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Notas de Aulas de
Álgebra Linear e Geometria Analítica
14 de março de 2023
Conteúdo
Bibliograa 27
1
2 CONTEÚDO
Capítulo 1
2a 3a 4a 5a 6a Sábado Domingo
Matemática 2 3 2 4 1 4 2
História 0 3 1 4 3 2 2
Português 4 1 3 1 0 0 2
Suprimindo os títulos, camos com a seguinte colecção rectangular de números com três linhas
e sete colunas, denominada matriz, isto é,
2 3 2 4 1 4 2
0 3 1 4 3 2 2 .
4 1 3 1 0 0 2
3
4 CAPÍTULO 1. GENERALIZAÇÃO SOBRE NOÇÕES DE MATRIZES
Em outras palavras, uma matriz é uma tabela rectangular (quadro) de números, ou outo tipo
de objectos matemáticos, dispostos em m linhas (las horizontais) e n colunas (las verticais).
Neste caso dizemos que a matriz é do tipo m × n (lê-se: m por n) ou do tamanho m × n. Entende-
se aqui por tamanho da matriz a descrição do número de linhas e colunas que ela tem.
1 2 3
(ii) (é uma matriz do tipo 2 × 3, pois tem duas linhas e três colunas).
2 1 3
Uma matriz A do tipo m × n , é indicada por A = (aij )m×n ou A = [aij ]m×n , ou simplesmente
A = (aij ), onde
m indica o número de linhas,
n indica o número de colunas,
i indica o índice da linha, com i ∈ {1, 2, . . . , m},
j indica o índice da linha, com j ∈ {1, 2, . . . , n},
aij indica os coecientes ou elementos da matriz, ou seja aij é o elemento da linha i e da coluna j
da matriz A.
Genericamente , ela pode ser representada da seguinte forma:
1.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5
a a12 · · · a1n
11
· · · a2n
a21 a22
A=
.. .. . . . ..
.
. . .
am1 am2 · · · amn
Nota 1.1. Designaremos por M atm×n (R) para indicar o conjunto de todas as matrizes do tipo
m × n com coecientes em R.
Exemplo 1.2. Construir a matriz que satisfaz a seguinte condição: A = (aij )m×n , m = 2, n = 3
e aij = i + j
Solução: A matriz A é do tipo 2 × 3 e os seus coecientes são obtidos pela fórmula dada acima,
isto é, somando os índices da linha e da coluna. Genericamente a matriz A pode ser escrita na
forma
a11 a12 a13 1+1 1+2 1+3 2 3 4
A= = = .
a21 a22 a23 2+1 2+2 2+3 3 4 5
1. Matriz linha: é toda matriz que possui uma única linha, isto é, m = 1.
Exemplo 1.3.
A= 1 2 3 0 .
2. Matriz coluna: é toda matriz que possui uma única coluna, isto é, n = 1.
Exemplo 1.4.
1
A = 4 .
−5
Exemplo 1.5.
2 3 4
A= .
3 0 5
4. Matriz quadrada: é toda matriz em que o número de linhas é igual ao número de colunas,
isto é, m = n.
Exemplo 1.6.
2 −1
A= .
3 0
Nota 1.2. A ordem da matriz quadrada é n × n ou, simplesmente, n.
5. Matriz nula: é toda matriz em que todos os seus elementos são iguais a zero, isto é,
aij = 0, ∀i, j . A matriz nula indicaremos por Om×n .
Exemplo 1.7.
0 0
A= .
0 0
Denição 1.2 (Diagonal principlal e secundária). Seja A = (aij ) uma matriz quadrada de
ordem n. Os elementos aij , em que o índice da linha é igual ao índice da coluna, isto é,
i = j , constituem os elementos da diagonal principal. Os elementos aij em que a soma
dos índices é igual a soma da ordem e uma unidade, ou seja, i + j = n + 1, constituem a
diagonal secundária.
a11 a12 a13
Exemplo 1.8. Considere a seguinte a matriz: A =
a21 a22 a23 .
a31 a32 a33
Os elementos a11 , a22 , a33 constituem a diagonal principal, ao passo que os elementos a13 , a22 , a31
formam a diagonal secundária.
Denição 1.3 (Traço). Seja A = (aij ) uma matriz quadrada de ordem n. Denomina-
se traço da matriz A, a soma dos elementos da diagonal principal da matriz A, o qual
indicaremos por tr(A), ou seja,
Exemplo 1.9. Se
2 3 4
A = 3 0 5 ,
−4 1 6
6. Matriz diagonal: a matriz quadrada A = (aij ) de ordem n tal que os elementos aij = 0,
quando i 6= j , é chamada matriz diagonal, ou seja, é toda a matriz quadrada em que os
elementos que não pertencem a diagonal principal são todos iguais a zero.
Exemplo 1.10.
2 0 0
A = 0 5 0 .
0 0 6
1 0
(b) I2 = (matriz identidade de ordem 2);
0 1
1 0 0
(c) I3 = 0 1 0 (matriz identidade de ordem 3), etc.
0 0 1
8. Matriz triangular superior: é a matriz quadrada em que são nulos todos os elementos
abaixo da diagonal principal, ou seja, aij = 0, para i > j .
8 CAPÍTULO 1. GENERALIZAÇÃO SOBRE NOÇÕES DE MATRIZES
Exemplo 1.12. √
2 −3 5
A = 0 1 .
5
0 0 6
9. Matriz triangular inferior: é a matriz quadrada em que são nulos todos os elementos
acima da diagonal principal, ou seja, aij = 0, para i < j .
Exemplo 1.13.
2 0 0
A = 1 5 0 .
4 7 1
11. Matriz simétrica: uma matriz quadrada é simétrica se for igual a sua transposta, ou seja,
A = AT .
2 1 2 1
Exemplo 1.15. A matriz A = é simétrica, visto que AT = = A.
1 5 1 5
1 Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais se e somente se, são do mesmo tipo e os elementos corres-
pondentes são iguais.
Assim, se A = (aij )m×n e B = (bkl )p×q , então A = B se e só se (m = p, n = q e aij = bkl ).
1
1 0, 5 1
Exemplo 1.17. As matrizes A = e B = √2 são iguais, já que têm a
0 2 1 4
mesma ordem e os seus elementos correspondentes são iguais.
2 Adição de matrizes
A adição de duas matrizes A e B do mesmo tipo m × n, é a matriz designada por A + B , do
mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos dois elementos correspondentes em A e B .
Assim, se A = (aij )m×n e B = (bij )m×n , então A + B = (aij + bij )m×n .
1 0 −2 2 5 0
Exemplo 1.18. Se A = eB= , então
3 2 4 1 3 −1
1 0 −2 2 5 0 3 5 −2
A+B = + = .
3 2 4 1 3 −1 4 5 3
−1 −4
(b) −A = (−1)A = 0 −2 .
3 −5
Nota 1.3 (Diferença de matrizes). A diferença entre duas matrizes A e B denotaremos por
A − B , e deniremos como se segue: A − B = A + (−B).
Assim, se A = (aij )m×n e B = (bij )m×n , então A − B = (aij − bij )m×n .
4 1 2 3
Exemplo 1.20. Se A = eB= , então
3 −2 1 3
4 1 2 3 2 −2
A−B = − = .
3 −2 1 3 2 −5
4 Multiplicação de matrizes
Dadas duas matrizes A = (aij )m×n e B = (bik )n×p . Chama-se matriz produto de A por B ,
denotada por A · B , a matriz C = (cik )m×p , cujos elementos são obtidos pela fórmula:
n
X
cik = ai1 · b1k + ai2 · b2k + · · · + ain · bnk = aij · bjk ,
j=1
(a) A + B = B + A (Comutativa).
(b) (A + B) + C = A + (B + C) = A + B + C , (Associativa).
(b) a(A + B) = aA + bB .
(d) 1 · A = A.
4 1 2 3
Exemplo 1.22. Considere as seguintes matrizes: A = e B = . Achar
3 −2 1 3
X = 2A + 3B. Temos:
4 1 2 3 8 2 6 9 14 11
X = 2A + 3B = 2 + 3 = + = .
3 −2 1 3 6 −4 3 9 9 5
(a) A · O = O · A = O.
Denição 1.4. As equações que envolvem matrizes ou cujas incógnitas são matrizes denominam-se
equações matriciais.
−3 1 0 3
Exemplo 1.23. Considere as seguintes matrizes: A = e B = . Resolva a
0 −2 1 2
seguinte equação matricial: 4X + 3B = −A + 2X .
Solução: Agrupando as matrizes semelhantes, temos:
4X − 2X = −A − 3B
2X = −A − 3B
1
X = (−A − 3B)
2
1 −3 1 0 9
= − −
2 0 −2 3 6
3
1 3 −10 −5
= = 2 .
2 −3 −4 − 32 −2
Denição 1.5. Sejam A e B duas matrizes quadradas de ordem n. Diz-se que A e B são matrizes
permutáveis se e só se A · B = B · A. Nestas condições dizemos que A e B comutam.
a b d −b
Exemplo 1.24. As matrizes A = e A = são permutáveis (ou comutam),
c d −c a
porque
ad − bc 0
A·B =B·A= .
0 ad − bc
1.2. OPERAÇÕES COM MATRIZES 13
Exemplo 1.25. Se
0 −1
A= ,
1 0
então
0 −1 0 −1 −1 0
A2 = A · A = · = .
1 0 1 0 0 −1
4 Propriedades da transpostas
Sendo A e B matrizes (cujos tamanhos são tais que se podem fazer as operações indicadas),
valem as seguintes propriedades:
T
(a) AT = A.
(b) (A ± B)T = AT ± B T .
(e) (A · B)T = B T · AT .
5 Propriedades da potência
Sejam A e B matrizes quadradas de mesma ordem, temos:
k=0
k
n n!
onde = , ∀ k, n ∈ N, 0 ≤ k ≤ n.
k k!(n − k)!
14 CAPÍTULO 1. GENERALIZAÇÃO SOBRE NOÇÕES DE MATRIZES
p(x) = am xm + · · · + a1 x + a0 (1.1)
p(A) = am Am + · · · + a1 A + a0 I
ONDE I é a matriz identidade de ordem n. Em outras palavras, p(A) é a matriz de ordem n que
se obtem de (1.1) pela substituição de x por A e a0 por a0 I .
−1 2
Exemplo 1.27 (Polinómio matricial). Se p(x) = 2x2 − 3x + 4 e A = então
0 3
Denição 1.7. Dada uma matriz quadrada A, de ordem n. Diz-se que A inversível se existir
uma matriz quadrada B , de mesma ordem, que satisfaça a condição: A · B = B · A = I.
1. (A−1 )−1 = A.
−1
2. (A−1 )T = AT .
1 −1
3. (kA)−1 = A , com k ∈ R, k 6= 0.
k
4. (A−1 )m = (Am )−1 , onde m é um número inteiro não negativo.
16 CAPÍTULO 1. GENERALIZAÇÃO SOBRE NOÇÕES DE MATRIZES
5. (A · B)−1 = B −1 · A−1 .
Denição 1.8. Se A é uma matriz inversível e m é um inteiro não negativo, então A−m se dene
por
A−m = (A−1 )m = (Am )−1
Exemplo 1.30. Resolva a seguinte equação matricial (suponha que as matrizes envolvidas são
tais que todas as operações indicadas estejam denidas): AT X −1 = B 2 .
Solução: Existem muitas formas de procedimento aqui. Uma delas é a seguinte:
−1 T −1 −1
AT X −1 = B 2 =⇒ AT · A X = AT · B2
−1 T −1
=⇒ AT · A · X −1 = AT · B2 (Prop. 3 b))
−1
=⇒ I · X −1 = AT · B2 (pela denição de inversa)
−1
=⇒ X −1 = AT · B2 (Prop. 3 d) )
h i−1
−1 −1 T −1 2
=⇒ X = A ·B
2 −1
h i−1
T −1
(Teorema (1.2) a) e e) )
=⇒ X= B · A
2. Adicionar à uma linha (ou coluna) a outra multiplicada com um número não nulo.
2. Lr → k Lr (a linha r foi substituída por ela própria multiplicada pela constante não nula k );
1.3. MATRIZES INVERSÍVEIS 17
Denição 1.10. Uma matriz de ordem n diz-se matriz elementar se pode ser obtida a partir da
matriz identidade In por meio de uma única operação elementar sobre linhas. Denotaremos uma
matriz elementar por E .
Denição 1.11. Dada uma matriz A. Diz-se que uma matriz B , da mesma ordem, é equivalente
à matriz A, e se representa por B ∼ A, se for possível transformar A em B por meio de uma
sucessão nita de operações elementares.
Qualquer matriz quadrada A, de ordem n, não singular, pode ser transformada na matriz
equivalente In , por meio de uma sucessão nita de operações elementares.
Como se vê, a matriz A, por meio de uma sucessão nita de operações elementares, foi trans-
formada na matriz equivalente I .
Teorema 1.3. Se A é uma matriz inversível, então existe uma sequência nita de operações
elementares que torna a matriz A igual a matriz identidade I. Estas mesmas operações aplicadas
ao mesmo tempo em A e I transforma I em A−1 .
As operações elementares (sucessões nitas) que permitem transformar qualquer matriz qua-
drada à uma matriz identidade, servem de base na determinação da inversa de qualquer matriz da
1.3. MATRIZES INVERSÍVEIS 19
mesma ordem. Este processo de cálculo da inversa chama-se método de condensação. Procedemos
da seguinte forma (no caso de uma matriz A):
(i) Coloca-se, ao lado da matriz A, uma matriz I , separada por um traço vertical;
(ii) Transforma-se, por meio de operações elementares, a matriz A numa matriz I , aplicando-se
simultaneamente, à matriz I , colocada ao lado de A, as mesmas operações elementares.
Simbolicamente, temos:
(A | I) → operações elementares → (I | A0 ),
de modo que,
A−1 = A0 .
1 Para controlar a alimentação, uma pessoa faz uma pesquisa sobre a quantidade de energia
e de proteínas presentes em 100 gramas de alguns tipos de carne. Constatou que 100 g de
lé de frango grelhado tem 159 kcal de energia e 32 g de proteínas; a sardinha assada tem
164 kcal de energia e 32, 2 g de proteínas; e o contralé grelhado tem 278 kcal de energia e
32, 4 g de proteínas.
(b) Escreva uma matriz correspondente a essa tabela. Qual é o tipo dessa matriz?
4 Dadas as matrizes:
1 4 −3 2 4 3 −2 0 7
A= , B = , C = .
4 2 0 5 2 1 5 6 1
Calcule:
5 Considere as matrizes:
1 2 −3 3 −1 2 4 1 2
A = 5 0 3 , B = 4 2 5 , C = 0 3 2 .
1 −1 1 2 0 3 1 −2 3
Calcule:
−2 x 1 −1
(c) Determine o valor de x para que o produto das matrizes A = eB =
3 1 0 1
seja uma matriz simétrica.
7 Considere as matrizes:
2 1 2 3 2 5
A= , B = , C = .
5 2 0 −2 1 −3
8 Dadas as matrizes:
−2 1 0
1 2 3 2 4 3 1 0
A= , B = 3 , D = 2 −1 , E = 3 −1 , F =
, C = .
2 1 −1 5 2 1 0 1
1 1 2
9 Considere as matrizes:
1 2 1 5 2 6 1 3
4 −1 1 4 2
A = 2 , B = , C = , D = −1 0 1 , E = −1 1 2 .
1
0 2 3 1 5
3 0 3 2 4 4 1 3
10 Considere as matrizes:
2 −3 −5 −1 3 5 2 −2 −4
A = −1 4 , B = 1 −3 −5 , C = −1 3 4 .
5
1 −3 −4 −1 3 5 1 −2 −3
Mostre que:
(a) AB = BA = O, AC = A e CA = C.
(b) Use os resultados de (a) para mostrar que:
2 1 3
13 Dada a matriz A = 1 −1 2. Mostre que A3 − 2A2 − 9A = 0.
1 2 1
(a) A2 , A3 , . . . , A7 .
[1] B. David Poole (2011). Álgbra lineal, Una introducción moderna. 3a ed, Cengage Learning
Editors, México.
[2] Howard Anton (2001). Álgebra linear com aplicações. 8a ed, Porto Alegre: Bookman.
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