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Acoplamento e Desacoplamento Circuitos

Idealmente, a impedância do capacitor de acoplamento deve ser nula para a frequência do


sinal. Para isso, o capacitor de acoplamento precisa ter o maior valor possível, levando-se em
conta as limitações de espaço e custo.

Na prática, contudo, por causa da indutância residual dos capacitores, que costuma aumentar
com o tamanho do mesmo (e, portanto, com a capacitância), é necessário limitar-se o valor
máximo de capacitância utilizável em determinada frequência, de forma a não se ultrapassar a
frequência de auto-ressonância do capacitor.

O acoplamento e desacoplamento via capacitor precisa oferecer baixa impedância para os


sinais e preservar a polarização contínua. Ambos os requisitos podem ser atendidos pela
escolha do tipo adequado de capacitor e pelo cálculo do valor da capacitância e da tensão de
ruptura do dielétrico. Para que um determinado capacitor cumpra de maneira eficiente sua
tarefa, ele deve apresentar as seguintes características:

a) A reatância capacitiva deverá ser pequena em comparação com a impedância do(s)


ponto(s) do circuito onde o mesmo estiver conectado. Este requisito é atendido
facilmente, desde que se conheça a impedância do ponto de conexão e a freqüência
do sinal que se deseja acoplar ou desacoplar.

Para o acoplamento ou desacoplamento, os capacitores deverão apresentar uma reatância que


não ultrapasse 10% do valor da impedância vista pelos seus terminais. A aplicação dessa regra
simples produz bons resultados.

Na condição limite, por exemplo, quando a reatância capacitiva é exatamente 10% da


impedância, o ganho do circuito será igual a 0,995 do máximo, com um ângulo de fase de 5,7º,
ou seja, haverá uma perda de ganho de apenas 0,5%, que é perfeitamente desprezível, se
comparada com a tolerância normalmente aceita para os valores dos componentes utilizados
nos circuitos eletrônicos.

Deve-se observar, contudo, que os efeitos do acoplamento e desacoplamento são cumulativos,


devendo-se calcular o efeito total sobre o ganho e o ângulo de fase com o auxílio das seguintes
equações (desde que os capacitores de acoplamento e desacoplamento tenham uma reatância
igual a 10% da impedância no ponto).

Onde n representa o número de capacitores de acoplamento e desacoplamento empregados


no circuito.

b) A reatância indutiva residual dos capacitores, principalmente os de desacoplamento,


deverá ser mantida pequena em comparação com a sua reatância capacitiva. A
reatância indutiva residual é causada pela indutância dos terminais e das placas do
capacitor, adicionada à indutância da trilha de circuito impresso onde o mesmo está
conectado. Por isso, em frequências superiores a 30 MHz e nos amplificadores de
potência, onde a indutância residual precisa ser mantida em níveis especialmente
reduzidos, é importante que as trilhas do circuito impresso sejam curtas e largas e que
o capacitor utilizado possua terminais curtos e grossos e, de preferência, planos.

Nas frequências inferiores a 1 MHz, a indutância residual exerce pequena influência no


acoplamento ou desacoplamento do circuito e a maioria dos modelos de capacitores poderão
ser utilizados, com exceção dos capacitores eletrolíticos de valor elevado.

Em frequências superiores a 1 MHz, os capacitores eletrolíticos poderão ser utilizados, desde


que em paralelo com outros capacitores de valor adequado, de filme plástico ou disco
cerâmico. Esse é o recurso utilizado em amplificadores de faixa larga para garantir o
acoplamento e o desacoplamento, onde, nas baixas frequências, atuam os capacitores
eletrolíticos, e, nas altas frequências, atuam os capacitores de menor valor.
Acima de 10 MHz, a indutância residual dos capacitores de filme plástico torna
desaconselhável sua utilização para o desacoplamento, devendo-se optar por capacitores que
possuam placas planas, como os cerâmicos de disco, os “chips” e os multicamadas.

Nos amplificadores de potência que operam em frequências superiores a 70 MHz, é


conveniente a utilização de capacitores de mica blindada. Aliás, para o desacoplamento da
fonte de alimentação, deve-se preferir capacitores que possuem eletrodos duplos para a
conexão com a armadura interna (capacitores de passagem). Devido a possuírem eletrodos
planos e uma carcaça metálica conectada à armadura externa, que permite soldá-los
diretamente à placa de circuito impresso, os capacitores de passagem de mica blindada
apresentam uma indutância residual virtualmente nula.

A redução da indutância residual pode ser conseguida, também, pela conexão em paralelo de
dois ou mais capacitores, de valores iguais ou diferentes. Este recurso pode ser utilizado com
sucesso na faixa 150 MHz, onde é comum associar-se em paralelo 3 ou 4 capacitores
cerâmicos de disco de 470 pF, por exemplo, para a obtenção de um resultado semelhante ao
conseguido pela utilização de capacitores de mica blindada.

A Figura 1 mostra um grafo com as faixas de frequências e capacitância apropriadas para cada
tipo de capacitor.

Figura 1 - Grafo com as faixas de frequências e capacitância.

Os valores de capacitância máxima em função da frequência mostrados no gráfico são


adequados nos circuitos onde não existem grandes quantidades de harmônicos. Se for
necessária a utilização do valor máximo permitido em determinada frequência, e a distorção
harmônica ultrapassar a 10%, como acontece nos amplificadores classe C, será necessária a
utilização de outro capacitor em paralelo, de valor adequado para a frequência do harmônico
correspondente. Este procedimento é normalmente empregado em frequências superiores a 30
MHz, onde é comum a associação em paralelo de 2 ou 3 capacitores, de, por exemplo, 100pF,
1nF e 100nF. O primeiro, de alto valor, e utilizado para a prevenção contra oscilações em
baixas frequências (entre 100 kHz e 10 MHz). Os dois últimos, de menor valor, para o
desacoplamento do sinal e seus harmônicos.

c) A resistência de perdas do circuito equivalente série do capacitor deverá ser pequena


em comparação com a resistência do(s) ponto(s) de ligação. Este requisito é
especialmente importante quando se tratar do acoplamento ou desacoplamento em
pontos onde circule uma intensidade de corrente apreciável, como nos amplificadores
de potência, por exemplo. Para a redução da resistência em série, além da utilização
de capacitores adequados, como os de mica e cerâmicos de baixas perdas, é possível
a associação em paralelo de dois ou mais capacitores, recursos que também contribui
para a redução da indutância residual.
Desacoplamento da Alimentação

Nas frequências superiores a 1 MHz, deve-se considerar a fonte de alimentação como um


circuito aberto para corrente alternada, tornando-se imprescindível a utilização de um capacitor
de desacoplamento em cada um dos circuitos por ela alimentados. Isso evita o acoplamento
indevido dos circuitos via linha de alimentação, o que costuma causar sérios inconvenientes,
como instabilidade de funcionamento, oscilações indesejáveis, entre outros. Neste caso,
também é essencial a utilização de resistores separadores entre cada circuito e a fonte de
alimentação. Para se evitar a queda de tensão provocada pelos resistores, estes podem ser
substituídos por indutores de valor adequado (choques).

Para o desacoplamento da linha de alimentação, a reatância capacitiva deverá ser pequena o


suficiente para que o resíduo de sinal alternado possa ser desprezado. Isso implica na
utilização de um desacoplamento em que a impedância do capacitor fique entre 1 e 3% da
resistência equivalente para corrente contínua do circuito alimentado.

Nas frequências superiores a 70 MHz, principalmente, a impedância do capacitor dependerá,


também, da reatância indutiva do circuito de desacoplamento, podendo-se, no caso da
ressonância em série, tornar-se nula. Nesse caso, e se a amplitude dos harmônicos for
apreciável, deve-se conectar em paralelo outro capacitor de menor valor, para que a corrente
de harmônicos possa alcançar a massa, com um mínimo de impedância.

O valor do capacitor de desacoplamento não deverá exceder os valores indicados no gráfico da


Figura 1, embora o melhor desacoplamento seja obtido com a utilização dos valores máximos
indicados. Caso seja necessário, pode-se associar dois ou mais capacitores em paralelo, para
obtenção da capacitância total.

Nos amplificadores de potência operando em frequências superiores a 30 MHz, pode-se


conectar em cascata duas ou três células de desacoplamento, constituídas por capacitores e
choques de RF, conforme mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Células de desacoplamento.

O tipo e a finalidade dos componentes utilizados no circuito da Figura 2 são a seguinte:

C1 Capacitor de passagem de mica blindada. Utilizado para desacoplar os


harmônicos e a fundamental.

C2 e C3 Capacitor de disco para o desacoplamento da fundamental.

C4 Capacitor de disco de 100 nF, para prevenir contra oscilações de alta


frequência.

C5 Capacitor eletrolítico de 10µF, para prevenir contra oscilações de baixa


frequência.

XRF1 e XRF2 Choque de radiofrequência para bloquear o sinal e forçar sua passagem
pelos capacitores de desacoplamento.

Os componentes cujos valores não foram dados devem ser determinados em função da
frequência, tendo em vista o atendimento dos critérios anteriormente definidos.
A capacidade de isolação contínua no acoplamento e desacoplamento

Os potenciais contínuos existentes nos pontos de acoplamento ou desacoplamento podem ser


mantidos inalterados pela utilização de capacitores que possuam uma isolação adequada entre
as placas.

Para que o dielétrico de um capacitor não seja perfurado pela diferença de potencial a que for
submetido, é essencial que a tensão aplicada não ultrapasse o valor máximo absoluto
especificado pelo fabricante do componente, sendo conveniente, inclusive, a adoção de certa
margem de segurança (de pelo menos 20%), como proteção quanto a uma eventual
sobretensão. Assim, um capacitor especificado para 16V de tensão máxima, não deveria
trabalhar sobre uma diferença de potencial superior a 13V, por exemplo.

Fonte: Telecomunicações, Juarez do Nascimento, Makron Books.

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