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PROPÓSITO
Compreender o princípio de funcionamento dos controladores lógicos programáveis (CLPs), as
principais linguagens de programação utilizadas em CLPs e os diagramas em blocos utilizados
na automatização de processos, além de identificar os principais circuitos e blocos de
programação (blocos funcionais) utilizados na automatização de processos como o uso de
controladores lógicos programáveis, sendo estes conhecimentos essenciais ao engenheiro que
atua no campo de processos produtivos ou na produção, manutenção e utilização de
equipamentos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora ou use a
calculadora de seu smartphone/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
No mundo atual, a modernidade dos processos industriais movimenta e impulsiona os
mercados mundiais. A demanda por processos mais rápidos e modernos, que produzam a um
baixo custo e com razoável padrão de qualidade, torna-se crescente.
Essa etapa de modernização nos processos produtivos leva a uma necessidade cada vez
maior de capacitação e qualificação dos profissionais envolvidos, tornando essas pessoas mais
versáteis e adaptáveis às inúmeras mudanças tecnológicas nas linhas de produção.
MÓDULO 1
O CONTROLADOR LÓGICO
PROGRAMÁVEL (CLP) NA AUTOMAÇÃO
Controlar um processo significa promover alterações em suas grandezas físicas (temperatura,
velocidade, pressão, entre outras) a fim de obter uma condição desejada. Por exemplo, um
sistema de refrigeração (como um ar-condicionado) recebe uma informação de um sensor de
temperatura para promover a mudança de temperatura de um ambiente. Esse controle pode
ser realizado de forma manual. Nesse processo, um operador é responsável por promover
alterações nas variáveis físicas desse processo, por meio de um atuador (válvula, chave,
alavanca, entre outros). O operador deve contar com algum conhecimento prévio desse
processo, de maneira a ser capaz de atuar promovendo as modificações necessárias de
maneira segura e confiável. Entretanto, com o avanço da industrialização, os processos
industriais passaram a exigir cada vez mais ações, além de ser divididos em diversos estágios
e etapas.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O CLP foi criado para a General Motors (GM), em 1968, por uma associação denominada
BedFord. Esse primeiro controlador, denominado controlador modular digital, foi
desenvolvido por essa associação para auxiliar a GM na adaptação de seus processos de
produção. Os processos existentes eram baseados no tradicional sistema de controle das
máquinas com base em relés eletromecânicos. Entretanto, além de apresentar uma vida útil
limitada, os processos produtivos demandavam centenas ou milhares deles para o controle de
um processo produtivo, o que representava uma grande dificuldade nas mudanças das lógicas
de controle dos painéis de comando a cada mudança da linha de montagem. Essas mudanças
implicavam altos gastos de tempo e dinheiro.
A substituição dos painéis de relés, projetada pelo engenheiro Richard Morley, representou
uma especificação que refletia as necessidades dos diversos usuários de circuitos a base de
relés, não só da indústria automobilística, como também de toda a indústria manufatureira.
Assim, os sistemas foram substituídos por componentes discretos, tais como resistores,
capacitores, diodos etc. Essas modificações levaram ao surgimento de um equipamento
bastante versátil e de fácil utilização que, até os dias de hoje, vem se aprimorando e
diversificando cada vez mais os setores industriais e suas aplicações.
Foto: Shutterstock.com
Entre as vantagens dos controladores lógicos programáveis em comparação aos sistemas
tradicionais de controle, pode-se apontar:
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
Maior confiabilidade.
Imagem: Shutterstock.com.
Maior flexibilidade.
Imagem: Shutterstock.com.
Nesse material, o CLP utilizado como referência será o Clic02 da empresa WEG.
A escolha por esse controlador deveu-se por ele apresentar um custo acessível, ser um
modelo bastante flexível e de fácil implementação. Além dessas características, o software de
programação desse controlador é disponibilizado de forma gratuita pela empresa para
treinamento e aprendizagem.
A imagem a seguir apresenta uma imagem do CLP Clic02 com dois módulos de expansão.
Imagem: Relés programáveis CLIC02. © 2021 WEG. Todos os direitos reservados. Acesso em
10 maio de 2021.
CLP Clic02 com módulos de expansão.
a fonte de alimentação;
módulos especiais; e
módulos de expansão.
As memórias são responsáveis por armazenar o programa inserido pelo programador e reter
as informações de entrada e de saída, enquanto for demandado pelo programa. A memória do
programa central não pode ser modificada pelo operador do processo ou usuário, sendo do tipo
ROM, PROM, EPROM, EAROM ou EEPPROM.
ESTUDO DE CASO
A automatização dos processos industriais permitiu um avanço sem precedentes na
capacidade de produção industrial. Com o uso dos CLPs, essa renovada produção industrial
ganhou mais flexibilidade e capacidade de adaptação às mais diversas necessidades do
mercado global. Considerando a estrutura interna de um CLP, descreva a função da CPU e sua
interação, caso haja, com as respectivas memórias.
SOLUÇÃO
A CPU é responsável pela execução dos programas das rotinas principal e do usuário.
A rotina principal é armazenada em uma memória do tipo ROM, sendo fundamental para o
funcionamento do controlador, tendo em vista que essas instruções não podem se perder,
mesmo que o controlador não esteja energizado. Esse programa permite a inicialização do
dispositivo e a leitura do programa do usuário.
A) EEPROM
B) RAM
C) FLASH
D) CACHE
E) ROM
A) Sensor
B) Controlador
C) Atuador
D) Memória
E) Flash
3. A AUTOMATIZAÇÃO DOS PROCESSOS INDUSTRIAIS REPRESENTOU
UM AVANÇO SIGNIFICATIVO NAS INDÚSTRIAS, PERMITINDO SUA
ADAPTAÇÃO AOS NOVOS PROCESSOS PRODUTIVOS E SUA
FLEXIBILIZAÇÃO, ANTE A GLOBALIZAÇÃO E AS DEMANDAS CADA VEZ
MAIORES POR PRODUTOS PADRONIZADOS E DE BAIXO CUSTO. O
SUCESSO DA AUTOMATIZAÇÃO INDUSTRIAL TEVE COMO UM DOS
ELEMENTOS PRINCIPAIS OS CONTROLADORES LÓGICOS
PROGRAMÁVEIS. UM CLP PARA REALIZAR UMA AÇÃO DE CONTROLE
DEVE RECEBER AS INFORMAÇÕES DOS PROCESSOS ADVINDAS DE
UM(A):
A) Memória
B) Atuador
C) Controlador
D) Sensor
E) Flash
A) Em malha fechada
B) Manual
C) Em malha aberta
D) Operacional
E) Por operador
5. ASSINALE A ALTERNATIVA A SEGUIR QUE NÃO CORRESPONDE A
UMA VANTAGEM NO USO DE CONTROLADORES LÓGICO
PROGRAMÁVEIS.
E) Aumento da produtividade
A) De instalações elétricas
B) De sensores
C) De programação
D) Prévios do processo
E) De atuadores
GABARITO
A memória ROM é do tipo somente leitura e não volátil. Isso faz com que essa memória seja a
mais adequada para programas de inicialização, tendo em vista que não se apaga mesmo com
a desconexão do dispositivo da rede elétrica.
4. Quando uma grandeza física precisa ser controlada de maneira autônoma por um
sistema, um controlador é um dispositivo essencial para esse processo. Quando
implementamos uma lógica de controle capaz de tornar o sistema independente do
operador chamamos de controle:
O operador precisa ter conhecimentos prévios do processo produtivo de maneira a ser capaz
de identificar possíveis desvios das condições normais de produção e ter noção das ações
corretivas necessárias para auxiliar na resolução de algum problema.
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) RAM
C) EEPROM
D) CACHE
E) ROM
A) FLASH
B) CACHE
C) ROM
D) PROM
E) RAM
GABARITO
A memória RAM guarda temporariamente toda a informação que o computador precisa para
aquele momento ou para um futuro próximo. É responsável por dar agilidade e velocidade ao
funcionamento do sistema.
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO A AUTOMATIZAÇÃO
A automatização de um processo tem vários propósitos distintos: padronização, flexibilização,
aumento da capacidade produtiva e autonomia do processo produtivo. Cada um desses
propósitos envolve um conjunto de elementos com propriedades específicas e capazes de
realizar atividades distintas.
VOCÊ SABIA
Em algumas situações é desejável que mais de um sensor seja responsável pelo
monitoramento de uma mesma variável. Essa topologia é chamada de redundância de
medição. Ela é importante em processos cujo valor medido da variável deve estar bem
próximo do valor real da variável (menor erro de medição) ou em situações em que a medição
da variável esteja associada à segurança do processo.
É possível notar que a primeira etapa consiste na leitura das entradas do controlador. Isso é
feito para que a memória possa ser atualizada com os comandos produzidos pelo operador
e/ou pelos sensores. A partir dos dados das entradas, o programa carregado no controlador é
executado e as ações definidas pelo controlador com base nessas entradas são atualizadas na
memória e, posteriormente, disponibilizadas na saída.
As entradas e saídas analógicas são aquelas que podem assumir quaisquer valores (dentro
de uma faixa limitada), a qualquer instante de tempo. Em controladores, as entradas
analógicas podem assumir valores como: 0 a 10Vdc; 0 a 100/240 Vca ou 4 a 20mA.
As saídas analógicas podem assumir valores que variem nessas mesmas faixas. As tensões
contínuas (0 a 10Vdc) são típicas de controladores alimentados com tensão contínua (12Vdc
ou 24Vdc).
Por fim, as tensões alternadas são aplicáveis a controladores alimentados com tensões
alternadas (100/240Vca). Contudo, as entradas e saídas contínuas podem assumir apenas
dois valores: 0 ou 10Vdc; 0 ou 100/240Vca. Esses valores são equivalentes aos níveis lógicos
0 ou 1 (desligado ou ligado; aberto ou fechado; entre outros).
ENTRADAS E SAÍDAS DIGITAIS
As entradas digitais de um controlador podem apenas receber os níveis lógicos alto (1) ou
baixo (0). Para isso, geralmente, utilizam-se alguns circuitos específicos que impedem que
outro nível de tensão seja aplicado à entrada do controlador. Esses circuitos são denominados
pull-up e pull-down.
CIRCUITO PULL-UP
O circuito pull-up é utilizado para ajustar em nível lógico alto (1) as entradas lógicas de circuitos
digitais e controladores quando dispositivos são desconectados ou chaves são desligadas. Um
circuito utilizado para pull-up pode ser visto na imagem a seguir:
Pode-se observar que, com a chave aberta, a tensão da fonte de alimentação é colocada na
entrada do circuito lógico (nível lógico alto), tendo em vista que a queda de tensão no resistor R
é desprezível. Com a chave fechada, a entrada do circuito lógico será conectada diretamente
ao terra (nível lógico baixo). A queda de tensão da fonte de alimentação será integralmente
sobre a resistência R.
AO TERRA
Popularmente conhecido como fio terra.
CIRCUITO PULL-DOWN
Por sua vez, os circuitos de pull-down garantem um nível lógico baixo na entrada do circuito
lógico até que a chave seja acionada, como vemos na imagem a seguir. Com a chave aberta, a
entrada do circuito lógico é conectada ao terra por meio do resistor. Contudo, como a corrente
de entrada tende a zero, não há queda de tensão no resistor, fazendo com que a entrada lógica
esteja ligada ao terra.
O valor da resistência é definido pelo valor da tensão de alimentação aplicada ao circuito. Essa
resistência deve ser capaz de dissipar a potência da tensão ao ser integralmente aplicada
sobre ela.
Por exemplo, para uma tensão de 10Vdc na alimentação de um circuito pull-up, limitando-se à
corrente a 1mA, é possível determinar a resistência através da Lei de Ohm:
V = R. I
V 10
R = = = 10kΩ
I 1m
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Também é possível definir que a potência dissipada sobre essa resistência será igual a:
P = V.I
2
V V 100
P = V. = = = 10mW
R R 10k
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
As saídas digitais, por sua vez, podem ser baseadas em relés, optoacopladores ou
transistores polarizados como chaves. Dessa maneira, funcionam como chaves abertas ou
fechadas, permitindo que as saídas apresentem níveis lógicos altos ou baixos, dependendo da
lógica implementada no controlador. Na imagem a seguir, é possível observar a saída de um
controlador lógico programável baseado em relé.
Enquanto a bobina do relé não é acionada, a saída do CLP não é energizada. Entretanto,
quando a bobina é energizada, a saída do CLP é colocada em +V ou 0V.
botões;
boias de nível;
chaves de nível;
sensores capacitivos;
sensores indutivos;
entre outros.
indicadores luminosos;
indicadores sonoros;
entre outros.
Imagem: Shutterstock.com.
Sensores de umidade.
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
Sensor de pressão.
Imagem: Shutterstock.com.
Sensor de temperatura.
Quando atinge um nível considerado criticamente baixo, ele fecha a válvula de saída de água e
abre a válvula de entrada, fazendo o nível voltar a subir. Com o tanque cheio, ele fecha a
válvula de entrada e abre a de saída novamente.
Entretanto, o engenheiro notou que o tempo para a água encher o reservatório depende da
pressão do sistema e que, dependendo do consumo de água, essa atividade tem que ser
repetida diversas vezes. Por esse motivo, resolveu automatizar esse processo.
SOLUÇÃO
O nível da água pode ser monitorado por um sensor de nível. Um controlador com entradas
analógicas pode ser utilizado para receber o sinal do sensor contínuo de nível. Quando o valor
crítico, especificado pelo operador, for atingido, o controlador pode enviar dois comandos, a
partir de duas saídas digitais, para as válvulas de entrada e de saída de água.
Se uma válvula normalmente aberta for utilizada na saída de água, o comando enviado pelo
controlador será responsável por fechar essa válvula e o tanque irá parar de esvaziar.
No entanto, se uma válvula normalmente fechada for utilizada na entrada de água do tanque, o
comando enviado pelo controlador será responsável por abrir a entrada de água, permitindo
que o tanque comece a encher.
Vale destacar que o uso de uma válvula normalmente aberta na saída e normalmente fechada
na entrada consiste em uma boa prática, tendo em vista que, no caso de interrupção de
energia elétrica para as válvulas, o comportamento natural do tanque será de esvaziar seu
conteúdo, reduzindo a possibilidade de transbordar o tanque.
QUIZZES
A) Atuador
B) CLP
C) Circuito de processamento
D) Operador
E) Sensor
A) Malha fechada
B) Malha aberta
C) Redundância de medição
D) Medição direta
E) Medição contínua
A) Controlador
B) De processamento
C) Atuador
D) Sensor
A) O controlador
B) O atuador
C) O sensor
D) A memória
E) A saída
A) Em malha fechada
B) Em malha aberta
C) Redundante
D) Não controlável
E) Realimentado
A) Lógico
B) Analógico
C) Digital
D) Pull-down
E) Pull-up
GABARITO
Os sensores são a parte do sistema de controle automático responsável pela medição das
variáveis do processo produtivo. É por meio deles que as variáveis são medidas e as
informações repassadas aos controladores lógicos programáveis para que determinada ação
seja tomada.
2. O monitoramento de algumas variáveis de um processo produtivo é essencial para a
segurança do processo industrial. Essas variáveis são consideradas tão importantes
que dois ou mais sensores são utilizados no seu monitoramento. Chamamos essa
topologia que envolve a utilização de mais de um sensor no monitoramento de uma
variável de:
O bloco de processamento é responsável por qualquer tratamento dado ao sinal após ser
adquirido pelo sensor. Esse bloco pode ser um filtro, para remoção de ruídos; um conversor
analógico-digital ou digital-analógico; um amplificador, para aumento da amplitude do sinal; um
transdutor, para mudança de grandeza física; entre outros. Esse bloco pode ser essencial para
que o sinal medido pelo sensor se torne possível de ser interpretado, transmitido e/ou
armazenado.
Os dados lidos das entradas são inicialmente armazenados na memória do controlador. Dessa
maneira, o programa poderá carregá-los para a execução das ações necessárias e
especificadas no programa. Caso não fossem armazenados, qualquer mudança na entrada do
controlador seria levada em consideração pelo controlador, sem que a informação medida
anteriormente fosse considerada.
A configuração pull-up é responsável por garantir que um nível lógico alto seja colocado na
entrada de um controlador em caso de não acionamento de uma entrada. Essa condição evita
que o circuito receba, por engano, uma informação equivocada e produza uma saída
indesejada ou incompatível com o status do processo produtivo.
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) 1kΩ
B) 5kΩ
C) 2,5kΩ
D) 2,5kΩ
E) 2kΩ
B) Analógica e digital
C) Digital e analógica
D) Digital e digital
GABARITO
A resistência limitadora de corrente pode ser determinada pela Lei de Ohm. A tensão da fonte
de alimentação é a mesma tensão da entrada digital do controlador lógico programável, ou
seja, 5Vdc. A corrente de 2mA do circuito deve percorrer a resistência quando a chave for
fechada:
V = R. I
V 5
R = = = 2,5kΩ
I 2m
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
MÓDULO 3
TIPOS DE LINGUAGENS DE
PROGRAMAÇÃO
A linguagem Ladder apresenta uma simbologia similar a dos circuitos elétricos, sendo
bastante utilizada pelos programadores. Essa lógica é baseada em relés e contatos elétricos
para o acionamento dos circuitos. Por ter sido a primeira linguagem desenvolvida para
programação de controladores lógicos programáveis, é a mais difundida entre fabricantes de
CLPs. Um exemplo de programa em Ladder pode ser visto na imagem a seguir.
Por ser uma lógica facilmente modificável, não depende de conhecimentos especializados em
automação ou eletricidade/eletrônica para seu entendimento. Um exemplo de programação em
Grafcet para controle de uma prensa, por exemplo, pode ser visto na imagem a seguir.
LINGUAGEM LADDER
A linguagem Ladder é baseada em circuitos elétricos, utilizando a lógica dos contatos elétricos
e relés para acionamento dos circuitos. Os contatos elétricos são as principais variáveis da
lógica de programa Ladder, podendo assumir os status aberto ou fechado. Dessa maneira, o
programa nessa linguagem se parece bastante com um circuito elétrico que, por sua vez, pode
incluir diversos blocos funcionais.
Originalmente, essa linguagem foi desenvolvida por engenheiros como uma ferramenta
acessível para a programação de controladores. A interface de programação facilita a
construção de instruções e tarefas, haja vista sua similaridade com circuitos elétricos.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA
LINGUAGEM LADDER
Uma vantagem dessa lógica de programação é certamente a simplicidade. O programa é
apresentado como um circuito elétrico, sendo facilmente interpretável por qualquer pessoa que
tenha noções de engenharia elétrica. Como desvantagem, as operações são apenas binárias,
ou seja, apenas estados discretos são possíveis. Dessa maneira, o controle contínuo
desaparece. Assim, à medida que o número de relés aumenta, o circuito fica complexo, difícil
de ler, entender e depurar.
AMBIENTE DE PROGRAMAÇÃO
O software de programação é o Clic02, cuja interface de abertura do programa pode ser vista
na imagem a seguir.
As duas linhas verticais são vistas como o início e o fim da linha de código. Em um paralelo
com um circuito elétrico, a linha vertical da esquerda pode ser vista como a fase da rede
elétrica e a linha vertical da direita pode ser interpretada como o neutro da rede. Sendo
assim, o circuito começa na linha da esquerda e termina na direita.
Os comandos de entrada de sinais são selecionados como a letra I seguida de uma sequência
alfanumérica (a quantidade de números depende do modelo do CLP escolhido) e podem ser
vistos na imagem a seguir. O tipo de contato também é selecionado, de acordo com a lógica de
programação desejada.
A saída do CLP é selecionada a partir de um contato identificado com a letra Q seguida de uma
numeração (a quantidade de saídas depende do modelo de CLP selecionado), conforme pode
ser visto na imagem:
A conexão entre instruções é feita a partir da ligação direta entre os comandos, como pode ser
visto na próxima imagem:
A execução do programa, utilizando a tecla Run, mostra que a conexão está ativa a partir da
mudança de cor. Enquanto a entrada não for acionada, a saída não estará acionada, conforme
a imagem a seguir:
Quando a entrada é acionada, caso seja o comando necessário para acionar a saída, os dois
mudarão de cor:
O primeiro passo para a conexão com o CLP consiste em clicar em Operação e na opção
Conectar ao CLP.
Após a detecção do controlador, o programa poderá ser escrito no controlador. Para isso,
seleciona-se a aba Operação e, em seguida, a opção Escrever.
Contato
Faixa
Símbolo Quantidade
válida
I01 ~
Entrada digital I I/i 12
I0C
Q01 ~
Saída digital Q Q/q 8
Q08
Z01 ~
Entrada via teclado Z Z/z 4
Z04
M01 ~
M M/m 63
M3F
Marcador auxiliar
N01 ~
N N/n 63
N3F
Temporizador T T/t 31 T01 ~
T1F
C01 ~
Contador C C/c 31
C1F
R01 ~
RTC R R/r 31
R1F
G01 ~
Comparador G G/g 31
G1F
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Contato aberto
Contato fechado
Saída
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CONTATO ABERTO
Os contatos abertos apresentam comportamento similar aos contatos de circuitos elétricos, ou
seja, fazem com que a saída permaneça desligada até que sejam pressionados. Dessa
maneira, uma lógica simples de acionamento de uma carga pode ser vista na imagem a seguir:
CONTATO FECHADO
O contato Ladder fechado mantém a saída energizada, independentemente da condição do
contato elétrico colocado na entrada do CLP:
Com um contato normalmente fechado, a carga permanecerá energizada até que o contato
seja acionado. É possível perceber que, utilizando um contato fechado na lógica Ladder,
mesmo que um contato aberto seja colocado na entrada do controlador, a carga permanecerá
acionada. Quando o contato for pressionado, a carga desligará.
ASSOCIAÇÕES DE CONTATOS
A utilização de dois ou mais contatos no acionamento de uma carga deve ser inserida na lógica
Ladder carregada no controlador. Contudo, não há diferenciação na conexão dos botões no
controlador.
CONTATOS EM SÉRIE
Dois contatos interligados em série fazem com que, para ligar uma carga, seja necessário seu
acionamento simultâneo. Ou seja, os dois contatos precisam ser pressionados para que a
carga seja energizada. A imagem a seguir mostra a interligação de dois contatos em série:
É possível notar que, no circuito elétrico, os dois contatos são ligados em série com a carga. A
mesma lógica é adotada para a programação em Ladder. Entretanto, é possível notar que, na
conexão com o CLP, os dois contatos são ligados de forma independente, cada um em uma
entrada distinta. Isso deixa claro que o programa inserido no controlador é que será
responsável por definir o comportamento dos dois botões e da carga. Para modificar a lógica
de série para paralelo, por exemplo, seria necessário apenas alterar a lógica e não a ligação
com o controlador.
Em algumas situações, mesmo após a entrada ser desconectada, é desejável que a saída
permaneça ligada. Para isso, utiliza-se um contato auxiliar em uma configuração conhecida
como selo.
CONTATO DE SELO
O contato por selo é bastante utilizado em circuitos elétricos que utilizam botões com retorno
por mola. Nesse tipo de circuito, um contato auxiliar é utilizado de maneira a permitir o by-pass
do botão utilizado para ligar a carga. O circuito elétrico de um contato de selo pode ser visto na
imagem a seguir:
É possível observar que o contato I0.1 é responsável por acionar a carga virtual M0.1. Essa
carga não existe fisicamente, sendo responsável apenas por acionar o contato auxiliar M0.1,
responsável pelo by-pass do contato I0.1. O acionamento de I0.1 também é responsável por
ligar a carga Q0.1. Contudo, na imagem a seguir, é possível notar que, mesmo quando a
entrada I0.1 é desligada, a carga Q0.1 permanecerá ligada. Isso só ocorre devido ao by-pass
promovido pelo contato auxiliar. Para desligar esse circuito, é necessário o acionamento do
comando i0.2, que funciona como um comando para desligar o circuito, cortando a energização
do contato auxiliar.
SISTEMA DE INTERTRAVAMENTO
Os circuitos de intertravamento e segurança são fundamentais para evitar o acionamento
simultâneo de cargas, quando o acionamento for considerado inviável (ou inaceitável) para o
funcionamento seguro do circuito.
No circuito da imagem a seguir, é possível observar que as cargas Q0.1 e Q0.2 não podem ser
acionadas simultaneamente:
É possível observar na linha 001 que o acionamento da carga Q0.1 é realizado por meio do
acionamento do botão I0.1. Entretanto, isso só é possível se a carga Q0.2 não estiver
acionada.
De maneira similar, o acionamento da carga Q0.2 não será acionada enquanto a carga Q0.1
estiver ligada. Isso se deve pela presença do contato auxiliar q0.1 na linha de comando do
botão I0.2, como pode ser visto na imagem a seguir:
Com a desenergização da carga Q0.1, a carga Q0.2 fica novamente liberada para ser
energizada:
No caso do circuito com uma lógica paralela, em que um ou outro contato aciona a carga, a
lógica é de uma função do tipo OU:
BLOCOS TEMPORIZADORES
Os blocos temporizadores são utilizados para promover atrasos na energização ou na
desenergização de cargas mesmo quando os contatos para ligar ou desligar são
pressionados. Esses atrasos são inseridos no ajuste do parâmetro tempo no bloco
temporizados do programa.
Valor desejado do temporizador: até que valor ele contará o tempo antes de atuar.
RETARDO NA ENERGIZAÇÃO
RETARDO NA DESENERGIZAÇÃO
É possível perceber que, após a entrada ser desligada, inicia-se uma contagem de tempo até
que a carga seja efetivamente desligada. Esse tempo t é definido no campo 5.
O controlador precisa obter dados do inversor que permitam determinar sua situação (seu
status), tais como:
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
Imagem: Shutterstock.com.
No entanto, o controlador precisa enviar ao inversor informações como: comandos para ligar ou
desligar e a velocidade de referência.
Essa troca de dados é realizada diretamente entre o inversor e o controlador, por meio de
entradas digitais do controlador (modo de operação; ligado/desligado e falha) e saídas
analógicas (velocidade) e digitais (ligar/desligar). A partir dessa troca de dados é possível
realizar essa integração.
Em outras situações, alguns cuidados específicos precisam ser adotados para proteger os
terminais do controlador. Por exemplo, no caso de acionamento de cargas fortemente indutivas
(relés, motores, entre outros) utilizando-se tensões DC, diretamente através dos terminais do
controlador, é necessário adotar um diodo em antiparalelo com a carga indutiva de maneira
a reduzir os efeitos elétricos gerados pelo chaveamento do indutor. Essa medida ajudará a
preservar a saída do controlador.
Contudo, no caso de cargas altamente indutivas alimentadas por fontes CA, verifica-se a
necessidade de utilização de um circuito resistivo e capacitivo (RC) em paralelo com a carga
indutiva. Esse conjunto RC elimina os efeitos transientes de corrente no caso de chaveamento
da tensão de alimentação na carga.
ESTUDO DE CASO
Um engenheiro resolveu desenvolver um sistema para controle de uma válvula solenoide
utilizando um controlador e um botão normalmente aberto (com retorno por mola). Ao
programar o controlador com a linguagem Ladder, para fazer o acionamento dessa válvula, por
comando direto, o engenheiro desenvolveu a linha apresentada na figura a seguir. Observando
a programação, qual é a lógica da programação salva no controlador?
SOLUÇÃO
Observando a linha 001 do código, é possível notar que um contato normalmente fechado foi
utilizado no acionamento da carga Q0.1. Isso significa que, enquanto o botão não for acionado,
o contato estará fechado e a carga acionada.
Contudo, quando o botão for acionado, a carga será desligada, comportamento que pode ser
visto no quadro a seguir:
Botão Carga
Acionado Desligada
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Assim, é possível concluir que a linha de código criada pelo engenheiro apresenta uma lógica
inversora, ou seja, quando o botão é acionado a carga é desligada; e enquanto o botão não for
acionado a carga permanecerá ligada.
QUIZZES
A) Grafcet
B) FBD
C) Digital
D) Gráfica
E) Ladder
A) Gráfica
B) Grafcet
C) Digital
D) FBD
E) Ladder
GABARITO
A linguagem Ladder apresenta forte similaridade com a simbologia dos contatos elétricos e
circuitos elétricos. Isso se deve, essencialmente, por ter sido a primeira linguagem
desenvolvida para uso com controladores, seguindo a substituição dos painéis elétricos com
base em relés, utilizados para acionamento antes dos controladores.
2. Ao conectar uma chave de nível e um botão normalmente aberto nas entradas digitais,
i0.2 e I0.1, respectivamente, de um controlador para fazer o acionamento de uma bomba,
um engenheiro elaborou o seguinte código que foi carregado na memória do
controlador:
É seguro afirmar que, quando a chave de nível (i0.2) for acionada, a bomba:
É possível observar que a chave de nível e o botão estão ligados em série com a bomba pela
lógica de programação do engenheiro. Sendo assim, os dois precisam estar devidamente
ligados para que a carga seja energizada. Como a chave de nível foi inserida como um
comando normalmente fechado, ao acionar a chave fisicamente, o contato se abre e a linha de
código é interrompida. Dessa maneira, independentemente do acionamento do botão, a carga
não será energizada.
3. Dois operadores foram selecionados para ser responsáveis pelo acionamento de uma
bomba para encher um tanque de óleo diesel. A lógica desenvolvida é apresentada na
figura a seguir, onde cada operador tem um comando normalmente aberto em seu painel
de controle:
Observando o código do programa do controlador, é possível afirmar que:
4. Uma bomba de combustível possui uma chave de pressão para limitar o nível de
combustível dentro do tanque. Dessa maneira, quando a chave desarma, mesmo que o
frentista continue apertando o gatilho da bomba para colocar mais combustível no
tanque, a bomba não ligará. Seguindo essa lógica, é possível afirmar que uma
programação possível, considerando que os dois comandos (chave de nível e botão) são
contatos normalmente abertos e estão ligados nas entradas digitais de um controlador,
seria:
A única opção possível é a utilização de um contato aberto para o botão do frentista, de tal
maneira que o comando só seja ligado quando ele apertar o botão e um contato normalmente
fechado para a chave de nível. O contato da chave de nível precisa ser normalmente fechado,
tendo em vista que existe a necessidade de que o contato seja aberto quando a chave for
acionada, ou seja, a lógica da chave de nível precisa ser invertida para o controlador.
5. Alguns sinais de trânsito (semáforos) são equipados com botões de pedestres. Esses
botões são utilizados para que o pedestre solicite a travessia do sinal. Dessa maneira,
quando um pedestre aciona esse botão, o controlador do sinal recebe um sinal digital e,
após alguns segundos, o sinal para carros recebe um comando para fechar e o sinal de
pedestres um comando para abrir. Sendo assim, é possível considerar que esse código
inserido no controlador possui:
O sinal de trânsito ou semáforo possui um controlador que recebe os sinais enviados pelo
botão de pedestres. Quando o botão é pressionado, um sinal digital é enviado ao controlador
para fazer com que um temporizador com retardo na energização receba um sinal e inicie a
contagem de tempo pré-ajustado para o sinal fechar. Assim, ao término da contagem, um sinal
é enviado aos circuitos responsáveis por acender o sinal vermelho para os carros e o sinal
verde para os pedestres.
6. As portas lógicas são circuitos digitais que operam com um ou mais sinais lógicos de
entrada e produzem uma ou mais saídas lógicas, dependendo do circuito desenvolvido.
Com as portas lógicas é possível desenvolver circuitos digitais como somadores, meio
somadores, unidades lógicas e aritméticas, memórias, flip-flops, divisores de frequência,
entre outros. Com esses circuitos digitais, também é possível programar controladores e
relés programáveis por meio de uma linguagem de programação denominada:
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
A linha 1 com o relé M01 corresponde à rotação no sentido horário e a linha 2 com o relé
M02 corresponde à rotação no sentido anti-horário. Sendo assim, observando o circuito,
é possível concluir que:
A linha de comando 1 permite que o contato I01 acione o relé M01. Mas isso só ocorrerá se o
contato I02 não estiver acionado. Também é interessante notar que o contato auxiliar M01
manterá a linha energizada, mesmo quando o contato I01 não estiver mais acionado. Também
é importante notar que o contato I01, ao ser acionado, desliga o relé M02, caso este esteja
ligado. Dessa maneira, o acionamento simultâneo dos relés não é possível.
O acionamento de um motor é uma ação que demanda cuidados. Devido à inércia de corrente
das cargas altamente indutivas, um pico de corrente é esperado cada vez que uma carga
indutiva é ligada ou desligada. Assim, é fundamental a adoção de circuitos de proteção para
preservação dos controladores e circuitos utilizados no acionamento das cargas indutivas. Uma
opção bastante utilizada é a instalação de diodos em antiparalelo com o motor, de maneira a
permitir que a corrente excedente utilize o diodo como fuga e não danifique o circuito.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, tivemos contato com definições de conhecimentos que nos permitem entender
e descrever como procede o funcionamento dos controladores lógicos programáveis e as
principais características dos CLPs, considerando os requisitos funcionais dos controladores
lógicos programáveis e suas arquiteturas, o que nos facilita a escolha para as aplicações
específicas pretendidas.
Verificamos para que serve e como podemos utilizar os diagramas em blocos genéricos da
estrutura de uma lógica de controle e quais são as principais linguagens de programação dos
controladores, e, por fim, apresentamos a aplicação de todo esse conhecimento em circuitos
de: autorretenção, intertravamento e temporizados além dos acionamentos de cargas indutivas
com controladores lógicos programáveis também.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BIGNELL, J. W.; DONOVAN, R. L. Eletrônica digital. São Paulo: Makron Books, 1994.
EXPLORE+
Para saber mais sobre relés eletromecânicos, antecessores dos controladores lógicos
programáveis, leia o artigo Uma breve história dos relés, de Amauri Oliveira.
CONTEUDISTA
Raphael de Souza dos Santos
CURRÍCULO LATTES