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DESCRIÇÃO

Sistemas de acionamento elétrico e características dos dispositivos utilizados para comando e proteção deles.

PROPÓSITO
Compreender os conceitos dos comandos e acionamentos, assim como suas aplicações em circuitos elétricos e eletrônicos,
é importante para sua formação, pois facilitará a sua atuação como profissional de Engenharia.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura do conteúdo, tenha em mãos papel e caneta.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Compreender os sistemas de acionamento elétrico


MÓDULO 2

Reconhecer os dispositivos de proteção utilizados em sistemas elétricos

MÓDULO 3

Identificar os dispositivos de comando utilizados em sistemas elétricos

Os comandos elétricos e os dispositivos de proteção

MÓDULO 1


Compreender os sistemas de acionamento elétrico
A importância dos comandos elétricos

INTRODUÇÃO AOS COMANDOS ELÉTRICOS


A eletricidade é uma grandeza física fundamental nos dias de hoje. Na indústria, na comunicação e no lazer, desde o
acionamento de uma prensa industrial até o ligar de um computador, os comandos elétricos são fundamentais para que a
energia seja corretamente fornecida aos equipamentos. Esses comandos podem ser manuais ou automáticos.

 EXEMPLO

Entre as utilizações dos comandos elétricos, as aplicações na eletricidade de potência no setor industrial são, certamente,
as mais importantes. Nesse setor, diversas atividades dos profissionais da área elétrica necessitam desses comandos, seja
na forma de projetos elétricos, instalação de acessórios e equipamentos, ou mesmo da automação industrial.

Essencialmente, os comandos elétricos representam técnicas e métodos que são empregados para controlar os
acionamentos de máquinas e equipamentos. Um comando elétrico pode ser basicamente composto de circuitos de força,
nos quais são encontradas as cargas (como os motores elétricos de corrente contínua e os motores de corrente alternada) e
os circuitos de comandos. Os circuitos de comando contemplam as lógicas de acionamento e os dispositivos de manobra e
proteção (como as botoeiras, relés, entre outros).
De maneira resumida, os dispositivos elétricos são utilizados nas manobras e acionamentos dos equipamentos industriais.
Esses dispositivos também protegem contra sobretensões e curtos-circuitos, no desenvolvimento de lógicas de
acionamento e intertravamento, bloqueando manobras que não devem ser executadas de maneira simultânea.

INFRAESTRUTURA BÁSICA DE UM COMANDO DE


ACIONAMENTO ELÉTRICO
Os comandos elétricos são utilizados na realização de manobras em circuitos elétricos. Esses comandos podem ser
utilizados de forma manual ou automática.

COMANDOS MANUAIS
São aqueles que envolvem, essencialmente, as ações de um operador. Sua atuação sobre um botão ou comando elétrico
habilita ou desabilita o fornecimento de energia elétrica para uma carga, como ilustra o diagrama simplificado da Figura 1.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 1. Acionamento manual de um equipamento.

COMANDOS AUTOMÁTICOS
São aqueles que independem da ação direta de um operador. Um exemplo prático são os sistemas com controle em malha
fechada, como os aparelhos de ar-condicionado. Neles, o comando a ser enviado para o equipamento vem de um sensor,
responsável por monitorar determinada variável, como ilustra a Figura 2.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 2. Acionamento automático de um equipamento.

No sistema com acionamento automático (também conhecido como realimentado ou em malha fechada), um sensor é
utilizado para enviar um sinal para um controlador. Esse sinal é inerente à variável que se deseja monitorar. O controlador,
ao receber o sinal proveniente do sensor, atua sobre o equipamento, fazendo com que ele ligue, desligue, mude sua
velocidade etc.

 VOCÊ SABIA

Os aparelhos de ar-condicionado atuam como sistemas em malha fechada. A temperatura é monitorada por um termostato
(sensor de temperatura) e repassada para o circuito de controle, responsável por ligar ou desligar o compressor que resfria
o ar.

Os novos modelos, conhecidos como inverter ou smart, são projetados para não desligarem seus compressores, mas
reduzirem a velocidade de rotação. Dessa maneira, economizam energia elétrica, já que o maior consumo ocorre quando o
compressor é ligado.

Alguns termos são fundamentais para entender os dispositivos utilizados em comandos elétricos:

CAPACIDADE DE INTERRUPÇÃO

Valor específico do fluxo de corrente, acima de determinado limite, capaz de interromper a passagem da corrente sob
condições específicas de tensão.

CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Sobrecarga de corrente (sobrecorrente) que pode promover um dano ou gerar falha no equipamento, promovida por uma
baixa impedância em condutores energizados.
BOTÕES

Comandos manuais utilizados no acionamento ou manobra das máquinas (liga, desliga, inversão de rotação etc.):

Chave seccionadora: conexão mecânica capaz de abrir ou fechar um circuito.

Interruptor: chave elétrica adequada às manobras de circuitos elétricos.

SIMBOLOGIA PARA EQUIPAMENTOS DE MANOBRA E


CONTROLE ELÉTRICOS
A simbologia tem por objetivo padronizar os símbolos gráficos que devem ser usados para representar componentes e a
relação entre eles. É usada em desenhos técnicos ou diagramas de circuitos de comandos eletromecânicos.

Na representação de dispositivos, o significado, a simbologia e a abreviatura devem estar de acordo com as normas
nacionais e internacionais utilizadas em circuitos elétricos. Elas são utilizadas na representação gráfica de contatores,
fusíveis, transformadores, motores, dispositivos de proteção, sinalização, entre outros dispositivos elétricos.

Dentre essas normas, podem ser destacadas:

NBR 5037

Símbolos gráficos de eletricidade: fusíveis, centelhadores e para-raios.

NBR 5272

Símbolos gráficos de eletricidade: dispositivos de partida.

NBR 5274

Símbolos gráficos de eletricidade: contatos, chaves, interruptores, dispositivos de alarme e de sinalização.

NBR 5444

Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.


NBR 5446

Símbolos de relação usados na confecção de esquemas.

NBR 12523

Símbolos gráficos de equipamentos de manobra e controle e de dispositivos de proteção.

O avanço da tecnologia e dos diferentes processos de fabricação levaram à produção de diversos dispositivos elétricos ao
longo dos últimos anos. Isso gerou a necessidade de criação de um número muito grande de símbolos, tornando inviável a
atualização dessas normas. Assim, todas foram canceladas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sem
substituição. Apesar disso, os símbolos e representações gráficas descritos nessas normas continuam a ser utilizados na
representação dos circuitos.

No quadro a seguir é possível visualizar os símbolos utilizados na identificação de componentes nos esquemas elétricos, de
acordo com a norma IEC 113-2.

Identificação Componentes Exemplos Significado Representação

Conjuntos e Combinações
A Corrente contínua
subconjuntos diversas

Células
B Transdutores fotoelétricas, Corrente alternada
piezoelétricos
Identificação Componentes Exemplos Significado Representação

Corrente contínua
C Capacitores -
e alternada

Elementos binários
Registradores e Corrente alternada
e dispositivos de
D circuitos monofásica com I – 60Hz
temporização e
contadores 60Hz
memória

Corrente alternada
Dispositivos de
Componentes trifásica, 3
E iluminação e 3 – 60Hz 220V
diversos condutores com
aquecimento
60Hz, tensão 220V

Corrente alternada
trifásica, com
Dispositivos de
F Fusíveis, relés neutro, 4 3 – 60 Hz 380V
proteção
condutores com
60Hz, tensão 380V

Corrente contínua,
Geradores, fontes Alternadores,
G 2 condutores com 2 – 220V
de alimentação geradores
tensão 220V

Corrente contínua,
Indicadores
Dispositivos de 2 condutores e
H sonoros e 2W – 110
sinalização neutro, tensão de
luminosos
110V

Contatos
K Contatores
auxiliares

Bobinas de
L Indutores
indução
Identificação Componentes Exemplos Significado Representação

M Motores -

Amplificadores, Amplificadores
N
reguladores analógicos

Instrumentos de
Instrumentos
P medição e de
indicadores
ensaio

Dispositivos de
manobra para
Q Disjuntores
circuitos de
proteção

R Resistores Potenciômetros

Dispositivos de
manobra para Botões de
S
circuitos de comando
potência

T Transformadores -

Moduladores,
U Codificadores
conversores

Válvulas
V eletrônicas, -
semicondutores

Antenas, guias de
W transmissão e de -
onda

Terminais, tomadas Blocos


X
e plugues conectores
Identificação Componentes Exemplos Significado Representação

Dispositivos
mecânicos Válvulas
Y
operados pneumáticas
mecanicamente

Cargas corretivas,
Z transformadores Filtros
diferenciais


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Quadro: Símbolos literais para identificação de componentes em esquemas elétricos.

Elaborado por Raphael de Souza dos Santos.

Ainda de acordo com a ABNT, diversos símbolos gráficos são utilizados na representação dos dispositivos dos circuitos
elétricos. Um levantamento desses símbolos pode ser visto no quadro a seguir:

Nome Símbolo Nome Símbolo

Contato
Terra normalmente
aberto

Contato
Massa normalmente
fechado

Nome Símbolo Nome Símbolo

Polaridade
Comutador
positiva

Polaridade Comutador sem


negativa interrupção

Temporizador no
Tensão perigosa
fechamento

Ligação delta ou Temporizador na


triângulo abertura

Nome Símbolo Nome Símbolo

Ligação Y ou Fechador de
estrela comando manual

Ligação estrela Abridor de


com neutro comando
acessível excêntrico

Ligação Fechador por


ziguezague bobina

Fechador com
Ligação em V
mecanismo

Nome Símbolo Nome Símbolo

Abridor com
Comando manual
pressão

Comando com o Fechador com


pé temperatura

Comando
Tomada e plugue
excêntrico

Comando por
Fusível
meio de êmbolo

Nome Símbolo Nome Símbolo

Comando por Fusível com


energia mecânica indicação de lado

Comando por
Fusível tripolar
motor

Sentido de
deslocamento do
comando Barra de conexão
(exemplo: para a
esquerda)

Comando com Seccionador


travamento tripolar

Nome Símbolo Nome Símbolo

Comando
Interruptor tripolar
engastado

Dispositivo
temporizado
(exemplo: Disjuntor
temporização à
direita)

Comando
desacoplado com Selecionador –
acionamento disjuntor
manual

Comando
Contatos
acoplado com
auxiliares com
acionamento
relé térmico
manual

Nome Símbolo Nome Símbolo

Disjuntor tripolar
com relés
Fecho mecânico eletromagnéticos
com contatos
auxiliares

Fecho mecânico Transformador


com disparador com dois
auxiliar enrolamentos

Transformador
Motor geral com três
enrolamentos

Gerador geral Autotransformador

Nome Símbolo Nome Símbolo

Motor de corrente Bobina de


contínua reatância

Gerador de Transformador de
corrente contínua corrente

Motor de corrente
Transformador de
alternada
potencial
monofásico

Transformador de
Motor de corrente
corrente
alternada trifásico
capacitivo

Nome Símbolo Nome Símbolo

Transformador
com três
Motor de indução
enrolamentos (um
trifásico
de serviço e dois
de controle)

Transformador
Motor de indução
com dois
trifásico com
enrolamentos com
enrolamento no
diversas
estator
derivações

Transformador de
Gerador síncrono dois enrolamentos
trifásico com ímã com variação
permanente contínua de
tensão

Transformador de
Gerador síncrono
rede elétrica
monofásico com
(modelo
ímã permanente
simplificado)

Nome Símbolo Nome Símbolo

Gerador de Simplificação
corrente contínua análoga para os
com enrolamento transformadores
de compensação de tensão e de
e inversão polar corrente

Acionamento por
Dispositivo de
energia mecânica
partida
acumulada

Dispositivo de Acionamento por


partida variável motor

Acionamento com
Dispositivo
bloqueio
semiautomático
mecânico

Nome Símbolo Nome Símbolo

Dispositivo de
Acionamento com
partida estrela-
posição fixa
triângulo

Dispositivo de
Acionamento
partida
temporizado
autotransformador

Acoplamento
Motor trifásico de
mecânico
indução
desacoplado

Nome Símbolo Nome Símbolo

Acoplamento
Acionamento
mecânico
eletromagnético
acoplado

Acionamento Acionamento
manual magnético

Acionamento
Acionamento por
temporizado no
impulso
desligamento

Acionamento por
Acionamento
bloqueio
temporizado na
mecânico de
ligação
múltiplas posições

Nome Símbolo Nome Símbolo

Acionamento
Acionamento
temporizado na
mecânico (chave
ligação e no
de fim de curso)
desligamento

Dispositivo de
proteção contra Sensor
surtos

Transformador de
potencial para Autotransformador
medição

Transformador de
corrente para Motor trifásico
medição

Nome Símbolo Nome Símbolo

Tiristor Sirene

Diodo Zener Lâmpadas

Inversor de
frequência


Contator e relé de
sobrecarga com
contator auxiliar

Conversor

Nome Símbolo Nome Símbolo

Disjuntor com relé


Pilha de sobrecarga
(curto-circuito)

Seccionador sob
Bateria
carga

Seccionador –
Buzina
fusível sob carga

Disjuntor com
relés disparadores
Campainha de sobrecarga,
curto-circuito e
subtensão


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro: Símbolos gráficos de representação de dispositivos em circuitos elétricos.

Elaborado por Raphael de Souza dos Santos

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UM SISTEMA PARA CONTROLE DE UM TANQUE DE ÁGUA DEPENDE DE UM COMANDO SER


ENVIADO PARA UMA BOMBA, DE MANEIRA A FAZER COM QUE A ÁGUA ENTRE NO TANQUE,
DE ACORDO COM UM COMANDO ENVIADO, POR UMA BOIA DE NÍVEL. COMO NÃO É
NECESSÁRIA A AÇÃO DE UM OPERADOR PARA TAL OPERAÇÃO, PODE-SE CONCLUIR QUE O
COMANDO ENVIADO PARA A BOMBA É:

A) Automático

B) Manual

C) Gerador

D) Excêntrico

E) Motor

2. CONSIDERE O CIRCUITO ABAIXO, UTILIZADO PARA O ACIONAMENTO DE UM MOTOR


MONOFÁSICO. O CIRCUITO CONTA COM UM MEDIDOR DE CORRENTE, UMA CHAVE
NORMALMENTE ABERTA E UM DISPOSITIVO F QUE CORRESPONDE A UM(A):

A) Seccionador

B) Interruptor
C) Tomada

D) Plugue

E) Fusível

GABARITO

1. Um sistema para controle de um tanque de água depende de um comando ser enviado para uma bomba, de
maneira a fazer com que a água entre no tanque, de acordo com um comando enviado, por uma boia de nível. Como
não é necessária a ação de um operador para tal operação, pode-se concluir que o comando enviado para a bomba
é:

A alternativa "A " está correta.

Os comandos automáticos são aqueles que independem da ação direta de um operador. Nesses sistemas, o comando
enviado ao equipamento responsável por atuar sobre o processo depende apenas do sinal medido da variável que se
deseja monitorar.

2. Considere o circuito abaixo, utilizado para o acionamento de um motor monofásico. O circuito conta com um
medidor de corrente, uma chave normalmente aberta e um dispositivo F que corresponde a um(a):

A alternativa "E " está correta.

O circuito corresponde à alimentação de um motor monofásico alimentado por uma fase e um neutro. O circuito possui três
chaves seccionadoras conectadas em série normalmente abertas e dois dispositivos de proteção do tipo fusível (F).

MÓDULO 2
 Reconhecer os dispositivos de proteção utilizados em sistemas elétricos

A importância dos dispositivos de proteção utilizados nos sistemas elétricos

DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO EM SISTEMAS


ELÉTRICOS
Um circuito elétrico pode ser usado para acionar uma carga ou até para integrar um sistema de comunicação. Seja em uma
aplicação ou em outra, os dispositivos de proteção são essenciais para a preservação dos equipamentos e das pessoas
envolvidas na operação ou manutenção desses sistemas.

Para a utilização dos comandos elétricos, é fundamental a proteção ao operador e a possibilidade de implementação da
lógica de comando e controle (seja automático ou manual). Quanto à proteção, é importante observar os elementos
utilizados na sequência de partida, manobra e parada dos equipamentos (motores, geradores etc.). Esses elementos podem
ser classificados como:

SECCIONAMENTO

É o elemento responsável por promover a descontinuidade elétrica do circuito. Essa interrupção se dá mediante o
acionamento de um dispositivo apropriado (chave seccionadora, interruptor, disjuntor), que pode ser feito por meios manuais
ou automáticos.

DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA CURTOS-CIRCUITOS

São os elementos responsáveis pela proteção dos circuitos e dos seus operadores em casos de sobrecarga de corrente por
anormalidade no sistema.

PROTEÇÃO CONTRA SOBRECARGAS DE CORRENTE

São dispositivos responsáveis por protegerem os equipamentos ou operadores em casos de elevações dos níveis da
corrente elétrica acima dos tolerados pelos equipamentos, sem que sejam considerados curtos-circuitos.

DISPOSITIVOS DE MANOBRA

Permite ligar ou desligar os equipamentos (motores e geradores) de forma segura, sem que o operador seja exposto às
partes “vivas” (energizadas) do sistema.

Veja uma sequência genérica de acionamento de um motor:

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 3. Sequência de acionamento de um motor.

As manobras de proteção, partidas ou paradas de motores convencionais são divididas em dois tipos, segundo a norma IEC
60947:

COORDENAÇÃO DO TIPO 1
COORDENAÇÃO DO TIPO 2
COORDENAÇÃO DO TIPO 1

Sem risco para as pessoas e instalações, há o desligamento seguro da corrente de curto-circuito. Nessa coordenação, os
riscos de danos no contator e no relé de sobrecarga são tolerados.

COORDENAÇÃO DO TIPO 2

Sem risco para as pessoas e instalações, permite uma fácil separação sem deformações significativas. Nessa coordenação,
não são tolerados danos ao relé de sobrecarga ou em outras partes, com exceção de leve fusão dos contatos do contator.

FUSÍVEIS
A função de um fusível é proteger um circuito contra um curto-circuito, sobretudo de sistemas elétricos industriais, nos quais
os valores das correntes nominais podem ser muito elevados, e cujas situações de curto-circuito apresentam alta
intensidade e podem promover altos danos materiais e pessoais.

No interior dos fusíveis há um fio de chumbo ou de estanho com dimensões variadas. Essa diferença nas dimensões do fio
faz com que ele suporte determinado limite de temperatura e interrompa o fluxo de corrente no circuito quando o limite é
ultrapassado.

O AUMENTO REPENTINO NA INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA


EM UM CIRCUITO PODE GERAR SUPERAQUECIMENTOS E, COMO
CONSEQUÊNCIA, PROVOCAR INCÊNDIOS, QUEIMADURAS, ENTRE
OUTROS ACIDENTES.

ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS FUSÍVEIS

Os fusíveis (Figura 4) são construídos com fios de chumbo ou de estanho, de dimensões variadas (área transversal e
comprimento) e especificamente calculadas para que o fusível suporte uma corrente elétrica máxima específica.

Caso a corrente elétrica ultrapasse o valor indicado, o fio derrete, interrompendo o fluxo de corrente no circuito, evitando
que maiores danos sejam causados aos demais componentes. Os fios de chumbo ou de estanho são usados por serem
metais com baixo ponto de fusão. Eles derretem em temperaturas não muito elevadas, preservando o circuito.

Foto: Shutterstock.com
 Figura 4. Fusível de vidro.

 SAIBA MAIS

O derretimento do fio de chumbo no interior dos fusíveis ocorre devido a um fenômeno físico relacionado ao aquecimento
do fio pela dissipação de energia sobre ele, conhecido como efeito Joule.

No efeito Joule, a passagem da corrente elétrica faz com que os átomos que compõem a estrutura cristalina do metal
fiquem mais agitados. Essa energia promove o aquecimento do fio. O efeito macroscópico dessa agitação é o aumento da
temperatura do fio.

DIMENSIONAMENTO DO FIO DE UM FUSÍVEL

As dimensões do fio utilizado no interior do fusível influenciam diretamente em sua resistência elétrica, que, por sua vez, é
inversamente proporcional à área transversal do fio. Ou seja, quanto mais grosso é o fio, menor é a sua resistência elétrica.
Consequentemente, a passagem da corrente elétrica promove um aquecimento menor desse fio e o fusível suportará
maiores intensidades de corrente elétrica. Esse comportamento é descrito pela segunda Lei de Ohm:

ρ.l
R =
A


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Onde:

R: é a resistência elétrica do fio.

ρ : é a resistividade do material.

l : é o comprimento do fio.

A: é a área da seção reta transversal do fio.

CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DE UM FUSÍVEL

Corrente nominal: é o valor de corrente que o fusível suporta sem se fundir. Essa informação de corrente
normalmente vem descrita no corpo do fusível.

Corrente de ruptura: é o valor máximo de corrente que o fusível consegue interromper.

Corrente convencional de atuação: é o valor específico de corrente que causa a atuação do dispositivo de
proteção em um tempo determinado.

Curva característica: é a relação entre o tempo necessário para a interrupção em função de corrente.


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

FUSÍVEL NH

Fonte: Shutterstock.com
 Figura 5. Fusível do tipo NH.

Como exemplo, pode-se citar o fusível do tipo NH que tem a característica construtiva de possuir alta capacidade de
interrupção (com valores de intensidade de corrente acima de 100kA, chegando a ser utilizado em casos em que a corrente
chega a 120kA, com uma tensão de 500VCA.

Sendo envolto em areia para propiciar a extinção do arco elétrico, o fusível do tipo NH é um dispositivo de manobra que tem
o objetivo de interromper a corrente do circuito pela fusão do seu elo fusível.
Os fusíveis NH são elementos limitadores de corrente. Neles, a interrupção da corrente ocorre por meio da fusão do seu elo
pelo efeito Joule (que são os efeitos térmicos da corrente que se refletem em aquecimento do dispositivo).

UMA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE DESSE TIPO DE FUSÍVEL É QUE,


NA SUA CURVA CARACTERÍSTICA, ELE APRESENTA UM TRECHO DE
TENSÃO DE SOBRECARGA NO QUAL OCORRE O DESLIGAMENTO DO
DISPOSITIVO COM UM ATRASO. ESSE TRECHO É LONGO O
SUFICIENTE PARA PERMITIR LIGAR UM MOTOR COM SUA CORRENTE
DE PARTIDA (NORMALMENTE BEM ACIMA DA SUA CORRENTE DE
FUNCIONAMENTO NOMINAL), SEM QUE SE FUNDA O SEU ELO
FUSÍVEL.

Os fusíveis NH são utilizados na proteção de tiristores, em dispositivos eletrônicos e em acionamentos microprocessados


que, nesta situação, têm uma característica de acionamento ultrarrápido. Somando-se a essas características, os fusíveis
NH possuem alta capacidade de interrupção, o que significa poder interromper com segurança correntes de curto-circuito na
ordem de grandeza de até 100KA. O símbolo representativo dos fusíveis em diagramas elétricos pode ser visto na figura
abaixo.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 6. Símbolo de um fusível.

 SAIBA MAIS

Os tipos de segurança fornecidos pelo fusível NH reúnem as características de fusível retardado, para correntes de
sobrecarga, e de fusível rápido, para correntes de curto-circuito.
FUSÍVEL DIAZED

Os fusíveis do tipo Diazed protegem os circuitos parciais, prevenindo curtos-circuitos. Para isso, eles funcionam como
limitadores de corrente, usados preferencialmente na proteção de condutores de instalação, circuitos de iluminação,
circuitos de comando e em circuitos de força de motores de pequeno e médio porte. Possuem característica de ação
retardada, para cargas com pico de corrente, e de atuação rápida, para casos de curto-circuito.

Um fusível Diazed é composto, essencialmente, pelas seguintes partes:

TAMPA
FUSÍVEL

TAMPA

É a peça na qual o fusível é encaixado, permitindo colocá-lo e retirá-lo da base que o mantém preso ao circuito, mesmo com
a instalação sob tensão.

FUSÍVEL

É a peça principal do conjunto, constituída de um corpo cerâmico dentro do qual está montado o elo fusível (parte que
rompe no caso de aquecimento), e cujo espaço é preenchido com areia especial de quartzo, que tem a função de extinguir o
arco voltaico em caso de fusão do elo.

Fundamentalmente, um fusível é formado por partes diferentes:

BASE

Suporte da estrutura do fusível.

PORTA FUSÍVEL

Local onde ficam os fusíveis.

ANEL DE PROTEÇÃO

Serve para proteger a rosca da base, evitando o contato dela com o circuito.
FUSÍVEL

Parte que contém o elo fusível.

INDICADOR

Parte indicativa da operação do fusível.

DISJUNTOR MOTOR
Um disjuntor é um dispositivo de manobra e de proteção para circuitos. Ele é capaz de estabelecer, conduzir e interromper
correntes em condições normais. Diferente de um fusível, o disjuntor desarma em situações de sobrecarga, podendo ser
religado após a correção do incidente. Além disso, ele pode estabelecer e conduzir correntes por tempo especificado e
interromper curtos-circuitos.

O disjuntor motor é um dispositivo que assegura o comando e a proteção do motor. É composto de disparadores térmicos e
magnéticos que atuam na partida do motor elétrico. O disjuntor motor previne:

A queima por variação de tensão e corrente na rede

A elevação de temperatura do motor e dos condutores

Sobrecargas

O uso do disjuntor associado ao contator possibilita que a ligação do motor seja feita a distância. Nessa associação
disjuntor-contator, ambos exercem a função de proteção.

RELÉ
Os relés são dispositivos eletromecânicos que permitem que dois circuitos elétricos sejam isolados eletricamente e, ainda
assim, capazes de interagir um com o outro. Isso é possível graças à estrutura interna dos relés.

É possível observar a composição interna de um relé por meio do diagrama que mostra a sua estrutura. O relé possui uma
bobina (indutor) que, ao ser energizada, produz um campo magnético que funciona como um ímã artificial.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos


 Figura 7. Diagrama de um relé.

Esse ímã artificial atrai magneticamente o contato elétrico (que é uma chave metálica), fazendo com que ele mude de
posição. Dessa forma, a chave que antes conectava o ponto comum ao contato NF (normalmente fechado) passa a
conectar o ponto comum ao contato NA (normalmente aberto), como pode ser visto a seguir.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 8. Diagrama de um relé acionado.

O contato elétrico permanece nessa posição até que a alimentação seja interrompida. Após isso, o contato retorna à
posição inicial, sendo puxado pela mola conectada a ele.

Os relés são fundamentais na manobra de cargas elétricas, pois permitem a combinação de lógicas no comando, bem como
a separação dos circuitos de potência e comando. Os mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco terminais.
SENDO ASSIM, UMA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE DOS RELÉS É
QUE A TENSÃO NOS TERMINAIS DA BOBINA PODE SER DE 5VCC,
12VCC OU 24VCC, ENQUANTO, SIMULTANEAMENTE, OS TERMINAIS
DO CONTATO PODEM TRABALHAR COM 110VCA OU 220VCA. DESSA
FORMA, CIRCUITOS COM NÍVEIS DE TENSÃO DISTINTOS PODEM SER
INTERLIGADOS SEM QUE HAJA RISCO DE SE DANIFICAREM.

Não há contato físico entre os terminais da bobina de acionamento e os terminais do contato de carga. Os relés permitiram
o desenvolvimento de circuitos muito utilizados em painéis elétricos. Vejamos alguns deles:

CIRCUITOS DE COMANDO

Realizam a interface entre o operador da máquina e o relé. Operam com baixas correntes (até 10A) e/ou baixas tensões.

CIRCUITOS DE POTÊNCIA

Fazem a ligação entre os relés e as cargas a serem acionadas, tais como motores, resistências de aquecimento etc.
Operam com correntes elétricas da ordem de 10A ou mais, e as tensões atingidas podem ser de até 760V.

RELÉ TÉRMICO

Os relés térmicos, também chamados de relés de sobrecarga ou relés bimetálicos, são relés que protegem, controlam ou
comandam um circuito elétrico, atuando por meio do efeito térmico provocado pela corrente elétrica (aquecimento via efeito
Joule).

Fonte: Shutterstock.com
 Figura 9. Relé térmico.

Esses relés têm uma estrutura bimetálica e, sendo assim, seu contato é feito através de uma liga metálica constituída
geralmente de duas lâminas finas de ferro e níquel, sobrepostas e soldadas.

Como esses dois materiais apresentam coeficientes de dilatação muito diferentes, eles atuam como um termômetro
bimetálico. Dessa forma, um dos metais se alonga mais do que o outro quando aquecido. Por estarem rigidamente unidos e
fixados (soldados) numa das extremidades, o metal de menor coeficiente de dilatação provoca a curvatura do conjunto para
o seu lado, afastando o conjunto de um ponto determinado.

Esse princípio é utilizado para diversos fins, como disparar um gatilho e abrir um contato elétrico. A simbologia utilizada na
representação do relé térmico pode ser vista na figura abaixo.

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 10. Diagrama de um relé térmico.

RELÉ DE FALTA DE FASE

O relé de falta de fase é constituído de um componente eletroeletrônico responsável pelo monitoramento da presença ou
ausência de alguma fase (tensão positiva da rede elétrica). Caso falte uma fase, o relé não permite que o circuito funcione,
evitando que o equipamento opere de maneira inadequada. Alguns modelos de relé também monitoram a presença do
neutro, motivo pelo qual são denominados relés de falta de fase e de neutro.

Imagem: Catálogo Siemens. Dispositivos de baixa tensão. Edição 04/2020, pag. 19.
 Figura 11. Relé de falta de fase.

Esses dispositivos são utilizados na proteção de equipamentos, principalmente motores, contra avarias que podem
acontecer quando submetidos permanentemente a uma alimentação sem alguma das fases. O motor fica conectado na
rede por meio de um dos contatos normalmente abertos do relé. Enquanto as três fases estão presentes, o relé permanece
ligado e o contato normalmente aberto fica fechado. Quando falta uma das fases, o contato se abre (por ser um contato
normalmente aberto) e o motor é desligado.

RELÉ DE SEQUÊNCIA DE FASE

Os relés de sequência de fase são utilizados na preservação e proteção de equipamentos elétricos trifásicos que não
podem operar quando as fases de alimentação estiverem invertidas.

No caso de um equipamento trifásico com as três fases em sequência, o relé de saída muda seus contatos para a posição
fechada, na qual os contatos passam a conduzir. Se duas fases da alimentação forem invertidas, o relé de saída abre seus
contatos (posição de repouso). Um exemplo de relé de sequência de fase pode ser visto a seguir.

Imagem: Catálogo DIGIMEC.


 Figura 12. Relé de sequência de fase.

 SAIBA MAIS

Alguns relés de sequência de fase possuem correção automática. Nesses relés, alimenta-se o equipamento com a rede
trifásica e um circuito eletrônico identifica se a sequência está correta. Caso esteja, ele habilita o monitoramento por meio de
uma de suas saídas e inibe a outra a saída. Caso não esteja na sequência correta, automaticamente o relé comuta as
saídas.

RELÉS DE TENSÕES MÍNIMAS E MÁXIMAS

Imagem: Catálogo DIGIMEC.


 Figura 13. Relé de tensões mínimas e máximas.
Os relés de tensões mínimas e máximas foram desenvolvidos para a proteção de equipamentos elétricos que podem
apresentar falhas caso operem com sua tensão de alimentação acima ou abaixo de seu valor nominal.

Nesses relés, são ajustados os níveis de tensão máxima e mínima da seguinte maneira:

SUPERVISÃO DA TENSÃO MÁXIMA


Quando o equipamento for ligado à rede elétrica, a sua alimentação será comparada com a tensão fornecida pela rede.
Enquanto o valor da tensão fornecida pela rede for menor do que o valor ajustado, o relé permanecerá ligado.

SUPERVISÃO DA TENSÃO MÍNIMA


Quando o equipamento for ligado à rede elétrica, a sua alimentação será comparada com a tensão fornecida pela rede.
Enquanto o valor da tensão fornecida pela rede for maior do que o valor ajustado, o relé permanecerá ligado.

SUPERVISÃO DA TENSÃO MÁXIMA E MÍNIMA


Quando o equipamento for ligado à rede elétrica, a sua alimentação será comparada com a tensão fornecida pela rede.
Enquanto o valor da tensão fornecida pela rede permanecer dentro da faixa do valor ajustado, o relé permanecerá ligado.

RELÉ DE PROTEÇÃO COM SENSOR TIPO PTC

O Relé de proteção com sensor tipo PTC é utilizado em circuitos eletrônicos e permite o monitoramento da variação da
temperatura em máquinas (motores, geradores etc.) equipadas com um sensor de temperatura do tipo PTC. Esse tipo de
relé protege esses equipamentos a partir das informações de temperatura recebidas pelo sensor PTC.

Imagem: Catálogo DIGIMEC.


 Figura 14. Relé de proteção com sensor tipo PTC.

Esse tipo de sensor é um termistor, que são resistências que apresentam variações conhecidas com a variação da
temperatura. Por isso, é possível realizar o monitoramento da temperatura a partir da resistência mensurada.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS CIRCUITOS ELÉTRICOS PODEM TER DIVERSAS APLICAÇÕES, COMO EM UM SISTEMA
DE COMUNICAÇÕES OU NO ACIONAMENTO DE UMA CARGA. EM QUALQUER SITUAÇÃO,
ELES DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE EQUIPADOS COM DISPOSITIVOS CAPAZES DAR
SEGURANÇA AO USUÁRIO E AO OPERADOR. OBSERVE O DIAGRAMA A SEGUIR. O
ELEMENTO MARCADO É RESPONSÁVEL PELA PROTEÇÃO DO CIRCUITO E DO OPERADOR
EM CASOS DE SOBRECARGA DE CORRENTE POR ANORMALIDADE NO SISTEMA, SENDO
DENOMINADO:

A) Dispositivo de seccionamento

B) Dispositivo de proteção contra sobrecargas de corrente

C) Dispositivo de manobra

D) Dispositivo de proteção contra curtos-circuitos

E) Dispositivo comutador

2. QUANDO SE PROJETA UM SISTEMA ELÉTRICO, DIVERSOS DISPOSITIVOS PODEM SER


UTILIZADOS PARA A PROTEÇÃO DOS CIRCUITOS E DOS OPERADORES. SÃO IMPORTANTES
PROTEÇÕES FÍSICAS, COMO ISOLAMENTO DO LOCAL, SINALIZAÇÃO DE RISCO E
UTILIZAÇÃO DE INVÓLUCROS ESPECÍFICOS, QUE VISAM MANTER AS PESSOAS LONGE DE
DETERMINADO LOCAL QUE APRESENTE UM RISCO. ALÉM DESSAS, CONSISTE EM UMA BOA
PRÁTICA A UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS NO PRÓPRIO CIRCUITO QUE IDENTIFIQUEM OU
RESPONDAM POSSÍVEIS ALTERAÇÕES NO COMPORTAMENTO DO SISTEMA, QUE REGISTREM
OPERAÇÕES FORA DA NORMALIDADE. UM DISPOSITIVO FORMADO POR UM FIO
(NORMALMENTE DE CHUMBO OU DE ESTANHO) QUE SE ROMPE POR AQUECIMENTO (EFEITO
JOULE) EM CONDIÇÕES DE ANORMALIDADE DE CORRENTE RECEBE O NOME DE:

A) Relé de falta de fase


B) Fusível

C) Contato

D) Disjuntor

E) Relé de sequência de fase

GABARITO

1. Os circuitos elétricos podem ter diversas aplicações, como em um sistema de comunicações ou no acionamento
de uma carga. Em qualquer situação, eles devem estar devidamente equipados com dispositivos capazes dar
segurança ao usuário e ao operador. Observe o diagrama a seguir. O elemento marcado é responsável pela
proteção do circuito e do operador em casos de sobrecarga de corrente por anormalidade no sistema, sendo
denominado:

A alternativa "D " está correta.

Os dispositivos de proteção contra curtos-circuitos são responsáveis pela proteção dos circuitos e dos operadores em
situações de anormalidade do sistema, incluindo situações com correntes extremamente altas, tendendo ao máximo
possível que a fonte de alimentação é capaz de fornecer e muito acima do que pode ser tolerado pelo sistema.

2. Quando se projeta um sistema elétrico, diversos dispositivos podem ser utilizados para a proteção dos circuitos
e dos operadores. São importantes proteções físicas, como isolamento do local, sinalização de risco e utilização de
invólucros específicos, que visam manter as pessoas longe de determinado local que apresente um risco. Além
dessas, consiste em uma boa prática a utilização de dispositivos no próprio circuito que identifiquem ou
respondam possíveis alterações no comportamento do sistema, que registrem operações fora da normalidade. Um
dispositivo formado por um fio (normalmente de chumbo ou de estanho) que se rompe por aquecimento (efeito
Joule) em condições de anormalidade de corrente recebe o nome de:

A alternativa "B " está correta.

Os fusíveis são dispositivos fabricados para proteger um circuito e seus operadores nos casos de sobrecarga de correntes.
Eles são formados por fios de chumbo ou de estanho em seu interior. Esses fios se rompem quando uma quantidade
excessiva de corrente circula por eles, o que é comum em casos de sobrecarga ou curto-circuito. Quando uma corrente
excessiva os atravessa, ocorre o aquecimento do fio (por efeito Joule) e, consequentemente, a ruptura desses fios por
excesso de calor.

MÓDULO 3

 Identificar os dispositivos de comando utilizados em sistemas elétricos

A função dos dispositivos de comando utilizados nos sistemas elétricos

IDENTIFICAÇÃO DOS COMANDOS ELÉTRICOS


Qualquer trabalho necessita de ferramentas específicas adequadas. O mesmo ocorre em relação aos comandos elétricos. É
fundamental compreender que cada comando elétrico possui sua funcionalidade e identificar qual comando é adequado ao
sistema que se deseja projetar.
BOTOEIRAS
Ligar um aparelho celular é diferente de ligar um carro. Comandos diferentes são utilizados em cada uma das aplicações.
Para ligar o aparelho celular, um botão é pressionado. Já no caso do carro, uma chave de comando é utilizada para acionar
o circuito que será responsável por dar a partida no motor.

Os tipos mais utilizados de botoeiras de comando são:

Fonte: Shutterstock.com

PULSADOR

Consiste em um botão com retorno por mola, ou seja, um botão que, após ser pressionado e solto, retorna à posição de
origem. Isso significa que o contato elétrico desse botão sofre apenas uma ação momentânea quando se atua sobre ele.

Fonte: Shutterstock.com
CHAVE SELETORA COM CHAVE

É um tipo de contato elétrico que necessita de uma chave para sua operação (similar a chave do carro). Esse tipo de
contato também é classificado como botoeira, pois a finalidade é a mesma (acionar um sistema).

Fonte: Shutterstock.com

BOTÃO DE EMERGÊNCIA

É um tipo de botão específico para situações de emergência. Geralmente é da cor vermelha e com dimensões bem maiores
do que os botões convencionais. Além disso, uma vez acionado, ele apresenta uma trava na posição e só retorna ao
repouso quando trazido novamente para ela. Isso garante que, caso seja colocado no disparo de um alarme sonoro,
permanecerá ligado até que seja devidamente desligado por um operador.

Fonte: Shutterstock.com
SELETORES LUMINOSOS

Consistem em chaves seletoras que apresentam indicação luminosa associada a ela.

Fonte: Shutterstock.com

MANIPULADORES

Consistem em alavancas utilizadas para comandos, similares aos joysticks.

CONTATORES
São contatos elétricos de manobra mecânica (chaves mecânicas), acionados por meio de campos eletromagnéticos criados
por efeito da energização das bobinas de acionamento e construídos para uma elevada frequência de operação. O efeito do
arco elétrico, que surge quando um potencial é colocado entre contatos metálicos separados, é extinto no ar, sem afetar o
seu funcionamento.

Fonte: Shutterstock.com
 Figura 15. Imagem de um contator.

BOBINA DOS CONTATORES

Imagem: Raphael de Souza dos Santos


 Figura 16. Diagrama de um contator.

Como pode ser observado na figura a seguir, um contator consiste em um núcleo magnético e uma bobina que, quando
alimentada por um circuito elétrico, forma um campo magnético que atrai a parte móvel da estrutura, vencendo a resistência
da mola que garante a posição de repouso.

Quando não circula corrente pela bobina de excitação, a parte do núcleo é forçada para a posição de repouso por ação de
molas. Uma parte dos contatos elétricos são fixados a essa parte móvel do núcleo, constituindo um conjunto de contatos
móveis. A outra parte dos contatos elétricos é presa na carcaça do contator. Cada jogo de contatos fixos e móveis podem
ser do tipo normalmente aberto (NA) ou normalmente fechado (NF). Os contatos podem ser de potência ou auxiliares,
dependendo da finalidade.
 ATENÇÃO

É importante observar que, durante o uso dos contatores, são produzidas faíscas pelo impacto entre os contatos, durante a
comutação. Isso tende a promover um desgaste natural dos contatos e pode oferecer riscos à saúde humana. Alguns
fatores podem contribuir para o aumento da intensidade das faíscas, como a umidade do ambiente e a intensidade da
corrente elétrica circulando no painel.

TENSÃO E REGULAÇÃO

Diferentes formas de proteção são utilizadas na fabricação dos contatores, resultando em uma classificação desses
elementos em quatro categorias principais:

AC1: aplicada em cargas ôhmicas ou pouco indutivas, como aquecedores e fornos a resistência.

AC2: utilizada em acionamento de motores de indução com rotor bobinado.

AC3: aplicada em motores com rotor de gaiola e em cargas normais, como bombas, ventiladores e
compressores.

AC4: utilizada em manobras pesadas, como em acionamento de motor de indução em plena carga, reversão em
plena marcha e operação intermitente.


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Dentre as principais funções de um contator estão: comando, seccionamento e controle dos circuitos alimentadores de
motores, iluminação, capacitores e outras cargas. Algumas características desses dispositivos são:

Elevada durabilidade

Elevado número de manobras

Possibilidade de comando a distância

Automatização de processos, quando acompanhado de outros componentes

IDENTIFICAÇÃO DOS CONTATOS

Os contatos utilizados para circuitos principais são identificados por um único dígito com a numeração de 1 a 6 (1-2; 3-4; 5-
6). Isso significa que, para cada terminal marcado com um número ímpar, há um outro terminal marcado com um número
par imediatamente subsequente.

A identificação também pode ser feita por letras e índice numérico (L1-T1; L2-T2; L3-T3), considerando que as referências
dos contatos 1; 3; 5 ou L1; L2; L3 devem ser conectadas no lado da rede de alimentação, enquanto os contatos 2; 4; 6 ou
T1; T2; T3 devem ser conectados no lado da carga (por exemplo, um motor).

Imagem: Raphael de Souza dos Santos

 Figura 17. Diagrama de um contator.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTATORES

Os contatos que compõem o conjunto móvel são identificados como contatos principais ou de potência.

CONTATOR PRINCIPAL
São responsáveis pelo fornecimento de tensão aos terminais da carga (seja um motor, um barramento de quadro etc.). As
pastilhas desses contatos devem ser apropriadas para suportar os níveis de corrente do circuito para alimentação da carga.

Um contator principal também apresenta contatos auxiliares, cuja função é estabelecer a alimentação da bobina do contator,
sinalização, alarme, intertravamentos ou outras funções secundárias. Portanto, os contatos auxiliares são constituídos de
pastilhas que suportam correntes com intensidades menores.

CONTATORES AUXILIARES
Só possuem contatos auxiliares. Suas pastilhas apresentam menor capacidade de condução de corrente e, em geral, são
empregados em circuitos de comando, sinalização e intertravamentos. Essas são situações consideradas auxiliares para
circuitos mais complexos e que possuam outros contatores.

FATOR DE SERVIÇO

O fator de serviço (Fs) indica a sobrecarga permissível que pode ser aplicada continuamente ao motor, sob condições
específicas. Por exemplo: se o fator de serviço for de 1,15, nessa situação o motor suporta continuamente 15% de
sobrecarga acima de sua potência nominal:
1 − 100%

x − 15%

15%
x = = 0,15
100%

F s = 1 + 0,15 = 1,15


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

É importante observar que se trata de uma capacidade de sobrecarga contínua. Ou seja: há uma margem de segurança de
potência que se dá ao motor, uma ampliação da capacidade de suportar o seu funcionamento em condições desfavoráveis.

Caso o motor solicite uma corrente superior à especificada com o fator de serviço, esse acréscimo de corrente fará com que
o elemento térmico atue e o circuito de comando seja interrompido.

DIMENSIONAMENTO DOS CONTATORES

Para dimensionar um contator corretamente, é necessário relacionar, além da corrente elétrica dos contatos principais,
alguns parâmetros, como:

Tensão da bobina (24Vcc ou 24 - 110 – 220 - 380Vca)

Tensão de alimentação da carga (contínua ou alternada)

Valores das correntes nominais, com fator de serviço

Tipo de carga a ser controlada

Número de polos de potência, especificando contatos NA e NF

Número de contatos auxiliares, especificando contatos NA e NF

Compatibilidade com o relé de sobrecarga

Tensão de isolação

RELÉS TEMPORIZADORES
Os relés temporizadores são tipos de relés eletrônicos que permitem que a comutação dos terminais de contato ocorra em
função de tempos ajustados. São, geralmente, utilizados em automação de máquinas e processos industriais como partidas
de motores e quadros de comando. Permitem a temporização de todos os processos que envolvem a operação de circuitos
auxiliares, seja de comando, proteção ou regulação.

Imagem: Catálogo WEG. RTW-ET02-MATE05.


 Figura 18. Relé temporizador.

Também são particularmente interessantes no acionamento de outros circuitos auxiliares que necessitem de retardamento
de tempo para um intervalo pré-ajustado. O ajuste de retardo do temporizador é feito por meio de um botão na parte frontal
do relé. A escala varia com o fabricante, podendo estar nas seguintes faixas de ajuste: 0,06 - 0,6s ; 0,6 - 6s ; 6 - 60s ; 0,6 -
6min; 6 - 60min, ou 0 - 5s ; 0 - 15s ; 0 - 30s ; 0 - 60s.

Os relés temporizadores são divididos em:

TEMPORIZADOR COM RETARDO NA ENERGIZAÇÃO

Depois que sua bobina é energizada, se inicia a contagem do tempo que foi inicialmente ajustado. Quando o tempo é
atingido, é feita a comutação dos contatos. Os contatos permanecem comutados até que a alimentação seja retirada.

TEMPORIZADOR COM RETARDO NA DESENERGIZAÇÃO

Após a energização de sua bobina, é feita a comutação imediata dos seus contatos. Quando a alimentação é retirada do
relé, inicia-se a contagem do tempo que foi inicialmente ajustado. Ao atingir o tempo, ocorre a comutação dos contatos,
retornando-os para sua posição original.

RELÉ DE TEMPO ESTRELA-TRIÂNGULO (Y/Δ)


Imagem: Catálogo DIGIMEC.


 Figura 19. Relé de tempo estrela-triângulo.

Os relés de tempo estrela-triângulo são projetados para partidas de motores do tipo estrela-triângulo. Ao serem
energizados, um relé de saída faz o chaveamento de seus contatos para a posição de trabalho. Após a contagem de um
intervalo de tempo pré-fixado na escala do temporizador, os contatos retornam para a posição de repouso.

Um atraso fixo da ordem de 100ms faz com que um segundo relé de saída comute seus contatos para a posição de
trabalho. Os contatos permanecerão assim até que o dispositivo seja desenergizado. A primeira saída aciona o contator que
liga o motor em estrela, e a segunda aciona o contator que faz a conexão em triângulo (Figura 19).

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. DESEJA-SE CONECTAR UM MOTOR NA REDE ELÉTRICA DE MANEIRA QUE SEU COMANDO


INCLUA UM BOTÃO DE PARTIDA E OUTRO DE PARADA DURANTE O FUNCIONAMENTO
NORMAL, OU SEJA, SEM EMERGÊNCIAS. A BOTOEIRA DE COMANDO MAIS ADEQUADA PARA
ESSA FINALIDADE SERIA DO TIPO:

A) Pulsador

B) Chave seletora

C) Botão de emergência

D) Seletora luminosa

E) Manipuladora

2. O ACIONAMENTO DE UMA CARGA DE POTÊNCIA PRECISA SER REALIZADO A DISTÂNCIA.


PARA TAL, UM COMANDO VINDO DE UM PAINEL DE CONTROLE SERÁ ENVIADO PARA UM
DISPOSITIVO QUE SERÁ RESPONSÁVEL PELO FECHAMENTO DOS CONTATOS QUE
ALIMENTARÃO A CARGA NO MOMENTO DO ACIONAMENTO. ESSE DISPOSITIVO É UM:

A) Botão

B) Joystick

C) Contator

D) Relé com retardo na energização

E) Comutador

GABARITO

1. Deseja-se conectar um motor na rede elétrica de maneira que seu comando inclua um botão de partida e outro de
parada durante o funcionamento normal, ou seja, sem emergências. A botoeira de comando mais adequada para
essa finalidade seria do tipo:

A alternativa "A " está correta.

Um comando do tipo liga-desliga no qual a partida e a parada são realizadas com botões independentes só pode ocorrer
com botões do tipo pulsante, tendo em vista que, ao se acionar o botão para desligar, o botão para ligar não pode estar
pressionado.

2. O acionamento de uma carga de potência precisa ser realizado a distância. Para tal, um comando vindo de um
painel de controle será enviado para um dispositivo que será responsável pelo fechamento dos contatos que
alimentarão a carga no momento do acionamento. Esse dispositivo é um:

A alternativa "C " está correta.

Os contatores são dispositivos eletrônicos responsáveis pelo acionamento de cargas por meio da comutação de contatos
mecânicos (chaves mecânicas). O acionamento desses contatos é feito por meio de uma bobina que pode ser acionada a
distância e que permite o isolamento entre o sistema de acionamento e a carga.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você aprendeu bastante sobre comandos elétricos e a estrutura básica para um sistema de comando. Agora você sabe o
quanto é fundamental aplicar esse conhecimento em sua profissão.

No primeiro módulo, foi apresentada uma breve introdução sobre comandos elétricos e sua importância nos meios
industriais. A infraestrutura básica de um sistema de acionamento elétrico e os principais símbolos utilizados também foram
mostrados.

No segundo módulo, foram discutidos os principais dispositivos de proteção para circuitos elétricos. Detalhes referentes à
segurança nos sistemas elétricos também foram vistos.

Por fim, no terceiro módulo, foram apresentados os dispositivos para comandos elétricos. Uma atenção maior foi dada aos
contatores, com particularidades sobre dimensionamento do fator de serviço e detalhes construtivos. Alguns modelos
específicos de relés utilizados no acionamento de cargas também foram descritos.

Aplique os conceitos aprendidos aqui. Você verá como os assuntos que tratamos estarão presentes no seu dia a dia.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, K. C. Conversão Eletromecânica de Energia. UFSC, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de
Janeiro, 2004.

BIM, E. Máquinas Elétricas e Acionamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

CREDER, H. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 2007.

FALCONE, G. A. Eletromecânica. São Paulo: Edgard Blucher, 1979.

FITZGERALD, A. E. et al. Máquinas Elétricas com Introdução à Eletrônica de Potência. Porto Alegre: Bookman, 2006.

GÊNOVA DE CASTRO, R. C. Manual de Comandos Elétricos. CEFET-CE, 2004.

MAMEDE FILHO, J. Instalações Elétricas Industriais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1989.

NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.

SILVA, M. E. Curso de Comandos Elétricos. FUMEP, 2006.

WEG. Manual de Acionamentos Elétricos.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados, efetue a leitura das normas específicas para equipamentos de manobra,
proteção e instalações da ABNT:

IEC 60947-1 – Equipamentos de manobra e de proteção em baixa tensão: especificações.

IEC 60947-2 – Disjuntores.

IEC 60947-3 – Selecionadores e seccionadores fusível.

IEC 60947-4 – Contatores de potência, relés de sobrecarga e conjuntos de partida.

IEC 60947-5 – Contatores auxiliares, botões de comando e auxiliares de comando.

IEC 60947-7 – Conectores e equipamentos auxiliares.

IEC 60269-1 – Fusíveis de baixa tensão.

IEC 60439-1 – Conjuntos de manobra e comando em baixa tensão.

NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão.

CONTEUDISTA
Raphael de Souza dos Santos

 CURRÍCULO LATTES

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