se um número de 2 furos para pontes de pequena largura (em torno de 10
metros). No caso de uma ponte de 26 metros de largura, recomenda-se 4 ou 5 furos em cada
ponto de apoio.
45
Questão 4:
Solução:
Se nessa área onde está localizado esse terreno, já se tem o conhecimento da não
ocorrência de solos muito moles ou muito fofos, pose-se executar metade dos furos com
profundidade de 12 metros e o restante com 21 metros.
46
- Locação: sendo 8 furos, a locação será:
30m
2m 13m 13m 2m
2m
13m
15m
60m
15m
13m
2m
Se fossem 4 furos, deveria-se locá-los nos quatro cantos, com afastamento de uns 2
metros em relação as linhas divisórias do terreno, como foi feito na figura 13.
b- Reservatório:
47
- Profundidade: Pela norma (figura 6), tem-se:
q 2 × (10 × 20 )
= = 44 , 4
γ MB 15 × 0,1 × 6
D
= 2 ,75 ∴ D = 16 ,5 m
B
- Locação: Os dois furos devem ser locados próximos aos vértices, diagonalmente
opostos.
48
QUESTÕES PROPOSTAS NÃO RESOLVIDAS
49
1- Quais os requisitos fundamentais numa sondagem de um terreno?
4- Para o caso da questão nº 6, o que fazer se, aos 6 metros de profundidade for
registrado a ocorrência de rocha.
11- Num plano de sondagem para pontes, o que se exige a mais em relação ao de um
edifício?
50
12- Num plano de sondagens para barragens, o que se exige a mais em relação as de
edifício?
6m
N.A.
30 m
29 m
51
CASOS QUE NOS ENSINAM
52
CASOS QUE NOS ENSINAM
PRIMEIRO CASO
53
eram próximos entre si e localizavam-se no lado esquerdo da parte da frente do terreno.
Diante deste fato, foi realizada uma nova campanha de sondagem, na qual os furos foram
distribuídos numa malha de 3 m por 3 m, de forma tal que esta malha cobria todo setor dos
furos que apresentaram as anomalias, em comparação com os demais. A área deste setor era
aproximadamente um retângulo de 30 m x 40 m. Essas sondagens revelaram um leito de um
antigo riacho que desaguava na Lagoa da Anta, localizada próximo ao empreendimento.
A presença dessa camada de solo orgânico próximo à superfície implicou nova
concepção do projeto das fundações dos blocos residenciais atingidos pelo leito do antigo
riacho que, por sorte, foram apenas dois. As fundações que seriam corridas, assentadas na
profundidade de uns 60 cm, passaram para fundações profundas apoiadas sobre estacas pré-
moldadas. O custo destas estacas, mais vigas e blocos de coroamento em concreto armado,
que compõem toda infra-estrutura necessária a esse tipo de fundação, inviabilizou
financeiramente a construção dos dois blocos envolvidos no problema.
A solução foi transformar os blocos atingidos, que eram do tipo “caixão”, com 16
apartamentos (4 por andar), em edifícios de 10 pavimentos com 40 apartamentos, cada. E
assim, o custo total das fundações foi diluído no valor de 40 apartamentos ao invés de 16.
Deste episódio ficou a lição de que a sondagem do terreno deve ser executada antes de
qualquer planejamento e elaboração de projetos edificações, especialmente quando a área é
pouco conhecida geotecnicamente.
SEGUNDO CASO
54
A prefeitura gastou o que tinha e o que não tinha para elaboração desses projetos e a
execução da estrada de acesso à área de implantação do conjunto, que era uma exigência do
órgão financiador. Quando todos os projetos estavam prontos o engenheiro da Caixa
perguntou como o projeto e cálculo das fundações haviam sido feitos sem o conhecimento
geotécnico do subsolo da área. Como resposta, disseram que achavam não ser necessário se
preocupar com as fundações porque as casas não tinham lajes e, portanto, as cargas que
seriam transmitidas ao terreno de fundação seriam muito pequenas e qualquer solo as
suportaria. O engenheiro retrucou: sem a sondagem geotécnica de toda a área o financiamento
não seria liberado. A prefeitura não teve outra saída senão providenciar a sondagem exigida
pelo órgão financiador.
Os serviços de sondagem foram realizados e o resultado mostrou que era absolutamente
inviável a construção de tal conjunto naquela área, palas razões seguintes:
1- A partir de 0,50m até uns 10m de profundidade, havia a ocorrência de uma argila
muito mole, de resistência considerada zero (o barrilete amostrador descia livremente sob o
efeito do peso próprio das hastes e do “peso de bater”, isto é, o SPT era igual a zero golpes
para penetração de muito mais do que os 30 cm padronizados).
2- Por ser uma área muito baixa, havia, no projeto de Infraestrutura, um aterro de 2
metros, para atender as condições de drenagem. Ora, só a carga deste aterro, algo em torno de
35 kN/m2 (3,5 ton/m2), geraria recalques elevadíssimos e consequentemente, enormes
rachaduras nas casas, porque o aterro não desceria uniformemente. A eliminação desse aterro
seria inviável, pois o lençol freático ocorria numa pequena profundidade (uns 80 cm) e as
obras de drenagem de toda a área custaria 3 o 4 vezes mais do que o valor orçado.
3- O pré-adensamento dessa camada orgânica com a utilização de um aterro provisório,
executado sobre o aterro fixo, com permanência de pelo menos um ano seria também inviável
pois, além de ser caro, o prefeito tinha muita pressa para entregar o conjunto residencial à
população.
4- Estaqueamento não resolveria, porque o problema maior não era o peso das casas e
sim o do aterro.
5- Por fim, tinha-se uma solução não convencional, que seria de estruturar as casas da
forma a se ter, uma verdadeira gaiola. Isto é, vigas horizontais no nível do piso e do pé direito,
e verticais nos encontros de paredes. E aumentar a espessura do aterro para uns 2,80 metros,
prevendo-se um recalque de uns 80 cm. O sistema de drenagem deveria ser projetado e
55
executado de tal forma a acompanhar toda essa deformação. É claro que essa solução também
não resolveria por ser muito cara e dificilmente seria aceita pelo órgão financiador.
6- No final em decorrência dos resultados da sondagem concluiu-se que a construção de
um conjunto residencial de casas populares naquele terreno não seria possível, pois que, o
custo por unidade residencial seria 4 a 5 vezes superior o valor normal de mercado.
Deste caso ficou a lição que não se pode projetar nenhum tipo edificação, numa área
totalmente desconhecida geotecnicamente, sem antes ter em mãos as informações completas
do subsolo.
TERCEIRO CASO
CASAS EM MANGABEIRAS
Nos dias de hoje, são raros os profissionais da engenharia civil que subestimam a
importância de uma sondagem. Entretanto, não faz muito tempo em que havia engenheiros
que achavam desnecessário sondar o terreno (até mesmo para estruturas de 4 ou 5
pavimentos) e outros que, faziam a sondagem mas, quando os resultados não lhes satisfaziam,
desconsideravam e adotavam situações suicidas como se as informações constantes no
relatório da sondagem executada fossem fantasiosas.
Há vários casos a relatar de obras que tiveram graves problemas devido a pouca (ou
nenhuma) importância que não foi dado às sondagens. Evidentemente que não vamos citar
nomes de profissionais nem de empresas envolvidos nos problemas, por motivos óbvios.
Este caso trata-se de umas casas construídas entre os anos de 1979 a 1981, numa rua
transversal à Av. Gustavo Paiva, no trecho situado entre a Sococo e a Bomba da Marieta. Essa
rua liga a citada avenida ao Riacho do Sapo.
O terreno sondado destinava-se à construção de umas 10 casa e foram executados 6
furos de sondagem. Os resultados mostraram que, em 70% do terreno, tinha-se a ocorrência
de uma camada de solo orgânico muito mole de baixíssima resistência que iniciava próximo à
56
superfície e tinha espessura variável entre 3 e 8 metros, aproximadamente. Quanto mais
próximo do Riacho do Sapo, maior era a espessura da camada ruim.
Naquela época, a empresa de sondagem fornecia um parecer técnico por conta do valor
da sondagem. Esse parecer propôs duas soluções: primeira, fazer um pré-adensamento do
terreno (na área ruim) colocando-se, provisoriamente, um aterro com uns 2,5 metros de altura,
por um período de 1 ano e depois retirar esse aterro e construir as casas sem problemas; a
segunda solução proposta foi o estaqueamento. Evidentemente que qualquer uma das duas
soluções era onerosa.
O construtor, com a anuência do seu engenheiro responsável técnico, resolveu
desconsiderar a sondagem com o respectivo parecer técnico e construiu as casas como se o
terreno não tivesse nenhum problema.
Em menos de um ano após a construção das casas, as fissuras começaram a aparecer.
Seis meses depois, essas fissuras tornaram-se rachaduras. A situação se tornou insustentável
porque a cada dia as rachaduras aumentavam, a ponto de muitas das casas terem de ser
escoradas. As casas, quase todas, eram financiadas e o construtor teve de fazer reforço das
fundações com estacas metálicas. Os custos financeiros de recuperação dessas casas,
provavelmente, ficaram mais caro do que o valor das próprias casas. A construtora faliu e o
engenheiro responsável técnico da obra, “comeu o pão que o diabo amassou”. Ficou a lição
que sondagem é coisa séria.
QUARTO CASO
FABRICA DE GELO
Este foi mais um caso, em que o engenheiro tinha nas mãos os resultados das sondagens
do terreno e um parecer técnico de um engenheiro especializado em engenharia de fundações,
e preferiu seguir as orientações do dono da obra, que era um comerciante que vendia gelo e
isopor, e de um mestre de obras.
57
Esse foi um problema de fundações que ocorreu há vinte anos (aproximadamente), com
um prédio destinado a uma fábrica de gelo, construído no bairro da Levada, nas imediações
do Mercado da Produção.
O terreno era pequeno.Tinha um formato trapezoidal, alongado (quase triângulo). Sua
maior dimensão, não passava dos 20 metros e largura média era em torno dos 10 metros.
Os dois furos de sondagem mostraram que o perfil do subsolo do terreno era constituído
por uma camada de areia com espessura média de 1,50m, seguida de uma camada de argila
orgânica turfosa, de resistência próxima de zero, que numa extremidade do terreno tinha
espessura de 6 metros e, na outra, 18 metros de espessura. Como essa variação de espessura
ocorria numa distância horizontal de menos de 20 metros, tinha-se, portanto a pior situação
para qualquer tipo de fundações, que não fossem profundas. Abaixo da camada orgânica
turfosa, ocorria areia grossa de boa compacidade.
Evidentemente foi recomendado que a estrutura fosse apoiada sobre estacas de
comprimentos variáveis entre 10 e 25 metros.
O dono de obra, assustado com a solução das fundações sobre estacas, convenceu o
engenheiro responsável técnico a conversar com um mestre de obra de sua confiança. O tal
mestre, que já havia construído umas casinhas para o comerciante, trocou ideias com o
engenheiro (que tinha a engenharia como “bico”, pois na época, tinha excelente salário como
funcionário federal) e resolveram executar fundações superficiais, tipo vigas de concreto
armado de seção 50cm x 80cm, apoiadas na profundidade de 80cm. A partir dessas vigas,
ergueu-se verdadeira gaiola com vigas em várias direções, com altura de até 1,10 metro e
largura de 30cm. Tudo isto para uma estrutura de apenas 1 térreo mais dois pavimentos.
É claro que a estrutura adotada piorou em muito a situação, pois resultou em cargas
muito altas para o terreno e, com isso, o recalque, ou melhor, o afundamento foi muito maior
que o esperado para uma estrutura simples. Como era uma estrutura extremamente rígida, ela
começou gradativamente, ao longo dos anos, a adernar (inclinar-se assustadoramente) de tal
forma que o recalque diferencial entre as extremidades passava dos 35cm. Por ser uma
estrutura muito rígida, não havia uma só fissura nas paredes.
Para não perder todo o prédio, o proprietário demoliu os dois pavimentos superiores
ficando apenas o pavimento térreo. Somente assim, o prédio parou de adernar e se estabilizou
em pouco tempo.
58
O detalhe é que o valor do volume de concreto daria para executar dois estaqueamentos
e ainda sobrava dinheiro! Ficou a lição para o engenheiro (e outros) de que os ensinamentos
ministrados, nos cursos superiores, devem ser visto com muita seriedade!!!
QUINTO CASO
59
Como solução recomendada, o engenheiro cortou vigas e lajes que ligavam as estruturas
nova e velha, executando novos pilares. Os recalque continuaram acontecendo, de forma
uniforme, com aparecimento de fissuras menores. Mas a solução definitiva foi o reforço das
fundações.
O hilário foi quando os proprietários do imóvel perguntaram ao engenheiro por que ele
havia executado fundações rasas, quando todo prédio já existente era apoiado sobre estacas, e
ele respondeu: “Porque eu não sabia que o terreno era ruim e vocês não me disseram que o
antigo prédio estava apoiado sobre estacas!!!”.
60
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
1- ABGE (vários autores) – Geologia de engenharia. São Paulo. Oficina de Textos, 1998.
2- ABMS/ABEF, (vários autores). Fundações: teoria e prática, 2ª ed. São Paulo: Editora Pini,
1998.
3- ABNT – NBR 9604/86.
4- ABNT – NBR 9820/97.
5- ABNT – NBR 9603/86.
6- ABNT – NBR 12069/91 (Antiga MB – 3406/91).
7- ABNT – NBR 6484/1980.
8- AOKI, N., VELLOSO, D.A. An approximate method to estimate the bearing capacity of
piles. Proc., 5th PCSMFE, Buenos Aires, vol. I, pp. 367-376, 1975.
9- BELICANTA, A, Avaliação dos Fatores Intervenientes no Índice de Resistência à
Penetração do SPT. São Carlos: USP, 1998. (Tese)
10- DANZINGER, F.A.B.& VELLOSO, D.A. “Correlações entre SPT e resultados de
penetração contínua”, in: VIII Cong. Brás. Mec. Solos Eng. Fund, 6, 103-113. Porto
Alegre, 1986.
11- DANZINGER, F.A.B.& VELLOSO, D. “Correlation between CPT and SPT for some
Brazilian Soils”, in: Int. Symp. Pent. Testing, CPT95, 1, 155-160. Linkoping, Suécia,
1995.
12- DÉCOURT, L e Quaresma Filho, A. “Pactical Applications of the Standard Penetration
Test Complemented by Torque Measurements, SPT-T; Present Stage and Future Trends”.
Proc. of XIII ICSMFE, Vol. 1, pp. 143-146, New Delhi, 1994.
13- DÉCOURT, L. e Quaresma Filho, A. The SPT-CF, An improved SPT, Proc. SEFE II,
Vol. 1, pp 106-110, São Paulo, 1991.
14- De Mello, V.F.B. (1967). “Considerações sobre os ensaios de penetração e sua aplicação
a Problemas de Fundações Rasas”. University Thesis.
15- De Mello, V.F.B. (1971) “The Standard Penetration Test”. State of the Art. Iv PCSMFE,
pp. 1-86, Porto Rico I.
16- FLODIN, N. e BROMS, B. Soft clay engineering. Amsterdã: E.W. Brand and R.P.
Brenner. Eds. Elsevier, 1981.
61
17- MARQUES, J.A.F. – Execução e Previsão de Capacidade de Carga de Estacas Rotativas
Injetadas. São Carlos: USP, 1997. (Tese)
18- MARQUES, J.A.F. – Estudos de Estacas Escavadas de Pequeno Diâmetro, com Bulbos,
Instrumentadas em Profundidade, em Terrenos Sedimentares. São Paulo: USP, 2004.
(Tese)
19- MARQUES, A.G., MARQUES, J.A.F, MARQUES, R.F. – “Primeiras Análises entre o
SPT Convencional e um SPT Equivalente”, in: XVII Congresso Brasileiro de Mecânica
dos Solos e Engenharia Geotécnica, Goiânia, 2014. (Artigo)
20- MILITITSKY, J. & SCHNAID, F. “Uso do SPT em Fundações – Possibilidades e
Limitações, Avaliação Crítica”, in: XXVII Jornadas Sulamericanas de Ingeniería
Estructural. Vol. 6., 125-138. Tucuman, Argentina, 1995.
21- PECK, R.B., HANSON, W.F. & THORNBURN, T.H. Foundation Engineering. New
York: Wiley, 1953.
22- RANZINI, S.M.T. “SPTF”. Revista Solos e Rochas, Vol. 11, pp 29 – 30, 1988.
23- SCHNAID, F. Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de fundações – São
Paulo: Oficina de Textos, 2000.
24- U.S. Navy, 1986, Desing Manual NAVFAC 7, Naval Facilities Engineering Command,
U.S. Government Printing Office, Washington.
25- VELLOSO, D.A. & LOPES, F.R. Fundações, vol.I. Rio de Janeiro: COOPE-UFRJ,1996.
62
ANEXO
(Artigo publicado no XVII Congresso Brasileiro de Mecânica dos
Solos e Engenharia Geotécnica - COBRAMSEG 2014)
63
Primeiras Análises entre o SPT Convencional e um SPT
Equivalente
1 INTRODUÇÃO
8
inferior, um coxim de madeira, para evitar o impacto do aço (do martelo) com o da cabeça de
bater de 3,6kg (figura 1). O levantamento e soltura do martelo, segundo essa norma, se faz
com corda de sisal, operada normalmente por dois homens, através de uma roldana fixada à
torre de sondagem. Ainda de acordo com a NBR 6484, as hastes utilizadas na perfuração
devem ter 3,23kg por metro linear e serem lineares (sem empenamentos).
Figura 1. Sistemas de martelos propostos pela Norma Brasileira NBR 6484. Belincanta et al.
(1998).
Há vários fatores que determinam a energia que efetivamente é transferida ao solo através do
barrilete amostrador do SPT. Muitos trabalhos tratando dessa matéria já foram publicados.
Entre eles pode-se relacionar: Schnaid (2009); Odebrecht (2004); Odebrecht (2003);
Cavalcante (2002); Belincanta e Ferraz (2000); Aoki e Cintra (2000); Milititsky e Schnaid
(1995); Clayton (1993); Skempton (1986), Schmertmann e Palacios (1979).
Belincanta e Ferraz (2000), destacam três grupos de fatores que influem no valor do
índice de resistência à penetração NSPT:
1- Aqueles que interferem na energia dinâmica que é transferida às hastes de cada
golpe do martelo, que chega ao amostrador.
2- Aqueles que interferem nas condições materiais do solo, quanto a profundidade e no
momento da cravação do amostrador.
3- Aqueles referentes ao intervalo de penetração do amostrador, considerando um
determinado Nspt.
Nesse trabalho eles determinaram e analisaram médias de energias efetivas transferidas
ao solo, considerando tão somente os fatores citados no primeiro grupo, tais como: uso de
9
cabo de aço para içar o martelo e de corda de sisal; acionamento manual e com disparador de
gatilho; martelos cilíndricos do tipo vazado e do tipo com pino guia; acionamento através de
roldana fixa e roldana móvel; cabeças de bater de massa variada; martelo com coxim de
madeira e sem coxim e finalmente martelo importado com acionamento automático.
Para o cálculo da energia efetiva (Eef) foi considerado uma composição de hastes com
14 metros, energia teórica de referência internacional, E = 63,5kg x 9,81 (m/s2) x 0,76m =
474J. As energias dinâmicas transferidas às hastes foram obtidas com o sistema de aquisição
de dados do tipo IPT e aplicando a fórmula:
(1)
Onde:
c: Velocidade de propagação da onda (5.120m/s);
E: Módulo de elasticidade do aço;
A: Área da seção transversal das hastes.
(2)
10
Tabela 1. Resumo de eficiências de energias dinâmicas referentes à primeira onda de compressão
incidente e extrapolada para 14m de comprimento da composição, martelo cilíndrico, com
coxim de madeira e cabeça de bater normal de 3,6kg.
(3)
Onde:
∆EPGm + h: Variação da energia potencial;
∆d: Penetração do amostrador para 1 golpe;
Mm: Massa do martelo (65kg);
g: Aceleração da gravidade (9,81m/seg);
Mh: Massa das hastes (3,23kg/m).
11
Odebrecht et al. (2004) inseriram na equação 3, três coeficientes de eficiência, n1, n2 e
n3 :
(4)
Onde:
n1 = 0,76: referente as perdas por atrito do cabo de içar o martelo com a roldana, perdas
no golpe, estado do cabo, tipo de martelo, etc, isto é, todas as perdas que tem a ver com o
golpe do martelo;
n2 = 1: referente à eficiência da haste;
n3 = 1 - 0,0042 L: referente à eficiência do sistema, onde l é o comprimento da haste.
A empresa de geotecnia que deu todo suporte para realização dessa pesquisa, sondou 94
terrenos, numa média de 5 furos por terreno. Desse total, 92 terrenos situam-se na cidade de
Maceió que tem 510,66km2, e os outros localizam-se em 2 municípios vizinhos (Marechal
Deodoro e Rio Largo).
Maceió e os dois municípios citados, estão contidos na área da bacia sedimentar
Sergipe-Alagoas. Toda essa área, em que situa-se Maceió e os outros dois municípios, tem a
parte baixa e a alta, cuja a diferença altimétrica média é de 40 metros, aproximadamente. Na
parte baixa, têm sedimentos não consolidados do Quaternário, com espessura média de 70
metros e na parte alta, os sedimentos são do Terciário, que constituem a Formação Barreira,
de espessura média em torno de 100 metros.
Abaixo desses sedimentos, das partes baixa e alta, ocorre uma sucessão de rochas
sedimentares, tais como: Arenito, conglomerados, Folhelho Argiloso e/ou Síltico, e Calcários.
Em áreas localizadas tem-se a ocorrência de evaporitos (Salgema). Todo esse pacote de
rochas tem espessura média superior a 3000 metros, aproximadamente (Lima, 1990).
Os perfis geotécnicos típicos das partes baixas e altas são os apresentados nas figuras 2
e 3, respectivamente. Os dois municípios citados (Marechal Deodoro e Rio Largo) têm na
parte baixa perfis geotécnicos semelhantes ao da figura 2.
12
PROF.
TIPOS DE SOLO
(m)
0
1 Areias puras ou siltosas, fofas a média
N.A. 2 compacidade, cor cinza, SPTs médios de 2 a 15.
3
4 Areias puras ou siltosas de média a compacta,
5 SPTs médios de 15 a 60.
6 Siltes ou areias finas, pouco argilosos, fofos a
7 medianamente compactos, SPTs de 2 a 10.
8 Areias médias a muito compactas, SPTs de 15 a
9 60, até profundidade médias de 12 a 20 metros.
Figura 2. Perfil geotécnico generalizado da parte baixa de Maceió.
PROF.
TIPOS DE SOLO
(m)
0
Argilas arenosas ou siltosas ou areias.
1
2
3 Argilas com silte, de consistência mole a média,
4 SPTs médios de 2 a 9, cor variáveis.
5
6 Argilas ou areias argilosas, com ou sem pedre-
7 gulhos, cor variavéis, de consistência média a
8 dura, SPTs de 12 a 50.
9
Figura 3. Perfil geotécnico generalizado da parte alta de Maceió, Marechal Deodoro e
Rio Largo.
A empresa que colaborou com esse trabalho de pesquisa, fornecendo os perfis de sondagem,
tem procedimentos e equipamentos que emprega na execução das sondagens, que são os
seguintes:
- Martelo, tipo vazado, cilíndrico de 65kg (massa), sem coxim de madeira.
- Martelo içado com corda de sisal, por meio de roldana fixa. A corda era normalmente
usada e nem sempre corria folgada na roldana.
- Cabeça de bater de cilíndrica de 0,5kg; hastes de 3,23kg por metro linear.
13
- Tubos de revestimento com diâmetro interno de 75mm, que quase sempre revestiam
apenas o primeiro metro da perfuração e também servia de tubo guia.
- O barrilete amostrador e os procedimentos de execução para obtenção do SPT seguiam
as recomendações da NBR 6484/01.
- Obtia-se sempre o SPT na superfície do terreno. O sondador segura ou equilibra o
amostrador e os outros dois sondadores aplicam os golpes.
- Após a execução do ensaio do SPT na superfície, o tubo de revestimento era cravado
até a profundidade de 1 metro. Em seguida, era retirado solo de dentro do tubo por meio
da circulação do fluído de perfuração. Após essa limpeza, procedia-se o ensaio do SPT,
a 1 metro de profundidade.
O ensaio do SPT equivalente é executado seguindo-se as mesmas etapas e
procedimentos do ensaio do SPT convencional. A única diferença entre eles é que a massa do
martelo do SPT equivalente é a metade da massa do martelo do SPT clássico, isto é 32,50kg.
As figuras 4 e 5, mostram a execução do SPT equivalente (SPTeq) e detalhes do martelo.
14
Pode se ver que o martelo tem duas alças que servem para dois homens içarem o peso,
de forma direta. É desnecessário o uso da corda e da roldana. Esse detalhe permite que se
façam testes de resistência à penetração em locais onde transportar e armar uma torre de
sondagem é praticamente impossível, conforme mostram as figuras 4 e 5.
Com o objetivo de se obter uma relação entre o SPT convencional (SPTc) e o SPT equivalente
(SPTeq), em todos 94 terrenos sondados (no período de 2010 a 2014) foi executado um furo de
sondagem com obtenção do SPTeq. Esse furo era locado a um metro de distância de um dos
furos que fazia parte do total de furos projetados para aquele determinado terreno.
Em função da relação entre o peso do martelo do SPTeq e do peso das hastes (3,23kg
por metro) foi estabelecida uma profundidade de perfuração para as sondagens com
determinação do SPTeq de 8 metros.
Devido à ocorrência de estratos a pouca profundidade (4 a 6m), impenetráveis ao SPT,
entre as análises das relações entre o NSPTeq e NSPTc, apresentadas no próximo item para
profundidade de 8 metros, a amostragem será constituída por 90 valores de SPTs.
As análises apresentadas adiante, foram feitas com os SPTs nas profundidades de 2 e 8
metros. Não foi escolhida a profundidade a zero metro, porque a ocorrência de variedades de
tipos de solo e de resistências muito diferentes à penetração a um metro de distância é
considerável (ocorrência de entulhos; aterros com grande variação de resistência no sentido
horizontal; ocorrência de formigueiros, etc).
Exclui-se a profundidade de 1 metro, devido a possibilidade da ponta do amostrador
estar inicialmente posicionada numa profundidade menor do que a da ponta do revestimento.
Assim sendo elegeu-se para as análises das relações entre os SPTs (convencional e
equivalente), apresentados na tabela 2, a profundidade de 2 metros por ter a possibilidade dos
riscos citados nas profundidades zero e de um metro muito pequena, e a de 8 metros para
análises do efeito da profundidade.
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Tabela 2. Valores de k (NSPTeq/NSPTc) versus frequência (f) e NSPTc nas profundidades de 2m (94
NSPTc) e m (90 NSPTc).
Profundidade
2m 8m
k NSPTc
f f
≤1 4 9 3 a 100
1,1 2 3 28 a 90
1,2 0 1 25
1,3 1 3 3 a 75
1,4 6 5 7 a 69,2
1,5 1 7 13 a 40,9
1,6 4 2 5 a 64,3
1,7 4 2 3 a 12,9
1,8 8 5 4 a 56,3
1,9 11 3 7 a 52,9
2,0 10 8 3 a 50
2,1 1 5 12 a 28
2,2 8 5 5 a 31
2,3 1 5 9 a 31
2,4 2 3 5 a 22
2,5 2 3 4 a 28
2,6 4 0 5a7
2,7 4 1 1,5 a 13
2,8 0 3 5 a 36
2,9 4 0 7 a 22
≥3 17 17 4 a 33,3
As análises dos resultados dos ensaios SPT convencional (SPTc) e SPT equivalente (SPTeq),
são fundamentadas nos conhecimentos teóricos-empíricos que constam na literatura técnica
sobre energia efetiva transferida ao solo no ensaio do SPT. Em particular, os resultados dos
trabalhos de Odebrecht et al. (2004) e Belincanta e Ferraz (2000), serviram de base nessas
análises.
Na fórmula que será aqui estabelecida, considera-se que o ensaio do SPT é executado
com um martelo vazado, sem coxim, acionado manualmente com corda de sisal por meio de
roldana. O martelo do SPTeq tem massa de 32,5kg, é também vazado e os golpes são
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aplicados de forma ritmada (igual ao do SPT), por dois operários que levantam o martelo com
as próprias mãos (cada um segura numa alça), os 75cm de altura de queda, conforme figura 4.
b) Para SPTeq
n1 = 1,00 x 0,76 = 0,76
n2 = 1
n3 = 1 – 0,0042 L
(5)
- SPT equivalente
(6)
Onde:
(9)
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7 ANÁLISE FINAL
a) Tomando-se uma sapata com dimensões de 3,5m x 3,5m, que na prática são
dimensões limites (a exceção de alguns casos excepcionais), que apoiada numa
profundidade de 1 metro, o seu bulbo de pressão atingirá a profundidade de 8 metros.
b) O ensaio na profundidade de 8 metros, o peso das hastes mais barrilete, mais o da
cabeça de bater, somam-se 370 N (aprox.), o que corresponde a 1,14 vezes maior que
o peso de bater (325 N).
c) Pela fórmula estabelecida os valores de k a 1m e 8m, são 1,61 e 1,50, respectivamente.
A diferença é de apenas 7,1% do valor médio.
Nos trabalhos de Marques (2014) e depois Ferreira (2014), verificou-se que os valores
da relação entre o SPTeq e SPTc, obtidos nos ensaios de campo, se enquadram,
satisfatoriamente, em intervalos obtidos da seguinte forma: para o limite inferior minora-se
20% o valor de k, daquela profundidade e para o superior majora-se em até 50%. Como
exemplo, para profundidade de 8 metros o intervalo será:
1,2 ≤ k ≤ 2,3
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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overburden pressure, relative density, particle size, ageing and overconsolidation.
Géotechnique, V.3, n.1, p.72-78.
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