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Abolição do tráfico de escravos em Angola

A utilização de mão-de-obra nativa constituiu, sem dúvida, um dos problemas máximos


em Angola, assim como de grande parte dos países africanos, traduzindo-se em séculos de
escravatura, desmembramento cultural, social e humano das populações e sua sobrevivência.
utóctones destes países, em favor do enriquecimento das potencias colonizadoras.

Em 1810, Portugal assume a primeira obrigação internacional no sentido da restrição do


trafico de escravos, o qual se processou em várias fases.

Com a publicação do decreto de 10-12-1836 (devido ao entu siasmo de Sá da Bandeira),


que proibia a exportação de escravos, por mar ou por terra, em todos os dominios portugueses
situados ao norte e ao sul do Equador.

Em 1854, surge a primeira grande medida contra a escravatura, onde se determinou a


obrigação do registo dos escravos no prazo de trinta dias.

Em 5 de Julho de 1856 uma lei declarava abolida a escravatura de Ambriz até ao Zaire,
insurgindo-se a Inglaterra contra o tráfico e reivindicando territórios como Malembo.

Em 28 de Julho de 1856, publica-se outro decreto determinando que os filhos de mulheres


escravas nasciam livres, ficando os senhores com direitos sobre aqueles apenas até que
completassem os vinte anos.

Finalmente, em 29 de Abril de 1858, foi publicado um decreto declarando que o estado de


escravidão seria abolido em toda a monarquia portuguesa nos vinte anos subsequentes.

A comissão mista luso-britânica

Portugal foi forcado a aceitar o que as potências dominantes de então acordaram entre si;
abolir o transporte de escravos entre as costas de Africa e das Américas, abolir por completo a
escravatura.

O protesto da Inglaterra face a escravatura e ao tráfico de escravos interteria assim na politica


colonial portuguesa, fazendo também algumas tentativas de ocupação da costa norte de
Luanda (Malembo, Cabinda e Ambriz).
Entretanto, o Brasil proclamava a sua Independência a 12 de Outubro de 1822, retirando a
Portugal a sua imensa fonte de riqueza Os portugueses então para as suas colónias de África.

Em 10 de Outubro de 1836, foi publicado o primeiro decreto abolicionista em Portugal or


Sá da Bandeira, ministro das colónias, Mas o tráfico prosseguiu, quer ao abrigo de leterminadas
decretos, quer clandestinamente.

Os armadores negreiros, pombeiros, franceses, ingleses, espanhóis e norte-americanos


continuaram a vir à costa angolana ao seu negócio.

Foi a partir de 1845 que as medidas tomadas pelo governo colonial português se tornaram
mais eficazes na repressão do contrabando escravo. O tráfico sofreu então uma baixa
considerável, fruto de medidas de força adoptadas por Portugal e de outras potências
europeias:

 A existência de um destacamento de forças novas e navios portugueses que, a partir de


Luanda, capturava alguns barcos negreiros;
 A agressividade da marinha britânica que patrulhava o litoral de Angola;
 A implementação de uma comissão mista e de um tribunal de arbitragem luso-brità-
nico em Luanda, a partir de 1844.

Contudo, foi a decisão do governo brasileiro de proibir a entrada de escravos no Brasil, em


1856, que veio interromper quase totalmente este tráfico. Mais tarde, houve uma certa retoma
declarando que o estadema e reorganização clandestina com vista a abrir vias para Cuba e o sul
dos EUA.

A institucionalização do trabalho forçado

Durante o século XIX manteve-se na colonia de Angola a escravatura interna, cuja


abortação foi muito mais tardia do que a do tráfico de escravos. O problema da escassez da
mão-de-obra na colónia, efeito de séculos tráfico de escravos, guerras, doenças, fome e
emigração para zonas fora do controlo colonial impôs o lançamento do imposto (dízimo) sobre
os africanos.

As familias europeias e africanas chegaram a ter centenas de escravos até que surgiu a
política e legislação abolicionista.
Em 1856, libertados os escravos pertencentes as câmaras municipais, assim como os que
pertenciam ao estado colonial foi reconhecido e direito à liberdade dos filhos de mulheres
escravas.

Em 1858, foi determinado que nesse mesmo ano ficaria abolido o estado de escravidão
devendo o estado indemnizar os seus proprietários. Esta medida não alterou substancial-
mente a situação da população escrava, já que muito embora não tivessem o estatuto de
escravos, eram obrigados a prestar servicos aos seus ex-proprietários, estando portanto
sujeitos ao trabalho forcado Até 1878.esta situação prevaleceu.

Em 1878. foi publicado um novo regulamento para os contratos de servicos de colonos das
provincias de Africa. Foi considerado o primeiro codigo de trabalho nas colonias por- tuguesas e
nele se decreta a abolicão total do trabalho forcado e sua substitução pelo tra balho livre que
deveria resultar do acordo entre empregado e empregador.

Assim, em 1889 surgiu um novo regulamento do governo portugués fixando trabalho


obrigatório.

Segundo este regulamento:

 Todos os naturais (designados por indigenas) das colonias portugueses estavam sujeitos
à obrigação moral e legal de procurar adquirir pelo trabalho os meios que lhes falta de
substituir e melhorar a sua própria constituição social;
 Os naturais tinham plena liberdade para escolher o modo de cumprir essa obrigação,
mas se não a cumprissem, autoridade pública podia impor o seu cumprimento.

Assim se estabeleceu legalmente o sistema de trabalho forcado, camuflado sob a


designação de «contrato».

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