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INPUT-OUTPUT DE LEONTIEF

Aplicações da álgebra linear

12-02-2021
Realizado no âmbito da defesa de nota do 1º semestre do 1º ano à cadeira de Álgebra Linear,
este documento analisa o modelo input-output de Leontief aplicado à economia, focando-se na
sua aplicação de álgebra linear.

André Fonte
99454 | MEAer | IST-ULisboa
1. Introdução
No mundo económico, o modelo input-output é uma forma de representação quantita-
tiva da interdependência entre os setores constituintes de uma economia. Este tipo de análise
desenvolvida por Wassily Leontief tem por base álgebra linear, mais propriamente, matrizes e
sistemas lineares. Neste documento será explorada essa vertente do modelo não só de forma
geral, como também aplicando-o a exemplos práticos, numa dinâmica problema-solução.

Nota biográfica acerca de Leontief

Economista russo galardoado com o prémio Nobel em 1973 pelos


desenvolvimentos na área da análise de mercados económicos livres, Le-
ontief ingressou precocemente na universidade de Leninegrado aos 15
anos, tendo, após ser reprimido pelo regime soviético, emigrado para a
Alemanha e, posteriormente, os EUA. Apresentou o modelo input-output
no seu livro The Structure of the American Economy (1941).
Figura 1: Wassily Leontief, 1905-1999.

2. Motivação
De forma a analisar os modelos económicos de Leontief, será considerado que a econo-
mia se divide em setores interdependentes. No caso geral, um setor tem como intuito lucrar
com a venda de bens – output. No entanto, para os produzir, a indústria requer despesas em,
por exemplo, mão de obra ou matéria-prima – input. Desta forma, forma-se um sistema econó-
mico em rede onde o input de um setor é parte do output de outros.

Numa economia aberta são considerados os setores económicos abertos, setores que
consomem o output de outros setores, sem gerarem o seu. Atuam como mercado para escoa-
mento do output dos setores industriais, e estabelecem o nível de necessidade de cada produto.
Cabe assim aos setores secundários1 determinar o nível de produção necessário para correspon-
derem às exigências dos setores abertos, se autossustentarem, e, naturalmente, lucrar.

O modelo tem assim a vantagem de poder prever as repercussões de alterações pontu-


ais no mercado nos mais diversos setores, localizando problemas de forma eficiente e facilitando
a sua resolução.

3. Modelo input-output aplicado à economia


3.1. Exemplificando
O exemplo abaixo demonstra a utilidade e justifica o modelo de forma simples, introdu-
zindo os conceitos de forma gradual para a compreensão do modelo generalizado.

Considere-se o seguinte quadro económico: 3 setores industriais interdependentes ocu-


pados da produção de um único tipo de produto. Sejam eles o produto A, o produto B e o pro-
duto C, produzidos pelas indústrias A, B e C, respetivamente. Para a produção de cada produto,

1
Os setores económicos dividem-se de forma clássica em:

• Primários: extração e/ou manipulação de recursos naturais, de forma a serem utilizados no setor industrial;
• Secundários: transformação da matéria-prima proveniente do setor primário em produtos prontos a ser
comercializados;
• Terciários: comercialização de produtos e prestação de serviços

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a respetiva indústria necessita de gastar não só uma certa quantidade dos outros dois produtos,
como também parte da sua própria produção. Assim, suponha-se o seguinte cenário:

• Para produzir 1.00€ do produto A, a respetiva indústria gasta 0.10€ do seu próprio pro-
duto, 0.40€ do produto B e 0.20€ do produto C.
• Para produzir 1.00€ do produto B, a respetiva indústria gasta 0.20€ do seu próprio pro-
duto, 0.10€ do produto A e 0.40€ do produto C.
• Para produzir 1€ do produto C, a respetiva indústria gasta 0.05€ do seu próprio produto,
0.40€ do produto A e 0.10€ do produto B.

Input
A B C
A 0.10 0.10 0.40
Output B 0.40 0.20 0.10
C 0.20 0.40 0.05
Tabela 1: síntese do fluxo de produtos na economia do exemplo. As colunas e as linhas representam respetivamente
o valor do input e do output de um determinado setor.

Note-se que apesar de para o exemplo ser considerado 1€ como unidade de produção,
poderia ser usada outra ordem de grandeza, como o 106€, ou até mesmo outra medida, como
número de produtos fabricados.

Os dados expressos na tabela podem ser expressos sob a forma de uma matriz input-
output 𝐶:
𝑐𝐴𝐴 𝑐𝐴𝐵 𝑐𝐴𝐶 0.10 0.10 0.40
𝑐
𝐶 = [ 𝐴𝐵 𝑐𝐵𝐵 𝑐𝐵𝐶 ] = [0.40 0.20 0.10]
𝑐𝐴𝐶 𝑐𝐵𝐶 𝑐𝐶𝐶 0.20 0.40 0.05
O consumo de cada uma pode ser representado pelas colunas da matriz 𝐶:
𝑐𝐴𝐴 0.10
𝑐𝐴 = [𝑐𝐴𝐵 ] = [0.40]
𝑐𝐴𝐶 0.20
𝑐𝐵𝐴 0.10
𝑐𝐵 = [𝑐𝐵𝐵 ] = [0.20]
𝑐𝐵𝐶 0.40
𝑐𝐶𝐴 0.40
𝑐𝐶 = [𝑐𝐶𝐵 ] = [0.10]
𝑐𝐶𝐶 0.05
Estas indústrias estão inseridas num cenário económico aberto, ou seja, estão sujeitas
às exigências do mercado e a sua produção é dependente destas. Considere-se que o mercado
pretende ser fornecido com 400€ do produto A, 200€ do produto B e 100€ do produto C. Esses
valores são representados pelo vetor 𝑑 (do inglês demand):
𝑑𝐴 400
𝑑 = [𝑑𝐵 ] = [200]
𝑑𝐶 100
Face à procura externa, os setores industriais vão ter de averiguar se conseguem dar
resposta e, caso consigam, a quantidade necessária produzir para o fazer. Como as indústrias
consomem parte do seu próprio produto para o seu funcionamento, a produção deve ser tal

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que consiga cobrir os gastos internos e as exigências externas. A quantidade, em euros, neces-
sária produzir será representada pelo seguinte vetor:
𝑝𝐴
𝑝
𝑝 = [ 𝐵]
𝑝𝐶
sendo as suas coordenadas o valor em euros dos produtos A, B e C (respetivamente) necessário
produzir. Estas variáveis são calculadas com recurso à álgebra linear, como será abordado no
tópico 4.

É claro que a partir das coordenadas deste vetor, podem ser também previstos os gastos
que cada setor terá de forma a corresponder à procura dos seus produtos. Por exemplo, por
cada unidade de 𝑝𝐴 , ou seja, por cada 1.00€ de produto A produzido, a indústria A irá gastar
0.10 + 0.40 + 0.20 = 0.70€ (e ter um lucro de 0.30€, considerando que todo o produto é escoado).
Naturalmente, o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos restantes setores. O valor gasto pela
indústria A pode então ser representado pelo seguinte vetor:
0.10
𝑝𝐴 ∙ 𝑐𝐴 = 𝑝𝐴 ∙ [0.40]
0.20
Aplicando o mesmo raciocínio aos restantes setores, o consumo total é dado por:
0.10 0.10 0.40
𝑝𝐴 ∙ 𝑐𝐴 + 𝑝𝐵 ∙ 𝑐𝐵 + 𝑝𝐶 ∙ 𝑐𝐶 = 𝑝𝐴 ∙ [0.40] + 𝑝𝐵 ∙ [0.20] + 𝑝𝐶 ∙ [0.10]
0.20 0.40 0.05
0.10 0.10 0.40 𝑝𝐴
= [0.40 0.20 0.10] [𝑝𝐵 ] = 𝐶 ∙ 𝑝
0.20 0.40 0.05 𝑝𝐶
Assim, é intuitivo concluir que a quantidade enviada para o setor aberto, 𝑑, é dada pela
quantidade produzida, 𝑝, menos a quantidade consumida pelos setores industriais, 𝐶 ∙ 𝑝. Ou
seja,

𝑑 =𝑝−𝐶∙𝑝
400 𝑝𝐴 0.10 0.10 0.40 𝑝𝐴
⟹ [200] = [𝑝𝐵 ] − [0.40 0.20 0.10] [𝑝𝐵 ]
100 𝑝𝐶 0.20 0.40 0.05 𝑝𝐶
A esta equação dá-se o nome de equação de Leontief, podendo ser reescrita na forma:

(𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑
1 0 0 0.10 0.10 0.40 𝑝𝐴 400
⟹ ([0 1 − ∙ 𝑝 =
0] [0.40 0.20 0.10]) [ 𝐵 ] [200]
0 0 1 0.20 0.40 0.05 𝑝𝐶 100
À matriz 𝐼 – 𝐶 dá-se o nome de matriz de Leontief.

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3.2. Generalizando
TEOREMA 1 (equação de Leontief)

Seja 𝐶 a matriz input-output de uma economia, 𝑑 o vetor do consumo do setor


aberto e 𝑝 o vetor da produção dos 𝑛 setores que compõem a economia. 𝐶 ∙ 𝑝 será o vetor
de consumo interno. O modelo económico pode ser descrito pela seguinte equação:

𝑑 =𝑝−𝐶∙𝑝

O que é equivalente a escrever:


𝑑1 𝑝1 𝑐11 ⋯ 𝑐1𝑛 𝑝1
[ ⋮ ]=[ ]−[ ⋮
⋮ ⋱ ⋮ ][ ⋮ ]
𝑑𝑛 𝑝𝑛 𝑐𝑛1 ⋯ 𝑐𝑛𝑛 𝑝𝑛

Para quaisquer 𝑖 e 𝑗 pertencentes ao intervalo [1, 𝑛], 𝑐𝑖𝑗 será o valor de produto forne-
cido pelo setor 𝑖 ao setor 𝑗, 𝑑𝑖 será o valor consumido do produto 𝑖 pelo setor terciário, e 𝑝𝑖 será
o valor produzido pela indústria 𝑖.

A economia é considerada fechada para um vetor 𝑑 nulo. Caso contrário, denomina-se


aberta. Se 𝑑𝑖 = 0, o produto 𝑖 não é enviado para o setor aberto.

A partir do teorema 1 pode ser escrita a seguinte matriz aumentada que permite deter-
minar o vetor de produção 𝑝:

(𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑
1 − 𝑐11 ⋯ −𝑐1𝑛 𝑑1
⟹( ⋮ ⋱ ⋮ |⋮)
−𝑐𝑛1 ⋯ 1 − 𝑐𝑛𝑛 𝑑𝑛

TEOREMA 2 (economia rentável)

Seja 𝐶 a matriz input-output de uma economia aberta. Caso a soma de cada coluna
seja inferior a 1, a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível, as entradas de (𝐼 − 𝐶)−1 são não negativas, e a
economia é rentável.

Como já foi apontado, o total de consumo de uma indústria 𝑖 é determinado pela soma
da 𝑖-ésima coluna da matriz 𝐶 𝑛 × 𝑛. Considerando que os valores da matriz correspondem ao
valor em euros envolvidos na produção de 1.00€ de cada produto, caso a soma da 𝑖-ésima co-
luna seja inferior a 1.00€, o setor 𝑖 é considerado rentável (gasta menos do que produz). Se todos
os 𝑛 setores que compõe o panorama económico forem rentáveis, a economia também o é.

TEOREMA 3

Seja 𝐶 uma matriz input-output. Caso a matriz 𝐼 – 𝐶 seja invertível, 𝑝 existe e é


único, sendo dado por:

𝑝 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑

Caso a economia em causa seja fechada, 𝑑 será um vetor nulo, assim como 𝑝.

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Caso a matriz 𝐼 – 𝐶 não fosse invertível, 𝑝 tanto poderia não ter solução como poderia
existir um número infinito delas, sendo necessário analisar a matriz input-output de forma a tirar
conclusões.

Matriz (𝐼 − 𝐶)−1

Note-se que as colunas de (𝐼 − 𝐶)−1 contêm informação relevante. Informam a varia-


ção de 𝑝 com a variação de 𝑑. Como exemplo, considere-se que 𝑑 é aumentado em uma cons-
tante 𝑥𝑖 em cada linha 𝑖. Seja 𝐶 uma matriz 𝑛 × 𝑛 e 𝐼 – 𝐶 invertível. Ou seja, 𝑑𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 +
𝑥1
[ ⋮ ].
𝑥𝑛
𝑥1
𝑝𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ (𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + [ ⋮ ])
𝑥𝑛
𝑥1 𝑥1
= (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ ⋮ ] = 𝑝𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ ⋮ ]
𝑥𝑛 𝑥𝑛
𝑝1 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + 𝑥1 ∙ − 𝑐11 + 𝑥2 ∙ − 𝑐12 + ⋯ + 𝑥𝑛 ∙ − 𝑐1𝑛 )
(1 ) (1 ) (1
=[ ⋮ ]
𝑝𝑛 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + 𝑥1 ∙ (1 − 𝑐𝑛1 ) + 𝑥2 ∙ (1 − 𝑐𝑛2 ) + ⋯ + 𝑥𝑛 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑛 )
𝑛
𝑝1 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + ∑ 𝑥𝑖 ∙ (1 − 𝑐1𝑖 )
𝑖=1
= ⋮
𝑛
𝑝 + ∑ 𝑥𝑖 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑖 )
[ 𝑛 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) 𝑖=1 ]
Assim, uma variação em 𝑑 ocasionará uma variação de 𝑝 de acordo com esta relação.

TEOREMA 4

Seja 𝐶 uma matriz input-output 𝑛 × 𝑛 de entradas 𝑐𝑖𝑗 , 𝐼 − 𝐶 uma matriz invertível


e 𝑑 o vetor do consumo do setor aberto. Considere-se que 𝑑 é aumentado em uma cons-
tante 𝑥𝑘 em cada linha 𝑘, para 𝑘 ∈ [1, 𝑛]. A variação do vetor de produção 𝑝 é dada por:
𝑛
𝑥1 ∑ 𝑥𝑘 ∙ (1 − 𝑐1𝑘 )
𝑘=1
∆𝑝 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ ⋮ ] = ⋮
𝑥𝑛 𝑛
∑ 𝑥 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑘 )
[ 𝑘=1 𝑘 ]

Cofatores

Definição 5: Seja 𝐴 uma matriz invertível e 𝐴𝑗𝑖 a matriz 𝐴 com a linha 𝑗 e a coluna 𝑖 re-
tiradas. É sabido que usando cofatores, a entrada (𝑖, 𝑗) de 𝐴−1 é dada por:

−1
(−1)𝑖+𝑗 det (𝐴𝑗𝑖 )
𝐴 (𝑖,𝑗) =
det (𝐴)
Aplicando esta noção ao modelo, é possível determinar a variação de produção neces-
sária numa indústria 𝑖 caso 𝑑𝑗 seja alterado. Claro que é possível que 𝑖 = 𝑗.

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O consumo do setor 𝑗 de produtos do setor 𝑖 é indicado na entrada (𝑖, 𝑗) da matriz 𝐶.
Para analisar a situação descrita será preciso, portanto, ter em conta a entrada (𝑖, 𝑗) da matriz
(𝐼 − 𝐶)−1 , que é calculada de acordo com a definição 5.

TEOREMA 6

Considere-se uma economia aberta com 𝑛 setores. Sejam 𝑖 e 𝑗 pertencentes a


[1, 𝑛]. Se 𝑑𝑗 for incrementado em uma unidade 𝑥 vezes, a produção no setor 𝑖 será acres-
centada de 𝑥 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (𝑖,𝑗) .

∆𝑝𝑖 = 𝑥 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (𝑖,𝑗)

Naturalmente, a produção terá se sofrer alterações em outras indústrias, mas desta


forma é possível obter conclusões mais específicas.

4. Resolução de problemas
Os exercícios seguintes demonstram a utilidade do modelo de Leontief, bem como da
utilização de álgebra.

1) Considere-se o exemplo supracitado da economia aberta composta unicamente pelas


indústrias A, B e C.

1.1) OBJETIVO: determinar a quantidade a produzir por cada setor para os dados do
exemplo.

Pelo teorema 1:

𝑑 = 𝑝 − 𝐶 ∙ 𝑝 ⇔ (𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑
1 0 0 0.10 0.10 0.40 0.90 −0.10 −0.40
𝐼 − 𝐶 = [0 1 0] − [0.40 0.20 0.10] = [−0.40 0.80 −0.10]
0 0 1 0.20 0.40 0.05 −0.20 −0.40 0.95
Logo,
0.90 −0.10 −0.40 𝑝𝐴 400
𝑝 =
[−0.40 0.80 −0.10] [ 𝐵 ] [200]
−0.20 −0.40 0.95 𝑝𝐶 100
Em matriz aumentada, e usando a eliminação de Gauss-Jordan (cf. Anexo 1), tem-se:
0.90 −0.10 −0.40 400 1 0 0 775.00
(−0.40 0.80 −0.10|200) ⟶ (0 1 0|708.33)
−0.20 −0.40 0.95 100 0 0 1 566.67
Logo,
775.00
𝑝 = [708.33]
566.67
arredondando a 2 casas decimais.

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400
Portanto, para 𝑑 = [200] os setores A, B e C devem produzir, respetivamente, 775.00€,
100
708.33€ e 566.67€ dos respetivos produtos.

Analisando criticamente o exemplo, há que salientar que a maior parte da produção está
a ser direcionada para setores industriais e não para o mercado, o que indica que a economia é
pouco eficiente. O valor absoluto da quantidade gasta internamente é facilmente determinado
através de 𝐶 ∙ 𝑝 = 𝑝 − 𝑑.
775.00 400 375.00
𝑝 − 𝑑 = [708.33] − [200] = [508.33]
566.67 100 466.67
É claro que numa economia cujos valores das entradas da matriz 𝐶 são menores, o con-
sumo interno para as mesmas exigências do setor aberto é também menor, melhorando a efici-
ência do panorama económico.

1.2) OBJETIVO: averiguar se a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível. Caso seja, determinar o vetor de


produção usando (𝐼 − 𝐶)−1 .
0.10 0.10 0.40
As colunas da matriz 𝐶 = [0.40 0.20 0.10] possuem entradas cuja soma é sempre
0.20 0.40 0.05
inferior a 1.00, o que permite concluir, pelo teorema 2, que a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível.

Isto pode ser igualmente verificado pelo cálculo do determinante da matriz 𝐼 − 𝐶. A par-
tir da Fórmula de Laplace, tem-se:
12
det (𝐼 − 𝐶) = ≠0
25
O que confirma que 𝐼 – 𝐶 é uma matriz invertível sendo (cf. Anexo 2):
1.5000 0.5313 0.6875
(𝐼 − 𝐶)−1 = [0.8333 1.6146 0.5208]
0.6667 0.7917 1.4167
arredondando a 4 casas decimais. A matriz 𝐼 – 𝐶 ser invertível implica, pelo teorema 3, que para
400
𝑑 = [200] existe um único 𝑝 tal que:
100
1.5000 0.5313 0.6875 400 775.00
−1
𝑝 = (𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑑 = [0.8333 1.6146 0.5208] [200] = [708.33]
0.6667 0.7917 1.4167 100 566.67
arredondando as entradas a 2 casas decimais, o que está de acordo com o calculado no exercício
1.1).

1.3) OBJETIVO: Considerando agora que o setor aberto consome 400€ do produto A,
400
100€ do produto B e 300€ do produto C, ou seja, 𝑑 = [100], determinar o vetor de produção.
300
400 0
𝑑 = [200] + [−100]
100 200

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400
sendo [200] o vetor do consumo do setor aberto nos exercícios anteriores.
100
Pelo teorema 4,
𝑥1 775.00 1.5000 0.5313 0.6875 0
𝑝 = 𝑝𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ ⋮ ] = [708.33] + [0.8333 1.6146 0.5208] [−100]
𝑥𝑛 566.67 0.6667 0.7917 1.4167 200
859.37
= [651.03]
770.84
É curioso notar que apesar de 𝑑𝐴 ter sido mantido constante, 𝑝𝐴 sofreu alterações, o
que demonstra a interdependência entre os setores.
400
1.4) OBJETIVO: calcular unicamente o valor de 𝑝𝐴 para o vetor 𝑑 = [100], do exercício
300
1.3).

Aplicando o teorema 6,

𝑝𝐴 = 𝑝𝐴 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + (−100 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (1,2) ) + 200 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (1,3)


= 775.00 − 100 × 0.5313 + 200 × 0.6875 = 859.37
o que está de acordo com o calculado no exercício 1.3).

2) Considere-se um quadro económico diferente composto pelos setores industriais X e


0.2 0 1 1
Y, com 𝐶 = [ ], 𝑑 = [ ] e 𝑑2 = [ ].
0 1 1 2 0
OBJETIVO: analisar se há algum 𝑝 possível tal que os setores correspondam ao consumo
do setor aberto nas duas situações (para 𝑑1 e para 𝑑2 ).

Note-se que como o seu determinante é 0, 𝐼 − 𝐶 não é invertível.

• Para 𝑑1 : O setor Y consome 1€ do seu produto para produzir também 1€. Ou seja, não
é capaz de fornecer outros setores. Assim não existe nenhum 𝑝 que seja solução.
• Para 𝑑2 : Como o setor Y não tem de cumprir exigências por parte de nenhum setor, a
sua produção não é determinada por nenhum fator externo. Qualquer 𝑝𝑌 real positivo
é possível. Por outro lado, 𝑝𝑋 pode ser calculado intuitivamente da seguinte forma:

1 = 𝑝𝑋 − 0.2𝑝𝑋 ⟺ 𝑝𝑋 = 1.25
1.25
Logo há infinitas soluções para 𝑝 = [ ].
𝑝𝑌

5. Conclusão
O modelo input-output está longe de se tornar obsoleto e existem organizações ocupa-
das de o melhorar e atualizar, tais como a IIOA (International Input-Output Association), fundada
em 1988. É aplicado por diversas entidades tais como o Departamento de Prospetiva e Planea-
mento e Relações Internacionais – Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do
Território.

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Figura 2: Pormenor de uma matriz input-output relativa à economia portuguesa em 2008. O documento pode ser
consultado na íntegra na ligação 18 da Webgrafia.

Apesar de a premissa do desenvolvimento deste trabalho ter sido a aplicação de álgebra


linear, ele permitiu muito mais do que a utilização dos conhecimentos adquiridos ao longo do
semestre. É essencial a exploração da vertente aplicada da álgebra linear, principalmente num
curso de Engenharia, uma vez que permite a melhor compreensão dos seus teoremas e estimula
o seu estudo. Possibilita ainda a exploração de áreas complementares às engenharias, criando
engenheiros mais competentes e polivalentes, algo que se torna cada vez mais importante no
mundo profissional.

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6. Anexos
1) Resolução do sistema linear através da calculadora de matrizes do link
https://matrixcalc.org/pt/slu.html#solve-using-Gauss-Jordan-elimination%28%7B%7B0%2e90,-
0%2e10,-0%2e40,400%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10,200%7D,%7B-0%2e20,-
0%2e40,0%2e95,100%7D%7D%29

2) Cálculo da matriz inversa através da calculadora de matrizes do link


https://matrixcalc.org/pt/#%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-
0%2e10%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95%7D%7D%5E%28-1%29

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Biblio e Webgrafia
1. ANTON, Howard; RORRES, Chris. Elementary Linear Algebra: Applications Version. 11ª ed.
2. https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/1689468335669061/toolkit2020_2021.pdf (con-
sultado a 01-02-2021)
3. https://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Leontief (consultado a 01-02-2021)
4. https://en.wikipedia.org/wiki/Wassily_Leontief (consultado a 01-02-2021)
5. https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_input-output (consultado a 01-02-2021)
6. https://www.iioa.org/ (consultado a 01-02-2021)
7. https://en.wikipedia.org/wiki/Input%E2%80%93output_model (consultado a 01-02-2021)
8. https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_de_Perron-Frobenius (consultado a 01-02-2021)
9. https://en.wikipedia.org/wiki/Perron%E2%80%93Frobenius_theorem (consultado a 01-02-
2021)
10. https://pt.wikipedia.org/wiki/Setor_econ%C3%B3mico (consultado a 01-02-2021)
11. https://pt.wikipedia.org/wiki/Setor_prim%C3%A1rio (consultado a 02-02-2021)
12. https://pt.wikipedia.org/wiki/Setor_secund%C3%A1rio (consultado a 02-02-2021)
13. https://www.math.umd.edu/~immortal/MATH401/ch_leontief.pdf (consultado a 03-02-2021)
14. https://www.math.tecnico.ulisboa.pt/~ppinto/AL1314/martim.pdf (consultado a 03-02-2021)
15. https://bloomingtontutors.com/blog/how-to-understand-and-solve-leontief-input-output-mo-
del-technology-matrix-problems (consultado a 03-02-2021)
16. http://www.coastalwiki.org/wiki/Input-output_matrix (consultado a 03-02-2021)
17. https://matrixcalc.org/pt/ (consultado a 03-02-2021)
18. https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahU-
KEwiupdLE0tXuAhWhnVwKHZC_BpUQFjAA-
egQIAhAC&url=https%3A%2F%2Fra09.ine.pt%2Fngt_server%2Fattachfileu.jsp%3Flook_paren-
tBoui%3D305629750%26att_display%3Dn%26att_download%3Dy&usg=AO-
vVaw3WcmQFJkXmAw_Jg55om58F (consultado a 03-02-2021)

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