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FACULDADE APLICADA DE TEOLOGIA E FILOSOFIA

A EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

BRUNO COSTA RIBEIRO


Orientador. Anderson Campos Rezende

NOVA IGUAÇÚ-RJ
2012
i

BRUNO COSTA RIBEIRO

A EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

Monografia apresentada pelo acadêmico


Bruno Costa Ribeiro como exigência do
curso de graduação em Teologia da
Faculdade Aplicada de Teologia e Filosofia
sob a orientação do professor Anderson
Campos Rezende

NOVA IGUAÇÚ-RJ
2012
ii

A EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

BRUNO COSTA RIBEIRO


Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Prof.°Anderson Campos Rezende

CONCEITO FINAL: _____________________


3

AGRADECIMENTOS

A Jesus Cristo, amigo sempre presente, sem o qual


nada teria feito.
A minha família que é a minha maior incentivadora
e porto seguro aqui na terra.
Aos amigos, que sempre incentivaram meus
sonhos e estiveram sempre ao meu lado.
Ao Prof. Anderson Campos Rezende, que me
acompanhou, transmitindo-me tranquilidade.
4

RESUMO

Esta pesquisa pretende analisar a origem e a predominância do


protestantismo no Brasil, observando a sua história, evolução, involução e o seu
comprometimento com a preservação da essência do evangelho. Também serão
abordadas algumas características do notório crescimento do protestantismo no
cenário brasileiro nos dias atuais, além de alguns pontos como o fenômeno religioso,
que segundo alguns estudiosos é considerado como o mais importante nos últimos
trinta anos chamado, neopentecostalismo e a sua doutrina que promete um paraíso
terreno, sem dor ou sofrimento e repleto de diversas espécies de riquezas, que tem
elevado o seu crescimento rápido tanto nas mídias quanto no País, também
abordaremos o surgimento de diversas vertentes e denominações que se espalham
por todo o país e que caracteriza um Pluralismo Religioso, que é a consequência da
democratização das sociedades, que considera todos os sujeitos religiosos como
legítimos.

Palavras chaves: História do Protestantismo no Brasil, Pluralismo Religioso,


neopentecostalismo, Essência do evangelho, Teologia da prosperidade.
5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................06
1. O PROTESTANTISMO NO BRASIL E A SUA EVOLUÇÃO NA SOCIEDADE
BRASILEIRA...............................................................................................................07
1.1 – Período colonial.........................................................................................07
1.2 – O Protestantismo de Invasão....................................................................11
1.3 – O Protestantismo de conversão ou missão...............................................12
1.4 – O Termo Evangélico..................................................................................14
1.5 – O Desenvolvimento das denominações históricas no Brasil....................14
1.6 – Os Protestantes e a ditadura militar de 1964............................................16
1.7 – O Desenvolvimento das denominações após 1964..................................18
2. A EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DO PROTESTANTISMO......................................22
2.1 – O Sincretismo religioso......................................................................................23
2.2 – A nova teologia contemporânea........................................................................24
3. OS PROTESTANTES NOS DIAS DE HOJE..........................................................25
3.1 – A Influência Protestante na sociedade brasileira......................................25
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................28
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS............................................................................29
6

INTRODUÇÃO

Em julho de 2002, um correspondente da revista “VEJA” chamado José


Edward escreveu uma reportagem que teve muita repercussão no Brasil e que
levou muitos líderes religiosos a se depararem com uma realidade, de que os
protestantes (evangélicos) estão cada vez mais numerosos e conquistando
espaços de destaque na sociedade, exemplo disso é a presença de
evangélicos nas mídias e na política. Vejamos abaixo parte da reportagem de
José Edward:

"O país mais católico do mundo está ficando cada


vez mais evangélico. O resultado do censo demográfico
no quesito religião, divulgado neste ano (2002), mostra
que mais de 15% dos brasileiros – um rebanho de 26
milhões de pessoas – são protestantes. É um porcentual
cinco vezes maior que em 1940 e o dobro de 1980. Em
estados como Rio de Janeiro e Goiás, o índice supera
20% dos habitantes. No Espírito Santo e em Rondônia, os
evangélicos passam de um quarto da população. Esse
ritmo indica que metade dos brasileiros poderiam estar
convertidos em cinco décadas – um tempo mínimo
quando se fala de avanço religioso. 1

O crescimento dos protestantes provocou alterações positivas no perfil


das famílias brasileiras, valores morais, o não uso de bebidas e de drogas e
tantos outros temas que tem contribuído para o bem estar do indivíduo na
família e consequentemente sociedade.

Todavia o crescimento dos protestantes tem ganhado espaço e mercado


no país, livros e revistas cristãs com milhares de tiragens vendidas e lidas
pelos evangélicos, esse fenômeno tem contribuído para o crescimento pessoal,
profissional e cultural. Sem falar nas grandes gravadoras e produtoras musicais
1
Revista Veja Nº 1758 Jul 2002 - A Nação Evangélica. Ano 35 Nº 26, 3 Julho 2002.
7

que vendem e assessoria produtos como CD e DVD de artistas gospels de


todo o país, que junto a emissoras de rádios, televisão e sites na internet
movimentam bilhões de reais por ano. “Também há um grande investimento
em denominações que administram milhares de instituições de ensino com
uma clientela de aproximadamente 800.000 alunos.” 2

Observando o grande fenômeno que foi o crescimento numeroso dos


protestantes no Brasil, também nos deparamos com uma grande deturpação
nas características marcantes e definidoras do protestantismo, daquilo que é
essência do evangelho e para entendermos melhor essa questão, faremos uma
abordagem histórica pelo protestantismo no Brasil ponderando a sua evolução
e involução na sociedade brasileira.

1. O PROTESTANTISMO NO BRASIL E A SUA EVOLUÇÃO NA


SOCIEDADE BRASILEIRA

Para entendermos o processo de crescimento e evolução do


protestantismo no Brasil, é fundamental, uma breve interpretação histórica da
chegada do Protestantismo no Brasil.
“A primeira aparição do protestantismo no Brasil se deu no cenário da
colônia portuguesa em 1545, sua história é considerada pelos os historiadores
como começada no Brasil no período da transferência da sede do reino
português para o rio de Janeiro.” 3

1.1 Período Colonial

Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial.


Dois grupos são particularmente relevantes:

Os franceses na Guanabara\RJ (1555-1567): Os franceses chegaram


ao Brasil no final de 1555, pela Baía de Guanabara no rio de Janeiro em uma

2
Revista Veja Nº 1758 Jul 2002 - A Nação Evangélica. Ano 35 Nº 26, 3 Julho 2002.

33
MENDONÇA, Antonio Gouvêa. Protestantismo brasileiro, uma breve interpretação histórica. p. 49
8

expedição comandada por Nicolas Durand de Villegainon que era vice-


almirante da expedição, ele tinha como objetivo fundar a “França Antartica”,
como o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que foi morto no
massacre do dia de São Bartolomeu em 1572.

Em 1557 Nicolas Durand de Villegainon enviou uma carta para Calvino e


a igreja em Genebra, em resposta a esta carta, foi enviado os pastores Pierre
Richier e Guillaume Chartier e junto com eles um grupo de cristão reformados.

Esses reformados celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil no


dia 10 de março de 1557, Porém, pouco tempo depois Villegaignon entrou em
conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena
ilha em que se encontravam.

Logo depois de alguns meses os colonos reformados tentaram voltar


para França em uma embarcação, mas quando o navio ameaçou naufragar,
cinco desses colonos reformados decidiram voltar e foram presos, esses
colonos são Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e
Jacques le Balleur. Então Villegaignon no ano de 1558 pressionou esses cinco
colonos a escreverem uma bela declaração de suas convicções, que ficou
conhecida como "Confissão de Fé da Guanabara”. Em seguida Jean du
Bordel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon foram mortos e André Lafon teve a
sua vida poupada por ser o único alfaiate da colônia,Já Jacques le Balleur fugiu
para São Vicente, mas foi preso e levado para Salvador, lá ele viveu no período
de 1559-1567, sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os
últimos franceses foram expulsos.

Embora pesem as intenções religiosas de Villegaigon ao convencer o


líder huguenote Almirante de Coligny a apoia-lo na aventura da França
antártica, a colônia francesa no Rio de Janeiro, não ficou caracterizado por
nenhum projeto real de implantação de reforma no Brasil, pois os seus
interesses estavam, relacionados com a aventura financeira.
Embora, a fé dos protestantes fosse manifestada na colônia
cotidianamente, durou apenas 12 anos, pois no ano de 1567 os franceses
9

foram expulsos da colônia, sem que chegassem a estabelecer qualquer


estrutura religiosa permanente em território brasileiro.

Os holandeses no Nordeste (1630-1654): A Holanda calvinista


conquistou a sua independência em 1568 após uma árdua guerra contra a
Espanha, desde então a Holanda tornou-se uma das nações mais próspera da
Europa. Logo em seguida, por conta de sua queda, Portugal fica sobre o
controle da Espanha por um período de setenta anos onde a união das duas
nações ficou conhecida como “União Ibérica”.

Com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas


Américas, em 1621 os holandeses criaram a companhia das índias ocidentais,
pois os holandeses acreditavam que, atacar as possessões portuguesas
atingiria o ponto fraco do Império Espanhol. Em especial os holandese tinham
grande interesse na rica região açucareira que fica situado no nordeste
brasileiro daí também o que motivo muito os holandeses com a Companhia das
índias ocidentais.

Enfim os holandeses tomaram salvador, que na época era a capital do


Brasil no ano de 1624, porém, foram logo expulsos no ano seguinte, então no
ano de 1630 eles tomam os estados de Olinda e recife e boa parte do
Nordeste.

No período de 1637 a 1644 o príncipe João Maurício de Nassau Siegen


governou o nordeste, Nassau foi considerado o maior líder do Brasil holandês,
por conta de sua notável administração, liberdade religiosa concedida aos
residentes católicos e judeus e também por promover as artes, ciências e
cultura. Neste período, a igreja reformada era oficial sob os holandeses, onde
foi criado um Sínodo que era chamado de “Sínodo do Brasil”, dois presbitérios
que eram localizados nos estados da Paraíba e Pernambuco e vinte duas
congregações e igrejas locais onde mais de cinquenta pastores, que eram
conhecidos como “predicantes” serviram essas comunidades.
10

Esses pastores ou predicantes da igreja reformada realizaram uma


admirável obra missionária com os índios, pois além da beneficência, ensino e
pregação, realizaram catecismo na língua nativa, Outros projetos incluíam a
tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas.

Este projeto infelizmente não foi muito adiante, pois apesar de quase
dez anos de luta, no ano de 1654 os holandeses foram expulsos e foram para
o Caribe, os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, que
mais tarde veio a ser chamada Nova York.

Na segunda tentativa dos reformadores holandeses, ao firmarem seus


pés na colônia quando tomaram a cidade de Olinda no estado de Pernambuco,
em 1630, não tinham mais a intenção religiosa que tinham quando firmaram o
seus pés da primeira vez na colônia, Agora os seus grandes interesses são
comerciais da companhia das índias Ocidentais, mesmo assim, porém como
parte de um projeto mais consistentes os holandeses estabeleceram cultos
reformados no nordeste, com uma estrutura eclesiástica formal.

Quando esses holandeses foram expulsos em 1654, deixaram no


nordeste um legado de benfeitorias, e uma forte herança religiosa reformada
entre os índios, como consequência disso o Padre Antônio Vieira testemunhou
que os holandeses deixaram ali o espírito de “uma verdadeira Genebra de
todos os sertões”. Isso se deu ao fato de os holandeses no período de Nassau,
foram extremamente tolerantes com os católicos e com os judeus que estavam
estabelecidos naquele tempo, Inclusive os predicantes preparavam um
catecismo trilíngue holandês, português e Tupi, que chegou a ser impresso na
Holanda, mas não é comprovado se chegou a ser usado no Brasil.

Eduardo Hoornaert deixou registrado:


“Apesar de os acontecimentos políticos terem logo
interrompido a obra missionária dos predicantes, temos
provas históricas de que, mesmo depois da expulsão dos
holandeses do Brasil, certas noções calvinistas ficaram
11

profundamente arraigadas na mente dos índios


nordestinos 4 “.

O trabalho missionário entre os índios foi tão intenso e com resultados


tão surpreendentes, que existem documentados nos próprios arquivos
holandeses projeto civilizatório e estabelecimento de lideranças religiosas
indígenas, conhecidos como regedorias, seguem alguns nomes de índios que
foram estabelecidos como regedores: Domingos Fernandes Carapeba, Pedro
Poti e Antônio Paraupaba.
Semelhante o que aconteceu com os franceses na Guanabara, também
existiu mártires no Brasil holandês e um deles foi Pedro Poti, que foi preso em
19 de fevereiro de 1649, sofrendo terrivelmente por mais de dois anos e
morrendo a caminho de Portugal sem que saiba as circunstancias.
Mas tudo isso mostra o quanto a obra de evangelismo dos índios do
Nordeste pelos holandeses foi intenso e impactante, esses índios ficaram
registrados na história como traidores e por isso suas penas eram mais
pesadas que as dos brancos.

1.2 O Protestantismo de Invasão

O protestantismo de invasão foi caracterizado pela presença temporária


do protestantismo na colônia, Este protestantismo foi marcado pelo o esforço
dos franceses em correr o mundo e pelos os reformados holandeses, conforme
vimos anteriormente.

Depois dos holandeses, só houve protestantismo no Brasil pela


presença esporádica de alguns viajantes europeus de origem protestante,
somente depois de meio século depois, quando o Brasil foi estabelecido na
categoria de reino e com a presença dos portugueses e sua corte no rio de
Janeiro, é que o protestantismo se estabeleceu no Brasil, porém com bastantes
restrições.

44
HOONAERT, Eduardo. História da Igreja no Brasil. Tomo II/1. São Paulo e Petrópolis: Paulinas e vozes
1983
12

Por conta das alianças firmadas com a Inglaterra em 1810, abriram-se


as portas para a entrada dos protestantes que realizavam seus cultos, porém
não era permitido fazer proselitismo, Em 1820 no Rio de janeiro os cultos já
eram celebrados em templo próprios na língua inglesa, Então, a partir de 1824
chegam os colonos suíços e alemães em várias províncias do império, onde
eles se organizavam em igrejas de identidade luterana com pastores
improvisados até 1886, a Partir daí foram recebendo pastores alemães e
surgindo diversas comunidades luteranas com o formato de sínodo, que em
1950 foram reunidas em uma federação sinodal, que originou a “IECLB” - Igreja
Evangélica de Confissão Luterana do Brasil.

A IECLB avançou firme na integração com a sociedade brasileira, e em


1946 fundou a Faculdade de teologia em São Leopoldo (RS), atualmente
conhecida como Escola superior de Teologia, assim passou a formas seus
próprios pastores, e não mais enviando candidatos a pastores ou recebendo
pastores da Alemanha como faziam anteriormente, consequentemente os
espaços de ensino e do culto foi dominado pela língua portuguesa.

Com o passar dos séculos e a sucessão das gerações, essas


comunidades assumiram a cultura brasileira, porém mantendo suas
identidades étnicas, atualmente eles geralmente estão concentrados nas áreas
mais industrializadas e maior concentração de mão de obra estrangeira como
funcionários de multinacionais.

1.3 O Protestantismo de conversão ou missão

O protestantismo de conversão ou de missão, “teve o terreno preparado


pelos distribuidores de bíblias, os verdadeiros pioneiros do protestantismo
brasileiro”. Um dos primeiros a chegar ao Rio de Janeiro e distribuir uma
quantidade elevada de bíblias, foi o metodista norte americano Daniel P.
Kinder, que era representante da sociedade bíblica americana. Outro pioneiro
que contribui bastante na distribuição das bíblias foi o presbiteriano James C.
Flecher, que também era representante da sociedade bíblia americana, esse
13

permaneceu por 14 anos no Brasil e regressou aos Estados Unidos, onde que
no ano de 1867 juntamente com Kinder publicou o livro chamado “O Brasil e os
Brasileiros”, que tem por objetivo informar sobre as riquezas e belezas naturais
do Brasil e suas oportunidades, outro objetivo era evangelizar os brasileiros.

Partindo do pressuposto que a simples leitura da bíblia era o suficiente


para conversão ao protestantismo. A prova de que o objetivo de Flecher e
Kinder foi alcançado, é o relato de missionários que passaram por aqueles
mesmos lugares, onde eles contam que pequenas comunidades já propensas
a aceitar o protestantismo pelo conhecimento prévio da Bíblia.

O protestantismo de conversão ou missão é caracterizado pelos


missionários que se estabeleceram no Brasil. O primeiro a chegar no Rio de
Janeiro em 1836 foi o metodista Justin Spaulding, que encerrou a missão em
1841, que foi reaberta em 1876, com a chegada do missionário John James
Ransom, que em 1878 abriu a primeira igreja metodista no Rio de janeiro.

No ano de 1859, Ashbel G. Simonton o primeiro missionário


presbiteriano aportou ao Rio de Janeiro, onde foi organizada a primeira igreja
presbiteriana no ano de 1862. A denominação presbiteriana foi a denominação
do protestantismo que mais se expandiu no período de 1859 até o fim do
século XIX, onde sua meta era, a conversão de novos membros por meio da
pregação da palavra de Deus.

Depois de terem visitado diversas regiões do Brasil e após um demorado


período de oração e por intermédio de mais três membros que foram: Zachary
e Kate Taylor e Antônio Teixeira de Albuquerque, esse último que foi um ex-
padre convertido ao protestantismo, No ano de 1882 em Salvador, os
missionários William B. Bagby e Anne Luther Bagby organizaram a Primeira
Igreja Batista no Brasil.

No ano de 1889 no Rio Grande do Sul, a igreja protestante episcopal se


estabeleceu definitivamente no Brasil, através dos missionários James Watson
14

Morris e Lucien Kinsolving, desta forma todas as tradições reformadas estavam


presentes no Brasil.

1.4 O Termo Evangélico

“No Brasil o termo “Evangélico”, termo esse que foi herdado dos anglo-
saxões, usado para definir quase todas as doutrinas cristãs protestantes”. É
uma forma genérica de se referir a denominações protestantes pentecostais e
neopentecostais (na qual veremos no decorrer deste trabalho).

De forma simplificada, pode-se dizer que, o termo evangélico é uma


questão de nomenclatura e que todo evangélico é protestante, mas nem todo
protestante se considera evangélico.

Obs. No desenvolvimento desta monografia também utilizaremos o termo


“evangélico” para se referir aos protestantes.

1.5 O Desenvolvimento das denominações históricas no Brasil (1889-


1964).

Igreja Congregacional

Com sua característica peculiar por ser totalmente nacional, ou seja,


sem dependência financeira ou eclesiástica de nenhuma sociedade
estrangeira, em 1942 as igrejas congregacionais se uniu com outra
denominação chamada Igreja Cristã Evangélica, que é fruto de missões
inglesas do ano 1892, essa união deu origem a União das Igrejas
Congregacionais e Cristãs do Brasil, porém em 1969 essas duas
denominações se separaram, onde a igreja congregacional passou a ser
chamada de União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil e a
Igreja Cristã Evangélica se dividiu em duas igrejas com permaneceu como o
mesmo nome sendo que uma em São Paulo e outra em Anápolis.
15

Igreja Presbiteriana

A igreja presbiteriana do Brasil formalmente se tornou autônoma a partir


do ano de 1888 onde os presbitérios de Oeste de minas, Pernambuco e
campinas que eram ligados aos Estados unidos, se uniram para formar um
concílio autônomo chamado o Sínodo Presbiteriano, porém no período de 1892
a 1903 devido a divergências nas questões missionárias, maçônicas e
educativas aconteceu uma crise que a dividiu, dando origem a Igreja
Presbiteriana Independente.

Igreja Metodista

No ano de 1930 em São Paulo foi organizada a igreja Metodista do


Brasil, onde foram eleitos dois bispos Jhon William Tarboux e Cesar Darcoso
Filho, onde a denominação se tornou independente das igrejas americanas e
no ano de 1942 a filiou-se ao Concílio mundial de igrejas.

Igreja Batista

Com o objetivo de unir todas as forças batistas do Brasil em uma


organização nacional maior para o desenvolvimento e eficácia da pregação do
evangelho, no ano de 1907 foi organizada a Convenção Batista Brasileira pela
Primeira Igreja Batista da Bahia, onde foi aprovada a Constituição provisória
das igrejas Batistas do Brasil por representantes de 39 igrejas e tem por
finalidade de promover missões domésticas e estrangeiras, e tudo mais que
direta ou indiretamente tenha relação com o reino de Deus.

Igreja Luterana

Após o Sínodo do Rio Grande do Sul de 1886, surgiram outros sínodos


autônomos que em 1950 após serem organizadas em uma federação sinodal,
foram admitidas ao conselho mundial de igrejas, passando a se chamar de
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil no ano de 1954.
16

Igreja Episcopal

No ano de 1952 foi organizado o Sínodo da Igreja Episcopal Brasileira,


que no ano de 1965 passou a ser uma província autônoma da comunhão
anglicana por conta de sua emancipação administrativa, filiando-se ao
conselho mundial de igrejas.

1.6 Os Protestantes e a Ditadura militar de 1964

O ano de 1964 ficou marcado na história do país e principalmente nas


igrejas protestantes do Brasil, Pois na madrugada do dia 31 de março tropas
militares que invadiram o estado do Rio de Janeiro com o objetivo de depor o
governo de João Goular, instituindo a ditadura militar, a partir daí as igrejas
protestantes foram muito afetadas, onde crentes eram torturados e até
desaparecidos e pregadores foram presos por defenderem a cidadania e a
liberdade de expressão, os anos pós 64 foi um pesadelo para os protestantes
no Brasil.

A primeira entidade protestante a sofrer com a perseguição do regime


militar foi a Confederação evangélica do Brasil, pois com ajuda das igrejas
evangélicas, realizava ação social, educação cristã e atividades diaconais e por
isso foi fechada.

Então a CEB começa a promover eventos que ficaram muito conhecidos


em todo Brasil, esses eventos reunia as principais denominações e segmentos
protestantes do país em que pela primeira vez foi discutida a relação da igreja
com a realidade social e cultural brasileira, um desses eventos que teve grande
repercussão no País foi a Conferencia do Nordeste realizado em Recife, que
tinha com um dos preletores o sociólogo Gilberto Freyre.

As Conferencias realizadas pela CEB tinha como objetivo promover uma


reunião com os líderes das igrejas Evangélicas para discutirem a nova
realidade vivenciada pelo país como: o agravamento da crise econômica e
social, da pobreza e da desigualdade social.
17

Para a igreja brasileira esses eventos realizados pela CEB foram muito
relevantes, pois fazia com que as igrejas e líderes de todos os segmentos pela
primeira vez se preocupassem e refletissem os pensamentos e movimentos da
sociedade.

O golpe se intensificou e também as perseguições sobre as igrejas,


onde muitos setores criticavam o envolvimento da igreja com a política, pois
entendiam que a igreja tinha apenas que pregar o evangelho, com isso a
conferencia do Recife se desfez. Outra história de repressão foi o fato da
Faculdade Metodista Rudge Ramos em São Paulo ter que fechar as portas por
ordem do governo militar, pois os formandos desta faculdade escolheram como
patrono da turma um inimigo declarado dos militares que foi o bispo D.Helder
Câmara.

Por serem ensinados pela ideologia de se preocupar com o país e com a


política desde a escola dominical, muitos jovens foram presos e tiveram suas
igrejas cercadas por militares, uma pessoa que sofreu muito nas mãos dos
militares foi o Pastor Geraldo Marcelo que foi preso e torturado por 43 dias.

A igreja era muito influente na política, pois o país tinha


aproximadamente 39% de analfabetos e os evangélicos era uma elite pensante
e por isso era notada na sociedade, porém a igreja no geral se corrompeu com
o medo das mudanças e pastores entregavam membros de sua igreja para o
regime para obter benefícios pela ditadura.

No ano de 1970 chega ao Brasil um movimento que consistia em enviar


ao Brasil professores de teologia, esse movimento se chamava “Grupo da
Califórnia”, esse grupo fortaleceu a direita dentro da igreja e enfraqueceu e
afastou a liderança anti-ditadura e consequentemente calou a voz da
consciência política da igreja evangélica brasileira.
18

1.7 O Desenvolvimento das denominações após 1964.

Igreja Presbiteriana

Nesse período aconteceu o rompimento do relacionamento da IPB com


as missões norte-americanas e também com a Igreja Unida, firmando um novo
convenio com a missão da igreja do sul, o motivo dessas mudanças na IPB se
deu por conta de divergências de pensamentos quanto as questões sociais,
ortodoxia e evangelismo, onde conservadores divergiam com aqueles que
tinham pensamentos flexíveis quanto as doutrinas, por conta disso foi criada no
ano de 1978 a FENIP - Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas .

Igreja Presbiteriana Independente

A IPI não foi flexível quanto ao ecumenismo e a renovação carismática e


um de seus segmentos se separaram e aliou-se a um grupo que também havia
se separado da IPB formando a Igreja Presbiteriana Renovada.

Igreja Batista

No período em questão, a igreja batista foi muito impactante por suas


características evangelísticas por conta de suas grandes campanhas que
contou com a presença de Billy Graham, foram muitas campanhas de
evangelização realizadas pelas igrejas batistas que foram como respostas ao
golpe de 1964.

Igreja Metodista

Neste período o reitor Faculdade Metodista Rudge Ramos liderou a


substituição dos missionários do gabinete geral por brasileiros que futuramente
foram bispos, o foco dos universitários era uma igreja voltada para ação social
e políticas com ênfase na justiça social, que posteriormente teve as portas de
sua faculdade fechadas por conta de uma greve, e a partir daí o foco foi os
problemas internos como, por exemplo, o regionalismo.
19

Porém a Igreja Metodista do Brasil passou a investir fortemente na educação


superior e nos anos 70 fundou muitas universidades transformando as
faculdades existentes e também elaborando um plano nacional de educação
metodista dando ênfase a teologia do reino e na teologia da libertação.

Igreja Luterana

Os sínodos que originalmente eram independentes integram-se a Igreja


Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB) no ano de 1968 e
assumiram também o novo posicionamento político-social da igreja que
também teve o currículo de sua faculdade reformado refletindo as prioridades
da igreja.

Igrejas pentecostais e neopentecostais

Os pentecostalismos brasileiros estão segmentados nas seguintes


fases:
1910-1940 – Com a chegada da congregação cristã no Brasil e da
assembleia de Deus, que neste período dominaram o campo pentecostal.
1950-1960 – Com o surgimento de novos grupos fragmentados do
pentecostalismo como: Brasil para Cristo, Evangelho Quadrangular, Deus é
amor entre outros.
1970-1980 – Com o nascimento da Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Internacional da Graça de Deus e outras que são todos frutos do advento
neopentecostalismo.
Alderi Souza de Matos escreveu um texto sobre como foi o surgimento
de algumas principais denominações pentecostais e neopentecostais:

Pentecostais:

Assembleia de Deus: A maior igreja pentecostal


brasileira surgiu em Belém (PA), teve como fundadores os
suecos Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-
1933). Batistas de origem, eles abraçaram o
pentecostalismo em 1909. Conheceram-se numa
20

conferência pentecostal em Chicago. Assim como Luigi


Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor batista
William H. Durham, que participou do avivamento de Los
Angeles (1906). Sentindo-se chamados para trabalhar no
Brasil, chegaram a Belém em novembro de 1910. Seus
primeiros adeptos foram membros de uma igreja batista
com a qual colaboraram. Assembleia de Deus acredita no
poder supremo do Espírito Santo e prega com ênfase o
Evangelho cristão.

Igreja do Evangelho Quadrangular: fundada nos


Estados Unidos pela evangelista Aimee Semple
McPherson (1890-1944). O missionário Harold Williams
fundou a primeira IEQ do Brasil em novembro de 1951,
em São João da Boa Vista. Em 1953 teve início a
Cruzada Nacional de Evangelização, sendo Raymond
Boatright o principal evangelista. A igreja enfatiza quatro
aspectos do ministério de Cristo: aquele que salva, batiza
com o Espírito Santo, cura e virá outra vez. As mulheres
podem exercer o ministério pastoral.

Igreja Deus é Amor: fundada por David Miranda


(nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná.
Vindo para São Paulo, converteu-se numa pequena igreja
pentecostal e em 1962 fundou sua igreja em Vila Maria.
Logo se transferiu para o centro da cidade (Praça João
Mendes). Em 1979, foi adquirida a “sede mundial” na
Baixada do Glicério, o maior templo evangélico do Brasil,
com capacidade para dez mil pessoas. Em 1991 a igreja
afirmava ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581 horas
diárias em rádios, bem como estar presente em 17 países
(principalmente Paraguai, Uruguai e Argentina).
21

Neopentecostais:

Igreja Universal do Reino de Deus: fundada por


Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante
fluminense. Trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado,
período no qual subiu de contínuo para um posto
administrativo. De origem católica, ingressou na Igreja de
Nova Vida na adolescência. Deixou essa igreja para
fundar a sua própria, inicialmente denominada Igreja da
Bênção. Em 1977 deixou o emprego público para dedicar-
se ao trabalho religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome
IURD e o primeiro programa de rádio. Macedo viveu nos
Estados Unidos de 1986 a 1989. Quando voltou ao Brasil,
transferiu a sede da igreja para São Paulo e adquiriu a
Rede Record de Televisão. Em 1990 a IURD elegeu três
deputados federais. Macedo esteve preso por doze dias
em 1992, sob a acusação de estelionato, charlatanismo e
curandeirismo.

Igreja Internacional da Graça de Deus: Fundada


na cidade de Duque de Caxias, RJ pelo Romildo Ribeiro
Soares mais conhecido como Missionário R.R. Soares, no
ano de 1980, Sede: São Paulo, Dissidência: Igreja
Universal do Reino de Deus.

Igreja Apostólica Renascer em Cristo: Fundada


na cidade de São Paulo, no ano 1986 pelo Apóstolo
Estevam Hernandes e Bispa Sônia Hernandes. Sede: São
Paulo, SP. Dissidência: Igreja Cristã Pentecostal da
Bíblia.

Igreja Mundial do Poder de Deus: fundada na


cidade de Sorocaba, SP. Em 9 de Março de 1998 pelo
Apóstolo Valdemiro Santiago, sua Sede chama-se Templo
22

dos Milagres na cidade de São Paulo, sua Dissidência é a


Igreja Universal do Reino de Deus. 5

2. A EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL.

Tendo em vista a evolução do protestantismo no Brasil, percebemos


também a sua involução. O Protestantismo histórico e clássico vem sendo
desconfigurado pelos novos movimentos religiosos evangélicos
contemporâneos, que perdem as características marcantes e definidoras da
identidade do protestantismo, ao serem influenciados pelo sincretismo religioso
plural resultante da mistura de culturas no País.

Percebemos, ao tratar de forma panorâmica o Brasil, que o resultado de


fatores como: misturas étnicas, culturais e religiosas –, a fé cristã
(especificamente a Católico Romana) teve que enfrentar crenças de diferentes
naturezas.

Embora o cristianismo no Brasil tenha se iniciado rapidamente, abalando


os fundamentos da cultura e as crenças dos índios e, e posteriormente dos
negros trazidos para trabalharem como escravos. Podemos declarar que não
houve vencedor neste duelo. Ao observarmos o cenário religioso brasileiro
percebemos rapidamente à existência de dois tipos de catolicismo, o
catolicismo clerical, que é dogmatizado e teologicamente elaborado e o
catolicismo popular que foi contaminado por elementos dos cultos afro, que
foram trazidos com os escravos.

Também houve uma forte influencia das crenças indígenas, por conta
da absorção de elementos de suas crenças, essa mistura se fundiu com o
catolicismo português, que também tinha sua porção de sincretismo, ao
observarmos as manifestações religiosas da região do norte e nordeste, para
percebermos a mistura religiosa ou sincretismo religioso de maneira
acentuada.

55
http://pt.wikipedia.org, Anexo: Cronologia das igrejas protestantes no Brasil.
23

2. 1 Sincretismo Religioso

Na Umbanda, Cristo é Oxalá e Satanás, Exu; São Jorge (Santo


Católico), tido como Ogum. Iemanjá e a “Nossa Senhora” (apenas Maria para
os protestantes) compartilham o mesmo altar que uma série de divindades. Ao
olhar fervoroso dos fiéis, não há menor incompatibilidade entre tais
personagens da fé.

Já os protestantes, assim como o católicos romano, se propagou de


forma agressiva nas regiões mais pobres da população, aderindo elementos de
outras religiões. A genuína essência do protestantismo começou a ser perder a
sua forma, por conta da forte ênfase em operações miraculosas e crença na
intervenção sobrenatural por meio dos próprios membros da comunidade de fé,
ou seja, o homem ou as suas necessidades, tornou-se o centro da atenção,
adotando uma postura intencional visando angariar o maior número de fiéis
atraindo-os por meios de elementos e códigos já assimilados por estes em
suas crenças precedentes.

Decidido a se adequar ao mundo globalizado e plural, o segmento


evangélico neopentecostal hoje é o que mais tem crescido no Brasil, onde tem
investido nas esferas mais populares da espiritualidade – latina americana.

Elementos como objetos “consagrados”, água ungida, amuletos, flores e até sal
grosso são utilizados nos cultos neopentecostais, também existe uma ênfase
muito grande na questão da concepção do bem e do mal, onde sua teologia
não tem muitas implicações no âmbito social, porém individualmente é
fundamenta-se na relação de troca, De maneira que, ao contribuir
financeiramente com a instituição (igreja) ou que se comparecer em uma
determinada campanha o seu sonho ou desejos pessoais será concedido, as
novas liturgias, baseada na mistificação de palavras, gestos e objetos, destoam
por completo do caráter iconoclasta das igrejas protestantes. Ou seja, o
protestantismo inicial posicionou-se radicalmente em relação a qualquer prática
supostamente oferecesse ao crente qualquer vantagem diante de Deus ou
servisse de moeda de troca para fins de recebimento de bênçãos.
24

Não é necessário aprofundar-se em pesquisas, para percebermos os


comportamentos e doutrinas adotadas por este seguimento, basta ligar a
televisão em qualquer horário e observar os programas neopentecostais que
estão diariamente na mídia para constatar tal comportamento religioso.

Os estudiosos ainda consideram o segmento neopentecostal como parte


integrante do protestantismo, curioso esse posicionamento desses estudiosos,
pois as concepções, doutrinas e pensamentos do segmento neopentecostal
colidem em tudo o que foi defendido pelos reformadores.

2.2 A nova “Teologia Contemporânea”

Antes se faz necessário explicitar que a teologia contemporânea é


totalmente influenciada por pensadores de séculos passados, como Charles
Darwin, Karl Marx e Immanuel Kant.

“Assim como o sincretismo religioso tem influenciado o protestantismo


no Brasil, a pós-modernidade tem influenciado a maneira de pensar dos
teólogos, pastores e líderes no século XXI, caracterizando a “teologia
contemporânea”, que é o desenvolvimento do pensamento teológico deste
século, essa teologia é influenciada por pensadores como: Charles Darwin,
Karl Marx e Immanuel Kant” 6. Essa teologia no decorrer da história se
espalhou e se desenvolveu em outras “teologias”, tais como: Teologia da
esperança, Teologia da história, Teologia da Evolução, Teologia do Ser,
Teologia da Libertação, Pentecostalismo, Neopentacostalismo e a tão polêmica
“Teologia da prosperidade” na qual é tão evidente e expressiva nos dias de
hoje.

6
Josias Moura de Menezes, Apostila de Teologia Contemporânea,
Disponível em: www.josiasmoura.wordpress.com
25

3. OS PROTESTANTES NOS DIAS DE HOJE

Missionários da SEPAL7 fizeram a projeção da


população evangélica de 57,4 milhões para este ano de
2011 e 109,3 milhões para 2020. Esse crescimento
penetra com enorme velocidade e sem nenhuma
burocracia nas comunidades carentes e oferecem um
modelo ético em regiões que as autoridades esqueceram
e às quais a polícia leva mais medo que segurança, Tem
como exemplo o trabalho realizado pela ADUD
(Assembléia de Deus dos últimos Dias), liderada pelo
Pastor Marcos Pereira que filma a conversão de
criminosos em bocas de fumo e também o resgate dos
sentenciados à morte pelo tráfico, normalmente após
bárbaras torturas e à beira da execução, em seguida,
vende os DVDs com essas imagens. 8

O mercado evangélico que é movimentado pelos protestantes geram 3


bilhões de reais por ano e gera 2 milhões de empregos, sem falar na mídias
eletrônicas como internet, radio e tv, sem falar de cantores chamados “gospel”
que vendem milhões de cd’s e dvd’s produzidos com muito investimento,
também aumentou muito a produção de filmes e livros “Evangélicos”, já que a
demanda tem aumentado com a estimativa de leitores que leem 6 livros por
ano.

3.1 A Influência Protestante na Sociedade Brasileira

Os evangélicos influenciaram de maneira muito relevante a sociedade


brasileira em todas as suas esferas, cumprindo inclusive o papel dos lideres
governantes desta sociedade.

7
Sepal – Servindo aos Pastores e Líderes é uma missão internacional, estabelecida no Brasil em 1963
com o propósito de auxiliar igrejas a cumprir sua missão, dada por Deus. Trabalhando com treinamentos
e palestras para pastores e líderes de igrejas locais.

8
Revista Veja Nº 1758 Jul 2002 - A Nação Evangélica. Ano 35 Nº 26, 3 Julho 2002.
26

No ano de 2009 a revista Época divulgou estudos que teólogos e


antropólogos realizaram para o entendimento do crescimento dos evangélicos
no Brasil e concluíram que o que vai mudar na sociedade brasileira com esse
crescimento é:

Educação: Para ter acesso à bíblia, a escolaridade


será mais valorizada.

Família: Como a família é prioridade, o número de


lares desfeitos poderá diminuir.

Álcool e Drogas: Evangélicos não bebem nem se


drogam. O Consumo cairá.

Violência: É incerto se um Brasil mais evangélico


será menos violento. 9

Com esses resultados divulgados pela revista Época, haverá uma


grande contribuição na diminuição no consumo do álcool que por consequência
diminuirá o número de acidentes provocados pelo consumo, o aumento da
escolaridade que contribuirá para inclusão social, mais educação e maior
engajamento no mercado de trabalho e etc...

Porém, vale refletir na opinião de Luis Bruneto 10 divulgado em uma


matéria realizada pela “portugues.christianpost.com” 11, onde ele sinaliza que o
fenômeno do grande crescimento, ainda não é o ideal alcançado pelos
protestantes e da mensagem que é pregada por eles. Ele acredita que:

9
Matéria da revista Época, divulgada em 20/05/2009,
Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,EMI74084-15228,00.html

10
Luis André Bruneto, um dos pesquisadores da SEPAL, (Missão Internacional Servindo aos Pastores e
Líderes) que participou da pesquisa realizada pela revista Época.

11
portugues.christianpost.com, versão brasileira de um dos maiores jornais cristãos on line
dos Estados unidos o “The Christianpost”.
27

“O avivamento se reflete, na conversão em massa


das pessoas, mas também em profundas mudanças no
pensamento da sociedade, direcionada pela influência
dos cristãos redimidos.”

“É necessário pensar além dos números, O que


muda na sociedade com tanta gente nas Igrejas? Essa
questão do nominalismo na opinião do pesquisador deve
avançar, citando um exemplo em que a cidade mais
evangélica do Brasil, Quinze de Novembro (RS), tem
cerca de 80,4% de evangélicos e a sua cidade vizinha
Alto Alegre, a 20 km de distância, tem apenas” 0,28% de
evangélicos., ou seja: “A mais evangelizada ao lado de
uma das cidades menos evangelizadas do país”12

O pesquisador Luis Bruneto, chegou a essas conclusões, após realizar


pesquisas no nordeste do Brasil e constatar que no nordeste o crescimento dos
evangélicos está abaixo do restante do país, por conta do sistema religioso que
tende a fundir numa só, várias doutrinas diferentes e também por um
catolicismo intenso onde existe adoração a santos que nem canonizados foram
pelo vaticano.

Outra razão que explica a baixa intensidade dos protestantes na região


do nordeste do Brasil é o difícil acesso a algumas cidades do interior, devido a
ausência de estradas asfaltadas e a precariedade nos meios de comunicação.

A última razão e bastante preocupante é o fato da população do


nordeste ser uma população carente e o retorno financeiro para essa realidade
é mínimo que não viabiliza a auto sustentação da missão.

Apesar dessas razões apresentadas pelo pesquisador, essa ultima é


bastante preocupante e vale apena refletir sobre como o evangelho chegou
ao Brasil e cresceu através de missionários estrangeiros, como foi citado
12
Matéria do “The Christianpost”, Divulgada no dia 15/02/2011, no endereço:
http://m.portugues.christianpost.com/news/populacao-evangelica-no-brasil-atingira-574-milhoes-em-2011-
nao-e-avivamento-diz-missionario-da-sepal-1396/
28

neste trabalho no capitulo ”O PROTESTANTISMO NO BRASIL E A SUA EVOLUÇÃO NA

SOCIEDADE BRASILEIRA” e porque há tanta dificuldade em pregar o evangelho


em cidades do próprio país em que não existe perseguição?

Embora o número de protestantes tenha crescido no Brasil, o país


possui também um grande número de líderes despreparados e materialistas
que inviabiliza a mudança da sociedade na realidade do País.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a chegada do protestantismo no Brasil, o país passou por fases


de evolução e involução, embora o número de protestantes tenha crescido,
ela não foi o bastante para mudar a mentalidade de uma sociedade, com
isso entendemos que esse crescimento se deu apenas pelo fato da inclusão
de regras menos rígidas, flexibilidade dos costumes e também pelo
interesse materialista daqueles que seguem líderes materialistas que
interpretam alguns trechos bíblicos que alimentam a doutrina de que, os
cristãos que são “filhos de Deus” devem exigir e desfrutar de uma excelente
situação financeira e na saúde, dando origem a “Teologia da Prosperidade”,
como a classe média tem aumentado no decorrer dos anos, o crescimento
econômico também vem atraindo líderes mal intencionados que pregam
essa doutrina, e para os pobres e desafortunados de uma em maneira
geral, o direito de possuir as bênçãos como “filho de Deus” traz alívio e
esperança na solução de todos os seus problemas.

Os evangelhos nos mostra Jesus totalmente despreocupado com bens


materiais, pois ensinou que a riqueza dificultava a entrada no reino dos
céus tendo o como exemplo o texto:
”Vendo-o entristecido, Jesus disse: “Como é difícil
aos ricos entrar no reino de Deus”! De fato é mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma agulhado que um
rico entrar no reino de Deus “”13

13
Bíblia sagrada, Versão NVI, Lucas 18:24-25
29

Inclusive Jesus nos aconselhou a vender os bens e dar aos pobres, e


que o lugar para se guardar tesouros era no céu e que o seu reino não era
desse mundo.

Em breve os protestantes serão a maioria, e oramos para que Deus


também faça maioria às instituições que represente os interesses da
palavra de Deus, e que essa verdade liberte os protestantes brasileiros de
uma vida superficial e religiosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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legalização”. Goiânia, GO. Kelps, 2009.

HELLERN, Vitor e outros. O livro das Religiões. São Paulo. Cia Das Letras,
2000.

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Petrópolis: Paulinas e Vozes, 1983.

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Disponível em: “http://www.mackenzie.br/6994.html” Acesso em: 22 Set. 2011.

DIAS, José. Texto. A igreja evangélica e a ditadura militar de 1964.


Disponível em: “http://www.santovivo.net/gpage16.aspx” Acesso em: 23 Set.
2011.

SOUZA, Beatriz Muniz de; MARTINO, Luís Mauro Sá.


(Org.) Sociologia da religião e mudança social: católicos, protestantes e novos
movimentos religiosos no Brasil. São Paulo: Paulus, 2004

MENDONÇA, Antonio Gouvêa. Protestantismo brasileiro, uma breve


interpretação histórica. In: SOUZA, Beatriz Muniz & MARTINO, Luís Mauro Sá
(orgs). Sociologia da Religião e Mudança Social: Católicos, protestantes e
novos movimentos religiosos no Brasil. São Paulo: Paulus, 2004. 173p.
30

CAIRNS Earle E. O Cristianismo através dos séculos: Uma história da Igreja


Cristã, Edições Vida Nova, São Paulo.

ALMEIDA, Abraão de. Teologia Contemporânea, CPAD.

Josias Moura de Menezes, Apostila de Teologia Contemporânea, Disponível


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Revista Veja Nº 1758 Jul 2002 - A Nação Evangélica. Ano 35 Nº 26, 3 Julho
2002.

RAMOS, Humberto. Texto


Disponível em: “www.pulpitocristao.com” Acesso em: 23 Set. 2011.

World Christian Database, arquivos da VEJA, manual de redação do jornal


Folha de S. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/evangelicos/em_resumo.html.

Matéria divulgada no site da revista ÉPOCA, Disponível em:


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI74084-15228,00.html

Matéria do “The Christianpost”, Divulgada no dia 15/02/2011, Disponível em:


http://m.portugues.christianpost.com/news/populacao-evangelica-no-brasil-atingira-
574-milhoes-em-2011-nao-e-avivamento-diz-missionario-da-sepal-1396/

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