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CASOS OBRIGATÓRIOS DA CRASE

 A crase é, na língua portuguesa, a contração de duas vogais iguais, sendo representada


com acento grave.

 Casos Obrigatórios da Crase.


✓ Antes de palavras femininas: em construções frásicas com substantivos e adjetivos que
pedem a preposição a e com verbos cuja regência é feita com a preposição a, indicando a
quem algo se refere, como: agradecer a, pedir a, dedicar a,…

Aquele aluno nunca está atento à aula.

Suas atitudes são idênticas às de sua irmã.

Não consigo ser indiferente à falta de respeito dessa menina!

É importante obedecer às regras de funcionamento da escola.

As testemunhas assistiram à cena impávidas e serenas.

✓ Em diversas expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções conjuntivas: à


noite, à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à
maneira de, à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de, à medida que, à
proporção que,…

Ligo-te hoje à noite.

Ele está completamente à parte do grupo.

A funcionária apenas conseguiu a promoção à custa de muito esforço.

Meu filho mais velho está completamente à deriva: não estuda, não trabalha, não faz
nada.

▪ Nota: Pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino desde que haja uma palavra
feminina que se encontre subentendida, como no caso das locuções à moda de e à maneira
de.

Decisões à Pedro Neves. (à maneira de Pedro Neves)

Estilo à Paulo Sousa. (à moda de Paulo Sousa)

✓ Antes da indicação exata e determinada de horas:

Meu filho acorda todos os dias às seis da manhã.

Chegaremos a Brasília às 22h.


A missa começará à meia-noite.

▪ Nota: Com as preposições para, desde, após e entre, não ocorre crase.

Estou esperando você desde as seis horas.

Marcaram o almoço para as duas horas da tarde.

✓ Em diversas expressões de modo ou circunstância, atuando como fator de transmissão


de clareza na leitura:

Vou lavar a mão na pia.

Vou lavar à mão a roupa delicada.

Ele pôs a venda nos olhos.

Ele pôs à venda o carro.

Ela trancou a chave na gaveta.

Ela trancou à chave a porta.

Estudei a distância.

Estudei à distância
 Exercícios:

 Para fixar o aprendizado sobre os casos obrigatórios da crase, vejamos alguns exercícios
práticos.

1) Opção que preenche corretamente as lacunas: O gerente dirigiu-se sua sala e pôs-se
falar todas as pessoas convocadas.

a) à - à - à
b) a - à - à
c) à - a - a
d) a - a - à
e) à - a – à

2) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto ao lado: "Recorreu


irmã e ela se apegou como uma tábua de salvação."

a) à - à - a
b) à - a - à
c) a - a - a
d) à - à - à
e) à - a - a

3) Sentou-se máquina e pôs-se reescrever uma uma as páginas do relatório.

a) à - à - a
b) a - à - à
c) à - à - à
d) à - a - a

4) Assinale a alternativa em que está correto o uso do acento indicativo de crase:

a) O autor se comparou à alguém que tem boa memória.


b) Ele se referiu às pessoas de boa memória.
c) As pessoas aludem à uma causa específica.
d) Ele passou a ser entendido à partir de suas reflexões sobre a memória.
e) Os livros foram entregues à ele.
5) Dadas as afirmações:

1- Tudo correu as mil maravilhas.


2 – Caminhamos rente a parede.
3 – Ele jamais foi a festas.
Verificamos que o uso do acento indicador da crase no a é obrigatório:

a) apenas na sentença nº 1.
b) apenas na sentença nº 2.
c) apenas nas sentenças nºs 1 e 2.
d) em todas as sentenças

 Gabarito:
1) C.
2) E.
3) D.
4) B.
5) C.
CASOS FACULTATIVOS DA CRASE

 A crase é, na língua portuguesa, a contração de duas vogais iguais, sendo representada


com acento grave.

 Casos Facultativos da Crase.

✓ Antes de pronomes possessivos:

Na festa de Natal, fizeram referência a minha falecida mãe.

Na festa de Natal, fizeram referência à minha falecida mãe.

✓ Antes de nomes próprios femininos:

Enviei cartas a Heloísa.

Enviei cartas à Heloísa.

▪ Nota: Não ocorre crase em contexto formal e na nomeação de personalidades ilustres


porque nestes casos, segundo a norma culta, não se usa artigo definido.

Em seu discurso sobre poesia, fez referência a Cecília Meireles.

A cerimônia foi em homenagem a Clarice Lispector.

✓ Depois da preposição até antecedendo substantivos femininos:

Não desistiremos, iremos até as últimas consequências.

Não desistiremos, iremos até às últimas consequências.

 Casos específicos para o uso da crase.


✓ Antes de nomes de localidades: Apenas ocorre crase antes de nomes de localidades que
admitam a anteposição do artigo a quando regidos pela preposição a. Uma forma fácil de
verificar se há anteposição do artigo a é substituir a preposição a pelas preposições de ou
em.
 Contração da preposição a com artigo definido feminino a: a + a = à
 Contração da preposição de com artigo definido feminino a: de + a = da
 Contração da preposição em com artigo definido feminino a: em + a = na
 Havendo contração com as preposições de e em, ficando da e na, também haverá
contração com a preposição a, ficando à:
Vim da Bahia.

Estou na Bahia.

Vou à Bahia no próximo mês.


 Não havendo contração com as preposições de e em, permanecendo de e em, também
não haverá contração com a preposição a, permanecendo a:

Vim de Brasília.

Estou em Brasília.

Vou a Brasília no próximo mês.

▪ Nota: Se houver adjunto adnominal que determine a cidade, ocorre crase.

Cheguei à Brasília dos políticos corruptos.

Regressei à Curitiba de minha infância.

✓ Antes da palavra terra: Ocorre crase apenas com o sentido de Planeta Terra e de
localidade, se esta estiver determinada. Com o sentido de chão, estando indeterminado,
não ocorre crase.

Fui à terra onde meu pai nasceu. (localidade identificada)

O astronauta regressou à Terra trinta dias após sua partida. (Planeta Terra)

Os marinheiros chegaram a terra de madrugada. (chão indeterminado)

✓ Antes da palavra casa: Ocorre crase apenas quando a palavra casa está determinada com
um adjunto adnominal. Sem a determinação de um adjunto adnominal não há crase.

Regresso a casa sempre que posso. (Sem adjunto adnominal)

Regresso à casa de meus pais sempre que posso. (Com adjunto adnominal)
 Exercícios:

 Para fixar o aprendizado sobre os casos facultativos da crase, vejamos alguns exercícios
práticos.

1) O uso do acento grave (indicativo de crase ou não) está incorreto em:


a) Primeiro vou à feira, depois é que vou trabalhar.
b) Às vezes não podemos fazer o que nos foi ordenado.
c) Não devemos fazer referências àqueles casos.
d) Sairemos às cinco da manhã.
e) Isto não seria útil à ela.

2) O acento grave, indicador de crase, está empregado incorretamente em:

a) Tal lei se aplica, necessariamente, à mulheres de índole violenta.


b) As novelas, às quais assisti, problematizam a questão da droga.
c) Entregou as chaves da loja àquele senhor que nos desacatou na praça.
d) O delegado disse ao prefeito e aos vereadores que estava à procura dos foragidos.
e) O bom atendimento às pessoas pobres deve ser prioridade da nova administração.

3) Nas alternativas que seguem, há três frases que podem estar corretas ou não. Leia-as
atentamente e marque a resposta certa:

I. O seu egoísmo só era comparável à sua feiura.


II. Não pôde entregar-se às suas ilusões.
III. Quem se vir em apuros, deve recorrer à justiça.

a) Apenas a frase II está correta.


b) Apenas as frases I e II estão corretas.
c) As três frases estão corretas.
d) Apenas a frase I está correta.
e) Apenas as frases II e III estão corretas.

4) Avalie as duas frases que seguem:

I. Ela cheirava à flor de romã.


II. Ela cheirava a flor de romã.
Considerando o uso da crase, é correto afirmar:
a) As duas frases estão escritas adequadamente, dependendo de um contexto.
b) As duas frases são ambíguas em qualquer contexto.
c) A primeira frase significa que alguém exalava o perfume da flor de romã.
d) A segunda frase significa que alguém tem o perfume da flor de romã.
e) O “a” da segunda frase deveria conter o acento indicativo da crase.

5) Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas das frases.


situações insustentáveis do lixo na capital. Esse problema chega autoridades que
deverão tomar providências cabíveis.

a) As - as - as
b) Há - às - as
c) Há - as - às
d) Às - as - às
e) As - hás - as

 Gabarito:
1) E.
2) A.
3) C.
4) A.
5) B.
CASOS PROIBITIVOS DA CRASE

 A crase é, na língua portuguesa, a contração de duas vogais iguais, sendo representada


com acento grave.

 Casos Proibitivos da Crase.


✓ Antes de substantivos masculinos:

Gosto de andar a pé.

Este passeio será feito a cavalo.

Será estipulado um tipo de pagamento a prazo.

Escreve a lápis, assim podemos apagar o que for preciso.

✓ Antes de verbos:

Não sei se ela chegou a falar sobre esse assunto.

Meu filho está aprendendo a cantar essa música na escola.

O arquiteto está começando a renovar essa casa.

Meu irmão se dispôs a ajudar no que fosse necessário.

✓ Antes da maior parte dos pronomes:

Desejamos a todos um bom fim de semana.

Você já pediu ajuda a alguém?

Dei todos os meus carrinhos a ele.

Refiro-me a quem nunca esteve presente nas reuniões.

▪ Nota: Antes de alguns pronomes pode ocorrer crase:

Não entregamos o trabalho à mesma professora.

Eu pedi a fatura à própria gerente do estabelecimento.

Solicitei à senhora que não fizesse mais reclamações.

Esta é a reportagem à qual me referi.


✓ Em expressões com palavras repetidas, mesmo que essas palavras sejam femininas:

Estamos estudando as expressões mais usadas pelos falantes no dia a dia.

Gota a gota, minha paciência foi enchendo!

Preciso conversar com você face a face.

Por favor, permaneçam lado a lado.

✓ Antes de palavras femininas no plural antecedidas pela preposição a:

Este artigo se refere a pessoas que estão desempregadas.

A polêmica foi relativa a mulheres defensoras da emancipação feminina.

As bolsas de estudo foram concedidas a alunas estrangeiras.

▪ Nota: Caso se especifique os substantivos femininos através da utilização do artigo


definido as, ocorre crase, dada a contração desse artigo com a preposição a: a + as = às:

Este artigo se refere às pessoas que estão desempregadas.

A polêmica foi relativa às mulheres defensoras da emancipação feminina.

As bolsas de estudo foram concedidas às alunas estrangeiras.

✓ Antes de um numeral (exceto horas, conforme acima mencionado):

O número de concorrentes chegou a quinhentos e vinte e sete.

O hotel fica a dois quilômetros daqui.

O motorista conduzia a 180 km/h.


 Exercícios:

 Para fixar o aprendizado sobre os casos proibitivos da crase, vejamos alguns exercícios
práticos.

1) Assinale a frase onde a crase foi empregada incorretamente:


a) Iremos à fazenda amanhã.
b) A professora fez críticas à algumas alunas.
c) Ela está à espera de vocês.
d) Vou à biblioteca depois da aula.

2) Em alguns nomes de lugares femininos não é correto utilizar a crase. Assinale a


alternativa em que ocorre esse uso incorreto:
a) Marta foi à Itália.
b) Joana foi à Bahia.
c) Jonas foi à Argentina.
d) Marcos foi à Londres.
e) Não há alternativa incorreta.

3) A alternativa em que o sinal de crase não procede é:


a) À exceção da Bandeirantes, as outras emissoras de televisão detêm a ampla liderança
com percentuais fabulosos.
b) Está presente a cineasta das cidades brasileiras à quem a porcentagem de 7%
surpreendeu.
c) Os dados da pesquisa referem-se às cenas, certamente sem paralelo, em qualquer outro
lugar no mundo.
d) Cresce, às escondidas, o número de cidades recebendo imagens de televisão,
ameaçadoras dos valores ético-culturais.

4) Assinale a alternativa com erro de crase:


a) nenhuma das alternativas está errada.
b) Você já esteve em Roma? Eu irei à Roma logo.
c) Fui à Lisboa de meus avós, pois gosto da Lisboa de meus avós.
d) Já não agrada ir a Brasília. A gasolina…
e) Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.
5) Assinale a opção incorreta com relação ao emprego do acento indicativo de crase:

a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos privilegiada.


b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qualquer população carente.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à entrevista.
d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade sertaneja.
e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade.

 Gabarito:
1) B.
2) D.
3) B.
4) B.
5) B.
INTRODUÇÃO À CRASE

 A palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua


portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas.
 Crase é o nome que se dá à união da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”,
ou com o “a” inicial dos pronomes demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”,
ou, ainda, com o “a” inicial dos pronomes relativos “a qual” e “as quais”. Ao acento
indicador de crase dá-se o nome de acento grave.

 Em nossa língua, a crase ocorrerá para unir duas vogais “A” que apareçam
seguidas na frase, em vocábulos distintos.
 Essa união pode ocorrer entre a preposição “A” (aquela proposição que tem
sentido de “para”) e um artigo definido “A”.

→Exemplo:
- Eu vou para a casa de Maria.
- Eu vou à casa de Maria. = Eu vou a + a casa de Maria.

 Na frase acima, se optarmos por, em vez de usar a preposição “PARA”, usar a


preposição “A”, teremos duas vogais “A” seguidas: preposição “A” + artigo “A”. Em
vez de grafar as duas vogais “A” separadamente (“eu vou a a casa de Maria”), o
correto é juntá-las em uma só grafia, utilizando o sinal indicativo de crase para
mostrar essa união (“eu vou à casa de Maria”).
 Algumas vezes, no entanto, não será possível realizar essa substituição, mas
isso não significa que a lógica acima esteja errada. Acontece que a preposição
“A” nem sempre tem o sentido de “PARA”.

→Exemplo:
- Sou favorável à prisão de homofóbicos.
 Não é possível dizer “sou favorável para a prisão de homofóbicos”, pois a
preposição “A”, neste caso, não possui o sentido de “para”. Mas podemos utilizar a
mesma lógica acima:
- Sou favorável a algo. (apenas preposição “A”)
- Sou favorável a a prisão de homofóbicos. (preposição “A” + artigo “A”)
- Sou favorável à prisão de homofóbicos. (união das duas vogais)

*Atenção!
Para usar corretamente o acento indicador de crase, é necessário compreender as situações
de uso nas quais o fenômeno está envolvido. Aprender a colocar o acento depende,
sobretudo, da verificação da ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou
pronome.
Dica para o uso da crase.

Uma forma fácil de verificar a existência ou não da crase em diversas situações é


substituir o substantivo feminino por um substantivo masculino e verificar se haverá
ou não a presença da preposição a contraindo com o artigo definido a.

Contração da preposição a com artigo definido feminino a: a + a = à


Contração da preposição a com artigo definido masculino o: a + o = ao

Dúvida no uso da crase: “Vou à praia” ou “Vou a praia”?


Substituição por um substantivo no masculino: Substituição de praia por parque.
Reconstrução da dúvida com o substantivo masculino: “Vou ao parque” ou “Vou o
parque”?
Generalização da resposta correta: A forma correta é “Vou ao parque”, com a contração
ao. Assim, a forma correta também será “Vou à praia”, com a contração à.

Dúvida no uso da crase: “Vale à pena” ou “Vale a pena”?


Substituição por um substantivo no masculino: Substituição de pena por
sacrifício.
Reconstrução da dúvida com o substantivo masculino: “Vale ao sacrifício” ou
“Vale o sacrifício”?
Generalização da resposta correta: A forma correta é “Vale o sacrifício”, sem a
contração ao. Assim, a forma correta também será “Vale a pena”, sem a contração à.

*Atenção!
Mais importante do que decorar regras de quando usar ou não usar crase, o correto uso dacrase
depende de um bom conhecimento estrutural da língua e de uma capacidade de análise do enunciado
frásico, sendo importante compreender que não ocorre crase se houver apenas a preposição a, ou
apenas o artigo definido a ou apenas o pronome demonstrativo a. Para que haja crase, é preciso que
haja uma sequência de duas vogais iguais, que sofrem contração, formando crase.

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