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SUMÁRIO

EXECUÇÃO PENAL................................................................................................................................ 3
LEI Nº 7.210/1984 ................................................................................................................................ 3
PORTARIA INTERMINISTERIAL MJ/SEDH Nº 4.226/2010 .................................................................... 28
PORTARIA MJSP Nº 65/2019 .............................................................................................................. 31
PORTARIA MJSP Nº 157/2019 ............................................................................................................ 32
LEI Nº 13.675/2018 ............................................................................................................................. 34
DECRETO Nº 9.489/2018 ................................................................................................................... 45
PORTARIA MJSP Nº 18/2020.............................................................................................................. 55
PLANO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA 2020–2023 ........................................ 56
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL ................................................................................... 123
DECRETO Nº 6.049/2007 ................................................................................................................. 123
PORTARIA MSP Nº 199/2018 ............................................................................................................135
LEI Nº 10.693/2003 .......................................................................................................................... 165
LEI Nº 11.907/2009 – SEÇÃO XXIII .................................................................................................... 165
LEI N º 13.327/2016 – CAPÍTULO VIII .................................................................................................. 173
LEI Nº 11.473/2007 ........................................................................................................................... 174
LEI Nº 11.671/2008 ............................................................................................................................ 177
DECRETO Nº 6.877/2008.................................................................................................................. 179
PORTARIA DISPF/DEPEN Nº 11/2015 ............................................................................................... 181
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Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena


Execução Penal privativa de liberdade, em regime fechado, será
LEI Nº 7.210/1984 submetido a exame criminológico para a obtenção
Institui a Lei de Execução Penal. dos elementos necessários a uma adequada
classificação e com vistas à individualização da
TÍTULO I - DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI execução.
DE EXECUÇÃO PENAL Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as poderá ser submetido o condenado ao cumprimento
disposições de sentença ou decisão criminal e da pena privativa de liberdade em regime semi-
proporcionar condições para a harmônica integração aberto.
social do condenado e do internado. Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de
Art. 2º A jurisdição penal dos juízes ou tribunais da dados reveladores da personalidade, observando a
justiça ordinária, em todo o território nacional, será ética profissional e tendo sempre presentes peças ou
exercida, no processo de execução, na conformidade informações do processo, poderá:
desta Lei e do Código de Processo Penal. I - entrevistar pessoas;
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos
preso provisório e ao condenado pela Justiça privados, dados e informações a respeito do
Eleitoral ou Militar, quando recolhido a condenado;
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. III - realizar outras diligências e exames necessários.
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado,
assegurados todos os direitos não atingidos pela dolosamente, com violência de natureza grave
sentença ou pela lei. contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
natureza racial, social, religiosa ou política. serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido
comunidade nas atividades de execução da pena e da desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.
medida de segurança. (“Caput” do artigo acrescido pela Lei nº 12.654, de 28/5/2012,
publicada no DOU de 29/5/2012, em vigor 180 dias após a
TÍTULO II - DO CONDENADO E DO INTERNADO publicação)
§ 1º A identificação do perfil genético será
CAPÍTULO I - DA CLASSIFICAÇÃO
armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
os seus antecedentes e personalidade, para orientar
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.654, de 28/5/2012, publicada no
a individualização da execução penal. DOU de 29/5/2012, em vigor 180 dias após a publicação)
Art. 6º A classificação será feita por Comissão § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar
Técnica de Classificação que elaborará o programa garantias mínimas de proteção de dados genéticos,
individualizador da pena privativa de liberdade observando as melhores práticas da genética
adequada ao condenado ou preso provisório. (Artigo forense. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,
com redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003) publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, após a publicação)
existente em cada estabelecimento, será presidida § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
pelo Diretor e composta, no mínimo por dois chefes requerer ao juiz competente, no caso de inquérito
de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um instaurado, o acesso ao banco de dados de
assistente social, quando se tratar de condenado à identificação de perfil genético. (Parágrafo acrescido pela
pena privativa da liberdade. Lei nº 12.654, de 28/5/2012, publicada no DOU de 29/5/2012, em
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão vigor 180 dias após a publicação)

atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos
por fiscais do Serviço Social. o acesso aos seus dados constantes nos bancos de

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perfis genéticos, bem como a todos os documentos compreenderá atendimento médico, farmacêutico e
da cadeia de custódia que gerou esse dado, de odontológico.
maneira que possa ser contraditado pela defesa. § 1º (VETADO).
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver
na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a
aparelhado para prover a assistência médica
publicação)
necessária, esta será prestada em outro local,
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput
mediante autorização da direção do
deste artigo que não tiver sido submetido à
estabelecimento.
identificação do perfil genético por ocasião do
§ 3º Será assegurado acompanhamento médico à
ingresso no estabelecimento prisional deverá ser
mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto,
submetido ao procedimento durante o cumprimento
extensivo ao recém-nascido. (Parágrafo acrescido pela Lei
da pena. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,
nº 11.942, de 28/5/2009)
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
após a publicação)
SEÇÃO IV - Da assistência jurídica
§ 5º (VETADO na Lei nº 13.964, de 24/12/2019) Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos
§ 6º (VETADO na Lei nº 13.964, de 24/12/2019) e aos internados sem recursos financeiros para
§ 7º (VETADO na Lei nº 13.964, de 24/12/2019) constituir advogado.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter
submeter-se ao procedimento de identificação do serviços de assistência jurídica, integral e gratuita,
perfil genético. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de pela Defensoria Pública, dentro e fora dos
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em estabelecimentos penais. (“Caput” do artigo com redação
vigor 30 dias após a publicação) dada pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010)
§ 1º As Unidades da Federação deverão prestar
CAPÍTULO II - DA ASSISTÊNCIA
auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria
SEÇÃO I - Disposições gerais
Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever
dos estabelecimentos penais. (Parágrafo acrescido pela Lei
do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o nº 12.313, de 19/8/2010)
retorno à convivência em sociedade. § 2º Em todos os estabelecimentos penais, haverá
Parágrafo único. A assistência estende-se ao local apropriado destinado ao atendimento pelo
egresso. Defensor Público. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.313, de
Art. 11. A assistência será: 19/8/2010)
I - material; § 3º Fora dos estabelecimentos penais, serão
II - à saúde; implementados Núcleos Especializados da
III - jurídica; Defensoria Pública para a prestação de assistência
IV - educacional; jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em
V - social; liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos
VI - religiosa. financeiros para constituir advogado. (Parágrafo
SEÇÃO II - Da assistência material acrescido pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010)
Art. 12. A assistência material ao preso e ao SEÇÃO V - Da assistência educacional
internado consistirá no fornecimento de Art. 17. A assistência educacional compreenderá a
alimentação, vestuário e instalações higiênicas. instrução escolar e a formação profissional do preso
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e e do internado.
serviços que atendam aos presos nas suas Art. 18. O ensino de primeiro grau será obrigatório,
necessidades pessoais, além de locais destinados à integrando-se no sistema escolar da unidade
venda de produtos e objetos permitidos e não federativa.
fornecidos pela Administração. Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com
SEÇÃO III - Da assistência à saúde formação geral ou educação profissional de nível
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do médio, será implantado nos presídios, em obediência
internado, de caráter preventivo e curativo, ao preceito constitucional de sua universalização.

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§ 1º O ensino ministrado aos presos e presas integrar- III - acompanhar o resultado das permissões de saídas
se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será e das saídas temporárias;
mantido, administrativa e financeiramente, com o IV - promover, no estabelecimento, pelos meios
apoio da União, não só com os recursos destinados à disponíveis, a recreação;
educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou V - promover a orientação do assistido, na fase final
administração penitenciária. do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a
§ 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às facilitar o seu retorno à liberdade;
presas cursos supletivos de educação de jovens e VI - providenciar a obtenção de documentos, dos
adultos. benefícios da previdência social e do seguro por
§ 3º A União, os Estados, os Municípios e o Distrito acidente no trabalho;
Federal incluirão em seus programas de educação à VII - orientar e amparar, quando necessário, a família
distância e de utilização de novas tecnologias de do preso, do internado e da vítima.
ensino, o atendimento aos presos e às presas. (Artigo SEÇÃO VII - Da assistência religiosa
acrescido pela Lei nº 13.163, de 9/9/2015) Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em culto, será prestada aos presos e aos internados,
nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. permitindo-se-lhes a participação nos serviços
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino organizados no estabelecimento penal, bem como a
profissional adequado à sua condição. posse de livros de instrução religiosa.
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto § 1º No estabelecimento haverá local apropriado
de convênio com entidades públicas ou particulares, para os cultos religiosos.
que instalem escolas ou ofereçam cursos § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado
especializados. a participar de atividade religiosa.
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar- SEÇÃO VIII - Da assistência ao egresso
se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
uso de todas as categorias de reclusos, provida de I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
livros instrutivos, recreativos e didáticos. liberdade;
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: II - na concessão, se necessário, de alojamento e
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; alimentação, em estabelecimento adequado, pelo
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e prazo de dois meses.
médio e o número de presos e presas atendidos; Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II
III - a implementação de cursos profissionais em nível poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado,
de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número por declaração do assistente social, o empenho na
de presos e presas atendidos; obtenção de emprego.
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta
acervo; Lei:
V - outros dados relevantes para o aprimoramento I - o liberado definitivo, pelo prazo de um ano a contar
educacional de presos e presas. (Artigo acrescido pela Lei da saída do estabelecimento;
nº 13.163, de 9/9/2015)
II - o liberado condicional, durante o período de
SEÇÃO VI - Da assistência social
prova.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade
Art. 27. O serviço de assistência social colaborará
amparar o preso e o internado e prepará-los para o
com o egresso para a obtenção de trabalho.
retorno à liberdade.
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: CAPÍTULO III - DO TRABALHO
I - conhecer os resultados dos diagnósticos e exames; SEÇÃO I - Disposições Gerais
II - relatar, por escrito, ao diretor do estabelecimento, Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social
os problemas e as dificuldades enfrentados pelo e condição de dignidade humana, terá finalidade
assistido; educativa e produtiva.

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§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário
trabalho as precauções relativas à segurança e à especial de trabalho aos presos designados para os
higiene. serviços de conservação e manutenção do
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime estabelecimento penal.
da Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, fundação, ou empresa pública, com autonomia
mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a administrativa, e terá por objetivo a formação
três quartos do salário mínimo. profissional do condenado.
§ 1º O produto da remuneração pelo trabalho deverá § 1º Nessa hipótese, incumbirá à entidade
atender: gerenciadora promover e supervisionar a produção,
a) à indenização dos danos causados pelo crime, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se
desde que determinados judicialmente e não de sua comercialização, bem como suportar
reparados por outros meios; despesas, inclusive pagamento de remuneração
b) à assistência à família; adequada. (Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei nº
c) a pequenas despesas pessoais; 10.792, de 1º/12/2003)
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas § 2º Os governos federal, estadual e municipal
realizadas com a manutenção do condenado, em poderão celebrar convênio com a iniciativa privada,
proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação para implantação de oficinas de trabalho referentes
prevista nas letras anteriores. a setores de apoio dos presídios. (Parágrafo acrescido pela
Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será
Art. 35. Os órgãos da administração direta ou
depositada a parte restante para constituição do
indireta da União, Estados, Territórios, Distrito
pecúlio, em cadernetas de poupança, que será
Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de
entregue ao condenado quando posto em liberdade.
concorrência pública, os bens ou produtos do
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de
trabalho prisional, sempre que não for possível ou
serviço à comunidade não serão remuneradas.
recomendável realizar-se a venda a particulares.
SEÇÃO II - Do trabalho interno
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
com as vendas reverterão em favor da fundação ou
está obrigado ao trabalho na medida de suas
empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na
aptidões e capacidade.
sua falta, do estabelecimento penal.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
SEÇÃO III - Do trabalho externo
não é obrigatório e só poderá ser executado no
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os
interior do estabelecimento.
presos em regime fechado somente em serviço ou
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser
obras públicas realizadas por órgãos da
levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e
administração direta ou indireta, ou entidades
as necessidades futuras do preso, bem como as
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a
oportunidades oferecidas pelo mercado.
fuga e em favor da disciplina.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
§ 1º O limite máximo do número de presos será de
artesanato sem expressão econômica, salvo nas
dez por cento do total de empregados na obra.
regiões de turismo.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou
§ 2º Os maiores de sessenta anos poderão solicitar
à empresa empreiteira a remuneração desse
ocupação adequada à sua idade.
trabalho.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
§ 3º A prestação de trabalho a entidade privada
exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
depende do consentimento expresso do preso.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser
inferior a seis, nem superior a oito horas, com
autorizada pela direção do estabelecimento,
descanso nos domingos e feriados.

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dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, VI - exercício das atividades profissionais,


além do cumprimento mínimo de um sexto de pena. intelectuais, artísticas e desportivas anteriores,
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de desde que compatíveis com a execução da pena;
trabalho externo ao preso que vier a praticar fato VII - assistência material, à saúde, jurídica,
definido como crime, for punido por falta grave, ou educacional, social e religiosa;
tiver comportamento contrário aos requisitos VIII - proteção contra qualquer forma de
estabelecidos neste artigo. sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
CAPÍTULO IV - DOS DEVERES, DOS DIREITOS E
DA DISCIPLINA X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
SEÇÃO I - Dos Deveres amigos em dias determinados;
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações XI - chamamento nominal;
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às XII - igualdade de tratamento salvo quanto às
normas de execução da pena. exigências da individualização da pena;
Art. 39. Constituem deveres do condenado: XIII - audiência especial com o diretor do
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel estabelecimento;
da sentença; XIV - representação e petição a qualquer autoridade,
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer em defesa de direito;
pessoa com quem deva relacionar-se; XV - contato com o mundo exterior por meio de
III - urbanidade e respeito no trato com os demais correspondência escrita, da leitura e de outros meios
condenados; de informação que não comprometam a moral e dos
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou bons costumes;
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à XVI - atestado de pena a cumprir, emitido
disciplina; anualmente, sob pena da responsabilidade da
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens autoridade judiciária competente. (Inciso acrescido pela
Lei nº 10.713, de 13/8/2003, publicada no DOU de 14/8/2003, em
recebidas;
vigor 90 dias após a publicação)
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V,
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores; X e XV poderão ser suspensos ou restringidos
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das mediante ato motivado do diretor do
despesas realizadas com a sua manutenção, estabelecimento.
mediante desconto proporcional da remuneração do Art. 42. Aplica-se ao preso provisório e ao submetido
trabalho; à medida de segurança, no que couber, o disposto
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; nesta Seção.
X - conservação dos objetos de uso pessoal. Art. 43. É garantida a liberdade de contratar médico
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no de confiança pessoal do internado ou do submetido
que couber, o disposto neste artigo. a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou
SEÇÃO II - Dos Direitos dependentes, a fim de orientar e acompanhar o
Art. 40. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à tratamento.
integridade física e moral dos condenados e dos Parágrafo único. As divergências entre o médico
presos provisórios. oficial e o particular serão resolvidas pelo juiz de
Art. 41. Constituem direitos do preso: execução.
I - alimentação suficiente e vestuário; SEÇÃO III - Da disciplina
II - atribuição de trabalho e sua remuneração; Subseção I - Disposições gerais
III - previdência social; Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a
IV - constituição de pecúlio; ordem, na obediência às determinações das
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para autoridades e seus agentes e no desempenho do
o trabalho, o descanso e a recreação; trabalho.

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Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se,
de direitos e o preso provisório.
no que couber, ao preso provisório.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
restritiva de direitos que:
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
I - descumprir, injustificadamente, a restrição
integridade física e moral do condenado.
imposta;
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
obrigação imposta;
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V
execução da pena ou da prisão, será cientificado das
do art. 39 desta Lei.
normas disciplinares.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena
constitui falta grave e, quando ocasionar subversão
privativa de liberdade, será exercido pela autoridade
da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso
administrativa conforme as disposições
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro,
regulamentares.
sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
Art. 48. Na execução das penas restritas de direitos,
diferenciado, com as seguintes características:
o poder disciplinar será exercido pela autoridade
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 13.964, de
administrativa a que estiver sujeito o condenado. 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade vigor 30 dias após a publicação)
representará ao juiz da execução para os fins dos arts. I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo
118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. de repetição da sanção por nova falta grave de
Subseção II - Das faltas disciplinares mesma espécie; (Inciso acrescido pela Lei nº 10.792, de
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº 13.964, de
leves, médias e graves. A legislação local especificará 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em
vigor 30 dias após a publicação)
as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.
II - recolhimento em cela individual; (Inciso acrescido pela
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção
Lei nº 10.792, de 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº
correspondente à falta consumada. 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
privativa de liberdade que: III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a
I - incitar ou participar de movimento para subverter serem realizadas em instalações equipadas para
a ordem ou a disciplina; impedir o contato físico e a passagem de objetos, por
II - fugir; pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Inciso
ofender a integridade física de outrem; acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003, e com nova redação
dada pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra
IV - provocar acidente de trabalho;
do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
V - descumprir, no regime aberto, as condições
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas
impostas;
diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V
presos, desde que não haja contato com presos do
no art. 39 desta Lei;
mesmo grupo criminoso; (Inciso acrescido pela Lei nº 10.792,
VII - tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho de 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº 13.964, de
telefônico, de rádio ou similar, que permita a 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em
comunicação com outros presos ou com o ambiente vigor 30 dias após a publicação)
externo; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.466, de 28/3/2007) V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de com seu defensor, em instalações equipadas para
identificação do perfil genético. (Inciso acrescido pela Lei impedir o contato físico e a passagem de objetos,
salvo expressa autorização judicial em contrário;

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(Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na II - mantém os vínculos com organização criminosa,
Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a
associação criminosa ou milícia privada,
publicação)
considerados também o perfil criminal e a função
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na
desempenhada por ele no grupo criminoso, a
Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a operação duradoura do grupo, a superveniência de
publicação) novos processos criminais e os resultados do
VII - participação em audiências judiciais tratamento penitenciário. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
preferencialmente por videoconferência, 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
garantindo-se a participação do defensor no mesmo 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)

ambiente do preso. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em regime disciplinar diferenciado deverá contar com
vigor 30 dias após a publicação) alta segurança interna e externa, principalmente no
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será que diz respeito à necessidade de se evitar contato
aplicado aos presos provisórios ou condenados, do preso com membros de sua organização
nacionais ou estrangeiros: (Parágrafo acrescido pela Lei nº criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
10.792, de 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº 13.964, ou de grupos rivais. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964,
de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019,
em vigor 30 dias após a publicação) em vigor 30 dias após a publicação)
I - que apresentem alto risco para a ordem e a § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste
segurança do estabelecimento penal ou da artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio
sociedade; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
agente penitenciário. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964,
após a publicação)
de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019,
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de em vigor 30 dias após a publicação)
envolvimento ou participação, a qualquer título, em § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
organização criminosa, associação criminosa ou disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
milícia privada, independentemente da prática de visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
falta grave. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, poderá, após prévio agendamento, ter contato
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da
após a publicação)
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez)
§ 2º (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003, e
revogado pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição minutos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,
Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação) publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
após a publicação)
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança
Subseção III - Das sanções e das recompensas
em organização criminosa, associação criminosa ou
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2
I - advertência verbal;
(dois) ou mais Estados da Federação, o regime
II - repreensão;
disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
III - suspensão ou restrição de direitos (art. 41,
cumprido em estabelecimento prisional federal.
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada parágrafo único);
na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a IV - isolamento na própria cela, ou em local
publicação) adequado, nos estabelecimentos que possuam
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime alojamento coletivo, observado o disposto no art. 8º
disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado desta Lei;
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Inciso
existindo indícios de que o preso: acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
segurança do estabelecimento penal de origem ou aplicadas por ato motivado do diretor do
da sociedade; estabelecimento e a do inciso V, por prévio e

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fundamentado despacho do juiz competente. (“Caput” averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz
do artigo com redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003) competente.
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão
regime disciplinar dependerá de requerimento preventiva no regime disciplinar diferenciado será
circunstanciado elaborado pelo diretor do computado no período de cumprimento da sanção
estabelecimento ou outra autoridade administrativa. disciplinar. (Artigo com redação dada pela Lei nº 10.792, de
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003) 1º/12/2003)
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em
regime disciplinar será precedida de manifestação do TÍTULO III - DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL
Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
máximo de quinze dias. (Parágrafo acrescido pela Lei nº Art. 61. São órgãos da execução penal:
10.792, de 1º/12/2003)
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e
Art. 55. As recompensas têm em vista o bom
Penitenciária;
comportamento reconhecido em favor do
II - o Juízo da Execução;
condenado, de sua colaboração com a disciplina e de
III - o Ministério Público;
sua dedicação ao trabalho.
IV - o Conselho Penitenciário;
Art. 56. São recompensas:
V - os Departamentos Penitenciários;
I - o elogio;
VI - o Patronato;
II - a concessão de regalias.
VII - o Conselho da Comunidade;
Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
VIII - a Defensoria Pública. (Inciso acrescido pela Lei nº
estabelecerão a natureza e a forma de concessão de 12.313, de 19/8/2010)
regalias.
Subseção IV - Da aplicação das sanções CAPÍTULO II - DO CONSELHO NACIONAL DE
POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e
se-ão em conta a natureza, os motivos, as
Penitenciária, com sede na Capital da República, é
circunstâncias e as conseqüências do fato, bem como
subordinado ao Ministério da Justiça.
a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as
Penitenciária será integrado por treze membros
sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta
designados através de ato do Ministério da Justiça,
Lei. (Artigo com redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
dentre professores e profissionais da área do Direito
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de
Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada
correlatas, bem como por representantes da
a hipótese do regime disciplinar diferenciado. (“Caput”
do artigo com redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003) comunidade e dos Ministérios da área social.
Parágrafo único. O isolamento será sempre Parágrafo único. O mandato dos membros do
comunicado ao juiz da execução. Conselho terá duração de dois anos, renovado um
Subseção V - Do procedimento disciplinar terço em cada ano.
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e
instaurado o procedimento para sua apuração, Penitenciária, no exercício de suas atividades, em
conforme regulamento, assegurado o direito de âmbito federal ou estadual, incumbe:
defesa. I - propor diretrizes da política criminal quanto a
Parágrafo único. A decisão será motivada. prevenção do delito, Administração da Justiça
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar Criminal e execução das penas e das medidas de
o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até segurança;
dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
diferenciado, no interesse da disciplina e da desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades
da política criminal e penitenciária;

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III - promover a avaliação periódica do sistema c) a conversão da pena privativa de liberdade em


criminal para a sua adequação às necessidades do restritiva de direitos;
País; d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; substituição da pena por medida de segurança;
V - elaborar programa nacional penitenciário de e) a revogação da medida de segurança;
formação e aperfeiçoamento do servidor; f) a desinternação e o restabelecimento da situação
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e anterior;
construção de estabelecimentos penais e casas de g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
albergados; em outra Comarca;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da h) a remoção do condenado na hipótese prevista no
estatística criminal; § 1º do art. 86 desta Lei;
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos i) (VETADA na Lei nº 12.258, de 15/6/2010)
penais, bem assim informar-se, mediante relatórios VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da
do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou medida de segurança;
outros meios, acerca do desenvolvimento da VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
execução penal nos Estados, Territórios e Distrito penais, tomando providências para o adequado
Federal, propondo às autoridades dela incumbida as funcionamento e promovendo, quando for o caso, a
medidas necessárias ao seu aprimoramento; apuração de responsabilidade;
IX - representar ao juiz da execução ou à autoridade VIII - interditar, no todo ou em parte,
administrativa para instauração de sindicância ou estabelecimento penal que estiver funcionando em
procedimento administrativo, em caso de violação condições inadequadas ou com infringência aos
das normas referentes à execução penal; dispositivos desta Lei;
X - representar à autoridade competente para a IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade;
interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento X - emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
penal. (Inciso acrescido pela Lei nº 10.713, de 13/8/2003, publicada no
DOU de 14/8/2003, em vigor 90 dias após a publicação)
CAPÍTULO III - DO JUÍZO DA EXECUÇÃO
Art. 65. A execução penal competirá ao juiz indicado CAPÍTULO IV - DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução
na lei local de organização judiciária e, na sua
da pena e da medida de segurança, oficiando no
ausência, ao da sentença.
processo executivo e nos incidentes da execução.
Art. 66. Compete ao juiz da execução:
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de
qualquer modo favorecer o condenado;
recolhimento e de internamento;
II - declarar extinta a punibilidade;
II - requerer:
III - decidir sobre:
a) todas as providências necessárias ao
a) soma ou unificação de penas;
desenvolvimento do processo executivo;
b) progressão ou regressão nos regimes;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
c) detração e remição da pena;
de execução;
d) suspensão condicional da pena;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a
e) livramento condicional;
substituição da pena por medida de segurança;
f) incidentes da execução;
d) a revogação da medida de segurança;
IV - autorizar saídas temporárias;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão
V - determinar:
nos regimes e a revogação da suspensão condicional
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de
da pena e do livramento condicional;
direitos e fiscalizar sua execução;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de
da situação anterior;
multa em privativa de liberdade;

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III - interpor recursos de decisões proferidas pela III - assistir tecnicamente as unidades federativas na
autoridade judiciária, durante a execução. implementação dos princípios e regras estabelecidos
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público nesta Lei;
visitará mensalmente os estabelecimentos penais, IV - colaborar com as unidades federativas, mediante
registrando a sua presença em livro próprio. convênios, na implantação de estabelecimentos e
serviços penais;
CAPÍTULO V - DO CONSELHO PENITENCIÁRIO
V - colaborar com as unidades federativas para a
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo
realização de cursos de formação de pessoal
e fiscalizador da execução da pena.
penitenciário e de ensino profissionalizante do
§ 1º O Conselho será integrado por membros
condenado e do internado;
nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito
VI - estabelecer, mediante convênios com as
Federal e dos Territórios, dentre professores e
unidades federativas, o cadastro nacional das vagas
profissionais da área do Direito Penal, Processual
existentes em estabelecimentos locais destinadas ao
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como
cumprimento de penas privativas de liberdade
por representantes da comunidade. A legislação
aplicadas pela justiça de outra unidade federativa,
federal e estadual regulará o seu funcionamento.
em especial para presos sujeitos a regime disciplinar;
§ 2º O mandato dos membros do Conselho
(Inciso acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
Penitenciário terá a duração de quatro anos.
VII - acompanhar a execução da pena das mulheres
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
beneficiadas pela progressão especial de que trata o
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
§ 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base
integração social e a ocorrência de reincidência,
no estado de saúde do preso; (Inciso com redação dada pela
específica ou não, mediante a realização de
Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
avaliações periódicas e de estatísticas criminais.
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.769, de 19/12/2018)
penais;
§ 1º Incumbem também ao Departamento a
III - apresentar, no primeiro trimestre de cada ano, ao
coordenação e supervisão dos estabelecimentos
Conselho Nacional de Política Criminal e
penais e de internamento federais. (Parágrafo único
Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no transformado em § 1º pela Lei nº 13.769, de 19/12/2018)
exercício anterior; § 2º Os resultados obtidos por meio do
IV - supervisionar os patronatos, bem como monitoramento e das avaliações periódicas previstas
assistência dos egressos. no inciso VII do caput deste artigo serão utilizados
CAPÍTULO VI - DOS DEPARTAMENTOS para, em função da efetividade da progressão
PENITENCIÁRIOS especial para a ressocialização das mulheres de que
SEÇÃO I - Do Departamento Penitenciário trata o § 3º do art. 112 desta Lei, avaliar eventual
Nacional desnecessidade do regime fechado de cumprimento
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, de pena para essas mulheres nos casos de crimes
subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão cometidos sem violência ou grave ameaça. (Parágrafo
executivo da Política Penitenciária Nacional e de acrescido pela Lei nº 13.769, de 19/12/2018)

apoio administrativo e financeiro do Conselho SEÇÃO II - Do Departamento Penitenciário local


Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento
Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições
Penitenciário Nacional: que estabelecer.
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou
execução penal em todo o território nacional; órgão similar, tem por finalidade supervisionar e
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os coordenar os estabelecimentos penais da unidade da
estabelecimentos e serviços penais; Federação a que pertencer.

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Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação
artigo realizarão o acompanhamento de que trata o de serviço à comunidade e de limitação de fim de
inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e semana;
encaminharão ao Departamento Penitenciário III - colaborar na fiscalização do cumprimento das
Nacional os resultados obtidos. (Parágrafo único acrescido condições da suspensão e do livramento condicional.
pela Lei nº 13.769, de 19/12/2018)
SEÇÃO III - Da direção e do pessoal dos CAPÍTULO VIII - DO CONSELHO DA
COMUNIDADE
estabelecimentos penais
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de
Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um)
estabelecimento deverá satisfazer os seguintes
representante de associação comercial ou industrial,
requisitos:
1 (um) advogado indicado pela Seção da Ordem dos
I - ser portador de diploma de nível superior de
Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor Público
Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou
indicado pelo Defensor Público Geral e 1 (um)
Pedagogia, ou Serviços Sociais;
assistente social escolhido pela Delegacia Seccional
II - possuir experiência administrativa na área;
do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. (“Caput”
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para
do artigo com redação dada pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010)
o desempenho da função. Parágrafo único. Na falta da representação prevista
Parágrafo único. O diretor deverá residir no neste artigo, ficará a critério do juiz da execução a
estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará escolha dos integrantes do Conselho.
tempo integral à sua função. Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será I - visitar, pelo menos mensalmente, os
organizado em diferentes categorias funcionais, estabelecimentos penais existentes na Comarca;
segundo as necessidades do serviço, com II - entrevistar presos;
especificação de atribuições relativas às funções de III - apresentar relatórios mensais ao juiz da execução
direção, chefia e assessoramento do e ao Conselho Penitenciário;
estabelecimento e às demais funções. IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e
Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, humanos para melhor assistência ao preso ou
especializado, de instrução técnica e de vigilância internado, em harmonia com a direção do
atenderá a vocação, preparação profissional e estabelecimento.
antecedentes pessoais do candidato.
§ 1º O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a CAPÍTULO IX - DA DEFENSORIA PÚBLICA
progressão ou a ascensão funcional dependerão de Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular
cursos específicos de formação, procedendo-se à execução da pena e da medida de segurança,
reciclagem periódica dos servidores em exercício. oficiando, no processo executivo e nos incidentes da
§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se execução, para a defesa dos necessitados em todos
permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, os graus e instâncias, de forma individual e coletiva.
(Artigo acrescido pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010)
salvo quando se tratar de pessoal técnico
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
especializado.
I - requerer:
CAPÍTULO VII - DO PATRONATO a) todas as providências necessárias ao
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se desenvolvimento do processo executivo;
a prestar assistência aos albergados e aos egressos b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
(art. 26). de qualquer modo favorecer o condenado;
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: c) a declaração de extinção da punibilidade;
I - orientar os condenados à pena restritiva de d) a unificação de penas;
direitos; e) a detração e remição da pena;

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f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua
de execução; natureza, deverá contar em suas dependências com
g) a aplicação de medida de segurança e sua áreas e serviços destinados a dar assistência,
revogação, bem como a substituição da pena por educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
medida de segurança; § 1º Haverá instalação destinada a estágio de
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a estudantes universitários. (Parágrafo único transformado
suspensão condicional da pena, o livramento em § 1º pela Lei nº 9.046, de 18/5/1995)
condicional, a comutação de pena e o indulto; § 2º Os estabelecimentos penais destinados a
i) a autorização de saídas temporárias; mulheres serão dotados de berçário, onde as
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive
da situação anterior; amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança idade. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.046, de 18/5/1995, e com
nova redação dada pela Lei nº 11.942, de 28/5/2009)
em outra comarca;
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2º deste
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do
1º do art. 86 desta Lei;
sexo feminino na segurança de suas dependências
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
internas. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.121, de 15/12/2009,
cumprir;
publicada no DOU de 16/12/2009, em vigor 180 dias após sua
III - interpor recursos de decisões proferidas pela publicação)
autoridade judiciária ou administrativa durante a § 4º Serão instaladas salas de aulas destinadas a
execução; cursos do ensino básico e profissionalizante. (Parágrafo
IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade acrescido pela Lei nº 12.245, de 24/5/2010)
administrativa para instauração de sindicância ou § 5º Haverá instalação destinada à Defensoria
procedimento administrativo em caso de violação Pública. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010)
das normas referentes à execução penal; Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta as
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando atividades materiais acessórias, instrumentais ou
providências para o adequado funcionamento, e complementares desenvolvidas em
requerer, quando for o caso, a apuração de estabelecimentos penais, e notadamente:
responsabilidade; I - serviços de conservação, limpeza, informática,
VI - requerer à autoridade competente a interdição, copeiragem, portaria, recepção, reprografia,
no todo ou em parte, de estabelecimento penal. telecomunicações, lavanderia e manutenção de
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública prédios, instalações e equipamentos internos e
visitará periodicamente os estabelecimentos penais, externos;
registrando a sua presença em livro próprio. (Artigo II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo
acrescido pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010) preso.
§ 1º A execução indireta será realizada sob supervisão
TÍTULO IV - DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS
e fiscalização do poder público.
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS § 2º Os serviços relacionados neste artigo poderão
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao compreender o fornecimento de materiais,
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao equipamentos, máquinas e profissionais. (Artigo
preso provisório e ao egresso. acrescido pela Lei nº 13.190, de 19/11/2015)
§ 1º A mulher e o maior de sessenta anos, Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção,
separadamente, serão recolhidos a estabelecimento chefia e coordenação no âmbito do sistema penal,
próprio e adequado à sua condição pessoal. (Parágrafo bem como todas as atividades que exijam o exercício
com redação dada pela Lei nº 9.460, de 4/6/1997) do poder de polícia, e notadamente:
§ 2º O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar I - classificação de condenados;
estabelecimentos de destinação diversa desde que II - aplicação de sanções disciplinares;
devidamente isolados. III - controle de rebeliões;

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IV - transporte de presos para órgãos do Poder condenação para recolher os condenados, quando a
Judiciário, hospitais e outros locais externos aos medida se justifique no interesse da segurança
estabelecimentos penais. (Artigo acrescido pela Lei nº pública ou do próprio condenado. (Parágrafo com redação
13.190, de 19/11/2015) dada pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
Art. 84. O preso provisório ficará separado do § 2º Conforme a natureza do estabelecimento, nele
condenado por sentença transitada em julgado. poderão trabalhar os liberados ou egressos que se
§ 1º Os presos provisórios ficarão separados de dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de
acordo com os seguintes critérios: (Parágrafo com terras ociosas.
redação dada pela Lei nº 13.167, de 6/10/2015) § 3º Caberá ao juiz competente, a requerimento da
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou autoridade administrativa definir o estabelecimento
equiparados; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.167, de 6/10/2015) prisional adequado para abrigar o preso provisório ou
II - acusados pela prática de crimes cometidos com condenado, em atenção ao regime e aos requisitos
violência ou grave ameaça à pessoa; (Inciso acrescido pela estabelecidos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.792, de
Lei nº 13.167, de 6/10/2015) 1º/12/2003)
III - acusados pela prática de outros crimes ou
contravenções diversos dos apontados nos incisos I e CAPÍTULO II - DA PENITENCIÁRIA
Art. 87. A Penitenciária destina-se ao condenado à
II. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.167, de 6/10/2015)
pena de reclusão, em regime fechado.
§ 2º O preso que, ao tempo do fato, era funcionário
Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o
da Administração da Justiça Criminal ficará em
Distrito Federal e os Territórios poderão construir
dependência separada.
Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos
§ 3º Os presos condenados ficarão separados de
presos provisórios e condenados que estejam em
acordo com os seguintes critérios:
regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou
diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.
equiparados;
(Parágrafo único acrescido pela Lei nº 10.792, de 1º/12/2003)
II - reincidentes condenados pela prática de crimes
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
que conterá dormitório, aparelho sanitário e
III - primários condenados pela prática de crimes
lavatório.
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade
IV - demais condenados pela prática de outros crimes
celular:
ou contravenções em situação diversa das previstas
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
nos incisos I, II e III. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.167, de
fatores de aeração, insolação e condicionamento
6/10/2015)
térmico adequado à existência humana;
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou
b) área mínima de seis metros quadrados.
psicológica ameaçada pela convivência com os
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a
demais presos ficará segregado em local próprio.
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.167, de 6/10/2015) penitenciária de mulheres será dotada de seção para
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação gestante e parturiente e de creche para abrigar
compatível com a sua estrutura e finalidade. crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança
Criminal e Penitenciária determinará o limite desamparada cuja responsável estiver presa. ("Caput"
do artigo com redação dada pela Lei nº 11.942, de 28/5/2009)
máximo de capacidade do estabelecimento,
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da
atendendo a sua natureza e peculiaridades.
creche referidas neste artigo:
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas
I - atendimento por pessoal qualificado, de acordo
pela Justiça de uma unidade federativa podem ser
com as diretrizes adotadas pela legislação
executadas em outra unidade, em estabelecimento
educacional e em unidades autônomas; e
local ou da União.
§ 1º A União Federal poderá construir
estabelecimento penal em local distante da

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II - horário de funcionamento que garanta a melhor Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela
assistência à criança e à sua responsável. (Parágrafo Comissão Técnica de Classificação, na falta do
único acrescido pela Lei nº 11.942, de 28/5/2009) Centro de Observação.
Art. 90. A penitenciária de homens será construída
em local afastado do centro urbano a distância que CAPÍTULO VI - DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E
TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO
não restrinja a visitação.
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento
CAPÍTULO III - DA COLÔNIA AGRÍCOLA, Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
INDUSTRIAL OU SIMILAR imputáveis referidos no art. 26 e seu parágrafo único
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou similar do Código Penal.
destina-se ao cumprimento da pena em regime semi- Parágrafo único. Aplica-se ao Hospital, no que
aberto. couber, o disposto no parágrafo único do art. 88
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em desta Lei.
compartimento coletivo, observados os requisitos da Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
letra a do parágrafo único do art. 88 desta Lei. necessários ao tratamento são obrigatórios para
Parágrafo único. São também requisitos básicos das todos os internados.
dependências coletivas: Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no art.
a) a seleção adequada dos presos; 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no
b) o limite de capacidade máxima que atenda os Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou
objetivos de individualização da pena. em outro local com dependência médica adequada.
CAPÍTULO IV - DA CASA DO ALBERGADO CAPÍTULO VII - DA CADEIA PÚBLICA
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao Art. 102. A Cadeia Pública destina-se ao
cumprimento de pena privativa de liberdade, em recolhimento de presos provisórios.
regime aberto, e da pena de limitação de fim de Art. 103. Cada Comarca terá, pelo menos, uma
semana. Cadeia Pública a fim de resguardar o interesse da
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, Administração da Justiça Criminal e a permanência
separado dos demais estabelecimentos, e do preso em local próximo ao seu meio social e
caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos familiar.
contra a fuga. Art. 104. O estabelecimento de que trata este
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Capítulo será instalado próximo de centro urbano,
Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos observando-se na construção as exigências mínimas
aposentos para acomodar os presos, local adequado referidas no art. 88 e seu parágrafo único desta Lei.
para cursos e palestras.
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações TÍTULO V - DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM
para os serviços de fiscalização e orientação dos ESPÉCIE
condenados. CAPÍTULO I - DAS PENAS PRIVATIVAS DE
LIBERDADE
CAPÍTULO V - DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO
SEÇÃO I - Disposições Gerais
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que
exames gerais e o criminológico, cujos resultados
aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou
serão encaminhados à Comissão Técnica de
vier a ser preso, o juiz ordenará a expedição de guia
Classificação.
de recolhimento para a execução.
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo
pesquisas criminológicas.
escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em
assinará com o juiz, será remetida à autoridade
unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento
administrativa incumbida da execução e conterá:
penal.
I - o nome do condenado;

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II - a sua qualificação civil e o número do registro geral cumprimento será feita pelo resultado da soma ou
no órgão oficial de identificação; unificação das penas, observada, quando for o caso,
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença a detração ou remição.
condenatória, bem como certidão do trânsito em Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
julgado; execução, somar-se-á a pena ao restante da que está
IV- a informação sobre os antecedentes e o grau de sendo cumprida, para determinação do regime.
instrução; Art. 112. A pena privativa de liberdade será
V - a data da terminação da pena; executada em forma progressiva com a transferência
VI - outras peças do processo reputadas para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo
indispensáveis ao adequado tratamento juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
penitenciário. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 13.964, de
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
vigor 30 dias após a publicação)
recolhimento.
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre
for primário e o crime tiver sido cometido sem
que sobrevier modificação quanto ao início da
violência à pessoa ou grave ameaça; (Inciso acrescido pela
execução ou ao tempo de duração da pena. Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
§ 3º Se o condenado, ao tempo do fato, era 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
funcionário da Administração da Justiça Criminal, II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for
far-se-á, na guia, menção dessa circunstância, para reincidente em crime cometido sem violência à
fins do disposto no § 2º do art. 84 desta Lei. pessoa ou grave ameaça; (Inciso acrescido pela Lei nº
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)

pela autoridade judiciária. III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
§ 1º A autoridade administrativa incumbida da apenado for primário e o crime tiver sido cometido
execução passará recibo da guia de recolhimento, com violência à pessoa ou grave ameaça; (Inciso
acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição
para juntá-la aos autos do processo, e dará ciência
Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
dos seus termos ao condenado.
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em
reincidente em crime cometido com violência à
livro especial, segundo a ordem cronológica do
pessoa ou grave ameaça; (Inciso acrescido pela Lei nº
recebimento, e anexadas ao prontuário do 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
condenado, aditando-se, no curso da execução, o 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
cálculo das remições e de outras retificações V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
posteriores. for condenado pela prática de crime hediondo ou
Art. 108. O condenado a quem sobreviver doença equiparado, se for primário; (Inciso acrescido pela Lei nº
mental será internado em Hospital de Custódia e 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
Tratamento Psiquiátrico.
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado
for:
será posto em liberdade, mediante alvará do juiz, se
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
por outro motivo não estiver preso.
equiparado, com resultado morte, se for primário,
SEÇÃO II - Dos regimes
vedado o livramento condicional;
Art. 110. O juiz, na sentença, estabelecerá o regime
b) condenado por exercer o comando, individual ou
no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena
coletivo, de organização criminosa estruturada para
privativa de liberdade, observado o disposto no art.
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
33 e seus parágrafos do Código Penal.
c) condenado pela prática do crime de constituição
Art. 111. Quando houver condenação por mais de
de milícia privada; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de
um crime, no mesmo processo ou em processos
distintos, a determinação do regime de

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24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em § 3º deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.769, de
vigor 30 dias após a publicação) 19/12/2018)
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para
for reincidente na prática de crime hediondo ou os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas
equiparado; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
agosto de 2006. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de
após a publicação)
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado vigor 30 dias após a publicação)
for reincidente em crime hediondo ou equiparado § 6º O cometimento de falta grave durante a
com resultado morte, vedado o livramento execução da pena privativa de liberdade interrompe
condicional. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, o prazo para a obtenção da progressão no regime de
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
cumprimento da pena, caso em que o reinício da
após a publicação)
contagem do requisito objetivo terá como base a
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
pena remanescente. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964,
progressão de regime se ostentar boa conduta
de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019,
carcerária, comprovada pelo diretor do em vigor 30 dias após a publicação)
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam § 7º (VETADO na Lei nº 13.964, de 24/12/2019)
a progressão. (Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto
nº 10.792, de 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº
supõe a aceitação de seu programa e das condições
13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
impostas pelo juiz.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de Art. 114. Somente poderá ingressar no regime
regime será sempre motivada e precedida de aberto o condenado que:
manifestação do Ministério Público e do defensor, I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade
procedimento que também será adotado na de fazê-lo imediatamente;
concessão de livramento condicional, indulto e II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo
comutação de penas, respeitados os prazos previstos resultado dos exames a que foi submetido, fundados
nas normas vigentes. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.792, indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e
de 1º/12/2003, e com nova redação dada pela Lei nº 13.964, de senso de responsabilidade, ao novo regime.
24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do
vigor 30 dias após a publicação) trabalho as pessoas referidas no art. 117 desta Lei.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou Art. 115. O juiz poderá estabelecer condições
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, especiais para a concessão de regime aberto, sem
os requisitos para progressão de regime são, prejuízo das seguintes condições gerais e
cumulativamente: obrigatórias:
I - não ter cometido crime com violência ou grave I - permanecer no local que for designado, durante o
ameaça a pessoa; repouso e nos dias de folga;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou II - sair para o trabalho e retornar, nos horários
dependente; fixados;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena III - não se ausentar da cidade onde reside, sem
no regime anterior; autorização judicial;
IV - ser primária e ter bom comportamento IV - comparecer a juízo, para informar e justificar as
carcerário, comprovado pelo diretor do suas atividades, quando for determinado.
estabelecimento; Art. 116. O juiz poderá modificar as condições
V - não ter integrado organização criminosa. estabelecidas, de ofício, a requerimento do
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.769, de 19/12/2018)
Ministério Público, da autoridade administrativa ou
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta
do condenado, desde que as circunstâncias assim o
grave implicará a revogação do benefício previsto no
recomendem.

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Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do saída temporária do estabelecimento, sem vigilância
beneficiário de regime aberto em residência direta, nos seguintes casos:
particular quando se tratar de: I - visita à família;
I - condenado maior de setenta anos; II - freqüência a curso supletivo profissionalizante,
II - condenado acometido de doença grave; bem como de instrução do segundo grau ou superior,
III - condenada com filho menor ou deficiente físico na Comarca do Juízo da Execução;
ou mental; III - participação em atividades que concorram para o
IV - condenada gestante. retorno ao convívio social.
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade § 1º A ausência de vigilância direta não impede a
ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência utilização de equipamento de monitoração
para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o eletrônica pelo condenado, quando assim
condenado: determinar o juiz da execução. (Parágrafo único acrescido
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010, e transformado em § 1º pela Lei
nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
grave;
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se
somada ao restante da pena em execução, torne
refere o caput deste artigo o condenado que cumpre
incabível o regime (art. 111).
pena por praticar crime hediondo com resultado
§ 1º O condenado será transferido do regime aberto
morte. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,
se, além das hipóteses referidas nos incisos publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, após a publicação)
podendo, a multa cumulativamente imposta. Art. 123. A autorização será concedida por ato
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, motivado do juiz da execução, ouvidos o Ministério
deverá ser ouvido, previamente, o condenado. Público e a administração penitenciária, e dependerá
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer da satisfação dos seguintes requisitos:
normas complementares para o cumprimento da I - comportamento adequado;
pena privativa de liberdade em regime aberto (art. II - cumprimento mínimo de um sexto da pena, se o
36, § 1º, do Código Penal). condenado for primário, e um quarto, se reincidente;
SEÇÃO III - Das autorizações de saída III - compatibilidade do benefício com os objetivos da
Subseção I - Da permissão de saída pena.
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em Art. 124. A autorização será concedida por prazo não
regime fechado ou semi-aberto e os presos superior a sete dias, podendo ser renovada por mais
provisórios poderão obter permissão para sair do quatro vezes durante o ano.
estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer § 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao
um dos seguintes fatos: beneficiário as seguintes condições, entre outras que
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, entender compatíveis com as circunstâncias do caso
companheira, ascendente, descendente ou irmão; e a situação pessoal do condenado: (Parágrafo único
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo transformado em § 1º, com redação dada pela Lei nº 12.258, de
único do art. 14). 15/6/2010)

Parágrafo único. A permissão de saída será I - fornecimento do endereço onde reside a família a
concedida pelo diretor do estabelecimento onde se ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
encontra o preso. o gozo do benefício; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.258, de
15/6/2010)
Art. 121. A permanência do preso fora do
II - recolhimento à residência visitada, no período
estabelecimento terá a duração necessária à
noturno; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010)
finalidade da saída.
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
Subseção II - Da saída temporária
estabelecimentos congêneres. (Inciso acrescido pela Lei nº
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em
12.258, de 15/6/2010)
regime semi-aberto poderão obter autorização para

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§ 2º Quando se tratar de frequência a curso beneficiar-se com a remição. (Primitivo § 2º renumerado e


profissionalizante, de instrução de ensino médio ou com nova redação dada pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
superior, o tempo de saída será o necessário para o § 5º O tempo a remir em função das horas de estudo
cumprimento das atividades discentes. (Parágrafo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão
acrescido pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010) do ensino fundamental, médio ou superior durante o
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de saída cumprimento da pena, desde que certificada pelo
somente poderão ser concedidas com prazo mínimo órgão competente do sistema de educação. (Parágrafo
de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma acrescido pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
e outra. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010) § 6º O condenado que cumpre pena em regime
Art. 125. O benefício será automaticamente aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
revogado quando o condenado praticar fato definido condicional poderão remir, pela frequência a curso
como crime doloso, for punido por falta grave, de ensino regular ou de educação profissional, parte
desatender as condições impostas na autorização ou do tempo de execução da pena ou do período de
revelar baixo grau de aproveitamento do curso. prova, observado o disposto no inciso I do § 1º deste
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
temporária dependerá da absolvição no processo § 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da prisão cautelar. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.433, de
29/6/2011)
demonstração do merecimento do condenado.
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução,
SEÇÃO IV - Da Remição
ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Primitivo § 3º
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em
renumerado e com nova redação dada pela Lei nº 12.433, de
regime fechado ou semiaberto poderá remir, por 29/6/2011)
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá
da pena. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 12.433, revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
de 29/6/2011)
observado o disposto no art. 57, recomeçando a
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita
contagem a partir da data da infração disciplinar.
à razão de: (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.433, de (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
29/6/2011)
Art. 128. O tempo remido será computado como
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de
pena cumprida, para todos os efeitos. (Artigo com
frequência escolar - atividade de ensino redação dada pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
superior, ou ainda de requalificação profissional - mensalmente ao juízo da execução cópia do registro
divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Inciso acrescido de todos os condenados que estejam trabalhando ou
pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
estudando, com informação dos dias de trabalho ou
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
das horas de frequência escolar ou de atividades de
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
ensino de cada um deles. (“Caput” do artigo com redação
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º
dada pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma
§ 1º O condenado autorizado a estudar fora do
presencial ou por metodologia de ensino a distância
estabelecimento penal deverá comprovar
e deverão ser certificadas pelas autoridades
mensalmente, por meio de declaração da respectiva
educacionais competentes dos cursos frequentados.
unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
escolar. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as
§ 2º Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias
horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas
remidos. (Parágrafo único transformado em § 2º, com redação
de forma a se compatibilizarem. (Parágrafo acrescido pela
dada pela Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
Lei nº 12.433, de 29/6/2011)
Art. 130. Constitui o crime do art. 299 do Código
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de
Penal declarar ou atestar falsamente prestação de
prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a
serviço para fim de instruir pedido de remição.

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SEÇÃO V - Do livramento condicional Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na


Art. 131. O livramento condicional poderá ser falta, pelo juiz;
concedido pelo Juiz da execução, presentes os II - a autoridade administrativa chamará a atenção do
requisitos do art. 83, incisos e parágrafo único, do liberando para as condições impostas na sentença de
Código Penal, ouvidos o Ministério Público e o livramento;
Conselho Penitenciário. III - o liberando declarará se aceita as condições.
Art. 132. Deferido o pedido, o juiz especificará as § 1º De tudo, em livro próprio, será lavrado termo
condições a que fica subordinado o livramento. subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou
as obrigações seguintes: não puder escrever.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz
for apto para o trabalho; da execução.
b) comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento
c) não mudar do território da Comarca do Juízo da penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
Execução, sem prévia autorização deste. pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que
§ 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado exibirá à autoridade judiciária ou administrativa,
condicional, entre outras obrigações, as seguintes: sempre que lhe for exigida.
a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz § 1º A caderneta conterá:
e à autoridade incumbida da observação cautelar e a) a identificação do liberado;
de proteção; b) o texto impresso do presente Capítulo;
b) recolher-se à habitação em hora fixada; c) as condições impostas.
c) não frequentar determinados lugares. § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
d) (VETADA na Lei nº 12.258, de 15/6/2010) um salvo-conduto, em que constem as condições do
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da livramento, podendo substituir-se a ficha de
Comarca do Juízo da Execução, remeter-se-á cópia identificação ou o seu retrato pela descrição dos
da sentença do livramento ao juízo do lugar para sinais que possam identificá-lo.
onde ele se houver transferido e à autoridade § 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
incumbida da observação cautelar e de proteção. espaço para consignar-se o cumprimento das
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de condições referidas no art. 132 desta Lei.
apresentar-se imediatamente às autoridades Art. 139. A observação cautelar e a proteção
referidas no artigo anterior. realizadas por serviço social penitenciário, Patronato
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
livramento, os autos baixarão ao Juízo da Execução, I - fazer observar o cumprimento das condições
para as providências cabíveis. especificadas na sentença concessiva do benefício;
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução
carta de livramento com a cópia integral da sentença de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de
em duas vias, remetendo-se uma à autoridade atividade laborativa.
administrativa incumbida da execução e outra ao Parágrafo único. A entidade encarregada da
Conselho Penitenciário. observação cautelar e da proteção do liberado
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será apresentará relatório ao Conselho Penitenciário,
realizada solenemente no dia marcado pelo para efeito da representação prevista nos arts. 143 e
presidente do Conselho Penitenciário, no 144 desta Lei.
estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
observando-se o seguinte: se-á nas hipóteses previstas nos arts. 86 e 87 do
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos Código Penal.
demais condenados, pelo presidente do Conselho

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Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, Parágrafo único. (VETADO). (Artigo acrescido pela Lei nº
na hipótese da revogação facultativa, o juiz deverá 12.258, de 15/6/2010)
advertir o liberado ou agravar as condições. Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração cuidados que deverá adotar com o equipamento
penal anterior à vigência do livramento, computar- eletrônico e dos seguintes deveres:
se-á como tempo de cumprimento da pena o período I - receber visitas do servidor responsável pela
de prova, sendo permitida, para a concessão de novo monitoração eletrônica, responder aos seus contatos
livramento, a soma do tempo das duas penas. e cumprir suas orientações;
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
não se computará na pena o tempo em que esteve danificar de qualquer forma o dispositivo de
solto o liberado, e tampouco se concederá, em monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o
relação à mesma pena, novo livramento. faça;
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento III - (VETADO);
do Ministério Público, mediante representação do Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo juiz, previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do
ouvido o liberado. juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do defesa:
Ministério Público, da Defensoria Pública ou I - a regressão do regime;
mediante representação do Conselho Penitenciário, II - a revogação da autorização de saída temporária;
e ouvido o liberado, poderá modificar as condições III - (VETADO);
especificadas na sentença, devendo o respectivo ato IV - (VETADO);
decisório ser lido ao liberado por uma das V - (VETADO);
autoridades ou funcionários indicados no inciso I do VI - a revogação da prisão domiciliar;
caput do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
incisos II e III e §§ 1º e 2º do mesmo artigo. (Artigo com que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
redação dada pela Lei nº 12.313, de 19/8/2010) medidas previstas nos incisos de I a VI deste
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração parágrafo. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010)
penal, o juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser
Conselho Penitenciário e o Ministério Público, revogada:
suspendendo o curso do livramento condicional, cuja I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
revogação, entretanto, ficará dependendo da II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que
decisão final. estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer
Art. 146. O juiz, de ofício, a requerimento do falta grave. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.258, de 15/6/2010)
interessado, do Ministério Público ou mediante
CAPÍTULO II - DAS PENAS RESTRITIVAS DE
representação do Conselho Penitenciário, julgará
DIREITOS
extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o SEÇÃO I - Disposições Gerais
prazo do livramento sem revogação. Art. 147. Transitada em julgado a sentença que
SEÇÃO VI - Da Monitoração Eletrônica aplicou a pena restritiva de direitos, o juiz da
Art. 146-A. (VETADO na Lei nº 12.258, de 15/6/2010) execução, de ofício ou a requerimento do Ministério
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por Público, promoverá a execução, podendo, para
meio da monitoração eletrônica quando: tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração
I - (VETADO); de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
II - autorizar a saída temporária no regime Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o
semiaberto; juiz, motivadamente, alterar a forma de
III - (VETADO); cumprimento das penas de prestação de serviços à
IV - determinar a prisão domiciliar; comunidade e de limitação de fim de semana,
V - (VETADO); ajustando-as às condições pessoais do condenado e

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às características do estabelecimento, da entidade Art. 154. Caberá ao juiz da execução à autoridade


ou do programa comunitário ou estatal. competente a pena aplicada, determinada a
SEÇÃO II - Da prestação de serviços à comunidade intimação do condenado.
Art. 149. Caberá ao juiz da execução: § 1º Na hipótese de pena de interdição do art. 47,
I - designar a entidade ou programa comunitário ou inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em
estatal, devidamente credenciado ou vinte e quatro horas, contadas do recebimento do
convencionado, junto ao qual o condenado deverá ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu
trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas início.
aptidões; § 2º Nas hipóteses do art. 47, incisos II e III, do Código
II - determinar a intimação do condenado, Penal, o Juízo da Execução determinará a apreensão
cientificando-o da entidade, dias e horário em que dos documentos, que autorizam o exercício do
deverá cumprir a pena; direito interditado.
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às Art. 155. A autoridade deverá comunicar
modificações ocorridas na jornada de trabalho. imediatamente ao juiz da execução o
§ 1º O trabalho terá a duração de oito horas semanais descumprimento da pena.
e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou Parágrafo único. A comunicação prevista neste
em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada artigo poderá ser feita por qualquer prejudicado.
normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo
CAPÍTULO III - DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
juiz.
Art. 156. O juiz poderá suspender, pelo período de
§ 2º A execução terá início a partir da data do
dois a quatro anos, a execução da pena privativa de
primeiro comparecimento.
liberdade, não superior a dois anos, na forma prevista
Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
nos arts. 77 a 82 do Código Penal.
serviços encaminhará mensalmente, ao juiz da
Art. 157. O juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
execução, relatório circunstanciado das atividades
pena privativa de liberdade, na situação determinada
do condenado, bem como, a qualquer tempo,
no artigo anterior, deverá pronunciar-se,
comunicação sobre ausência ou falta disciplinar.
motivadamente, sobre a suspensão condicional,
SEÇÃO III - Da limitação de fim de semana
quer a conceda, quer a denegue.
Art. 151. Caberá ao juiz da execução determinar a
Art. 158. Concedida a suspensão, o juiz especificará
intimação do condenado, cientificando-o do local,
as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
dias e horário em que deve cumprir a pena.
prazo fixado, começando este a correr da audiência
Parágrafo único. A execução terá início a partir da
prevista nos art. 160 desta Lei.
data do primeiro comparecimento.
§ 1º As condições serão adequadas ao fato e à
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado,
situação pessoal do condenado, devendo ser incluída
durante o tempo de permanência, cursos e palestras,
entre as mesmas a de prestar serviços à comunidade,
ou atribuídas atividades educativas.
ou limitação de fim de semana, salvo hipótese do art.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
78, § 2º, do Código Penal.
contra a mulher, o juiz poderá determinar o
§ 2º O juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a
comparecimento obrigatório do agressor a
requerimento do Ministério Público ou mediante
programas de recuperação e reeducação. (Parágrafo
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as
único acrescido pela Lei nº 11.340, de 7/8/2006, publicada no DOU
de 8/8/2006, em vigor 45 dias após a publicação) condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido
Art. 153. O estabelecimento designado o condenado.
encaminhará, mensalmente, ao juiz da execução, § 3º A fiscalização do cumprimento das condições,
relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, regulada nos Estados, Territórios e Distrito Federal
a ausência ou a falta disciplinar do condenado. por normas supletivas, será atribuída a serviço social
SEÇÃO IV - Da interdição temporária de direitos penitenciário, patronato, Conselho da Comunidade
ou instituição beneficiada com a prestação de

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serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
pelo Ministério Público, ou ambos, devendo o juiz da fato averbado à margem do registro.
execução suprir, por ato, a falta das normas § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
supletivas. para efeito de informações requisitadas por órgão
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir
entidade fiscalizadora, para comprovar a processo penal.
observância das condições a que está sujeito,
CAPÍTULO IV - DA PENA DE MULTA
comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
proventos de que vive.
com trânsito em julgado, que valerá como título
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar
executivo judicial, o Ministério Público requererá, em
imediatamente ao órgão de inspeção, para fins
autos apartados, a citação do condenado para, no
legais, qualquer fato capaz de acarretar a revogação
prazo de dez dias, pagar o valor da multa ou nomear
do benefício, a prorrogação do prazo ou a
bens à penhora.
modificação das condições.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa,
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
ou o depósito da respectiva importância, proceder-
feita comunicação ao juiz e à entidade fiscalizadora
se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para
do local da nova residência, aos quais o primeiro
garantir a execução.
deverá apresentar-se imediatamente.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena
execução seguirão o que dispuser a lei processual
for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer
civil.
as condições do benefício.
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o tribunal
autos apartados serão remetidos ao juízo cível para
modificar as condições estabelecidas na sentença
prosseguimento.
recorrida.
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional
se-á prosseguimento nos termos do 2º do art. 164
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da
desta Lei.
Execução a incumbência de estabelecer as condições
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa
do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a
quando sobrevier ao condenado doença mental (art.
audiência admonitória.
52 do Código Penal).
Art. 160. Transitada em julgado a sentença
Art. 168. O juiz poderá determinar que a cobrança da
condenatória, o juiz a lerá ao condenado, em
multa se efetue mediante desconto no vencimento
audiência, advertindo-o das conseqüências de nova
ou salário do condenado, nas hipóteses do art. 50, §
infração penal e do descumprimento das condições
1º, do Código Penal, observando-se o seguinte:
impostas.
I - o limite máximo do desconto mensal será o da
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital
quarta parte da remuneração e o mínimo o de um
com prazo de vinte dias, o réu não comparecer
décimo;
injustificadamente à audiência admonitória, a
II - o desconto será feito mediante ordem do juiz a
suspensão ficará sem efeito e será executada
quem de direito;
imediatamente a pena.
III - o responsável pelo desconto será intimado a
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da
recolher mensalmente, até o dia fixado pelo juiz, a
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão
importância determinada.
na forma do art. 81 e respectivos parágrafos do
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o art.
Código Penal.
164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao juiz o
Art. 163. A sentença condenatória será registrada,
pagamento da multa em prestações mensais, iguais
com a nota de suspensão, em livro especial do juízo a
e sucessivas.
que couber a execução da pena.

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§ 1º O juiz, antes de decidir, poderá determinar IV - outras peças do processo reputadas


diligências para verificar a real situação econômica indispensáveis ao adequado tratamento ou
do condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o internamento.
número de prestações. § 1º Ao Ministério Público será dada ciência da guia
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de de recolhimento e de sujeição a tratamento.
situação econômica, o juiz, de ofício ou a § 2º A guia será retificada sempre que sobrevier
requerimento do Ministério Público, revogará o modificação quanto ao prazo de execução.
benefício executando-se a multa, na forma prevista Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de
neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já segurança, naquilo que couber, o disposto nos arts.
iniciada. 8º e 9º desta Lei.
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada
CAPÍTULO II - DA CESSAÇÃO DA
cumulativamente com pena privativa da liberdade,
PERICULOSIDADE
enquanto esta estiver sendo executada, poderá Art. 175. A cessação da periculosidade será
aquela ser cobrada mediante desconto na averiguada no fim do prazo mínimo de duração da
remuneração do condenado (art. 168). medida de segurança, pelo exame das condições
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de pessoais do agente, observando-se o seguinte:
liberdade ou obtiver livramento condicional, sem I - a autoridade administrativa, até um mês antes de
haver resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos expirar o prazo de duração mínima da medida,
termos deste capítulo. remeterá ao juiz minucioso relatório que o habilite a
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos resolver sobre a revogação ou permanência da
casos em que for concedida a suspensão condicional medida;
da pena. II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as
TÍTULO VI - DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE
SEGURANÇA diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o
Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS de três dias para cada um;
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que IV - o juiz nomeará curador ou defensor para o agente
aplicar medida de segurança, será ordenada a
que não o tiver;
expedição de guia para a execução.
V - o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das
Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de partes, poderá determinar novas diligências, ainda
Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a que expirado o prazo de duração mínima da medida
tratamento ambulatorial, para cumprimento de de segurança;
medida de segurança, sem a guia expedida pela
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a
autoridade judiciária.
que se refere o inciso anterior, o juiz proferirá a sua
Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento decisão, no prazo de cinco dias.
ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do
em todas as folhas e a subscreverá com o juiz, será prazo mínimo de duração da medida de segurança,
remetida à autoridade administrativa incumbida da
poderá o juiz da execução, diante de requerimento
execução e conterá: fundamentado do Ministério Público ou do
I - a qualificação do agente e o número do registro interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o
geral do órgão oficial de identificação; exame para que se verifique a cessação da
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo
aplicado a medida de segurança, bem como a
anterior.
certidão do trânsito em julgado; Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a
III - a data em que terminará o prazo mínimo de cessação da periculosidade, observar-se-á, no que
internação, ou do tratamento ambulatorial; lhes for aplicável, o disposto no artigo anterior.

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Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de Pública ou da autoridade administrativa, poderá


liberação (art. 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á determinar a substituição da pena por medida de
o disposto nos arts. 132 e 133 desta Lei. segurança. (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.313, de
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o juiz 19/8/2010)
expedirá ordem para a desinternação ou a liberação. Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser
convertido em internação se o agente revelar
TÍTULO VII - DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO incompatibilidade com a medida.
CAPÍTULO I - DAS CONVERSÕES Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior internação será de um ano.
a dois anos, poderá ser convertida em restritiva de CAPÍTULO II - DO EXCESSO OU DESVIO
direitos, desde que: Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução
I - o condenado a esteja cumprindo em regime sempre que algum ato for praticado além dos limites
aberto; fixados na sentença, em normas legais ou
II - tenha sido cumprido pelo menos um quarto da regulamentares.
pena; Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou
III - os antecedentes e a personalidade do condenado desvio de execução:
indiquem ser a conversão recomendável. I - o Ministério Público;
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida II - o Conselho Penitenciário;
em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma III - o sentenciado;
do art. 45 e seus incisos do Código Penal. IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
será convertida quando o condenado: CAPÍTULO III - DA ANISTIA E DO INDULTO
Art. 187. Concedida a anistia, o juiz, de ofício, a
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e
requerimento do interessado ou do Ministério
não sabido, ou desatender a intimação por edital;
Público, por proposta da autoridade administrativa
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade
ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a
ou programa em que deva prestar serviço;
punibilidade.
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado
que lhe foi imposto;
por petição do condenado, por iniciativa do
d) praticar falta grave;
Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
autoridade administrativa.
de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será
documentos que a instruírem, será entregue ao
convertida quando o condenado não comparecer ao
Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer
estabelecimento designado para o cumprimento da
e posterior encaminhamento ao Ministério da
pena, recusar-se a exercer a atividade determinada
Justiça.
pelo juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos
letras a, d e e do parágrafo anterior.
do processo e do prontuário, promoverá as
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será
diligências que entender necessárias e fará, em
convertida quando o condenado exercer,
relatório, a narração do ilícito penal e dos
injustificadamente, o direito interditado ou se
fundamentos da sentença condenatória, a exposição
ocorrer qualquer das hipóteses das letras a e e do § 1º
dos antecedentes do condenado e do procedimento
deste artigo.
deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre o
Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º/4/1996)
mérito do pedido e esclarecendo qualquer
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena
formalidade ou circunstâncias omitidas na petição.
privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com
perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a
documentos e o relatório do Conselho Penitenciário,
requerimento do Ministério Público, da Defensoria

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a petição será submetida a despacho do Presidente Art. 200. O condenado por crime político não está
da República, a quem serão presentes os autos do obrigado ao trabalho.
processo ou a certidão de qualquer de suas peças, se Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o
ele o determinar. cumprimento da prisão civil e da prisão
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos administrativa se efetivará em seção especial da
cópia do decreto, o juiz declarará extinta a pena ou Cadeia Pública.
ajustará a execução aos termos do decreto, no caso Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão
de comutação. da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça,
indulto coletivo, o juiz, de ofício, a requerimento do qualquer notícia ou referência à condenação, salvo
interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa para instruir processo pela prática de nova infração
do Conselho Penitenciário ou da autoridade penal ou outros casos expressos em lei.
administrativa, providenciará de acordo com o Art. 203. No prazo de seis meses, a contar da
disposto no artigo anterior. publicação desta Lei, serão editadas as normas
complementares ou regulamentares necessárias à
TÍTULO VIII - DO PROCEDIMENTO JUDICIAL eficácia dos dispositivos não auto-aplicáveis.
Art. 194. O procedimento correspondente às § 1º Dentro do mesmo prazo deverão as unidades
situações previstas nesta Lei será judicial, federativas, em convênio com o Ministério da
desenvolvendo-se perante o Juízo da Execução. Justiça, projetar a adaptação, construção e
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de equipamento de estabelecimentos e serviços penais
oficio, a requerimento do Ministério Público, do previstos nesta Lei.
interessado, de quem o represente, de seu cônjuge, § 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser
parente ou descendente, mediante proposta do providenciada a aquisição ou desapropriação de
Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade prédios para instalação de casas de albergados.
administrativa. § 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo
Art. 196. A portaria ou petição será autuada poderá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional
ouvindo-se, em três dias, o condenado e o Ministério de Política Criminal e Penitenciária, mediante
Público, quando não figurem como requerentes da justificada solicitação, instruída com os projetos de
medida. reforma ou de construção de estabelecimentos.
§ 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o juiz § 4º O descumprimento injustificado dos deveres
decidirá de plano, em igual prazo. estabelecidos para as unidades federativas implicará
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova na suspensão de qualquer ajuda financeira a elas
pericial ou oral, o juiz a ordenará, decidindo após a destinada pela União, para atender às despesas de
produção daquela ou na audiência designada. execução das penas e medidas de segurança.
Art. 197. Das decisões proferidas pelo juiz caberá Art. 204. Esta Lei entra em vigor
recurso de agravo, sem efeito suspensivo. concomitantemente com a lei de reforma da Parte
Geral do Código Penal, revogadas as disposições em
TÍTULO IX - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de
TRANSITÓRIAS outubro de 1957.
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da
execução penal, e ao servidor, a divulgação de
ocorrência que perturbe a segurança e a disciplina
dos estabelecimentos, bem como exponha o preso a
inconveniente notoriedade, durante o cumprimento
da pena.
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado
por decreto federal.

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PORTARIA INTERMINISTERIAL MJ/SEDH Nº ANEXO I - DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA


4.226/2010 E ARMAS DE FOGO PELOS AGENTES DE
SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o Uso da
Força pelos Agentes de Segurança Pública, na forma 1. O uso da força pelos agentes de segurança pública
do Anexo I desta Portaria. deverá se pautar nos documentos internacionais de
Parágrafo único. Aplicam-se às Diretrizes proteção aos direitos humanos e deverá considerar,
estabelecidas no Anexo I, as definições constantes no primordialmente:
Anexo II desta Portaria. a) ao Código de Conduta para os Funcionários
Art. 2º A observância das diretrizes mencionadas no Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela
artigo anterior passa a ser obrigatória pelo Assembléia Geral das Nações Unidas na sua
Departamento de Polícia Federal, pelo Resolução nº 34/169, de 17 de dezembro de 1979;
Departamento de Polícia Rodoviária Federal, pelo b) os Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva
Departamento Penitenciário Nacional e pela Força do Código de Conduta para os Funcionários
Nacional de Segurança Pública. Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo
§ 1º As unidades citadas no caput deste artigo terão Conselho Econômico e Social das Nações Unidas na
90 dias, contados a partir da publicação desta sua Resolução nº 1989/1961, de 24 de maio de 1989;
portaria, para adequar seus procedimentos c) os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas
operacionais e seu processo de formação e de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
treinamento às diretrizes supramencionadas. Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso
§ 2º As unidades citadas no caput deste artigo terão das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o
60 dias, contados a partir da publicação desta Tratamento dos Delinqüentes, realizado em Havana,
portaria, para fixar a normatização mencionada na Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de 1999;
diretriz nº 9 e para criar a comissão mencionada na d) a Convenção Contra a Tortura e outros
diretriz nº 23. Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou
§ 3º As unidades citadas no caput deste artigo terão Degradantes, adotada pela Assembléia Geral das
60 dias, contados a partir da publicação desta Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada em
portaria, para instituir Comissão responsável por Nova York em 10 de dezembro de 1984 e promulgada
avaliar sua situação interna em relação às diretrizes pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991.
não mencionadas nos parágrafos anteriores e propor 2. O uso da força por agentes de segurança pública
medidas para assegurar as adequações necessárias. deverá obedecer aos princípios da legalidade,
Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da necessidade, proporcionalidade, moderação e
Presidência da República e o Ministério da Justiça conveniência.
estabelecerão mecanismos para estimular e 3. Os agentes de segurança pública não deverão
monitorar iniciativas que visem à implementação de disparar armas de fogo contra pessoas, exceto em
ações para efetivação das diretrizes tratadas nesta casos de legítima defesa própria ou de terceiro
portaria pelos entes federados, respeitada a contra perigo iminente de morte ou lesão grave.
repartição de competências prevista no art. 144 da 4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra
Constituição Federal. pessoa em fuga que esteja desarmada ou que,
Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pública mesmo na posse de algum tipo de arma, não
do Ministério da Justiça levará em consideração a represente risco imediato de morte ou de lesão grave
observância das diretrizes tratadas nesta Portaria no aos agentes de segurança pública ou terceiros.
repasse de recursos aos entes federados. 5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua veículo que desrespeite bloqueio policial em via
publicação. pública, a não ser que o ato represente um risco
imediato de morte ou lesão grave aos agentes de
segurança pública ou terceiros.

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6. Os chamados "disparos de advertência" não são b) recolher e identificar as armas e munições de todos
considerados prática aceitável, por não atenderem os envolvidos, vinculando-as aos seus respectivos
aos princípios elencados na Diretriz nº 2 e em razão portadores no momento da ocorrência;
da imprevisibilidade de seus efeitos. c) solicitar perícia criminalística para o exame de local
7. O ato de apontar arma de fogo contra pessoas e objetos bem como exames médico-legais;
durante os procedimentos de abordagem não deverá d) comunicar os fatos aos familiares ou amigos da(s)
ser uma prática rotineira e indiscriminada. pessoa(s) ferida(s) ou morta(s);
8. Todo agente de segurança pública que, em razão e) iniciar, por meio da Corregedoria da instituição, ou
da sua função, possa vir a se envolver em situações órgão equivalente, investigação imediata dos fatos e
de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) circunstâncias do emprego da força;
instrumentos de menor potencial ofensivo e f) promover a assistência médica às pessoas feridas
equipamentos de proteção necessários à atuação em decorrência da intervenção, incluindo atenção às
específica, independentemente de portar ou não possíveis seqüelas;
arma de fogo. g) promover o devido acompanhamento psicológico
9. Os órgãos de segurança pública deverão editar aos agentes de segurança pública envolvidos,
atos normativos disciplinando o uso da força por seus permitindo-lhes superar ou minimizar os efeitos
agentes, definindo objetivamente: decorrentes do fato ocorrido; e
a) os tipos de instrumentos e técnicas autorizadas; h) afastar temporariamente do serviço operacional,
b) as circunstâncias técnicas adequadas à sua para avaliação psicológica e redução do estresse, os
utilização, ao ambiente/entorno e ao risco potencial agentes de segurança pública envolvidos
a terceiros não envolvidos no evento; diretamente em ocorrências com resultado letal.
c) o conteúdo e a carga horária mínima para 12. Os critérios de recrutamento e seleção para os
habilitação e atualização periódica ao uso de cada agentes de segurança pública deverão levar em
tipo de instrumento; consideração o perfil psicológico necessário para
d) a proibição de uso de armas de fogo e munições lidar com situações de estresse e uso da força e arma
que provoquem lesões desnecessárias e risco de fogo.
injustificado; e 13. Os processos seletivos para ingresso nas
e) o controle sobre a guarda e utilização de armas e instituições de segurança pública e os cursos de
munições pelo agente de segurança pública. formação e especialização dos agentes de segurança
10. Quando o uso da força causar lesão ou morte de pública devem incluir conteúdos relativos a direitos
pessoa(s), o agente de segurança pública envolvido humanos.
deverá realizar as seguintes ações: 14. As atividades de treinamento fazem parte do
a) facilitar a prestação de socorro ou assistência trabalho rotineiro do agente de segurança pública e
médica aos feridos; não deverão ser realizadas em seu horário de folga,
b) promover a correta preservação do local da de maneira a serem preservados os períodos de
ocorrência; descanso, lazer e convivência sócio-familiar.
c) comunicar o fato ao seu superior imediato e à 15. A seleção de instrutores para ministrarem aula
autoridade competente; e em qualquer assunto que englobe o uso da força
d) preencher o relatório individual correspondente deverá levar em conta análise rigorosa de seu
sobre o uso da força, disciplinado na Diretriz nº 22. currículo formal e tempo de serviço, áreas de
11. Quando o uso da força causar lesão ou morte de atuação, experiências anteriores em atividades fim,
pessoa(s), o órgão de segurança pública deverá registros funcionais, formação em direitos humanos
realizar as seguintes ações: e nivelamento em ensino. Os instrutores deverão ser
a) facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos submetidos à aferição de conhecimentos teóricos e
feridos; práticos e sua atuação deve ser avaliada.
16. Deverão ser elaborados procedimentos de
habilitação para o uso de cada tipo de arma de fogo

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e instrumento de menor potencial ofensivo que ofensivo, ou as razões pelas quais elas não puderam
incluam avaliação técnica, psicológica, física e ser contempladas;
treinamento específico, com previsão de revisão c) tipo de arma e de munição, quantidade de disparos
periódica mínima. efetuados, distância e pessoa contra a qual foi
17. Nenhum agente de segurança pública deverá disparada a arma;
portar armas de fogo ou instrumento de menor d) instrumento(s) de menor potencial ofensivo
potencial ofensivo para o qual não esteja utilizado(s), especificando a freqüência, a distância e
devidamente habilitado e sempre que um novo tipo a pessoa contra a qual foi utilizado o instrumento;
de arma ou instrumento de menor potencial ofensivo e) quantidade de agentes de segurança pública
for introduzido na instituição deverá ser estabelecido feridos ou mortos na ocorrência, meio e natureza da
um módulo de treinamento específico com vistas à lesão;
habilitação do agente. f) quantidade de feridos e/ou mortos atingidos pelos
18. A renovação da habilitação para uso de armas de disparos efetuados pelo(s) agente(s) de segurança
fogo em serviço deve ser feita com periodicidade pública;
mínima de 1 (um) ano. g) número de feridos e/ou mortos atingidos pelos
19. Deverá ser estimulado e priorizado, sempre que instrumentos de menor potencial ofensivo utilizados
possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor pelo(s) agente(s) de segurança pública;
potencial ofensivo pelos agentes de segurança h) número total de feridos e/ou mortos durante a
pública, de acordo com a especificidade da função missão;
operacional e sem se restringir às unidades i) quantidade de projéteis disparados que atingiram
especializadas. pessoas e as respectivas regiões corporais atingidas;
20. Deverão ser incluídos nos currículos dos cursos de j) quantidade de pessoas atingidas pelos
formação e programas de educação continuada instrumentos de menor potencial ofensivo e as
conteúdos sobre técnicas e instrumentos de menor respectivas regiões corporais atingidas;
potencial ofensivo. k) ações realizadas para facilitar a assistência e/ou
21. As armas de menor potencial ofensivo deverão auxílio médico, quando for o caso; e
ser separadas e identificadas de forma diferenciada, l) se houve preservação do local e, em caso negativo,
conforme a necessidade operacional. apresentar justificativa.
22. O uso de técnicas de menor potencial ofensivo 25. Os órgãos de segurança pública deverão,
deve ser constantemente avaliado. observada a legislação pertinente, oferecer
23. Os órgãos de segurança pública deverão criar possibilidades de reabilitação e reintegração ao
comissões internas de controle e acompanhamento trabalho aos agentes de segurança pública que
da letalidade, com o objetivo de monitorar o uso adquirirem deficiência física em decorrência do
efetivo da força pelos seus agentes. desempenho de suas atividades.
24. Os agentes de segurança pública deverão
preencher um relatório individual todas as vezes que ANEXO II - GLOSSÁRIO
dispararem arma de fogo e/ou fizerem uso de Armas de menor potencial ofensivo: Armas
instrumentos de menor potencial ofensivo, projetadas e/ou empregadas, especificamente, com
ocasionando lesões ou mortes. O relatório deverá ser a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar
encaminhado à comissão interna mencionada na temporariamente pessoas, preservando vidas e
Diretriz nº 23 e deverá conter no mínimo as seguintes minimizando danos à sua integridade.
informações: Equipamentos de menor potencial ofensivo: Todos
a) circunstâncias e justificativa que levaram o uso da os artefatos, excluindo armas e munições,
força ou de arma de fogo por parte do agente de desenvolvidos e empregados com a finalidade de
segurança pública; conter, debilitar ou incapacitar temporariamente
b) medidas adotadas antes de efetuar os pessoas, para preservar vidas e minimizar danos à
disparos/usar instrumentos de menor potencial sua integridade.

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Equipamentos de proteção: Todo dispositivo ou Uso Diferenciado da Força: Seleção apropriada do


produto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) nível de uso da força em resposta a uma ameaça real
destinado a redução de riscos à integridade física ou ou potencial visando limitar o recurso a meios que
à vida dos agentes de segurança pública. possam causar ferimentos ou mortes.
Força: Intervenção coercitiva imposta à pessoa ou
grupo de pessoas por parte do agente de segurança
pública com a finalidade de preservar a ordem
pública e a lei.
Instrumentos de menor potencial ofensivo: Conjunto
de armas, munições e equipamentos desenvolvidos PORTARIA MJSP Nº 65/2019
com a finalidade de preservar vidas e minimizar Dispõe sobre a formação da Força-Tarefa de
danos à integridade das pessoas. Intervenção Penitenciária no âmbito do
Munições de menor potencial ofensivo: Munições Departamento Penitenciário Nacional.
projetadas e empregadas, especificamente, para Art. 1º Autorizar a formação de Força-Tarefa de
conter, debilitar ou incapacitar temporariamente Intervenção Penitenciária (FTIP), no âmbito do
pessoas, preservando vidas e minimizando danos a Departamento Penitenciário Nacional, em apoio aos
integridade das pessoas envolvidas. Governos de Estado, em caráter episódico e
Nível do Uso da Força: Intensidade da força escolhida planejado, tendo em vista a situação carcerária dos
pelo agente de segurança pública em resposta a uma Estados Federados, para situações extraordinárias
ameaça real ou potencial. de grave crise no sistema penitenciário e para
Princípio da Conveniência: A força não poderá ser treinamento e sobreaviso.
empregada quando, em função do contexto, possa Art. 2º A FTIP será composta por agentes federais de
ocasionar danos de maior relevância do que os execução penal, agentes penitenciários estaduais e
objetivos legais pretendidos. do Distrito Federal, na forma dos Acordos ou
Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança Convênios de Cooperação Federativa do Ministério
pública só poderão utilizar a força para a consecução da Justiça e Segurança Pública celebrados com os
de um objetivo legal e nos estritos limites da lei. Estados e com o Distrito Federal.
Princípio da Moderação: O emprego da força pelos Art. 3º Compete à FTIP:
agentes de segurança pública deve sempre que I - as atividades e serviços de guarda, vigilância e
possível, além de proporcional, ser moderado, custódia de presos; e
visando sempre reduzir o emprego da força. II - as atividades de inteligência de segurança pública
Princípio da Necessidade: Determinado nível de que tenham relação com o sistema prisional.
força só pode ser empregado quando níveis de Art. 4º O contingente de profissionais será cedido
menor intensidade não forem suficientes para atingir mediante convocação às unidades federativas
os objetivos legais pretendidos. conveniadas com a União, obedecendo ao
Princípio da Proporcionalidade: O nível da força planejamento definido pelos entes envolvidos na
utilizado deve sempre ser compatível com a operação.
gravidade da ameaça representada pela ação do Art. 5º A FTIP contará com uma Coordenação
opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente Institucional que ficará responsável pelo
de segurança pública. planejamento, articulação, gestão e ação.
Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjunto de Parágrafo único. Outras Coordenações poderão ser
procedimentos empregados em intervenções que criadas por meio de Portaria do Diretor-Geral do
demandem o uso da força, através do uso de Departamento Penitenciário Nacional, conforme a
instrumentos de menor potencial ofensivo, com necessidade do caso concreto.
intenção de preservar vidas e minimizar danos à Art 6º As Secretarias Estaduais responsáveis pela
integridade das pessoas. gestão prisional poderão subdelegar à Coordenação

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Institucional a gestão da unidade prisional objeto da Art. 3º O preso que no período de 360 (trezentos e
intervenção, pelo período em que perdurar a ação. sessenta) dias ininterruptos apresentar ótimo
Art. 7º Fica subdelegada ao Diretor-Geral do comportamento carcerário, nos termos do Anexo do
Departamento Penitenciário Nacional a Decreto nº 6.049, de 2007, fará jus, uma vez ao mês,
competência de designar e dispensar os servidores à visita social em pátio de visitação, sob autorização
responsáveis pelas Coordenações previstas no art. 5º do diretor do estabelecimento penal federal,
desta Portaria. devidamente fundamentada no relatório da
Art. 8º Fica revogada a Portaria nº 186, de 30 de autoridade disciplinar.
outubro de 2018. Parágrafo único. O prazo de que trata o caput terá
Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua início a contar:
publicação. I - da data de publicação desta Portaria, no caso de
presos já incluídos ou transferidos para
estabelecimentos penais federais de segurança
máxima; e
II - da data da efetiva inclusão no estabelecimento
penal federal de segurança máxima.
PORTARIA MJSP Nº 157/2019 Art. 4º As visitas sociais em parlatório deverão ter
Disciplina o procedimento de visita social aos presos agendamento prévio e duração máxima de até três
nos estabelecimentos penais federais de segurança horas, nos termos do § 2º do art. 92 do Anexo do
máxima e dá outras providências. Decreto nº 6.049, de 2007, e serão realizadas
Art. 1º Esta Portaria disciplina o procedimento de semanalmente, em dias úteis, no período vespertino,
visita social aos presos nos estabelecimentos penais das 13h às 19h30, permitindo-se para cada preso o
federais de segurança máxima. acesso de até 2 (dois) visitantes, sem contar as
Parágrafo único. A visita social no Sistema crianças.
Penitenciário Federal pode ser: § 1º No caso de visita de criança, será necessário a
I - em pátio de visitação; permanência de um adulto visitante responsável
II - em parlatório; e dentro do parlatório e outro fora do parlatório,
III - por videoconferência. podendo ser realizado revezamento quando houver
Art. 2º As visitas sociais nos estabelecimentos penais mais de duas crianças, a critério do diretor do
federais de segurança máxima serão restritas ao estabelecimento penal federal, por razões de
parlatório e por videoconferência, sendo destinadas limitação de espaço ou de segurança.
exclusivamente à manutenção dos laços familiares e § 2º No caso de visita de interdito será necessário o
sociais, e sob a necessária supervisão, em acompanhamento do curador durante toda a
conformidade à Regra 58 das Regras Mínimas das permanência no estabelecimento penal federal,
Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos e ao inclusive no parlatório, exceto na hipótese de
Decreto nº 6.049, de 2007. autorização judicial e designação de outro
§ 1º O disposto no caput não se aplica aos presos com responsável.
perfil de réu colaborador ou delator premiado e § 3º O diretor do estabelecimento penal federal
outros cuja inclusão ou transferência não estejam poderá, em ato motivado, estabelecer dias e horários
fundamentadas nos incisos, I a IV e VI do art. 3º do diversos dos previstos no caput para as visitas sociais
Decreto nº 6.877, de 2009, sendo permitida a visita em parlatório.
social em pátio de visitação. Art. 5º O acesso ao estabelecimento penal federal
§ 2º A visita social em parlatório de que trata o caput pelos visitantes será franqueado às pessoas
será assegurada ao cônjuge, companheira, parentes devidamente cadastradas e previamente agendadas
e amigos, separados por vidro, garantindo-se a e deverá ocorrer com 30 (trinta) minutos de
comunicação por meio de interfone. antecedência do horário agendado, sendo admitida

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tolerância máxima de 10 (dez) minutos, sob pena de permitir que os demais agendamentos não
cancelamento da visita. coincidam com os atendimentos em parlatórios.
§ 1º As pessoas idosas, gestantes, lactantes e com Art. 8º Ao diretor do estabelecimento penal federal
deficiência terão prioridade em todos os incumbe:
procedimentos adotados para ingresso no I - ratificar a interrupção ou suspensão da visita social
estabelecimento penal federal, e dentre os idosos, é efetivada por servidor, nos termos do art. 6º,
assegurada prioridade especial aos maiores de observado o disposto no art. 94 do Anexo do Decreto
oitenta anos, nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei nº nº 6.049, de 2007; e
10.741, de 1º de outubro de 2003, e do art. 9º da Lei II - suspender, em ato motivado, as visitas de todos
nº 13.146, de 6 de julho de 2015. os presos por até quinze dias, prorrogável uma única
§ 2º O acesso à área de segurança está condicionado vez por até igual período, na hipótese de rebelião,
à apresentação de identificação e aos procedimentos nos termos do art. 53 do Anexo do Decreto nº 6.049,
de revista pessoal, nos termos do art. 97 do Anexo do de 2007.
Decreto nº 6.049, de 2007, e do manual de § 1º No caso do inciso I, havendo indício da
procedimentos e rotinas carcerárias. interrupção ou suspensão da visita ter sido motivada
Art. 6º Os visitantes deverão adotar comportamento por falta do próprio preso, será instaurado
adequado ao estabelecimento penal federal, procedimento de apuração de faltas disciplinares, na
podendo ser interrompida ou suspensa a visita, por forma do Título X do Capítulo I do Anexo do Decreto
tempo determinado, nas seguintes hipóteses: nº 6.049, de 2007.
I - fundada suspeita de utilização de linguagem § 2º No caso do inciso II, a suspensão das visitas
cifrada ou ocultação de itens vedados durante a deverá ser comunicada imediatamente à Diretoria do
visitação; Sistema Penitenciário Federal e ao Juiz responsável
II - não observância das regras de segurança, dentre pelo estabelecimento penal federal.
as quais, a proibição de insinuações e conversas Art. 9º. Os casos omissos serão resolvidos pelo
privadas com servidores e prestadores de serviço; Diretor-Geral do Departamento Penitenciário
III - utilização de papéis e documentos falsificados Nacional.
para identificação do visitante; Art. 10. As visitas íntimas continuam reguladas pela
IV - manifestação espontânea do próprio preso Portaria nº 718, de 28 de agosto de 2017, do
solicitando a interrupção ou a suspensão da visita; Ministério da Justiça e Segurança Pública.
V - assistência e apoio inadequados do responsável Art. 11. Ficam revogadas:
pela criança ou interdito visitante; I - a Portaria nº 10, de 4 de agosto de 2017, da
VI - posse de item vedado por Portaria do Diretor do Diretoria do Sistema Penitenciário Federal; e
Departamento Penitenciário Nacional; II - a Portaria nº 54, de 4 de fevereiro de 2016, do
VII - utilização de vestuário vedado por Portaria do Departamento Penitenciário Nacional.
Diretor do Departamento Penitenciário Nacional; Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua
VIII - prática de ato obsceno; e publicação.
IX - comunicação com o preso ou com o visitante das
demais cabines do parlatório.
§ 1º Os visitantes conservarão seus documentos
pessoais e os pertences vedados nos armários.
§ 2º Na hipótese de visita de crianças, será permitida
a posse de alimentos e itens de higiene previstos no
manual de procedimentos e rotinas carcerárias, e
desde que previamente autorizados pela divisão de
segurança e disciplina da unidade.
Art. 7º À Divisão de Segurança e Disciplina compete
definir a organização da rotina carcerária de forma a

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LEI Nº 13.675/2018 IV - eficiência na prevenção e no controle das


Disciplina a organização e o funcionamento dos infrações penais;
órgãos responsáveis pela segurança pública, nos V - eficiência na repressão e na apuração das
termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; infrações penais;
cria a Política Nacional de Segurança Pública e VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em
Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de situações de emergência e desastres que afetam a
Segurança Pública (Susp); vida, o patrimônio e o meio ambiente;
VII - participação e controle social;
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
VIII - resolução pacífica de conflitos;
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança
IX - uso comedido e proporcional da força;
Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança
X - proteção da vida, do patrimônio e do meio
Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade
ambiente;
de preservação da ordem pública e da incolumidade
XI - publicidade das informações não sigilosas;
das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação
XII - promoção da produção de conhecimento sobre
conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos
segurança pública;
órgãos de segurança pública e defesa social da União,
XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em
financeiros das instituições;
articulação com a sociedade.
XIV - simplicidade, informalidade, economia
Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e
procedimental e celeridade no serviço prestado à
responsabilidade de todos, compreendendo a União,
sociedade;
os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, no
XV - relação harmônica e colaborativa entre os
âmbito das competências e atribuições legais de
Poderes;
cada um.
XVI - transparência, responsabilização e prestação de
CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE contas.
SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL SEÇÃO III - Das Diretrizes
(PNSPDS) Art. 5º São diretrizes da PNSPDS:
SEÇÃO I - Da Competência para Estabelecimento I - atendimento imediato ao cidadão;
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social II - planejamento estratégico e sistêmico;
Art. 3º Compete à União estabelecer a Política III - fortalecimento das ações de prevenção e
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas
(PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e aos de redução da letalidade violenta, com ênfase para
Municípios estabelecer suas respectivas políticas, os grupos vulneráveis;
observadas as diretrizes da política nacional, IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o
especialmente para análise e enfrentamento dos Distrito Federal e os Municípios em ações de
riscos à harmonia da convivência social, com segurança pública e políticas transversais para a
destaque às situações de emergência e aos crimes preservação da vida, do meio ambiente e da
interestaduais e transnacionais. dignidade da pessoa humana;
SEÇÃO II - Dos Princípios V - coordenação, cooperação e colaboração dos
Art. 4º São princípios da PNSPDS: órgãos e instituições de segurança pública nas fases
I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e de planejamento, execução, monitoramento e
garantias individuais e coletivos; avaliação das ações, respeitando-se as respectivas
II - proteção, valorização e reconhecimento dos atribuições legais e promovendo-se a racionalização
profissionais de segurança pública; de meios com base nas melhores práticas;
III - proteção dos direitos humanos, respeito aos VI - formação e capacitação continuada e qualificada
direitos fundamentais e promoção da cidadania e da dos profissionais de segurança pública, em
dignidade da pessoa humana; consonância com a matriz curricular nacional;

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VII - fortalecimento das instituições de segurança XXV - incentivo à designação de servidores da


pública por meio de investimentos e do carreira para os cargos de chefia, levando em
desenvolvimento de projetos estruturantes e de consideração a graduação, a capacitação, o mérito e
inovação tecnológica; a experiência do servidor na atividade policial
VIII - sistematização e compartilhamento das específica;
informações de segurança pública, prisionais e sobre XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos
drogas, em âmbito nacional; com agências de vigilância privada, respeitada a lei
IX - atuação com base em pesquisas, estudos e de licitações.
diagnósticos em áreas de interesse da segurança SEÇÃO IV - Dos Objetivos
pública; Art. 6º São objetivos da PNSPDS:
X - atendimento prioritário, qualificado e I - fomentar a integração em ações estratégicas e
humanizado às pessoas em situação de operacionais, em atividades de inteligência de
vulnerabilidade; segurança pública e em gerenciamento de crises e
XI - padronização de estruturas, de capacitação, de incidentes;
tecnologia e de equipamentos de interesse da II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública
segurança pública; e da incolumidade das pessoas, do patrimônio, do
XII - ênfase nas ações de policiamento de meio ambiente e de bens e direitos;
proximidade, com foco na resolução de problemas; III - incentivar medidas para a modernização de
XIII - modernização do sistema e da legislação de equipamentos, da investigação e da perícia e para a
acordo com a evolução social; padronização de tecnologia dos órgãos e das
XIV - participação social nas questões de segurança instituições de segurança pública;
pública; IV - estimular e apoiar a realização de ações de
XV - integração entre os Poderes Legislativo, prevenção à violência e à criminalidade, com
Executivo e Judiciário no aprimoramento e na prioridade para aquelas relacionadas à letalidade da
aplicação da legislação penal; população jovem negra, das mulheres e de outros
XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério grupos vulneráveis;
Público e da Defensoria Pública na elaboração de V - promover a participação social nos Conselhos de
estratégias e metas para alcançar os objetivos desta segurança pública;
Política; VI - estimular a produção e a publicação de estudos e
XVII - fomento de políticas públicas voltadas à diagnósticos para a formulação e a avaliação de
reinserção social dos egressos do sistema prisional; políticas públicas;
XVIII - (VETADO); VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de
XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e segurança pública;
projetos com foco na promoção da cultura de paz, na VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção,
segurança comunitária e na integração das políticas controle e fiscalização para a repressão aos crimes
de segurança com as políticas sociais existentes em transfronteiriços;
outros órgãos e entidades não pertencentes ao IX - estimular o intercâmbio de informações de
sistema de segurança pública; inteligência de segurança pública com instituições
XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios estrangeiras congêneres;
técnicos; X - integrar e compartilhar as informações de
XXI - deontologia policial e de bombeiro militar segurança pública, prisionais e sobre drogas;
comuns, respeitados os regimes jurídicos e as XI - estimular a padronização da formação, da
peculiaridades de cada instituição; capacitação e da qualificação dos profissionais de
XXII - unidade de registro de ocorrência policial; segurança pública, respeitadas as especificidades e
XXIII - uso de sistema integrado de informações e as diversidades regionais, em consonância com esta
dados eletrônicos; Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital e
XXIV - (VETADO); municipal;

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XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do Art. 7º A PNSPDS será implementada por


cumprimento de medidas restritivas de direito e de estratégias que garantam integração, coordenação e
penas alternativas à prisão; cooperação federativa, interoperabilidade, liderança
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de situacional, modernização da gestão das instituições
cumprimento de pena restritiva de liberdade em de segurança pública, valorização e proteção dos
relação à gravidade dos crimes cometidos; profissionais, complementaridade, dotação de
XIV - (VETADO); recursos humanos, diagnóstico dos problemas a
XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário serem enfrentados, excelência técnica, avaliação
e outros ambientes de encarceramento; continuada dos resultados e garantia da regularidade
XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações orçamentária para execução de planos e programas
sobre a política de enfrentamento às drogas e de de segurança pública.
redução de danos relacionados aos seus usuários e SEÇÃO VI - Dos Meios e Instrumentos
aos grupos sociais com os quais convivem; Art. 8º São meios e instrumentos para a
XVII - fomentar ações permanentes para o combate implementação da PNSPDS:
ao crime organizado e à corrupção; I - os planos de segurança pública e defesa social;
XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão
de avaliação das ações implementadas; de Segurança Pública e Defesa Social, que inclui:
XIX - promover uma relação colaborativa entre os a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e
órgãos de segurança pública e os integrantes do Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
sistema judiciário para a construção das estratégias e Defesa Social (Sinaped);
o desenvolvimento das ações necessárias ao alcance b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança
das metas estabelecidas; Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
XX - estimular a concessão de medidas protetivas em Munições, de Material Genético, de Digitais e de
favor de pessoas em situação de vulnerabilidade; Drogas (Sinesp); (Alínea com redação dada pela Lei nº 13.756,
XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção de 12/12/2018)
dos agentes públicos que compõem o sistema c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização
nacional de segurança pública e de seus familiares; Profissional (Sievap);
XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
e o monitoramento de ações nas áreas de valorização Pública (Renaesp);
profissional, de saúde, de qualidade de vida e de e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para
segurança dos servidores que compõem o sistema Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida);
nacional de segurança pública; III - (VETADO);
XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de
violenta; Homicídios de Jovens;
XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de V - os mecanismos formados por órgãos de
crimes hediondos e de homicídios; prevenção e controle de atos ilícitos contra a
XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de Administração Pública e referentes a ocultação ou
fogo e munições, com vistas à redução da violência dissimulação de bens, direitos e valores.
armada; CAPÍTULO III - DO SISTEMA ÚNICO DE
XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão SEGURANÇA PÚBLICA
aos crimes cibernéticos. SEÇÃO I - Da Composição do Sistema
Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segurança
direcionarão a formulação do Plano Nacional de Pública (Susp), que tem como órgão central o
Segurança Pública e Defesa Social, documento que Ministério Extraordinário da Segurança Pública e é
estabelecerá as estratégias, as metas, os indicadores integrado pelos órgãos de que trata o art. 144 da
e as ações para o alcance desses objetivos. Constituição Federal, pelos agentes penitenciários,
SEÇÃO V - Das Estratégias pelas guardas municipais e pelos demais integrantes

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estratégicos e operacionais, que atuarão nos limites IV - compartilhamento de informações, inclusive


de suas competências, de forma cooperativa, com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin);
sistêmica e harmônica. V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp: científicos;
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os VI - integração das informações e dos dados de
Municípios, por intermédio dos respectivos Poderes segurança pública por meio do Sinesp.
Executivos; § 1º O Susp será coordenado pelo Ministério
II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Extraordinário da Segurança Pública.
Social dos três entes federados. § 2º As operações combinadas, planejadas e
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: desencadeadas em equipe poderão ser ostensivas,
I - polícia federal; investigativas, de inteligência ou mistas, e contar
II - polícia rodoviária federal; com a participação de órgãos integrantes do Susp e,
III - (VETADO); nos limites de suas competências, com o Sisbin e
IV - polícias civis; outros órgãos dos sistemas federal, estadual, distrital
V - polícias militares; ou municipal, não necessariamente vinculados
VI - corpos de bombeiros militares; diretamente aos órgãos de segurança pública e
VII - guardas municipais; defesa social, especialmente quando se tratar de
VIII - órgãos do sistema penitenciário; enfrentamento a organizações criminosas.
IX - (VETADO); § 3º O planejamento e a coordenação das operações
X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal referidas no § 2º deste artigo serão exercidos
e identificação; conjuntamente pelos participantes.
XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública § 4º O compartilhamento de informações será feito
(Senasp); preferencialmente por meio eletrônico, com acesso
XII - secretarias estaduais de segurança pública ou recíproco aos bancos de dados, nos termos
congêneres; estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da
XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil Segurança Pública.
(Sedec); § 5º O intercâmbio de conhecimentos técnicos e
XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas científicos para qualificação dos profissionais de
(Senad); segurança pública e defesa social dar-se-á, entre
XV - agentes de trânsito; outras formas, pela reciprocidade na abertura de
XVI - guarda portuária. vagas nos cursos de especialização, aperfeiçoamento
§ 3º (VETADO). e estudos estratégicos, respeitadas as peculiaridades
§ 4º Os sistemas estaduais, distrital e municipais e o regime jurídico de cada instituição, e observada,
serão responsáveis pela implementação dos sempre que possível, a matriz curricular nacional.
respectivos programas, ações e projetos de Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segurança
segurança pública, com liberdade de organização e Pública fixará, anualmente, metas de excelência no
funcionamento, respeitado o disposto nesta Lei. âmbito das respectivas competências, visando à
SEÇÃO II - Do Funcionamento prevenção e à repressão das infrações penais e
Art. 10. A integração e a coordenação dos órgãos administrativas e à prevenção dos desastres, e
integrantes do Susp dar-se-ão nos limites das utilizará indicadores públicos que demonstrem de
respectivas competências, por meio de: forma objetiva os resultados pretendidos.
I - operações com planejamento e execução Art. 12. A aferição anual de metas deverá observar os
integrados; seguintes parâmetros:
II - estratégias comuns para atuação na prevenção e I - as atividades de polícia judiciária e de apuração das
no controle qualificado de infrações penais; infrações penais serão aferidas, entre outros fatores,
III - aceitação mútua de registro de ocorrência pelos índices de elucidação dos delitos, a partir dos
policial; registros de ocorrências policiais, especialmente os

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de crimes dolosos com resultado em morte e de II - implementar, manter e expandir, observadas as


roubo, pela identificação, prisão dos autores e restrições previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema
cumprimento de mandados de prisão de condenados Nacional de Informações e de Gestão de Segurança
a crimes com penas de reclusão, e pela recuperação Pública e Defesa Social;
do produto de crime em determinada circunscrição; III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e
II - as atividades periciais serão aferidas mediante operacionais entre os órgãos policiais federais,
critérios técnicos emitidos pelo órgão responsável estaduais, distrital e as guardas municipais;
pela coordenação das perícias oficiais, considerando IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
os laudos periciais e o resultado na produção funcional dos institutos oficiais de criminalística,
qualificada das provas relevantes à instrução medicina legal e identificação, garantindo-lhes
criminal; condições plenas para o exercício de suas funções;
III - as atividades de polícia ostensiva e de V - promover a qualificação profissional dos
preservação da ordem pública serão aferidas, entre integrantes da segurança pública e defesa social,
outros fatores, pela maior ou menor incidência de especialmente nas dimensões operacional, ética e
infrações penais e administrativas em determinada técnico-científica;
área, seguindo os parâmetros do Sinesp; VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e
IV - as atividades dos corpos de bombeiros militares consolidar dados e informações estatísticas sobre
serão aferidas, entre outros fatores, pelas ações de criminalidade e vitimização;
prevenção, preparação para emergências e VII - coordenar as atividades de inteligência da
desastres, índices de tempo de resposta aos segurança pública e defesa social integradas ao
desastres e de recuperação de locais atingidos, Sisbin;
considerando-se áreas determinadas; VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
V - a eficiência do sistema prisional será aferida com Art. 14. É de responsabilidade do Ministério
base nos seguintes fatores, entre outros: Extraordinário da Segurança Pública:
a) o número de vagas ofertadas no sistema; I - disponibilizar sistema padronizado, informatizado
b) a relação existente entre o número de presos e a e seguro que permita o intercâmbio de informações
quantidade de vagas ofertadas; entre os integrantes do Susp;
c) o índice de reiteração criminal dos egressos; II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura
d) a quantidade de presos condenados atendidos de tecnológica e a segurança dos processos, das redes e
acordo com os parâmetros estabelecidos pelos dos sistemas;
incisos do caput deste artigo, com observância de III - estabelecer cronograma para adequação dos
critérios objetivos e transparentes. integrantes do Susp às normas e aos procedimentos
§ 1º A aferição considerará aspectos relativos à de funcionamento do Sistema.
estrutura de trabalho físico e de equipamentos, bem Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o Distrito
como de efetivo. Federal e os Municípios, quando não dispuserem de
§ 2º A aferição de que trata o inciso I do caput deste condições técnicas e operacionais necessárias à
artigo deverá distinguir as autorias definidas em implementação do Susp.
razão de prisão em flagrante das autorias resultantes Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp poderão
de diligências investigatórias. atuar em vias urbanas, rodovias, terminais
Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segurança rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, estaduais,
Pública, responsável pela gestão do Susp, deverá distrital ou municipais, portos e aeroportos, no
orientar e acompanhar as atividades dos órgãos âmbito das respectivas competências, em efetiva
integrados ao Sistema, além de promover as integração com o órgão cujo local de atuação esteja
seguintes ações: sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das
I - apoiar os programas de aparelhamento e investigações policiais.
modernização dos órgãos de segurança pública e Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios de
defesa social do País; aplicação de recursos do Fundo Nacional de

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Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário I - as condições de trabalho, a valorização e o respeito


Nacional (Funpen), respeitando-se a atribuição pela integridade física e moral dos seus integrantes;
constitucional dos órgãos que integram o Susp, os II - o atingimento das metas previstas nesta Lei;
aspectos geográficos, populacionais e III - o resultado célere na apuração das denúncias em
socioeconômicos dos entes federados, bem como o tramitação nas respectivas corregedorias;
estabelecimento de metas e resultados a serem IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do órgão
alcançados. pela população por ele atendida.
Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os § 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes para as
órgãos integrantes do Susp terão por objetivo a políticas públicas de segurança pública e defesa
eficácia de suas atividades e obedecerão a critérios social, com vistas à prevenção e à repressão da
técnicos de qualidade, modernidade, eficiência e violência e da criminalidade.
resistência, observadas as normas de licitação e § 6º A organização, o funcionamento e as demais
contratos. competências dos Conselhos serão regulamentados
por ato do Poder Executivo, nos limites estabelecidos
CAPÍTULO IV - DOS CONSELHOS DE
SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL por esta Lei.
SEÇÃO I - Da Composição § 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais de
Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á pela Segurança Pública e Defesa Social, que contarão
formação de Conselhos permanentes a serem também com representantes da sociedade civil
criados na forma do art. 21 desta Lei. organizada e de representantes dos trabalhadores,
Art. 20. Serão criados Conselhos de Segurança poderão ser descentralizados ou congregados por
Pública e Defesa Social, no âmbito da União, dos região para melhor atuação e intercâmbio
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, comunitário.
mediante proposta dos chefes dos Poderes SEÇÃO II - Dos Conselheiros
Executivos, encaminhadas aos respectivos Poderes Art. 21. Os Conselhos serão compostos por:
Legislativos. I - representantes de cada órgão ou entidade
§ 1º O Conselho Nacional de Segurança Pública e integrante do Susp;
Defesa Social, com atribuições, funcionamento e II - representante do Poder Judiciário;
composição estabelecidos em regulamento, terá a III - representante do Ministério Público;
participação de representantes da União, dos IV - representante da Ordem dos Advogados do
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Brasil (OAB);
§ 2º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa V - representante da Defensoria Pública;
Social congregarão representantes com poder de VI - representantes de entidades e organizações da
decisão dentro de suas estruturas governamentais e sociedade cuja finalidade esteja relacionada com
terão natureza de colegiado, com competência políticas de segurança pública e defesa social;
consultiva, sugestiva e de acompanhamento social VII - representantes de entidades de profissionais de
das atividades de segurança pública e defesa social, segurança pública.
respeitadas as instâncias decisórias e as normas de § 1º Os representantes das entidades e organizações
organização da Administração Pública. referidas nos incisos VI e VII do caput deste artigo
§ 3º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa serão eleitos por meio de processo aberto a todas as
Social exercerão o acompanhamento das instituições entidades e organizações cuja finalidade seja
referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e poderão relacionada com as políticas de segurança pública,
recomendar providências legais às autoridades conforme convocação pública e critérios objetivos
competentes. previamente definidos pelos Conselhos.
§ 4º O acompanhamento de que trata o § 3º deste § 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que
artigo considerará, entre outros, os seguintes substituirá o titular em sua ausência.
aspectos: § 3º Os mandatos eletivos dos membros referidos nos
incisos VI e VII do caput deste artigo e a designação

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dos demais membros terão a duração de 2 (dois) não poderem receber recursos da União para a
anos, permitida apenas uma recondução ou execução de programas ou ações de segurança
reeleição. pública e defesa social.
§ 4º Na ausência de representantes dos órgãos ou § 6º O poder público deverá dar ampla divulgação ao
entidades referidos no caput deste artigo, aplica-se o conteúdo das Políticas e dos Planos de segurança
disposto no § 7º do art. 20 desta Lei. pública e defesa social.
Art. 23. A União, em articulação com os Estados, o
CAPÍTULO V - DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS
Distrito Federal e os Municípios, realizará avaliações
DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
SEÇÃO I - Dos Planos anuais sobre a implementação do Plano Nacional de
Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, com o objetivo de
Segurança Pública e Defesa Social, destinado a verificar o cumprimento das metas estabelecidas e
articular as ações do poder público, com a finalidade elaborar recomendações aos gestores e operadores
de: das políticas públicas.
I - promover a melhora da qualidade da gestão das Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano
políticas sobre segurança pública e defesa social; Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
II - contribuir para a organização dos Conselhos de realizar-se-á no segundo ano de vigência desta Lei,
Segurança Pública e Defesa Social; cabendo ao Poder Legislativo Federal acompanhá-la.
III - assegurar a produção de conhecimento no tema, SEÇÃO II - Das Diretrizes Gerais
a definição de metas e a avaliação dos resultados das Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as
políticas de segurança pública e defesa social; seguintes diretrizes na elaboração e na execução dos
IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de planos:
segurança interna nas divisas, fronteiras, portos e I - adotar estratégias de articulação entre órgãos
aeroportos. públicos, entidades privadas, corporações policiais e
§ 1º As políticas públicas de segurança não se organismos internacionais, a fim de implantar
restringem aos integrantes do Susp, pois devem parcerias para a execução de políticas de segurança
considerar um contexto social amplo, com pública e defesa social;
abrangência de outras áreas do serviço público, II - realizar a integração de programas, ações,
como educação, saúde, lazer e cultura, respeitadas atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas
as atribuições e as finalidades de cada área do serviço e privadas nas áreas de saúde, planejamento familiar,
público. educação, trabalho, assistência social, previdência
§ 2º O Plano de que trata o caput deste artigo terá social, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção
duração de 10 (dez) anos a contar de sua publicação. da criminalidade e à prevenção de desastres;
§ 3º As ações de prevenção à criminalidade devem ser III - viabilizar ampla participação social na
consideradas prioritárias na elaboração do Plano de formulação, na implementação e na avaliação das
que trata o caput deste artigo. políticas de segurança pública e defesa social;
§ 4º A União, por intermédio do Ministério IV - desenvolver programas, ações, atividades e
Extraordinário da Segurança Pública, deverá projetos articulados com os estabelecimentos de
elaborar os objetivos, as ações estratégicas, as ensino, com a sociedade e com a família para a
metas, as prioridades, os indicadores e as formas de prevenção da criminalidade e a prevenção de
financiamento e gestão das Políticas de Segurança desastres;
Pública e Defesa Social. V - incentivar a inclusão das disciplinas de prevenção
§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da violência e de prevenção de desastres nos
deverão, com base no Plano Nacional de Segurança conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino;
Pública e Defesa Social, elaborar e implantar seus VI - ampliar as alternativas de inserção econômica e
planos correspondentes em até 2 (dois) anos a partir social dos egressos do sistema prisional,
da publicação do documento nacional, sob pena de promovendo programas que priorizem a melhoria de
sua escolarização e a qualificação profissional;

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VII - garantir a efetividade dos programas, ações, Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o Sistema
atividades e projetos das políticas de segurança Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
pública e defesa social; Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
VIII - promover o monitoramento e a avaliação das (Sinaped), com os seguintes objetivos:
políticas de segurança pública e defesa social; I - contribuir para organização e integração dos
IX - fomentar a criação de grupos de estudos membros do Susp, dos projetos das políticas de
formados por agentes públicos dos órgãos segurança pública e defesa social e dos respectivos
integrantes do Susp, professores e pesquisadores, diagnósticos, planos de ação, resultados e
para produção de conhecimento e reflexão sobre o avaliações;
fenômeno da criminalidade, com o apoio e a II - assegurar o conhecimento sobre os programas,
coordenação dos órgãos públicos de cada unidade da ações e atividades e promover a melhora da
Federação; qualidade da gestão dos programas, ações,
X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto atividades e projetos de segurança pública e defesa
dos integrantes do Susp; social;
XI - garantir o planejamento e a execução de políticas III - garantir que as políticas de segurança pública e
de segurança pública e defesa social; defesa social abranjam, no mínimo, o adequado
XII - fomentar estudos de planejamento urbano para diagnóstico, a gestão e os resultados das políticas e
que medidas de prevenção da criminalidade façam dos programas de prevenção e de controle da
parte do plano diretor das cidades, de forma a violência, com o objetivo de verificar:
estimular, entre outras ações, o reforço na a) a compatibilidade da forma de processamento do
iluminação pública e a verificação de pessoas e de planejamento orçamentário e de sua execução com
famílias em situação de risco social e criminal. as necessidades do respectivo sistema de segurança
SEÇÃO III - Das Metas para Acompanhamento e pública e defesa social;
Avaliação das Políticas de Segurança Pública e b) a eficácia da utilização dos recursos públicos;
Defesa Social c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas as
Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, necessidades operacionais dos programas, as
metas de excelência no âmbito das respectivas normas de referência e as condições previstas nos
competências, visando à prevenção e à repressão de instrumentos jurídicos celebrados entre os entes
infrações penais e administrativas e à prevenção de federados, os órgãos gestores e os integrantes do
desastres, que tenham como finalidade: Susp;
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e d) a implementação dos demais compromissos
supervisionar as atividades de educação gerencial, assumidos por ocasião da celebração dos
técnica e operacional, em cooperação com as instrumentos jurídicos relativos à efetivação das
unidades da Federação; políticas de segurança pública e defesa social;
II - apoiar e promover educação qualificada, e) a articulação interinstitucional e intersetorial das
continuada e integrada; políticas.
III - identificar e propor novas metodologias e Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Nacional de
técnicas de educação voltadas ao aprimoramento de Segurança Pública e Defesa Social, será elaborado
suas atividades; relatório com o histórico e a caracterização do
IV - identificar e propor mecanismos de valorização trabalho, as recomendações e os prazos para que
profissional; elas sejam cumpridas, além de outros elementos a
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os serem definidos em regulamento.
profissionais de segurança pública e defesa social; § 1º Os resultados da avaliação das políticas serão
VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os utilizados para:
profissionais de segurança pública e defesa social. I - planejar as metas e eleger as prioridades para
SEÇÃO IV - Da Cooperação, da Integração e do execução e financiamento;
Funcionamento Harmônico dos Membros do Susp

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II - reestruturar ou ampliar os programas de Parágrafo único. É vedado à comissão permanente


prevenção e controle; designar avaliadores que sejam titulares ou
III - adequar os objetivos e a natureza dos programas, servidores dos órgãos gestores avaliados, caso:
ações e projetos; I - tenham relação de parentesco até terceiro grau
IV - celebrar instrumentos de cooperação com vistas com titulares ou servidores dos órgãos gestores
à correção de problemas constatados na avaliação; avaliados;
V - aumentar o financiamento para fortalecer o II - estejam respondendo a processo criminal ou
sistema de segurança pública e defesa social; administrativo.
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores
CAPÍTULO VI - DO CONTROLE E DA
do Susp. TRANSPARÊNCIA
§ 2º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado SEÇÃO I - Do Controle Interno
aos respectivos Conselhos de Segurança Pública e Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de
Defesa Social. autonomia no exercício de suas competências,
Art. 28. As autoridades, os gestores, as entidades e caberá o gerenciamento e a realização dos processos
os órgãos envolvidos com a segurança pública e e procedimentos de apuração de responsabilidade
defesa social têm o dever de colaborar com o funcional, por meio de sindicância e processo
processo de avaliação, facilitando o acesso às suas administrativo disciplinar, e a proposição de
instalações, à documentação e a todos os elementos subsídios para o aperfeiçoamento das atividades dos
necessários ao seu efetivo cumprimento. órgãos de segurança pública e defesa social.
Art. 29. O processo de avaliação das políticas de SEÇÃO II - Do Acompanhamento Público da
segurança pública e defesa social deverá contar com Atividade Policial
a participação de representantes dos Poderes Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério Municípios deverão instituir órgãos de ouvidoria
Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos de dotados de autonomia e independência no exercício
Segurança Pública e Defesa Social, observados os de suas atribuições.
parâmetros estabelecidos nesta Lei. Parágrafo único. À ouvidoria competirá o
Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as recebimento e tratamento de representações,
avaliações do respectivo ente federado. elogios e sugestões de qualquer pessoa sobre as
Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodologia a ser ações e atividades dos profissionais e membros
empregada: integrantes do Susp, devendo encaminhá-los ao
I - a realização da autoavaliação dos gestores e das órgão com atribuição para as providências legais e a
corporações; resposta ao requerente.
II - a avaliação institucional externa, contemplando a SEÇÃO III - Da Transparência e da Integração de
análise global e integrada das instalações físicas, Dados e Informações
relações institucionais, compromisso social, Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de
atividades e finalidades das corporações; Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
III - a análise global e integrada dos diagnósticos, Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
estruturas, compromissos, finalidades e resultados Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a
das políticas de segurança pública e defesa social; finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e
IV - o caráter público de todos os procedimentos, informações para auxiliar na formulação,
dados e resultados dos processos de avaliação. implementação, execução, acompanhamento e
Art. 32. A avaliação dos objetivos e das metas do avaliação das políticas relacionadas com:
Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social I - segurança pública e defesa social;
será coordenada por comissão permanente e II - sistema prisional e execução penal;
realizada por comissões temporárias, essas III - rastreabilidade de armas e munições;
compostas, no mínimo, por 3 (três) membros, na IV - banco de dados de perfil genético e digitais;
forma do regulamento próprio.

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V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas. CAPÍTULO VII - DA CAPACITAÇÃO E DA


Art. 36. O Sinesp tem por objetivos: VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL EM
I - proceder à coleta, análise, atualização, SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
sistematização, integração e interpretação de dados SEÇÃO I - Do Sistema Integrado de Educação e
e informações relativos às políticas de segurança Valorização Profissional (Sievap)
pública e defesa social; Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores e Educação e Valorização Profissional (Sievap), com a
outras informações para auxiliar na formulação, finalidade de:
implementação, execução, monitoramento e I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
avaliação de políticas públicas; supervisionar as atividades de educação gerencial,
III - promover a integração das redes e sistemas de técnica e operacional, em cooperação com as
dados e informações de segurança pública e defesa unidades da Federação;
social, criminais, do sistema prisional e sobre drogas; II - identificar e propor novas metodologias e técnicas
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de de educação voltadas ao aprimoramento de suas
dados e informações, conforme os padrões definidos atividades;
pelo conselho gestor. III - apoiar e promover educação qualificada,
Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões de continuada e integrada;
integridade, disponibilidade, confidencialidade, IV - identificar e propor mecanismos de valorização
confiabilidade e tempestividade dos sistemas profissional.
informatizados do governo federal. § 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos
Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes federados, seguintes programas:
por intermédio de órgãos criados ou designados para I - matriz curricular nacional;
esse fim. II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
§ 1º Os dados e as informações de que trata esta Lei Pública (Renaesp);
deverão ser padronizados e categorizados e serão III - Rede Nacional de Educação a Distância em
fornecidos e atualizados pelos integrantes do Sinesp. Segurança Pública (Rede EaD-Senasp);
§ 2º O integrante que deixar de fornecer ou atualizar IV - programa nacional de qualidade de vida para
seus dados e informações no Sinesp poderá não segurança pública e defesa social.
receber recursos nem celebrar parcerias com a União § 2º Os órgãos integrantes do Susp terão acesso às
para financiamento de programas, projetos ou ações ações de educação do Sievap, conforme política
de segurança pública e defesa social e do sistema definida pelo Ministério Extraordinário da Segurança
prisional, na forma do regulamento. Pública.
§ 3º O Ministério Extraordinário da Segurança Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-se em
Pública é autorizado a celebrar convênios com referencial teórico, metodológico e avaliativo para as
órgãos do Poder Executivo que não integrem o Susp, ações de educação aos profissionais de segurança
com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, pública e defesa social e deverá ser observada nas
para compatibilização de sistemas de informação e atividades formativas de ingresso, aperfeiçoamento,
integração de dados, ressalvadas as vedações atualização, capacitação e especialização na área de
constitucionais de sigilo e desde que o objeto segurança pública e defesa social, nas modalidades
fundamental dos acordos seja a prevenção e a presencial e a distância, respeitados o regime jurídico
repressão da violência. e as peculiaridades de cada instituição.
§ 4º A omissão no fornecimento das informações § 1º A matriz curricular é pautada nos direitos
legais implica responsabilidade administrativa do humanos, nos princípios da andragogia e nas teorias
agente público. que enfocam o processo de construção do
conhecimento.

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§ 2º Os programas de educação deverão estar em CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES FINAIS


consonância com os princípios da matriz curricular Art. 43. Os documentos de identificação funcional
nacional. dos profissionais da área de segurança pública e
Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições de defesa social serão padronizados mediante ato do
ensino superior, observadas as normas de licitação e Ministro de Estado Extraordinário da Segurança
contratos, tem como objetivo: Pública e terão fé pública e validade em todo o
I - promover cursos de graduação, extensão e território nacional.
pósgraduação em segurança pública e defesa social; Art. 44. (VETADO).
II - fomentar a integração entre as ações dos Art. 45. Deverão ser realizadas conferências a cada 5
profissionais, em conformidade com as políticas (cinco) anos para debater as diretrizes dos planos
nacionais de segurança pública e defesa social; nacional, estaduais e municipais de segurança
III - promover a compreensão do fenômeno da pública e defesa social.
violência; Art. 46. O art. 3º da Lei Complementar nº 79, de 7 de
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a janeiro de 1994, passa a vigorar com as seguintes
educação para a paz; alterações:
V - articular o conhecimento prático dos profissionais Art. 50. Esta Lei entra em vigor após decorridos 30
de segurança pública e defesa social com os (trinta) dias de sua publicação oficial.
conhecimentos acadêmicos;
VI - difundir e reforçar a construção de cultura de
segurança pública e defesa social fundada nos
paradigmas da contemporaneidade, da inteligência,
da informação e do exercício de atribuições
estratégicas, técnicas e científicas;
VII - incentivar produção técnico-científica que
contribua para as atividades desenvolvidas pelo
Susp.
Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual
destinada aos profissionais de segurança pública e
defesa social e tem como objetivo viabilizar o acesso
aos processos de aprendizagem,
independentemente das limitações geográficas e
sociais existentes, com o propósito de democratizar
a educação em segurança pública e defesa social.
SEÇÃO II - Do Programa Nacional de Qualidade de
Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-
Vida)
Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade de Vida
para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida)
tem por objetivo elaborar, implementar, apoiar,
monitorar e avaliar, entre outros, os projetos de
programas de atenção psicossocial e de saúde no
trabalho dos profissionais de segurança pública e
defesa social, bem como a integração sistêmica das
unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp.

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DECRETO Nº 9.489/2018 II - implementar, manter e expandir, observadas as


Regulamenta, no âmbito da União, a Lei nº 13.675, de restrições previstas em lei quanto ao sigilo, o Sistema
11 de junho de 2018, para estabelecer normas, Nacional de Informações e de Gestão de Segurança
estrutura e procedimentos para a execução da Pública e Defesa Social;
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e
Social. operacionais entre os órgãos policiais federais,
estaduais, distrital e as guardas municipais;
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
Art. 1º Este Decreto estabelece normas, estrutura e
funcional dos institutos oficiais de criminalística,
procedimentos para a execução da Política Nacional
medicina legal e identificação, de modo a lhes
de Segurança Pública e Defesa Social, de que trata a
garantir condições plenas para o exercício de suas
Lei n.º 13.675, de 11 de junho de 2018, que institui o
competências;
Sistema Único de Segurança Pública - Susp.
V - promover a qualificação profissional dos
Art. 2º A Política Nacional de Segurança Pública e
integrantes da segurança pública e defesa social,
Defesa Social será implementada por estratégias que
especialmente nos âmbitos operacional, ético e
garantam integração, coordenação e cooperação
técnico-científico;
federativa, interoperabilidade, liderança situacional,
VI - elaborar estudos e pesquisas nacionais e
modernização da gestão das instituições de
consolidar dados e informações estatísticas sobre
segurança pública, valorização e proteção dos
criminalidade e vitimização;
profissionais, complementaridade, dotação de
VII - coordenar as atividades de inteligência de
recursos humanos, diagnóstico dos problemas a
segurança pública e defesa social integradas ao
serem enfrentados, excelência técnica, avaliação
Sistema Brasileiro de Inteligência; e
continuada dos resultados e garantia da regularidade
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
orçamentária para execução de planos e programas
§ 1º A autonomia dos institutos oficiais de
de segurança pública.
criminalística, medicina legal e identificação de que
Parágrafo único. Configuram meios e instrumentos
trata o inciso IV do caput refere-se, exclusivamente,
essenciais da Política Nacional de Segurança Pública
à liberdade técnico-científica para a realização e a
e Defesa Social:
conclusão de procedimentos e exames inerentes ao
I - o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
exercício de suas competências.
Social - PNSP, que compreenderá o Plano Nacional
§ 2º No desempenho das competências de que
de Enfrentamento de Homicídios de Jovens;
tratam os incisos VII e VIII do caput, o Ministério da
II - o Sistema Nacional de Informações e Gestão de
Justiça e Segurança Pública manterá sistemas
Segurança Pública e Defesa Social; e
destinados à coordenação, ao planejamento e à
III - a atuação integrada dos mecanismos formados
integração das atividades de inteligência de
pelos órgãos federais de prevenção e controle de
segurança pública e defesa social e de inteligência
atos ilícitos contra a administração pública e
penitenciária no território nacional e ao
referentes à ocultação ou à dissimulação de bens,
assessoramento estratégico dos Governos federal,
direitos e valores.
estaduais, distrital e municipais, com informações e
Art. 3º O Ministério da Segurança Pública,
conhecimentos que subsidiem a tomada de decisões
responsável pela gestão, pela coordenação e pelo
nesse âmbito. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº
acompanhamento do Susp, orientará e 9.876, de 27/6/2019)
acompanhará as atividades dos órgãos integrados ao § 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública
Sistema, além de promover as seguintes ações: poderá firmar instrumentos de cooperação, para
(“Caput” do artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de
integrar aos sistemas de que trata o § 2º, outros
27/6/2019)
órgãos ou entidades federais, estaduais, distrital e
I - apoiar os programas de aparelhamento e
municipais cujas atividades sejam compatíveis com
modernização dos órgãos de segurança pública e
defesa social do País;

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os interesses das atividades de inteligência. (Parágrafo estabelecerão e divulgarão, anualmente, programas


com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) de ação baseados em parâmetros de avaliação e
§ 4º Ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança metas de excelência com vistas à prevenção e à
Pública disporá sobre os procedimentos necessários repressão, no âmbito de suas competências, de
ao cumprimento das ações de que trata o caput no infrações penais e administrativas e à prevenção de
âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública. desastres, que tenham como finalidade:
(Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
CAPÍTULO II - DO PLANO NACIONAL DE supervisionar as atividades de educação gerencial,
SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL técnica e operacional, em cooperação com os entes
SEÇÃO I - Do regime de formulação federativos;
Art. 4º Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança II - apoiar e promover educação qualificada,
Pública elaborar o PNSP, que deverá incluir o Plano continuada e integrada;
de Nacional de Enfrentamento de Homicídios de III - identificar e propor novas metodologias e
Jovens, além de estabelecer suas estratégias, suas técnicas de educação destinadas ao aprimoramento
metas, suas ações e seus indicadores, direcionados de suas atividades;
ao cumprimento dos objetivos e das finalidades IV - identificar e propor mecanismos de valorização
estabelecidos nos art. 6º e art. 22 da Lei nº 13.675, de profissional;
2018. (“Caput” do artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, V - apoiar e promover o sistema de saúde para os
de 27/6/2019) profissionais de segurança pública e defesa social; e
§ 1º A elaboração do PNSP deverá observar as VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os
diretrizes estabelecidas no art. 24 da Lei nº 13.675, de profissionais de segurança pública e defesa social.
2018. Art. 7º Até o dia 31 de março de cada ano-calendário,
§ 2º O PNSP terá duração de dez anos, contado da o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em
data de sua publicação e deverá ser estruturado em articulação com os órgãos competentes dos Estados,
ciclos de implementação de dois anos. do Distrito Federal e dos Municípios, realizará
§ 3º Sem prejuízo do pressuposto de que as ações de avaliação sobre a implementação do PNSP, com o
prevenção à criminalidade devem ser consideradas objetivo de verificar o cumprimento das metas
prioritárias na elaboração do PNSP, o primeiro ciclo estabelecidas e elaborar recomendações aos
do PNSP editado após a data de entrada em vigor gestores e aos operadores de políticas públicas
deste Decreto deverá priorizar ações destinadas a relacionadas com segurança pública e defesa social.
viabilizar a coleta, a análise, a atualização, a (“Caput” do artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de
sistematização, a interoperabilidade de sistemas, a 27/6/2019)
integração e a interpretação de dados: § 1º A primeira avaliação do PNSP será realizada no
I - de segurança pública e defesa social; segundo ano de vigência da Lei nº 13.675, de 2018.
II - prisionais; § 2º Ao fim da avaliação de cada PNSP, será
III - de rastreabilidade de armas e munições; elaborado relatório com o histórico e a
IV - relacionados com perfil genético e digitais; e caracterização das atividades, as recomendações e
V - sobre drogas. os prazos para que elas sejam cumpridas, de acordo
Art. 5º O PNSP será estabelecido após processo de com o disposto no art. 27 da Lei 13.675, de 2018.
consulta pública, efetuada por meio eletrônico, § 3º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado
observado o disposto no Capítulo VI do Decreto nº aos conselhos estaduais, distrital e municipais de
9.191, de 1º de novembro de 2017. segurança pública e defesa social.
SEÇÃO II - Das metas para o acompanhamento e a SEÇÃO III - Dos mecanismos de transparência e
avaliação das políticas de segurança pública e avaliação e de controle e correição de atos dos
defesa social órgãos do Sistema Único de Segurança Pública
Art. 6º Os integrantes do Susp, a que se refere o art. Art. 8º Aos órgãos de correição dos integrantes
9º da Lei nº 13.675, de 2018, elaborarão, operacionais do Susp, no exercício de suas

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competências, caberão o gerenciamento e a consecução de seus objetivos, dos seguintes


realização dos procedimentos de apuração de sistemas e programas, que atuarão de forma
responsabilidade funcional, por meio de sindicância integrada:
e processo administrativo disciplinar, e a proposição I - Sistema Nacional de Acompanhamento e
de subsídios para o aperfeiçoamento das atividades Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
dos órgãos de segurança pública e defesa social. Defesa Social;
§ 1º Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança II - Sistema Nacional de Informações de Segurança
Pública instituir mecanismos de registro, Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas e
acompanhamento e avaliação, em âmbito nacional, Munições, de Material Genético, de Digitais e de
dos órgãos de correição, e poderá, para tanto, Drogas;
solicitar aos órgãos de correição a que se refere o III - Sistema Integrado de Educação e Valorização
caput o fornecimento de dados e informações que Profissional;
entender necessários, respeitadas as atribuições IV - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
legais e de modo a promover a racionalização de Pública; e
meios com base nas melhores práticas. (Parágrafo com V - Programa Nacional de Qualidade de Vida para
redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) Profissionais de Segurança.
§ 2º Os titulares dos órgãos de correição a que se SEÇÃO II - Do Sistema Nacional de
refere o caput, que exercerão as suas atribuições Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
preferencialmente por meio de mandato, deverão Segurança Pública e Defesa Social
colaborar com o processo de avaliação referido no § Art. 11. A implementação do Sistema Nacional de
1º, de modo a facilitar o acesso à documentação e Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
aos elementos necessários ao seu cumprimento Segurança Pública e Defesa Social observará o
efetivo. disposto no art. 26 ao art. 32 da Lei nº 13.675, de
§ 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública 2018.
considerará, entre os critérios e as condições para Subseção única - Da Comissão Permanente do
prestar apoio à implementação dos planos de Sistema Nacional de Acompanhamento e
segurança pública e de defesa social dos Estados, do Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
Distrito Federal e dos Municípios, os indicadores de Defesa Social
eficiência apurados no processo de avaliação de que Art. 12. Fica criada a Comissão Permanente do
trata o § 1º. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação
de 27/6/2019)
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social,
Art. 9º Aos órgãos de ouvidoria da União, dos
com a função de coordenar a avaliação dos objetivos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
e das metas do PNSP.
caberão, nos termos do disposto no art. 34 da Lei nº
§ 1º A Comissão Permanente será composta por
13.675, de 2018, o recebimento e o tratamento de
cinco representantes, titulares e suplentes, indicados
representações, elogios e sugestões de qualquer
e designados pelo Ministro de Estado da Justiça e
pessoa sobre as ações e as atividades dos
Segurança Pública. (Parágrafo com redação dada pelo
profissionais e dos membros integrantes do Susp, e o Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
encaminhamento ao órgão competente para tomar § 2º Caberá ao Ministro de Estado da Justiça e
as providências legais e fornecer a resposta ao Segurança Pública, dentre os membros por ele
requerente. indicados, designar o Presidente da Comissão
CAPÍTULO III - DO SISTEMA NACIONAL DE Permanente. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº
INFORMAÇÕES E GESTÃO DE SEGURANÇA 9.876, de 27/6/2019)
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL § 3º O mandato dos representantes da Comissão
SEÇÃO I - Da composição Permanente será de dois anos, admitida uma
Art. 10. O Sistema Nacional de Informações e Gestão recondução.
de Segurança Pública e Defesa Social disporá, para a

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§ 4º A Comissão Permanente poderá criar, por meio § 2º Os órgãos integrantes do Susp assegurarão à
de portaria, até dez comissões temporárias de Comissão Permanente e às comissões temporárias
avaliação com duração não superior a um ano, que de avaliação o acesso às instalações, à
serão constituídas por, no máximo, sete membros, documentação e aos elementos necessários ao
observado o disposto em seu regimento interno e no exercício de suas competências.
art. 32 da Lei nº 13.675, de 2018. (Parágrafo com redação § 3º A Comissão Permanente adotará as providências
dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) necessárias ao cumprimento do disposto no art. 27
§ 5º A Comissão Permanente se reunirá, em caráter da Lei nº 13.675, de 2018. (Parágrafo acrescido pelo Decreto
ordinário, trimestralmente e, em caráter nº 9.876, de 27/6/2019)
extraordinário, sempre que convocado por seu Art. 14. A Comissão Permanente do Sistema
Presidente ou pelo Ministro de Estado da Justiça e Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
Segurança Pública. (Parágrafo com redação dada pelo Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) assegurará a participação, no processo de avaliação
§ 6º A Comissão Permanente deliberará por maioria do PNSP, de representantes dos Poderes Legislativo,
simples, com a presença da maioria de seus Executivo e Judiciário, do Ministério Público, da
representantes. Defensoria Pública e dos conselhos estaduais,
§ 7º É vedado à Comissão Permanente designar para distrital e municipais de segurança pública e defesa
as comissões temporárias avaliadores que sejam social, observados os parâmetros estabelecidos na
titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados, Lei nº 13.675, de 2018.
caso: Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
I - tenham relação de parentesco até terceiro grau Art. 16. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
com titulares ou servidores dos órgãos gestores SEÇÃO III - Do Sistema Nacional de Informações de
avaliados; ou Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade
II - estejam respondendo a processo criminal ou de Armas e Munições, de Material Genético, de
administrativo. Digitais e de Drogas
§ 8º As comissões temporárias, sempre que possível, Art. 17. O Sistema Nacional de Informações de
deverão ter um representante da Controladoria- Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de
Geral da União ou do Instituto de Pesquisa Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais
Econômica Aplicada ou do Ministério da Cidadania, e de Drogas, instituído pelo art. 35 da Lei nº 13.675,
observado o disposto no art. 32 da Lei nº 13.675, de de 2018, será integrado por órgãos criados ou
2018. (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) designados para esse fim por todos os entes
§ 9º As reuniões serão realizadas, preferencialmente, federativos.
por videoconferência. (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº Parágrafo único. O Ministério da Justiça e Segurança
9.876, de 27/6/2019)
Pública buscará a integração do Sistema Nacional de
Art. 13. Caberá à Comissão Permanente do Sistema
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
Políticas de Segurança Pública e Defesa Social, com
Genético, de Digitais e de Drogas com sistemas de
o apoio técnico e administrativo do Ministério da
informação de outros países, de modo a conferir
Justiça e Segurança Pública, por intermédio do
prioridade aos países que fazem fronteira com a
Gabinete da Secretaria Nacional de Segurança
República Federativa do Brasil. (Parágrafo único com
Pública, coordenar o processo de acompanhamento redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
e avaliação de que tratam os § 1º e § 2º do art. 8º. Art. 18. Constarão do Sistema Nacional de
(“Caput” do artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
27/6/2019)
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
§ 1º A Comissão Permanente adotará as providências
Genético, de Digitais e de Drogas, sem prejuízo de
necessárias ao cumprimento do disposto no art. 31 da
outros definidos por seu Conselho Gestor, dados e
Lei nº 13.675, de 2018.
informações relativos a:

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I - ocorrências criminais registradas e comunicações § 5º O usuário que utilizar indevidamente as


legais; informações obtidas por meio do Sistema Nacional
II - registro e rastreabilidade de armas de fogo e de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
munições; Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
III - entrada e saída de estrangeiros; Genético, de Digitais e de Drogas ficará sujeito à
IV - pessoas desaparecidas; responsabilidade administrativa, civil e criminal.
V - execução penal e sistema prisional; Art. 19. Compete ao Conselho Gestor do Sistema
VI - recursos humanos e materiais dos órgãos e das Nacional de Informações de Segurança Pública,
entidades de segurança pública e defesa social; Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições,
VII - condenações, penas, mandados de prisão e de Material Genético, de Digitais e de Drogas, órgão
contramandados de prisão; consultivo do Ministério da Justiça e Segurança
VIII - repressão à produção, à fabricação e ao tráfico Pública, por meio de resolução: (“Caput” do artigo com
de drogas ilícitas e a crimes correlacionados, além da redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
apreensão de drogas ilícitas; I - propor procedimentos sobre coleta, análise,
IX - índices de elucidação de crimes; sistematização, integração, atualização,
X - veículos e condutores; e interpretação de dados e informações referentes às
XI - banco de dados de perfil genético e digitais. políticas relacionadas com:
§ 1º Os dados e as informações, a serem fornecidos a) segurança pública e defesa social;
de forma atualizada pelos integrantes do Sistema b) sistema prisional e execução penal;
Nacional de Informações de Segurança Pública, c) rastreabilidade de armas e munições;
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, d) banco de dados de perfil genético e digitais; e
de Material Genético, de Digitais e de Drogas, e) enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
deverão ser padronizados e categorizados com o fim II - propor: (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de
27/6/2019)
de assegurar padrões de integridade,
a) metodologia, padronização, categorias e regras
disponibilidade, confidencialidade, confiabilidade e
para tratamento dos dados e das informações a
tempestividade dos sistemas informatizados do
serem fornecidos ao Sistema Nacional de
Governo federal.
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
§ 2º Na divulgação dos dados e das informações, a
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
identificação pessoal dos envolvidos deverá ser
Genético, de Digitais e de Drogas;
preservada.
b) dados e informações a serem integrados ao
§ 3º Os dados e as informações referentes à
Sistema Nacional de Informações de Segurança
prevenção, ao tratamento e à reinserção social de
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
usuários e dependentes de drogas ilícitas serão
Munições, de Material Genético, de Digitais e de
fornecidos, armazenados e tratados de forma
Drogas, observado o disposto no art. 18;
agregada, de modo a preservar o sigilo, a
c) padrões de interoperabilidade dos sistemas de
confidencialidade e a identidade de usuários e
dados e informações que integrarão o Sistema
dependentes, observada a natureza multidisciplinar
Nacional de Informações de Segurança Pública,
e intersetorial prevista na legislação.
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições,
§ 4º O fornecimento de dados dos usuários, de
de Material Genético, de Digitais e de Drogas;
acessos e consultas do Sistema Nacional de
d) critérios para integração e gestão centralizada dos
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
sistemas de dados e informações a que se refere o
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
art. 18;
Genético, de Digitais e de Drogas ficará condicionado
e) rol de crimes de comunicação imediata; e
à instauração e à instrução de processos
f) forma e condições para adesão dos Municípios, do
administrativos ou judiciais, observados, nos casos
Poder Judiciário, da Defensoria Pública, do
concretos, os procedimentos de segurança da
informação e de seus usuários.

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Ministério Público, e dos demais entes públicos que de execução penal, rastreabilidade de armas e
considerar pertinentes; munições, banco de dados de perfil genético e
III - propor normas, critérios e padrões para digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas
disponibilização de estudos, estatísticas, indicadores ilícitas.
e outras informações para auxiliar na formulação, na Parágrafo único. As Resoluções do Conselho Gestor
implementação, na execução, no monitoramento e serão submetidas à aprovação do Ministro de Estado
na avaliação das políticas públicas relacionadas com da Justiça e Segurança Pública, que, na qualidade de
segurança pública e defesa social, sistema prisional e responsável pela administração, pela coordenação e
de execução penal, rastreabilidade de armas e pela formulação de diretrizes do Sistema Nacional de
munições, banco de dados de perfil genético e Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
ilícitas; Genético, de Digitais e de Drogas, editará as normas
IV - sugerir procedimentos para implementação, complementares necessárias à implementação das
operacionalização, aprimoramento e fiscalização do medidas aprovadas. (Parágrafo único com redação dada pelo
Sistema Nacional de Informações de Segurança Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Art. 20. O Conselho Gestor do Sistema Nacional de
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Drogas; Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
V - instituir grupos de trabalho relacionados com Genético, de Digitais e de Drogas será composto
segurança pública e defesa social, sistema prisional e pelos seguintes representantes, titulares e suplentes:
execução penal, enfrentamento do tráfico ilícito de I - quatro representantes do Ministério da Justiça e
drogas e prevenção, tratamento e reinserção social Segurança Pública, sendo: (Inciso com redação dada pelo
Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
de usuários e dependentes de drogas;
a) um da Diretoria de Gestão e Integração e
VI - promover a elaboração de estudos com vistas à
Informações da Secretaria Nacional de Segurança
integração das redes e dos sistemas de dados e
Pública; (Alínea acrescida pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
informações relacionados com segurança pública e
b) um do Departamento Penitenciário Nacional;
defesa social, sistema prisional e execução penal, e
(Alínea acrescida pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
enfrentamento do tráfico ilícito de drogas;
c) um da Polícia Federal; e (Alínea acrescida pelo Decreto nº
VII - propor condições, parâmetros, níveis e formas 9.876, de 27/6/2019)
de acesso aos dados e às informações do Sistema d) um da Polícia Rodoviária Federal; (Alínea acrescida
Nacional de Informações de Segurança Pública, pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, II - um representante do Ministério da Mulher, da
de Material Genético, de Digitais e de Drogas, Família e dos Direitos Humanos; e (Inciso com redação
assegurada a preservação do sigilo; dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
VIII - controlar e dar publicidade a situações de III - cinco representantes dos Estados ou do Distrito
inadimplemento dos integrantes do Sistema Federal, sendo um de cada região geográfica. (Inciso
Nacional de Informações de Segurança Pública, com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)

Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, § 1º Os representantes a que se refere o inciso III do


de Material Genético, de Digitais e de Drogas, em caput serão escolhidos por meio de eleição direta
relação ao fornecimento de informações pelos gestores dos entes federativos de sua região.
(Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
obrigatórias, ao Ministro de Estado da Justiça e
§ 2º Os representantes titulares e suplentes do
Segurança Pública, para aplicação do disposto no § 2º
Conselho Gestor serão indicados pelos titulares dos
do art. 37 da Lei nº 13.675, de 2018; e (Inciso com redação
dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
órgãos que representam e designados pelo Ministro
IX - publicar relatórios anuais que contemplem de Estado da Justiça e Segurança Pública. (Parágrafo
com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
estatísticas, indicadores e análises relacionadas com
segurança pública e defesa social, sistema prisional e

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§ 3º O mandato dos representantes do Conselho referido Conselho; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº
Gestor será de dois anos, admitida uma recondução. 9.876, de 27/6/2019)
§ 4º A recondução dos representantes a que se refere II - prestar apoio técnico-administrativo, logístico e
o inciso III do caput será realizada por meio de nova financeiro ao Conselho Gestor; e
consulta aos entes federativos integrantes da região III - promover a articulação entre os integrantes do
geográfica correspondente. (Parágrafo com redação dada Sistema Nacional de Informações de Segurança
pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
§ 5º O Presidente do Conselho Gestor será o Diretor Munições, de Material Genético, de Digitais e de
da Diretoria de Gestão e Integração de Informações Drogas.
da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Art. 24. As câmaras técnicas, de caráter temporário,
Ministério da Justiça e Segurança Pública. (Parágrafo com duração não superior a um ano, têm por objetivo
com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) oferecer sugestões e embasamento técnico para
§ 6º Em suas ausências e seus impedimentos, o subsidiar as decisões do Conselho Gestor, as quais
Presidente do Conselho Gestor, será substituído pelo poderão operar simultaneamente. (“Caput” do artigo com
Coordenador-Geral do Sistema Nacional de redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de § 1º Cada câmara técnica atuará em uma das
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material seguintes áreas:
Genético, de Digitais e de Drogas. (Parágrafo acrescido I - estatística e análise;
pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) II - inteligência; e
§ 7º O Conselho Gestor se reunirá, em caráter III - tecnologia da informação.
ordinário, trimestralmente e, em caráter § 2º Cada câmara técnica será composta pelos
extraordinário, sempre que convocado por seu seguintes representantes, titulares e suplentes:
Presidente. (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 9.876, de I - um representante do Ministério da Justiça e
27/6/2019)
Segurança Pública; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº
Art. 21. O Conselho Gestor do Sistema Nacional de 9.876, de 27/6/2019)
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de II - cinco representantes dos Estados ou do Distrito
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Federal, dos quais serão designados um para cada
Genético, de Digitais e de Drogas deliberará por região geográfica.
maioria simples, com a presença da maioria de seus § 3º A coordenação das câmaras técnicas será
representantes e caberá ao seu Presidente o voto de definida em regimento interno. (Parágrafo com redação
qualidade para desempate. dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
Art. 22. A estrutura administrativa do Conselho § 4º Os representantes das câmaras técnicas serão
Gestor do Sistema Nacional de Informações de designados pelo Ministro da Justiça e Segurança
Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Pública. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de
Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais 27/6/2019)
e de Drogas é composta por: Art. 25. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
I - uma Secretaria-Executiva; Art. 26. Cada ente federativo indicará um gestor
II - três câmaras técnicas; titular e um suplente para atuar em cada uma das
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) seguintes áreas:
IV - gestores dos entes federativos. I - estatística e análise;
Art. 23. A Secretaria-Executiva do Conselho será II - inteligência; e
exercida pela Diretoria de Gestão e Integração de III - tecnologia da informação.
Informações da Secretaria Nacional de Segurança Parágrafo único. Caberá aos gestores dos entes
Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública federativos, sem prejuízo de outras competências
e terá competência para: (“Caput” do artigo com redação conferidas pelo Conselho Gestor:
dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) I - repassar dados e informações sobre as suas áreas
I - organizar as reuniões do Conselho Gestor, das de atuação sempre que solicitado pelo Conselho
câmaras técnicas e as eleições dos representantes do Gestor;

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II - acompanhar a qualidade e a frequência do o acesso às ações de educação, presenciais ou a


fornecimento e da atualização de dados e distância, aos profissionais de segurança pública e
informações do Sistema Nacional de Informações de defesa social. (Parágrafo único com redação dada pelo Decreto
Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de nº 9.876, de 27/6/2019)
Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais SEÇÃO V - Do Programa Nacional de Qualidade de
e de Drogas e comunicar ao ente federativo Vida para Profissionais de Segurança Pública
correspondente a respeito do fornecimento de dados Art. 33. Fica instituído o Programa Nacional de
e informações obrigatórios; Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança
III - auxiliar na execução das atividades de coleta, Pública, com o objetivo de elaborar, implementar,
tratamento, fornecimento e atualização de dados e apoiar, monitorar e avaliar os projetos de programas
de informações de cada área de atuação; e de atenção psicossocial e de saúde no trabalho dos
IV - gerir as rotinas e as atividades referentes ao profissionais de segurança pública e defesa social, e
Sistema Nacional de Informações de Segurança de promover a integração sistêmica das unidades de
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e saúde dos órgãos que compõem o Susp.
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional de
Drogas. Segurança Pública do Ministério da Justiça e
Art. 27. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) Segurança Pública, em coordenação com os demais
Art. 28. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) órgãos e entidades federais com competências
Art. 29. Caberá ao Conselho Gestor do Sistema concorrentes, executar os programas de que trata o
Nacional de Informações de Segurança Pública, caput, por meio de programas e ações especificadas
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, em planos quinquenais. (Parágrafo único com redação
de Material Genético, de Digitais e de Drogas propor dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
alterações quanto às suas áreas de atuação, a que se CAPÍTULO IV - DA INTEGRAÇÃO DOS
referem o § 1º do art. 24 e o caput do art. 26. MECANISMOS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE
Art. 30. As reuniões das câmaras técnicas do ATOS ILÍCITOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
Conselho Gestor serão realizadas por PÚBLICA
videoconferência. Art. 34. Sem prejuízo das competências atribuídas à
Parágrafo único. O Conselho Gestor poderá, em Controladoria-Geral da União pela Lei nº 12.846, de
caráter excepcional, convocar os seus representantes 1º de agosto de 2013, caberá ao Ministério da Justiça
para reuniões presenciais. (Artigo com redação dada pelo e Segurança Pública praticar os atos necessários para
Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) integrar e coordenar as ações dos órgãos e das
Art. 31. O Conselho Gestor poderá convidar entidades federais de prevenção e controle de atos
representantes de outros órgãos e entidades, ilícitos contra a administração pública e referentes à
públicos ou privados, para participar de suas ocultação ou à dissimulação de bens, direitos e
reuniões, sem direito a voto. valores, definidos em plano estratégico anual,
SEÇÃO IV - Do Sistema Integrado de Educação e aprovado de acordo com os critérios e os
Valorização Profissional procedimentos estabelecidos em ato do Ministro de
Art. 32. A implementação do Sistema Integrado de Estado da Justiça e Segurança Pública. (Artigo com
Educação e Valorização Profissional observará o redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
disposto no art. 38 ao art. 41 da Lei nº 13.675, de 2018. CAPÍTULO V - DO CONSELHO NACIONAL DE
Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional de SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
Segurança Pública do Ministério da Justiça e SEÇÃO I - Da composição do Conselho Nacional de
Segurança Pública, em coordenação com os demais Segurança Pública e Defesa Social
órgãos e entidades federais com competências Art. 35. O Conselho Nacional de Segurança Pública e
concorrentes, executar os programas de que tratam Defesa Social - CNSP terá a seguinte composição:
o inciso I ao inciso IV do § 1º do art. 38 da Lei nº 13.675,
de 2018, com o fim de assegurar, no âmbito do Susp,

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I - o Ministro de Estado da Justiça e Segurança XI - um representante dos agentes de trânsito,


Pública, que o presidirá; (Inciso com redação dada pelo indicado por conselho nacional devidamente
Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) constituído;
II - o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e XII - um representante das guardas municipais,
Segurança Pública, que exercerá a vice-presidência e indicado por conselho nacional devidamente
substituirá o Presidente em suas ausências e seus constituído;
impedimentos; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº XIII - um representante da Guarda Portuária,
9.876, de 27/6/2019)
indicado por conselho nacional devidamente
III - o Diretor-Geral da Polícia Federal; (Inciso com
constituído;
redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
XIV - um representante do Poder Judiciário, indicado
IV - o Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal;
(Inciso com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
pelo Conselho Nacional de Justiça;
V - o Diretor-Geral do Departamento Penitenciário XV - um representante do Ministério Público,
Nacional; indicado pelo Conselho Nacional do Ministério
VI - o Secretário Nacional de Segurança Pública; Público;
VII - o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil; XVI - um representante da Defensoria Pública,
VIII - o Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas; indicado pelo Colégio Nacional de Defensores
IX - os seguintes representantes da administração Públicos Gerais;
pública federal, indicados pelo Ministro de Estado XVII - um representante da Ordem dos Advogados do
correspondente: Brasil, indicado pelo Conselho Federal da Ordem dos
a) um representante da Casa Civil da Presidência da Advogados do Brasil;
República; XVIII - dois representantes de entidades da sociedade
b) um representante do Ministério da Defesa; civil organizada cuja finalidade esteja relacionada
c) um representante do Ministério da Mulher, da com políticas de segurança pública e defesa social,
Família e dos Direitos Humanos; (Alínea com redação dada eleitos nos termos do disposto no § 3º;
pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) XIX - dois representantes de entidades de
d) um representante do Gabinete de Segurança profissionais de segurança pública, eleitos nos
Institucional da Presidência da República; (Alínea com termos do disposto no § 3º; e
redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) XX - os seguintes indicados, de livre escolha e
X - os seguintes representantes estaduais e distrital: designação pelo Ministro de Estado da Justiça e
a) um representante das polícias civis, indicado pelo Segurança Pública: (Inciso com redação dada pelo Decreto nº
Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil; 9.876, de 27/6/2019)
b) um representante das polícias militares, indicado a) um representante do Poder Judiciário;
pelo Conselho Nacional de Comandantes Gerais; b) um representante do Ministério Público; e
c) um representante dos corpos de bombeiros c) até oito representantes com notórios
militares, indicado pelo Conselho Nacional dos conhecimentos na área de políticas de segurança
Corpos de Bombeiros Militares do Brasil; pública e defesa social e com reputação ilibada;
d) um representante das secretarias de segurança XXI - o Secretário de Operações Integradas do
pública ou de órgãos congêneres, indicado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. (Inciso
Colégio Nacional dos Secretários de Segurança acrescido pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)

Pública; § 1º O Ministro de Estado da Justiça e Segurança


e) um representante dos institutos oficiais de Pública designará os representantes a que se referem
criminalística, medicina legal e identificação, o inciso IX ao inciso XVII do caput. (Parágrafo com redação
dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
indicado pelo Conselho Nacional de Perícia Criminal;
§ 2º Cada representante titular terá um
e
representante suplente para substituí-lo em suas
f) um representante dos agentes penitenciários,
ausências e seus impedimentos.
indicado por conselho nacional devidamente
constituído;

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§ 3º Os representantes a que se referem os incisos necessários à consecução das atividades do CNSP,


XVIII e XIX do caput serão escolhidos por meio de por intermédio de sua Secretaria-Executiva ou de
processo aberto a entidades da sociedade civil unidade que venha a ser instituída para esse fim em
organizada cuja finalidade esteja relacionada com regimento interno, que prestará apoio técnico e
políticas de segurança pública e entidades de administrativo ao CNSP e às suas câmaras técnicas.
profissionais de segurança pública que manifestem (Artigo com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
interesse em participar do CNSP. SEÇÃO III - Da competência do Conselho Nacional
§ 4º O processo a que se refere o § 3º será precedido de Segurança Pública e Defesa Social
de convocação pública, cujos termos serão Art. 40. O CNSP, órgão colegiado permanente,
aprovados na primeira reunião deliberativa do CNSP, integrante estratégico do Susp, tem competência
observados o requisito de representatividade e os consultiva, sugestiva e de acompanhamento social
critérios objetivos definidos também na primeira das atividades de segurança pública e defesa social,
reunião. respeitadas as instâncias decisórias e as normas de
§ 5º O mandato dos representantes a que se referem organização da administração pública.
o inciso IX ao inciso XX do caput será de dois anos, Parágrafo único. O CNSP exercerá o
admitida uma recondução. acompanhamento dos integrantes operacionais do
§ 6º A participação no CNSP será considerada Susp, a que se refere o § 2º do art. 9º da Lei nº 13.675,
prestação de serviço público relevante, não de 2018, e poderá recomendar providências legais às
remunerada. autoridades competentes, de modo a considerar,
SEÇÃO II - Do funcionamento do Conselho entre outros definidos em regimento interno ou em
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social norma específica, os seguintes aspectos:
Art. 36. (Revogado pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) I - as condições de trabalho, a valorização e o respeito
Art. 37. O CNSP se reunirá, em caráter ordinário, pela integridade física e moral de seus integrantes;
semestralmente, e, em caráter extraordinário, II - o cumprimento das metas definidas de acordo
sempre que convocado por seu Presidente. com o disposto na Lei nº 13.675, de 2018, para a
§ 1º As reuniões ordinárias e extraordinárias do CNSP consecução dos objetivos do órgão;
serão realizadas com a presença da maioria simples III - o resultado célere na apuração das denúncias em
de seus representantes. tramitação nas corregedorias; e
§ 2º As reuniões do CNSP ocorrerão, IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do órgão
preferencialmente, por videoconferência. (Parágrafo pela população por ele atendida.
com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) Art. 41. Compete, ainda, ao CNSP:
§ 3º As recomendações do CNSP serão aprovadas I - propor diretrizes para políticas públicas
pela maioria simples de seus representantes e caberá relacionadas com segurança pública e defesa social,
ao seu Presidente, além do voto ordinário, o voto de com vistas à prevenção e à repressão da violência e
qualidade para desempate. da criminalidade e à satisfação de princípios,
§ 4º O CNSP poderá convidar representantes de diretrizes, objetivos, estratégias, meios e
outros órgãos e entidades, públicos ou privados, para instrumentos da Política Nacional de Segurança
participar de suas reuniões, sem direito a voto. Pública e Defesa Social, estabelecidos no art. 4º ao
Art. 38. O CNSP poderá criar até dez câmaras art. 8º da Lei nº 13.675, de 2018;
técnicas com exercício simultâneo. (“Caput” do artigo II - apreciar o Plano Nacional de Segurança Pública e
com redação dada pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) Defesa Social e, quando necessário, fazer
Parágrafo único. As câmaras técnicas terão caráter recomendações relativamente aos objetivos, às
temporário, com duração não superior a um ano, e ações estratégicas, às metas, às prioridades, aos
serão constituídas por, no máximo, sete membros. indicadores e às formas de financiamento e gestão
(Parágrafo único acrescido pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
das políticas de segurança pública e defesa social
Art. 39. Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança
nele estabelecidos;
Pública a edição dos demais atos administrativos

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III - propor ao Ministério da Justiça e Segurança relevante, não remunerada. (Artigo acrescido pelo Decreto
Pública e aos integrantes do Susp a definição anual nº 9.876, de 27/6/2019)
de metas de excelência com vistas à prevenção e à Art. 41-C. Os regimentos internos dos colegiados
repressão das infrações penais e administrativas e à serão elaborados no prazo de noventa dias, contado
prevenção de desastres, por meio de indicadores da data de publicação deste Decreto.
públicos que demonstrem, de forma objetiva, os Parágrafo único. Os regimentos internos de que trata
resultados pretendidos; (Inciso com redação dada pelo o caput serão aprovados por maioria simples. (Artigo
Decreto nº 9.876, de 27/6/2019) acrescido pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
IV - contribuir para a integração e a
interoperabilidade de informações e dados
eletrônicos sobre segurança pública e defesa social,
prisionais e sobre drogas, e para a unidade de
registro das ocorrências policiais;
V - propor a criação de grupos de trabalho com o PORTARIA MJSP Nº 18/2020
objetivo de produzir e publicar estudos e Aprova a Doutrina Nacional de Atuação Integrada de
diagnósticos para a formulação e a avaliação de Segurança Pública - DNAISP, 2ª edição, 2019, no
políticas públicas relacionadas com segurança âmbito do Sistema Único de Segurança Pública -
pública e defesa social; Susp.
VI - prestar apoio e articular-se, sistematicamente, O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA E
com os conselhos estaduais, distrital e municipais de SEGURANÇA PÚBLICA, no uso das atribuições que
segurança pública e defesa social, com vistas à lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do
formulação de diretrizes básicas comuns e à art. 87 da Constituição, e tendo em vista o disposto
potencialização do exercício de suas atribuições no art. 9º da Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018, e
legais e regulamentares; no inciso XV do art. 37 da Lei nº 13.844, de 18 de junho
VII - estudar, analisar e sugerir alterações na de 2019, resolve:
legislação pertinente; e Art. 1º Aprovar a Doutrina Nacional de Atuação
VIII - promover a articulação entre os órgãos que Integrada de Segurança Pública - DNAISP, 2ª edição,
integram o Susp e a sociedade civil. 2019, no âmbito do Sistema Único de Segurança
Parágrafo único. O CNSP divulgará anualmente e, de Pública - Susp, para emprego nas operações
forma extraordinária, quando necessário, as integradas entre os órgãos de segurança pública e
avaliações e as recomendações que emitir a respeito defesa social.
das matérias de sua competência. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua
Art. 41-A. As convocações para as reuniões do CNSP, publicação
do Conselho Gestor do Sinesp e da Comissão
Permanente do Sinaped especificarão o horário de
início das atividades e previsão para seu término.
§ 1º Na hipótese de reunião ordinária com duração
superior a duas horas, deverá ser especificado
período para votação, que não poderá ser superior a
duas horas.
§ 2º É vedada a divulgação de discussões em curso
nos colegiados sem a prévia anuência do Ministro de
Estado da Justiça e Segurança Pública. (Artigo acrescido
pelo Decreto nº 9.876, de 27/6/2019)
Art. 41-B. A participação nos colegiados e nos
subcolegiados de que trata este Decreto será
considerada prestação de serviços públicos

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PLANO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA 2020–2023


INTRODUÇÃO
Senhor Ministro,
Como sabe V. Exa., o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), com sede em Brasília e
subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), constitui o primeiro dos órgãos da execução
penal, conforme previsto na própria Lei de Execução Penal – LEP (Lei 7.210, de 1984), especificamente em seu art.
61, I (BRASIL, 1984).
Composto por membros designados por ato do titular do Ministério, dentre profissionais do Direito Penal e
ciências correlatas, a existência do colegiado precede a ordem constitucional vigente e até mesmo a entrada em
vigor da Lei de Execução Penal, porquanto instalado ainda no ano de 1980.
Ao longo de sua história, o Conselho tem oferecido relevantes subsídios à implementação de políticas de Estado
no âmbito criminal e penitenciário, mediante informações, análises e deliberações para aperfeiçoamento das
políticas públicas.
Como exemplo das contribuições, merecem destaque o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária – de
que ora se trata – e a proposta de decreto presidencial de indulto, atribuições que se extraem do rol de
competências outorgados pelo legislador (art. 64 da LEP).
No ponto, convém ressaltar que as iniciativas desenvolvidas por este Conselho encontram respaldo e
reconhecimento, também, na mais alta Corte de Justiça, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Com efeito, o Conselho e seus atos normativos têm sido prestigiados pelo STF em seus precedentes, como em
recente julgamento de seu Plenário (STF, 2019).
É verdade que outros normativos do Conselho se mostram incompatíveis, para além das demandas da sociedade,
sobretudo com as recentes revelações do perfil da criminalidade de que o País se viu hospedeiro, a reclamar foco
na tríade criminalidade violenta, corrupção e crime organizado. 1

Considerações gerais sobre o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária


O Conselho elabora o referido Plano a cada quatro anos, oportunidade em que fixa diretrizes para a área
respectiva, conforme atribuições que lhe foram conferidas pelo já citado art. 64 da LEP, entre as quais “propor
diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das
penas e das medidas de segurança” (inciso I) e “contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento,
sugerindo as metas e prioridades da política criminal e penitenciária” (inciso II) (BRASIL, 1984).
Nesse contexto, o Plano Nacional constitui valioso instrumento de planejamento e sistematização das futuras
atividades e orientações do Conselho para o quadriênio. Convém destacar o que se entende por um Plano, é o que
sintetiza a Figura 1 a seguir – isto é, não adianta ter objetivos sem ações, nem ações sem objetivos. Um Plano deve
conciliar objetivos (importante: priorizar os escopos) com ações (importante: exequibilidade das ações).

1 Sobre corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado ver, dentre outras referências de literatura, Hayashi
(2017) e Rodrigues e Rodrigues (2016). Sobre criminalidade violenta, o MJSP lançou o Projeto-Piloto “Em Frente Brasil:
políticas públicas integradas para um País seguro” para combater os crimes violentos no Brasil (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
E SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).

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Figura 1. Ideia de um Plano

Fonte: Adaptado pela Comissão do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária (2019).

O último Plano foi elaborado em 2015 e leitura atenta de seu inteiro teor permite identificar diretrizes de relevo,
como as que constam logo da introdução do trabalho, ao revelar a necessidade de “fortalecimento da política de
reintegração social, para garantir apoio ao egresso do sistema prisional em seu retorno à sociedade” ou a que
sublinha a importância “de adequação da política criminal e penitenciária aos modernos instrumentos de
governança em política pública” (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 2015, p. 6).
Por outro lado, há diretrizes calcadas em elementos que não encontram respaldo na íntegra do Plano ou em outras
não reveladas bases de dados. Políticas que merecem estudo sério e empírico, como a justiça restaurativa e a
mediação penal, não podem servir de desculpa para justificar simplificações ou “combate à cultura do
encarceramento”.
Sendo todos esses temas importantes, não é possível, por outro lado, deixar de constatar que os números sobre
encarceramento no Brasil têm sido tratados de modo reiteradamente desconexo em relação aos demais dados
estatísticos. Repete-se exaustivamente, por exemplo, que o País possui a terceira maior população carcerária do
planeta, embora tenha a quinta ou sexta maior população – praticamente empatado com o Paquistão, com taxa
de crescimento populacional mais elevada.2
Números de 2016 do United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC, 2019) registram que o Brasil é líder
mundial em número absoluto de homicídios e um dos líderes em números relativos. Assim, a liderança mundial
em homicídios não acha correspondência com a população carcerária, de acordo com os conhecidos dados do
World Prison Brief (2019a).
Do mesmo modo, especialmente em função da diversidade regional, não procedem alegações genéricas de haver
no Brasil percentual excessivo de presos provisórios e de que isso comprovaria que punições criminais seriam
ultrapassadas. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2018a), o número de presos provisórios no
País atualmente é de 245.715. Logo, chega-se ao percentual de 34,1 por 100.000 habitantes, o que coloca o Brasil
na 88ª posição mundial, mesmo padecendo de índices alarmantes de criminalidade.
Em comparação, o Brasil possui menos presos provisórios do que Mônaco (34º lugar, com 56,3%), Suíça (61º lugar,
com 42,2%), Canadá (73º lugar, com 38,7%), Bélgica (79º lugar, com 35,6%) e Dinamarca (81º lugar, com 35,5%),
fora países latino-americanos, conforme dados do World Prison Brief (2019b), o que demonstra a higidez do
encarceramento cautelar, sobretudo em hipóteses de reiteração criminosa, criminalidade violenta e crimes
envolvendo organizações criminosas.

2 Sobre a polêmica questão do encarceramento em massa no Brasil ver, dentre outros, Carpes (2017; 2019).

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Ademais, o Plano a ser revisto careceu de medidas objetivas, referentes a “diretrizes da política criminal quanto à
prevenção do delito”, as quais, reitere-se, constituem um dos encargos cometidos ao Conselho – art. 64, I, da LEP
(BRASIL, 1984).
A esta mesma conclusão se chegou no artigo “Constituição, STF e a política penitenciária no Brasil: uma
abordagem agnóstica da execução das penas” (MACHADO; SANTOS, 2018), publicada pelo Centro Universitário
de Brasília (Uniceub) na versão on-line de sua Revista Brasileira de Políticas Públicas.
Na análise do Plano Nacional para o quadriênio 2015-2018, os autores identificaram três grandes linhas de ações,
entre as quais não se encontram as diretrizes da política criminal para prevenção do delito:
(I) ajustar a arquitetura prisional, no pertinente à estrutura física e quanto à alocação e distribuição de vagas; (II)
estruturar mecanismos de combate sistemático, visando à erradicação, da “violência institucional” praticada pelo
Estado contra os apenados; e (III) aperfeiçoar o processo de investigação e punição por mortes dentro dos
estabelecimentos, com o monitoramento das ações (MACHADO; SANTOS, 2018, p. 93-94).

O impacto do crime sobre a população de baixa renda, igualdade de direitos e fronteiras


A bem da verdade, a presente proposta visa a, de certo modo, redimir uma gritante lacuna nas políticas criminais
brasileiras até hoje: a ausência de preocupação, no formular diretrizes da política criminal para prevenção do
delito, com as populações mais vitimadas pelo crime.
Quanto ao tema, sintomaticamente se percebe que não há abundância de estudos. Entretanto, por exemplo, em
“Segurança pública e análise econômica do crime: o desenho de uma estratégia para a redução da criminalidade
no Brasil” (ODON, 2018), registra-se que teorias sociológicas evidenciam a influência do grupo em que vivem os
jovens e, nesse quadro, jovens residentes em periferias das metrópoles são mais facilmente levados a repetir
trajetórias que prejudicam sua capacidade futura de produção de renda lícita, como a evasão escolar:
Tais decisões, que geram impactos indiretos na renda futura e efeitos diretos em seu bemestar, são influenciadas
pelas redes de interação das quais o indivíduo faz parte, e geram feedback negativo para essas redes,
retroalimentando o processo de formação de guetos e de manchas de pobreza (ODON, 2018, p. 37).
De acordo com dados constantes do Atlas da Violência 2017 (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
– IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2017), há profundas diferenças de nível de
desenvolvimento humano entre os municípios que lideram o ranking pelo aspecto negativo (maior taxa de
criminalidade) e positivo (menor índice de crimes).
Nesse sentido, o Atlas apresenta comparativo entre Jaraguá do Sul/SC (IDH = 0,803 e taxa de homicídio = 3,1 por
100 mil habitantes) e Altamira/PA (IDH = 0,665 e taxa de homicídio = 105 por 100 mil habitantes), ocupantes dos
extremos entre as cidades menos e mais violentas do País:
Enquanto os indicadores de escolaridade e de renda são francamente favoráveis ao município catarinense,
consideramos outros canais que potencialmente explicam a relação entre crescimento econômico e criminalidade
violenta, que podem ajudar a entender as diferenças de letalidade violenta nos territórios (IPEA; FÓRUM
BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2017, p. 57).
A abordagem do tema passa, de modo inevitável, pela consideração do sempre atual modelo proposto em 1968
por Gary S. Becker, para quem, entre outros fatores que podem determinar a quantidade de atos criminosos
praticados por um indivíduo, ganham relevo a probabilidade de sua detenção e a severidade da punição, caso
detido. O objetivo da sociedade, para diminuir os custos financeiros da criminalidade, passa a ser a otimização dos
recursos finitos, o que se alcança por meio da dissuasão (aumento da probabilidade de detenção e a severidade da
punição).
Entre outras medidas apontadas por Odon (2018, p. 49), como eficazes do ponto de vista de dissuasão, identifica-
se o aumento do policiamento, com a advertência, entretanto, de que seu uso não é garantia automática de bons
resultados, pois “depende da forma como a polícia é usada e as circunstâncias em que é usada. Seu uso tem-se
mostrado mais eficiente quando dirigido a áreas de alto risco e a indivíduos de alto risco”.

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É por isso que a propositura de medidas tendentes à prevenção e repressão de delitos, com aperfeiçoamento das
medidas de processo e julgamento de crimes, favorece em primeiro lugar as comunidades de mais baixa renda.
Ademais, não só a população de baixa renda merece realce, mas a igualdade de direitos, envolvendo questões
correlatas à orientação sexual, portadores de necessidades especiais, cor, raça e etnia, sendo estas questões
transversais em quaisquer diretrizes que visem o aperfeiçoamento da gestão criminal e penitenciária no Brasil. A
garantia à dignidade humana não permite exceções.
De igual modo, a espacialidade do crime faz emergir questões prementes, como é o caso das regiões fronteiriças
deste País, porquanto com o alto fluxo de pessoas e de mercadorias nesses espaços amplia-se “[...] a necessidade
de atenção especial a essas áreas. Não unicamente por questões de segurança, mas porque é o desenvolvimento
dessas regiões que vai modificar seu perfil de ilícitos” (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
SOCIAL DE FRONTEIRAS – IDESF, 2019). Atualmente, os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Roraima e Acre
são os mais afetados pela criminalidade peculiar ao território de fronteira, fortemente marcada pela entrada ilegal
do contrabando e descaminho, bem como pelo tráfico de drogas, acarretando o aumento da criminalidade e
violência (SALAMACHA; BARROS, 2018; AMARAL, 2019; NICKEL, 2019).

O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária – 2020-2023: tramitação na Comissão e CNPCP


Para consecução do objetivo, a Presidência do Conselho constituiu Comissão própria, por meio da Portaria 2, de
28 de março de 2019, composta por seis de seus integrantes, depois ampliada.
Antes de reunida, o Presidente da Comissão criou uma rede de comunicação para orientação dos Conselheiros
membros, a partir de 2 de abril. Por meio desse canal de comunicação, foi elaborado, pelo relator, o primeiro
esboço da estrutura do Plano, enviado para discussão entre toda a Comissão em 21 de abril.
Em reunião realizada nas dependências do MJSP no dia 5 de junho, a Comissão delimitou o objeto de atuação de
cada membro e deliberou como foco do Plano a tríade criminalidade violenta, corrupção e crime organizado, a
partir de cinco diretrizes principais imbricadas entre si. A necessidade de discorrer sobre o contexto atual, estado
da arte e proposições de cada capítulo foi elencada como norte metodológico, dentre vários possíveis.
Na sequência aos trabalhos, em 9 de julho houve outra reunião técnica da Comissão para debates e discussões do
Plano, no próprio MJSP. Em 12 de julho foi feita a primeira compilação da versão preliminar para leitura de todos
os membros da Comissão. Posteriormente, concluídos os capítulos, cada sub-relator (ou autor de capítulo) enviou
seu texto ao relator, que fez sua revisão para apresentação em reunião ordinária do CNPCP. Cabe destacar que a
aderência do sub-relator com a temática do capítulo em questão fundamentou-se na sua expertise profissional,
de modo a maximizar não somente sua capacitação de décadas, como bases conceituais e realidades empíricas
sobre o assunto discorrido.
Em 1º de agosto, uma versão preliminar do Plano foi apresentada no CNPCP para conhecimento, debate e
discussão por parte de todos os seus membros. Durante o mês de agosto foram recebidos aportes, críticas e
sugestões dos demais Conselheiros, assim como diálogos com profissionais da área. 3
3
Além daqueles profissionais que colaboraram com os sub-relatores (autores de capítulos), citados ao longo deste
Plano, menção de agradecimento pela leitura e/ou críticas e sugestões construtivas devem ser feitas para:
Alexandre Luiz Schlemper (Professor Doutor da IFPR); Amauri Silveira Filho (Promotor de Justiça Secretário
Executivo do GAECO); Arthur Pinto de Lemos Júnior (Coordenador do Centro de Apoio Operacional das
Promotorias de Justiça Criminais); Bruno Carpes (Promotor de Justiça/RS); Celso Perioli e Ivan Dieb Miziara
(exSuperintendentes da Polícia Técnico-Científica paulista); Cristiano Oliveira (Professor Doutor da FURG);
Fabiano Bordignon, Cintia Rangel Assumpção e Diego Mantovaneli do Monte (Depen/MJSP); Fábio Costa Pereira
(Procurador de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul); Fabíola Sucasas Negrão Covas (Promotora de Justiça,
Assessora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Direitos Humanos do MPSP); Fernanda
Herbella Maia (Delegada de Polícia); Fernanda Regina Vilares (Coordenadora-geral da Assessoria Especial de
Assuntos Legislativos no MJSP e Professora da FGV Law); Gianpaolo Poggio Smanio (Procurador-Geral de

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Com a definição da Audiência Pública para o dia 12 de setembro, no Complexo Judiciário “Ministro Mário
Guimarães” (São Paulo), todos os sub-relatores colocaram-se à disposição para ouvir a sociedade. A seguir são
expostas algumas fotos da Audiência Pública.

Figura 2. Fotos da Audiência Pública do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária 2020-2023, realizada no Complexo Judiciário
“Ministro Mário Guimarães” (São Paulo)

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (2019).

A opção por São Paulo, sem descurar do simbolismo da maior cidade do País, revestiuse também de razões
práticas, pois enseja menores custos de deslocamento. A Audiência Pública teve como escopo colher sugestões
para a elaboração final do Plano, democratizando o debate.
Após Audiência Pública, trabalhos da relatoria e autores de capítulos, uma estrutura basilar do Plano Nacional de
Política Criminal e Penitenciária 2020-2023 foi disponibilizada (em 24/09/2019 até 10/10/2019) para Consulta
Pública junto aos interessados para Justiça); Gustavo Marchiori (Juiz de Direito/SC); Josineide Aquino da Silva
Amaral (PGDRA/Unioeste); Júlio Guebert Vieira (Delegado de Polícia Diretor da ACADEPOL); Luiz Henrique
Cardoso Dal Poz (Promotor de Justiça de Repressão à Sonegação Fiscal); Luiz Henrique Cardoso Dal Poz (Promotor
de Justiça SecretárioExecutivo do GAECO); Mário Luiz Sarrubbo (Subprocurador-Geral de Justiça de Políticas
Criminais e Institucionais); Matheus Gaspar (Juiz Federal da 4ª Vara/Foz do Iguaçu-PR); Renato Topan (Delegado
de Polícia/SP); Silvia Chakian de Toledo Santos (Promotora de Justiça de Enfrentamento da Violência Doméstica);
Tulio Kahn (Conselheiro da Fundação Estado Democrático); Valéria Diez Scarance Fernandes (Promotora de
Justiça Coordenadora do Núcleo de Gênero do MPSP); Youssef Abou Chain (Secretário-Executivo da Polícia Civil).
Agradecemos também ao Tribunal de Justiça de São Paulo pela oportunidade de realização da Audiência Pública
do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, bem como
aos profissionais que leram este Plano durante período de Consulta Pública, enviando-nos mensagens com críticas
e sugestões construtivas. Nosso muito obrigado à revisora ortográfica, Mestre Naiani Borges Toledo.
manifestações técnicas sobre seu teor – mediante publicização no site do Departamento Penitenciário Nacional –
DEPEN (2019). Feitas as sugestões, as incorporações pertinentes, discutidas pela Comissão, ocorreram entre os
dias 11/10/2019 a 06/11/2019. Em 7/11/2019, em reunião do CNPCP nas dependências do MJSP, foi aprovado pelos
conselheiros presentes o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária (2020-2023).

Figura 3. Print da tela do site do DEPEN – Consulta Pública

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Fonte: Departamento Penitenciário Nacional (2019).

Desde o início dos trabalhos, a Comissão estabeleceu como meta a entrega do documento final ao Ministro de
Estado da Justiça e Segurança Pública em 2019. Em 12/11/2019 foi feita esta entrega.

O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária – 2020-2023: origens


A Comissão pautou-se não só pela necessidade de revisão do Plano Nacional anterior, por expiração de seu prazo
de vigência ou em razão de seu conteúdo, mas também pela superveniência de diplomas legislativos e de projetos
tendentes a conversão em novos marcos legais sobre a matéria.

Lei 13.675, de 11 de junho de 2018


Em vigor desde meados de 2018, o diploma promoveu relevantes mudanças a repercutirem na conformação dos
órgãos de segurança e, por consequência, na elaboração de políticas criminais e penitenciárias. Exemplo do que
se vem afirmar consta logo do primeiro artigo da norma:
Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e
defesa social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em articulação com a sociedade (BRASIL,
2018c).
Quanto à referida Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, estabeleceuse no diploma, como um
dos objetivos, “racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e outros ambientes de encarceramento” – art. 6º,
XV (BRASIL, 2018c).
Ao instituir o Sistema Único de Segurança Pública, fez-se constar dentre seus integrantes operacionais os órgãos
do sistema penitenciário (art. 9º, § 2º, VIII), além das instituições policiais (BRASIL, 2018c).

Projeto de Lei 882, de 19 de fevereiro de 2019


Na sequência, cumpre ressaltar o papel de relevo atribuído pela Comissão ao Projeto de Lei 882, de 2019 (BRASIL,
2019a), atualmente em trâmite legislativo no Congresso Nacional.
Este PL visa a alterar treze diplomas legais, com o estabelecimento de “medidas contra a corrupção, o crime
organizado e os crimes praticados com grave violência a pessoa”. Trecho da exposição de motivos evidencia a
inspiração do projeto:
É evidente que o Código de Processo Penal de 1941 e a legislação que a ele se seguiu não estão atendendo às
necessidades atuais. Assim, as reformas que ora se propõem visam dar maior agilidade às ações penais e

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efetividade no cumprimento das penas, quando impostas. Contudo, isto será feito dentro do balizamento
constitucional. Com razão observam Eugênio Pacelli e Douglas Fischer que “os procedimentos deverão sempre
estar adequados aos princípios constitucionais, notadamente o do devido processo legal” (Comentários ao Código
de Processo Penal e sua Jurisprudência. 8ª ed., p. 889). Oportuno lembrar a observação de Fernanda Regina
Vilares, ao afirmar que “ser eficiente implica realizar a persecução penal da melhor forma possível, com a adequada
aplicação das normas de garantia” (Ação controlada, D´Plácido, p. 152) (BRASIL, 2019a).
Como demonstração de que o projeto auxilia a construção do novo Plano Nacional, sobretudo quanto às “diretrizes
da política criminal quanto à prevenção do delito”, cite-se a proposta de inserção do art. 133-A no Código de
Processo Penal, segundo o qual o juiz poderá autorizar o uso, pelos órgãos de segurança pública, de bem
sequestrado, apreendido ou sujeito a medidas assecuratórias “para uso exclusivo em atividades de prevenção e
repressão a infrações penais” (BRASIL, 2019a).
Atento ao panorama carcerário, o projeto propõe inclusão do art. 395-A ao Código de Processo Penal, permitindo
ao Ministério Público, querelante e acusado propor acordo penal, desde o recebimento da denúncia ou queixa e
até o início da instrução, hipótese em que “poderá ser alterado o regime de cumprimento das penas ou promovida
a substituição da pena privativa por restritiva de direitos” (BRASIL, 2019a).
Quanto ao ponto, ressalte-se que a proposta vai além da prevenção ao incremento da população carcerária, para
também constituir efetiva política de “administração da Justiça Criminal” (art. 64, I, da LEP), porquanto o Poder
Judiciário pode destinar às inúmeras outras demandas o tempo e os recursos financeiros que seriam gastos com a
instrução de processos de quem se reconhece culpado (BRASIL, 2019a).
Por fim, entre as diversas outras propostas constantes do PL 882/2019 que inspiraram o presente Plano Nacional
destacam-se as medidas de incremento orçamentário ao Fundo Penitenciário Nacional. Como exemplo, a
proposta de alteração do art. 133 do Código de Processo Penal, que prevê o recolhimento de valores obtidos com
a venda de bens de condenados, sobre os quais recaia o perdimento, “ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se
houver previsão diversa em lei especial” ou se pertencerem a terceiro de boa-fé ou à vítima (BRASIL, 2019a).
Ao mesmo tempo em que incrementa o orçamento do Fundo Penitenciário Nacional, propiciando que o gestor
público possa oferecer condições mais dignas aos encarcerados, a medida não impõe a criação ou aumento de
tributos.

Projeto de Lei 10.372, de 6 de junho de 2018


Também em trâmite no Poder Legislativo, o Projeto de Lei 10.372, de 2018 (2018b), é fruto de trabalho realizado
por comissão própria, presidida pelo hoje Ministro do Supremo Alexandre de Moraes, e da qual fez parte o
Presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Desembargador Cesar Mecchi Morales.
A exposição de motivos do projeto revela a conveniência do aproveitamento de seus ideários na construção do
Plano Nacional, dada a evidente relação de interdependência entre os trabalhos:
A presente proposta pretende racionalizar de maneira diversa, porém proporcional, de um lado o combate ao
crime organizado e a criminalidade violenta que mantém forte ligação com as penitenciárias e, de outro lado, a
criminalidade individual, praticada sem violência ou grave ameaça; inclusive no tocante ao sistema penitenciário.
Hoje, há uma divisão em 3 partes muito próximas nos aproximadamente 720 mil presos no Brasil: 1/3 crimes
praticados com violência ou grave ameaça, 1/3 crimes sem violência ou grave ameaça e 1/3 relacionados ao tráfico
de drogas.
Em que pese quase 40% serem presos provisórios, há necessidade de reservar as sanções privativas de liberdade
para a criminalidade grave, violenta e organizada; aplicando-se, quando possível, as sanções restritivas de direitos
e de serviços à comunidade para as infrações penais não violentas (BRASIL, 2018b).
Em coerência com o exposto, referido projeto contém proposta de alteração do Código de Processo Penal em que
o Ministério Público, na hipótese de pessoa presa em flagrante pela prática de determinados tipos penais mais
brandos, pode apresentar acordo de não persecução penal, que, aceito pelas partes, será “submetido a
homologação judicial na audiência de custódia” (importante dado empírico, adicional ao debate, será evidenciado

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sobre isto neste Plano, ressaltando que expressiva parcela dos delinquentes pesquisados – em um determinado
estudo – são favoráveis ao acordo).
Assim como no PL 882/2019 (BRASIL, 2019a), a medida evidencia pelo menos duas preocupações: tratamento
adequado a crimes menos graves e prevenção ao aumento da população carcerária.
Ao mesmo tempo, inova ao propor o aproveitamento da estrutura montada pelo Poder Judiciário para as
audiências de custódia como oportunidade para imprimir rapidez a eventual homologação da avença. Segundo
consta da exposição de motivos,
A Justiça consensual para os delitos leves será prestada em 24 horas, permitindo o deslocamento de centenas de
magistrados, membros do Ministério Público e defensores públicos para os casos envolvendo a criminalidade
organizada e as infrações praticadas com violência e grave ameaça a pessoa.
Trata-se de inovação que objetiva alcançar a punição célere e eficaz em grande número de práticas delituosas,
oferecendo alternativas ao encarceramento e buscando desafogar a Justiça Criminal, de modo a permitir a
concentração de forças no efetivo combate ao crime organizado e às infrações penais mais graves (BRASIL,
2018b).

O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária – 2020-2023: conteúdo


Além do presente preâmbulo, o documento apresenta cinco linhas mestras:
1) diretrizes e medidas anteriores ao crime - palavra-chave: “prevenção”;
2) diretrizes e medidas logo após o crime e investigação eficiente nos inquéritos - palavras-chave:
“repressão/investigação”;
3) diretrizes e medidas em relação ao processamento e julgamento - palavra-chave: “processos”;
4) diretrizes e medidas de cumprimento da pena: medidas e prisão - palavra-chave: “execução”;
5) diretrizes e medidas em relação ao egresso - palavra-chave: “reintegração”.
Ressalta-se que estas cinco linhas não são compartimentos estanques, havendo, sim, conexões entre si. Desse
modo, a leitura de uma parte, em alguns casos, é reforçada em outra, haja vista o caráter complexo e multifacetado
do binômio criminal-penitenciário.

Prevenção: diretrizes e medidas anteriores ao crime


O presente capítulo aponta para a multifuncionalidade dos direitos fundamentais inscritos na Constituição da
República, que não se reduzem à perspectiva subjetiva (garantias que limitam o Estado na persecução criminal),
mas alcançam também a dimensão objetiva (dever do Estado de proteção dos cidadãos).
Nesse contexto, ressalta-se a prioridade no direcionamento de ações para o cumprimento do referido dever de
proteção com mais eficiência, pois o que mais tem angustiado o cidadão brasileiro é a sensação de insegurança.
Como justificativa para as várias medidas que são propostas no âmbito da prevenção, encontram-se o
compromisso com a diminuição do sentimento e da percepção de impunidade perante a sociedade, além da
atenção para o sofisticado nível alcançado pelos agentes criminosos quanto à ocultação do produto financeiro de
seus crimes.
Enfim, propõe-se que a diretriz geral da política criminal tenha como foco a criminalidade violenta, o tráfico ilícito
de entorpecentes, o crime organizado e a corrupção, mediante a adoção de diretrizes, estratégias e ações com a
finalidade de reduzir os índices de violência, ampliar a sensação de segurança, diminuir a impunidade e difundir a
cultura da paz.

Repressão/investigação: diretrizes e medidas logo após o crime e investigação eficiente nos inquéritos
Enquanto a prevenção não alcança os níveis desejados, não se pode prescindir da repressão, que ainda possui papel
de relevo nas políticas de segurança pública e de justiça criminal no País.
Conclui-se que grande parte do insucesso da repressão aos crimes no Brasil decorre da baixa interação entre os
órgãos que integram o tripé do sistema repressivo: a Polícia Judiciária, o Ministério Público e o Poder Judiciário.

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Assim, sugere-se, entre outras medidas, maximizar a interação e integração dos órgãos e atores do Sistema de
Segurança e Justiça, a capacitação dos atores responsáveis pela repressão, a qualificação e aparelhamento dos
órgãos do Sistema de Segurança e Justiça, a melhoria dos sistemas de informações criminais e o aperfeiçoamento
na gestão de bloqueio e de confisco de bens e valores apreendidos. Pari passu, medidas eficientes para venda ou
destinação, visando dar maior eficiência e racionalidade na gestão desses bens apreendidos ou confiscados, são
necessárias. O próprio Judiciário pode fazer a destinação dos bens, já que é capilarizado por todo o Brasil, basta
criar os incentivos corretos e facilitar a forma de destinação dos bens na fase judicial.
Sugere-se, ainda, a criação de um órgão nacional na Secretaria de Operações Integradas – SEOPI/MJSP, com
congêneres nos estados e no Distrito Federal, destinado à coordenação do cumprimento dos mandados de prisão
em aberto.
Consigna-se, como premissa para se alcançar um modelo penal e penitenciário justo, o funcionamento célere e
eficiente do sistema de investigação.
Com base em números obtidos em diversas pesquisas realizadas no País, demonstra-se não só a recente escalada
da criminalidade, como a baixa taxa de resolutividade, que em 2017 ficou abaixo de 5% em algumas unidades da
federação.
As medidas propostas, com aprovação da Comissão, acompanharam as diretrizes constantes dos Projetos de Lei
10.372, de 2018 (BRASIL, 2018b), e 882, de 2019 (BRASIL, 2019a), entre as quais se destacam a adoção do Banco
Nacional de Perfil Genético e do Banco Nacional Multibiométrico, a aprovação pelo Congresso Nacional das
figuras do agente infiltrado e do informante do bem (whistleblower) – novamente, importante dado empírico sobre
a relação da ação do informante com o malogro da atividade delituosa, adicional ao debate, será exposto neste
Plano – e o aprimoramento das polícias técnico-científicas, com adoção da denominada cadeia de custódia como
medida a aumentar a credibilidade e segurança da prova pericial produzida. A Polícia Federal já tem o protocolo
sobre a cadeia de custódia, padronizar para as demais polícias se faz premente.

Processos: diretrizes e medidas em relação ao processamento e julgamento


Neste capítulo consigna-se que o Código de Processo Penal, nada obstante as inúmeras alterações que sofreu em
seus quase oitenta anos de existência, não mais atende às necessidades atuais, promovendo a percepção
generalizada de que a ação penal nunca termina.
Como exemplo, a constatação de que nenhum ato praticado no sistema criminal brasileiro é efetivo, terminativo
ou conclusivo, desde o âmbito policial até chegar ao Ministério Público e ao Judiciário. Todos os atos e os
respectivos autores ficam sujeitos à imediata revisão por parte de outro órgão, o que configura ambiente de
desconfiança contra e entre os atores do sistema.
Para adequação do arcabouço processual penal à dinâmica dos tempos atuais, propõese: adoção de soluções
negociadas (acordo de não persecução penal e o acordo penal), execução provisória da condenação criminal após
julgamento em segunda instância, efetividade do Tribunal do Júri (cumprimento imediato da pena imposta pelo
júri popular) e expansão do processo eletrônico e de videoconferência, podendo esta ser adotada, a princípio,
como regra quando necessária a manifestação de pessoa presa.

Execução: diretrizes e medidas de cumprimento da pena – medidas e prisão


A partir da análise elaborada, a Comissão propõe completa revisão do sistema de execução de penas no Brasil,
levando-se em conta os Projetos de Lei 10.372, de 2018 (BRASIL, 2018b), e 882, de 2019 (BRASIL, 2019a).
Além da mobilização estatal para realização de um censo penitenciário, para adequado conhecimento da
realidade, propõe-se a criação de um Sistema Nacional Eletrônico de Informações, que permitiria a gestão dos
dados alimentados pelas diversas instituições, com previsão de sanções para aquela que não o alimentar.
Também faz parte do trabalho proposta de revisão dos parâmetros para progressão de regime, ante a
incompreensão social de que as penas não são efetivamente cumpridas, quadro agravado ainda mais pela mescla
de regras de minimização dos efeitos punitivos, por exemplo: saídas, remição, livramento e indulto.

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Partindo da premissa da falência dos critérios atuais para progressão de regime, propõese sua reconfiguração,
com ênfase na individualização da pena. O mero critério objetivo do decurso de tempo deve ser substituído pela
consideração individualizada da autodisciplina, senso de responsabilidade e vontade de cada preso.
Nesse contexto, considera-se o fim do regime semiaberto como etapa do sistema progressivo. Em princípio, os
regimes seriam apenas dois: aberto e fechado, com suas nuances e microssistemas próprios, sendo o regime
aberto a ser executado sob monitoramento eletrônico, com condições obrigatórias e facultativas a serem definidas
pelo juízo da execução, em razão da natureza do delito e das demais condições do art. 59 do Código Penal (BRASIL,
1940).

Reintegração: diretrizes e medidas em relação ao egresso


No trabalho desenvolvido, consigna-se que o sucesso na empreitada de reintegrar o preso à sociedade depende
da construção de um tripé: é necessário que a pessoa saia da prisão predisposta a não cometer novos crimes, ou
seja, tenha convicção de que o crime não compensa; o Estado precisa construir um sistema eficiente, preparando
o encarcerado para novas possibilidades de convivência social pacífica; e a sociedade não pode retroalimentar a
propensão para o crime, devendo contribuir com o processo de reinserção social por meio de instituições
empresariais ou organizações da sociedade civil.
Após invocarem conclusões de estudos sobre os custos de oportunidade para a prática de crimes e a fragilização
na sociedade brasileira das travas morais (formação familiar, escolar e religiosa), conclui-se que o sistema criminal
deve colaborar para que o preso e o egresso recuperem o rumo ligado às referidas travas morais, variáveis
dissuasórias da criminalidade.
Nesse contexto, sugere-se, entre outras medidas: incluir no Sistema Nacional de Informações Penitenciárias
(SISDEPEN) dados e informações sobre egressos do sistema prisional; criar o observatório do egresso, com o
objetivo de monitoramento de ações voltadas para a reintegração em cada órgão de execução penal; criar
mecanismos de incentivo aos municípios para estruturação de programas e projetos voltados para o egresso.
Mesmo sendo o foco desta parte a reintegração, importantes aspectos foram salientados para que se possa pensar
também nas vítimas afetadas, direta ou indiretamente, pelo agente criminoso. Neste sentido, concomitante com
a questão do egresso, é preciso pensar e executar uma política institucional que atenda aos direitos e interesses
das vítimas de crimes e atos infracionais.

Um breve sumário das considerações iniciais


São essas as considerações iniciais que a Comissão do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária oferece
à melhor compreensão do tema em foco e da proposta que ora submete a V. Exa., com detalhamento
pormenorizado a seguir. Existe evidentemente uma série de temas que poderiam fazer parte deste Plano, não
sendo escopo nosso abarcar todos. Contudo, o CNPCP, outros Conselhos e órgãos ligados ao Ministério da Justiça
e Segurança Pública estão envidando esforços para que os problemas relacionados com a questão criminal e
penitenciária no Brasil sejam equacionados de maneira célere e eficaz.
Com efeito, como diretriz de política pública, o PNPCP deve ser implementado por meio de programas e projetos,
oportunamente definidos pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, delineados em ações e metas, com
mecanismos de execução, monitoramento e avaliação que possam resultar na eficiência, eficácia e efetividade do
Plano, com resultados positivos no enfrentamento à criminalidade existente no País e que atinge toda a sociedade.
Uma vez implementado o presente Plano, a sociedade e a comunidade jurídica interessada no aperfeiçoamento
do sistema criminal poderão, enfim, contar com diretrizes seguras, calcadas em rigor científico e livres de
ingerências ideológicas.

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1. DIRETRIZES, ESTRATÉGIAS E AÇÕES ANTERIORES AO CRIME: PREVENÇÃO


Em consonância com a Constituição (BRASIL, 1988, art. 5º, caput), “todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade [...]”. No mesmo passo, o art. 144 preceitua que a segurança
pública é “[...] dever do Estado, direito e responsabilidade de todos [...]”, devendo ser “[...] exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]” (BRASIL, 1988, art. 144, caput).
Percebe-se, assim, a multifuncionalidade dos direitos fundamentais, que não podem ser compreendidos a partir
de uma visão reducionista, ou seja, apenas sob a sua perspectiva subjetiva, da qual dimanam garantias que limitam
o Estado na persecução criminal tendente a punir quem tenha delinquido. Isso porque os direitos fundamentais
possuem, igualmente, uma dimensão objetiva, da qual decorre o que a doutrina denomina dever de proteção.
A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal (STF), com apoio na jurisprudência da Corte Constitucional alemã,
deixou consignado que os direitos fundamentais, na dimensão objetiva, podem ser assim classificados: (a) dever
de proibição (Verbotspflicht), consistente no dever de proibir determinadas condutas; (b) dever de segurança
(Sicherheitspflicht), que impõe ao Estado o dever de proteger o indivíduo contra ataques de terceiros mediante a
adoção de medidas diversas; e (c) dever de evitar riscos (Risikopflicht), que autoriza o Estado a atuar com o objetivo
de evitar riscos para o cidadão em geral mediante a adoção de medidas de proteção ou de prevenção especial
(STF, 2007).
Na mesma linha de entendimento, Ramos (2001, p. 72) salienta que a Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, no art. 1.1, ao preceituar que cabe ao Estado zelar pelo respeito dos direitos humanos, faz exsurgir uma
obrigação de não fazer e, de outra banda, uma obrigação de fazer, “[...] que consiste na organização pelo Estado,
de estruturas capazes de prevenir, investigar e mesmo punir toda violação, pública ou privada, dos direitos
fundamentais da pessoa humana”
Feldens (2012, p. 47) explicita que, conquanto o garantismo seja o único modelo de sistema criminal compatível
com o Estado democrático de direito, ele não se basta na sua perspectiva subjetiva, na medida em que dos direitos
fundamentais dimanam princípios objetivos inerentes à sociedade, os quais “[...] orientam o funcionamento de
todo o ordenamento jurídico (público e privado), reclamando prestações positivas (legais e judiciais) do Estado
destinadas a sua proteção frente a ataques de terceiros.”
Assim, conquanto tenha de respeitar os direitos da pessoa investigada ou acusada, o Estado possui o dever de
proteção, o que há de ser perquirido por meio de planos políticos institucionais com diretrizes, estratégias e ações
adequadas para esse fim, o que compreende o desenvolvimento de políticas eficientes voltadas para a prevenção
de crimes, no sentido de reduzir, ao máximo, a criminalidade, notadamente a chamada criminalidade violenta 3.
E mais. A abordagem dos direitos fundamentais sob a perspectiva objetiva revela que não se trata apenas de um
dever de proteção, senão de um dever de proteção eficiente, o que impõe a existência de instrumentos de ordem
legislativa, executiva e judicial hábeis e eficazes no amparo ao desempenho dessa função estatal.
Cabe agregar que esse dever de proteção não é confiado unicamente ao Estado, mas, sim, a todos, sejam aos
órgãos estatais, às pessoas jurídicas e até mesmo aos indivíduos, porquanto essa obrigação está implícita no caput
do art. 5º da Constituição e expressa, de forma cogente, no caput do art. 144, na parte em que preceitua ser a
segurança pública “[...] dever do Estado, direito e responsabilidade de todos [...]” (BRASIL, 1988, artigos 5º e 144,
caput).
Portanto, não se trata de dever exclusivo do Estado estrito senso, na medida em que a expressão utilizada no caput
do art. 144, interpretada em consonância com o caput do art. 5º, ambos da Constituição, impõe o entendimento

3
Sobre criminalidade violenta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o Projeto-Piloto “Em Frente Brasil:
políticas públicas integradas para um País seguro” para combater os crimes violentos no Brasil, prevendo “atuação
conjunta das polícias na repressão à criminalidade, além de ações sociais personalizadas para cada cidade participante”
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).

66
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de que essa tarefa deve ser desempenhada, de forma harmônica, pela União, como órgão central e formulador da
política nacional, pelos Estados-membros e municípios, com o alinhamento dos poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário. Nesse particular, os municípios têm muito a contribuir, especialmente no que diz respeito a diversas
medidas de ordem preventiva, com utilização da Guarda Municipal, por exemplo, para monitorar grupos de risco,
como é o caso das mulheres sujeitas à violência de gênero. Quanto à participação mais efetiva dos municípios na
redução da violência, uma boa iniciativa a ser disseminada é o projeto Prevenção da Violência Doméstica com a
Estratégia de Saúde da Família (PVDESF, 2018), colocado em prática desde 2014 pelo Ministério Público do Estado
de São Paulo e pela Prefeitura de São Paulo – ganhador do Prêmio Innovare em 2017 –, expandido para os
municípios de Guarulhos, Ubatuba, Bragança Paulista e Leme e em fase de implantação em outros mais.
No ponto, a Lei nº 13.675, de 2018, a par de organizar o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
pública, em boa hora, criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e instituiu o
Sistema Único de Segurança Pública (Susp), preceituando, dentre as diretrizes do plano, a “atuação integrada
entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios em ações de segurança pública e políticas transversais
para a preservação da vida, do meio ambiente e da dignidade da pessoa humana” (BRASIL, 2018c, art. 5º, IV).
Nesse desiderato, em 17 de setembro de 2018, pela primeira vez foi aprovado um Plano Nacional de Segurança
Pública, o qual detalhou as competências, princípios, objetivos, estratégias, meios e instrumentos que norteiam a
atuação do Estado na área de segurança pública (MINISTÉRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2018).
Este Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária (PNPCP), ao tempo em que não se sobrepõe ou resta
superado pela Política Nacional de Segurança Pública, forçosamente, deve ser escrito em harmonia com esta.
O foco das políticas de segurança pública e criminal, parece claro, deve ser no sentido de direcionar as ações para
o cumprimento com algum grau de eficiência do dever de proteção, pautando-se naquilo que mais aflige todo e
qualquer cidadão brasileiro, que tem sido privado do direito de sentir-se em segurança, sujeitando-se a levar uma
vida sem paz, com receio de sair à rua para o trabalho ou o lazer e não voltar ao seu lar ou a rever os seus familiares
e amigos.
Essa sensação de insegurança da sociedade emerge da criminalidade violenta, representada fundamentalmente
pelos crimes de homicídio e roubo. De acordo com o Atlas da Violência publicado em 2019, no ano de 2017 houve
nada mais nada menos do que 65.602 homicídios 4 no Brasil, o que representa a taxa de 31,6 mortes para cada cem
mil habitantes, a maior taxa histórica de letalidade violenta no País (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA
APLICADA – IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).
Não raro, esses crimes são subprodutos dos delitos de tráfico de entorpecentes, negócio que, segundo dados da
United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC, 2018)5, promove uma arrecadação ao redor do mundo em torno
de U$ 600 a U$ 800 bilhões de dólares ao ano.
O alicerce financeiro propiciado com o tráfico de entorpecentes fomenta o surgimento de organizações
sofisticadas, com poderio econômico-financeiro a ponto de desafiar o próprio Estado, estabelecendo um poder
paralelo, não apenas com a prática de ações subvertendo a ordem pública, mas, até mesmo, por meio da realização
de atividades assistencialistas às famílias dos integrantes das facções, especialmente dos que estão presos.
O crime organizado, que tem como base o tráfico ilícito de drogas e, de permeio, o contrabando de armas e a
corrupção, movimenta no planeta cifras que representam três vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, a
ponto de transformar-se em um dos maiores empreendimentos financeiros do mundo. Os sistemas bancários e

4
O conceito de homicídio adotado foi o estabelecido pelo Protocolo de Bogotá, o que exclui as mortes acidentais, as
tentativas e os homicídios culposos, mas considera as mortes praticadas por agentes públicos no exercício do dever legal
e todo e qualquer crime que tem como evento a morte, independentemente da tipificação, a exemplo do latrocínio.
5
No México, após o lançamento, em 2006, de campanha ostensiva quanto ao combate às drogas, os índices que medem
a violência cresceram de forma preocupante, a ponto de, em 2010, ser feito o registro de 17 mil homicídios relacionados
ao narcotráfico (WERB et al., 2011).

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de capitais, em escala global, se encarregam de fazer circular e promover a lavagem desse dinheiro contaminado
com substâncias entorpecentes, que traz graves consequências sociais e alimenta a violência.
Esse fenômeno está bem presente no Brasil. As facções criminosas (que comandam a criminalidade e possuem
como suporte financeiro os recursos oriundos do tráfico de drogas e atividades afins) foram criadas dentro dos
presídios e fazem destes o seu home office, de onde fortalecem os seus laços de poder. Recentemente, a sociedade
brasileira ficou estarrecida e amedrontada com a revelação pelos meios de comunicação de uma operação de
resgate liderada por conhecida organização criminosa, ao custo da impressionante cifra de mais de R$ 100 milhões
de reais. Essa mesma organização criminosa, segundo dados informais, possuiria arrecadação anual que a coloca
entre as 10 (dez) maiores empresas no País, em termos de faturamento. 6
Estas considerações revelam que a preocupação em eliminar os ganhos financeiros com a comercialização de
drogas ilícitas é tão ou mais importante quanto cuidar dos tipos penais pertinentes a essa modalidade de
criminalidade. Até porque a finalidade do tráfico de entorpecentes é a obtenção de lucro. Ir para a prisão, mas
conservar os ganhos financeiros da atividade ilícita, em certo sentido, compensa e serve para que a pessoa ou a
organização que ela integra permaneça na criminalidade e tenha poder de liderança.
Tem-se, portanto, que a diretriz geral da política criminal deve ter como foco: i) a criminalidade violenta; ii) o
tráfico ilícito de entorpecentes; iii) o crime organizado; iv) a corrupção – não necessariamente nessa ordem –,
mediante a adoção de estratégias e ações com suporte em dados e evidências, tendo como escopo:
a) Reduzir os índices de violência;
b) Ampliar a sensação de segurança;
c) Diminuir a impunidade;
d) Difundir a cultura da paz.
Independentemente da discussão se no Brasil se prende muito ou pouco, uma verdade é inconteste: a população
carcerária no Brasil, nos últimos anos, cresceu exponencialmente, como pode ser observado pelo gráfico a seguir.

Gráfico 1. Evolução das pessoas privadas de liberdade (em mil) entre 1990 e 2016

Fonte: Extraído de Infopen (2017).

Um detalhe a ser considerado: a população carcerária brasileira é formada prioritariamente por jovens. Se for
utilizada para a definição de jovem a pessoa situada na faixa etária entre 18 e 24 anos, tem-se 55% dos
encarcerados, ao passo que se for adotado como critério quem conta entre 18 e 34 anos, o percentual é de 74%.
Se o lapso temporal for mais largo, para considerar como jovem quem está situado na faixa entre 18 e 45 anos, o

6
Sobre isto, ver: Vilardaga e Lavieri (2018).

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percentual sobe assustadoramente para 93%. Esse dado é preocupante, pois conforme Gonçalves Júnior e Shikida
(2013), quanto mais jovem alguém pratica um crime, maior é a possibilidade de ele voltar a reincidir. Veja-se o
gráfico a seguir sobre a faixa etária dos presos:

Gráfico 2. Faixa etária das pessoas privadas de liberdade no Brasil

Fonte: Extraído de Infopen (2017).

Isso quer dizer que boa parte dos jovens está sendo colocada no cárcere, a revelar a necessidade de se implementar
políticas adequadas para a ressocialização, a fim de evitar que essas pessoas, quando saírem da prisão, voltem a
praticar crimes e mesmo retornem para o sistema prisional. 7 A política de ressocialização, por conseguinte,
também é de prevenção. É preciso abrir a porta de saída do sistema prisional, porém, com responsabilidade e
estratégias no sentido de prevenir a reincidência ou a prática de novos crimes por quem anteriormente estava
preso.
Sem embargo dessa constatação, o fato é que os governos estaduais, historicamente, não tiveram capacidade de
construir unidades prisionais para acompanhar o aumento dessa demanda, de modo que em 2016 o déficit de
vagas no sistema prisional alcançou algo em torno de mais de 358.663 vagas e uma taxa de ocupação média de
197,4% em todo o País (INFOPEN, 2017).
Essa situação gera o maior problema do sistema penitenciário nacional, que é a superpopulação carcerária.
Certamente que os estados precisam investir na construção de mais unidades prisionais, na medida em que se
observa que em todas elas há déficit de vagas – Roraima é o estado com o menor déficit de vagas, 1.141 vagas
(INFOPEN, 2017).
Todavia, é patente a necessidade de se investir em uma política de diminuição do encarceramento, por meio da
organização de estrutura para o cumprimento de medidas e penas alternativas, de incentivos e cursos nas escolas
da magistratura e do Ministério Público específicos para a maior aplicação dos institutos da transação, da
suspensão condicional do processo e do acordo de não persecução criminal. Sem embargo do apoio ao Projeto de
Lei Anticrime quanto ao disciplinamento do acordo de não persecução criminal e à introdução no sistema jurídico
do plea bargain, permitindo a negociação da pena com a assunção de culpa em qualquer tipo de delito.
Essa evidência se apresenta quando se observa, a partir de dados fornecidos pelo Banco Nacional de
Monitoramento de Prisão (BNMP2), que o número de mandados de prisão a cumprir é superior ao número do
déficit de vagas no sistema penitenciário – 360.336 mandados de prisão, sendo que pendentes de cumprimento

7
A impressão que se tem é de que a reincidência é muito alta, até porque, infelizmente, devido aos vários problemas de
gestão, o sistema prisional não tem sido eficiente na ressocialização, ao tempo em que, não raro, serve de alicerce para
integrar o agente ao mundo do crime. Estudo do DEPEN apontou, em janeiro de 1998, que a taxa de reincidência no Brasil
era de 70%. Em junho de 2008, o DEPEN divulgou outra pesquisa, estimando a taxa de reincidência em 43,12%. Sobre a
reincidência, conferir o Relatório de Pesquisa intitulado Reincidência Criminal no Brasil (IPEA, 2015) e Silva, Brandt e Alves
Neto (2019).

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são 19.655 foragidos, enquanto 340.681 estão sendo procurados (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ,
2018a).
Apesar de esses dados demonstrarem a necessidade de se fechar a porta da frente da prisão, permitindo a sua
abertura para o ingresso de pessoas apenas em situações de real necessidade, conforme dados extraídos do
BNMP2, as prisões estariam, em certa medida, conforme se observa do gráfico a seguir, tendo como foco os crimes
de roubo, tráfico de drogas e homicídio, o que seria o adequado.

Gráfico 3. Tipos penais mais recorrentes imputados às pessoas privadas de liberdade no Brasil

Fonte: Conselho Nacional de Justiça (2018a).

De fato, em consonância com os dados que se vê, 63,59% dos presos no sistema prisional dizem respeito aos
crimes que mais impactam a sociedade brasileira (roubo, tráfico de drogas, homicídio) e que fazem o cidadão
experimentar angustiante sentimento de medo e de sensação de impunidade.
Porém, um exame mais atento dos números denota uma situação diferente, levando à conclusão de que é preciso
prender melhor. Com efeito, em consonância com dados coletados em pesquisa de campo na elaboração de tese
de doutorado de Semer (2019), as pessoas presas pelo crime de tráfico de entorpecentes não são os grandes
traficantes, mas, sim, quando não meras mulas, simples operários do tráfico, representados por jovens presos em
flagrante, primários, integrantes da classe baixa, desempregados, negros ou pardos e com a defesa sendo
realizada pela defensoria pública. Essa tese compreendeu a análise de 800 sentenças de 8 estados (São Paulo,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Pará, Bahia e Maranhão).
Além de os que comandam o tráfico invariavelmente não serem presos, na medida em que as investigações não
chegam neles – pois 88,75% das prisões decorrem de situação de flagrante delito, em que a pessoa portava
pequena quantidade de droga (SEMER, 2019) –, aquele que ontem estava na rua, mas agora está preso, dá lugar
no mercado do tráfico a outro jovem, que, mais cedo ou mais tarde, vai ser preso ou ser vítima da própria
criminalidade da qual ele tem participação como coadjuvante.
Quanto à questão das drogas, sem ingressar no debate sobre a criminalização ou não do uso para fins recreativos,
é necessário uma política mais voltada para a redução de danos, o que abrange a adoção de estratégia pertinente
para diminuir a violência. A Lei nº 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006), sem embargo das alterações promovidas pela
recente Lei nº 13.840, de 2019 (BRASIL, 2019d), não se ocupou de estabelecer critérios objetivos para a distinção
entre o mero uso e o tráfico de entorpecentes, a fim de arrefecer o subjetivismo dos operadores jurídicos quando
da tipificação das condutas, deixando, assim, de seguir as diretrizes implantadas por alguns países, como é o caso
de Portugal, que utiliza como referencial a quantidade de droga. Essa medida é necessária para evitar o

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encarceramento como traficantes pessoas que, pela quantidade de substância entorpecente encontrada em seu
poder, não é razoável que sejam consideradas como tal ou, então, ainda que caracterizada essa condição, não deve
ser punida, necessarimente, com a pena de prisão.
Em outra nota, passou da hora de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em cumprimento ao que
prescreve o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006), regulamentar, para fins
terapêuticos, o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais dos quais possam ser extraídas substâncias
definidas como drogas. Infelizmente, a Anvisa, ao disciplinar a matéria, permitiu apenas a importação do produto
industrializado, o que é caro e extremanente burocrático, levando pessoas que precisam do tratamento ou que
trabalham em entidades que se prestam a atender essas necessidades a praticar o crime de uso ou de tráfico de
substâncias entorpecentes. Como não fosse o bastante evitar que essas pessoas que necessitam do tratamento a
base de canabidiol ou outra substância entorpecente, mesmo com devida prescrição médica, sejam enquadradas
no crime de uso ou de tráfico de drogas, a regulamentação dessa prática urge igualmente porque a sua ausência
afasta a população mais carente do pleno acesso à saúde – art. 196 da Constituição (BRASIL, 1988). Ademais, inibe
o Brasil de desenvolver pesquisas nessa área, privando a comunidade científica de participar ativamente nesse
campo, sem falar que prejudica igualmente a economia do País, na medida em que fecha as portas de interessante
mercado de trabalho, impede a abertura de outro nicho para a atuação da indústria farmacêutica e, enfim, deixa
de fomentar a economia e a consequente geração de renda.
Outro dado extremamente preocupante, que segue sendo um incentivo à criminalidade, é a impunidade. Segundo
estimativas do Instituto Sou da Paz (2017), que apresentou dados para os estados do Pará, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Rondônia, São Paulo e Mato Grosso do Sul, a taxa de resolutividade de inquéritos policiais (que têm como
objeto a apuração de crimes de homicídio) foi, em média, de 20,7%. Cumpre esclarecer que se entende por
resolutividade o indiciamento de alguém como o possível autor do crime. Isso quer dizer que, a despeito da alta
letalidade, pelos mais diversos fatores, não há eficiência na apuração de crimes em que há morte.
Países como os Estados Unidos têm conseguido alto índice de eficiência na apuração de crimes de homicídio em
razão da utilização do exame de DNA (sigla de substâncias químicas envolvidas na transmissão de caracteres
hereditários). O que impressiona é que crimes insolúveis no passado – ocorridos nos anos 1970 até o início dos anos
2000 – estão sendo solucionados com o uso de exame de DNA (BBC NEWS, 2013). Este assunto será também
tratado especificamente no item Banco Nacional de Perfil Genético e Banco Nacional Multibiométrico.
Como isso é possível? Porque os americanos sabiam que um dia a tecnologia do exame de DNA seria desenvolvida
e revolucionária a investigação criminal, pelo que adotaram a estratégia de coletar e armazenar as evidências para
utilizar no futuro. Infelizmente, no nosso meio, mesmo estando essa nova tecnologia à disposição, ainda não existe
um banco de dados significativo nem há a difusão de protocolo para preservar as evidências e permitir a realização
com eficiência do exame quanto aos crimes que estão sendo praticados e investigados agora. O resultado disso é
que o método revolucionário de investigação de crimes de homicídio com base no exame de DNA não tem surtido
o efeito esperado no Brasil.
Para complicar ainda mais o quadro, recente pesquisa levada a efeito pelo CNJ (2019a), compreendendo 2015 a
2018, demonstra que os julgamentos pelo tribunal do júri precisam ser aprimorados. Como se nota pelos dados a
seguir, em alguns estados, sem embargo da cifra negra – ou seja, daqueles crimes que não chegam a ser levados
a julgamento simplesmente porque nos inquéritos policiais não se consegue, sequer, apontar alguém como o
possível responsável pelo delito –, a taxa de extinção de punibilidade é inaceitável, principalmente quando se
observa a situação do Rio Grande do Norte, em que dos 76% dos casos de extinção de punibilidade, 46% são devido
à morte dos agentes apontados como autores dos delitos.

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Gráfico 4. Desfecho das ações penais de competência do tribunal do júri julgadas entre 2015 e 2018, por tribunal

Fonte: Conselho Nacional de Justiça (2019a).

A constatação é de que aqueles que praticam crimes de homicídio, pelo menos em sua maioria, possuem mais
medo de morrer do que eventualmente de serem investigados, julgados ou presos. A pergunta que não quer calar
é a seguinte: o que é que justifica no Estado do Acre a taxa de extinção de punibilidade ser igual a 5%, e no de
Pernambuco alcançar a incrível cifra de 97%? Certamente isso tem uma explicação e, ao mesmo tempo em que
esses dados impactam e preocupam, eles mostram que se um estado consegue ter um índice tão baixo de casos
em que ocorre a extinção de punibilidade, outros também podem alcançar o mesmo índice.
Mas quem são as maiores vítimas dos crimes com resultado morte? Em compasso com o Atlas da Violência, a taxa
de homicídio de jovens – adotado como critério a faixa etária entre 15 a 29 anos – por grupo de 100 mil, é bastante
alta. Nos estados do Nordeste, que estão experimentando uma guerra entre facções criminosas na disputa pelo
monopólio do mercado das drogas, a taxa de homicídio de jovens é altíssima, conforme gráfico 5 (IPEA; FÓRUM
BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).

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Gráfico 5. Brasil: taxa de homicídios de jovens, por grupo de 100 mil, por UF (2017)

Fonte: IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2019).

Como se verifica, enquanto Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Acre, Sergipe, Bahia, Pará e
Amapá ficam acima de 100 (taxa) – o Rio de Janeiro apresenta taxa de homicídios de jovens igual a 92,6 –, a taxa
de São Paulo é de apenas 18,5. O que é que São Paulo tem ou faz de diferente para ter índice bem inferior?
Certamente a implementação de projetos como a Prevenção da Violência Doméstica e Familiar contra as mulheres
com a Estratégia de Saúde da Família (PVDESF, 2018), articulado inicialmente pelo município de São Paulo. O
mesmo cenário quase que se repete quando se analisa a violência praticada contra a mulher, fenômeno que
cresceu de forma preocupante nos últimos tempos (gráfico 6).

Gráfico 6. Taxa de homicídios por 100 mil mulheres nas UFs (2017)

Fonte: IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2019).

Não surpreende o fato de São Paulo apresentar a menor taxa de homicídio entre as mulheres vítimas. Os dados
dos gráficos 5 e 6 evidenciam os jovens, homens e mulheres como as maiores vítimas dos crimes de homicídio no
Brasil, trágico fenômeno que vem crescendo ano a ano. Conforme o Atlas da Violência, em 2017, no Brasil foram
assassinados 35.783 jovens. Essa situação é dramática, quando a morte prematura de jovens é sopesada com o

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índice de encarceramento que se concentra também nos jovens e com a constatação do envelhecimento da
população brasileira (IPEA e FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).
Todavia, os mesmos dados analisados demonstram que políticas certas, efetivamente, trazem resultados
concretos no sentido de reduzir a criminalidade, mediante ações preventivas. São Paulo, no Brasil, pelo menos
quando se observa os dados, merece ser citado como exemplo, assim como Nova York, nos Estados Unidos, e
Bogotá, na Colômbia. Em uma década, Nova York, com a adoção das políticas corretas, saiu da posição de uma
das cidades mais violentas do mundo, para um dos lugares mais seguros (LISSARDY, 2018).
Além dos dados do Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2019), conforme pesquisa do Instituto Igarapé
realizada a partir de dados coletados junto às secretárias de segurança dos estados, a taxa de homicídios no Brasil,
que apresentou um pico de crescimento em 2017, diminuiu em 2018. Fazendo uma análise tendo como linha de
tempo de 2015 ao ano de 2018, o estudo assinala que a maioria dos estados tem apresentado uma tendência na
diminuição dos homicídios, durante todo esse período de quatro anos (Tabela 1).

Tabela 1. Taxa de homicídios no Brasil por 100 mil habitantes, por estado, nos últimos 4 anos

Fonte: Instituto Igarapé (2019).

Ademais, Roraima e Tocantins seriam os únicos estados em que o número de homicídios no período de 2017 e
2018 teria aumentado. Em todos os outros estados da federação a taxa diminuiu. Em números absolutos, a
quantidade de homicídios no Brasil apresentou um declínio de 13% – baixando de 59 mil, em 2017, para 51 mil,
2018. Em nota técnica elaborada sobre esses dados, o Instituto Igarapé explicitou ainda, que há uma tendência de
queda mais acentuada da taxa de homicídios para o ano de 2019, mais precisamente em torno de 22%.

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No novo cenário observado há perspectiva alvissareira, haja vista que a Política Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social vem promovendo a cooperação e o compartilhamento de inteligência entre as polícias federal e
estaduais, com a implementação do Sistema Único de Segurança Pública – Susp.
Isso sem falar que, em linhas gerais, com a implementação dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional tem-se
verificado sensível melhora no sistema penitenciário estadual, embora muito ainda precise ser feito, a fim de que
se tenha melhor governança quanto à presença e atuação das organizações criminosas no interior dos presídios e
ao processo de ressocialização, especialmente mediante a oferta de mais trabalho, execução de programas
educacionais mais consistentes e melhor assistência social às famílias dos internos.
Em arremate, são sugeridas as seguintes diretrizes, estratégias e ações na área de prevenção – o que compreende
iniciativas para diminuir a impunidade – a serem desenvolvidas em harmonia pela União, estados, Distrito Federal
e municípios, nas três esferas de poder, com a participação e cooperação das pessoas no exercício da cidadania,
de modo coletivo ou individual:
- Criar fórum permanente e plural para sentar-se à mesa periodicamente e discutir as estratégias, as ações
desenvolvidas e os resultados obtidos referentes às políticas públicas adotadas para a redução da
violência. Sem prejuízo de reuniões mais amplas com a participação dos diversos atores mais diretamente
ligados às ações relacionadas à criminalidade, devem ser promovidos debates entre órgãos públicos e
entes privados conforme o tema a ser debatido, colhendo suas contribuições e fomentando suas
participações na diminuição da violência.
- Monitorar e avaliar as ações e os resultados, a partir da produção qualificada de relatórios e dados.
- Difundir a cultura da vida em paz e da responsabilidade de todos em propagar e defender a segurança
pública como bem jurídico inerente à dignidade da pessoa humana, por meio de propaganda massiva nos
meios de comunicação, seminários em escolas, empresas, órgãos públicos, conselhos comunitários,
associações de bairros etc.
- Atuar com base na identificação dos fatores da violência, concentrando estratégias em locais, grupos e
comportamentos de risco, notadamente em relação aos jovens e mulheres passíveis de violência
doméstica.
- Pautar a atuação com suporte em dados e evidências, produzidos em pesquisas qualificadas e confiáveis,
com atenção especial para as boas práticas existentes.
- Estimular e cooperar com pesquisas acadêmicas desenvolvidas no estudo do fenômeno da criminalidade,
aproveitando os dados para a atuação nessa área (este item será tratado na parte subsequente).
- Incentivar e participar da criação de cursos nas escolas da magistratura e do Ministério Público específicos
para o estudo de políticas criminais e de segurança pública.
- Especializar e qualificar equipes policiais em inteligência financeira, com criação de grupos
multidisciplinares, a fim de investigar crimes praticados por organizações criminosas e de lavagem de
dinheiro e corrupção.
- Identificar as organizações criminosas e estudar a regra de negócio do mercado da criminalidade em que
elas atuam.
- Instaurar procedimento investigatório específico para investigar cada uma das organizações criminosas,
priorizando a desconstrução financeira de suas estruturas como estratégia mais eficiente do que a
aplicação da pena de prisão.
- Alterar a Lei 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006), a fim de estabelecer critério objetivo para a distinção entre o
usuário e o traficante de drogas, afastando o subjetivismo dos operadores jurídicos quando da tipificação
das condutas.
- Cumprir o que determina o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006), a fim de que
seja regulamentado, exclusivamente para fins terapêuticos, o plantio, a cultura, a colheita e a exploração
de vegetais dos quais possam ser extraídas substâncias com este escopo.

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- Estabelecer estratégia para coletar perfil genético da população carcerária, para fins de formação de
banco de dados para a identificação da autoria em crimes praticados com violência (este item será tratado
também na parte subsequente deste Plano).
- Definir protocolo rígido para a preservação do local do crime, capacitando os policiais quanto à
preservação de vestígios para fins de exame de DNA.
- Mapear as manchas criminais, a fim de realizar patrulhamento estratégico, conforme os locais e horários
de maior risco para a ocorrência de crimes com violência e desenvolver ações públicas como incrementar
a iluminação, colocar câmeras de vigilância etc.
- Estruturar a adoção da política da despenalização, com incentivo e qualificação por meio de cursos das
escolas da magistratura e do Ministério Público quanto à implementação da transação, da suspensão
condicional do processo e do acordo de não persecução criminal, além da defesa da inclusão no sistema
nacional do plea bargain previsto no chamado Projeto Anticrime.
- Aprimorar a efetividade do funcionamento do tribunal do júri, tendo como uma das orientações o exemplo
dos Estados Unidos, em que mais de 90% dos crimes são resolvidos por meio de acordos. Isso não quer
dizer ser leniente com crimes graves, na medida em que, em consonância com dados divulgados no
documentário a 13ª. Emenda 8, mais de 97% da população carcerária estadunidense decorre dos acordos
criminais.
- Promover o cadastramento de organizações da sociedade civil e capacitá-las para a participação no
programa de cumprimento de medidas e penas alternativas (Lei nº 13.019, de 2014 – BRASIL, 2014a).
- Desenvolver sistema eletrônico de monitoramento do cumprimento de medidas e penas alternativas.
- Disseminar e fomentar política no sentido de os órgãos públicos da administração direta (do Legislativo,
Executivo, Judiciário e Ministério Público) e indireta efetuarem a contratação de presos nos termos do art.
28, § 2º, da Lei de Execução Penal, com a retenção entre 25% a 30% da remuneração paga para fins de
recolhimento ao fundo penitenciário do respectivo estado, aplicando a mesma estratégia em relação à
iniciativa privada.
- Reduzir a reincidência, por meio de melhor governança do sistema penitenciário, especialmente,
mediante a implementação de ações no sentido de promover o ensino, a integração dos presos com a
família e a oferta de trabalho (assunto este que será perscrutado na parte 5).
- Aprimorar a legislação criminal tendo como norte as diretrizes deste Plano Nacional de Política Criminal e
Penitenciária – PNPCP e do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social – PNSPDS.
- Criar mecanismos para promover estratégias e ações anteriores ao crime, mormente no tocante à
prevenção, visando a aprimorar a segurança das regiões fronteiriças brasileiras – afetadas pela
criminalidade peculiar ao território de fronteira, marcada pela entrada ilegal do contrabando e
descaminho, bem como pelo tráfico de drogas, acarretando o aumento da
- criminalidade e violência.

2. DIRETRIZES E MEDIDAS LOGO APÓS O CRIME E INVESTIGAÇÃO EFICIENTE NOS INQUÉRITOS


Esta parte trata das diretrizes e medidas logo após o crime e investigação eficiente nos inquéritos, salientando
primeiramente os aspectos relacionados à repressão e, posteriormente, a investigação eficiente nos inquéritos.
A repressão (no sentido da apuração ou persecução) ao crime atualmente é medida que se impõe, disputando pari
passu, em grau de importância, com a prevenção. Na verdade, se bem funcionassem as medidas preventivas ao
crime, pouco restaria para os órgãos que integram o Sistema de Segurança e Justiça fazerem no tocante à

8
A 13ª Emenda é uma produção norte-americana dirigida por Ava DuVernay e produzida por Spencer Averick, Howard
Barish e Ava DuVernay. Seu lançamento mundial se deu em 7 (sete) de outubro de 2016, pela rede de streaming Netflix.

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apuração dos ilícitos. Não obstante, como o ideal está bem distante do real, o fato é que, no modelo brasileiro
atual, a repressão tem sido a protagonista na Política de Segurança Pública e de Justiça Criminal do País.
Ao se deparar com a prática do fato criminoso, quer seja ele violento ou não, as autoridades policiais e seus
agentes, o representante do Ministério Público e o juiz, haverão de ser acionados, cada qual ao seu tempo, para
que, de forma interdependente, exercitem os seus misteres, quer seja investigando, denunciando ou julgando o
infrator.
Levando-se em consideração o nível da violência e da criminalidade vivenciadas no Brasil, no que pese o leve
declínio experimentado no número de homicídios recentemente – conforme Instituto Igarapé (2019) –, está
ocorrendo apenas uma pequena regressão da curva da criminalidade e da violência nacional, creditando-se a isto,
com certeza, um maior engajamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) junto aos estados
membros e ao Distrito Federal, por meio das suas políticas públicas, com ênfase àquelas que dialogam
diretamente com o enfrentamento do crime e das suas causas.
Desta forma, dentro do tema repressão, para que se possa avançar com maior velocidade nessa tão sonhada
redução da criminalidade e, principalmente, da violência que hoje alcança não somente os grandes conglomerados
urbanos, mas também as mais pequenas e remotas regiões do País, necessária se faz a adoção de medidas efetivas
e coordenadas, no sentido de qualificar os operadores do Sistema de Segurança e Justiça, assim como, os órgãos
onde atuam, de sorte a melhorar a performance da repressão e pelo menos inverter a escala de elucidação dos
crimes praticados, com a efetiva responsabilização penal dos seus autores. Levando-se em conta dados do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2019, p. 95), “enquanto
a taxa de elucidação de homicídios no País é desconhecida (porque sequer se computa), em alguns estados que se
conhece, esse índice é baixíssimo, algo em torno de 10% a 20%”. Quando se faz um recorte com o Reino Unido,
por exemplo, cuja taxa de elucidação é de 90% (UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME – UNODC,
2013), a conclusão é que se tem que avançar e muito no âmbito nacional.
Salvo raros cases de sucesso, no contexto da Polícia Federal a taxa de resolubilidade dos crimes apurados é de 73%.
Convém citar também o trabalho da Polícia Civil de Pernambuco, que apresenta uma taxa de resolubilidade de
homicídios na ordem de 54% frente aos inquéritos instaurados, conforme atesta o Núcleo de Gestão por
Resultados (NGR) da Secretaria de Defesa Social (GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2019).
Na mesma linha, frente à quantidade de ocorrências apuradas pela polícia, verifica-se um baixo índice de
denúncias oferecidas pelo Ministério Público e de julgamentos pelo Poder Judiciário, independentemente de haver
a condenação ou não do réu.
A experiência de campo salienta ainda que é pífio o nível de inter-relacionamento dos três pilares da repressão –
Polícia Judiciária/Ministério Público/Poder Judiciário, ressalvadas, logicamente, as proibições legais alcançadas
pela ética inerente a cada função, hoje tão em voga, em face dos criminosos vazamentos de diálogos entre
autoridades no âmbito da Operação Lava Jato (MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, 2019).
A bem da verdade, o tratamento eficiente ao crime só ocorre de forma mais eficaz quando esses três atores
trabalham de forma integrada, numa espécie de task force (força tarefa), tão bem aplicada há décadas pelo sistema
de investigação americano.
No afã de contribuir para o avanço qualitativo da repressão no País, mormente no que concerne ao enfrentamento
dos crimes violentos, organizações criminosas e corrupção, como pretende o novo governo sob o protagonismo
do MJSP, será necessário buscar experiências dentro e fora do Brasil. É fato que nos últimos 20 anos a legislação
penal e processual penal brasileira, calcada principalmente em Convenções e Acordos Internacionais, evoluiu
sobremaneira, tendo como principal protagonista a Colaboração Premiada, mais conhecida no meio policial e
jurídico como Delação Premiada, prevista com maior amplitude na Lei 12.850, de 2013, que define organização
criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal (BRASIL, 2013a).
Posto isto, procurando construir esse suporte para o avanço qualitativo da repressão, propõe-se a intensificação
dos itens a seguir descritos: interação e integração dos órgãos e atores do sistema de segurança e justiça;

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capacitação dos atores responsáveis pela repressão; qualificação e aparelhamento dos órgãos do sistema de
segurança e justiça; sistemas de informações criminais; bens e valores apreendidos, bloqueados ou confiscados;
condenação à prisão e penas; cumprimento dos mandados de prisão.

2.1 Interação e integração dos órgãos e atores do Sistema de Segurança e Justiça


Como primeira e essencial proposta para o aprimoramento da repressão ao crime, propõe-se que haja uma
conjunção de esforços tanto no aprimoramento da legislação como na vontade política por parte dos governos
nos três níveis (federal, estadual e municipal), para que realmente haja uma maior integração entre os atores e
órgãos que compõem o Sistema de Segurança e Justiça, especialmente no que diz respeito à Polícia Judiciária,
Ministério Público e Poder Judiciário. Com este desiderato, será qualificada a repressão, direcionando os esforços
para os três ramos da macrodelinquência e que vem sendo pauta do MJSP, quais sejam: crimes violentos,
organizações criminosas e corrupção.
Para se conseguir essa tão sonhada integração, necessário se faz haver um consertamento entre os dirigentes
principais dos órgãos supramencionados, envolvendo necessariamente, dentre outros, o presidente da República,
os governadores, o ministro da justiça, os secretários de segurança, o procurador geral da República, os
procuradores gerais de justiça, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), os presidentes dos tribunais de
justiça, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e respectivas escolas,
com o concurso também do parlamento. Essas autoridades devem constituir normativos internos e, se necessário,
leis, decretos e portarias, que regulamentem a forma de ação integrada dos três órgãos, sem ferir questões éticas
e suscetibilidades profissionais, respeitando-se o devido processo legal e a independência dos atores.
Diversas experiências vivenciadas mundo afora demonstram que, agindo de forma integrada, o trabalho desses
profissionais flui com maior rapidez e eficiência, alcançando-se o cerne da criminalidade organizada, representada
pelas suas nefastas lideranças.

2.2 Capacitação dos atores responsáveis pela repressão


No tocante à capacitação dos atores responsáveis pela repressão, como exemplo pode ser citado o que tem sido
historicamente feito no âmbito da Polícia Judiciária da União – a Polícia Federal brasileira, e mais recentemente
na Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do MJSP, com o advento do exitoso Programa
Fortalecimento das Polícias Judiciárias (PFPJ). Este Programa, levado a efeito pela Diretoria de Ensino e Pesquisa
da SENASP, visa a fortalecer as polícias judiciárias por intermédio da transmissão de experiências e
conhecimentos, tendo como objetivo primário fortalecer técnica e gerencialmente as polícias judiciárias,
auxiliando na promoção do seu amadurecimento institucional e na consolidação da sua autonomia funcional, e
como objetivo secundário apurar a capacidade investigativa e de resolução de crimes, com impacto positivo na
segurança pública. O programa estabeleceu 5 eixos principais, a saber: a) Macrocriminalidade Endógena; b) Crime
Organizado e Narcotráfico; c) Criminalidade Violenta; d) Corrupção Policial; e, e) Desenvolvimento Institucional.
Como se pode notar, este novo Programa que vem sendo difundido junto às polícias judiciárias estaduais está
perfeitamente sintonizado com os desideratos do MJSP no sentido de enfrentar a criminalidade organizada.
Na Polícia Federal, há pelo menos quatro décadas, a maior parte dos seus policiais que trabalham na parte
investigativa, portanto na instrução dos inquéritos policiais, além da formação profissional básica durante 180 dias
que recebem na Academia Nacional de Polícia (ANP), recebem também treinamento especial na própria ANP,
como também em agências estrangeiras, fruto de acordos de cooperação celebrados pelo Brasil com outros
países, a exemplo dos Estados Unidos, Israel, Canadá, Alemanha, dentre outros. Como exemplo atual desse
trabalho, pode-se citar o recém-criado Programa Academia Nacional de Polícia (PANP), fruto de uma parceria
entre o Departamento de Polícia Federal e a SENASP, voltada ao aprimoramento profissional e integração entre
policiais civis e militares dos estados.
Os treinamentos e capacitações ora sugeridos buscam incutir no profissional de investigação, quer seja ele policial,
procurador, promotor ou juiz, que o grande norte para uma repressão eficaz é investir na investigação focada na
inteligência, lançando-se mão dos institutos recém trazidos ao ordenamento jurídico, utilizados desde outrora

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pelos países desenvolvidos e que acompanham as normas internacionais, especialmente convenções da


Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo da Convenção contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e
Substâncias Psicotrópicas de 1988 e a Convenção contra o Crime Organizado de 2000, conhecida
internacionalmente como a Convenção de Palermo. Dentre os institutos concebidos pela legislação brasileira são
destacados:
a) Interceptação Telefônica, regulamentada pela Lei 9.296, de 1996 (BRASIL, 1996);
b) Agente infiltrado, trazido ao ordenamento pela Lei 11.343, de 2006 (BRASIL, 2006), e 12.850, de
2013 (BRASIL, 2013a);
c) Ação Controlada, preconizada na Lei 9.034, de 1995 (BRASIL, 1995a), e 12.850, de 2013 ASIL,
2013a);
d) Colaboração Premiada ou como é conhecida de delação premiada, constante em vários diplomas
legais, a exemplo das Leis 7.492, de 1986 (BRASIL, 1986), 8.072, de 1990 (BRASIL, 1990a), 8.137,
de 1990 (BRASIL, 1990b), 9.807, de 1999 (BRASIL, 1999), 9.613, de 1998 (BRASIL, 1998), 11.343,
de 2006 (BRASIL, 2006), 12.529, de 2011 (BRASIL, 2011), 12.850, de 2013 (BRASIL, 2013a); e,
e) Investigação financeira e fiscal.
Ainda como importante para uma investigação pautada em técnicas investigativas de vanguarda e que também
devem ser estudadas pelos operadores do sistema, citam-se:
a) Quebra do Sigilo Bancário;
b) Quebra do Sigilo Fiscal;
c) Quebra do Sigilo das Comunicações em Sistemas de Informática e Telemática; e,
d) Quebra de Sigilo Ambiental.
Voltando ao tema Inteligência Policial, louve-se a iniciativa do governo federal que, durante a nova reforma
administrativa, aprovada pela Lei 13.844, de 2019 (BRASIL, 2019c), ao fundir os Ministérios da Justiça e da
Segurança Pública (MJSP), ratificou a criação da Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), modernizando essa
importante área operacional ao transferir a Diretoria de Inteligência (DINT) da SENASP para essa nova Secretaria.
Com relação à DINT, mormente nessa nova fase, vai dialogar com todas as unidades de inteligência policial
federais e estaduais, transformando-se na Agência Central do Sistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP).
Espera-se com essa nova metodologia de trabalho que as informações policiais estratégicas, tão necessárias para
o suporte do trabalho de Polícia Judiciária, fluam com maior segurança, confiabilidade e rapidez, proporcionando
maior eficiência à instrução criminal.
Como medida objetiva com vistas à integração dos policiais que manejam a parte de inteligência das polícias
judiciárias, o Ministro da Justiça e da Segurança Pública fez a abertura solene (no dia 10.07.2019) da I Reunião de
Trabalho do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública. O evento ocorreu na sede do MJSP, no período de
10 a 12.07.2019, e teve como objetivo principal apresentar às autoridades federais e estaduais a nova metodologia
do trabalho de inteligência de segurança pública que doravante o governo federal, em cooperação com os estados,
pretende implementar.
Uma outra providência do novo governo, diz respeito à instalação da Rede de Centros Integrados de Inteligência
de Segurança Pública, um em cada região do País. Pelo menos 2 deles já estão em funcionamento, sendo um em
Fortaleza e o outro em Curitiba. Esses centros serão coordenados pela DINT e visam a efetuar um trabalho
integrado de inteligência policial contra o crime organizado.
No âmbito internacional, pode-se citar como precursor do trabalho cooperativo entre as nações, aquele
desenvolvido pelo United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC, 2019), que baseia as suas ações nas
convenções internacionais ligadas ao controle de drogas, crime organizado e terrorismo. Dos pilares que norteiam
o trabalho do UNODC, que mais tem sido utilizado pela segurança pública no Brasil, diz respeito à Assistência
Técnica, ou seja, esse escritório tem capacitado os estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU),

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dentre eles o Brasil, para que sejam capazes de oferecer respostas eficazes em questões que digam respeito à
criminalidade transnacional.

2.3 Qualificação e aparelhamento dos órgãos do Sistema de Segurança e Justiça


Para que o operador treinado e qualificado na arte de investigar crimes tenha sucesso, necessário se faz que o
órgão ao qual esteja vinculado, invista em: a) ambiente de trabalho saudável à luz da legislação trabalhista; b)
equipamentos de ponta sintonizados com a evolução tecnológica; c) meios materiais eficazes como, por exemplo,
viaturas modernas e seguras, armamento com calibres compatíveis com o grau de enfrentamento; e, d) recursos
financeiros de rápida alocação.
Outro fator preponderante diz respeito às comunicações tanto para reforçar a capacidade de acompanhamento
das investigações, como também visando a aplacar o poder de coalização dos agentes criminosos e dos recursos
materiais por eles utilizados. Nesse ponto, apresentamse como grandes aliados do investigador: a) vídeo de
monitoramento comum e com reconhecimento facial; b) laboratório multibiométrico e de impressões digitais; c)
laboratório de perfis balísticos; d) banco de dados de perfis genéticos. Esses equipamentos são utilizados pelo
Federal Bureau of Investigation (FBI) há décadas, proporcionando rapidez, segurança e eficácia às investigações,
mormente nos casos em que a infração deixa vestígios. Neste particular, o Pacote Anticrime apresentado ao
Congresso Nacional recentemente traz avanços significativos, adequando a legislação processual penal e
extravagante a esses tipos de modernidades (BRASIL, 2019a).

2.4 Sistemas de informações criminais


Um grande empecilho enfrentado pelos operadores da investigação policial diz respeito à dificuldade em pesquisar
e confirmar dados dos investigados em tempo hábil, bem como o compartilhamento dessas informações entre os
órgãos, não somente os congêneres da área de segurança e justiça, mas também com aqueles que dão o suporte
necessário nos grandes casos, a exemplo da Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(COAF), Controladoria-Geral da União (CGU) etc. A rápida interação desses órgãos depende de sistemas
informatizados que sejam interoperáveis. É certo que se avança razoavelmente bem neste campo, com o advento
e ajustes feitos em bancos de dados federais e estaduais como é o caso do Sistema Nacional de Informações
Penitenciárias (SISDEPEN), Sistema Eletrônico de Execução Unificada (SEEU), Sistema Nacional de Informações
Criminais (SINIC), Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP), Banco Nacional de
Monitoramento de Prisões (BNMP), dentre outros. A grande solução que se apresenta será promover a
interoperabilidade desses bancos, providenciando-se níveis de acessos por meio de senhas e garantindo-se a
comunicação entre eles, enquanto não se evolui para um banco único a ser compartilhado por todos os órgãos que
trabalham na repressão ao crime – sobre isto, ver: Brasil (2019a).

2.5 Bens e valores apreendidos, bloqueados ou confiscados


A perseguição aos bens e valores tidos como proventos da infração ou utilizados para a sua prática, em
determinados momentos é mais importante ou até proporciona maiores resultados práticos que a própria
condenação e prisão do infrator. Desta forma, tem o investigador que deve ser o Delegado de Polícia e, por vezes,
o próprio representante do Ministério Público, seguir bens e valores utilizados na prática do crime ou obtidos como
proventos dele, a exemplo da corrupção, roubo, lavagem de dinheiro, homicídios mediante “paga” etc.
Com as benesses da legislação penal brasileira e, principalmente, a processual penal, notadamente no quantum e
pouco rigor das penas aplicadas, que servem muitas vezes de estímulo à prática criminosa e de impunidade, o
grande impacto que o Estado causa ao agente criminoso é confiscar o dinheiro e os bens. Esse trabalho é difícil em
face da simulação e ocultação que fazem os infratores, necessitando, em muitos casos, de cooperação
internacional, haja vista contas bancárias que são abertas em paraísos fiscais com o apoio de empresas de fachadas
e doleiros.
Neste particular, além do trabalho integrado dos operadores da investigação, dos seus respectivos órgãos e
parceiros, necessária se faz a criação de unidades estaduais e, pelo menos uma em âmbito nacional, destinadas a

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administrar e zelar pelos bens e valores apreendidos. Tem-se visto na prática e a mídia tem tornado pública a
deterioração desses bens, alguns de grande valor econômico como aeronaves, veículos automotores,
embarcações etc. Nessa linha, bem-vinda foi a Medida Provisória 885, de 17.06.19, remetida ao Congresso
Nacional para debate e aprovação (BRASIL, 2019b). Tal normativo objetiva facilitar e acelerar os leilões dos bens
apreendidos em ações penais, assim como utilizá-los in natura, pelos órgãos de segurança pública. Quanto mais
célere for o processo de alienação, menos desvalorizados irão os bens à hasta pública.
Com relação aos valores bloqueados durante a instrução do processo criminal e posteriormente perdidos por
ordem judicial, com ênfase aos repatriados, propõe-se que se inclua no rol dos beneficiários da destinação desses
valores os órgãos integrantes do Sistema de Segurança e Justiça, especialmente as polícias e o sistema prisional,
por figurarem como mais carentes, com restrições orçamentárias e precisarem com urgência serem
reestruturados em prol do combate ao crime. A visão capitalista da repressão é medida que se impõe no
direcionamento do modus operandi dos investigadores. É necessário concentrar esforços na elucidação dos crimes,
mas, também, na busca dos proventos da infração, ou seja, usando os lucros auferidos com o crime contra os
próprios agentes criminosos.

2.6 Condenação à prisão e penas


Todo o trabalho do aparelho repressivo visa a provar a existência do crime e a sua autoria para que haja a efetiva
condenação dos envolvidos na prática dos ilícitos. Desta forma, ineficiente, portanto, todo o trabalho da polícia e
do Ministério Público, se o processo parar no Judiciário sem julgamento ou alcançado pela prescrição em face do
lapso temporal decorrido desde a ocorrência do delito.
Assim, quando se fala em trabalho integrado, veja-se o exemplo da Operação Lava Jato (MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL, 2019), na qual poderosos agentes criminosos
integrantes dos mais altos escalões do poder público e de conglomerados empresariais estão sendo condenados
em tempo recorde9, quando se leva em conta a média de tempo de tramitação de um processo crime normal,
desde a instauração do inquérito policial, inclusive daqueles iniciados por auto de prisão em flagrante, que
dificilmente são concluídos com o autor do crime preso.
Como medida que tem como escopo diminuir o lapso temporal entre a prática do crime e a condenação do réu
com trânsito em julgado, mesmo que provisoriamente, afigura-se a execução da pena após o julgamento em
segunda instância. Esse entendimento foi referendado por maioria dos ministros do STF, porém, vem sendo
atacado por significativa parte dos integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por alguns ministros
do STF que foram voto vencido no último julgamento ocorrido em fevereiro de 2016, quando a Corte decidiu por
7 votos pró e 4 contra que a execução da pena após a condenação em segunda instância deve ser feita. Esse tema,
em face da prisão de um dos principais condenados da Operação Lava Jato, ocorrida no dia 07.04.2018, por ter sua
condenação referendada e até majorada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tem sido assunto em pauta
no mundo jurídico e midiático, inclusive pode ser julgado até o final deste ano naquele tribunal um novo habeas
corpus do expresidente questionando a validade do julgamento de 2016. Com propósito de tornar passivo o
entendimento, foi apresentado o Pacote Anticrime com a proposta de alteração do art. 105 da Lei 7.210, de 1984
(BRASIL, 1984), que sacramenta a possibilidade da execução da pena quando referendada em segunda instância
(BRASIL, 2019a).
Portanto, a célere conclusão do processo crime com a efetiva condenação do réu, mesmo que a pena não seja
privativa de liberdade, é medida que vai ao encontro do fim da impunidade, que, infelizmente ainda graça no
Brasil.

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“[...] de 2014 a novembro de 2018, 45 ações penais da operação foram julgadas no Paraná. Em média, elas levaram um
pouco mais de 11 meses e meio desde que a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) fosse aceita pela Justiça até que
uma condenação ou absolvição fosse definida na 1ª instância” (KONCHINSKI, 2019, p.1).

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Esta proposta, de forma alguma contraria os adeptos do não encarceramento, pois, como dito aqui em várias
oportunidades, a tônica é a repressão aos crimes de maior potencial ofensivo.

2.7 Cumprimento dos mandados de prisão


Não são poucos os casos que, quando tudo corre dentro dos padrões processuais, com indiciamento, denúncia,
julgamento e condenação do réu a pena restritiva de liberdade, o respectivo mandado de prisão expedido fica
literalmente engavetado nas Delegacias de Captura dos estados e até mesmo na Polícia Federal quando se trata
de crimes federais ou por ela apurados. Nestes casos, o normal é aguardar o condenado voltar a delinquir e ser
preso em flagrante, para se cumprir o mandado de prisão por condenação já expedido.
A proposta é aparelhar o Sistema de Segurança e Justiça com unidades operacionais e policiais treinados, de sorte
que o réu condenado ou que contra ele exista um mandado de prisão que pode ser também, temporária ou
preventiva, seja efetivamente preso e recolhido ao cárcere. Para isto, as chamadas Delegacias de Capturas devem
ser vistas como de suma importância para o enfrentamento da impunidade e transformadas em Unidades
Especiais, com efetivo policial devidamente treinado para que, mediante investigação séria e focada, cumpram os
360.336 mandados de prisão em aberto, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, baseado no Banco
Nacional de Mandados de Prisão (CNJ, 2018a). Contudo, há controvérsia se todos os mandados expedidos figuram
nesse banco, levando a concluir que o número de mandados em aberto pode ser ainda maior. Neste particular,
visando ao aprimoramento da capacidade de captura do Estado, propõe-se que, em âmbito nacional, seja criada
uma unidade especial que passe a coordenar o efetivo cumprimento dos mandados de prisão em aberto e até
organize operações nacionais em parceria com as Secretarias de Segurança Pública e com as Polícias Federais.
Essa futura unidade coordenadora, em razão da natureza das competências que lhe serão atribuídas, poderia
perfeitamente fazer parte da estrutura da SEOPI/MJSP, como uma Coordenação Geral ou Diretoria, capaz de
orientar e apoiar materialmente e com efetivo policial especializado as congêneres estaduais.
Não há algo mais frustrante para os operadores da investigação que ver, após cumprir todas as etapas do processo,
buscando provas para instruir bem o inquérito, indiciar formalmente o autor do crime, debruçar-se sobre uma
denúncia de forma a fazê-la não ser considerada inepta, cumprir todo o rito de um processo crime, culminando
por condenar o réu, enfrentar toda sorte de recursos processuais, para ao final ver que uma condenação, transitada
em julgado, com mandado de prisão expedido, não ter o seu último ciclo concluído que é o cumprimento do
mandado e o efetivo recolhimento do réu ao cárcere, por conta do desaparelhamento estatal no tocante à
inexistência de um sistema eficiente de capturas.
Ademais, em um ambiente de escassez, qual é a prioridade da polícia para cumprir um ou outro?
Por fim, essa unidade especializada em captura também poderia se ocupar de realizar investigações para localizar
acusados não localizados para fins de citação e que, por causa dessa situação, ocasionam a suspensão do processo
por força do art. 366 do Código de Processo Penal.

2.8 Investigação eficiente nos inquéritos


Esta parte trata da investigação eficiente nos inquéritos ressaltando, além dessa introdução, os seguintes itens:
investigação criminal, Banco Nacional de Perfil Genético e Banco Nacional Multibiométrico; interceptação
telefônica; agente infiltrado; informante do bem ou whistleblower; organização criminosa; homicídios; violência
doméstica e familiar contra a mulher; sonegação fiscal; aprimoramento das polícias técnico-científicas.
Não há como pensar em um sistema penal e penitenciário justo sem que a fase de investigação penal, primeiro
passo da persecução penal, funcione de forma célere e eficiente.
Como breve introdução, é necessário apontar os alarmantes números da violência no Brasil, em suas diversas
vertentes, bem como a baixa produtividade no que diz respeito à elucidação de delitos [conforme metodologia
proposta pelo Instituto Sou da Paz (2017), ainda que se reconheça que os dados usados para sua confecção sejam
incompletos].
O Atlas da Violência de 2019 apontou que o Brasil registrou 65.602 homicídios em 2017, com taxa de 31,6 mortes
para cada 100 mil habitantes; em 2007, o número era inferior a 50.000, o que demonstra a escalada havida em uma

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década (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA


PÚBLICA, 2019).
Apenas em relação à população feminina, houve 4.936 mulheres mortas em 2017, média de cerca de 13
assassinatos por dia, o maior número desde 2007 (IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).
No que diz respeito às outras formas de violência, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicou o registro de
61.032 estupros, 221.238 ocorrências de violência doméstica contra a mulher, 2.460 latrocínios e 1.703.872 roubos,
em suas diversas modalidades (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2018).
Quanto à taxa de resolutividade, o Indicador Nacional de Esclarecimento de Homicídios no Brasil em 2017
(INSTITUTO SOU DA PAZ, 2017), que compilou dados dos estados do Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Rondônia, São Paulo e Mato Grosso do Sul, apontou a média de 20,7% de casos esclarecidos, com o ponto baixo
no Pará (4,3% de esclarecimentos) e o ponto alto no Mato Grosso do Sul (55,2% de êxito).
Conforme destacado no Atlas da Violência de 2019, “a criminalidade violenta constitui um grande problema
econômico” (IPEA; FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019, p. 12); a estimativa apresentada é de
que os gastos tangíveis e intangíveis com a violência no Brasil apontam, no limite inferior, “algo equivalente a 5,9%
do PIB, desperdiçado a cada ano, em face da violência no País”, o que equivale a cerca de 373 bilhões de reais.
Destacando números específicos do Estado de São Paulo, facilmente obteníveis na rede mundial de computadores
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2019a), pode-se ver que em 2018 foram instaurados 370.266 inquéritos
policiais e lavrados 106.535 autos de prisão em flagrante. Trata-se de números excessivos, a demonstrar a
necessidade de que se repense a investigação policial. Insistir no mesmo modelo divisado em 1941 quando da
edição do Código de Processo Penal, ainda que com as mudanças sofridas ao longo de quase cinco décadas de
existência, é caminhar para o fracasso.
Crimes econômicos, tributários e de lavagem de dinheiro merecem atenção específica, uma vez que seu resultado
atinge severamente o Estado, dado seu impacto nas finanças públicas.
Organizações criminosas cada vez mais complexas e sofisticadas devem ser combatidas com o uso de inteligência
e de recursos tecnológicos de ponta, sob pena de a atuação do Estado ser inócua. Grande atenção é dedicada a
esse ponto, preocupação que perpassa todo o Plano Nacional de Segurança Pública – PNSP (MINISTÉRIO DA
SEGURANÇA PÚBLICA, 2018) e as propostas legislativas apresentadas nos PL 10.372/2018 (BRASIL, 2018b) e PL
882/2019 (2019a), atualmente em debate.
Necessário ressaltar, por sinal, que boa parte das propostas aqui apresentadas foi retirada de tais documentos –
PNSP e projetos de lei anticrime já em análise no Parlamento – que, se aprovadas e efetivamente implantadas,
trarão enormes benefícios ao País.
Neste contexto, busca-se trazer soluções que, por meio de investimentos em pessoal e tecnologia, bem como em
modificações legislativas, possam levar a investigações céleres e eficientes, que aparelhem melhor o Ministério
Público para o exercício da ação penal, com o objetivo de que o processo e o julgamento dos crimes também sejam
mais efetivos e rápidos e que a punição dos culpados ocorra de forma justa, com observância de todos os princípios
constitucionais que regem o devido processo legal.
Abrangem-se, também, iniciativas e ações que já são adotadas com sucesso por alguns órgãos públicos e que, se
replicadas em âmbito nacional, certamente darão ainda maior resultado.
Evidentemente, todas essas medidas e propostas devem sempre ser adotadas com absoluto respeito ao papel do
defensor, observando-se suas prerrogativas, emanadas pela Lei 8.906, de 1994 (BRASIL, 1994a).

2.9 Investigação criminal


Para fortalecer a investigação criminal, de forma geral, é necessário investir em inteligência, sistemas de
informação, integração e em capacitação das forças policiais. Não só, também é necessário que se possa
estabelecer prioridades quanto aos delitos a serem investigados, evitando a dispersão de recursos do Estado, que
são finitos, em detrimento da eficiência e da produtividade na apuração de delitos graves.

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É necessário, por exemplo, investir em sistemas informatizados, bancos de dados, integração de informações de
inteligência, aumento de capacidade de rastreamento de armas de fogo, entre outras medidas.
A formação dos policiais e sua contínua capacitação, por meio de formulação de matriz nacional única, o
desenvolvimento de protocolos nacionais de investigação, a ampliação da utilização das ferramentas tecnológicas
de análise e inteligência, o compartilhamento de informações e o estabelecimento de sistemas de monitoramento
quanto à eficácia dos trabalhos de investigação são medidas essenciais.
De outro lado, fortalecer corregedorias e órgãos de controle, tanto para evitar desvios quanto para que, uma vez
constatados, favorecer sua investigação, também é medida que favorece o aumento da eficiência na elucidação
de crimes. No Plano Nacional de Segurança Pública (MINISTÉRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2018) já há
detalhamento de diversas ações que podem melhorar os resultados dos trabalhos de Polícia Judiciária de maneira
geral, devendo ser incorporadas a outras ideias constantes do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária,
como:
- Fortalecer a capacidade investigativa das Polícias Civis, investindo em capacitação e investigação criminal.
- Fixar protocolos comuns de ação entre as instituições de segurança pública e justiça criminal.
- Estabelecer sistemas de metas e monitoramento da eficiência da atividade
- investigativa.
- Desonerar a Justiça em relação aos delitos de menor potencial ofensivo.
- Fomentar a adoção de novos procedimentos investigativos, análise sistêmica da dinâmica criminal e
intercâmbio de informações entre instituições de segurança pública na União, nos estados e no Distrito
Federal, priorizando o enfrentamento das organizações criminosas e evitando a instauração de
procedimentos de baixa efetividade.
- Fomentar o trabalho investigativo, de inteligência e de cooperação, com foco nos crimes patrimoniais de
grande porte, como os praticados contra instituições financeiras e empresas de transporte de valores.
- Elaborar diploma de uniformização de procedimentos de Polícia Judiciária.
- Padronizar em âmbito nacional os principais tópicos de registros de ocorrências e informatização de todos
os dados, com atualização constante dos locais com maior incidência criminal.
- Compartilhamento entre as forças de segurança, via Centros Integrados de Comando e Controle (CICC),
de informações obtidas pelo Disque-denúncia.10
- Fomentar a utilização de ferramentas tecnológicas de investigação e a análise de dados, com a criação de
banco nacional de informações.
- Implantar Núcleos de Inteligência Policial (NIPO) nos 26 estados e no Distrito Federal, com participação
conjunta dos setores de inteligência das polícias federal, rodoviária federal, civil e militar, Ministério
Público e do sistema penitenciário.
- Criar o Departamento Nacional de Polícia Judiciária e Perícias na Secretaria Nacional de Segurança Pública
(SENASP) para colaboração sistêmica no âmbito de inteligência policial, integração de dados e
informações, capacitação profissional e cooperação com os estados nas investigações criminais de
homicídios e feminicídios dolosos.
- Fomentar produção periódica e padronizada de informações e dados sobre segurança e justiça.
- Apoiar técnica e financeiramente as unidades federadas na implantação de sistemas informatizados.

10
Sobre o disque-denúncia cabe citar a iniciativa do Instituto MOVRIO, uma organização da sociedade civil focada nas
agendas da segurança e justiça, que procura mobilizar a população no combate ao crime e violência no Estado do Rio de
Janeiro, objetivando criar um ambiente mais seguro mediante exercício da cidadania e de integração entre a população e
as autoridades ligadas, direta e indiretamente, com a questão da segurança pública (INSTITUTO MOVRIO, 2019; DISQUE
DENÚNCIA, 2019).

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- Capacitar profissionais de segurança e do sistema penitenciário em metodologias de gestão e utilização


de sistemas de informação.
- Modernizar e integrar os sistemas federais de armas de fogo, assegurando a atualização periódica de seu
conteúdo.
- Desenvolver parcerias com agências internacionais de controle de armas de fogo.
- Capacitar profissionais de segurança pública para identificação e rastreamento de armas de fogo e
munição.
- Desenvolver materiais de referência para ações de investigação e inteligência que envolvam armas de fogo
e munições.
- Aprimorar os mecanismos de controle e prestação de contas da atividade policial, fortalecendo as
corregedorias de polícia, das guardas municipais e do sistema penitenciário, dotando-as dos
equipamentos necessários ao seu funcionamento e capacitando seu corpo de profissionais, bem como
assegurando que elas tenham e exerçam a atribuição de apuração de ilícitos em todo o território da
unidade federativa.
- Quanto ao combate ao tráfico de drogas, organizar os dados e informações das ocorrências para eleger
prioridades e pessoas envolvidas na investigação e, a partir de então, para além de demonstrar o
envolvimento de chefes na organização do tráfico de drogas, desenvolver investigação para identificar
poderio financeiro e patrimonial de tais pessoas, promovendo o sequestro dos bens e, posteriormente, o
confisco.
- Na prevenção e investigação dos casos de lavagem de dinheiro, cobrar dos órgãos reguladores o envio de
informações regulares das pessoas físicas jurídicas obrigadas a informar ao Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (COAF) sobre operações financeiras atípicas, nos termos dos artigos 9º e 10º da Lei
nº 9.613, de1998 (BRASIL, 1998).
- Quanto aos crimes contra a administração pública, supervisionar o funcionamento e fortalecer os órgãos
de controle internos das administrações públicas, conferindo-lhe a independência orgânica, inclusive para
a aplicação da Lei nº 12.846, de 2013 (BRASIL, 2013c).
- Também para a investigação dos crimes contra a administração pública, promover a integração entre as
instituições que detêm atribuições de fiscalização, controle e apuração de ilícitos na administração pública,
notadamente para compartilhamento de seus bancos de dados e sistemas de análises.
- Desenvolver indicadores de risco de irregularidades nas contratações públicas e monitoramento dos
setores mais sensíveis em certames, juntamente com o setor de inteligência dos tribunais de contas, com
a finalidade preventiva e repressiva, inclusive no eixo da improbidade administrativa.
- Combater os crimes de roubo de cargas em rodovias, por meio do monitoramento das ocorrências e
identificação das principais localidades visadas para a prática criminosa; identificação dos tipos de
produtos visados nas subtrações; e planejamento com a Secretaria da Fazenda Estadual para identificar
uso de notas fiscais frias para responsabilidade criminal e fiscal do receptador.
- Na prevenção e combate ao crime, priorizar estratégia que alcance não só as áreas urbanas como a área
rural (SCORZAFAVE et al., 2015) – sobre isto ver Projeto de Lei 365, de 2019 (BRASIL, 2019e).
- No que diz respeito aos crimes cometidos no ambiente cibernético, fomentar o treinamento e a
capacitação dos agentes policiais para atender ocorrências envolvendo crime eletrônico ou mesmo crimes
com evidências digitais que devam ser preservadas.
- Também na investigação de crimes cibernéticos, fomentar a alteração do artigo 10 e seus parágrafos da
Lei nº 12.965, de 2014 (Marco Civil da Internet – BRASIL, 2014b), permitindo que a autoridade policial e o
Ministério Público requisitem diretamente dos provedores de aplicação os dados cadastrais/histórico de
IP em suas investigações. A exigência de autorização judicial para obtenção dos dados em questão
burocratiza o andamento das investigações criminais, especialmente na medida em que é necessário

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ressaltar que eles não violam a intimidade, uma vez que implicam conhecimento do conteúdo das
comunicações, mas meramente dos aspectos formais relativos aos dados de usuário e histórico de
acessos. Sobre este respeito, veja-se que o próprio Marco Civil da Internet, no art. 5º, VIII, deixa claro que
os registros de acesso a aplicações de internet compreendem somente “o conjunto de informações
referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de um determinado
endereço IP” (BRASIL, 2014b), a demonstrar que a requisição de tais dados diretamente pela autoridade
policial ou pelo membro do Ministério Público não violaria o sigilo das comunicações.
- Fomentar a obrigatoriedade de manutenção dos dados de porta lógica de acesso de usuários pelos
provedores de conexão e provedores de aplicação. Trata-se de informação que consta no protocolo de
TCP/IP, mas que não é salva, atualmente, pelos provedores. No Brasil, ainda não se utiliza a tecnologia de
IPv6, mas a tecnologia IPv4. Diante das limitações de tal versão anterior, quanto ao número de usuários
suportados, desenvolveu-se solução paliativa conhecida como IPs “nateados” (endereços de IP únicos,
desdobrados pelo uso do protocolo CG-NAT 44). Com isso, é possível que um mesmo endereço de IP seja
utilizado simultaneamente por diversas pessoas e, em tais casos, a única forma de atribuição da identidade
do autor do crime é o registro da porta lógica de acesso. Ocorre que os provedores de conexão e de
aplicação não salvam automaticamente tais dados em seus sistemas e, não raramente, investigações
criminais relativas a crimes cibernéticos não chegam a bom termo em razão da impossibilidade de
desvendar a autoria delitiva (STJ, 2017).
- Fomentar a necessidade de preservação, pelos provedores de conexão e de aplicação, dos dados de MAC
Address (endereço físico, da placa de rede de determinada máquina), o que também possibilita a
identificação de autores de delitos, no caso de utilização de um mesmo endereço de IP por diversos
usuários simultaneamente.

2.10 Banco Nacional de Perfil Genético e Banco Nacional Multibiométrico


As propostas, em parte, já constam do Projeto de Lei nº 882, de 2019, denominado Pacote Anticrime, atualmente
em tramitação no Congresso Nacional, mas não se limitam ao que se encontra consubstanciado em tal projeto
(BRASIL, 2019a). São elas:
- Alteração da Lei nº 7.210, de 1984 – Lei de Execução Penal (BRASIL, 1984), para permitir a identificação
do perfil genético, mediante extração de DNA dos condenados por crimes dolosos.
- Alteração da Lei nº 12.037, de 2009 (BRASIL, 2009), para prever as regras de exclusão dos perfis genéticos
dos bancos de dados, bem como a criação do Banco Nacional de Perfil Multibiométrico e de Impressões
Digitais.
- Alteração do artigo 5º da Lei nº 12.037, de 2009 (BRASIL, 2009), para prever que a identificação criminal
poderá incluir não apenas o processo datiloscópico e o fotográfico, mas também a coleta de material
genético e a identificação multibiométrica.
- Incentivar a expansão e a alimentação do Banco Nacional de Perfil Genético (BNPG);
- Fomentar a conclusão da interligação do BNPG com a ferramenta de geoespacialização Inteligeo.
- Apoiar o Projeto de Processamento de Backlog de Vestígios de Crimes Sexuais.
O avanço proposto em relação ao Projeto de Lei nº 882, de 2019 (BRASIL, 2019a) busca aperfeiçoar a identificação
criminal, para tornar mais seguro o processo de determinação da identidade do suspeito em relação a quem haja
dúvida quanto à identificação civil.
Os meios modernos, pouco invasivos e que apresentam muito maior segurança no que diz respeito à
individualização das pessoas são amplamente adotados na iniciativa privada. Sua adoção na seara da investigação
criminal poderá auxiliar a reduzir os casos de identificação errada de indivíduos, que pode levar ao processo,
condenação e prisão de inocentes.
Além disso, a manutenção do banco de dados em questão, sob controle judicial e compartilhável em caso de
necessidade, tem o condão de aumentar a eficiência de investigações policiais por meio do cotejo do material

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genético ou multibiométrico de suspeitos, com o que se dará muito maior segurança ao titular da ação penal para
agir.
Quanto ao BNPG, é necessário reconhecer o avanço havido desde a criação da Rede Integrada de Bancos de Perfis
Genéticos (RIBPG), instituída pelo Decreto nº 7.950, de 2013 (BRASIL, 2013b). A coleta dos perfis genéticos dá-se
por meio de vestígios de locais de crimes e do cadastro de indivíduos criminalmente identificados (condenados
por crimes hediondos ou por crime doloso e violento contra a pessoa, ou ainda por meio de autorização judicial
em outros casos).
Os perfis armazenados são regularmente comparados em busca de coincidências que permitam relacionar
suspeitos a locais de crime ou diferentes locais de crime entre si.
Os dados também têm grande valor na identificação de pessoas desaparecidas.
O relatório semestral do RIBPG publicado em maio de 2019 indica a existência de cerca de 137.600 condenados
presos que, nos termos da Lei nº 12.654, de 2012 (BRASIL, 2012), necessariamente, deveriam ser identificados
pelo perfil genético (COMITÊ GESTOR DA REDE INTEGRADA DE BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS, 2019).
A expansão do BNPG, com sua interligação à ferramenta de geoespacialização Inteligeo, da Polícia Federal,
encontra-se em andamento, para a formação do SInDNA (COMITÊ GESTOR DA REDE INTEGRADA DE BANCOS
DE PERFIS GENÉTICOS, 2019), prevista para o ano de 2020.
O avanço poderá resultar em maior eficácia nas investigações criminais e deve ser parte da política criminal a ser
desenvolvida nos próximos anos na busca de um sistema moderno e eficiente que permita o bom desempenho
dos trabalhos de Polícia Judiciária (COMITÊ GESTOR DA REDE INTEGRADA DE BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS,
2019).
A importância em se investir nesse tipo de ação pode ser demonstrada com dados.
Segundo o perito criminal do Federal Bureau of Investigation (FBI), Douglas Hares, responsável pela guarda dos
perfis genéticos inseridos no sistema dos Estados Unidos, o país conta com cerca de 16.000.000 de perfis no banco
de dados e, desde 1998, quando ele foi criado, mais de 385.000 investigações criminais já foram auxiliadas com o
uso da ferramenta. Ainda de acordo com as informações prestadas por ele, nos EUA um aumento de 10% do banco
de dados leva a uma redução de 5,2% dos homicídios e 5,5% dos estupros. Economicamente falando, nos EUA, o
custo para evitar um crime violento por meio do aumento do policiamento é de cerca de US$ 27.600.00;
aumentando as penas, o custo cai para US$ 7.600,00; alimentando o banco de dados de DNA, ele é de apenas US$
364,00.11
No Brasil, segundo os dados do X Relatório do RIBPG, já houve 545 coincidências confirmadas na esfera criminal,
e 559 investigações avançaram a partir do uso do banco de perfis genéticos (COMITÊ GESTOR DA REDE
INTEGRADA DE BANCOS DE PERFIS GENÉTICOS, 2019).
Vale ressaltar que, apesar dos esforços recentes, há no Brasil cerca de 18.000 perfis cadastrados, contra mais de
16.000.000 nos Estados Unidos.
Em resumo, além de mais eficiente, o meio proposto é muito mais barato do que os demais.
Também é necessário incentivar o Projeto de Processamento de Backlog de Vestígios de Crimes Sexuais, que já
está em andamento desde 2018 (Portaria RIBPG nº 09/18), com a finalidade de realizar o processamento de
vestígios pendentes, dentre eles amostras de crimes sexuais.
De outro lado, a criação do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais e, quando possível, de íris,
face e voz, mostra-se pertinente porque, em primeiro lugar, aumenta a segurança da identificação da pessoa
investigada, evitando acusações que recaiam sobre pessoa errada e aumentando as chances de sucesso na
elucidação da autoria de crimes. Além disso, por se tratar de banco de caráter nacional, tem o condão de evitar

11
Os dados foram obtidos no Curso Específico de Aperfeiçoamento - Cadeia de Custódia, ministrado por Celso Perioli em
2019 na Academia da Polícia Civil (ACADEPOL) em São Paulo. Nele, o eminente perito cita os dados fornecidos por Hares
(2018); cita também os estudos de Doleac (2011).

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fato que atualmente é bastante comum, qual seja, a existência de registros de identificação em diversos estados,
favorecendo a impunidade.

2.11 Interceptação telefônica


A proposta é de aprovação do PL nº 882/2019, no que diz respeito ao alargamento da possibilidade de
interceptação telefônica, tal qual proposto (BRASIL, 2019a).
A alteração proposta em referido Projeto de Lei alarga as possibilidades de incidência de interceptação de
comunicações em sistemas de informática e telemática, por qualquer meio tecnológico disponível, com a
faculdade de apreensão do conteúdo de mensagens e arquivos armazenados em caixas postais eletrônicas.
É mister modernizar a investigação por meio da interceptação de comunicações, uma vez que grande parte das
informações necessárias ao sucesso da persecução penal se traduz em arquivos eletrônicos. O avanço tecnológico
continuamente observado leva à necessidade de que a legislação a respeito das interceptações telefônicas e
telemáticas seja atualizada, tal como foi proposto no PL nº 882/2019 (BRASIL, 2019a).

2.12 Agente infiltrado


No caso de infiltração de agentes, as propostas são:
- Aprovação do PL nº 882/2019, que propõe a alteração pontual das leis de drogas, lavagem ou ocultação
de bens e armas (BRASIL, 2019a).
- Aprovação do Projeto de Lei nº 10.372, de 2018, que modifica a lei de organização criminosa (BRASIL,
2018b).
No primeiro projeto, a previsão é para que não se possa alegar o crime impossível nas condutas de quem praticar
quaisquer dos crimes ali previstos em face de agentes infiltrados.
No segundo projeto, há o detalhamento dos casos passíveis de infiltração de agente nas investigações que versem
sobre organizações criminosas.
A infiltração de agentes é admitida internacionalmente com sucesso e, no Brasil, apesar de ter surgido no sistema
legal ainda na década de 1990, não faz parte da cultura investigativa, pelos riscos que envolve e pelas dificuldades
práticas reveladas ao longo do tempo, notadamente a tendência ao reconhecimento do crime impossível em tal
hipótese.
A exigência de indícios da existência do crime, para o deferimento do pedido de infiltração, pode evitar o
reconhecimento do crime impossível.
Além disso, o Projeto de Lei nº 10.372, de 2018, avança para prever meios de acesso à troca de mensagens de
membros de organizações criminosas pela internet, redes sociais ou aplicativos de mensagens, inclusive com a
possibilidade de infiltração de agentes policiais, dando ainda mais eficácia à previsão (BRASIL, 2018b).
As propostas são complementares e virão a dar maior força ao instituto, que é essencial para a investigação em
tempos modernos. Sua aprovação, portanto, é medida benéfica e que trará amplos benefícios ao combate à
criminalidade organizada.

2.13 Informante do bem ou Whistleblower


É necessário apoiar a aprovação do PL 882/2019 (BRASIL, 2019a), que traz a alteração da Lei nº 13.608, de 2018
(BRASIL, 2018d), para prever, minuciosamente, o procedimento a ser adotado no caso da utilização dos chamados
“informantes do bem”.12

12
A importância do informante, para o malogro de um crime, tem sido captada por alguns estudos que buscam dados
primários com os próprios delinquentes por meio de pesquisas em estabelecimentos penais. É caso de Schlemper (2018),
ressaltando que 32% de seus pesquisados (entre 18 a 23 anos) e 27% (acima de 24 anos) declararam que a ação do
informante foi fundamental para o fracasso de suas operações delituosas. Convém citar que “a maioria dos detentos (52%
e 47%, em ambas as faixas etárias) declarou que a ação da polícia foi o principal motivo para o insucesso da operação
delituosa”, isto implica que o informante é a segunda maior causa desse malogro, só perdendo para o efetivo papel da
polícia (SCHLEMPER, 2018, p. 112).

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Tal medida decorre do reconhecimento de que, no panorama moderno que envolve organizações criminosas cada
vez mais perigosas, tornou-se mais difícil obter a prova por meio de relatos de testemunhas, porque,
amedrontadas, elas se recusam a depor ou, em o fazendo, procuram expor-se o mínimo possível.
Já houve sensível avanço nos últimos anos com a adoção da colaboração premiada, mas ainda é necessário
aprimorar o sistema para prever essa outra forma de colaboração.
Pessoas que não estejam envolvidas em crimes também precisam ser estimuladas a colaborar para o bom
andamento dos trabalhos de investigação. Isso se faz possível com a abertura de canais de comunicação que
possam preservar a segurança de quem quer noticiar algum fato ilícito de que tenha conhecimento. Assim, a
ampliação da instalação de serviços de ouvidoria, a proteção da identidade (mediante a garantia do anonimato de
quem seja mero denunciante, e não delator), a isenção de responsabilidade (exceto para os casos de má-fé,
evidentemente) e a previsão de recompensas no caso de êxito podem estimular a maior participação de
informantes, com consequente aumento nas taxas de solução de investigações.
De outro lado, o Plano Nacional de Segurança também traz previsões importantes em relação à questão do
fortalecimento do sistema de ouvidorias e dos programas de recebimento de denúncias (do tipo Disque-
Denúncia), que deve ser apoiado e ampliado, uma vez que se limitou às questões dos órgãos policiais, do sistema
penitenciário e das guardas municipais, quando se trata de medida essencial para todo o serviço público.
Assim, propõe-se:
- Aprovar o PL nº 882/2019 (BRASIL, 2019a).
- Fomentar a criação e o funcionamento de ouvidorias de polícia, penitenciárias, das guardas municipais e
dos demais serviços públicos, autônomas e conduzidas por ouvidores com mandato, bem como dos
programas de recebimento de denúncias do tipo Disque-Denúncia.

2.14 Organização criminosa


No combate às organizações criminosas, é essencial a aprovação do Projeto de Lei nº 882, de 2019 (BRASIL,
2019a).
Uma das alterações propostas permitirá o estabelecimento de equipes conjuntas de investigação com forças
estrangeiras, para os casos de criminalidade organizada transnacional ou para crimes cometidos por organizações
internacionais, de forma mais ágil e desburocratizada.
A previsão diminuirá os trâmites e entraves para a formalização dessas equipes conjuntas e pode resultar em maior
sucesso no combate às organizações que atuam no Brasil. No atual panorama de globalização, inclusive das
organizações criminosas, a rapidez na atuação das forças do Estado é essencial para o sucesso de investigações,
razão pela qual se vê com bons olhos a proposta.
Salutar que a previsão legislativa também permita a formação de forças conjuntas em âmbito estadual, e não
somente federal. Apesar de, na maioria das vezes, tratar-se de delitos de caráter transnacional, nada impede a
cooperação com entes estaduais para desbaratamento de redes de corrupção e organizações criminosas que
também interessem à Justiça estadual e que possam dar relevantes resultados.
Exemplo disso é a Operação Luz na Infância (2019), relativa à prática de pedofilia infantil na rede mundial de
computadores, tendo sido realizada pelas polícias estaduais, com apoio logístico do Ministério da Justiça. Nesses
casos, quem dá treinamento aos agentes e fornece licença para o programa para captação de evidências (Child
Protect System) são órgãos dos Estados Unidos.
Facilitar a cooperação direta dos estados-membros com os congêneres internacionais mostra-se, portanto,
benéfico.
O PL nº 882/2019 (BRASIL, 2019a) também prevê a possibilidade de escuta ambiental nas investigações, o que é
meio essencial para captação de comunicações entre os membros de organizações criminosas.
De outra banda, importante ressaltar a política criminal institucional adotada pelo Ministério Público paulista nos
últimos três anos, no âmbito do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO): o

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combate às organizações criminosas deve necessariamente focar, além da atividade delitiva principal, os
correlatos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro que lhe dão sustentáculo.
A quase totalidade das organizações criminosas tem como objetivo último a obtenção de vantagens financeiras
ilícitas. Consequentemente, imprescindível a existência de esquemas para ocultar ou dissimular a origem ilícita de
bens e valores, bem como para reinseri-los no sistema econômico financeiro com aparência de licitude,
configurando-se alguma das figuras típicas inerentes ao crime de lavagem de dinheiro 13.
Da mesma forma, toda organização criminosa depende, para seu nascimento, desenvolvimento, manutenção ou
perpetuação, de esquemas de corrupção de agentes públicos.
Dentro de tal contexto, a atuação do GAECO do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), nos últimos
três anos, tem sido pautada pela prioridade no enfrentamento dos dois pilares básicos de qualquer atividade
criminosa organizada, quais sejam, a corrupção e a lavagem de dinheiro.
Assim, atacar a tríplice vertente da atividade criminosa organizada (atividade criminosa, corrupção de agentes
públicos e lavagem de dinheiro) mostra-se essencial e deve ser incentivado em âmbito nacional.
Ainda no combate às organizações criminosas, os objetivos traçados no Plano Nacional de Segurança Pública
devem ser cumpridos com prioridade.
As propostas são:
- Aprovação do Projeto de Lei nº 882, de 2019 (BRASIL, 2019a).
- Facilitar a cooperação e a formação de forças conjuntas entre organismos estatais internacionais e os
congêneres estaduais.
- Reformular e fortalecer o Subsistema Nacional de Inteligência de Segurança Pública (SISP).
- Aperfeiçoar a estrutura federal de coordenação de inteligência de segurança pública.
- Fomentar o aperfeiçoamento das estruturas estaduais de inteligência.
- Aperfeiçoar a estrutura de rastreamento e recuperação de ativos financeiros ilegais.
- Identificar as principais rotas de escoamento de produtos dos mercados ilegais.
- Identificar, mapear e bloquear fluxos reais e virtuais de mercadorias ilícitas, de pessoas e de recursos
financeiros e operacionais à disposição das organizações criminosas.
- Incentivar a troca de informações de inteligência sobre estrutura, lideranças e integrantes de
organizações criminosas entre as diferentes organizações policiais da União e dos estados e do Distrito
Federal.
- Capacitar profissionais de segurança pública dos estados e do Distrito Federal sobre investigação das
diversas modalidades de crime organizado.
- Desenvolver estratégias de integração entre a inteligência policial e a inteligência do sistema
penitenciário.
- Fomentar a aquisição e utilização de sistemas informatizados de análise criminal e inteligência.
- Incentivar a política de enfrentamento das organizações criminosas por meio do ataque simultâneo à
tríplice vertente identificada por: atividade criminosa da organização, corrupção de agentes públicos,
e lavagem de dinheiro.
- Fortalecer o enfrentamento da corrupção dos agentes públicos por meio do aprimoramento de
mecanismos de controle e transparência de crescimento patrimonial, passando pelo aprimoramento
dos procedimentos para investigação de aumento patrimonial suspeito.
- Fomentar a cooperação tecnológica, técnica e de inteligência entre as polícias para enfrentamento de
organizações criminosas que atuam nos tráficos de drogas, armas e contrabando.
- Utilizar a rede Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de dinheiro (LAB-LD) da

13
Sobre lavagem de dinheiro ver, dentre outros, Salvo (2015).

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- Polícia Federal e Secretaria Nacional de Justiça/Departamento de Recuperação de Ativos e


Cooperação Jurídica Internacional para o rastreamento do financiamento de atividades ilícitas e
lavagem de dinheiro da criminalidade organizada.
- Intercâmbio de policiais e uso compartilhado de informações e equipamentos de inteligência.
- Criar banco de dados na Polícia Federal para armazenamento de todas as informações referentes às
apreensões de armas provenientes do exterior com acesso para as forças de segurança.

2.15 Homicídios
Imprescindível o aumento na eficiência das investigações relacionadas a homicídios, diante do diagnóstico de
ocorrência de mais de 65.000 crimes desse tipo no País somente em 2017.
Para tanto, recomenda-se o aproveitamento das metas estipuladas no Plano Nacional de Segurança Pública, a
saber:
- Promover, com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ações de repressão e prevenção nos
municípios com maiores índices de criminalidade violenta.
- Criar base de indicadores de investigação de homicídios, composta por classificação dos homicídios, por
indicadores de desempenho, de esforço e de acompanhamento para monitoramento dos índices de
elucidação da letalidade violenta no País.
- Induzir a criação de delegacias especializadas em homicídios, com capacitação dos profissionais em
técnicas de investigação, técnicas de entrevista e interrogatório, preservação do local de crime e produção
de provas periciais.
- Estimular a implantação de câmeras de monitoramento de homicídios em conjunto com o sistema de
justiça criminal, fomentando a fixação de protocolos comuns de ação entre as instituições.

2.16 Violência doméstica e familiar contra a mulher


Conforme ressaltado na introdução deste Plano, a garantia à dignidade humana não permite exceções, logo, a
igualdade de direitos, envolvendo aspectos da orientação sexual, dos portadores de necessidades especiais, de
cor, raça e etnia, deve ser transversal em qualquer diretriz que vise a melhoria da gestão criminal e penitenciária
no Brasil. Esta parte compreende especificamente a questão da violência doméstica e familiar contra a mulher,
sobre diretrizes quanto à diversidade ver, dentre outros: Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária –
CNPCP (2015).
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2017 “ingressaram nos tribunais de justiça
estaduais do País 452.988 casos novos de conhecimento criminais em violência doméstica contra a mulher,
número 12% maior que o verificado em 2016” (CNJ, 2018b, p. 13-14). A esse volume, ainda deve-se acrescentar a
quantidade de casos pendentes, que, em 2017, totalizavam 908.560. Isto é, apenas em 2017, os tribunais de justiça
estaduais contabilizavam 1.361.548 casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres.
Um acervo com tamanha extensão, além de demonstrar a magnitude do fenômeno da violência doméstica e
familiar contra as mulheres, requer investigações e julgamentos qualificados e céleres, que conjuguem,
simultaneamente, a proteção às mulheres e a responsabilização aos autores da violência.
O feminicídio é um grave problema a ser enfrentado no Brasil e, ainda, um indicador da situação de violação dos
direitos humanos das mulheres no País. De acordo com o Mapa da Violência de 2015, o Brasil ocupa o 5ª lugar no
ranking dos países que mais assassinam mulheres no mundo (WAISELFISZ, 2015). O CNJ informou que, em 2017,
foram registrados 2.643 casos novos de feminicídio na Justiça Estadual do País (CNJ, 2018b).
O panorama de violência doméstica e familiar contra a mulher, já exposto na introdução desta parte, demonstra
que é necessário reservar ações especialmente voltadas ao enfrentamento do problema, não só de cunho
preventivo, mas também para aumentar a eficácia da persecução penal dos autores de crimes de tal natureza.
A investigação dos delitos de violência doméstica e familiar contra as mulheres possui particularidades em relação
à investigação de outros crimes: o conjunto probatório não costuma ser robusto, contando, quase sempre, com a
versão da vítima contra a versão do provável agressor, motivo pelo qual deve-se atribuir especial consideração ao

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relato das mulheres. Por sua própria natureza, o crime geralmente é cometido “entre quatro paredes”, fora,
portanto, do alcance de testemunhas (MARQUES et al., 2017).
A componente emocional é outro elemento que incide sobre a qualidade da investigação e o resultado da ação
penal, uma vez que romper e reatar os relacionamentos compõem o ciclo da violência doméstica e familiar contra
as mulheres.
Por essas e outras razões, a investigação não pode desprezar as características peculiares desse delito, o que
instaura a necessidade de uma capacitação específica para os profissionais envolvidos em sua investigação e
julgamento.
Quanto às medidas de urgência em casos de violência doméstica, a pesquisa do CNJ (2018b, p. 11) “traz a
quantidade de medidas protetivas expedidas em 2016 e 2017, de acordo com os tribunais, totalizando
nacionalmente 194.812 medidas em 2016, e 236.641 medidas em 2017 – um aumento de 21% no período”. Não
obstante, o Estado brasileiro ainda não tem sido capaz de ampliar os mecanismos de fiscalização no mesmo ritmo
em que crescem as denúncias de violência doméstica e familiar contra as mulheres e a concessão de medidas
protetivas.
Estudo sobre feminicídio publicado pelo Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo (SMANIO, 2018, p.
22) contribui para evidenciar a importância do deferimento das medidas protetivas: apenas 3% das vítimas de
feminicídio no estado tinham medidas protetivas concedidas em seu favor, ou seja, “[...] os feminicídios
acontecem quando a vítima não está protegida”.
O Plano Nacional de Segurança Pública já previu algumas estratégias bastante eficientes para o enfrentamento
do tema, aqui acolhidas e aperfeiçoadas:
- Promover a formação continuada dos profissionais de segurança pública com disciplinas obrigatórias
sobre o atendimento de mulheres em situação de violência, sensibilizando-os para o reconhecimento da
violência de gênero.
- Fomentar a adoção, pelas Polícias Civis, das diretrizes para investigação de feminicídios produzidas pela
Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres no Brasil.
- Incentivar a estruturação e capacitação das Delegacias ou equipes especializadas.
- Fomentar a adoção de Protocolos Padronizados de Atendimento às Mulheres em situação de violência
nas unidades policiais, tomando como referência o modelo empregado no Estado de São Paulo, Resolução
SSP nº 02, de 2017 (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2017).
- Alocar recursos humanos e infraestrutura material nos órgãos oficiais de perícia, de modo que funcionem
tendo como referência diferentes especialidades médicas (psiquiatria, oftalmologia, neurologia etc.) e
profissionais (odontologia, psicologia) para periciar as distintas manifestações e consequências da
violência.
- Incentivar a implantação de questionário de avaliação de risco pelas Delegacias de Polícia, a ser
respondido pelas vítimas, visando subsidiar o juiz quando da apreciação do pedido de medidas protetivas.
- Propor alterações legislativas que garantam às mulheres a concessão das medidas protetivas de urgência,
independentemente de instauração de procedimento criminal correspondente.
- Aprimorar os mecanismos estatais de fiscalização do cumprimento das medidas protetivas, estimulando
o envolvimento de policiais militares e/ou guardas civis municipais/metropolitanos, a exemplo do “Projeto
Guardiã Maria da Penha” desenvolvido no Estado de São Paulo.
- Incentivar a estruturação das Defensorias Públicas, fomentando a constituição de Núcleos Especializados
de Violência Doméstica e Familiar Contra o Gênero Feminino consoante.

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2.17 Sonegação fiscal14


Ao contrário da reflexão comum acerca do combate à sonegação fiscal, restrita à preocupação com a supressão
ou redução de tributos, o crime praticado pelos contribuintes, diretamente ou de forma solidária, alcança muito
mais que o erário, na medida em que também estabelece, como efeito imediato, a concorrência desleal em
benefício dos sonegadores, prejudicando a livre concorrência e a saudável disputa de mercado.
Antigamente, as supressões ou reduções se materializavam de forma explícita, de fácil detecção pelas Fazendas e
compreensão pelos operadores do Direito, tanto no campo das execuções fiscais, como no penal – nesse sentido,
os conhecidos “espelhamentos” de notas, inconsistências de escritas contábeis, dentre outras.
Contudo, atualmente, as sonegações fiscais são caracterizadas pela sofisticação e sutileza, inclusive com o
aparelhamento pelas empresas com setores de fraudes estruturados.
Assim, imprescindível o aperfeiçoamento e integração das instituições que combatem o crime tributário.
Isoladamente, cada instituição deve se especializar no tema, criando setores específicos e treinando seus
membros e servidores. Exemplo disso, os setores de combate a fraudes estruturadas de algumas Procuradorias do
Estado e a criação, ainda que incipiente, de unidades de Promotorias de Justiças especializadas.
Especificamente no campo penal, os integrantes do Ministério Público, não raras vezes, sentem razoável
dificuldade na compreensão do mecanismo da fraude e o alcance do tributo suprimido ou reduzido como objeto
material de crime, sem contar a sensação do ineditismo, ou seja, um percentual pequeno de feitos relacionados à
sonegação, em contrapartida a constante ação em relação aos crimes mais comuns do cotidiano forense.
Já no campo da integração, a aproximação das instituições, em especial Secretária de Fazenda (SEFAZ), Ministério
Público (MP) e Procuradoria Geral do Estado (PGE), apresenta como resultado sensível melhora, tanto na
prevenção como na repressão aos crimes tributários.
Neste aspecto, o Estado de Minas Gerais foi um dos precursores ao instituir o Comitê Interdisciplinar de
Recuperação de Ativos (CIRA) (GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2007), composto por integrantes MP,
PGE, SEFAZ, Poder Executivo (vicegovernador) e Tribunal de Justiça/MG. Em linhas gerias, são destacadas fraudes
complexas e de vulto, possibilitando a rápida compreensão do mecanismo utilizado pelo contribuinte para a fraude
e seu respectivo combate.
Da mesma forma, no que se refere à repressão, diante da possibilidade de cautelares e ações em conjunto entre
MP, SEFAZ e PGE, inclusive com habilitações como assistentes de acusação nas ações penais ajuizadas pelo MP,
o que tem o efeito de demonstrar ao contribuinte sonegador, com muita clareza, a força e capacidade de reação
do Estado.
Por fim, é de extrema importância a reforma tributária, padronizando determinadas ações e fatos geradores de
tributos, atualmente, causadores de intencionais confusões para o fim criminoso da sonegação. Melhor
esclarecendo, sob a falsa escusa da guerra fiscal, os delinquentes articulam engenhosas operações, com a
finalidade específica de sonegarem tributos, sendo a diversidade de leis, regulamentos e convênios fator que
contribui decisivamente para, no mínimo, gerar o quadro de “dúvida” em benefício do contribuinte voltado para a
prática de ilícitos.
Assim, são propostas:
- Adoção de estratégias de atuação integrada entre os órgãos estatais, especialmente Ministério Público,
tribunal de justiça e poder executivo (Secretaria da Fazenda e ProcuradoriaGeral do Estado), a exemplo
do exitoso CIRA de Minas Gerais, com o fim de ampliar as possibilidades de prevenção e repressão à
sonegação fiscal e de recomposição dos tributos suprimidos.

14
Para esta seção, contou-se com a colaboração do Promotor de Justiça Luiz Henrique Cardoso Dal Poz, da Promotoria de
Justiça de Repressão à Sonegação Fiscal, do MPSP.

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- Incentivo à reforma tributária, para padronização e simplificação da regulamentação tributária, com o fim
de evitar a existência de inúmeras lacunas e obscuridades que favorecem à sonegação fiscal e dificultam a
investigação e punição de delitos dessa natureza.

2.18 Aprimoramento das polícias técnico-científicas15


Não é possível ignorar o papel central que a Polícia Técnico-Científica adquire atualmente. O grande avanço
tecnológico vivenciado deve, necessariamente, refletir também no aprimoramento da capacidade de realização
de perícias cada vez mais complexas, variadas e determinantes para o sucesso na elucidação de crimes.
Temas como cadeia de custódia, modernização das unidades de perícia, aquisição de equipamentos e
investimento em novas tecnologias são essenciais para um Plano nacional que possa levar ao incremento da
investigação criminal.
A cadeia de custódia é fundamental para garantir a idoneidade e a possibilidade de rastreio dos vestígios do crime
o que, por sua vez, assegura a transparência da produção da prova pericial.
Estabelecer normas que regem a cadeia de custódia é uma forma de demonstrar a origem e o trajeto percorrido
pelos vestígios até a produção da perícia, o que aumenta a credibilidade e a segurança da prova pericial produzida.
Para obter tal fim, a sequência deve ter registro documental pormenorizado, validando e permitindo a
rastreabilidade do vestígio. Isso se obtém com a padronização de procedimentos operacionais e a existência de
um sistema de aferição da qualidade dos equipamentos utilizados.
A padronização de procedimentos é o que determina a forma correta de realização de um exame, possibilitando
que eles sejam repetidos por diferentes profissionais, com o mesmo resultado.
A criação de centrais de custódia é parte essencial do tratamento dos vestígios, com vista ao estabelecimento da
cadeia de custódia, por garantir que os materiais relacionados com os crimes estarão sempre à disposição da
polícia e da Justiça quando for necessária a realização de novas perícias que se mostrem eventualmente relevantes
durante a persecução penal.
O cuidado é necessário para impedir a manipulação indevida da prova com o propósito de incriminar (ou isentar)
alguém de responsabilidade, além de auxiliar a obter melhor qualidade da decisão judicial e impedir uma decisão
injusta.
A legislação brasileira não é precisa quanto a uma regulamentação da cadeia de custódia apenas faz menção de
forma dispersa no Código de Processo Penal. Os principais países da América do Sul mostram uma preocupação
mais aprofundada com a cadeia de custódia. Colômbia, Equador, Peru e Chile possuem seus manuais de cadeia de
custódia.
Há no Brasil, para o sistema federal, a Portaria SENASP nº 82, de 16 de julho de 2014, regulamentando a questão
da cadeia de custódia (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014). Sua extensão para os estados e o Distrito Federal parece
essencial.
Muitos dos pontos aqui adotados, mais uma vez, são retirados do Plano Nacional de Segurança Pública e
complementados a partir de trabalhos cedidos pelo Dr. Celso Perioli, perito criminal aposentado, ex-
Superintendente da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública:
- Modernizar a perícia criminal nos estados e no Distrito Federal mediante a formação continuada e a
aquisição de equipamentos e novas tecnologias – neste sentido, formar e capacitar, também, peritos
especializados em computação para desvendar crimes cibernéticos.
- Fomentar núcleos de análise criminal nas unidades da federação fortalecendo o uso de recursos
tecnológicos integrados às atividades operacionais e promovendo o policiamento em zonas de maior
incidência criminal.

15
Para esta seção, colaboraram os ex-Superintendentes da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, Celso Perioli e Ivan Dieb
Miziara.

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- Incentivar o compartilhamento nacional do banco de dados de impressão digital com as Polícias Técnico-
Científicas de todo o País.
- Promover a instalação de Laboratório Central de Perícia Criminal para apoio aos estados.
- Incentivar a ampliação de laboratórios estaduais para que possam passar a exercer o papel regional de
perícias.
- Incentivar a implantação das centrais de custódia e a normatização dos procedimentos para
estabelecimento da cadeia de custódia dos vestígios de crimes.
- Priorizar a conclusão do projeto para estabelecimento do Sistema Nacional de Balística (SINAB), em
andamento na SENASP, em razão da constatação de que poucos estados têm comparador balístico
automatizado, como consequência o banco de dados praticamente inexiste.

3. DIRETRIZES E MEDIDAS EM RELAÇÃO AO PROCESSAMENTO E JULGAMENTO


O Código de Processo Penal brasileiro (BRASIL, 1940) e as alterações que dele se seguiram ao longo de quase
oitenta anos não atendem às necessidades atuais. Lentidão e indefinição tornaram-se características marcantes
do processo penal brasileiro, o que notabiliza a percepção geral de que a ação penal nunca alcançará um fim, seja
para condenar o culpado, seja para absolver o inocente.
O Relatório “Justiça em números” do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2019c) mostra o aumento de 0,7% dos
casos pendentes criminais em relação ao ano de 2017.

Gráfico 1. Série histórica dos casos novos e pendentes criminais no 1º grau, no 2º grau e nos tribunais superiores, excluídas as execuções
penais

Fonte: CNJ (2019c).

A sociedade brasileira clama por um processo penal célere, moderno e efetivo para satisfazer a justa expectativa
de que o Sistema de Justiça Criminal possa fazer frente ao estado de coisas inconstitucionais que também se
verifica extramuros.
Como reiteradamente rememorado no corpo deste Plano, o Brasil é apontado em todos os índices medidores de
violência como um dos países mais violentos do planeta. Portanto, é forçoso reconhecer que existe violação

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generalizada de direitos fundamentais no tocante à dignidade, higidez física e integridade psíquica de todos os
seus cidadãos, e não apenas em relação àqueles que se encontram intramuros.
A Justiça Criminal carece de mecanismos que permitam viabilizar o processamento da ação penal com maior
eficácia, mais efetividade e menor custo para os tribunais, tendo como premissas o respeito aos direitos
constitucionais da pessoa investigada ou acusada, mas também a efetividade da sentença penal.
Os quantitativos de casos novos e pendentes por tribunal ao final de 2018 (CNJ, 2019c) demonstram a necessidade
de aprimoramento do processo penal brasileiro.

Gráfico 2. Casos novos e pendentes criminais, excluídas as execuções penais, por tribunal

Fonte: CNJ (2019c).

Nesse desiderato, a desburocratização do processo penal brasileiro desponta como ação estratégica essencial
para o aperfeiçoamento dos objetivos aqui propostos, quais sejam: a) redução dos índices de violência; b)
ampliação da sensação de segurança; c) diminuição da impunidade; e, d) difusão da cultura da paz.
Para tanto, este Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária (PNPCP) reforça a necessidade de alterações
legislativas e propõe a reflexão das diretrizes da administração da Justiça Criminal, com foco na tríade
criminalidade violenta, corrupção e crime organizado.

3.1 Soluções negociadas


O Projeto de Lei nº 882, de 2019 (BRASIL, 2019a), inspirado no modelo americano de justiça negociada, propõe a
introdução no processo penal de duas soluções negociadas.
O intitulado “acordo de não persecução penal” (inclusão do artigo 28-A ao Código de Processo Penal) poderá ser
oferecido pelo Ministério Público em crimes com pena máxima inferior a quatro anos que não tenham sido
praticados com violência ou grave ameaça quando o investigado tiver confessado a prática do crime, desde que

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não seja cabível a transação penal e desde que o investigado não seja reincidente, agente criminoso habitual ou já
beneficiado, no prazo de 5 anos, com esse mesmo acordo, com transação penal ou suspensão condicional do
processo (BRASIL, 2019a).
Esse acordo pode ser compreendido como um mecanismo evoluído do instituto da transação penal prevista no
artigo 76 da Lei 9.099, de 1995 (BRASIL, 1995b), com a diferença de que exigirá circunstanciada confissão da
prática de infração penal, podendo ser aplicado, desde que necessário e suficiente para a reprovação e prevenção
do crime, para infrações penais sem violência ou grave ameaça, e com pena máxima inferior a quatro anos.
O acordo penal (inclusão do artigo 395-A ao Código de Processo Penal), por sua vez, permitirá que, após o
recebimento da denúncia ou da queixa e até o início da fase de produção de provas, a acusação e a defesa
requeiram, mediante ajuste, a aplicação imediata das penas, hipótese em que “poderá ser alterado o regime de
cumprimento das penas ou promovida a substituição da pena privativa por restritiva de direitos” (BRASIL, 2019a).
As duas propostas são alvissareiras, porque vão além da prevenção ao incremento da população carcerária, para
também constituírem efetiva política de “administração da Justiça Criminal” – art. 64, I, da Lei 7.210, de 1984
(BRASIL, 1984), o que permitirá ao Poder Judiciário destinar tempo e recursos financeiros às inúmeras outras
demandas.
Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2019c, p. 159):

Em 2018, ingressaram no Poder Judiciário 2,7 milhões de casos novos criminais, sendo 1,6 milhão
(60%) na fase de conhecimento de 1º grau, 343,3 mil (12,8%) na fase de execução de 1º grau, 18,6
mil (0,7%) nas turmas recursais, 604,8 mil (22,6%) no 2º grau e 103,9 mil (3,9%) nos Tribunais
Superiores.

Isto totalizou mais de 6 milhões de processos pendentes no mesmo ano.


A necessidade de redução desses números oferece justificativa para a implementação das soluções negociadas,
com efetiva ampliação da justiça consensual no sistema processual brasileiro.
O Ministério Público poderá oferecer acordos de não persecução em crimes de menor gravidade, decretando-se a
extinção da punibilidade do investigado se cumprido integralmente o acordo, ao passo que o acusado poderá optar
desde logo pela não submissão ao processo para cumprir imediatamente a pena acordada com o órgão acusatório,
além de renunciar ao direito de interpor recursos.
A desnecessária instrução do processo daquele que se reconhece culpado, o que gera gasto inútil, dará lugar à
imediata execução da pena.
Além disso, a menor permanência no cárcere será produzida não só pelo previsto encurtamento da pena acordada,
como também pela aceleração da Justiça Criminal.
A negociação para não persecução sempre estará subordinada ao exame final dos requisitos e sujeita à opção da
pessoa do acusado e seu defensor.
Igualmente, o acordo penal contemplará vantagens ao acusado, que poderá ter a pena reduzida em até metade,
regime prisional abrandado ou mesmo substituição da pena corporal por restritiva de direitos, observando-se, por
outro lado, no caso de acusado reincidente ou agente criminoso habitual, o cumprimento de parcela da pena no
regime fechado, salvo se insignificantes os delitos pretéritos.
Diferentemente do plea bargain estadunidense, o acordo penal não versa sobre o conteúdo da acusação, mas
apenas sobre a fixação da pena, cuidando-se, portanto, de instituto que mais se aproxima do plea agreements ou
plea guilty europeus.16

16
Em recente estudo, Nickel (2019, p. 106) buscou analisar, por meio de pesquisa de campo, os aspectos do crime sob as
circunstâncias socioeconômicas da prática ilegal de apenados da 4ª Vara da Justiça Federal de Foz do Iguaçu (PR), cujas
penas foram de prestação de serviços e/ou pecuniária. Em uma de suas dezenas de questões, fez a seguinte pergunta para
222 apenados de sua amostra (o universo pesquisado foi de 300 apenados): “Considerando o tempo decorrido entre a

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Portanto, o acordo penal só poderá ser celebrado depois do recebimento da denúncia pelo magistrado, o que
afasta o risco de excesso de acusação.
Por essa particularidade, a aplicação do acordo penal pode e deve abranger todos os crimes, inclusive os dolosos
contra a vida, da competência do tribunal do júri.
Em conclusão, as vantagens na adoção de ambos institutos são inúmeras: celeridade processual,
descongestionamento da Justiça Criminal, tratamento mais adequado para os casos relativos a uma criminalidade
que não é alcançada pela transação penal ou pela suspensão do processo, redução da prescrição, melhor
equacionamento do caso para o próprio acusado, que poderá participar da construção da decisão quanto a seu
destino, podendo optar desde logo pela não sujeição a um processo longo. Finalmente, a conclusão de todo e
qualquer processo abrangido pelo acordo penal, a permitir a execução imediata da pena.
Em relação ao tema, merece destaque e integral apoio o Projeto de Lei 10.372, de 2018, em tramitação na Câmara
dos Deputados, especialmente no ponto em que propõe o aproveitamento da estrutura montada pelo Poder
Judiciário para as audiências de custódia como oportunidade para imprimir rapidez a eventual homologação do
acordo penal, também contemplado no corpo do referido projeto (BRASIL, 2018b).
Essa promissora proposta tem duplo efeito extraordinário: a) revolucionar a forma de trabalho da Justiça Criminal
brasileira; e, b) alcançar praticamente todos os acordos de não persecução penal contemplados pelo artigo 28-A
do Código de Processo Penal no momento da realização da audiência de apresentação, ou seja, por ocasião da
denominada audiência de custódia, a traduzir a possibilidade de solução imediata para a maioria dos casos
envolvendo infrações penais sem violência ou grave ameaça, e com pena máxima não superior a quatro anos.
O alcance da proposta, embora imensurável, é desde logo elogiável, especialmente em razão da assertiva lançada
na exposição de motivos do Projeto de Lei 10.372, de 2018, que aqui merece ser transcrita (BRASIL, 2018b):

Hoje, há uma divisão em 3 partes muito próximas nos aproximadamente 720 mil presos no Brasil:
1/3 crimes praticados com violência ou grave ameaça, 1/3 crimes sem violência ou grave ameaça e
1/3 relacionados ao tráfico de drogas.

A prevalecer a proporção desse raciocínio, é possível antever a radical transformação da Justiça Criminal a partir
da possibilidade de equacionamento imediato de praticamente 2/3 (dois terços) dos casos conhecidos no
momento da apresentação do preso em juízo, isto é, 1/3 dos crimes sem violência ou grave ameaça e 1/3 daqueles
relacionados ao tráfico de drogas, com preservação da imediata apresentação do preso ao magistrado.

3.2 Execução provisória da condenação criminal após julgamento em segunda instância


Na vigência da atual Constituição Federal, o trânsito em julgado da condenação operou como condição para a
execução provisória durante o período compreendido entre 2009 e 2016.
Em 2016, o Supremo Tribunal Federal retomou o entendimento anterior, fixando as seguintes premissas: a) a
presunção de inocência é mantida até a sentença condenatória, quando, a partir desta, é substituída por um “juízo
de culpa”; b) o acórdão penal condenatório estabelece a preclusão (coisa julgada) da matéria de fato, quando for
encerrada a jurisdição de parte; c) a limitação do princípio da presunção de inocência não ofende o seu núcleo
essencial (HC 126.292, STF); d) o princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade expressa regra de
tratamento; e) o princípio que regula a prisão está no art. 5º, LXI (“ninguém será preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”) (STF, 2016a).

prática do crime e o prazo de cumprimento da pena, qual sua opinião sobre a possibilidade da realização de um acordo
com o Ministério Público, para que a pena seja cumprida logo após o fato criminoso?” Como corolário, sobre “uma
possibilidade de acordo no início do processo com o Ministério Público, 73% concordaram caso isto fosse possível, 21,2%
aceitaria ou não o acordo, 4,5% discorda totalmente e 1,4% não quis responder” (NICKEL, 2019, p. 82). Isto é uma forte
evidência empírica, inédita até então, que corrobora a necessidade de se fazer o acordo penal.

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O cumprimento do acórdão penal condenatório, mais do que um mero efeito legal e constitucional, é justa
aspiração de qualquer civilização.
Não se olvida a existência de decisões favoráveis nas instâncias extraordinárias, o que demonstra a ocorrência de
equívocos das instâncias inferiores. Mas, para tais equívocos, cumpre relembrar a disponibilidade de vários
instrumentos contemplados pelo próprio ordenamento jurídico capacitados a excepcionar a regra geral da
execução provisória da pena (por exemplo, do habeas corpus).
Agregue-se a isso o reduzido percentual de reformas das decisões de segundo grau no Superior Tribunal de Justiça
(STJ, 2019), apurado em pesquisa realizada pela Coordenadoria de Gestão da Informação do STJ durante o período
de setembro de 2015 a agosto de 2017. Em 68.944 recursos interpostos pela defesa (em sede de Recurso Especial
e Agravo em Recurso Especial) foram apuradas as seguintes reformas:
a) Absolvição: 0,62%
b) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: 1,02%
c) Prescrição: 0,76%
d) Diminuição da pena: 6,44%
e) Diminuição da pena de multa: 2,33%
f) Alteração do regime prisional: 4,57%
Com tais percentuais, a proposta de alteração de inclusão do artigo 617-A do Código de Processo Penal (PL
882/2019) merece integral apoio, notadamente pela previsão do § 1º, que contempla a possibilidade de o tribunal,
excepcionalmente, suspender o início do cumprimento da pena, quando existente questão constitucional ou legal
relevante que possa importar na revisão do julgado (BRASIL, 2019a).

3.3 Efetividade do tribunal do júri


Com fundamento no princípio da soberania dos veredictos e pelo fato de se cuidar de condenação por órgão
colegiado (tribunal do júri), é primordial que a legislação seja alterada para estabelecer como regra o imediato
cumprimento da pena imposta pelo júri popular.
Assim admitiu o Supremo Tribunal Federal nos HC 118.770 (STF, 2017) e HC 140.449 (STF, 2018).
O julgamento pelo Tribunal Popular esgota o exame de fatos e provas, à exceção do entendimento
manifestamente contrário à prova dos autos, caso em que o Tribunal, conhecendo de apelação interposta, poderá
reapreciar a prova, e uma vez reconhecido o vício, determinar a realização de novo julgamento.
A proposta do PL 882/2019, no sentido de promover alterações para os artigos 421 e 584 do Código de Processo
Penal, trará celeridade e ansiada efetividade para as decisões do tribunal de júri, efeitos mais do que justificados
para a mínima resposta estatal para milhares de vítimas indiretas (familiares) de crimes contra a vida (BRASIL,
2019a).
No ponto, cabe relembrar o mais recente relatório mundial sobre homicídios do United Nations Office on Drugs and
Crime (UNODC, 2019), que coloca o Brasil como um dos países mais violentos do mundo. O documento (que
analisou a taxa de violência letal em 121 países no ano de 2013) registra que o Brasil, com 2,8% da população
mundial, concentra 11% dos homicídios do planeta. Os dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil passou
de 11,7 homicídios por 100 mil habitantes em 1980 para 30,3 em 2016, o que resultou na morte de 1,4 milhão de
pessoas em território nacional no período (MINISTÉRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2018).

3.4 Videoconferência e processo eletrônico


É possível afirmar a existência de uma cultura burocratizada que está incutida em praticamente todos os atos do
processo, desde o primeiro ato investigativo (prisão em flagrante ou início da investigação), perpassando pela
conclusão do ultrapassado inquérito policial (relatório da autoridade policial), para somente então evoluir para os
atos de efetiva formação da culpa e prolação da sentença, quando então é iniciada a infindável fase recursal, que
pode ser alçada a até três graus superiores de instância.

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É difícil imaginar a existência de multiplicidade recursal tão intensa em qualquer outra parte deste planeta. Mas,
além dessa intensidade revisional, é preciso sentir e reconhecer a instabilidade e insegurança imbricada na Justiça
Criminal brasileira.
Nenhum ato praticado é efetivo, terminativo ou conclusivo. Vige o princípio da absoluta desconfiança contra e
entre os profissionais da lei. Todos, absolutamente todos os atos e seus respectivos autores, estão sujeitos à
imediata revisão por parte de outro órgão ou ente imediatamente superior, estabelecendo-se um regime de
infindável conferência para “re” ou ratificação.
Nesse campo, os exemplos são fartos: o policial autor de uma prisão sempre deve ter o ato reexaminado pelo
Delegado de Polícia. Ato contínuo, essa mesma autoridade policial, única detentora, por delegação, do poder de
lavrar o auto de prisão é quem deverá promover a condução do preso até a presença do juiz, que então deverá re
ou ratificar tudo novamente por ocasião da audiência de custódia, cujo regulamento impõe nova desconfiança de
tudo e de todos, desta vez por parte do juiz, ao qual incumbido o dever de questionar a respeito de tortura ou maus
tratos contra o preso, em maléfica desconfiança imposta contra os profissionais credenciados pelo próprio Estado
(policial autor da prisão e Delegado de Polícia). E mais, o juiz deve ainda garantir a submissão do preso, em
qualquer hipótese, a exame de corpo de delito, lhe sendo vedado formular questões sobre o crime, muito menos
a respeito da vítima.
Como é perceptível, a lógica invertida tornou-se a regra do Sistema de Justiça Criminal. Todos os operadores
devem desconfiar de tudo e de todos. E a prioridade, quase que única, é direcionada aos direitos e garantias
constitucionais dos presos, relegando-se as vítimas num segundo plano (uma abordagem sobre as vítimas será
feita na parte 5).
Essa concepção de Justiça Criminal precisa evoluir. Crime e vítima são entes que não podem ser desprezados,
notadamente a pretexto da violência policial.
Ora, se a polícia é torturadora, é preciso corrigi-la eficazmente, por exemplo, com a criação de mecanismos para
o fortalecimento das Corregedorias já existentes.
Se são várias as polícias (militar, civil, federal, guarda municipal), por que não trabalham conectadas em um só
tom?
A análise dos requisitos da prisão preventiva deve sim ser imediata, mas não necessariamente com a apresentação
física da pessoa presa ao juiz, a pretexto do aumento da capacidade sensorial do julgador.
Essa apresentação pode e deve ser decidida em cada caso, e se assim determinar o juiz, que a faça por moderno e
disponível sistema de videoconferência, dispensando-se o risco e o alto custo do transporte de detentos pelo País,
em inútil mobilização das forças policiais, com inegável prejuízo à repressão permanente dos crimes.
Por tudo isso, parece primordial realçar a necessidade de aprovação do regime de interrogatório por
videoconferência proposto pelo PL 882/2019, que altera o artigo 185 do Código de Processo Penal, além de
estabelecer a possibilidade de realização de outros atos processuais, pelo referido meio, que dependam da
participação de pessoa que esteja presa (BRASIL, 2019a).
Faz todo o sentido a solução alvitrada, que bem poderia ser alçada à condição de regra geral, e não apenas passível
de decisão fundamentada, notadamente em tempos digitais.
Lado outro, impõe-se a efetiva e adequada implementação do processo judicial eletrônico, podendo cada tribunal
adotar o seu próprio sistema, desde que tenha interoperabilidade com os demais adotados por outros órgãos
jurisdicionais, sem causar prejuízos aos usuários.
De acordo com o Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), reproduzido no Processo nº
008.903/2018 (TCU, 2018):

Considerando todos os ramos do Poder Judiciário, com seus 92 tribunais, temos 18.168
magistrados, 272.093 servidores dentro do Poder Judiciário, 13.087 membros do Ministério Público,
6.059 defensores públicos e 1.107.481 advogados. Além desses, há servidores nas carreiras do MP,
autoridades policiais, estagiários, juristas, cidadãos com interesse em determinados processos.

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Dentre importantes achados, a auditoria do TCU (2018) ressalta: “A informatização do processo judicial deve ser
examinada sob a ótica de uma política pública, e não como apenas um procedimento de modernização
tecnológica”. E conclui:

[...] além do potencial de aumento da eficiência interna do Poder Judiciário, a informatização do


processo judicial pode, de forma direta, reduzir custos e acelerar os procedimentos em todos os
outros órgãos que participam do sistema de justiça. Assim, a participação de todos esses órgãos
pode ser mais rápida, favorecendo o atendimento ao cidadão (TCU, 2018).

O processo judicial eletrônico ideal é aquele que atende e satisfaz a todos os seus usuários. Soluções práticas como
a adoção obrigatória do sistema de videoconferência em todas as audiências criminais, revertendo-se a lógica
conceitual hoje existente para se exigir a presença do preso mediante decisão fundamentada do juiz, e se com isso
anuir a vítima do crime.

3.5 Juízo Especializado em Saúde Mental e Drogas para o Brasil


O sistema prisional absorve inapropriadamente imenso contingente de pessoas portadoras de sofrimento mental
grave, sejam elas dependentes químicos ou não.
Atualmente, a prevalência de transtornos mentais graves, como depressão, transtorno bipolar, psicoses agudas,
esquizofrenia, retardo mental na população prisional comum é significativamente alta, observando-se, ainda,
altíssima prevalência de consumo, uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas nesta população.
O custo de custódia destes indivíduos, somado ao custo social, justifica a elaboração de estudos visando à
implantação de um modelo de Justiça Especializada para casos selecionados por critério combinado (saúde e
jurídico).
A adoção desse modelo como política pública permitirá a diminuição do encarceramento e a diminuição da
reincidência, além de ser economicamente vantajoso.
O modelo de Cortes/Tribunais de Saúde Mental e de Drogas é utilizado em diversos países do mundo, como nos
Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, com sucesso, e conta com apoio da Organização dos Estados Americanos
(OEA), por meio da Inter-American Drug Abuse Control Commission (2019), que tem apoiado os Estados-membro
na sua implantação.
O “Juízo Especializado em Saúde Mental e Drogas” deve ser contemplado em consonância com as diretrizes das
Leis nº 10.216, de 2001 (BRASIL, 2001), e 13.840, de 2019 (BRASIL, 2019d). Vale dizer, esta última Lei estabeleceu
em seu art. 8º como objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre outros: “I - promover a
interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e
privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social, habitação, cultura,
desporto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes
de drogas”, incluídos, evidentemente, aqueles em conflito com a lei penal.
O tratamento do portador de transtorno mental e do usuário ou dependente de drogas deve ser ordenado em uma
rede de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo
excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas
pela União e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que permitam isto. No caso de pessoas
nas condições de conflito com a lei penal, há a necessidade de evitar-lhes o cárcere, porque são merecedoras de
atenção à saúde, devendo o Estado evitar desde logo a prisionalização.
A assessoria multiprofissional a estes Juízos Especializados, para atuação presente e direta desde a prisão, será
um serviço que priorizará investimentos na reinserção psicossocial aos indivíduos com transtornos psiquiátricos e
forte dependência química.
Sugere-se, portanto, a Criação de Comissão, no âmbito deste Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, com o objetivo de elaborar um modelo de “Juízo Especializado em Saúde Mental e Drogas” para o
Brasil, para avaliação de edição de resolução propositiva ou projeto de lei.

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4. DIRETRIZES E MEDIDAS DE CUMPRIMENTO DA PENA: MEDIDAS E PRISÃO


Os anseios prementes da sociedade, bem como os elementos de informação e constatação de órgãos públicos
como, por exemplo, o Tribunal de Contas da União, o Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público, o Parlamento – Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Sistema Carcerário –, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o Conselho Nacional de Segurança
Pública entre outros, reclamam a apresentação de um conjunto de medidas para a revisão e reestruturação da
política de execução penal.
Não são poucas as propostas legislativas que tramitam no Congresso Nacional com esse intuito, a exemplo dos
recentes Projetos de Lei nºs 882, de 2019 (BRASIL, 2019a), e 10.372, de 2018 (BRASIL, 2018b).
Agrega-se a esse consistente conjunto de elementos de observação e diagnóstico, a necessidade de cumprimento
dos preceitos constitucionais e tratados internacionais que preconizam, à luz da dignidade da pessoa humana,
regras mínimas de tratamento penal.
Entrementes, impõe-se, em face da insegurança e sensação coletiva de impunidade, não se descurar da
necessidade de proteção suficiente dos valores e bens sociais. Como já assentado pelo Supremo Tribunal Federal:

[...] os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas proibições de intervenções
(Eingriffsverbote), expressando também um postulado de proteção (Schutzgebote). Pode-se dizer
que os direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição de excesso (Übermassverbote),
como também podem ser traduzidos como proibição de proteção insuficiente ou imperativos de
tutela (Untermassverbote) (STF, 2012).

Com efeito, o balanceamento das políticas de descriminalização e de despenalização com a efetiva proteção social
é impositivo e revela o desafio do Estado Democrático de Direito.
Ademais, a dinâmica da vida exige o constante aperfeiçoamento e atualização das instituições. De acordo com
Dotti (2010, p. 81):
A necessidade do Brasil, por suas dimensões e diferentes hábitos nas várias regiões, contar com leis
que reflitam o conjunto de valores e convicções, as circunstâncias e os aspectos culturais de seu
momento histórico. As transformações sociais e econômicas que alteram costumes, necessidades
e meios de vida dos brasileiros.

A reorganização do sistema prisional é imperativa e urgente, perpassando por medidas básicas, como a
readequação das unidades prisionais, com a inexorável observância de suas capacidades físicas instaladas, a
separação dos presos – previsão expressa na Lei de Execução Penal (BRASIL, 1984), com o implemento de outras
e atuais distinções pela natureza dos delitos, pertencimento à organização criminosa, gêneros sexuais (por
exemplo, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros-LGBT) etc. – e culminando com o
controle e o exercício do poder estatal. Nesse mister e em paralelo, impõe-se também o desafio da efetiva
implementação de políticas públicas voltadas para assegurar o direito dos presos à saúde, à assistência jurídica e
à assistência social, almejando reverter esse caótico quadro retratado do sistema penitenciário brasileiro.
Como anotado em relatório público do DEPEN:

[...] diante da complexidade dos problemas que marcam o sistema penitenciário brasileiro, não é
possível pautar a ação do Estado em soluções simples, as inúmeras mazelas que identificamos em
nossas prisões não decorrem, unicamente da ausência de políticas públicas para a construção de
estabelecimentos penais, é preciso ampliar os instrumentos que permitam a implementação de
projetos e ações que possam representar alternativas à gestão prisional tradicional, onde seja
possível conciliar com equilíbrio direitos e deveres fundamentais à nossa sociedade, como
segurança, prevenção, dignidade da pessoa humana, punição e ressocialização (SEI/MJ,8674099,
2019).

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Conquanto sejam conhecidos os desafios e não raras também as medidas que devem ser adotadas, em plena era
da modernização e da informação, é certo e inacreditável que ainda não conseguimos reunir dados estatísticos e
informações suficientes para planejar e desenvolver uma política penitenciária equilibrada. Os desencontros de
informações básicas constituem um dos obstáculos para a gestão do sistema.
Nessa perspectiva, urge a elaboração de um “censo prisional”. A medida poderia ser implementada mediante
cooperação técnica institucional englobando órgãos públicos e a sociedade civil organizada, com a fixação de
metas e prazos. A interação poderia englobar, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o CNJ, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Tribunal Superior Eleitoral, a Defensoria Pública da
União (DPU), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o DEPEN, o Ministério da Saúde, o Ministério da Educação,
os tribunais de contas da União e dos estados, os departamentos penitenciários estaduais, as secretarias de
segurança pública, os tribunais de justiça, o Instituto Nacional do Seguro Social, as universidades públicas,
conselhos da comunidade etc. A ação importaria não só no cadastramento e identificação biométrica dos presos,
como no efetivo levantamento de dados e a radiografia do sistema, com a concomitante implantação de medidas
na área de saúde, educacional, jurídica, de engenharia e segurança. Conforme Bentham (2002), um “censo” para
obter informações especialmente sobre os agentes criminosos concatena com uma ideia comum na área da
administração, qual seja, “o que não é medido não pode ser administrado”.17
Oportuna, também, além de necessária, a adoção de providências para colheita e efetiva identificação do perfil
genético dos presos, por meio da extração do DNA – providência que se busca ampliar no PL 882/2019 (BRASIL,
2019a). A medida, que já encontra previsão legal, deveria ser adotada quando do ingresso do preso na unidade
prisional, permitindo a formação do Banco Nacional de Perfil Genético. Todavia, sabe-se que por razões diversas
a lei ainda não foi cumprida.
O baixo nível de cooperação, a inadequação da infraestrutura tecnológica e a inexistência de instância de
governança foram apontados pelo Tribunal de Contas da União como geradores de atrasos e entraves para a
gestão do sistema penitenciário. Logo, imprescindível, também, a criação de um Sistema Nacional Eletrônico de
Informações, com a previsão legal de compartilhamento e interoperabilidade, como instrumento essencial ao
planejamento e gestão das políticas públicas. O Sistema, por óbvio, deve garantir a qualidade, atualização e
padronização de registro de dados e informações.
O desenvolvimento do sistema e sua implantação podem e devem ser atribuídos ao DEPEN, não só em razão de
ser o gestor dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), mas porque, ao fim e ao cabo, suporta os
ônus da desorganização do sistema, por exemplo, quando presta auxílio por meio do Sistema Penitenciário
Federal.
A previsão do Sistema Nacional e a obrigatoriedade de alimentação dos dados pode e deve consubstanciar a
proposta legislativa para sua inserção na LEP, inclusive com a previsão de sanções administrativas, civis e penais,
para o profissional ou estado que não prestar informações ou prestá-las falsamente, conforme art. 313-A do Código
Penal (BRASIL, 1940). A gestão eficiente do sistema penitenciário é uma questão de segurança pública.
Em paralelo às medidas estruturais e essenciais à gestão do sistema penitenciário, impõe-se, também, a revisão e
readequação da LEP.
Não obstante a sua inovação e sua preocupação com o adequado arranjo do sistema punitivo, constituindo-se, na
época, em importante instrumento de avanços e modernidade, os tempos revelam, malgrado a sua incompleta
implementação, a necessidade de redesenho dos institutos e das regras para afeiçoar-se ao novo contexto social,
político e jurídico.
Conquanto não encontre um consenso, em razão de uma minoria que ainda proclame o agravamento do caos, é
certo que o critério objetivo de 1/6 (um sexto) para a progressão de regime não se sustenta sob a ótica da adequada
proteção social e dos fins retributivos e preventivos da pena.

17
Sobre isto ver Kaplan e Norton (1997).

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Não por acaso são vários os projetos e propostas de modificação dos requisitos objetivos para a progressão de
regime e obtenção de benefícios no curso da execução penal.
A incompreensão social de um sistema normativo em que as penas previstas não são as efetivamente cumpridas,
construído, ainda, sob a mescla de regras de minimização dos efeitos punitivos (por exemplo: saídas, remição,
livramento, indulto etc.), evidencia uma opção política equivocada, mormente quando a realidade – base empírica
da construção normativa – aponta para o aumento da criminalidade, a insuficiência da norma como fator inibitório
de condutas indesejadas e, por fim, a impunidade.
Constituindo-se o não cumprimento integral da pena no regime fixado no título condenatório em uma opção
política, mostra-se inexorável, à luz da proporcionalidade – em seu viés positivo e negativo –, se não a eliminação
a elevação do critério objetivo de 1/6 (um sexto) para, no mínimo, 1/2 (um meio) ou 3/5 (três quintos), sem descurar,
ainda, de situações especiais, como os crimes hediondos, os reincidentes, os integrantes de organizações
criminosas etc. (conforme propostas legislativas já apresentadas).
Atento a esses reclamos, o Projeto de Lei nº 882, de 2019 (BRASIL, 2019a), propõe, também, a alteração do art.
59 do Código Penal, conferindo ao juiz, quando da prolação da sentença – portanto, consentâneo com o princípio
da individualização da pena – “modular” o requisito objetivo de cumprimento de pena.
Nessa linha, ainda, outra premissa do sistema reclama revisão, qual seja a regra que prevê o limite máximo de
cumprimento de pena. Colhe-se na exposição de motivos do Projeto de Lei 10.372, de 2018 (BRASIL, 2018b), que
tal modificação se impõe em face da atual expectativa de vida dos brasileiros, muito superior àquela existente
quando promulgado o Código Penal – segundo dados oficiais do IBGE (2018), de 1940 a 2016 a expectativa de vida
cresceu exponencialmente, passando de 45,5 anos para 76 anos.
De outro norte, sobreleva contextualizar que a Constituição Federal não estabelece para qualquer infração penal
a exigência ou a proibição da adoção de um determinado regime, apenas prescrevendo que a lei regulará a
individualização da pena, conforme art. 5º, XLVI (BRASIL, 1988).
Importante reflexão e modificação, ainda, se faz necessária no desenho estrutural do nosso sistema progressivo
e, por conseguinte, também, dos estabelecimentos prisionais.
A realidade encontra-se dissociada da pretensão legislativa, seja porque não se logrou construir e implantar as
unidades prisionais descritas na lei, conforme se infere dos levantamentos da Comissão Parlamentar de Inquérito,
do CNJ e do DEPEN (colônias agrícolas e industriais, casa de albergado etc.), seja porque o sistema de justiça (juiz,
Ministério Público e defensor) não consegue, em tempo razoável, processar, apreciar e decidir os inúmeros
incidentes na execução.
Não se pode ignorar que as grandes rebeliões e motins em presídios do País, abstraído o fator de superpopulação
carcerária, imbrica-se com a “demora”, “atrasos” e omissões na concessão de progressões e benefícios da
execução, o que ensejou a prática, paliativa, de “mutirões carcerários”.
Sugere-se, então, que para solução da questão processual envolvendo a execução penal no Brasil sejam adotados
critérios objetivos, alguns com case de sucesso já implantados, como por exemplo: i) obrigatoriedade de
digitalização de todo o acervo dos processos de execução penal do País, com utilização da ferramenta do
peticionamento eletrônico por meio de Portal criado pelos respectivos Tribunais de Justiça, a fim de possibilitar o
acesso real e instantâneo dos processos pelas unidades prisionais, de modo a possibilitar controle efetivo da
execução da pena – tais ferramentas não implicam custo; ii) reestruturação obrigatória com criação (onde não
houver ainda) das Gerências de Execuções Penais em cada complexo prisional, pois são os responsáveis pela
custódia dos presos e controle, ou seja, grandes interessados na soltura dentro do prazo fixado – tal criação não
demanda investimento e pode ser apenas relocação de servidores e capacitação com apoio do Poder Judiciário;
iii) convênios, com cessão de equipamentos, pelos Tribunais de Justiça ou CNJ, para gravação dos PAD’s,
agilização da tramitação de apuração das faltas graves e facilidade de acesso a gravação, dispensando-se as
audiências de justificação judiciais, deixando-se ao Juiz da Execução tempo suficiente para análise dos benefícios
– custo apenas aos Tribunais com cessão de equipamentos, que pode ser suprido pelo CNJ, como já feito em outras
oportunidades; iv) proposta de alteração legislativa para desjudicialização dos incidentes de remição, seja

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passando-se a atribuição exclusiva da Gerência de Execuções Penais com fiscalização pelo Juiz Corregedor e
Ministério Público Corregedor das Unidades, seja por instrumento que permita a real análise instantânea das
remições existentes por ferramentas gratuita como google drive, por exemplo – ferramentas de custo zero.
As progressões de regime, da mesma forma, não acontecem por falta de vagas. Ilustrativa desse quadro é a
decisão do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 641.320 (STF, 2016b).
Ao reconhecer o “estado inconstitucional das coisas” o Supremo Tribunal Federal destacou:

[...] o plano legislativo está tão distante da realidade que sua concretização é absolutamente
inviável. Apelo ao legislador para que avalie a possibilidade de reformular a execução penal e a
legislação correlata, para: (i) reformular a legislação de execução penal, adequando-a à realidade,
sem abrir mão de parâmetros rígidos de respeito aos direitos fundamentais; (ii) compatibilizar os
estabelecimentos penais à atual realidade (STF, 2016b).

Colhe-se na doutrina tradicional (LYRA, 1958; DOTTI, 2010) e na nova (BITENCOURT, 2012; PRADO, 2014); que
os sistemas penitenciários conhecidos (filadélfico, pensilvânico ou celular, auburniano, progressivo inglês ou mark
system, progressivo irlandês, montesinos) são frutos dos momentos históricos vividos pelo homem.
O primeiro deles (solitary system), sob forte influência religiosa, tinha no isolamento celular o seu eixo, acreditando
que isso favorecia a meditação propícia ao arrependimento. O preso não recebia visitas e só poderia falar com o
capelão. O sistema auburniano tinha como característica fundamental o isolamento noturno em celas individuais
e o trabalho em comum durante o dia. O sistema progressivo inglês e o irlandês depositam no trabalho a melhora
no tratamento penal e a possibilidade de reduzir o tempo de pena, premiando o mérito do condenado que se
incorpora num projeto de recuperação gradual da sua liberdade. A questão é que o trabalho, principalmente em
colônias, advém das necessidades históricas da época.
O sistema adotado pelo legislador assemelhou-se ao sistema irlandês.

No período inicial de cumprimento, se o permitissem as suas condições físicas, ficava o recluso


também sujeito ao isolamento durante o dia, por tempo não superior a três meses. Em seguida, o
condenado passava a trabalhar em comum, dentro ou fora do estabelecimento, em obras e serviços
públicos. A terceira etapa, reservada ao condenado de bom comportamento, seria executada em
colônia penal ou estabelecimento similar. E finalmente, viria a etapa do livramento condicional
(arts. 30, §§1º e 2º, e 60, I) (DOTTI; 2010, p. 652-653).

A doutrina nacional e estrangeira e os constantes congressos realizados em torno da questão penitenciária não
deixaram de observar o esgarçamento desse modelo. Há tempos aponta-se para a crise do modelo progressivo,
em parte, decorrente das suas próprias limitações como método de individualização da pena. Bitencourt (2012, p.
171), por exemplo, adverte: “no fundo, o sistema progressivo alimenta a ilusão de favorecer mudanças que sejam
progressivamente automáticas. O afrouxamento do regime não pode ser admitido como um método social que
permita a aquisição de um maior conhecimento da personalidade e da responsabilidade do interno”.
E, de fato, imaginar que a mera transferência de um estabelecimento ao outro seria suficiente para dar efetividade
aos fins da pena é desconhecer a alma humana e seus contornos. Não se colhem nos poucos dados estatísticos e
na prática elementos que evidenciem a eficácia desse modelo. Ao revés, a constatação empírica é desfavorável,
expõe um sistema falido e inoperante.
O equívoco, “na realidade, afeta primordialmente a unificação do tratamento para todos os apenados. Destes, há
aqueles que não são suscetíveis de reeducação por suas próprias características: perversidade moral, anomalias
mentais etc. Outros, tampouco precisam ser educados porque já estão (delinquentes por ocasião, culposos)”
(ARÚS, 1972, p. 224).
A compreensão que se tem do sistema progressivo brasileiro pode ser resumida no voto direcionado ao habeas
corpus 82.959, oportunidade em que o STF analisou a previsão da Lei 8.072, de 1990, que impunha o cumprimento
de pena integralmente em regime fechado, in verbis:

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[...] o afastamento da humanização da pena que o regime de progressão viabiliza, e a sociedade, o


retorno abrupto daquele que segregara, já então com as cicatrizes inerentes ao abandono de suas
características pessoais e à vida continuada em ambiente criado para atender a situação das mais
anormais e que, por isso mesmo, não oferece quadro harmônico com a almejada ressocialização.
A progressividade do regime está umbilicalmente ligada à própria pena, no que, acenando ao
condenado com dias melhores, incentiva-o à correção de rumo e, portanto, a empreender um
comportamento penitenciário voltado à ordem, ao mérito e a uma futura inserção no meio social.
O que se pode esperar de alguém que, antecipadamente, sabe da irrelevância dos próprios atos se
reações durante o período no qual ficará longe do meio social e familiar e da vida normal que tem
direito um ser humano; que ingressa em uma penitenciária com a tarja da despersonalização?
Sob este enfoque, digo que a principal razão de ser da progressividade no cumprimento da pena
não é em si a minimização desta, ou o benefício indevido, porque contrário ao que inicialmente
sentenciado, daquele que acabou perdendo o bem maior que é a liberdade. Está, isto sim, no
interesse da preservação do ambiente social, da sociedade, que, dia-menos-dia receberá de volta
aquele que inobservou a norma penal e, com isso, deu margem à movimentação do aparelho
punitivo do Estado. A ela não interessa o retorno de um cidadão, que enclausurou, embrutecido,
muito embora o tenha mandado para de trás das grades com o fito, dentre outros, de recuperá-lo,
objetivando uma vida comum em seu próprio meio, o que o tempo vem demonstrando, a mais não
poder, ser uma quase utopia (STF, 2006).

Colhe-se do excerto o reconhecimento de que a efetiva ressocialização pelo sistema progressivo atual é uma
utopia e, principalmente, que não se pode subtrair do juiz a possibilidade de individualizar da sanção.
Nessa perspectiva, propõe-se não a extinção do sistema progressivo, que representou verdadeira conquista
evolutiva, mas o seu redesenho, com ênfase na individualização da pena. A progressão, ao contrário do que se
supõe, da análise do contexto histórico, não reclama a simples transposição ou transferência de estabelecimentos,
mas a adoção de um sistema prospectivo permeado de políticas públicas voltadas à reinserção do preso na
sociedade, na família e no trabalho. Não é o afrouxamento da vigilância que prepara o sujeito para a vida normal
em sociedade, mas efetivas medidas de auxílio e inclusão.
O eixo, a exemplo dos resultados obtidos nas APAC’s (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), não
se circunscreve apenas no mérito do apenado – e pior, aferido apenas a partir de requisitos objetivos como o
decurso do tempo –, mas, essencialmente, na sua própria autodisciplina, senso de responsabilidade e vontade.
Entre as condições que se deve exigir do preso é sua efetiva participação nos projetos ofertados pela unidade
prisional de estudo e trabalho, impondo-se como uma das condições para a obtenção de benefícios.
Da mesma forma, deve-se buscar o envolvimento da sociedade civil – o preso não é do Estado ou da Justiça –
mediante projetos de conscientização e termos de cooperação e na família, como propulsores desse novo modelo.
O redesenho do sistema passa, igualmente, pela própria revisão dos estabelecimentos prisionais contemplados
na atual legislação: penitenciárias, colônias agrícolas/industriais e casas de albergado. Os dados do CNJ (2018a) e
do Infopen (2017) indicam, por exemplo, passados mais de 35 (trinta e cinco) anos da LEP, a existência de 95
estabelecimentos para o cumprimento de pena em regime semiaberto e 23 para o cumprimento de penas em
regime aberto.
São os números, e não as preferências doutrinárias, ideológicas ou políticas, que sustentam a imperiosa
necessidade de revisão do modelo.
De início, propõe-se o fim do regime semiaberto como etapa do sistema progressivo. Em princípio, os regimes
seriam apenas dois: aberto e fechado, com suas nuances e microssistemas próprios.
Os impactos no atual quadro devem ser avaliados e objeto de eventual regra de transição, embora, na prática, já
estejam presentes.
O regime aberto a ser executado, preferencialmente, sob monitoramento eletrônico, com condições obrigatórias
e facultativas a serem definidas pelo juízo da execução, em razão da natureza do delito e das demais condições do
art. 59 do Código Penal (BRASIL, 1940).

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As poucas casas de albergados existentes no País poderiam ser utilizadas para eventuais sanções decorrentes do
descumprimento do regime aberto – ao invés da simples regressão – ou, inclusive, para projetos destinados ao
egresso – sujeito, em regra, descuidado.
Embora tecnicamente o regime aberto constitua uma modalidade do regime prisional, a falta de casas de
albergado tem tornado inócua e ineficiente esta medida, porquanto, não raro, em face da proibição de regimes
mais gravosos, a pena é convertida em obrigação de comparecimentos periódicos. A prática, a propósito, tem
constituído estímulo e incentivo ao descumprimento das penas restritivas de direito, por serem estas “mais
gravosas”. A implantação do sistema de monitoramento, para a fiscalização do regime aberto, traduz-se em
medida coercitiva, efetiva e com a redução de custos operacionais, ou seja, eficiência e economicidade. 18
Malgrado, a despeito da evolução do homem e seus costumes, a sociedade não logrou encontrar alguma medida
que substitua a pena de prisão, mostrando-se ela ainda necessária e útil. Sendo técnica e socialmente
recomendável a separação dos presos, inclusive pela gravidade dos crimes cometidos, o regime fechado
contemplaria os seguintes estabelecimentos para o cumprimento da pena de prisão: segurança máxima, média e
mínima, com a possibilidade de transferência entre eles.
A esse sistema agrega-se ao já exitoso Sistema Penitenciário Federal, concebido como ultima ratio, com
características que podem e devem também ser revistas, na linha do modelo proposto pelo Projeto de Lei nº
882/2019 (BRASIL, 2019a): i) recolhimento em cela individual; ii) visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
amigos somente em dias determinados, que será assegurada por meio virtual ou no parlatório, com o máximo de
duas pessoas por vez, além de eventuais crianças, separados por vidro e comunicação por meio de interfone, com
filmagem e gravações; iii) banho de sol de até duas horas diárias; iv) monitoramento de todos os meios de
comunicação, inclusive correspondência escrita; v) monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas
comuns, para fins de preservação da ordem interna e da segurança pública, facultada a utilização até mesmo nas
celas, a critério do Juiz da Execução, por requerimento justificado da Chefia de Segurança da Unidade Custodiante
mediante elementos concretos; vi) atendimentos de advogados deverão ser previamente agendados, mediante
requerimento, escrito ou oral, à direção do estabelecimento penal; vii) os diretores dos estabelecimentos penais
de segurança máxima ou o Diretor do Sistema Penitenciário poderão suspender e restringir o direito de visitas por
meio de ato fundamentado, bem como instituir regime especial individualizado, em nome da segurança pública e
do estabelecimento prisional, se presentes circunstâncias excepcionais, por prazo determinado e especificado na
legislação, sujeito à fiscalização e homologação pelo juiz da execução.
As unidades de segurança máxima nos estados, destinadas aos presos condenados por crimes violentos e graves,
integrantes de organização criminosas e aqueles incluídos em regime disciplinar diferenciado poderão adotar
algumas dessas características, principalmente, as limitações de direitos nos termos da atual redação do parágrafo
único do artigo 41 da LEP.
Essas regras deverão ser obrigatoriamente observadas no Sistema Penitenciário Federal e poderão ser adotadas
por unidades de segurança máxima nos estados.
Os estabelecimentos de segurança média seriam compostos pelos atuais estabelecimentos prisionais e
destinados, por exemplo, aos condenados em regime fechado por crimes graves e violentos, cujo perfil não seja
recomendado a inclusão em presídio de segurança máxima.
Os estabelecimentos penais de segurança mínima seriam compostos pelos atuais estabelecimentos destinados ao
regime semiaberto e destinados, por exemplo, aos condenados em regime fechado por crimes não violentos e/ou
cujo perfil não recomendem maior vigilância.
A distribuição dos estabelecimentos segundo critérios de vigilância e rigidez permite a alocação de recursos e
construção de unidades segundo as reais necessidades da sociedade.

18
No Paraná há a Lei nº 19.240, de 2017, que obriga, para quem tem condições, o pagamento pela aquisição e manutenção
das tornozeleiras eletrônicas (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2017).

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Nessa perspectiva, inclusive, far-se-ia a separação entre os presos de acordo com a natureza dos crimes e sua
periculosidade, minimizando, assim, um dos graves e atuais problemas de “recrutamento” de presos pelo crime
organizado ou submissão de presos primários ao jugo de presos “profissionais”.
A reengenharia funcional permitiria a adoção e implantação de políticas (trabalho, educação, lazer etc.) específicas
e próprias para cada uma das unidades, uma vez mais focando a individualização da pena.
A estruturação de Centros de Observação Criminológica e equipes técnicas de classificação ganham especial
relevo. Integrados por profissionais de diversos segmentos das áreas humanas e social, e a partir de protocolos
lineares e objetivamente definidos pelo DEPEN, atuariam na classificação e no acompanhamento do apenado.
A capacitação e os cuidados com a saúde mental dos agentes penitenciários também devem merecer atenção e o
desenvolvimento de projetos por parte do Estado. A adequada formação, preparação, instrução e condições de
trabalho são fundamentais também para o agente estatal. O DEPEN com o auxílio dos Estados deve estruturar
“escolas ou academias” de formação multidisciplinar com currículo uniforme e periodicamente revisto.
Deve-se, a partir da formação permanente, estimular e incentivar o servidor, inclusive, mediante “gratificações”
de desempenho, premiando-se as melhores unidades prisionais. Com isso, poder-se-ia criar um ranking das
melhores unidades prisionais – cujos critérios de avaliação deveriam constituir-se das condições estruturais,
implementação das políticas de trabalho, educação e saúde, qualificação dos quadros etc.
Outras modificações consentâneas ao modelo proposto importariam ainda na previsão de novas regras, como por
exemplo: a) na hipótese de reincidência ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal
habitual, reiterada ou profissional, o regime inicial da pena será o fechado, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas ou de reduzido potencial ofensivo; b) no caso de condenados pelos crimes previstos nos arts. 312,
caput e § 1º, art. 317, caput e § 1º, e art. 333, caput e parágrafo único, o regime inicial da pena será o fechado, salvo
se de pequeno valor a coisa apropriada ou a vantagem indevida ou se as circunstâncias previstas no art. 59 lhe
forem todas favoráveis; c) na hipótese de condenação pelo crime previsto no art. 157, na forma do § 2º-A e do
inciso I do § 3º, o regime inicial da pena será o fechado, exceto se as circunstâncias previstas no art. 59 (CÓDIGO
PENAL, 1940).
A inescapável realidade do crime organizado, também, exige, por exemplo, que: a) as lideranças de organizações
criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em
estabelecimentos penais de segurança máxima; b) o condenado por integrar organização criminosa ou por crime
praticado através de organização ou associação criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de
pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que
indiquem a manutenção do vínculo associativo.
A reestruturação do sistema impõe também a revisão de benefícios como o livramento condicional e saídas
temporárias e principalmente de suas condições. Importante ressaltar que o livramento condicional, assim como
medidas passíveis de serem implementadas na unidade prisional, compõe essencial elemento de progressão para
este novo modelo proposto.
Em face das experiências atuais e desse novo peso que o instituto ganha, reclama também sua precisa delimitação
e descrição de requisitos, a exemplo: (i) da reparação do dano; (ii) uso do monitoramento eletrônico; e, (iii) bom
comportamento durante a execução da pena, não cometimento de falta grave nos últimos doze meses, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho
honesto; (iv) vedação aos condenados, definitiva ou provisoriamente, por crimes hediondos, de tortura ou de
terrorismo, de organização criminosa, saídas temporárias por qualquer motivo do estabelecimento prisional,
salvo, excepcionalmente, nos casos do art. 120 da Lei nº 7.210, de 1984, ou para comparecer em audiências,
sempre mediante escolta (BRASIL, 1984).
Institutos como os de saídas temporárias, igualmente, devem ser redefinidos, observando-se, por exemplo, sua: i)
vedação em caso de quebra da anterior e/ou em razão da prática de falta durante o gozo; ii) vedação quando a
data revelar-se incompatível com o crime praticado (por exemplo: Suzane von Richthofen – saída no dia dos
pais/mães).

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A propósito, impõe-se estabelecer, como regra, deixando que as exceções sejam decididas pelo juiz da causa, que
as audiências de presos recolhidos em estabelecimentos prisionais sejam preferencialmente por meio de
videoconferência. A medida, que importa em diminuição de riscos de fuga, risco à sociedade e de economia, deve
ser incentivada e custeada pelos departamentos penitenciários nacional e estaduais.
A evolução tecnológica e seus produtos – monitoramento eletrônico – devem ser efetivamente utilizados como
meios alternativo à prisão, cumprindo ao DEPEN o fomento e a criação de centrais de monitoramento.
Para acompanhamento e fiscalização de medidas e penas poder-se-ia também prever quadro de agentes de
custódia (“condicional”), aos quais seriam atribuídas eventuais diligências para fiscalização e acompanhamento
do regime aberto, do livramento condicional, das saídas temporárias, das autorizações para trabalho externo etc.
A distribuição racional de um número determinado de “fiscalizados” poderia auxiliar inclusive na minimização de
incidentes na execução e no efetivo processo de “ressocialização”.
Enquanto não criados os quadros de servidores mencionados, obrigatoriedade de utilização de ferramentas, sem
custos, como o Google Drive para atualização de endereços dos apenados em regime aberto e em gozo de saída
temporária, com cessão de acesso para as Guardas Municipais, Polícia Civil e Militar entre outros órgãos.
O quadro atual também aponta para a imprescindível revisão das regras de visitação, social e íntima,
principalmente porque as visitas tornaram-se meio de comunicação com o mundo exterior e, por conseguinte, de
transmissão de ordens pelo crime organizado.
A tecnologia, igualmente, deve ser utilizada como a “visita virtual”, assegurando, assim, o direito daqueles presos
cujas famílias não têm condições.
Revisão das regras de apuração de faltas e sua tipificação, adequando-as à realidade, mormente no que tange à
fixação de prazos de prescrição, decadência e extinção, inclusive no que diz respeito ao Regime Disciplinar
Diferenciado (RDD).
O RDD, por sua vez, deve observar, na linha das propostas legislativas, as seguintes características: i) duração
inicial de até dois anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie; ii)
recolhimento em cela individual; iii) visitas, em número de uma por mês, a serem realizadas em intervalos
regulares de tempo e em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por uma
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de duas horas; iv) o preso terá
direito à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol; v) todas as entrevistas monitoradas, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
vi) fiscalização do conteúdo da correspondência; vii) participação em audiências judiciais exclusivamente por
videoconferência, garantindo-se a presença do defensor; viii) poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos
de um ano, existindo indícios de que o preso –continue apresentando alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal de origem ou da sociedade – mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerado também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo
criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do
tratamento penitenciário; ix) visitas, entrevistas e atendimentos serão gravados em sistema de áudio ou de áudio
e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário; x) o preso que não receber visita poderá
ter contato telefônico com uma pessoa da família, uma vez por mês e por dez minutos, sendo que a ligação será
submetida à gravação e será realizada após prévio agendamento.
Nessa quadra, ainda, propõe-se inclusive a criação de sistema de “micropunições”. Não se pode olvidar que o
sistema é progressivo/regressivo e que a regressão impacta igualmente o sistema prisional. Com efeito, propõe-
se a criação de regras de “micropunições”, que pode inclusive prever prisão “simples” e “temporária”, ao invés da
regressão direta e mais gravosa.
Analisando-se a estrutura organizacional de diversos estados, constata-se que alguns deles como Amazonas,
Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, possuem uma pasta específica
para gestão do sistema prisional. Nos demais estados, o sistema prisional está vinculado às Secretarias de
Segurança Pública ou Secretarias de Justiça e Cidadania, que trazem consigo vinculadas várias outras instituições,

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tais como a Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Instituto Geral de Perícias, Defesa Civil e
Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON). Observa-se que, embora todas essas instituições
tenham por finalidade promover a segurança pública, o foco de atuação é visivelmente diverso. Enquanto as
Polícias Civil e Militar se dedicam às atividades de prevenção e repressão, o sistema prisional se destina a execução
da pena, devendo focar seus esforços em políticas de acompanhamento e controle da aplicação da Lei de Execução
Penal, ou seja, com atividades diversas e, por vezes, que se confundem, embora sem dever, criando o caos e
entendimentos discrepantes e até mesmo a anacrônicos.
A gestão do sistema prisional, pois, é de alta complexidade, já que incumbe ao Estado a tutela do preso, devendo
ele garantir sua integridade física e moral, garantindo-lhe, desde seu ingresso no sistema prisional, acesso às
políticas públicas que visem sua recuperação, preparando-o para a reinserção social efetiva e não utópica como
muitas vezes demonstrado. Assim, por se tratar, este Plano Nacional, de paradigma de orientação para
implementação de políticas públicas voltadas para todas as áreas da política criminal e penitenciária, pelos
próximos 4 (quatro) anos, pelo menos, prudente que seja refletido aos gestores estaduais a importância da criação
das Secretarias de Administração Prisional em cada unidade da federação que ainda não a possua, como forma de
viabilizar, com maior responsabilidade, a autonomia administrativa e financeira necessária para a gestão do
sistema prisional, permitindo o efetivo planejamento e a execução de ações voltadas para garantir os direitos
fundamentais do preso, bem como garantir aos operadores desse sistema condições dignas de trabalho.
Imprescindível a efetivação e concretização de políticas públicas voltadas ao egresso, com o acompanhamento de
equipes multidisciplinares, as quais podem e devem ser subsidiadas com os recursos do FUNPEN, do Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) e de penas substitutivas, bem como o fomento de
acordo de cooperação interinstitucional (por exemplo, outros ministérios – do Trabalho, Assistência Social,
Educação e Saúde –, universidades públicas e privadas, confederações de empresas etc.).
Entre as políticas que ainda devem ser impulsionadas e perseguidas, com prioridade, tem-se o fomento da
aplicação das penas substitutivas à prisão, revendo-se, inclusive, o seu rol, pois, por exemplo, são raros os locais
apropriados para a aplicação da limitação de final de semana – pena, inclusive, que poderia e deveria ser melhor
utilizada para delitos específicos.
Necessário, portanto, a exemplo do que já apontou a CPI (2009): estimular a aplicação e a fiscalização das penas e
medidas alternativas em todas as unidades da federação; difundir as vantagens das penas e medidas alternativas
como instrumentos eficazes de punição e responsabilização; e desenvolver um modelo nacional de gerenciamento
para a aplicação das penas e medidas alternativas.
E, também com a revisão dos patronatos, incumbido que foi em alguns lugares para fiscalizar e implantar as penas
substitutivas, em particular, a de prestação de serviços à comunidade, deve-se fomentar a criação e a instalação
de Centrais de Penas Alternativas, vinculadas diretamente ao juiz da execução, com a cooperação e integração
dos demais órgãos e poderes do Estado e da sociedade. As centrais devem conter equipe multidisciplinar, sistema
informatizado de controle de prestadores de serviços e de instituições conveniadas, as quais, inclusive, podem e
devem ser beneficiadas com a destinação de recursos das penas pecuniárias.
O DEPEN deve estabelecer metas e índices de verificação e fiscalização, vinculando a transferência de recursos do
FUNPEN a obtenção de resultados efetivos.
Como medida prospectiva, o DEPEN deve promover estudos para, com o amparo do Congresso Nacional,
desenvolver uma política nacional de “engenharia” de sistema prisional, considerando que, em regra, suporta os
ônus financeiros por meio de repasses de recursos para a construção de unidades destinadas ao cumprimento de
penas. Essa “engenharia” deve prever norma cogente, por exemplo, aos municípios com mais de 100.000 (cem
mil) habitantes que construam e mantenham unidades para custodiar os presos locais ou, ainda, que a
obrigatoriedade recaia sobre microrregiões ou regiões metropolitanas com densidade demográfica a ser definida.
Deve a lei prever restrições ao repasse de recursos financeiros, bem como para a transferências de presos, aos
entes federados que se recusarem ou embaraçarem a concessão de licenças e autorizações para a construção de
unidades prisionais.

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Insta observar que a criminalidade e a existência de presos não é produto de um ou alguns municípios, mas uma
realidade do convívio social e que a simples transferência do problema não elimina o quadro de insegurança.
Há que se revisar e aprimorar os estudos sobre a formatação de parcerias público privadas na construção,
manutenção e operação de unidades prisionais (respeitados os ditames legais), principalmente considerando as
dificuldades orçamentárias e a degradação do atual sistema.
Nessa quadra, a par do aprimoramento construtivo – com previsão de monitoramento de áudio e vídeo,
automação, uso de recursos tecnológicos como videoconferências, body scan etc. – previsão e estruturação de
Departamentos de Inteligência nas unidades prisionais, com interação e atuação conjunta com os órgãos de
segurança pública, principalmente com foco nas organizações criminosas e na prática de ilícitos intra e extra
muros.
Imperiosa, ainda, a implantação obrigatória em todas as unidades prisionais de ambulatórios e área destinada à
saúde dos presos, com quadro de servidores próprios compatível e não sendo factível mediante terceirização –
inclusive convênio com universidades, empresas públicas e privadas. Deve o DEPEN, com o acompanhamento do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), proceder ao levantamento da situação atual e
estruturar junto aos estados cronograma de implantação de unidades hospitalares nos complexos penitenciários,
evitando-se o deslocamento e a escolta dos presos a postos de saúde e hospitais públicos, com riscos e custos. As
ações devem ser coordenadas e conveniadas com o Ministério da Saúde, que deverá auxiliar e destinar recursos
financeiros e pessoal.
Revisão das estruturas destinadas ao cumprimento das medidas de segurança com a efetiva implantação de
atendimento médico psiquiátrico e multidisciplinar, focado na saúde mental e reinserção dos presos. Estas
unidades devem receber atenção especial e particular dos Departamentos Penitenciários, do Poder Judiciário, do
Ministério Público e das Defensorias, também com a adoção de processos eletrônicos, prontuários acessíveis,
obrigatoriedade de inspeção e revisão periódica de procedimentos e instalações.
A política destinada aos presos estrangeiros, igualmente, merece reflexão, não só em razão das dificuldades
operacionais que o tratamento destes internos demanda, com os custos que se impõe, perpassando, assim, na
necessária revisão dos procedimentos para expulsão, inclusive no que tange a sua simplificação e sumarização.
As penas pecuniárias, também, merecem atenção, não só por consubstanciarem uma opção política de sanção –
não raro desprezada –, mas por integrarem uma das fontes do Fundo Penitenciário. Imprescindível o
aparelhamento e a adoção de mecanismos de cobrança efetivos, a exemplo dos já previstos na legislação (por
exemplo, desconto da remuneração), mas também positivar o entendimento do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede
a progressão no regime prisional (STF, 2015). Adequar, ainda, a legislação à compreensão de possibilidade de
execução da sentença condenatória, uma vez que não faz sentido permitir a execução da pena privativa e restringir
a possibilidade da execução da pena de multa, mormente em face da possível reversão jurídica e fática.
Ao Fundo Penitenciário Nacional, ainda, poderiam ser vertidas as multas aplicadas a terceiros pela jurisdição
criminal a título de astreint ou contemp of court.
Cumpre ao DEPEN a criação e divulgação de “banco de boas práticas” do sistema prisional, devendo disseminar,
estimular e auxiliar a implantação de políticas e projetos considerados apropriados e bem-sucedidos.
Por fim, embora evidentemente não menos importante, necessário o fortalecimento e aperfeiçoamento do
Programa de Proteção à Vítimas e Testemunhas (PROVITA), com a alocação e previsão de recursos do FUNPEN,
também voltado aos internos do sistema, não raro subjugados pelas organizações criminosas (este aspecto será
enfatizado na parte seguinte).

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5. DIRETRIZES E MEDIDAS EM RELAÇÃO AO EGRESSO


Não restam dúvidas de que inerente à estruturação de qualquer política pública existe um arranjo institucional.
Neste contexto, no Brasil deve-se levar em consideração o pacto federativo insculpido constitucionalmente e as
atribuições dos poderes constituídos. No caso de ações que tenham como foco o egresso do sistema prisional, no
âmbito de um Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária, mesmo sendo este de competência elaborativa
do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão do Poder Executivo, as medidas práticas
a serem adotadas devem envolver além do Poder Executivo, o Poder Judiciário, respeitados os ditames legais.
A questão da reinserção social do egresso da prisão, de modo a não voltar a praticar novos crimes, está alicerçada
em um tripé que precisa ser bem montado. Primeiro, torna-se necessário que a pessoa saia da prisão predisposta
a não cometer novos crimes, ou seja, ter a convicção de que o crime não compensa. Em segundo lugar, o Estado
tem que ter feito a sua parte, com uma justiça eficiente e preparando-o quando ainda preso para apontar novas
possibilidades de convivência social pacífica. Por fim, torna-se imprescindível que a própria sociedade não
retroalimente a propensão para o crime, podendo, inclusive por meio de órgãos públicos, instituições empresariais
ou organizações da sociedade civil, contribuir com o processo de reinserção social, já que após a soltura o egresso
se encontra no meio social.
Com efeito, o sentido léxico da palavra “egresso” comumente remonta a alguém que deixou de pertencer a um
determinado lugar. A aplicação e consequente institucionalização do termo egresso do sistema prisional remonta
à Lei nº 7.210, de 1984 – Lei de Execução Penal (LEP), que designa o detento ou recluso de acordo com estas
condições: “I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; II - o liberado
condicional, durante o período de prova” (BRASIL, 1984).
Na LEP a palavra “egresso” aparece dez vezes, fundamentalmente para instituir normativas desta categoria, por
exemplo, o art. 10 rege que “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime
e orientar o retorno à convivência em sociedade”; ainda neste mesmo art., o parágrafo único cita que a assistência
será: “I - material; II - à saúde; III - jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa (BRASIL, 1984). Ademais, em
seu art. 15, parágrafo 3o, a LEP ressalta que deverão ser implementados Núcleos Especializados da Defensoria
Pública, fora dos estabelecimentos penais, objetivando prestar assistência jurídica integral e gratuita aos egressos
sem recursos financeiros para constituir advogado. Esta assistência ao egresso fica também explícita no art. 25,
consistindo: “I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na concessão, se necessário, de
alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses” (BRASIL, 1984). O
parágrafo único do art. 25 e o art. 27 complementam que este prazo estabelecido poderá ser prorrogado uma única
vez, desde que comprovado, via declaração de assistente social, sobre o empenho na obtenção de emprego por
parte da pessoa afeta. Pari passu, o serviço de assistência social deverá colaborar com o egresso para a obtenção
de trabalho.
Já o Ministério da Segurança Pública (2018) cita a palavra egresso seis vezes no trabalho “Sistema Único de
Segurança Pública/Política Nacional de Segurança Pública/Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
2018-2028”, ressaltando a necessidade de investir em programas de inclusão social e prevenção direcionados para
egressos e futuros egressos do sistema penitenciário, bem como fortalecendo esta política mediante instalação
de patronatos nos municípios. Neste contexto, procura-se criar e/ou fomentar condições mínimas para
ressocialização19 dos egressos com oportunidades educacionais e de qualificação profissional com vista à
reinserção social.

19
Ao longo de todo este Plano foi citado a palavra ressocialização. Contudo, vale citar Andrade et al. (2015): “os ideais
previstos pelos legisladores trouxeram para o cerne da discussão polêmicas em torno do conceito de ressocialização [...],
finalidade atribuída à prisão moderna e base da concepção de execução penal prevista na LEP. Embora a literatura revele
a existência de controvérsias em torno do tema da ressocialização [...], qualquer das posições traz propostas de ações que
têm como finalidade impactar na trajetória de vida dos indivíduos encarcerados [...].

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O CNPCP, no Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária de 2015, citou a palavra egresso catorze vezes.
Nessas citações o que se intenciona é apoiar o egresso do sistema prisional em seu retorno à sociedade,
fortalecendo a política de reintegração social. Foram citados, por exemplo: o incentivo fiscal às empresas que
contratarem presos e egressos; o desenvolvimento de uma Política Nacional de reintegração que envolva
Ministérios correlatos e a Sociedade Civil; o estímulo para a criação de patronatos ou órgãos similares nos estados
que não possuem equipamentos necessários para a profícua política de reintegração social; e a criação de canais
que facilitem ao egresso obter certidões e documentos aptos ao exercício da plena cidadania, com o fito de auxiliá-
lo na obtenção de emprego.
Contudo, faz-se necessário dizer que, embora as referências citadas anteriormente tenham intenções que não
possuem ou demonstrem características extraordinárias em suas políticas, nenhuma delas expôs, com
fundamentação empírica, qual(quais) razão(ões) motivou(ram) as pessoas a migrarem para o ato ilícito.
Mesmo ciente do fato de não existir consenso sobre o que faz com que uma determinada pessoa cometa crime(s),
existem “variáveis dissuasórias que levariam o indivíduo a se abster de cometer crimes”, como: a “percepção e
sentimento de concordância do indivíduo para com o conjunto vigente de normas e valores sociais, que faz
estreitar os elos desse para com a sociedade”, e o controle externo “que se inicia pela polícia, passando pela justiça
e terminando nos sistemas punitivos, que indicariam as probabilidades de aprisionamento e a magnitude das
punições” (CERQUEIRA; LOBÃO, 2004, p. 259-260). Sobre este aspecto, vale citar o conceito de dissuasão exposto
por Oliveira (2011), cuja essência deve ser de que o custo de oportunidade do crime esteja atrelado com fatores
que desencorajam a prática criminosa, seja mediante utilização de incentivos positivos (condições de trabalho, por
exemplo), seja mediante utilização de incentivos negativos (probabilidade e severidade da punição, por exemplo).
Destarte, considerando que, se somente se, as motivações para a prática ilegal não forem absolutamente
estancadas e/ou o custo de oportunidade do crime seja um elemento de fato desencorajador, o preso e/ou egresso
continuará tendo uma alta probabilidade de cometer novos delitos, ou seja, vindo a reincidir criminalmente.
Shikida et al. (2019), especificamente no tocante aos crimes lucrativos [denominação de Becker (1968) para delitos
como furto, assalto, tráfico de drogas etc., que visam à – em última instância – pecúnia], reiteraram que este tipo
de delito está sendo maiormente cometido no Brasil porque os benefícios financeiros estão sendo bem superiores
aos seus custos, sendo motivados, principalmente, pela ideia de ganho fácil, cobiça, ambição e ganância. 20 Ainda
neste tocante, esta migração para a atividade ilegal está fortemente relacionada com travas morais fragilizadas
dos delinquentes, quais sejam, formações familiar, religiosa e escolar. Isto faz com que a perda moral proveniente
da execução do crime seja pouco expressiva para estas pessoas que, frisa-se, não respeitam as instituições ligadas,
direta e indiretamente, com a segurança pública (polícia, judiciário e outras). Já os crimes não lucrativos
(homicídio, estupro etc.) estão atrelados também às fragilidades das travas morais, bem como com variáveis
dissuasórias que levariam as pessoas ao não cometimento de crimes.
Logo, o que o preso e o egresso precisam ter, primeiramente no ambiente complexo e multifacetado do sistema
prisional, são medidas que favoreçam a recuperação de sua bússola moral, ligadas às travas morais mencionadas
por Schlemper (2018), isto é, noções estruturadas de família, escola, trabalho e religião que funcionem como
variáveis dissuasórias da criminalidade. De acordo com as pesquisas de campo de Schlemper (2018), os próprios
delinquentes pesquisados citaram fatores como mais trabalho, mais escola/educação, prática religiosa e mais
oportunidade como estratégia que o Estado poderia implementar, em termos de políticas públicas, para reduzir
tanto os crimes como a sua reincidência.
Historicamente, a implementação de ações voltadas ao trabalho, estudo e religião aos apenados surge com a
transição da maneira de punir, da pena castigo à ideia de punir educando. Porto (2008) demonstra que essa
ideologia já era difundida séculos atrás, ressaltando a Colônia de Mettray, que foi inaugurada em Paris em 1839

20
Mariano (2010) confirma o fato de as variáveis socioeconômicas explicarem parte da variação nos níveis de crimes
lucrativos. Santos e Kassouf (2008) também realizam importante estudo econômico das causas da criminalidade no Brasil.

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pelo Juiz Fréderic-Auguste Demetz. Esta Colônia tinha como fito a ideia de punir educando, no qual os internos
eram submetidos a trabalho forçado, instrução primária e religiosa.
Sobre a questão da escola dentro dos estabelecimentos prisionais, Zonatto (2018) ressalta que o acesso à
educação deve ser garantido ao preso, pois uma privação disso significa impor uma pena adicional ao apenado.
Sobre outra importante trava moral, dados do Projeto Religioso 21 desenvolvido na Penitenciária Estadual de Foz
do Iguaçu (PEF), que busca a reintegração social a partir do resgate da base religiosa, proporcionando que o preso,
voluntariamente, receba conhecimentos e ensinamentos religiosos, vem apresentando resultados positivos. Com
efeito, em pouco mais de 3 anos de existência, este Projeto contribuiu para uma redução próxima a 50% das faltas
disciplinares, transformando o ambiente interno para melhor e resgatando laços familiares antes perdidos pela
prática do crime, além de ser um meio direto de combate ao crime organizado.
Quanto ao trabalho dentro do ambiente prisional, Zonatto (2018) destaca que o mesmo não deve ser forçado,
porém, uma vez trabalhando o apenado tem o direito de ser remunerado em conformidade com a regulamentação
vigente.
Neste contexto, ao preso, primeiramente este porquanto se nada for feito ao preso, inócua será a política
direcionada ao egresso do sistema prisional, torna-se premente a promoção do acesso ao trabalho, educação e,
conforme escolhas pessoais, da intensificação da prática religiosa dentro dos estabelecimentos penais (nos casos
de apenados de regime fechado), bem como para aqueles que tiveram condenações para outros regimes e penas
alternativas – como de prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas e/ou prestação pecuniária.22
Assim, esta diretriz se torna duplamente benéfica, servindo como uma forma de punição e reeducação do
sentenciado, visando principalmente ao resgate de suas bússolas morais.
Vale dizer que esta política é complementar, e não excludente, às ideias citadas na LEP, pois está em conformidade
com o escopo de prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade do egresso. Porém, neste caso
se busca, mormente, o fortalecimento das travas morais enquanto fator dissuasório que leva uma pessoa a se
abster de cometer crimes. Ademais, como externalidade positiva dessa estratégia de intensificação do trabalho se
destaca, conforme cita Shikida e Brogliatto (2008, p. 150), a melhora do ambiente prisional via redução dos níveis
de estresse da população carcerária –“os benefícios relativos ao trabalho desenvolvido pelos detentos convergem
para a remição da pena, ocupação do tempo e da mente (foi citado por muitos o dito popular: ‘cabeça vazia é
oficina do diabo’) e melhor chance de profissionalização/regeneração”.
As medidas a serem tomadas para os egressos devem estar em consonância com a regra número 4 das Regras
Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos (Regras de Mandela), em que o Brasil é signatário.

Regra 4
1. Os objetivos de uma pena de prisão ou de qualquer outra medida restritiva da liberdade são,
prioritariamente, proteger a sociedade contra a criminalidade e reduzir a reincidência. Estes objetivos só
podem ser alcançados se o período de detenção for utilizado para assegurar, sempre que possível, a
reintegração destas pessoas na sociedade após a sua libertação, para que possam levar uma vida
autossuficiente e de respeito para com as leis.
2. Para esse fim, as administrações prisionais e demais autoridades competentes devem proporcionar
educação, formação profissional e trabalho, bem como outras formas de assistência apropriadas e
disponíveis, incluindo aquelas de natureza reparadora, moral, espiritual, social, desportiva e de saúde. Estes

21
Projeto Evangelístico “Caminho de Vida” finalista do PRÊMIO SESI ODS 2018, escolhido pelos especialistas como um
dos cinco melhores projetos apresentados na categoria Poder Público, reconhecido com o SELO SESI ODS 2018 por
atender o 16º objetivo: Paz, Justiça e Instituições Eficazes (PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE FOZ DO IGUAÇU – PEF/PR,
2015).
22
Nickel (2019, p. 91), no trabalho empírico “Análise da execução penal envolvendo crimes econômicos no Paraná cuja
pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços e/ou pecuniária”, apontou que o risco da punição por
outra prestação de serviço foi o fator mais favorável ao objetivo da efetiva ressocialização; “nesta

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programas, atividades e serviços devem ser facultados de acordo com as necessidades individuais de
tratamento dos reclusos (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA; 2016, p. 19).

Com base nesses pressupostos, uma proposta de política pública voltada para proporcionar ao egresso do sistema
prisional condições adequadas de reabilitação social, passa, irremediavelmente, pela adoção de medidas
habilitatórias como, por exemplo, oportunidades de trabalho e estudo, além de assistência religiosa e de cunho
social quando a pessoa ainda se encontra reclusa, no processo de execução da pena ou da prisão “provisória”, para
que o egresso possa sair da prisão com alguma capacidade laborativa e formativa para enfrentar o mercado de
trabalho, por exemplo. Neste caso, o desafio se torna ainda maior, já que a assistência ao preso, preceituada na
LEP, ainda é deficiente. Imagine então como assegurá-la aos egressos!
Evidentemente, o desafio posto é diminuir os índices de reincidência em novos crimes por parte de egressos do
sistema prisional. Para isso, seria importante maiores conhecimentos sobre o tema. Entretanto, mesmo existindo
diversos estudos sobre a questão da pena privativa de liberdade e do ambiente prisional, de acordo com Madeira
(2004), citado por Mueller (2014, p. 2), “[...] poucos são os que tendem a analisar a trajetória e o processo pós-
prisional, a reintegração social e a ressocialização, ou não, dos egressos do sistema prisional”. Isso, sem nenhuma
dúvida, dificulta a existência de diagnósticos da realidade.
Estudando a questão da reincidência criminal no Brasil, Sapori, Santos e Der Maas (2017), em pesquisa realizada
em Minas Gerais sobre o tema, apontaram elevados índices de reincidência criminal, apesar de não indicarem
possíveis causas relacionadas à reincidência.
Recentemente o Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada realizou pesquisa sobre “Reincidência Criminal no
Brasil” (IPEA, 2015). Em meio a discussões sobre o tema da “ressocialização” são destacadas as posições realista e
idealista. Sendo assim, “[...] os adeptos da posição realista, partindo da premissa de que a prisão não é capaz de
se constituir em espaço de ressocialização, defendem que o máximo que ela pode fazer é neutralizar o
delinquente” “[...] (IPEA, 2015, p. 14). Por outro lado, “[...] no extremo oposto estão os que se inserem na posição
idealista, que permanecem na defesa da prisão como espaço de prevenção especial positiva (ressocialização) [...]”.
No âmago desse debate prevalece “a opinião quase consensual, no entanto, de que a prisão não é capaz de
ressocializar não se estende aos rumos que deveriam ser dados à prisão” (IPEA, 2015, p. 14). Na verdade, trata-se
de um tema bastante polêmico e longe de consenso. A pesquisa do IPEA (2015) ainda apresenta a posição de
Barata (1990):

[...] a prisão, do modo como se apresenta, é de fato incapaz de promover a ressocialização; ao contrário, o
que ela tem produzido realmente são obstáculos ao alcance deste objetivo. No entanto, apesar desse
reconhecimento, sustenta que o intuito não deve ser abandonado, mas reconstruído e, nesta reconstrução,
propõe a substituição dos termos ressocialização e tratamento pelo de reintegração social. Para Baratta
(1990, p. 3), ressocialização e tratamento denotam “uma postura passiva do detento e ativa das instituições:
são heranças anacrônicas da velha criminologia positivista que tinha o condenado como um indivíduo
anormal e inferior que precisava ser (re)adaptado à sociedade, considerando acriticamente esta como ‘boa’
e aquele como ‘mau’”. Em oposição, o termo reintegração social pressupõe a igualdade entre as partes
envolvidas no processo, pois requer a “abertura de um processo de comunicação e interação entre a prisão
e a sociedade, no qual os cidadãos reclusos se reconheçam na sociedade e esta, por sua vez, se reconheça na
prisão” (IPEA, 2015, p. 14).

Essa questão conceitual e de concepção quanto ao papel da prisão não pode ser óbice à busca de redução da
reincidência. A pena privativa de liberdade trata-se de uma realidade posta como mecanismo de enfrentamento à
violência criminal e, assim, deve ser enfrentada até que se construa outro instituto que possa substitui-la em
plenitude. Por enquanto, como não se vislumbram alternativas que possam concretamente superá-la, o problema
da reintegração social de egressos do sistema prisional deve ser enfrentado por meio de medidas no sentido de
proporcionar uma melhor integração deste à sociedade, apesar dos males existentes na prisão.

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Entretanto, não restam dúvidas de que “a reintegração social dos egressos do sistema prisional deve ser entendida
como o suporte provido a eles antes, durante e após o cumprimento da pena. A deprivação da liberdade por si não
faz nada para prepará-los para a mudança esperada pela sociedade” [...] (MUELLER, 2014, p. 5). Evidentemente,
para ter mais eficiência, as medidas direcionadas à redução da reincidência criminal devem se iniciar no curso do
processo de execução da pena (ainda quando a pessoa estiver presa) e segui-la após a soltura. Portanto, trata-se
de uma questão bastante complexa.
Além disso, pensar em ações voltadas para atender egressos do sistema prisional no escopo de um Plano Nacional
de Política Criminal e Penitenciária exige que o tema seja tratado enquanto política de Estado. Neste caso, deve-
se considerar a política pública na sua complexitude conceitual e pragmática. Em meio ao dissenso frente ao tema,
no aspecto conceitual, não restam dúvidas de que:

Toda política pública é uma forma de regulação ou intervenção na sociedade. Articula diferentes sujeitos,
que apresentam interesses e expectativas diversas. Constitui um conjunto de ações ou omissões do Estado
decorrente de decisões e não decisões, constituída por jogos de interesses, tendo como limites e
condicionamentos os processos econômicos, políticos e sociais. Isso significa que uma política pública se
estrutura, se organiza e se concretiza a partir de interesses sociais organizados em torno de recursos que
também são produzidos socialmente. Seu desenvolvimento se expressa por momentos articulados e, muitas
vezes, concomitantes e interdependentes, que comportam sequências de ações em forma de respostas,
mais ou menos institucionalizadas, a situações consideradas problemáticas, materializadas mediante
programas, projetos e serviços [...] (SILVA, 2001, p. 37-38).

Como se pode notar, a política pública é caracteristicamente um processo de intervenção do Estado na sociedade.
Normalmente se inicia com planejamento e segue com a gestão. Isso significa que deve ser delineada em
programas e projetos com objetivos, metas, ações, recursos e monitoramento. Com efeito, necessita de estruturas
e depende de conjunturas. Além disso, a avaliação de possíveis resultados se impõe para se medir a eficiência,
eficácia e efetividade da política.
Evidentemente, a estruturação de uma política de Estado voltada para a assistência ao egresso do sistema
prisional passa pela reestruturação de órgãos, adequação de estruturas físicas, formação de pessoal, aquisição de
equipamentos e, sobretudo, definição de objetivos e metas, delineamento de ações, previsão de recursos,
estratégias de gestão e mecanismos de monitoramento e avaliação. Neste caso, este Plano deve servir de ponto
de partida para a construção dessa política, tendo no DEPEN o órgão fomentador e articulador, de forma
interinstitucional.
Em regra, os entes federativos não possuem estruturas institucionais para assistência e acompanhamento de
egressos do sistema prisional. Na verdade, até existem programas e projetos dessa natureza. Porém, estes não
integram uma política de Estado duradoura e consistente que possa apresentar resultados substanciais
impactantes na diminuição efetiva da reincidência criminal. Pelo menos não existem estudos que apontem tais
resultados.
O desenvolvimento de qualquer política pública exige a necessidade de estruturas físicas, de pessoal e de
equipamentos. Dependendo do caso concreto proposto no programa pode ser necessário um rearranjo
institucional. Entretanto, existem poucas informações quanto a eventuais estruturas destinadas para
acompanhamento de egresso do sistema prisional. A Lei Complementar nº 79, de 1994, que criou o Fundo
Penitenciário Nacional (FUNPEN) preceitua no art. 3º, VII, que os recursos do FUNPEN serão aplicados na
elaboração e execução de projetos destinados à reinserção social de presos, internados e egressos, inclusive por
meio da realização de cursos técnicos e profissionalizantes (BRASIL, 1994b).
Ainda de acordo com o art. 3-A, § 2º, do mencionado diploma legal, introduzido pela Lei nº 13.500, de 2017, os
recursos do FUNPEN poderão também ser utilizados “no financiamento de programas destinados à reinserção
social de presos, internados e egressos, ou de programas de alternativas penais”. Esta Lei também alterou o art.
40, § 5º, da Lei nº 8.666, de 1993, dispondo que “A Administração Pública poderá, nos editais de licitação para a

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contratação de serviços, exigir da contratada que um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo ou
egresso do sistema prisional, com a finalidade de ressocialização do reeducando, na forma estabelecida em
regulamento” (BRASIL, 2017).
As fontes de arrecadação dos recursos do FUNPEN, preceituadas no art. 2º da Lei Complementar 79, de 1994
(BRASIL, 1994b), necessitam de ser ampliadas para fazer frente às demandas existentes, uma vez que de acordo
com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN, tendo por referência
junho/2016), a população presa no País era um total de 726.712 pessoas. Deve-se ainda considerar que nesse
contexto tem-se a possibilidade de um constante e elevado número de egressos. Sendo assim, ampliar a
arrecadação de recursos do FUNPEN seria de fundamental importância para ampliar os programas e projetos
voltados para atender o egresso com o objetivo de evitar a reincidência criminal.
No caso específico do egresso do sistema prisional, apesar de a LEP ser clara e cristalina de que a “assistência
estende-se ao egresso” é um “dever do Estado” e tem por objetivo “prevenir o crime e orientar o retorno à
convivência em sociedade” [LEP, art. 10, parágrafo único (BRASIL, 1984)], são poucos ou quase inexistentes
núcleos institucionais que sejam voltados para essa assistência, já que, como dito antes, a assistência mesmo ao
preso ainda é deficiente.
Entretanto, reitera-se que as medidas voltadas para a reintegração devem acompanhar todo o curso do processo
de execução penal desde a prisão, mesmo que provisória, e seguir com a soltura. Repisa-se no sentido de que as
ações voltadas para egressos de unidades prisionais devem ser pensadas como possibilidades de redução da
reincidência criminal, portanto, imbricadas inicialmente no processo de execução da pena.
Cabe destacar que se deve pensar em várias situações de egresso, pois existe a pessoa que esteve presa apenas
provisoriamente (sem ter sido sentenciada) e se encontra em liberdade condicional. Já no caso de sentenciados
deve-se considerar o modelo progressivo de execução penal atualmente no Brasil, em que existe o egresso em
decorrência de livramento condicional, ainda com vínculo com a justiça e outra situação na qual a pena já tenha
sido completamente cumprida.
Outro aspecto diferenciado para a questão do egresso é que, dada a situação de desvinculação com a prisão, torna
o acompanhamento por parte do Estado mais dificultoso, porém, abrindo maiores possibilidades de efetiva
participação da sociedade civil e de empresas por meio de parcerias com o poder público para a oferta de
oportunidades. “[...] é imprescindível que a comunidade participe efetivamente desse processo de reintegração
social, uma vez que o sistema prisional, mesmo que esteja à margem da sociedade, é produto dela e a ela
pertencente” (MULLER, 2014, p. 6). No entanto, a questão central é convencer a sociedade quanto à essa preciosa
participação, já que a mesma, além de ser vítima da criminalidade violenta (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E
SEGURANÇA PÚBLICA; SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA; DIRETORIA DE POLÍTICAS DE
SEGURANÇA PÚBLICA, 2019), carrega a cultura enraizada de que a prisão seja solução definitiva para o agente
criminoso e certamente não acredita em ressocialização.
Não se pode esquecer que no Brasil não se tem conhecimento quanto à existência de banco de dados específicos
relacionados aos egressos do sistema prisional, com um perfil, por exemplo, de quem seja verdadeiramente a
pessoa egressa, para que com esse diagnóstico se possa pensar em medidas concretas voltadas para a adoção de
política pública que contribua para diminuir a reincidência criminal. O Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias, realizado anualmente pelo Departamento Penitenciário Nacional, não inclui informações sobre
pessoas egressas do sistema prisional. Isto deve ser incluído.
É importante destacar que o ambiente prisional tem sido o principal local para recrutamento de novos membros
para facções criminosas e a experiência de egresso do sistema não deixa de ser um aspecto que certamente deve
ser considerado relevante. Conforme Rodrigues (2017, p. 1), o crime organizado cada vez mais se sofistica, “[...]
passando a atuar e cobrar os débitos dos seus membros quando regressam à liberdade. Isto é: mata-se e rouba-se
para pagar a proteção e alimentação recebidas na cadeia [...]”. Com isso, o Estado deve fomentar programas e
projetos voltados para o egresso do sistema prisional que desfavoreçam o avanço das facções criminosas.

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Evidentemente, a falta de maiores informações sobre egressos do sistema prisional impõe um desafio ainda maior
para a construção de programas e projetos, de cunho nacional, voltados para esse tipo de público. Sendo assim, o
passo inicial seria um maior sistema de controle, com informações e dados acerca das pessoas egressas do sistema
prisional. Talvez a partir daí ampliar-se-iam as possibilidades de se construir alternativas de projetos e programas
que possam atender a essa população, inclusive formando-se parcerias com empresas e organizações da
sociedade civil, com ações voltadas exclusivamente para os egressos. Uma alternativa seria inicialmente tentar
identificar eventuais boas práticas de projetos voltados para egressos do sistema prisional com vistas à diminuição
da reincidência criminal e, em seguida, tentar reproduzi-las em outros locais.
Os incisos VI e VII do art. 61 da Lei de Execução Penal dispõem, respectivamente, sobre o patronato e o conselho
da comunidade como órgãos da execução penal. Em seu art. 78 a LEP preceitua a existência do patronato público
ou particular para “prestar assistência aos albergados e aos egressos”. Conforme preceitua o art. 79, III da LEP
incumbe ao patronato “colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento
condicional”. Já o art. 139, tratando da observação cautelar decorrente do livramento condicional, dispõe que o
patronato ou o conselho da comunidade terão como finalidade: “I – fazer observar o cumprimento das condições
especificadas na sentença concessiva do benefício; II – proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas
obrigações e auxiliando-se na obtenção de atividade laborativa” (BRASIL, 1984).
Com efeito, o patronato representa uma alternativa já preceituada em lei. Entretanto, não existem dados precisos
quanto à sua existência no País e qual tem sido o trabalho desenvolvido por este órgão de execução penal. Neste
contexto, o conselho da comunidade poderia contribuir no trabalho de reintegração social atingindo, inclusive, o
egresso do sistema prisional. Entretanto, da mesma forma, é preciso um diagnóstico mais preciso que possa
demonstrar o papel do patronato no processo de execução da pena, que não se encerra com a soltura, por
exemplo, quando do livramento condicional.
Corrobora-se, aqui, diretriz lançada em capítulo anterior, na qual “deve-se fomentar a criação e a instalação de
Centrais de Penas Alternativas, vinculadas diretamente ao juiz da execução, com a cooperação e integração dos
demais órgãos e poderes do Estado e da sociedade”.
No ano de 2009, por meio da Resolução nº 96, de 2009, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2009) instituiu, no
âmbito do Poder Judiciário, o “Projeto Começar de Novo”, com o objetivo de “promover ações de reinserção social
de presos, egressos do sistema carcerário e de cumpridores de medidas e penas alternativas” (art. 1º). De acordo
com o art. 2º desta Resolução, o Projeto comporia “um conjunto de ações educativas, de capacitação profissional
e de reinserção no mercado de trabalho”, devendo ser “implementado com a participação da Rede de Reinserção
Social, constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário e pelas entidades públicas e privadas, inclusive conselho
da comunidade, universidade e instituições de ensino fundamental, médio e técnico-profissionalizantes” (art. 2º,
§ 1º). Com efeito, não restam dúvidas quanto ao viés propositivo do Projeto no sentido de contribuir para diminuir
a reincidência criminal.
Dados obtidos diretamente no site do CNJ (2019b), informavam em 14/07/2019 que durante o Programa foram
propostas 18.565 vagas de emprego, sendo que 13.725 vagas foram efetivamente preenchidas. Naquela data
existiam 592 vagas de emprego disponíveis em diversas profissões: técnico eletrônico em geral, marceneiro,
auxiliar de administração, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de pedreiro, servente (construção civil), marceneiro,
atendente de balcão etc. As vagas são ofertadas por instituições parceiras integrantes da Rede de Reinserção
Social. Quanto aos cursos de capacitação o site indicava 8.054 vagas propostas. Porém, logo em seguida aparecia
a informação “nenhum curso encontrado”, indicando não existir nenhum curso disponível no momento.
Em São Paulo, por exemplo, na estrutura institucional da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado
existe a Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania, criada pelo Decreto nº 54.025, de 2009 (GOVERNO
DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009a), e o Programa Estadual de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário – Pró-
Egresso, instituído pelo Decreto nº 55.126, de 2009 (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009b).
De acordo com informações do site da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2019b): o Programa atua em duas frentes bem específicas: no

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encaminhamento de egressos do sistema penitenciário paulista ao mercado de trabalho e na qualificação


profissional dos sentenciados que cumprem pena em unidades prisionais de regime semiaberto, de egressos e de
pessoas em cumprimento de penas ou medidas alternativas. Entretanto, as ações estão voltadas mais
precisamente para o acompanhamento de pessoas em cumprimento de penas e medidas alternativas à pena
privativa de liberdade.
O Estado de Santa Catarina criou, pela Lei 5.455, de 197823, os Fundos Rotativos vinculados a Secretaria de Estado
da Administração Prisional e Socioeducativa, e vem se destacando quanto à oferta de trabalho ao preso, tendo
merecido Nota Técnica do Ministério da Justiça, por conta de se ter comprovado a possibilidade e a viabilidade de
se implementar, em gestão própria, atividades laborais dentro do sistema prisional (GOVERNO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA, 1978). Desde 2007, o grande diferencial trazido com a edição da Lei nº 14.017, de 2007, foi a
possibilidade de que 25% do trabalho do preso retornasse ao sistema prisional, para fins de manutenção e custeio
dos estabelecimentos penais aos quais pertença o recluso empregado (redação do artigo 1º, § 2º, da referida
normativa) (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2007).
As atividades laborais promovidas pelos Fundos Rotativos do Estado de Santa Catarina, além das vantagens
financeiras que estas atividades oportunizam aos empresários e aos próprios apenados, também trazem
vinculação direta com o efeito primário do labor, que é a vinculação do interno ao trabalho como forma de
ressocialização efetiva. São cerca de 7.100 (sete mil e cem) reclusos que geraram uma arrecadação anual, em 2018,
da ordem de R$ 24.379.371,04, de acordo com a Gerência de Trabalho e Renda da Secretaria de Estado da
Administração Prisional e Socioeducativa.
Em verdade, existem diversas modalidades de trabalho nos ambientes prisionais. Os dados do Infopen (2016)
apontam um percentual de 15% das pessoas presas trabalhando no País, no que se refere aos presos em atividades
educacionais, os mesmos dados indicam um percentual de 12%. Esses índices são considerados bastante baixos.
Provam a ociosidade na prisão e podem colaborar para os altos níveis de reincidência. Porém, essas informações
são importantes pontos de partida para a adoção de ações voltadas para atender aos egressos do sistema prisional.
Apesar de se constatar a existência de programas e projetos voltados para uma reinserção social mais adequada
da pessoa egressa do sistema prisional, objetivando claramente a diminuição da reincidência criminal, não existem
mecanismos de avaliação de possíveis impactos de tais programas e projetos. Ademais, os estudos sobre o tema
são raros. Além disso, não existem dados referentes aos egressos de unidades prisionais compilados
organizadamente e condensados para se ter um melhor diagnóstico da situação. O Ministério da Justiça e
Segurança Pública/Departamento Penitenciário Nacional, por exemplo, não inclui dados robustos relacionados
aos egressos do sistema prisional.
Feitas essas considerações acerca do tema, no intuito de colaborar na construção no Plano Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, são apresentadas as propostas relacionadas às diretrizes e medidas voltadas para o
egresso do sistema prisional:
- Incluir no Sistema Nacional de Informações Penitenciárias (SISDEPEN) dados e informações sobre
egressos do sistema prisional.
- Construir um pacto interinstitucional entre os Poderes Executivo e Judiciário e definir programas e
projetos de âmbito nacional com metas e recursos definidos, objetivando a reinserção social do egresso.
- Propor alterações na Lei Complementar nº 79, de 1994 (BRASIL, 1994b), no sentido de ampliar as fontes
de arrecadação do FUNPEN.

23
“Mecanismo que destina 25% do salário do preso, pago pela empresa que o contrata, para a unidade onde ele está
cumprindo a pena. Uma espécie de indenização que o reeducando pago ao estado por conta das despesas no período de
sua custódia” (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2019).

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- Fomentar, por meio do DEPEN, a criação de estruturas institucionais voltadas para o


atendimento/orientação e assistência ao egresso do sistema prisional nos órgãos de gestão dos Sistemas
Prisionais locais.
- Realizar levantamento nacional sobre existência de patronatos e conselhos da comunidade e incentivá-
los a desenvolver ações voltadas para o atendimento do egresso.
- Criar o observatório do egresso, com o objetivo de monitoramento de ações voltadas para a reintegração
social em cada órgão de execução penal.
- Formar parcerias com instituições públicas e privadas e organizações da sociedade civil para a oferta de
trabalho e educação para egressos do sistema prisional, bem como para a implementação de patronatos
na forma privada como previsto na Lei de Execução Penal.
- Criar e divulgar junto com as varas federais e estaduais de execução penal um manual de gestão e boas
práticas com o fito de organizar e maximizar as penas de prestação de serviços à comunidade ou entidades
públicas, para que a ressocialização desses apenados seja potencializada.
- Fazer cumprir o preceituado na Lei 8.666, de 1993, em relação à contratação de egressos em obras
públicas (BRASIL, 1993).
- Incentivar os municípios na estruturação de programas e projetos voltados para o egresso com foco na
diminuição da reincidência criminal – a formação de parcerias com instituições públicas e privadas e
organizações da sociedade civil para a oferta de trabalho e educação para egressos do sistema prisional
pode ser estimulada mediante cadastramento no programa de cumprimento de medidas e penas
alternativas (Lei nº 13.019, de 2014 – BRASIL, 2014a).
- No tocante às APAC´s (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), estimular políticas
públicas objetivando auxiliar este tipo de humanização das prisões sem, contudo, deixar de lado a função
punitiva da pena.24
- Instituir mecanismos de monitoramento e avaliação de programas e projetos voltados para o egresso com
foco na diminuição da reincidência criminal.
- Criar um banco de dados referentes a egressos em cada órgão dos Sistemas Prisionais locais, devendo
mantê-lo acessível aos órgãos policiais.
Muito embora o foco desta parte diga respeito aos egressos do sistema penitenciário, não há como se dissociar,
do que está sendo estudado, para que se possa pensar na “harmônica integração social do apenado e do
internado”25, como almejado pela Lei de Execução Penal, o necessário cuidado, por parte do Estado e de quem
cometeu o ilícito, aos direitos da vítima ou das vítimas afetadas, direta ou indiretamente, pelo crime praticado
pelo apenado e pelo qual foi condenado.
A ideia e o ideal de atenção às vítimas como obrigação do Estado e daquele que cometeu o ilícito não é nova. Na
Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, adotada
pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 40/34, de 1985, da qual o Brasil é signatário,
está disciplinado, em seu item 8º, que “os autores de crimes ou os terceiros responsáveis pelo seu comportamento
devem, se necessário, reparar de forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às suas famílias ou às pessoas a

24
Tal diretiva segue o “Estudo preliminar a metodologia APAC e a criação de vagas no sistema prisional a partir da
implantação de centros de reintegração social” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA; OUVIDORIA
NACIONAL DE SERVIÇOS PENAIS, 2019).
25
Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado (BRASIL, 1984). Esta concisa, mas objetiva
abordagem dos direitos das vítimas da criminalidade, contou com a colaboração de Fábio Costa Pereira (Procurador de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul).

120
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seu cargo[...]” (DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DE JUSTIÇA RELATIVOS ÀS VÍTIMAS DA


CRIMINALIDADE E DE ABUSO DE PODER, 1985).
Além disso, na mesma Declaração, está disposto que os seus signatários devem reforçar os “mecanismos judiciais
e administrativos destinados a permitir que as vítimas obtenham reparação através de procedimentos formais ou
informais que sejam rápidos” (DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS DE JUSTIÇA RELATIVOS ÀS VÍTIMAS
DA CRIMINALIDADE E DE ABUSO DE PODER, 1985).
No Brasil, a Constituição Federal, no que diz respeito ao atendimento às vítimas, na parte relativa às disposições
gerais constitucionais, mais especificamente em seu art. 245, mesmo que delegando a sua regulamentação para
legislação infraconstitucional, dispôs:

Art. 245. A Lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o poder público dará assistência aos herdeiros
e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do
autor do ilícito (BRASIL, 1988).

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2018c), ao seu turno, no curso da 277ª Sessão Ordinária, realizada em 04 de
setembro de 2018, ao considerar os termos da Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas
da Criminalidade e de Abuso de Poder, os termos do art. 245 da Constituição Federal e a “insuficiência da proteção
assegurada pela Lei nº 9.807, de 1999” 26, editou a Resolução nº 253. Dita Resolução, em suma, determinou que o
Poder Judiciário, ao exercer as suas competências, deve, dentre outras coisas:
- Garantir que as vítimas de crimes e de atos infracionais sejam tratadas com equidade, dignidade e respeito
pelos órgãos judiciários e de seus serviços auxiliares (art. 1º).
- Instituir plantão especializado para atendimento às vítimas, destinando parcela da jornada dos servidores
integrantes das equipes multidisciplinares e os espaços físicos adequados para tal (art. 2º).
- Acolher as vítimas com zelo e profissionalismo (art. 3º, I).
- Orientar as vítimas (art. 3º, II).
- Informar as vítimas sobre os seus direitos (art. 3º, III) e sobre programas destinados a vítimas ameaçadas
(art. 3º, V).
- Encaminhar à rede de serviços públicos (jurídico, psicológico, assistencial, médico etc. – art. 3º IV) e a
programas de Justiça Restaurativa (art. 3º, VI).
- Adotar as providências possíveis para destinar ambientes de espera separadas para a vítima e seus
familiares nos locais de realização de diligências processuais e audiências.
- Prestar a necessária capacitação para os servidores que atuarão nos plantões referidos no art. 2º (art. 4º).
- Regulamentar a instituição dos plantões referidos no art. 2º e a concessão gratuita de cópias dos autos às
vítimas, se não houver norma específica sobre a matéria (art. 6º).
Ressalta-se que, nos termos da Resolução, vítimas são as “pessoas que tenham sofrido dano físico, moral,
patrimonial ou psicológico em razão de crime ou ato infracional cometido por terceiro, ainda que não identificado,
julgado ou condenado” (CNJ, 2018c). Como paradigma de atendimento eficaz às vítimas, cuja proposta pode ser
ampliada e massificada em termos nacionais, há que se considerar o Projeto Acolhimento de Vítimas, Análise e
Resolução de Conflitos (AVARC), idealizado pelas Promotoras de Justiça Celeste Leite dos Santos e Fabiola Moran
Faloppa, e Procurador de Justiça Pedro Henrique Demercian.

26
A Lei nº 9.807, de1999, estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a
vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e
dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à
investigação policial e ao processo criminal (BRASIL, 1999).

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O Projeto AVARC visa a fortalecer medidas de proteção às vítimas de crimes, atuando de forma integrada com as
redes interna e externa no tocante aos efeitos secundários do delito, procurando ser um canal de diálogo
permanente e ativo com a vítima. Este Projeto conta com cadastro no sistema INOVA do Ministério Público do
Estado de São Paulo (PROJETO AVARC, 2019). Por esses motivos, uma vez que diferentes faces da moeda, ao
mesmo tempo em que se deve pensar e executar medidas e diretrizes que digam respeito à reinserção social dos
egressos do sistema prisional, há que se pensar e executar política institucional que atenda aos direitos e interesses
das vítimas de crimes e atos infracionais.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Após sete meses de trabalho, com uma audiência pública que lotou o Complexo Judiciário “Ministro Mário
Guimarães” (São Paulo), além de um período de consulta pública, a Comissão do Plano Nacional de Política
Criminal e Penitenciária (CPNCP) tem a honra de propor, para toda a sociedade brasileira, diretrizes que compõem
este instrumento de planejamento da política criminal e penitenciária para o quadriênio 2020-2023. Os
argumentos e proposições foram embasados em evidências, consubstanciadas em estudos, dados estatísticos e
boas práticas com resultados positivos.
Como um Plano não pode ter objetivos sem ações, nem ações sem objetivos, foram priorizadas cinco diretrizes
elencadas nos seguintes temas: 1) medidas anteriores ao crime; 2) medidas logo após o crime e investigação
eficiente nos inquéritos; 3) medidas em relação ao processamento e julgamento; 4) medidas de cumprimento da
pena; 5) medidas em relação ao egresso. Pertinente é rememorar que estas cinco medidas não são isoladas uma
da outra, pois há conexões entre elas em função do caráter complexo e multifacetado do binômio criminal
penitenciário. Ademais, poderiam fazer parte deste Plano muitos outros assuntos, porém, impossível abarcar
todos com o devido rigor científico que um trabalho dessa natureza demanda (e.g., neste estudo foram citadas 151
referências de literatura).
Outro destaque é que o conjunto do atual Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária está relacionado com
a tríade “criminalidade violenta, corrupção e o crime organizado”, que também inspirou o Projeto de Lei 882, de
2019 (BRASIL, 2019a), e o Projeto de Lei 10.372, de 2018 (2018b).
Neste sentido, ao trabalhar o contexto atual, o estado da arte e as proposições de cada capítulo, não foram
olvidados aspectos como o impacto do crime sobre a população de baixa renda, a igualdade de direitos e a questão
da insegurança mormente nas regiões fronteiriças do Brasil. Pari passu, foram levantados importantes estudos, de
riqueza teórica-empírica, que balizaram proposições que mostram que determinadas políticas apresentam
efetividade não só pela celeridade que pode trazer ao processo criminal, como sua economicidade.
Por último, mas não menos importante, esta Comissão, embora tenha encerrado seus trabalhos com esta
proposição final, continua à disposição de qualquer cidadão que porventura queira sanar dúvida(s) e/ou tecer
comentário(s) sobre o Plano.

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

V - acomodação do preso em cela individual; e


Departamento VI - existência de locais de trabalho, de atividades
Penitenciário Nacional sócio-educativas e culturais, de esporte, de prática
religiosa e de visitas, dentro das possibilidades do
DECRETO Nº 6.049/2007 estabelecimento penal.

TÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO, DA FINALIDADE, CAPÍTULO IV - DA ESTRUTURA


DAS CARACTERÍSTICAS E DA Art. 7o A estrutura organizacional e a competência
ESTRUTURA DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS das unidades que compõem os estabelecimentos
FEDERAIS
penais federais serão disciplinadas no regimento
CAPÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO interno do Departamento Penitenciário Nacional.
Art. 1o O Sistema Penitenciário Federal é constituído Art. 8o Os estabelecimentos penais federais terão a
pelos estabelecimentos penais federais, seguinte estrutura básica:
subordinados ao Departamento Penitenciário I - Diretoria do Estabelecimento Penal;
Nacional do Ministério da Justiça. II - Divisão de Segurança e Disciplina;
Art. 2o Compete ao Departamento Penitenciário III - Divisão de Reabilitação;
Nacional, no exercício da atribuição que lhe confere IV - Serviço de Saúde; e
o parágrafo único do art. 72 da Lei no 7.210, de 11 de V - Serviço de Administração.
julho de 1984 - Lei de Execução Penal, a supervisão,
coordenação e administração dos estabelecimentos TÍTULO II - DOS AGENTES PENITENCIÁRIOS
penais federais. FEDERAIS
Art. 9o A carreira de Agente Penitenciário Federal é
CAPÍTULO II - DA FINALIDADE
disciplinada pela Lei no 10.693, de 25 de junho de
Art. 3o Os estabelecimentos penais federais têm por
2003, que define as atribuições gerais dos ocupantes
finalidade promover a execução administrativa das
do cargo.
medidas restritivas de liberdade dos presos,
Art. 10. Os direitos e deveres dos agentes
provisórios ou condenados, cuja inclusão se justifique
penitenciários federais são definidos no Regime
no interesse da segurança pública ou do próprio
Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, Lei
preso.
no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, sem prejuízo da
Art. 4o Os estabelecimentos penais federais
observância de outras disposições legais e
também abrigarão presos, provisórios ou
regulamentares aplicáveis.
condenados, sujeitos ao regime disciplinar
Art. 11. O Departamento Penitenciário Nacional
diferenciado, previsto no art. 1o da Lei no 10.792, de
editará normas complementares dos procedimentos
1o de dezembro de 2003.
e das rotinas carcerários, da forma de atuação, das
Art. 5o Os presos condenados não manterão contato
obrigações e dos encargos dos Agentes
com os presos provisórios e serão alojados em alas
Penitenciários nos estabelecimentos penais federais.
separadas.
Parágrafo único. A diretoria do Sistema
CAPÍTULO III - DAS CARACTERÍSTICAS Penitenciário Federal adotará as providências para
Art. 6o O estabelecimento penal federal tem as elaboração de manual de procedimentos
seguintes características: operacionais das rotinas carcerárias, para
I - destinação a presos provisórios e condenados em cumprimento do disposto neste Regulamento.
regime fechado;
II - capacidade para até duzentos e oito presos;
III - segurança externa e guaritas de responsabilidade
dos Agentes Penitenciários Federais;
IV - segurança interna que preserve os direitos do
preso, a ordem e a disciplina;

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TÍTULO III - DOS ÓRGÃOS AUXILIARES E DE I - procedimentos de inclusão; e


FISCALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS II - avaliação pela Comissão Técnica de Classificação
PENAIS FEDERAIS para o desenvolvimento do processo da execução da
Art. 12. São órgãos auxiliares do Sistema pena.
Penitenciário Federal: Art. 16. Para orientar a individualização da execução
I - Coordenação-Geral de Inclusão, Classificação e penal, os condenados serão classificados segundo os
Remoção; seus antecedentes e personalidade.
II - Coordenação-Geral de Informação e Inteligência § 1o A classificação e a individualização da execução
Penitenciária; da pena de que trata o caput será feita pela Comissão
III - Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário Técnica de Classificação.
Federal; § 2o O Ministério da Justiça definirá os
IV - Ouvidoria; e procedimentos da Comissão Técnica de
V - Coordenação-Geral de Tratamento Penitenciário Classificação.
e Saúde. Art. 17. A inclusão do preso em estabelecimento
Parágrafo único. As competências dos órgãos penal federal dar-se-á por ordem judicial, ressalvadas
auxiliares serão disciplinadas no regimento interno as exceções previstas em lei.
do Departamento Penitenciário Nacional. § 1o A efetiva inclusão do preso em estabelecimento
penal federal concretizar-se-á somente após a
CAPÍTULO I - DA CORREGEDORIA-GERAL
conferência dos seus dados de identificação com o
Art. 13. A Corregedoria-Geral é unidade de
ofício de apresentação.
fiscalização e correição do Sistema Penitenciário
§ 2o No ato de inclusão, o preso ficará sujeito às
Federal, com a incumbência de preservar os padrões
regras de identificação e de funcionamento do
de legalidade e moralidade dos atos de gestão dos
estabelecimento penal federal previstas pelo
administradores das unidades subordinadas ao
Ministério da Justiça.
Departamento Penitenciário Nacional, com vistas à
§ 3o Na inclusão do preso em estabelecimento penal
proteção e defesa dos interesses da sociedade,
federal, serão observados os seguintes
valendo-se de inspeções e investigações em
procedimentos:
decorrência de representação de agentes públicos,
I - comunicação à família do preso ou pessoa por ele
entidades representativas da comunidade ou de
indicada, efetuada pelo setor de assistência social do
particulares, ou de ofício, sempre que tomar
estabelecimento penal federal, acerca da localização
conhecimento de irregularidades.
onde se encontra;
CAPÍTULO II - DA OUVIDORIA II - prestação de informações escritas ao preso, e
Art. 14. A Ouvidoria do Sistema Penitenciário verbais aos analfabetos ou com dificuldades de
Nacional é órgão com o encargo de receber, avaliar, comunicação, sobre as normas que orientarão o seu
sugerir e encaminhar propostas, reclamações e tratamento, as imposições de caráter disciplinar,
denúncias recebidas no Departamento Penitenciário bem como sobre os seus direitos e deveres; e
Nacional, buscando a compreensão e o respeito a III - certificação das condições físicas e mentais do
necessidades, direitos e valores inerentes à pessoa preso pelo estabelecimento penal federal.
humana, no âmbito dos estabelecimentos penais Art. 18. Quando o preso for oriundo dos sistemas
federais. penitenciários dos Estados ou do Distrito Federal,
TÍTULO IV - DAS FASES EVOLUTIVAS deverão acompanhá-lo no ato da inclusão no
INTERNAS, DA CLASSIFICAÇÃO E DA Sistema Penitenciário Federal a cópia do prontuário
INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA penitenciário, os seus pertences e informações
Art. 15. A execução administrativa da pena, acerca do pecúlio disponível.
respeitados os requisitos legais, obedecerá às Art. 19. Quando no ato de inclusão forem
seguintes fases: detectados indícios de violação da integridade física
ou moral do preso, ou verificado quadro de

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debilidade do seu estado de saúde, tal fato deverá ser § 1o O ensino básico e fundamental será obrigatório,
imediatamente comunicado ao diretor do integrando-se ao sistema escolar da unidade
estabelecimento penal federal. federativa, em consonância com o regime de
Parágrafo único. Recebida a comunicação, o diretor trabalho do estabelecimento penal federal e às
do estabelecimento penal federal deverá adotar as demais atividades socioeducativas e culturais.
providências cabíveis, sob pena de responsabilidade. § 2o O ensino profissionalizante poderá ser
ministrado em nível de iniciação ou de
TÍTULO V - DA ASSISTÊNCIA AO PRESO E AO
EGRESSO aperfeiçoamento técnico, atendendo-se às
características da população urbana e rural, segundo
Art. 20. A assistência material, à saúde, jurídica,
aptidões individuais e demanda do mercado.
educacional, social, psicológica e religiosa prestada
§ 3o O ensino deverá se estender aos presos em
ao preso e ao egresso obedecerá aos procedimentos
regime disciplinar diferenciado, preservando sua
consagrados pela legislação vigente, observadas as
condição carcerária e de isolamento em relação aos
disposições complementares deste Regulamento.
demais presos, por intermédio de programa
Art. 21. A assistência material será prestada pelo
específico de ensino voltado para presos nesse
estabelecimento penal federal por meio de
regime.
programa de atendimento às necessidades básicas
§ 4o O estabelecimento penal federal disporá de
do preso.
biblioteca para uso geral dos presos, provida de livros
Art. 22. A assistência à saúde consiste no
de literatura nacional e estrangeira, técnicos,
desenvolvimento de ações visando garantir a correta
inclusive jurídicos, didáticos e recreativos.
aplicação de normas e diretrizes da área de saúde,
§ 5o O estabelecimento penal federal poderá, por
será de caráter preventivo e curativo e compreenderá
meio dos órgãos competentes, promover convênios
os atendimentos médico, farmacêutico,
com órgãos ou entidades, públicos ou particulares,
odontológico, ambulatorial e hospitalar, dentro do
visando à doação por estes entes de livros ou
estabelecimento penal federal ou instituição do
programas de bibliotecas volantes para ampliação de
sistema de saúde pública, nos termos de orientação
sua biblioteca.
do Departamento Penitenciário Nacional.
Art. 26. É assegurada a liberdade de culto e de
Art. 23. A assistência psiquiátrica e psicológica será
crença, garantindo a participação de todas as
prestada por profissionais da área, por intermédio de
religiões interessadas, atendidas as normas de
programas envolvendo o preso e seus familiares e a
segurança e os programas instituídos pelo
instituição, no âmbito dos processos de
Departamento Penitenciário Federal.
ressocialização e reintegração social.
Art. 27. A assistência ao egresso consiste na
Art. 24. Aos presos submetidos ao regime
orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
disciplinar diferenciado serão assegurados
liberdade.
atendimento psiquiátrico e psicológico, com a
Art. 28. A assistência ao egresso poderá ser
finalidade de:
providenciada pelos sistemas penitenciários
I - determinar o grau de responsabilidade pela
estaduais ou distrital, onde resida sua família,
conduta faltosa anterior, ensejadora da aplicação do
mediante convênio estabelecido entre a União e os
regime diferenciado; e
Estados ou o Distrital Federal, a fim de facilitar o
II - acompanhar, durante o período da sanção, os
acompanhamento e a implantação de programas de
eventuais efeitos psíquicos de uma reclusão severa,
apoio ao egresso.
cientificando as autoridades superiores das
Art. 29. Após entrevista e encaminhamento
eventuais ocorrências advindas do referido regime.
realizados pela Comissão Técnica de Classificação e
Art. 25. A assistência educacional compreenderá a
ratificados pelo diretor do estabelecimento penal
instrução escolar, ensino básico e fundamental,
federal, poderá o preso se apresentar à autoridade
profissionalização e desenvolvimento sociocultural.
administrativa prisional no Estado ou no Distrito

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Federal onde residam seus familiares para a Parágrafo único. Poderão ser acrescidas, pelo
obtenção da assistência. diretor do estabelecimento penal federal, outras
§ 1o O egresso somente obterá a prestação regalias de forma progressiva, acompanhando as
assistencial no Estado ou no Distrito Federal onde diversas fases de cumprimento da pena.
residam, comprovadamente, seus familiares. Art. 35. As regalias poderão ser suspensas ou
§ 2o O Estado ou o Distrito Federal, onde residam os restringidas, isolada ou cumulativamente, por
familiares do preso, deve estar conveniado com a cometimento de conduta incompatível com este
União para a prestação de assistência Regulamento, mediante ato motivado da diretoria
descentralizada ao egresso. do estabelecimento penal federal.
Art. 30. Consideram-se egressos para os efeitos § 1o Os critérios para controlar e garantir ao preso a
deste Regulamento: concessão e o gozo da regalia de que trata o caput
I - o liberado definitivo, pelo prazo de um ano a serão estabelecidos pela administração do
contar da saída do estabelecimento penal; e estabelecimento penal federal.
II - o liberado condicional, durante o período de § 2o A suspensão ou a restrição de regalias deverá ter
prova. estrita observância na reabilitação da conduta
faltosa do preso, sendo retomada ulteriormente à
TÍTULO VI - DO REGIME DISCIPLINAR
ORDINÁRIO reabilitação a critério do diretor do estabelecimento
penal federal.
CAPÍTULO I - DAS RECOMPENSAS E REGALIAS,
SEÇÃO II - Dos Direitos dos Presos
DOS DIREITOS E DOS DEVERES DOS PRESOS
Art. 36. Ao preso condenado ou provisório incluso
SEÇÃO I - Das Recompensas e Regalias
no Sistema Penitenciário Federal serão assegurados
Art. 31. As recompensas têm como pressuposto o
todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
bom comportamento reconhecido do condenado ou
lei.
do preso provisório, de sua colaboração com a
Art. 37. Constituem direitos básicos e comuns dos
disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
presos condenados ou provisórios:
Parágrafo único. As recompensas objetivam motivar
I - alimentação suficiente e vestuário;
a boa conduta, desenvolver os sentidos de
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
responsabilidade e promover o interesse e a
III - Previdência Social;
cooperação do preso definitivo ou provisório.
IV - constituição de pecúlio;
Art. 32. São recompensas:
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para
I - o elogio; e
o trabalho, o descanso e a recreação;
II - a concessão de regalias.
VI - exercício das atividades profissionais,
Art. 33. Será considerado para efeito de elogio a
intelectuais, artísticas e desportivas anteriores,
prática de ato de excepcional relevância humanitária
desde que compatíveis com a execução da pena;
ou do interesse do bem comum.
VII - assistências material, à saúde, jurídica,
Parágrafo único. O elogio será formalizado em
educacional, social, psicológica e religiosa;
portaria do diretor do estabelecimento penal federal.
VIII - proteção contra qualquer forma de
Art. 34. Constituem regalias, concedidas aos presos
sensacionalismo;
pelo diretor do estabelecimento penal federal:
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
I - assistir a sessões de cinema, teatro, shows e outras
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
atividades socioculturais, em épocas especiais, fora
amigos em dias determinados;
do horário normal;
XI - chamamento nominal;
II - assistir a sessões de jogos esportivos em épocas
XII - igualdade de tratamento, salvo quanto às
especiais, fora do horário normal;
exigências da individualização da pena;
III - praticar esportes em áreas específicas; e
XIII - audiência especial com o diretor do
IV - receber visitas extraordinárias, devidamente
estabelecimento penal federal;
autorizadas.

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XIV - representação e petição a qualquer autoridade, CAPÍTULO II - DA DISCIPLINA


em defesa de direito; e Art. 39. Os presos estão sujeitos à disciplina, que
XV - contato com o mundo exterior por meio de consiste na obediência às normas e determinações
correspondência escrita, da leitura e de outros meios estabelecidas por autoridade competente e no
de informação que não comprometam a moral e os respeito às autoridades e seus agentes no
bons costumes. desempenho de suas atividades funcionais.
Parágrafo único. Diante da dificuldade de Art. 40. A ordem e a disciplina serão mantidas pelos
comunicação, deverá ser identificado entre os servidores e funcionários do estabelecimento penal
agentes, os técnicos, os médicos e outros presos federal por intermédio dos meios legais e
quem possa acompanhar e assistir o preso com regulamentares adequados.
proveito, no sentido de compreender melhor suas Art. 41. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
carências, para traduzi-las com fidelidade à pessoa expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
que irá entrevistá-lo ou tratá-lo.
CAPÍTULO III - DAS FALTAS DISCIPLINARES
SEÇÃO III - Dos Deveres dos Presos
Art. 42. As faltas disciplinares, segundo sua
Art. 38. Constituem deveres dos presos condenados
natureza, classificam-se em:
ou provisórios:
I - leves;
I - respeitar as autoridades constituídas, servidores
II - médias; e
públicos, funcionários e demais presos;
III - graves.
II - cumprir as normas de funcionamento do
Parágrafo único. As disposições deste Regulamento
estabelecimento penal federal;
serão igualmente aplicadas quando a falta disciplinar
III - manter comportamento adequado em todo o
ocorrer fora do estabelecimento penal federal,
decurso da execução da pena federal;
durante a movimentação do preso.
IV - submeter-se à sanção disciplinar imposta;
SEÇÃO I - Das Faltas Disciplinares de Natureza
V - manter conduta oposta aos movimentos
Leve
individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à
Art. 43. Considera-se falta disciplinar de natureza
ordem ou à disciplina;
leve:
VI - não realizar manifestações coletivas que tenham
I - comunicar-se com visitantes sem a devida
o objetivo de reivindicação ou reclamação;
autorização;
VII - indenizar ao Estado e a terceiros pelos danos
II - manusear equipamento de trabalho sem
materiais a que der causa, de forma culposa ou
autorização ou sem conhecimento do encarregado,
dolosa;
mesmo a pretexto de reparos ou limpeza;
VIII - zelar pela higiene pessoal e asseio da cela ou de
III - utilizar-se de bens de propriedade do Estado, de
qualquer outra parte do estabelecimento penal
forma diversa para a qual recebeu;
federal;
IV - estar indevidamente trajado;
IX - devolver ao setor competente, quando de sua
V - usar material de serviço para finalidade diversa da
soltura, os objetos fornecidos pelo estabelecimento
qual foi prevista, se o fato não estiver previsto como
penal federal e destinados ao uso próprio;
falta grave;
X - submeter-se à requisição das autoridades
VI - remeter correspondência, sem registro regular
judiciais, policiais e administrativas, bem como dos
pelo setor competente;VII - provocar perturbações
profissionais de qualquer área técnica para exames
com ruídos e vozerios ou vaias; e
ou entrevistas;
VIII - desrespeito às demais normas de
XI - trabalhar no decorrer de sua pena; e
funcionamento do estabelecimento penal federal,
XII - não portar ou não utilizar aparelho de telefonia
quando não configurar outra classe de falta.
móvel celular ou qualquer outro aparelho de
comunicação com o meio exterior, bem como seus
componentes ou acessórios.

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SEÇÃO II - Das Faltas Disciplinares de Natureza XVIII - descumprir as datas e horários das rotinas
Média estipuladas pela administração para quaisquer
Art. 44. Considera-se falta disciplinar de natureza atividades no estabelecimento penal federal; e
média: XIX - ofender os incisos I, III, IV e VI a X do art. 39 da
I - atuar de maneira inconveniente, faltando com os Lei no 7.210, de 1984.
deveres de urbanidade frente às autoridades, aos SEÇÃO III - Das Faltas Disciplinares de Natureza
funcionários, a outros sentenciados ou aos Grave
particulares no âmbito do estabelecimento penal Art. 45. Considera-se falta disciplinar de natureza
federal; grave, consoante disposto na Lei nº 7.210, de 1984, e
II - fabricar, fornecer ou ter consigo objeto ou legislação complementar:
material cuja posse seja proibida em ato normativo I - incitar ou participar de movimento para subverter
do Departamento Penitenciário Nacional; a ordem ou a disciplina;
III - desviar ou ocultar objetos cuja guarda lhe tenha II - fugir;
sido confiada; III - possuir indevidamente instrumento capaz de
IV - simular doença para eximir-se de dever legal ou ofender a integridade física de outrem;
regulamentar; IV - provocar acidente de trabalho;
V - divulgar notícia que possa perturbar a ordem ou a V - deixar de prestar obediência ao servidor e
disciplina; respeito a qualquer pessoa com quem deva
VI - dificultar a vigilância em qualquer dependência relacionar-se;
do estabelecimento penal federal; VI - deixar de executar o trabalho, as tarefas e as
VII - perturbar a jornada de trabalho, a realização de ordens recebidas; e
tarefas, o repouso noturno ou a recreação; VII - praticar fato previsto como crime doloso.
VIII - inobservar os princípios de higiene pessoal, da
CAPÍTULO IV - DA SANÇÃO DISCIPLINAR
cela e das demais dependências do estabelecimento
Art. 46. Os atos de indisciplina serão passíveis das
penal federal;
seguintes penalidades:
IX - portar ou ter, em qualquer lugar do
I - advertência verbal;
estabelecimento penal federal, dinheiro ou título de
II - repreensão;
crédito;
III - suspensão ou restrição de direitos, observadas as
X - praticar fato previsto como crime culposo ou
condições previstas no art. 41, parágrafo único, da
contravenção, sem prejuízo da sanção penal;
Lei nº 7.210, de 1984;
XI - comunicar-se com presos em cela disciplinar ou
IV - isolamento na própria cela ou em local
regime disciplinar diferenciado ou entregar-lhes
adequado; e
qualquer objeto, sem autorização;
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
XII - opor-se à ordem de contagem da população
§ 1o A advertência verbal é punição de caráter
carcerária, não respondendo ao sinal convencional
educativo, aplicável às infrações de natureza leve.
da autoridade competente;
§ 2o A repreensão é sanção disciplinar revestida de
XIII - recusar-se a deixar a cela, quando determinado,
maior rigor no aspecto educativo, aplicável em casos
mantendo-se em atitude de rebeldia;
de infração de natureza média, bem como aos
XIV - praticar atos de comércio de qualquer natureza;
reincidentes de infração de natureza leve.
XV - faltar com a verdade para obter qualquer
Art. 47. Às faltas graves correspondem as sanções
vantagem;
de suspensão ou restrição de direitos, ou isolamento.
XVI - transitar ou permanecer em locais não
Art. 48. A prática de fato previsto como crime
autorizados;
doloso e que ocasione subversão da ordem ou da
XVII - não se submeter às requisições
disciplina internas sujeita o preso, sem prejuízo da
administrativas, judiciais e policiais;
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado.

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Art. 49. Compete ao diretor do estabelecimento Art. 56. O diretor do estabelecimento penal federal
penal federal a aplicação das sanções disciplinares em que se cumpre o regime disciplinar diferenciado
referentes às faltas médias e leves, ouvido o poderá recomendar ao diretor do Sistema
Conselho Disciplinar, e à autoridade judicial, as Penitenciário Federal que requeira à autoridade
referentes às faltas graves. judiciária a reconsideração da decisão de incluir o
Art. 50. A suspensão ou restrição de direitos e o preso no citado regime ou tenha por desnecessário
isolamento na própria cela ou em local adequado não ou inconveniente o prosseguimento da sanção.
poderão exceder a trinta dias, mesmo nos casos de Art. 57. O cumprimento do regime disciplinar
concurso de infrações disciplinares, sem prejuízo da diferenciado exaure a sanção e nunca poderá ser
aplicação do regime disciplinar diferenciado. invocado para fundamentar novo pedido de inclusão
§ 1o O preso, antes e depois da aplicação da sanção ou desprestigiar o mérito do sentenciado, salvo,
disciplinar consistente no isolamento, será neste último caso, quando motivado pela má
submetido a exame médico que ateste suas conduta denotada no curso do regime e sua
condições de saúde. persistência no sistema comum.
§ 2o O relatório médico resultante do exame de que Art. 58. O cumprimento do regime disciplinar
trata o § 1o será anexado no prontuário do preso. diferenciado em estabelecimento penal federal,
Art. 51. Pune-se a tentativa com a sanção além das características elencadas nos incisos I a VI
correspondente à falta consumada. do art. 6o, observará o que segue:
Parágrafo único. O preso que concorrer para o I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem
cometimento da falta disciplinar incidirá nas sanções prejuízo de repetição da sanção, nos termos da lei;
cominadas à sua culpabilidade. II - banho de sol de duas horas diárias;
III - uso de algemas nas movimentações internas e
CAPÍTULO V - DAS MEDIDAS CAUTELARES
ADMINISTRATIVAS externas, dispensadas apenas nas áreas de visita,
Art. 52. O diretor do estabelecimento penal federal banho de sol, atendimento assistencial e, quando
poderá determinar em ato motivado, como medida houver, nas áreas de trabalho e estudo;
cautelar administrativa, o isolamento preventivo do IV - sujeição do preso aos procedimentos de revista
preso, por período não superior a dez dias. pessoal, de sua cela e seus pertences, sempre que for
Art. 53. Ocorrendo rebelião, para garantia da necessária sua movimentação interna e externa, sem
segurança das pessoas e coisas, poderá o diretor do prejuízo das inspeções periódicas; e
estabelecimento penal federal, em ato devidamente V - visita semanal de duas pessoas, sem contar as
motivado, suspender as visitas aos presos por até crianças, com duração de duas horas.
quinze dias, prorrogável uma única vez por até igual TÍTULO VIII - DO PROCEDIMENTO DE
período. APURAÇÃO DE FALTAS DISCIPLINARES, DA
CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA E DA
TÍTULO VII - DAS NORMAS DE APLICAÇÃO DO REABILITAÇÃO
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
CAPÍTULO I - DO PROCEDIMENTO DE
Art. 54. Sem prejuízo das normas do regime
APURAÇÃO DE FALTAS DISCIPLINARES
disciplinar ordinário, a sujeição do preso, provisório Art. 59. Para os fins deste Regulamento, entende-se
ou condenado, ao regime disciplinar diferenciado
como procedimento de apuração de faltas
será feita em estrita observância às disposições disciplinares a sequência de atos adotados para
legais. apurar determinado fato.
Art. 55. O diretor do estabelecimento penal federal, Parágrafo único. Não poderá atuar como
na solicitação de inclusão de preso no regime encarregado ou secretário, em qualquer ato do
disciplinar diferenciado, instruirá o expediente com o procedimento, amigo íntimo ou desafeto, parente
termo de declarações da pessoa visada e de sua consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
defesa técnica, se possível. o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou

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qualquer integrante do núcleo familiar do § 2o Findos os trabalhos preliminares, será elaborado


denunciante ou do acusado. relatório.
Art. 60. Ao preso é garantido o direito de defesa, SEÇÃO II - Da Instrução do Procedimento
com os recursos a ele inerentes. Art. 66. Caberá à autoridade que presidir o
SEÇÃO I - Da Instauração do Procedimento procedimento elaborar o termo de instalação dos
Art. 61. O servidor que presenciar ou tomar trabalhos e, quando houver designação de
conhecimento de falta de qualquer natureza secretário, o termo de compromisso deste em
praticada por preso redigirá comunicado do evento separado, providenciando o que segue:
com a descrição minuciosa das circunstâncias do fato I - designação de data, hora e local da audiência;
e dos dados dos envolvidos e o encaminhará ao II - citação do preso e intimação de seu defensor,
diretor do estabelecimento penal federal para a cientificando-os sobre o comparecimento em
adoção das medidas cautelares necessárias e demais audiência na data e hora designadas; e
providências cabíveis. III - intimação das testemunhas.
§ 1o O comunicado do evento deverá ser redigido no § 1o Na impossibilidade de citação do preso definitivo
ato do conhecimento da falta, constando o fato no ou provisório, decorrente de fuga, ocorrerá o
livro de ocorrências do plantão. sobrestamento do procedimento até a recaptura,
§ 2o Nos casos em que a falta disciplinar do preso devendo ser informado o juízo competente.
estiver relacionada com a má conduta de servidor § 2o No caso de o preso não possuir defensor
público, será providenciada a apuração do fato constituído, será providenciada a imediata
envolvendo o servidor em procedimento separado, comunicação à área de assistência jurídica do
observadas as disposições pertinentes da Lei estabelecimento penal federal para designação de
no 8.112, de 1990. defensor público.
Art. 62. Quando a falta disciplinar constituir SEÇÃO III - Da Audiência
também ilícito penal, deverá ser comunicada às Art. 67. Na data previamente designada, será
autoridades competentes. realizada audiência, facultada a apresentação de
Art. 63. O procedimento disciplinar será instaurado defesa preliminar, prosseguindo-se com o
por meio de portaria do diretor do estabelecimento interrogatório do preso e a oitiva das testemunhas,
penal federal. seguida da defesa final oral ou por escrito.
Parágrafo único. A portaria inaugural deverá conter § 1o A autoridade responsável pelo procedimento
a descrição sucinta dos fatos, constando o tempo, informará o acusado do seu direito de permanecer
modo, lugar, indicação da falta e demais informações calado e de não responder às perguntas que lhe
pertinentes, bem como, sempre que possível, a forem formuladas, dando-se continuidade à
identificação dos seus autores com o nome completo audiência.
e a respectiva matrícula. § 2o O silêncio, que não importará em confissão, não
Art. 64. O procedimento deverá ser concluído em poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
até trinta dias. § 3o Nos casos em que o preso não estiver em
Art. 65. A investigação preliminar será adotada isolamento preventivo e diante da complexidade do
quando não for possível a individualização imediata caso, a defesa final poderá ser substituída pela
da conduta faltosa do preso ou na hipótese de não apresentação de contestação escrita, caso em que a
restar comprovada a autoria do fato, designando, se autoridade concederá prazo hábil, improrrogável,
necessário, servidor para apurar preliminarmente os para o seu oferecimento, observados os prazos para
fatos. conclusão do procedimento.
§ 1o Na investigação preliminar, deverá ser observada § 4o Na ata de audiência, serão registrados
a pertinência dos fatos e a materialidade da conduta resumidamente os atos essenciais, as afirmações
faltosa, inquirindo os presos, servidores e fundamentais e as informações úteis à apuração dos
funcionários, bem como apresentada toda a fatos.
documentação pertinente.

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§ 5o Serão decididos, de plano, todos os incidentes e II - registro em ficha disciplinar;


exceções que possam interferir no prosseguimento III - juntada de cópia do procedimento disciplinar no
da audiência e do procedimento, e as demais prontuário do preso;
questões serão decididas no relatório da autoridade IV - remessa do procedimento ao juízo competente,
disciplinar. nos casos de isolamento preventivo e falta grave; e
Art. 68. Se o preso comparecer na audiência V - comunicação à autoridade policial competente,
desacompanhado de advogado, ser-lhe-á designado quando a conduta faltosa constituir ilícito penal.
pela autoridade defensor para a promoção de sua Parágrafo único. Sobre possível responsabilidade
defesa. civil por danos causados ao patrimônio do Estado,
Art. 69. A testemunha não poderá eximir-se da serão remetidas cópias do procedimento ao
obrigação de depor, salvo no caso de proibição legal Departamento Penitenciário Nacional para a adoção
e de impedimento. das medidas cabíveis, visando a eventual reparação
§ 1o O servidor que, sem justa causa, se recusar a do dano.
depor, ficará sujeito às sanções cabíveis. SEÇÃO VI - Do Recurso
§ 2o As testemunhas arroladas serão intimadas pelo Art. 73. No prazo de cinco dias, caberá recurso da
correio, salvo quando a parte interessada se decisão de aplicação de sanção disciplinar
comprometer em providenciar o comparecimento consistente em isolamento celular, suspensão ou
destas. restrição de direitos, ou de repreensão.
SEÇÃO IV - Do Relatório § 1o A este recurso não se atribuirá efeito suspensivo,
Art. 70. Encerradas as fases de instrução e defesa, a devendo ser julgado pela diretoria do Sistema
autoridade designada para presidir o procedimento Penitenciário Federal em cinco dias.
apresentará relatório final, no prazo de três dias, § 2o Da decisão que aplicar a penalidade de
contados a partir da data da realização da audiência, advertência verbal, caberá pedido de reconsideração
opinando fundamentalmente sobre a aplicação da no prazo de quarenta e oito horas.
sanção disciplinar ou a absolvição do preso, e SEÇÃO VII - Das Disposições Gerais
encaminhará os autos para apreciação do diretor do Art. 74. Os prazos do procedimento disciplinar, nos
estabelecimento penal federal. casos em que não for necessária a adoção do
Parágrafo único. Nos casos em que reste isolamento preventivo do preso, poderão ser
comprovada autoria de danos, capazes de ensejar prorrogados uma única vez por até igual período.
responsabilidade penal ou civil, deverá a autoridade, Parágrafo único. A prorrogação de prazo de que
em seu relatório, manifestar-se, conclusivamente, trata o caput não se aplica ao prazo estipulado para a
propondo o encaminhamento às autoridades conclusão dos trabalhos sindicantes.
competentes. Art. 75. O não-comparecimento do defensor
SEÇÃO V - Da Decisão constituído do preso, independentemente do
Art. 71. O diretor do estabelecimento penal federal, motivo, a qualquer ato do procedimento, não
após avaliar o procedimento, proferirá decisão final acarretará a suspensão dos trabalhos ou prorrogação
no prazo de dois dias contados da data do dos prazos, devendo ser nomeado outro defensor
recebimento dos autos. para acompanhar aquele ato específico.
Parágrafo único. O diretor do estabelecimento
CAPÍTULO II - DA CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA
penal federal ordenará, antes de proferir decisão
E DA REABILITAÇÃO
final, diligências imprescindíveis ao esclarecimento Art. 76. A conduta do preso recolhido em
do fato. estabelecimento penal federal será classificada
Art. 72. Na decisão do diretor do estabelecimento como:
penal federal a respeito de qualquer infração I - ótima;
disciplinar, deverão constar as seguintes II - boa;
providências: III - regular; ou
I - ciência por escrito ao preso e seu defensor;

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IV - má. Penitenciário Federal, contra decisão que atestar


Art. 77. Ótimo comportamento carcerário é aquele conduta.
decorrente de prontuário sem anotações de falta
TÍTULO IX - DOS MEIOS DE COERÇÃO
disciplinar, desde o ingresso do preso no
estabelecimento penal federal até o momento da Art. 84. Os meios de coerção só serão permitidos
requisição do atestado de conduta, somado à quando forem inevitáveis para proteger a vida
anotação de uma ou mais recompensas. humana e para o controle da ordem e da disciplina do
Art. 78. Bom comportamento carcerário é aquele estabelecimento penal federal, desde que tenham
sido esgotadas todas as medidas menos extremas
decorrente de prontuário sem anotações de falta
disciplinar, desde o ingresso do preso no para se alcançar este objetivo.
estabelecimento penal federal até o momento da Parágrafo único. Os servidores e funcionários que
requisição do atestado de conduta. recorrerem ao uso da força, limitar-se-ão a utilizar a
mínima necessária, devendo informar
Parágrafo único. Equipara-se ao bom
imediatamente ao diretor do estabelecimento penal
comportamento carcerário o do preso cujo
prontuário registra a prática de faltas, com federal sobre o incidente.
reabilitação posterior de conduta. Art. 85. A sujeição a instrumentos tais como
Art. 79. Comportamento regular é o do preso cujo algemas, correntes, ferros e coletes de força nunca
deve ser aplicada como punição.
prontuário registra a prática de faltas médias ou
Parágrafo único. A utilização destes instrumentos
leves, sem reabilitação de conduta.
Art. 80. Mau comportamento carcerário é o do será disciplinada pelo Ministério da Justiça.
preso cujo prontuário registra a prática de falta Art. 86. As armas de fogo letais não serão usadas,
grave, sem reabilitação de conduta. salvo quando estritamente necessárias.
§ 1o É proibido o porte de arma de fogo letal nas áreas
Art. 81. O preso terá os seguintes prazos para
reabilitação da conduta, a partir do término do internas do estabelecimento penal federal.
cumprimento da sanção disciplinar: § 2o As armas de fogo letais serão portadas pelos
I - três meses, para as faltas de natureza leve; agentes penitenciários federais exclusivamente em
II - seis meses, para as faltas de natureza média; movimentações externas e nas ações de guarda e
vigilância do estabelecimento penal federal, das
III - doze meses, para as faltas de natureza grave; e
IV - vinte e quatro meses, para as faltas de natureza muralhas, dos alambrados e das guaritas que
grave que forem cometidas com grave violência à compõem as suas edificações.
pessoa ou com a finalidade de incitamento à Art. 87. Somente será permitido ao
participação em movimento para subverter a ordem estabelecimento penal federal utilizar cães para
auxiliar na vigilância e no controle da ordem e da
e a disciplina que ensejarem a aplicação de regime
disciplinar diferenciado. disciplina após cumprirem todos os requisitos
Art. 82. O cometimento da falta disciplinar de exigidos em ato do Ministério da Justiça que tratar da
qualquer natureza durante o período de reabilitação matéria.
Art. 88. Outros meios de coerção poderão ser
acarretará a imediata anulação do tempo de
adotados, desde que disciplinada sua finalidade e uso
reabilitação até então cumprido.
§ 1o Com a prática de nova falta disciplinar, exigir-se- pelo Ministério da Justiça.
á novo tempo para reabilitação, que deverá ser Art. 89. Poderá ser criado grupo de intervenção,
somado ao tempo estabelecido para a falta anterior. composto por agentes penitenciários, para
desempenhar ação preventiva e resposta rápida
§ 2o O diretor do estabelecimento penal federal não
expedirá o atestado de conduta enquanto tramitar diante de atos de insubordinação dos presos, que
procedimento disciplinar para apuração de falta. possam conduzir a uma situação de maior proporção
Art. 83. Caberá recurso, sem efeito suspensivo, no ou com efeito prejudicial sobre a disciplina e ordem
prazo de cinco dias, dirigido à diretoria do Sistema do estabelecimento penal federal.

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Art. 90. O diretor do estabelecimento penal federal, Art. 95. A visita íntima tem por finalidade fortalecer
nos casos de denúncia de tortura, lesão corporal, as relações familiares do preso e será regulamentada
maus-tratos ou outras ocorrências de natureza pelo Ministério da Justiça.
similar, deve, tão logo tome conhecimento do fato, Parágrafo único. É proibida a visita íntima nas celas
providenciar, sem prejuízo da tramitação do de convivência dos presos.
adequado procedimento para apuração dos fatos:
CAPÍTULO II - DA ENTREVISTA COM ADVOGADO
I - instauração imediata de adequado procedimento
Art. 96. As entrevistas com advogado deverão ser
apuratório;
previamente agendadas, mediante requerimento,
II - comunicação do fato à autoridade policial para as
escrito ou oral, à direção do estabelecimento penal
providências cabíveis, nos termos do art. 6o do
federal, que designará imediatamente data e horário
Código de Processo Penal;
para o atendimento reservado, dentro dos dez dias
III - comunicação do fato ao juízo competente,
subseqüentes.
solicitando a realização de exame de corpo de delito,
§ 1o Para a designação da data, a direção observará a
se for o caso;
fundamentação do pedido, a conveniência do
IV - comunicação do fato à Corregedoria-Geral do
estabelecimento penal federal, especialmente a
Sistema Penitenciário Federal, para que proceda,
segurança deste, do advogado, dos servidores, dos
quando for o caso, ao acompanhamento do
funcionários e dos presos.
respectivo procedimento administrativo; e
§ 2o Comprovada a urgência, a direção deverá, de
V - comunicação à família da vítima ou pessoa por ela
imediato, autorizar a entrevista.
indicada.
TÍTULO XI - DAS REVISTAS
TÍTULO X - DAS VISITAS E DA ENTREVISTA COM
ADVOGADO Art. 97. A revista consiste no exame de pessoas e
bens que venham a ter acesso ao estabelecimento
CAPÍTULO I - DAS VISITAS
penal federal, com a finalidade de detectar objetos,
Art. 91. As visitas têm a finalidade de preservar e
produtos ou substâncias não permitidos pela
estreitar as relações do preso com a sociedade,
administração.
principalmente com sua família, parentes e
Parágrafo único. O Departamento Penitenciário
companheiros.
Nacional disporá sobre o procedimento de revista.
Parágrafo único. O Departamento Penitenciário
Nacional disporá sobre o procedimento de visitação. TÍTULO XII - DO TRABALHO E DO CONTATO
Art. 92. O preso poderá receber visitas de parentes, EXTERNO
do cônjuge ou do companheiro de comprovado Art. 98. Todo preso, salvo as exceções legais, deverá
vínculo afetivo, desde que devidamente autorizados. submeter-se ao trabalho, respeitadas suas condições
§ 1o As visitas comuns poderão ser realizadas uma individuais, habilidades e restrições de ordem de
vez por semana, exceto em caso de proximidade de segurança e disciplina.
datas festivas, quando o número poderá ser maior, a § 1oSerá obrigatória a implantação de rotinas de
critério do diretor do estabelecimento penal federal. trabalho aos presos em regime disciplinar
§ 2o O período de visitas é de três horas. diferenciado, desde que não comprometa a ordem e
Art. 93. O preso recolhido ao pavilhão hospitalar ou a disciplina do estabelecimento penal federal.
enfermaria e impossibilitado de se locomover, ou em § 2o O trabalho aos presos em regime disciplinar
tratamento psiquiátrico, poderá receber visita no diferenciado terá caráter remuneratório e
próprio local, a critério da autoridade médica. laborterápico, sendo desenvolvido na própria cela ou
Art. 94. As visitas comuns não poderão ser em local adequado, desde que não haja contato com
suspensas, excetuados os casos previstos em lei ou outros presos.
neste Regulamento. § 3o O desenvolvimento do trabalho não poderá
comprometer os procedimentos de revista e

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vigilância, nem prejudicar o quadro funcional com com assuntos penitenciários ou de outros órgãos da
escolta ou vigilância adicional. União, dos Estados e do Distrito Federal.
Art. 99. O contato externo é requisito primordial no Art. 103. O estabelecimento penal federal
processo de reinserção social do preso, que não deve disciplinado por este Regulamento deverá dispor de
ser privado da comunicação com o mundo exterior na Serviço de Atendimento ao Cidadão - SAC, a fim de
forma adequada e por intermédio de recurso auxiliar na obtenção de informações e orientações
permitido pela administração, preservada a ordem e sobre os serviços prestados, inclusive aqueles
a disciplina do estabelecimento penal federal. atribuídos ao Sistema Penitenciário Federal.
Art. 100. A correspondência escrita entre o preso e Art. 104. As pessoas idosas, gestantes e portadores
seus familiares e afins será efetuada pelas vias de necessidades especiais, tanto presos e familiares
regulamentares. quanto visitantes, terão prioridade em todos os
§ 1o É livre a correspondência, condicionada a sua procedimentos adotados por este Regulamento.
expedição e recepção às normas de segurança e Art. 105. O Ministério da Justiça editará atos
disciplina do estabelecimento penal federal. normativos complementares para cumprimento
§ 2o A troca de correspondência não poderá ser deste Regulamento.
restringida ou suspensa a título de sanção disciplinar.
TÍTULO XIII - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E
TRANSITÓRIAS
Art. 101. Serão disponibilizados ao estabelecimento
penal federal meios para utilização de tecnologia da
informação e comunicação, no que concerne à:
I - prontuários informatizados dos presos;
II - vídeo-conferência para entrevista com presos,
servidores e funcionários;
III - sistema de pecúlio informatizado;
IV - sistema de movimentação dos presos; e
V - sistema de procedimentos disciplinares dos
presos e processo administrativo disciplinar do
servidor.
Art. 102. O Departamento Penitenciário Nacional
criará Grupo Permanente de Melhorias na Qualidade
da Prestação do Serviço Penitenciário, que contará
com a participação de um representante da
Ouvidoria do Sistema Penitenciário, da
Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário, da
área de Reintegração Social, Trabalho e Ensino, da
área de Informação e Inteligência, e da área de Saúde
para estudar e implementar ações e metodologias de
melhorias na prestação do serviço público no que
concerne à administração do estabelecimento penal
federal.
Parágrafo único. Poderão ser convidados a
participar do grupo outros membros da estrutura do
Departamento Penitenciário Nacional, da sociedade
civil organizada envolvida com direitos humanos e

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PORTARIA MSP Nº 199/2018 c) à implementação de políticas de educação, saúde,


Aprova o Regimento Interno do Departamento trabalho, assistência social, cultural, jurídica, e
Penitenciário Nacional. respeito à diversidade e questões de gênero, para
O MINISTRO DE ESTADO DA SEGURANÇA promoção de direitos das pessoas privadas de
PÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o liberdade e dos egressos do sistema prisional; e
art. 87, parágrafo único, inciso I, da Constituição d) à implementação da Política Nacional de
Federal, e o art. 8º do Decreto nº 9.360, de 7 de maio Alternativas Penais e ao fomento às alternativas ao
de 2018, resolve: encarceramento.
Art. 1º Aprovar o Regimento Interno do VI - coordenar e supervisionar os estabelecimentos
Departamento Penitenciário Nacional, na forma do penais e de internamento federais;
Anexo a esta Portaria. VII - processar, analisar e encaminhar, na forma
Art. 2º O Quadro Demonstrativo dos Cargos em prevista em lei, os pedidos de indultos individuais;
Comissão e das Funções de Confiança, nos termos do VIII - gerir os recursos do Fundo Penitenciário
art. 8º, parágrafo único, do Decreto nº. 9.360, de Nacional;
2018, é o constante no Anexo IX da Portaria nº 86, de IX - apoiar administrativa e financeiramente o
4 de junho de 2018 Conselho Nacional de Política Criminal e
Art. 3º Fica revogada a Portaria nº 5, de 4 de janeiro Penitenciária;
de 2018, publicada no Diário Oficial da União, Seção X - autorizar os planos de correição periódica e
1, de 08 de janeiro de 2018. determinar a instauração de procedimentos
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua disciplinares no âmbito do Departamento;
publicação. XI - elaborar estudos e pesquisas sobre a legislação
penal; e
ANEXO I - REGIMENTO INTERNO DO
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL XII - promover a gestão da informação penitenciária
e consolidar, em banco de dados nacional,
CAPÍTULO I - DA NATUREZA E DA COMPETÊNCIA informações sobre os sistemas penitenciários federal
Art. 1º O Departamento Penitenciário Nacional - e dos entes federativos.
DEPEN, órgão específico singular a que se refere o
art. 2, inciso II, alínea "b" do Anexo III do Decreto nº CAPÍTULO II - DA ESTRUTURA
9.360, de 7 de maio de 2018, tem por finalidade ORGANIZACIONAL
exercer as competências previstas nos arts. 71 e 72 da Art. 2º O DEPEN tem a seguinte estrutura
Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, e organizacional:
especificamente: I - Assessoria de Informações Estratégicas - AINFE;
I - planejar e coordenar a política nacional de serviços II - Ouvidoria Nacional dos Serviços Penais - ONSP;
penais; III - Corregedoria-Geral do Departamento
II - acompanhar a aplicação fiel das normas de Penitenciário Nacional - CORDEPEN;
execução penal no território nacional; IV - Gabinete - GABDEPEN:
III - inspecionar e fiscalizar periodicamente os a) Divisão de Gestão Processual - DIGEPRO:
estabelecimentos e os serviços penais; 1. Serviço de Assuntos Institucionais - SAI;
IV - assistir tecnicamente os entes federativos na 2. Serviço de Comunicação Social - SECOM;
implementação dos princípios e das regras da V - Diretoria Executiva - DIREX:
execução penal; a) Coordenação de Orçamento, Finanças,
V - colaborar, técnica e financeiramente, com os Planejamento e Controle - COFIPLAC:
entes federativos quanto: 1. Divisão de Execução Orçamentária e Financeira -
a) à implantação de estabelecimentos e serviços DIOF;
penais; 2. Divisão de Contabilidade e Controle - DICOC; e
b) à formação e à capacitação permanente dos 3. Divisão de Diárias e Passagens - DIDIPA;
trabalhadores dos serviços penais; b) Coordenação de Gestão de Pessoas - COGEP:

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1. Divisão de Estudos de Gestão de Pessoas - DEGEP: g) Coordenação-Geral de Alternativas Penais -


1.1. Serviço de Apoio à Gestão e Desligamento - CGAP:
SAGED; e 1. Coordenação Nacional de Monitoração Eletrônica
2. Divisão de Pagamento e Execução Financeira e - CONAME; e
Orçamentária de Pessoal - DIPEFOP; 2. Coordenação Nacional de Alternativas Penais -
c) Coordenação-Geral de Logística - CGLOG: CONAP;
1. Coordenação de Licitações e Contratos - COLIC: VII - Diretoria do Sistema Penitenciário Federal -
1.1. Divisão de Gestão Contratual - DIGEC: DISPF:
1.1.1. Serviço de Procedimento Licitatório - SEPLIC; a) Núcleo de Segurança Penitenciária - NSP;
1.1.1.1 Núcleo de Pregões - NUP; b) Coordenação-Geral de Classificação,
1.1.1.2 Núcleo de Sanções - NSA; Movimentação e Segurança Penitenciária -
1.2. Divisão de Patrimônio e Serviços Gerais - CGCMSP:
DIPASG; 1. Divisão de Classificação e Movimentação
1.2.1. Núcleo de Transportes - NUTRANS; Penitenciária - DCMP.
VI - Diretoria de Políticas Penitenciárias - DIRPP: c) Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária -
a) Coordenação de Gabinete: CGIN:
1. Divisão de Projetos, Gerenciamento e Assessoria - 1. Divisão de Inteligência e Contrainteligência - DINC;
DPGA; e d) Coordenação-Geral de Assistências nas
b) Coordenação de Políticas para Mulheres e Penitenciárias - CGAP:
Promoção das Diversidades - COPMD; 1. Divisão de Assistência Penitenciária - DIAP; e
c) Coordenação da Escola Nacional de Serviços VIII - Diretoria de Presídio Federal - DIPREF:
Penais - ESPEN; a) Divisão de Segurança e Disciplina - DISED; e
d) Coordenação-Geral de Gestão de Instrumentos de b) Divisão de Reabilitação - DIREB;
Repasse - CGGIR: c) Serviço de Saúde - SESAU; e
1. Coordenação de Análise e Acompanhamento de d) Serviço Administrativo - SEAD
Instrumentos de Repasse - COAIR:
CAPÍTULO III - DA COMPETÊNCIA DAS
1.1. Divisão de Formalização e Acompanhamento de
UNIDADES
Instrumentos de Repasse - DIFIR. Art. 3º À Assessoria de Informações Estratégicas
2. Coordenação de Análise e Acompanhamento de compete:
Prestação de Contas e Tomada de Contas Especial - I - prestar assessoramento técnico ao Diretor-Geral
COAPC: do DEPEN na coleta de dados e tratamento de
2.1. Divisão de Prestação de Contas e Tomada de informações;
Contas Especial - DIPCTCE. II - sugerir estratégias e oferecer subsídios para a
e) Coordenação-Geral de Modernização - CGMO: tomada de decisões com base nos dados e
1. Coordenação do Sistema Nacional de Informação informações;
Penitenciária - COSISDEPEN; III - definir modelo de coleta de dados e informações
2. Coordenação de Aparelhamento e Tecnologia - para a produção de relatórios analíticos, formulação
COATC; de políticas e interlocução com centros de pesquisa e
3. Coordenação de Engenharia e Arquitetura - pesquisadores;
COENA; IV - implementar metodologia para estabelecimento
f) Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania: de indicadores;
1. Coordenação de Saúde - COS: V - monitorar e elaborar relatórios gerenciais;
1.1. Divisão de Assistência Social - DIAS. VI - apoiar os dirigentes do DEPEN, em conjunto com
2. Coordenação de Educação, Cultura e Esporte - a Diretoria Executiva, na coordenação dos processos
COECE; de planejamento estratégico, organização e
3. Coordenação de Trabalho e Renda - COATR; avaliação institucional;

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VII - assessorar o processo de planejamento e VII - inspecionar estabelecimentos penais e produzir


tomada de decisão coletiva para garantir a relatórios para subsídio da gestão penitenciária,
efetividade e racionalidade das ações do DEPEN; submetendo-os aos interessados; e
VIII - acompanhar o desenvolvimento e a execução VIII - preservar o sigilo de identidade do demandante,
de ações, projetos e programas; desde que solicitado.
IX - organizar e estruturar dados estatísticos do § 1º A Ouvidoria expedirá normativa para disciplinar
sistema prisional, de sistema de justiça criminal, e a organização, as formas de acesso e atendimento ao
outros de interesse do DEPEN; público, os fluxos e as rotinas diárias, bem como o
X - supervisionar a elaboração do levantamento tratamento de solicitações, reclamações, denúncias,
nacional de informações penitenciárias, a ser sugestões e elogios.
atualizado semestralmente; § 2º A Ouvidoria contará com um Conselho
XI - atender ao público, interno e externo, quanto a Consultivo, composto por representantes da rede de
solicitações de informações estatísticas; e participação social e controle na execução penal,
XII - elaborar relatórios de prestação de contas anual com a finalidade de acompanhar, formular críticas e
e demais documentos e orientações dos órgãos de sugestões para o aprimoramento de seu trabalho, na
controle. forma disciplinada em ato do Diretor-Geral, por
Art. 4º À Ouvidoria Nacional dos Serviços Penais proposta da Ouvidoria.
compete: Art. 5º À Corregedoria-Geral do Departamento
I - atuar como instância de controle e participação Penitenciário Nacional compete:
social responsável pelo tratamento das solicitações, I - atuar como unidade de fiscalização, inspeção e
reclamações, denúncias, sugestões e elogios correição, com a incumbência de preservar os
relativos às políticas e aos serviços públicos padrões de legalidade e moralidade dos atos de
prestados por servidores e órgãos de administração gestão praticados no âmbito do DEPEN;
da execução penal, sob qualquer forma ou regime; II - dirigir, planejar, coordenar, controlar e avaliar as
II - protocolar, dar tratamento e responder atividades correcional e disciplinar no âmbito do
sugestões, solicitações, reclamações e denúncias Departamento Penitenciário Nacional;
formuladas por pessoa privada de liberdade, servidor III - propor e implementar ações destinadas à
penitenciário ou por qualquer interessado, referentes prevenção de prática de infrações disciplinares pelos
a servidores, órgãos e serviços da administração da servidores do Departamento Penitenciário Nacional;
execução penal; IV - elaborar manuais de correição e disciplina, bem
III - fomentar e apoiar formas de participação social como realizar correições e inspeções ordinárias e
no planejamento, elaboração, fiscalização e controle extraordinárias;
de propostas, políticas públicas e ações institucionais V - expedir recomendações, destinadas ao
no âmbito da execução penal; aperfeiçoamento de atividades e condutas
IV - fomentar e apoiar a implantação e o funcionais, destinadas a melhorar a prestação do
funcionamento de ouvidorias externas e serviço público;
independentes de administração da execução penal VI - definir, avaliar e executar critérios, métodos e
nas unidades da federação; procedimentos para a atividade de investigação
V - publicar relatório anual de atividades, com disciplinar;
recomendações voltadas à plena garantia dos VII - assessorar o Diretor-Geral do Departamento
direitos das pessoas privadas de liberdade e ao Penitenciário Nacional em assuntos de natureza
aprimoramento da gestão penitenciária; disciplinar, bem como sugerir elaboração normativa
VI - propor aos órgãos competentes a instauração de pertinente;
procedimentos destinados à apuração de VIII - orientar os dirigentes da sede e das unidades
responsabilidade administrativa, civil ou criminal, descentralizadas quanto à interpretação e ao
quando for o caso; cumprimento da legislação pertinente;

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IX - apreciar consultas e manifestar-se sobre VIII - apoiar o Diretor-Geral no desempenho de suas


conduta, deveres, proibições e demais matérias que atribuições;
versem sobre disciplina funcional; IX - zelar pela correspondência, pelo cumprimento de
X - examinar denúncias, representações e demais prazos em todo o DEPEN e manter atualizado e
expedientes que tratem de irregularidades organizado o arquivo do Gabinete; e
funcionais, bem como promover sua apuração, X - promover o acesso à informação e à transparência
atendidos os requisitos legais; ativa no DEPEN, por meio de diretrizes para
XI - instaurar, de ofício, sindicâncias investigativas ou atendimento dos pedidos de informação.
preparatórias e realizar inspeções e correições; Art. 7º À Divisão de Gestão Processual compete:
XII - instaurar os procedimentos, sindicâncias e I - executar a gestão processual no âmbito do
processos administrativos disciplinares para a Gabinete do Diretor-Geral do DEPEN, ao:
apuração de irregularidades; a) coordenar, supervisionar, orientar e avaliar as
XIII - indicar os membros para compor as comissões atividades de recebimento, triagem,
apuratórias e verificar a regularidade dos trabalhos encaminhamento e redistribuição de processos e
por elas realizados; documentos;
XIV - solicitar a órgãos, entidades públicas, pessoas b) apoiar em questões de natureza jurídica, técnica e
físicas ou jurídicas informações e documentos administrativa;
necessários à instrução dos processos correcionais; c) gerenciar, supervisionar, controlar, acompanhar,
XV - submeter ao Diretor-Geral relatório opinativo orientar, avaliar e executar as atividades inerentes à
sobre as conclusões alcançadas pelas comissões gestão de protocolo, arquivo, trâmite de
disciplinares, para decisão da autoridade correspondências, preservação digital e acervo
competente; histórico.
XVI - acompanhar o andamento de ações judiciais II - atualizar:
relativas às atividades; e a) os sistemas de controle de processos, de modo a
XVII - requisitar, no interesse da atividade permitir o efetivo acompanhamento de prazos
correcional, dados, informações, registros e processuais e tramitação interna de autos; e
documentos contidos em sistemas e arquivos da b) relatórios gerenciais para acompanhamento,
Administração Pública. avaliação e planejamento da atividade de gestão da
Art. 6º Ao Gabinete compete: Divisão.
I - elaborar e acompanhar a agenda de trabalhos e III - auxiliar na elaboração, implantação e
viagens do Diretor-Geral, bem como as pautas e acompanhamento de projetos de racionalização de
registros de reuniões; métodos e processos de trabalho;
II - coordenar, acompanhar e controlar os IV - solicitar informações às demais unidades do
documentos e processos enviados ao Departamento; DEPEN;
III - preparar os despachos e controlar o expediente V - analisar e acompanhar as informações prestadas
funcional do Diretor-Geral; pelas demais unidades do DEPEN para elaboração de
IV - propor a normatização de procedimentos das respostas a expedientes internos e externos;
unidades; VI - gerir o atendimento dos pedidos de informação
V - promover a divulgação dos atos normativos do endereçados ao DEPEN nos termos da Lei nº 12.527,
Diretor-Geral; de 18 de novembro de 2011 - Lei de Acesso à
VI - orientar e coordenar as atividades concernentes Informação;
às áreas de relações institucionais, comunicação VII - promover a classificação da documentação de
social e rotina administrativa no Gabinete do Diretor- interesse do Gabinete do Diretor-Geral;
Geral; VIII - preparar, acompanhar e controlar a publicação
VII - colaborar no relacionamento do Departamento de atos administrativos e normativos do Gabinete,
com órgãos e entidades governamentais; bem como realizar a publicação quando necessário; e

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IX - acompanhar, controlar, orientar e executar as IV - solicitar informações de interesse à comunicação


atividades de protocolo encaminhados ao DEPEN. social às Unidades do DEPEN;
Art. 8º Ao Serviço de Assuntos Institucionais V - manter atualizadas as listas de contato dos
compete: veículos de comunicação;
I - planejar e gerir ações para o fortalecimento das VI - elaborar pauta e atuar nos eventos internos e
relações institucionais do DEPEN; externos de interesse do Gabinete do Diretor-Geral;
II - acompanhar e assessorar o relacionamento do VII - apoiar a elaboração de matérias midiáticas das
DEPEN com conselhos, órgãos da execução penal Unidades administrativas do DEPEN;
dos Estados, órgãos essenciais ao funcionamento da VIII - acompanhar os eventos de outros órgãos com a
justiça e com organizações da sociedade civil; presença do Diretor-Geral do DEPEN;
III - apoiar a articulação de ações e projetos IX - propor plano anual de comunicação;
intersetoriais, por meio do intercâmbio de X - manter registro de matérias publicadas sobre o
informações; DEPEN e de outros temas de interesse;
IV - assessorar o Gabinete na celebração de XI - coordenar o planejamento, o controle e a
instrumentos com entidades e organizações divulgação das informações institucionais e
congêneres a nível nacional e internacional; administrativas do DEPEN;
V - apoiar a elaboração de instrumentos de XII - executar atividades de cerimonial do Gabinete
cooperação técnica com uUnidades fFederativas, do Diretor-Geral;
organismos internacionais e parceiros estratégicos; XIII- elaborar projetos e pesquisas para atender aos
VI - acompanhar no Congresso Nacional as iniciativas eventos do DEPEN;
de interesse do DEPEN e assessorar o Diretor-Geral XIV- programar e promover a execução de
e, com sua autorização, os demais diretores, quanto solenidades, além de orientar e acompanhar a
àsa atividades e às solicitações do Poder Legislativo; realização de reuniões, encontros, simpósios,
VII - assegurar o acompanhamento das proposições congressos e outros eventos do interesse do Diretor-
de atos normativos de interesse do DEPEN, em Geral do DEPEN;
especial os afetos à execução penal; XV- fiscalizar os contratos de eventos do DEPEN;
VIII - acompanhar os casos de interesse do DEPEN XVI- propor o planejamento anual de cerimônia e
perante organismos internacionais de direitos eventos do DEPEN; e
humanos, fomentando o relacionamento XVII- elaborar pauta e atuar nos eventos internos e
institucional com outros órgãos públicos envolvidos; externos de interesse do Gabinete do Diretor-Geral
IX - acompanhar e promover a participação do do DEPEN.
DEPEN em foros internacionais; Art. 10. À Diretoria Executiva compete:
X - apoiar na gestão para emissão de passaporte I - coordenar e supervisionar as atividades de
oficial, visto e autorizações administrativas planejamento, orçamento, administração financeira,
necessárias aos processos de afastamento do País; e gestão de pessoas, serviços gerais, serviços de
XI - apoiar o gabinete nas pautas de trabalho engenharia, de informação e de informática, no
relacionadas a viagens internacionais do Diretor- âmbito do Departamento;
Geral. II - elaborar a proposta orçamentária anual e
Art. 9º Ao Serviço de Comunicação Social compete: plurianual do Departamento, assim como as
I - executar as atividades de comunicação interna e propostas de programação financeira de desembolso
divulgar as matérias relacionadas com a área de e de abertura de créditos adicionais;
atuação do DEPEN; III - acompanhar e promover a avaliação de projetos
II - manter atualizado o Portal de Comunicação e atividades, considerando as diretrizes, os objetivos
próprio do DEPEN; e as metas constantes do plano plurianual;
III - pesquisar notícias divulgadas na imprensa sobre IV - realizar tomadas de contas dos ordenadores de
o DEPEN e sua área de atuação, a fim de consolidá- despesa e demais responsáveis por bens e valores
las e divulgá-las; públicos e de todo aquele que der causa a perda,

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extravio ou outra irregularidade que resulte em dano I - coordenar os procedimentos de conformidade


ao erário; contábil dos atos de gestão orçamentária, financeira
V - propor ao Diretor-Geral a edição de normas afetas e patrimonial, e o processo de conformidade de
às suas competências; registro de gestão;
VI - subsidiar e apoiar a Escola Nacional de Serviços II - elaborar, analisar e disponibilizar demonstrativos
Penais na execução de suas atividades; gerenciais de execução orçamentária e financeira;
VII - propor estratégias para assegurar a participação III - analisar e executar as solicitações de alterações
e o controle social nos processos de formulação, orçamentárias;
implementação, monitoramento e avaliação das IV - coordenar as atividades de gerenciamento dos
políticas de gestão do DEPEN; e custos do DEPEN;
VIII - praticar, em conjunto com o Diretor-Geral, atos V - gerenciar, por meio da Seccional Contábil, as
referentes a procedimentos licitatórios e à gestão de atividades de análise e acompanhamento de
contratos. balanços, balancetes e demais demonstrações
Art. 11. À Coordenação de Orçamento, Finanças, contábeis do DEPEN;
Planejamento e Controle compete: VI - realizar a inclusão e exclusão de agentes do rol de
I - coordenar as atividades relacionadas à elaboração, responsáveis em sistemas estruturantes;
análise e encaminhamento das propostas VII - controlar e atender as demandas judiciais
orçamentárias anuais, bem como das reformulações vinculadas a perdimento de bens, restituição de
que se fizerem necessárias no decorrer do exercício; valores e registro de arrecadação; e
II - promover, acompanhar e controlar a execução VIII - acompanhar e atualizar as variações
orçamentária e financeira das ações orçamentárias; patrimoniais relativas aos bens imóveis registrados
III - avaliar as solicitações de disponibilidade no Sistema Patrimônio SPIUnet - Sistema de Gestão
orçamentária; dos Imóveis de Uso Especial da União.
IV - apoiar as atividades de planejamento do DEPEN; Art. 14. À Divisão de Diárias e Passagens compete:
V - fornecer informações gerenciais com vistas a I - gerenciar os pedidos de concessão de diárias e
subsidiar o processo de tomada de decisão; passagens para fins de pagamento;
VI - apoiar a Direção-Geral do DEPEN em questões II - acompanhar e conferir o faturamento dos serviços
orçamentárias e financeiras relacionadas ao prestados;
desenvolvimento e à elaboração dos planos e III - acompanhar e analisar as prestações de contas de
programas anuais e plurianuais; e viagens; e
VII - auxiliar na elaboração de relatórios de prestação IV - fornecer relatórios gerenciais de diárias e
de conas e demais documentos de controle. passagens.
Art. 12. À Divisão de Execução Orçamentária e Art. 15. À Coordenação de Gestão de Pessoas
Financeira compete: compete:
I - supervisionar, orientar e promover a execução das I - planejar, elaborar, propor e acompanhar as
atividades de movimentação dos créditos políticas e diretrizes na área de Gestão de Pessoas;
orçamentários e dos recursos financeiros; II - planejar e executar o processo referente a
II - executar as atividades relacionadas às operações concursos públicos;
dos sistemas estruturantes; III - promover, juntamente com as Unidades
III - emitir empenhos, realizar pagamentos, Administrativas, a política de capacitação e
retenções e descentralizações necessárias à desenvolvimento dos servidores do DEPEN;
execução das despesas; e IV - articular-se junto a organismos públicos e
IV - acompanhar e controlar a execução privados para a realização de estudos, pesquisas,
orçamentária e financeira das Unidades Gestoras do troca de informações, bem como elaboração de
DEPEN. projetos especiais, compatíveis com o planejamento
Art. 13. À Divisão de Contabilidade e Controle estratégico da Instituição, para a sua área de
compete: atuação;

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V - elaborar o planejamento orçamentário de sua tratem de tempo de serviço, reposicionamento,


unidade para subsidiar o planejamento institucional; incorporações, quintos, décimos, vantagem pessoal,
VI - participar do planejamento e da avaliação de correlação ou transformação de cargos e funções de
planos, projetos, programas e pesquisas na área de servidores ativos;
gestão de pessoas; IV - preparar atos relacionados à concessão de
VII - gerenciar as atividades realizadas pelas unidades horário especial, e à redução de carga horária com
subordinadas promovendo a articulação e integração redução proporcional de remuneração;
dessas aos planos e diretrizes estratégicos V - elaborar estudos e minutas de atos normativos e
estabelecidos pela Instituição; de editais relacionados à gestão de pessoas;
VIII - coordenar a elaboração e a execução de plano VI - supervisionar a instrução dos processos
anual de capacitação; administrativos relativos a licenças, afastamentos,
IX - realizar estudos e pesquisas exploratórios concessões, averbações, direitos e vantagens;
visando a aperfeiçoar sistemas e métodos de VII - dar cumprimento às decisões judiciais e
trabalho da Coordenação e a implementação de administrativas e elaborar informações aos órgãos
gestão estratégica de pessoas, promovendo a de controle;
qualidade de vida no trabalho; VIII - elaborar subsídios para Advocacia Geral da
X - orientar a instrução de processos e subsidiar o União, Ministério Público, Poder Judiciário e demais
fornecimento de informações para abertura de órgãos nos processos da área de gestão de pessoas;
tomada de contas, ressarcimento de valores e IX - pesquisar, catalogar, arquivar, divulgar e manter
inscrição na dívida ativa, de todo aquele que der atualizadas as informações sobre legislação de
causa a perda, extravio ou irregularidade que resulte pessoal, inclusive quanto às normas e decisões
em dano ao erário em sua área de atuação; administrativas, pareceres e jurisprudência; e
XI - coordenar e acompanhar as atividades de X - zelar para que a Coordenação de Gestão de
administração de pessoal, de remuneração, de Pessoas seja permanentemente informada e
cargos, salários e de desenvolvimento de pessoas; atualizada sobre as alterações legislativas e
XII - prestar apoio técnico às demais unidades do jurisprudenciais relacionadas com a área de pessoal.
DEPEN em assuntos relacionados à administração de Art. 17. Ao Serviço de Apoio à Gestão e
pessoal; Desligamento compete:
XIII - acompanhar as normas e jurisprudência I - auxiliar e apoiar a COGEP em suas rotinas
exaradas pelo órgão central e pelos órgãos de administrativas e controle organizacional;
controle acerca do regime próprio de previdência do II - realizar estudos e documentos técnicos;
servidor público, e normas subsidiárias; III - prestar apoio técnico e operacional,
XIV - acompanhar o cumprimento das decisões desenvolvendo planejamento de pessoal em nível
judiciais, administrativas, do Tribunal de Contas da estratégico;
União e orientações oriundas da Auditoria Interna, IV - controlar, executar e atualizar os atos pertinentes
pertinentes à gestão de pessoas; e à vida funcional e cadastral dos servidores do
XV - garantir a utilização gerencial dos dados e Departamento Penitenciário Nacional, fornecendo
informações da área de pessoal. subsídios ao órgão central do Sistema de Pessoal
Art. 16. À Divisão de Estudos de Gestão de Pessoas Civil - SIPEC;
compete: V - organizar e manter atualizado o cadastro de
I - analisar, interpretar e emitir parecer sobre a servidores ativos, aposentados, pensionistas e
legislação de pessoal; estagiários;
II - prestar informações essenciais à instrução de VI - expedir certidões, resumo de tempo de serviço,
processos administrativos relativos à aplicação de atestados, declarações e demais expedientes;
normas e procedimentos de gestão de pessoas; VII - averbar e expedir certidões de tempo de serviço;
III - orientar atividades e emitir informações, notas e
pareceres de natureza técnica em processos que

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VIII - encaminhar atos de gestão de pessoas para o V - coordenar e executar as atividades relacionadas à
assentamento funcional dos servidores e cadastro operacionalização do SIAFI e do SIAPE, pertinentes à
nos sistemas de administração de pessoal; Gestão de Pessoal;
IX- emitir identidades funcionais; VI - inserir informações e efetuar os recolhimentos
X - registrar e adotar medidas visando à efetivação de das contribuições previdenciárias, individual e
afastamento, remoção, redistribuição, patronal, dos servidores vinculados ao Regime Geral
disponibilidade, aproveitamento, reversão e de Previdência Social na Guia de Recolhimento do
requisição de servidores; FGTS e de Informações à Previdência Social - GFIP;
XI - prestar, quando solicitadas, informações às VII - instruir, analisar e executar, orçamentária e
unidades descentralizadas dos assuntos pertinentes financeiramente, as demais despesas de pessoal não
a sua área de atuação; incluídas na folha de pagamento;
XII - proceder a apuração da frequência dos VIII - preparar a documentação para a conformidade
servidores ativos, cedidos, requisitados e em documental à disposição dos órgãos de controles
exercício provisório, incluindo o lançamento dos internos e externos;
dados pertinentes no Sistema de Administração de IX - preparar, anualmente, as informações referentes
Recursos Humanos - SIAPE; à declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte e
XIII - controlar e manter atualizados os registros comprovante de rendimentos, bem como adotar
cadastrais do SIAPE; todos os procedimentos para o envio da declaração
XIV - zelar pela integridade e sigilo dos dados nos prazos estabelecidos pela Receita Federal;
cadastrais dos servidores ativos, aposentados e X - acompanhar e identificar depósitos efetuados na
pensionistas; Conta Única do Tesouro Nacional, incluindo o
XV - apresentar ao coordenador, mensalmente, controle de recolhimentos diversos na conta da
relatório gerencial de acompanhamento das Unidade Gestora de Recursos de Pessoal;
atividades do serviço; XI -subsidiar o controle e acompanhamento das
XVI - elaborar termos de referência para aquisição de conformidades diárias de gestão da unidade gestora
bens ou serviços relacionados a sua área de atuação; de Recursos de Pessoal;
e XII - operacionalizar a instauração, elaborar cálculos,
XVII - elaborar os atos administrativos relacionados planilhas e Guias de Recolhimento sobre as reversões
aos serviços de cadastro e benefícios. de créditos e reposição ao erário e inscrição na dívida
Art. 18. À Divisão de Pagamento e Execução ativa, de todo aquele que der causa a perda, extravio
Financeira e Orçamentária de Pessoal compete: ou irregularidade que resulte em dano;
I - praticar os atos necessários ao preparo, execução XIII - fornecer dados financeiros referentes aos
e controle da folha de pagamento dos servidores servidores ativos, aposentados, instituidores de
ativos, dos aposentados, dos beneficiários de pensão pensão e dos pensionistas, civis e alimentícias, para
civil ou alimentícia, e dos estagiários, com vistas à levantamento de custos, programação orçamentária
inclusão no SIAPE; e instrução de processos administrativos e judiciais;
II - executar as atividades de movimentação de XIV - instruir processos e executar atividades
recursos orçamentários e financeiros na área de referentes a pagamento de exercícios anteriores,
competência da Coordenação de Gestão de Pessoas; auxílio-funeral, ajuda de custo, gratificações,
III - acompanhar a execução orçamentária e adicionais e indenizações, ressarcimento de salários
financeira e subsidiar os pedidos de créditos e encargos sociais, pagamentos de estagiários e
adicionais; outros;
IV - manter atualizados os demonstrativos dos saldos XV - prestar informações de dados financeiros para
orçamentários e financeiros e elaborar a fornecer subsídios necessários à defesa da União em
programação financeira mensal, de pessoal no processos judiciais;
âmbito do Departamento Penitenciário Nacional; XVI - acompanhar e subsidiar o controle de processos
administrativos decorrentes de ações judiciais, que

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resultem em procedimentos para inclusão, exclusão IV - emitir atestado de capacidade técnica;


ou alteração de rubricas no SIAPE e no Sistema de V - analisar as notas técnicas sobre reajuste de
Gestão de Pessoas - SIGEPE; preços, repactuação, reequilíbrio econômico
XVII - praticar atos para levantamento de valores financeiro e quaisquer outras propostas de alteração
passíveis de acertos financeiros; contratual;
XVIII - acompanhar e responder aos processos de VI - coordenar, supervisionar, orientar e executar as
apuração de irregularidade em consignações no atividades de licitação, bem como realizar a
SIGEPE; conferência do correto enquadramento das
XIX - propor e promover o acompanhamento da licitações;
apuração de irregularidades detectadas no SIAPE e VII - definir se as aquisições de bens e serviços são
elaborar relatório sobre providências adotadas; e inexigíveis, ou dispensáveis, ou qual a modalidade e,
XX - acompanhar a elaboração e o envio anual da consequentemente, o tipo da licitação;
Relação Anual de Informações Sociais - RAIS. VIII - prestar apoio, supervisionar e orientar a
Art. 19. À Coordenação-Geral de Logística compete: comissão de licitação e o pregoeiro em suas
I - planejar e acompanhar as atividades de gestão de atividades;
procedimentos licitatórios e de contratos, e a IX - gerenciar o andamento processual das atividades
administração de material, patrimônio e serviços relacionadas ao procedimento licitatório e à gestão
gerais; de contratos;
II - elaborar o plano anual de contratações; X - dar publicidade a todos os atos relacionados a
III - definir a área responsável pela elaboração de licitações e contratos;
termo de referência ou projeto básico no âmbito da XI - elaborar termos de referência para aquisição de
Diretoria-Executiva; bens ou serviços relacionados a sua área de atuação;
IV - planejar e acompanhar as atividades de doação, e
recebimento e incorporação de bens, cessão, XII - elaborar os atos administrativos relacionados à
alienação e outras formas de desfazimento de Coordenação de Licitações e Contratos.
materiais inservíveis ou antieconômicos; Art. 21. À Divisão de Gestão Contratual compete:
V - analisar e avalizar todos os atos relacionados ao I - orientar e supervisionar as atividades relacionadas
procedimento licitatório e à gestão de contratos no a contratos administrativos para prestação de
âmbito da Diretoria Executiva; serviços e fornecimento de materiais
VI - observar as normas emanadas do órgão central II - realizar a gestão processual das atividades
do Sistema Integrado de Administração de Serviços relacionadas a contratos administrativos para
Gerais - SIASG; prestação de serviços e fornecimento de bens;
VII - propor normas de serviço dentro de sua área de III - elaborar minutas de contratos, termos aditivos e
competência; VIII - submeter para apreciação e outros congêneres, para apreciação da Consultoria
aprovação da Diretoria Executiva o plano anual das Jurídica;
contratações, após manifestação das áreas IV - analisar os cálculos relativos ao reajuste de
requisitantes; e IX - assessorar as autoridades preços, à repactuação, ao reequilíbrio econômico-
superiores em matérias de sua competência. financeiro dos serviços continuados e às penalidades
Art. 20. À Coordenação de Licitações e Contratos a serem aplicadas aos fornecedores, de acordo com a
compete: legislação em vigor;
I - coordenar, supervisionar, orientar as atividades de V - elaborar nota técnica e verificar a conformidade
gestão contratos existentes na Diretoria Executiva; documental necessárias aos pagamentos devidos;
II - verificar a regularidade dos instrumentos VI - verificar a idoneidade, capacidade e regularidade
contratuais firmados no âmbito do DEPEN; dos potenciais fornecedores de bens e serviços;
III - analisar a aplicação de sanções a fornecedores e VII - manter todos os sistemas alimentados e
prestadores de serviço, e a execução de garantias atualizados, conforme legislação em vigor;
contratuais;

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VIII - realizar a convocação das empresas para II - confeccionar minutas de editais, contratos e atas
assinaturas dos instrumentos contratuais e efetuar a de registro de preços;
publicação no Diário Oficial da União por meio do III - confeccionar editais e tabelas de valores máximos
SIASG; admissíveis;
IX - requisitar às áreas demandantes a definição de IV - publicar pregões no Diário Oficial da União;
gestores responsáveis pelo acompanhamento e V- solicitar a publicação dos procedimentos em jornal
fiscalização dos contratos, e elaborar a respectiva de grande circulação;
minuta de portaria; VI - realizar check list dos procedimentos para análise
X - propor à COLIC, quando for o caso, a aplicação de da Advocacia- Geral da União;
penalidades, sanções e medidas legais a VII - realizar o saneamento de procedimentos após
fornecedores por descumprimento de obrigações análise da Consultoria Jurídica;
contratuais; VIII - acompanhar andamento dos procedimentos;
XI - analisar e elaborar, após manifestação positiva IX - publicar e gerenciar intenção de registro de
da fiscalização, atestado de capacidade técnica aos preços;
fornecedores e prestadores de serviço; X - analisar propostas comerciais; e
XII - receber cauções dadas como garantia de XI - publicar resultados de julgamentos.
contratos, para fins de guarda e controle; Art. 24. Ao Núcleo de Sanções:
XIII - manter atualizada ou requisitar a atualização I - notificar os interessados da instauração de
necessária da documentação relativa às procedimento administrativo sancionatório;
contratações; e II - abrir prazo para juntada de defesa prévia e
XIV - elaborar, registrar, cadastrar e publicar atas, recursos;
após licitadas. III - conferir vistas de autos processuais a
Art. 22. Ao Serviço de Procedimento Licitatório interessados;
compete: IV - realizar interlocução com os fiscais de contrato
I - realizar cotação eletrônica; em relação às defesas apresentadas;
II - receber, conferir e processar aquisições e V - analisar procedimentos e elaborar parecer
contratações de serviços por dispensa e opinativo quanto à sugestão de sanções;
inexigibilidade, analisar o enquadramento das VI - notificar contratadas quanto às decisões
demandas, e realizar demais procedimentos referentes aos procedimentos sancionatórios;
relativos às contratações diretas; VII - registrar sanções aplicadas no Sistema de
III - comunicar à COLIC qualquer irregularidade que Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF,
vier a ser constatada e sugerir medidas corretivas e no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e
preventivas visando à perfeita execução dos Suspensas - CEIS e em demais sistemas de controle;
contratos; e
IV - instruir documentalmente solicitação de adesão VIII - publicar atos pertinente aos procedimentos
às atas de registro de preços em vigência no DEPEN; sancionatórios no Diário Oficial da União, quando
V - acompanhar os processos internos e externos aplicável.
referentes a adesão ou participação de atas de Art. 25. À Divisão de Patrimônio e Serviços Gerais
registro de Preços; compete:
VI - elaborar pesquisas de preços para instrução de I - supervisionar e controlar as atividades
processos de aquisições e demais contratações; e relacionadas à aquisição, ao recebimento, ao registro
VII - manter todos os sistemas alimentados e e ao cadastramento de bens e materiais do DEPEN,
atualizados, conforme legislação em vigor observadas as normas e procedimentos do Sistema
Art. 23. Ao Núcleo de Pregões compete: de Patrimônio da União;
I - supervisionar a fase interna e executar a fase II - classificar, registrar, cadastrar e tombar os bens e
externa do pregão; materiais permanentes;

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III - efetuar o controle referente à incorporação, dos edifícios e suas instalações prediais,
distribuição, alienação, cessão, baixa, transferência e compreendendo instalações elétricas, hidráulicas,
ao remanejamento dos bens materiais; esquadrias em geral, alarme, detecção e combate a
IV - avaliar bens patrimoniais para incorporação, incêndio, elevadores, ar condicionado e outros
indenização, permuta, cessão, doação ou alienação; serviços afins;
V - inventariar periodicamente os bens patrimoniais XVIII - elaborar, desenvolver e executar estudos,
e manter sob guarda os termos de responsabilidade, análises de riscos e impactos com vistas a subsidiar
atualizados e assinados; aquisições e contratações relativas a serviços gerais;
VI - gerir o sistema de administração patrimonial, XIX - elaborar projeto básico e termo de referência
manter controle físico e financeiro, e emitir relatórios relativos à aquisição de materiais e contratação de
de incorporação e de baixas patrimoniais; serviços gerais;
VII - registrar ocorrências de danos e extravios, bem XX - executar a classificação, registro, cadastro e
como instruir os processos relativos ao desfazimento tombamento dos bens permanentes;
e ao desaparecimento de bens móveis; XXI - executar a avaliação de bens patrimoniais para
VIII - promover a manutenção, conservação e incorporação, indenização, permuta, cessão, doação
recuperação de máquinas e móveis no âmbito de sua ou alienação;
competência; XXII - executar o inventário periódico dos bens
IX - assessorar e efetuar os trabalhos da comissão patrimoniais e manter sob guarda os termos de
anual de inventário; responsabilidade, atualizados e assinados;
X - receber, conferir, aceitar, atestar o recebimento, XXIII- operar o sistema de administração patrimonial,
registrar a entrada, classificar, armazenar, e distribuir mantendo controle físico e financeiro, bem como
os materiais de consumo; emitir relatórios de incorporação e de baixas
XI - manter, controlar e apresentar mensalmente patrimoniais;
demonstrativo contábil dos materiais adquiridos, XXIV - instruir ocorrências de danos e extravios, bem
fornecidos, e em estoque; como instruir os processos relativos ao desfazimento
XII - apropriar, no Sistema Integrado de e ao desaparecimento de bens móveis;
Administração Financeira - SIAFI, as despesas XXV - executar o controle referente à incorporação,
relativas à aquisição de material de consumo; distribuição, alienação, cessão, baixa, transferência e
XIII - zelar para que os materiais existentes em ao remanejamento dos bens materiais;
estoque estejam armazenados de forma adequada e XXVI - acompanhar e fiscalizar o cumprimento dos
em local apropriado; contratos de prestação de serviços no âmbito da
XIV - analisar e propor a alienação, doação ou cessão sede do DEPEN;
de material inservível ou fora de uso; XXVII - controlar e fiscalizar a utilização das áreas
XV - organizar e manter atualizada a coleção de comuns da sede do DEPEN e autorizar o acesso às
catálogos e especificações técnicas de materiais e suas instalações;
serviços; XXVIII - supervisionar o controle de acesso de
XVI - coordenar, orientar, controlar, supervisionar e pessoas às dependências do DEPEN, bem como
fiscalizar as atividades relacionadas com obras, eventuais tentativas de fraude e desrespeito aos
instalações hidráulicas, esquadrias em geral, mecanismos de controle;
manutenção predial, elevadores, transporte, ar XXIX- controlar e fiscalizar o serviço de recepção e
condicionado, vigilância, copa, limpeza, jardinagem, prestação de informações ao público externo, bem
serralheria, fornecimento e consumo de energia como o fluxo de entrada, circulação e saída de
elétrica e de água, recolhimento de esgoto e outros pessoas nas dependências do DEPEN;
serviços gerais necessários; XXX - supervisionar o credenciamento dos visitantes
XVII - planejar, coordenar, implementar, e o seu encaminhamento aos setores desejados, no
acompanhar, supervisionar e orientar, no âmbito do horário de funcionamento ou fora dele, do órgão;
DEPEN, as atividades de conservação e manutenção

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XXXI - controlar a entrada e a saída de bens I - dirigir, planejar, controlar, fomentar, avaliar e
permanente ou de consumo; fiscalizar as atividades relativas à implantação de
XXXII - supervisionar e controlar o registro da entrada serviços penais;
e saída de bens patrimoniais, permanente ou de II - propor ao Diretor-Geral a edição de diretrizes para
consumo não permitindo a retirada sem prévia e a gestão dos serviços penais;
expressa autorização da Coordenação-Geral de III - promover políticas de cidadania, de inclusão
Logística; social, de diversidades, de formação e capacitação
XXXIII - controlar o fluxo de entrada e saída de dos servidores, de modernização, de aparelhamento
veículos nas dependências do DEPEN, bem como a e de alternativas à prisão nos Estados, Distrito
distribuição de vagas nas garagens; Federal e Municípios, apoiando-os financeiramente
XXXIV - supervisionar a execução das atividades de por meio de instrumentos de repasse ou doações;
vigilância interna e externa dos edifícios, bem como IV - articular políticas públicas de saúde, de
controlar a circulação de pessoas nas dependências educação, de cultura, de esporte, de diversidades, de
do DEPEN, nos dias úteis; e trabalho e renda, de assistência social e jurídica e de
XXXV -supervisionar a execução e o controle das acesso à assistência religiosa para a promoção de
atividades de segurança nas áreas externas direitos das pessoas privadas de liberdade, egressas
adjacentes ao DEPEN e nas áreas classificadas como do sistema prisional e em cumprimento de
sensíveis ou restritas. alternativas penais;
Art. 26. Ao Núcleo de Transportes compete: V - apoiar à implantação de estabelecimentos penais
I - receber solicitações, programar e controlar o em consonância com as diretrizes de arquitetura
atendimento, a utilização e a circulação da frota de definidas pelo Conselho Nacional de Política Criminal
veículos do DEPEN, promovendo a revisão periódica, e Penitenciária - CNPCP;
a manutenção preventiva e corretiva, a conservação, VI - desenvolver estratégias para o respeito e
o registro e o seu licenciamento; promoção das diversidades das pessoas privadas de
II - viabilizar o uso de sistemas e soluções que liberdade no sistema prisional, egressas do sistema
proporcionem o compartilhamento da frota de prisional e em cumprimento de alternativas penais;
veículos entre os usuários e primar pela busca da VII - manter e consolidar banco de dados nacional
eficiência e economicidade no uso dos serviços de sobre os serviços penais dos Estados, Distrito Federal
transportes; e Municípios, e do sistema penitenciário federal;
III - manter cadastro da frota e dos motoristas, bem VIII - zelar pela utilização adequada de recursos
como registrar informações sobre infrações, repassados pelo Fundo Penitenciário Nacional, por
acidentes, termos de vistoria, termos de cessão, meio de monitoramento constantes da de sua
doação ou transferência, e outras ocorrências; execução;
IV - solicitar laudo pericial no caso de acidentes de IX - decidir sobre à instauração das Tomadas de
trânsito envolvendo veículos do DEPEN; Contas Especiais, após esgotamento de medidas
V - requisitar e controlar o fornecimento de administrativas para elidir dano ao erário e nos casos
combustíveis e lubrificantes; de determinação pelos órgãos de controle interno e
VI - emitir requisição de transporte no âmbito do Tribunal de Contas da União;
DEPEN; X - fomentar e apoiar produção de conhecimentos
VII - controlar e atestar a execução de serviços de sobre os serviços penais;
transportes realizados por terceiros; e XI - promover estratégias para a modernização,
VIII - elaborar plano de aquisição ou locação de assim como articular o intercâmbio de conhecimento
veículos e proposta de alienação de viaturas e práticas com órgãos nacionais e internacionais
antieconômicas, e submetê-los à deliberação correlatos aos temas de sua competência;
superior. XII - manter programa de cooperação federativa de
Art. 27. À Diretoria de Políticas Penitenciárias assistência técnica para a modernização,
compete:

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aperfeiçoamento e especialização dos serviços avaliação das políticas penitenciárias e de serviços


penais; penais;
XIII - elaborar e difundir modelos de gestão: a) dos XX - atender diligências dos entes federados
serviços penais, que contemplem princípios, relacionadas a repasses e instrumentos de recursos
diretrizes e metodologias, para a estrutura do Fundo Penitenciário Nacional; e
organizacional da administração penitenciária; XXI - implementar estratégias de modernização do
a) dos serviços penais, que contemplem princípios, sistema prisional, de alternativas penais e egressos,
diretrizes e metodologias, para a estrutura com vistas à modernização e aperfeiçoamento de
organizacional da administração penitenciária; estruturas e à garantia de direitos.
b) de rotinas, fluxos e procedimentos em Art. 28. À Coordenação de Gabinete compete:
estabelecimentos penais, com foco na garantia dos I - coordenar as atividades do gabinete da Diretoria
direitos e prestação de serviços para pessoas de Políticas Penitenciárias, e de articulação com as
privadas de liberdade, egressas do sistema prisional, áreas correlatas à Diretoria;
em cumprimento de alternativas penais e demais II - acompanhar a pauta de trabalhos e projetos da
atores envolvidos com a política penal; e Diretoria de Políticas Penitenciárias;
c) mediante definição de metodologias e diretrizes III - supervisionar e orientar as atividades e rotinas
nacionais, relacionados à obtenção, aplicação e administrativas no âmbito da Diretoria e áreas
prestação de contas dos recursos do Funpen pelos correlatas;
entes da federação. IV - propor a normatização e fluxos de
XIV - desenvolver ações e projetos voltados à procedimentos da Diretoria de Políticas
qualificação da gestão prisional, que abranjam: Penitenciárias;
a) atividades de inclusão e classificação das pessoas V - promover integração das políticas desenvolvidas
privadas de liberdade; no âmbito das unidades da Diretoria e demais áreas
b) elaboração de planos individuais de do Departamento;
desenvolvimento; VI - gerir os expedientes, documentos oficiais e
c) metodologias de acompanhamento e processos inerentes à Diretoria de Políticas
individualização da pena; e Penitenciárias, com encaminhamento destes às
d) metodologias de articulação intersetorial para a unidades competentes;
melhoria dos serviços penais. VII - zelar pelo cumprimento de prazos,
XV - elaborar indicadores de qualidade e de garantia acompanhamento de respostas e monitoramento da
de direitos na política penal, por meio de tramitação de documentos remetidos à Diretoria de
diagnósticos e metodologias de monitoramento de Políticas Penitenciárias;
gestão dos estabelecimentos de privação de VIII - sanear e arquivar processos encaminhados à
liberdade, das políticas para pessoas egressas do Diretoria de Políticas Penitenciárias;
sistema prisional e das políticas de alternativas IX - publicar atos oficiais da Diretoria de Políticas
penais; Penitenciárias; e
XVI - apoiar a Diretoria do Sistema Penitenciário X - assegurar a participação e o controle social nos
Federal na implementação, acompanhamento e processos de formulação, implementação,
execução de políticas nacionais de sua competência; monitoramento e avaliação das políticas
XVII - promover articulação com as entidades e as penitenciárias e de serviços penais.
instituições envolvidas com a política penal; Art. 29. À Divisão de Projetos, Gerenciamento e
XVIII - realizar estudos e pesquisas voltadas à reforma Assessoria compete:
da legislação penal e processual penal; I - apoiar, acompanhar e assessorar a formulação,
XIX - propor estratégias para promover e assegurar a execução, monitoramento e avaliação de políticas,
participação e o controle social nos processos de projetos e ações da Diretoria de Políticas
formulação, implementação, monitoramento e Penitenciárias;

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II - acompanhar a pauta de trabalhos e viagens da relacionadas à temática de gênero e de atenção e


Diretoria; respeito às diversidades no sistema penal.
III - assistir a Diretoria em suas funções de Art. 31. À Coordenação da Escola Nacional de
representação funcional; e Serviços Penais compete:
VI - apoiar à integração das políticas, projetos e I - promover a formação, capacitação, e pesquisa
ações, desenvolvidas no âmbito das unidades da relativas aos serviços penais;
Diretoria e demais áreas do Departamento. II - elaborar matriz curricular de formação inicial e
Art. 30. À Coordenação de Políticas para Mulheres e continuada para trabalhadores dos serviços penais;
Promoção das Diversidades compete: III - fomentar e apoiar, em nível estadual e distrital,
I - coordenar as planos, projetos, pesquisas, capacitação inicial e continuada, graduação e pós-
programas e ações que visem à efetiva graduação voltadas aos trabalhadores que atuam
implementação da Política Nacional de Atenção às nos serviços penais e outros atores envolvidos com a
Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e execução penal;
Egressas do Sistema Prisional - PNAMPE, e à atenção IV - planejar e promover as atividades para a
às diversidades no sistema penal; formação inicial e continuada dos servidores do
II - desenvolver ações, projetos, estudos e políticas DEPEN;
voltadas à promoção e ao respeito às diversidades de V - promover a atuação em rede das escolas de
pessoas privadas de liberdade, egressas do sistema serviços penais dos Estados e do Distrito Federal, por
prisional e em cumprimento de alternativas penais, meio de diretrizes gerais, e ações de articulação,
garantindo a transversalidade com as demais áreas intercâmbio e cooperação;
do Depen e com os órgãos responsáveis pelas VI - apoiar e promover a publicação do conhecimento
políticas estruturantes do Governo Federal; produzido na área de justiça criminal e política penal;
III - fomentar, articular e assessorar as demais áreas VII - manter acervo digital e físico próprio das
do Departamento para a efetiva implantação da publicações de que trata o inciso VI;
Política Nacional de Atenção às Mulheres em VIII - estimular a produção do conhecimento,
Situação de Privação de Liberdade e Egressas do desenvolvimento profissional e práticas inovadoras
Sistema Prisional - PNAMPE e atenção às em serviços penais por meio de programas de
diversidades nas respectivas ações, de forma extensão universitária, de estágios supervisionados e
transversal; de intercâmbio de técnicos, discentes e docentes;
IV - apoiar técnica e financeiramente as unidades IX - coordenar e apoiar pesquisas científicas
federativas, visando à elaboração e execução de dedicadas à produção de conhecimentos em justiça
projetos relacionados a política para mulheres e à criminal, políticas penais e temas correlatos;
atenção às diversidades; X - articular com órgãos e entidades federais,
V - desenvolver e aplicar estratégias de estaduais e municipais voltados à execução de
monitoramento e avaliação de processos e políticas de capacitação dos trabalhadores que
resultados, baseados em indicadores, mantendo atuam nos serviços penais e outros atores envolvidos
estratégias de coleta, tratamento e proteção de na execução penal;
dados e de análise das informações produzidas, XI - apoiar técnica e financeiramente Estados,
garantindo a transparência e publicidade do Distrito Federal e Municípios na elaboração e
conhecimento produzido; execução de projetos voltados à capacitação dos
VI - analisar os dados quantitativos e qualitativos trabalhadores que atuam nos serviços penais e
referentes às ações temáticas de competência da outros atores envolvidos na execução penal;
Coordenação, publicados pelo Departamento XII - analisar o mérito das propostas, inclusive os
Penitenciário Nacional; e pedidos de alteração, e aprovar os projetos
VII -subsidiar e apoiar a Escola Nacional de Serviços apresentados por Estados, Distrito Federal e
Penais no desenvolvimento de ações em matérias Municípios, voltados à capacitação dos

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trabalhadores que atuam nos serviços penais e III - gerenciar a instrução dos procedimentos de
outros atores envolvidos na execução penal; Tomadas de Contas Especial;
XIII - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de IV - acompanhar, com apoio das coordenações-
Instrumentos de Repasse no acompanhamento da gerais da Diretoria de Políticas Penitenciárias, a fiel
execução física dos instrumentos de repasse aplicação dos recursos repassados por intermédio
voltados à capacitação dos trabalhadores que atuam dos instrumentos de repasse celebrados;
nos serviços penais e outros atores envolvidos com a V - gerenciar banco de dados para o registro de
execução penal; repasses realizados na modalidade fundo a fundo e
XIV - monitorar a implementação de projetos de dos instrumentos de repasse celebrados com
capacitação dos trabalhadores que atuam nos recursos do FUNPEN;
serviços penais e outros atores envolvidos na VI - assistir tecnicamente os destinatários dos
execução penal; recursos e parceiros, no que diz respeito à celebração
XV - analisar os dados quantitativos e qualitativos de instrumentos, execução, prestação de contas e
referente às ações temáticas de competência da tomada de contas especial, sempre que cabível;
Escola, publicados pelo Departamento Penitenciário VII - subsidiar e orientar os entes federados na
Nacional; utilização de modelos de gestão relacionados à
XVI - articular o intercâmbio de conhecimentos e obtenção, aplicação e prestação de contas de
práticas com órgãos nacionais e internacionais; recursos do FUNPEN, com a difusão de
XVII - elaborar e promover modelos de gestão metodologias e diretrizes nacionais;
relacionados à capacitação dos trabalhadores que VIII - desenvolver e aplicar estratégias de
atuam nos serviços penais e outros atores envolvidos monitoramento e avaliação de processos e
na execução penal, com a difusão de metodologias e resultados, baseados em indicadores;
diretrizes nacionais; XVIII - desenvolver e aplicar IX - analisar os dados quantitativos e qualitativos
estratégias de monitoramento e avaliação de referente às ações temáticas de sua competência,
processos e resultados, baseados em indicadores; publicados pelo Departamento Penitenciário
XIX - assegurar a perspectiva de valorização e Nacional;
promoção das diversidades nas políticas X - subsidiar e apoiar a Escola Nacional de Serviços
desenvolvidas pela Escola; Penais no desenvolvimento de suas competências
XX - assegurar a participação e o controle social nos em matérias relacionadas à gestão de instrumentos
processos de formulação, implementação, de repasse;
monitoramento e avaliação nas políticas XI - assegurar, no desenvolvimento de suas
desenvolvidas pela Escola; e competências, a perspectiva de valorização e
XXI - analisar, elaborar e opinar sobre propostas, promoção das diversidades; e
projetos e demais atos de natureza normativa sobre XII - propor estratégias para assegurar a participação
a sua área de competência. e o controle social nos processos de formulação,
Art. 32. À Coordenação-Geral de Gestão de implementação, monitoramento e avaliação das
Instrumentos de Repasse compete: atividades de sua responsabilidade
I - gerenciar a análise, formalização, celebração, Art. 33. À Coordenação de Análise e
instrução e acompanhamento dos instrumentos de Acompanhamento de Instrumentos de Repasse
repasse, das propostas aprovadas com recursos do compete:
Fundo Penitenciário Nacional - FUNPEN, e a I -acompanhar à análise, instrução, celebração e
prestação de contas dos recursos repassados aos formalização dos instrumentos de repasse das
Estados, Distrito Federal, Municípios e organizações propostas apresentadas e aprovadas;
da sociedade civil; II - coordenar a formalização dos aditivos,
II - gerenciar à análise, formalização, celebração, controlando os prazos de vigência;
instrução e acompanhamento dos instrumentos III - produzir informações para Diretoria de Políticas
vigentes; Penitenciárias com vistas a subsidiar o atendimento

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das diligências requeridas pelos órgãos de controle VI - propor à autoridade competente, mediante a
interno e externo; autuação de processo específico, a instauração das
IV - coordenar à elaboração da portaria do fiscal de tomadas de contas especiais, após esgotamento de
acompanhamento do instrumento de repasse do medidas administrativas para elidir o dano ao erário
concedente; e nos casos de determinação pelos órgãos de
V - acompanhar, com apoio das demais controle interno e Tribunal de Contas da União;
Coordenações da Diretoria, a execução física dos VII - acompanhar os processos de prestação de
instrumentos de repasse; e contas e tomadas de contas especial; e
VI - coordenar à atualização de banco de dados dos VIII - preparar informações com vistas a subsidiar o
instrumentos celebrados com as unidades da atendimento das diligências requeridas pelos órgãos
federação; de controle interno e externo.
Art. 34. À Divisão de Formalização e Art. 36. À Divisão de Prestação de Contas e Tomada
Acompanhamento de Instrumentos de Repasse de Contas Especial compete:
compete: I - analisar as prestações de contas dos instrumentos
I - analisar as condições necessárias para celebração de repasse, manifestando-se conclusivamente
dos instrumentos de repasse, referente à quanto à boa e regular aplicação dos recursos
documentação jurídico-fiscal das propostas transferidos, bem como efetuar os devidos registros
aprovadas; em sistema administrados pela Administração
II - formalizar, instruir e celebrar os instrumentos de Pública Federal;
repasse e aditivos das propostas aprovadas; II - analisar as justificativas relativas à prestação de
III - acompanhar e fiscalizar à execução física dos contas no tocante aos aspectos financeiros;
instrumentos de repasse; III - auxiliar, em conjunto com os fiscais dos
IV - manter atualizado o banco de dados contendo instrumentos, à execução financeira, adotando
relatórios periódicos voltados ao monitoramento dos medidas saneadoras, quando necessário;
instrumentos de repasse celebrados; e IV - sugerir a instauração da Tomada de Contas
V - gerir informações acerca dos instrumentos de Especial, após exauridas as medidas administrativas;
repasse; V - instruir os processos que visem à instauração de
Art. 35. À Coordenação de Análise e Tomada de Contas Especial, na forma da lei;
Acompanhamento de Prestação de Contas e VI - manter banco de dados atualizado das
Tomada de Contas Especial compete: prestações de contas, das tomadas de contas
I - coordenar a análise das prestações de contas dos especial e dos demais documentos sob sua
instrumentos de repasse com recursos do FUNPEN, responsabilidade;
bem como dos procedimentos de tomadas de contas VII - analisar as justificativas apresentadas nos autos
especial; do procedimento de tomada de contas especial;
II - orientar os destinatários dos recursos, em VIII - elaborar informações visando a subsidiar o
observância à legislação em vigor, quanto à execução atendimento de diligências oriundas dos órgãos de
financeira dos recursos repassados e quanto à controle interno e externo da União, bem como dos
apresentação da prestação de contas dos Ministérios Públicos e da Polícia Federal;
instrumentos de repasse; IX - propor, após análise conclusiva do procedimento,
III - propor a aprovação ou impugnação das o seu arquivamento ou a continuidade do seu rito, em
prestações de contas analisadas; conformidade com as normativas legais que
IV - propor a inclusão e a baixa do registro de amparam a matéria; e
inadimplência dos instrumentos de repasse; X - submeter à área finalística, para manifestação
V - executar o registro de inadimplência, após a técnica quanto à execução do objeto, os processos de
devida anuência da autoridade competente, nos prestação de contas dos instrumentos de repasse.
sistemas gerenciados pela Administração Pública Art. 37. À Coordenação-Geral de Modernização
Federal; compete:

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I - orientar, coordenar e promover estratégias, planos VI - assistir, tecnicamente, os Estados, Distrito


e pesquisas visando à modernização do Federal e Municípios quanto ao uso dos sistemas de
aparelhamento e melhorias estruturais do sistema acompanhamento da execução da pena e gestão
prisional, garantindo o aumento de vagas em prisional administrados pelo DEPEN;
estabelecimentos penais, com melhores condições VII - elaborar e promover modelos de gestão de
para o tratamento penal e humanização da pena; sistemas de acompanhamento da execução da pena
II - articular-se com órgãos e entidades federais e e gestão prisional capitaneados pelo Departamento
estaduais e civil voltados a execução de políticas, Penitenciário Nacional, com a difusão de
elaboração de estudos e pesquisas que visem à metodologias e diretrizes nacionais;
estruturação e aparelhamento dos estabelecimentos VIII - articular o intercâmbio de conhecimento e
penais; práticas com órgãos nacionais e internacionais
III - apoiar técnica e financeiramente Estados e correlatos ao tema; e
Distrito Federal na elaboração de projetos de IX - subsidiar e apoiar a Escola Nacional de Serviços
construção, ampliação, reforma, aparelhamento e Penais no desenvolvimento de suas competências
adequação de estabelecimentos penais; em matérias relacionadas aos sistemas adotados.;
IV - articular o intercâmbio de conhecimento e Art. 39. À Coordenação de Aparelhamento e
práticas com órgãos nacionais e internacionais Tecnologia compete:
correlatos ao tema; I - apoiar, tecnicamente, Estados e Distrito Federal
V - aplicar estratégias de monitoramento e avaliação em matéria técnica e em projetos que tenham foco
de processos e resultados, baseados em indicadores; no aparelhamento e modernização dos
VI - elaborar diretrizes para a política de tecnologia estabelecimentos prisionais;
da informação e comunicação do sistema prisional; II - realizar estudos sobre aprimoramento
VII - planejar, implantar, manter e administrar as tecnológico em prol da melhoria de
atividades de tecnologia da informação e estabelecimentos prisionais;
comunicação no âmbito do Depen; e III - articular-se em nível técnico com órgãos e
VIII - elaborar relatório anual referente às suas entidades governamentais, inclusive em nível de
atividades. cooperação técnica para elaboração de estudos e
Art. 38. À Coordenação do Sistema Nacional de projetos que tenham foco no aparelhamento e
Informação Penitenciária compete: modernização dos estabelecimentos prisionais;
I - implantar, acompanhar, manter, administrar e IV - realizar a supervisão e monitoramento de
monitorar sistemas de acompanhamento da instrumentos de repasse, manifestando
execução da pena e gestão prisional capitaneados tecnicamente sobre a formalização,
pelo Departamento Penitenciário Nacional; acompanhamento e cumprimento do objeto, no
II - articular e promover , com órgãos e entidades âmbito de sua área de atuação; e
federais, estaduais e municipais, as ações de V - realizar a supervisão e o monitoramento de
integração dos dados e informações referentes aos repasses na modalidade obrigatória, manifestando-
serviços penais; se tecnicamente quanto à conformidade, no âmbito
III - promover a proteção de dados e a transparência; de sua área de atuação.
IV - administrar os sistemas de acompanhamento da Art. 40. À Coordenação de Engenharia e Arquitetura
execução da pena e/ou gestão prisional coordenados compete:
pelo Departamento Penitenciário Nacional, I - apoiar, tecnicamente, Estados e Distrito Federal
promovendo sua correção e atualização; em matéria técnica e em projetos que tenham foco
V - produzir informações com vistas a subsidiar o no construção, ampliação e reforma dos
atendimento de demandas sobre os sistemas de estabelecimentos prisionais;
acompanhamento da execução da pena e gestão II - realizar estudos sobre aprimoramento
prisional capitaneados pelo Departamento tecnológico em prol da melhoria de
Penitenciário Nacional; estabelecimentos prisionais;

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III - articular-se, em nível técnico, com órgãos e dos instrumentos de repasse voltados à promoção da
entidades governamentais, inclusive em nível de cidadania e inclusão social das pessoas privadas de
cooperação técnica, para elaboração de estudos e liberdade, egressas do sistema prisional e em
projetos que tenham foco na geração e qualificação cumprimento de alternativas penais e medidas
de vagas dos estabelecimentos prisionais; cautelares;
IV - realizar supervisão e monitoramento de repasses VI - monitorar a implementação de projetos voltados
nas modalidades voluntária e obrigatória, no âmbito à promoção da cidadania e inclusão social,
de sua área de atuação; e assegurando o alinhamento com as diretrizes no
V - desenvolver projetos referência ou padrão de tema;
arquitetura e engenharia de estabelecimentos VII - desenvolver e aplicar estratégias de
prisionais. monitoramento, avaliação de processos e
Art. 41. À Coordenação-Geral de Promoção da resultados, coleta, análise, tratamento e proteção de
Cidadania compete: dados e de análise das informações produzidas de
I - promover estratégias para a promoção da forma transparente;
cidadania e inclusão das pessoas privadas de VIII - analisar os dados quantitativos e qualitativos
liberdade, egressas do sistema prisional e em referentes às ações temáticas de competência da
cumprimento de alternativas penais e medidas Coordenação-Geral, publicados pelo Departamento
cautelares em políticas públicas e programas Penitenciário Nacional;
voltados à educação, cultura, lazer, esporte, saúde, IX - articular o intercâmbio de conhecimento e
saúde mental, capacitação e qualificação práticas com órgãos nacionais e internacionais
profissional, inserção laboral e geração de renda, correlatos ao tema;
assistência social, assistência jurídica, efetivação dos X - elaborar e promover modelos de gestão
direitos humanos, e acesso à assistência religiosa, relacionados à promoção da cidadania e inclusão
entre outros, reconhecendo as diversidades e as social, com a difusão de metodologias e diretrizes
necessidades advindas do gênero; nacionais;
II - articular com órgãos e entidades federais, XI - subsidiar e apoiar a Escola Nacional de Serviços
estaduais e municipais voltados à execução de Penais no desenvolvimento de suas competências
políticas de promoção da cidadania e inclusão social em matérias relacionadas à promoção da cidadania e
das pessoas privadas de liberdade, egressas do inclusão social;
sistema prisional e em cumprimento de alternativas XII - assegurar a perspectiva de valorização e
penais e medidas cautelares; promoção das diversidades nas políticas; e
III - apoiar técnica e financeiramente Estados, XIII - assegurar a participação e o controle social nos
Distrito Federal e Municípios e entidades privadas na processos de formulação, implementação,
elaboração e execução de projetos de promoção da monitoramento e avaliação das políticas de
cidadania e inclusão social das pessoas privadas de promoção da cidadania e inclusão social.
liberdade, egressas do sistema prisional e em Art. 42. À Coordenação de Saúde compete:
cumprimento de alternativas penais e medidas I - coordenar ações, planos, projetos e programas que
cautelares; visem à prestação de assistência integral à saúde das
IV - analisar o mérito das propostas, inclusive os pessoas privadas de liberdade e em cumprimento de
pedidos de alteração, e aprovar os projetos alternativas penais;
apresentados por Estados, Distrito Federal e II - apoiar os Estados, o Distrito Federal e Municípios
Municípios, de promoção da cidadania e inclusão na implementação e o acompanhamento da Política
social das pessoas privadas de liberdade, egressas do Nacional de Atenção Integral à Pessoa Privada de
sistema prisional e em cumprimento de alternativas Liberdade no Sistema Prisional - PNAISP;
penais e medidas cautelares; III - promover e acompanhar ações de saúde mental
V - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de das pessoas privadas de liberdade no sistema
Instrumentos de Repasse no acompanhamento físico

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prisional, pessoas egressas do sistema prisional e em sistema prisional e em cumprimento de alternativas


cumprimento de alternativas penais; penais;
IV - promover e acompanhar ações de assistência II - articular com os órgãos e entidades federais,
farmacêutica das pessoas privadas de liberdade no estaduais e municipais e organizações da sociedade
sistema prisional, pessoas egressas do sistema civil o desenvolvimento e a implementação de ações,
prisional e em cumprimento de alternativas penais; planos, projetos e programas que promovam a
V - promover e acompanhar as ações do Plano assistência social das pessoas privadas de liberdade
Nacional de Imunização das pessoas privadas de no sistema prisional, pessoas egressas do sistema
liberdade no sistema prisional, pessoas egressas do prisional e em cumprimento de alternativas penais;
sistema prisional e em cumprimento de alternativas III - articular com representantes e integrantes de
penais; entidades religiosas, e de órgãos federais, estaduais
VI - promover e acompanhar o acesso ao Cartão e municipais, ações, planos, projetos ou programas
Nacional do Sistema Único de Saúde - SUS das que promovam o acesso à assistência religiosa em
pessoas privadas de liberdade no sistema prisional, âmbito prisional;
pessoas egressas do sistema prisional e em IV - articular com entidades e órgãos federais,
cumprimento de alternativas penais; estaduais e municipais a regularização e emissão da
VII - apoiar financeiramente o aparelhamento de documentação pessoal das pessoas privadas de
unidades básicas de saúde e centros de referência à liberdade no sistema prisional, pessoas egressas do
saúde materno-infantil em estabelecimentos sistema prisional e em cumprimento de alternativas
prisionais e unidades móveis de atenção à saúde; penais;
VIII - analisar o mérito das propostas, inclusive os V - promover e acompanhar ações relacionadas à
pedidos de alteração dos projetos apresentados por assistência material;
Estados, Distrito Federal e Municípios e entidades VI - promover e apoiar ações voltadas à manutenção
privadas, voltados à saúde das pessoas privadas de e fortalecimentos dos vínculos familiares e sociais,
liberdade no sistema prisional, pessoas egressas do dentre elas, os relacionadas com o direito às visitas
sistema prisional e em cumprimento de alternativas social, virtual e íntima das pessoas privadas de
penais; liberdade;
IX - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de VII -- apoiar, técnica e financeiramente, os Estados,
Instrumentos de Repasse no acompanhamento do Distrito Federal, Municípios e organizações da
cumprimento do objeto dos instrumentos de repasse sociedade civil, na implantação de estruturas que
voltados à saúde das pessoas privadas de liberdade objetivem a prestação da adequada assistência social
no sistema prisional, pessoas egressas do sistema às pessoas privadas de liberdade;
prisional e em cumprimento de alternativas penais; VIII - analisar o mérito das propostas, inclusive os
X - monitorar a implementação de projetos voltados pedidos de alteração, e aprovar os projetos
à saúde, assegurando o alinhamento com as apresentados por Estados, Distrito Federal e
diretrizes no tema das pessoas privadas de liberdade Municípios e organizações da sociedade civil,
no sistema prisional, pessoas egressas do sistema voltados à assistência social;
prisional e em cumprimento de alternativas penais; e IX - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de
XI - analisar os dados quantitativos e qualitativos Instrumentos de Repasse no acompanhamento da
referente às ações temáticas de competência da execução física dos instrumentos de repasse
Coordenação, publicados pelo Departamento voltados à assistência social; e
Penitenciário Nacional. X - monitorar a implementação de projetos voltados
Art. 43. À Divisão de Assistência Social compete: à assistência social
I - coordenar ações, projetos e propostas de Art. 44. À Coordenação de Educação, Cultura e
convênios que objetivem garantir a assistência social Esporte compete:
e o acesso à assistência religiosa à pessoa privada de I - coordenar a análise de ações, planos, projetos,
liberdade no sistema prisional, pessoas egressas do pesquisas e programas que visem à elevação de

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escolaridade, à capacitação e qualificação profissional, cultura e ao esporte, assegurando o


profissional, à promoção da cultura e do esporte das alinhamento com as diretrizes no tema; e
pessoas privadas de liberdade no sistema prisional, XI - analisar os dados quantitativos e qualitativos
pessoas egressas do sistema prisional e em referentes às ações temáticas de competência da
cumprimento de alternativas penais; Coordenação, publicados pelo Departamento
II - articular a implementação do Plano Estratégico de Penitenciário Nacional.
Educação no âmbito do Sistema Prisional - PEESP; Art. 45. À Coordenação de Trabalho e Renda
III - fomentar a realização de projetos de compete:
alfabetização, de educação de jovens e adultos e I - coordenar ações, planos, projetos ou programas
ensino superior às pessoas privadas de liberdade no que visem a promoção do trabalho e emprego para
sistema prisional, egressos do sistema prisional e em pessoas privadas de liberdade no sistema prisional,
cumprimento de alternativas penais; pessoas egressas do sistema prisional e em
IV - articular com os órgãos e entidades federais, cumprimento de alternativas penais;
estaduais e municipais o desenvolvimento e a II - articular-se com órgãos e entidades federais,
implementação de ações, planos, projetos e estaduais e municipais, com vistas à execução de
programas que promovam a educação profissional e programas e políticas de trabalho e renda;
tecnológica - EPT das pessoas privadas de liberdade, III - fomentar empreendimentos de economia
egressas do sistema prisional e em cumprimento de solidária;
alternativas penais; IV - apoiar, tecnicamente, os Estados, Distrito
V - coordenar ações, planos, projetos e programas Federal, Municípios e entidades privadas para o
que visem à qualificação profissional das pessoas cumprimento das normas de segurança do trabalho
privadas de liberdade no sistema prisional, pessoas das pessoas privadas de liberdade no sistema
egressas do sistema prisional e pessoas em prisional, pessoas egressas do sistema prisional e em
cumprimento de alternativas penais; cumprimento de alternativas penais;
VI - articular a implementação de ações, planos, V - apoiar Estados, Distrito Federal, Municípios e
projetos e programas que objetivem o entidades privadas na elaboração e execução de
desenvolvimento cultural e artístico das pessoas projetos voltados ao fomento de trabalho e renda em
privadas de liberdade no sistema prisional, pessoas estabelecimentos penais;
egressas do sistema prisional e em cumprimento de VI - articular ações, planos, projetos e programas que
alternativas penais; objetivem o fomento do trabalho e renda para
VII - articular a implementação de ações, planos, pessoas privadas de liberdade no sistema prisional,
projetos ou programas que objetivem o pessoas egressas do sistema prisional e em
desenvolvimento de atividade esportiva para as cumprimento de alternativas penais;
pessoas privadas de liberdade no sistema prisional, VII - analisar o mérito das propostas, inclusive os
pessoas egressas do sistema prisional e em pedidos de alteração, dos projetos apresentados por
cumprimento de alternativas penais; Estados, Distrito Federal e Municípios e entidades
VIII - analisar o mérito das propostas, inclusive os privadas, voltados ao fomento do trabalho e renda;
pedidos de alteração dos projetos apresentados por VIII - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de
Estados, Distrito Federal e Municípios e entidades Instrumentos de Repasse no acompanhamento do
privadas, voltados à educação, capacitação cumprimento do objeto dos instrumentos de repasse
profissional, cultura e ao esporte; voltados ao fomento do trabalho e renda;
IX - apoiar a Coordenação-Geral de Gestão de IX - monitorar a implementação de projetos voltados
Instrumentos de Repasse no acompanhamento do ao fomento do trabalho e renda, assegurando o
cumprimento do objeto dos instrumentos de repasse alinhamento com as diretrizes no tema;
voltados à educação, capacitação profissional, X- articular-se com órgãos competentes política de
cultura e ao esporte; X - monitorar a implementação crédito visando à promoção do desenvolvimento
de projetos voltados à educação, capacitação com inclusão social das pessoas privadas de

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liberdade, egressos do sistema e pessoas em X - aprimorar a gestão e a publicização de dados e


cumprimento de alternativas penais; e informações sobre as políticas de alternativas penais,
XI - analisar relatórios e levantamento de dados monitoração eletrônica e atenção as pessoas
quantitativos e qualitativos referente às ações egressas do sistema prisional;
temáticas de sua competência, publicados pelo XI - supervisionar e orientar a análise das propostas
Departamento Penitenciário Nacional. de financiamentos de projetos voltados às políticas
Art. 46. À Coordenação-Geral de Alternativas Penais de alternativas penais, monitoração eletrônica e
compete: atenção as pessoas egressas do sistema prisional, a
I - desenvolver e coordenar políticas públicas com serem implementados em Estados, Distrito Federal,
foco na intervenção penal mínima, no Municípios e organizações da sociedade civil com
desencarceramento e na restauração dos danos e recursos do FUNPEN; e
laços sociais; XII- fomentar pesquisas e estudos sobre a
II - atuar na formulação, implementação, implementação e impactos alcançados pelas
acompanhamento, avaliação e qualificação da rede políticas de alternativas penais, monitoração
de serviços de atendimento de pessoas em situação eletrônica e de atenção à pessoa egressa do sistema
de alternativas penais, monitoração eletrônica e prisional no País.
egressas do sistema prisional; Art. 47. À Coordenação Nacional de Monitoração
III - promover o enfoque restaurativo, observando as Eletrônica compete:
reais necessidades das vítimas, nas práticas de I - coordenar e apoiar ações, planos, projetos e
alternativas penais; programas que visem à promoção e execução das
IV - desenvolver modelo de gestão e dar apoio e políticas de monitoração eletrônica de pessoas;
suporte técnico para a execução e aprimoramento II - promover a ampliação e qualificação da rede de
metodológico dos serviços de alternativas penais, serviços de monitoração eletrônica de pessoas do
monitoração eletrônica e atenção às pessoas sistema prisional;
egressas do sistema prisional; III - elaborar, atualizar e subsidiar a implementação
V - incentivar a articulação interinstitucional dos de modelos de gestão para os serviços de
órgãos e atores responsáveis pelas políticas voltadas monitoração eletrônica de pessoas por meio da
para o desencarceramento; difusão de metodologias e diretrizes nacionais;
VI - promover a ampliação e qualificação da rede de IV - subsidiar a articulação entre os órgãos e
serviços da política de alternativas penais, entidades federais, estaduais, municipais e
monitoração eletrônica e de atenção à pessoa organizações da sociedade civil voltada à promoção
egressa do sistema prisional; de políticas de monitoração eletrônica de pessoas;
VII - fomentar o controle e a participação social nas V - fomentar a inclusão e fortalecimento do tema
políticas de alternativas penais, monitoração sobre políticas de monitoração eletrônica de pessoas
eletrônica e atenção as pessoas egressas do sistema e os desafios do processo de retorno ao convívio
prisional; social na grade curricular de formação e capacitação
VIII - promover ações e campanhas de comunicação dos atores do sistema de justiça criminal e de cursos
social voltadas ao fortalecimento das alternativas de ensino superior;
penais e enfrentamento à cultura do VI - apoiar a elaboração de ações e campanhas de
encarceramento; comunicação social voltadas à promoção da
IX - subsidiar a articulação entre os órgãos e integração social da pessoa monitorada
entidades federais, estaduais, municipais e eletronicamente;
organizações da sociedade civil voltada à promoção VII - supervisionar e orientar a análise das propostas
de políticas de alternativa penal, monitoração de financiamentos de projetos voltados às políticas
eletrônica e de atenção à pessoa egressa do sistema de monitoração eletrônica de pessoas, a serem
prisional; implementados em Estados, Distrito Federal,

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Municípios e organizações da sociedade civil com X - apoiar a Coordenação-Geral de Alternativas


recursos do FUNPEN; Penais no desempenho de suas atribuições
VIII - promover o alinhamento dos projetos regimentais.
financiados com as diretrizes nacionais e aos Art. 49. À Diretoria do Sistema Penitenciário Federal
modelos de gestão formulados pelo DEPEN; e compete:
IX - apoiar a Coordenação-Geral de Alternativas I - realizar a execução penal em âmbito federal;
Penais no desempenho de suas atribuições II - coordenar e fiscalizar os estabelecimentos penais
regimentais. federais;
Art. 48. À Coordenação Nacional de Alternativas III - custodiar presos, condenados ou provisórios, de
Penais compete: alta periculosidade, submetidos a regime fechado,
I - coordenar e apoiar ações, planos, projetos e zelando pela correta e efetiva aplicação das
programas que visem à promoção e execução das disposições exaradas nas sentenças;
políticas de alternativas penais; IV - promover a comunicação com órgãos e
II - promover a ampliação e qualificação da rede de entidades ligados à execução penal e, em especial,
serviços de alternativas penais; III - elaborar, atualizar com os juízos federais e as varas de execução penal;
e subsidiar à implementação de modelos de gestão V - elaborar normas sobre direitos e deveres dos
para os serviços de alternativas penais por meio da internos, segurança das instalações, diretrizes
difusão de metodologias e diretrizes nacionais; operacionais e rotinas administrativas e de
IV - subsidiar a articulação entre os órgãos e funcionamento das unidades penais federais;
entidades federais, estaduais e municipais e VI - promover a articulação e a integração do sistema
organizações da sociedade civil visando a uma penitenciário federal com os órgãos e entidades
atuação integrada em prol da promoção da política componentes do sistema nacional de segurança
de alternativas penais; pública, inclusive com o intercâmbio de informações
V - fomentar a inclusão e o fortalecimento do tema e com ações integradas;
das alternativas penais na grade curricular de VII - promover assistência material, jurídica, à saúde,
formação e capacitação dos atores do sistema de educacional, ocupacional, social e religiosa aos
justiça criminal e de cursos de ensino superior; presos condenados ou provisórios custodiados em
VI - apoiar a elaboração de ações ou campanhas de estabelecimentos penais federais;
comunicação social voltadas à promoção das VIII - planejar e executar as atividades de inteligência
alternativas penais e enfrentamento à cultura do do sistema penitenciário federal, em articulação com
encarceramento; os órgãos de inteligência, em âmbito nacional;
VII - realizar, em cooperação com a Coordenação- IX - promover, planejar e coordenar as atividades da
Geral de Promoção da Cidadania, a articulação com força tarefa de intervenção penitenciária - FTIP;
órgãos e entidades federais, estaduais e municipais X - propor ao Diretor-Geral ações para padronização
para a inclusão das pessoas em cumprimento de de procedimentos das penitenciárias do sistema
alternativas penais em políticas públicas; penitenciário federal; e
VIII -supervisionar e orientar a análise das propostas XI - promover a realização de pesquisas
de financiamentos e aprovar os projetos criminológicas e de classificação dos condenados.
apresentados por Estados, Distrito Federal, Art. 50. Núcleo de Segurança Penitenciária:
Municípios e organizações da sociedade civil, I - acompanhar o cumprimento do Manual de
voltados às políticas de alternativas penais com Procedimentos de Segurança e Rotinas de Trabalho
recursos do FUNPEN; e do Manual de Escolta, propondo alterações e
IX - monitorar e subsidiar a implementação de atualizações;
projetos financiados no campo da política de II - acompanhar o desempenho dos procedimentos
alternativas penais, assegurando o alinhamento com de segurança dos Presídios Federais, propondo
as diretrizes nacionais e aos modelos de gestão medidas para aprimorá-las, em articulação com as
formulados pelo DEPEN; e divisões de segurança e disciplina;

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III - prestar apoio na organização de escoltas para elaborando propostas de atualização e adequação
movimentações de presos; dos manuais de procedimentos;
IV - avaliar a estrutura física e tecnológica dos VIII - propor diretrizes para a organização da
presídios federais, no que se refere à segurança local, segurança nas penitenciárias e fornecer apoio nas
bem como propor soluções visando à modernização movimentações de presos do Sistema Penitenciário
das unidades; Federal;
V - promover as diretrizes de segurança e disciplina IX - elaborar relatório anual referente às suas
para todos os estabelecimentos penais federais, atividades, o qual deverá ser submetido à apreciação
visando à padronização de procedimentos; e validação da Diretoria do Sistema Penitenciário
VI - organizar e planejar cursos de capacitação em Federal, sob o fito de subsidiar o Relatório Anual das
segurança penitenciária; e Atividades do DEPEN;
VII - acompanhar o cumprimento do Plano de X - organizar o planejamento de procedimentos e
Segurança Orgânica da DISPF e dos presídios rotinas de segurança das penitenciárias federais,
federais. analisando as solicitações propostas pelas divisões
Art. 51. À Coordenação-Geral de Classificação, de segurança das unidades federais; e
Movimentação e Segurança Penitenciária compete: XI - elaborar e propor ao Diretor-Geral os planos de
I - implementar os procedimentos administrativos segurança orgânica.
concernentes às ações de inclusão, classificação, Art. 52. À Divisão de Classificação e Movimentação
remoção de presos nas penitenciárias federais e Penitenciária compete:
segurança nas penitenciárias federais; I - fiscalizar o cumprimento do Manual de
II - supervisionar as diligências para os sistemas Procedimentos de Segurança e Rotinas de Trabalho
penitenciários estaduais e distrital, no Poder e do Manual de Escolta, propondo alterações e
Judiciário, Ministério Público e nos organismos atualizações;
policiais para obtenção de documentos relativos aos II - acompanhar o desempenho dos procedimentos
presos recebidos pelo Sistema Penitenciário Federal; de segurança das penitenciárias federais, propondo
III - coordenar escoltas e remoções de pessoas medidas para aprimorá-las, em articulação com as
privadas de liberdade do Sistema Penitenciário divisões de segurança e disciplina das penitenciárias
Federal; federais;
IV - propor as diretrizes para a classificação das III - prestar apoio na organização de escoltas para
pessoas privadas de liberdade no momento de sua movimentações de presos;
inclusão no Sistema Penitenciário Federal; IV - avaliar a estrutura física e tecnológica das
V - elaborar e encaminhar à Diretoria do Sistema penitenciárias federais, no que se refere à segurança
Penitenciário Federal e ao Diretor-Geral relatório local, bem como propor soluções visando à
mensal indicando os pedidos de inclusões e modernização das unidades;
remoções, dentro do Sistema Penitenciário Federal e V - promover as diretrizes de segurança e disciplina
para o Estado de origem, o quantitativo de pessoas para todos os estabelecimentos penais federais,
privadas de liberdade em cada penitenciária federal visando aà padronização de procedimentos;
e os pareceres elaborados; VI - organizar e planejar com apoio da Coordenação
VI - manter controle, por meio de sistema de da Escola Nacional de Serviços Penais, cursos de
gerenciamento, banco de dados informatizado, capacitação em segurança penitenciária;
concernente à população carcerária do Sistema VII - acompanhar o cumprimento do Plano de
Penitenciário Federal; Segurança Orgânica;
VII - compatibilizar a garantia de ambientes seguros VIII - planejar, coordenar e controlar a entrada,
e a prestação de serviços penais com o efetivo permanência e saída de material controlado na sede
disponível de agentes penitenciários federais, do DEPEN;
técnicos de apoio à assistência penitenciária e IX - propor as diretrizes a serem aplicadas nas
especialistas em assistência penitenciária, diversas áreas de segurança penitenciária;

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X - elaborar termo de referência e projeto básico para XI - manifestar-se sobre a permanência da pessoa
a aquisição de material controlado; privada de liberdade no Sistema Penitenciário
XI - fiscalizar os contratos de aquisição de materiais Federal;
controlados adquiridos; XII - elaborar relatório anual referente às suas
XII - promover estudos para a modernização dos atividades, o qual deverá ser submetido à apreciação
materiais controlados utilizados pela DISPF; e e validação da Diretoria do Sistema Penitenciário
XIII - apoiar as unidades administrativas na Federal, sob o fito de subsidiar o Relatório Anual das
implementação de ações de segurança em apoio às Atividades do DEPEN;
unidades federativas. XIII - assessorar a Diretoria do Sistema Penitenciário
Art. 53. À Coordenação-Geral de Inteligência Federal em assuntos de planejamento, gestão e
Penitenciária: inteligência estratégica, análise de riscos e
I - coordenar e articular a integração do Sistema construção de cenários prospecticvos;
Penitenciário Federal com os demais órgãos e XIV -sugerir à Diretoria do Sistema Penitenciário
entidades componentes do Sistema Brasileiro de Federal movimentações internas de pessoas
Inteligência - SISBIN e a atividade com os órgãos de privadas de liberdade entre as Penitenciárias
Inteligência, promovendo intercâmbio de Federais; e
informações e ações integradas; XV - identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais
II - planejar, coordenar e executar ações específicas ou potenciais à segurança do DEPEN.
de contra inteligência; Art. 54. À Divisão de Inteligência e
III - acompanhar e avaliar o desempenho da atividade Contrainteligência compete:
de inteligência penitenciária, no âmbito do Sistema I - obter, organizar, reunir, processar, difundir e
Penitenciário Federal, propondo medidas para armazenar dados e informações de inteligência e
aprimorá-las; contra inteligência penitenciária;
IV - processar os dados, as informações e os II - prestar apoio administrativo e técnico ao
conhecimentos decorrentes das atividades de contra Coordenador da Coordenação-Geral de Inteligência
inteligência e inteligência penitenciária no âmbito do Penitenciária;
Sistema Penitenciário Federal; III - conhecer e consolidar as análises regionais,
V - elaborar e submeter à apreciação da Diretoria do submetendo-as à apreciação do Coordenador Geral
Sistema Penitenciário Federal e do Diretor-Geral os da Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária;
planos de inteligência penitenciária para o Sistema IV - acompanhar as ações de inteligência realizadas
Penitenciário Federal; nas penitenciárias federais;
VI - acompanhar as atividades de inteligência V - elaborar resenhas sobre fatos e situações de
penitenciária realizadas pelas áreas de inteligência interesse da atividade de inteligência e encaminhá-
das Penitenciárias Federais; las ao Coordenador-Geral da Coordenação-Geral de
VII -solicitar dados e informações de interesse do Inteligência Penitenciária;
Sistema Penitenciário Federal de atividade de VI - subsidiar a manifestação da Coordenação-Geral
inteligência penitenciária; de Inteligência Penitenciária sobre o processo de
VIII - manifestar-se no processo de inclusão no inclusão no Sistema Penitenciário Federal;
Sistema Penitenciário Federal, opinando sobre a VII - subsidiar manifestação sobre a permanência da
penitenciária federal adequada a cada caso; pessoa privada de liberdade no Sistema
IX - assessorar a Direção-Geral do DEPEN e a Penitenciário Federal;
Diretoria do Sistema Penitenciário Federal em VIII - obter e analisar dados e informações sobre
assuntos relativos ao gerenciamento de crises; organizações criminosas; e
X - encaminhar ao Diretor-Geral relatório mensal IX - manter contatos com instituições congêneres,
sobre eventos da atividade de inteligência; objetivando promover o intercâmbio de informações
sobre a respectiva área de atuação.

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Art. 55. À Coordenação-Geral de Assistências nas V- organizar e compilar os relatórios mensais sobre
Penitenciárias compete: as atividades realizadas pelos Especialistas Federais
I - planejar, coordenar e orientar a execução de ações em Assistência à Execução Penal e de Técnicos
voltadas às assistências material, jurídica, Federais de Apoio à Execução Penal nas
educacional, social, religiosa, laboral, cultural, Penitenciárias Federais; e
esportiva e à saúde das pessoas privadas de liberdade VI - manter intercâmbio com:
do Sistema Penitenciário Federal; a) a Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania,
II - elaborar propostas e atos administrativos de visando a estimular atividades de educação,
natureza regulamentar sobre: qualificação profissional, esporte, cultura,
a) ações e projetos institucionais sobre assuntos assistência social, respeito às diversidades, trabalho
relacionados à sua área de atuação; e renda das pessoas privadas de liberdade nas
b) ações e projetos voltados à qualificação da gestão penitenciárias federais;
prisional no âmbito do Sistema Penitenciário b) as Coordenações do Sistema Penitenciário Federal
Federal; e Diretores dos Presídios, visando ao alinhamento e
c) diretrizes de atuação nas políticas transversais; aprimoramento de atividades; e
d) planos individuais de desenvolvimento, as c) os órgãos da administração pública e entidades
metodologias de acompanhamento e privadas, visando ao acompanhamento de termos de
individualização da pena e as metodologias de cooperações técnica, acordos, convênios ou outros
articulação intersetorial; instrumentos de parceria.
e) relatório anual referente às suas atividades, o qual Art. 56. À Divisão de Assistência Penitenciária
deverá ser submetido à apreciação e validação da compete:
Diretoria do Sistema Penitenciário Federal, sob o fito I - assessorar a Coordenação-Geral nas ações
de subsidiar o Relatório Anual das Atividades do voltadas ao fortalecimento das assistências nas
DEPEN; penitenciárias federais;
f) manuais, protocolos e fluxogramas de II - assessorar o Coordenador-Geral de Assistências
alinhamento das atividades de assistência nas Penitenciárias Federais na elaboração de
penitenciária, com apoio das demais Coordenações relatórios de acompanhamento das atividades
do Sistema Penitenciário Federal; assistências nas penitenciárias;
g) termos de cooperações técnica, acordos, III - acompanhar o desenvolvimento das assistências
convênios ou outros instrumentos de parceria com nas penitenciárias federais;
órgão da administração pública e entidades privadas; IV - compilar os dados dos relatórios encaminhados
h) ações de cunho pedagógico voltadas à formação pelos setores de reabilitação e serviço de saúde das
continuada dos servidores investidos nas carreiras de unidades; e
Especialistas Federais em Assistência à Execução V - elaborar termo de referência e projeto básico para
Penal e de Técnicos Federais de Apoio à Execução a aquisição de materiais e serviços relacionados às
Penal, visando ao fortalecimento do tratamento assistências material, jurídica, educacional, social,
penitenciário e avanço interdisciplinar das áreas; e religiosa, laboral, cultural, esportiva e à saúde das
i) normativos, protocolos, fluxogramas e coletas de pessoas privadas de liberdade do Sistema
dados sobre o perfil, para melhoramento dos Penitenciário Federal.
serviços de atenção à pessoa privada de liberdade. Art. 57. Às Diretorias de Presídio Federal competem:
III - realizar inspeções ordinárias e extraordinárias em I - custodiar presos, condenados ou provisórios,
assuntos de sua competência nas penitenciárias zelando pela correta e efetiva aplicação das
federais; disposições exaradas nas respectivas decisões
IV - assessorar a Diretoria do Sistema Penitenciário judiciais;
Federal na elaboração do plano anual relacionado às II - adotar as medidas administrativas necessárias ao
assistências penitenciárias nos estabelecimentos bom funcionamento das penitenciárias federais;
penais federais;

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III - supervisionar, no âmbito de suas atribuições, a VIII - executar, no âmbito local, os planos de
aplicação das disposições da Lei de Execução Penal e capacitação e aperfeiçoamento dos servidores
do Regulamento Penitenciário Federal; ligados à segurança;
IV - prover a Diretoria do Sistema Penitenciário IX -- atuar, de forma conjunta, com a divisão de
Federal com informações sobre situações que reabilitação, serviço de saúde e serviço
ameacem a disciplina e a segurança das administrativo das penitenciárias federais, para o
penitenciárias federais; cumprimento da Lei de Execução Penal e normativos
V - dirigir, coordenar e executar atos relativos à do Departamento e do Sistema Penitenciário
gestão de pessoas que afetem exclusivamente a Federal; e
organização do pessoal e do funcionamento das X - apoiar as Coordenações-Gerais da Diretoria do
penitenciárias federais; Sistema Penitenciário Federal no desempenho de
VI - dirigir, avaliar e prestar apoio administrativo e suas atribuições.
operacional às áreas de inteligência, núcleos jurídicos Art. 59. Às Divisões de Reabilitação de Presídio
e comissões de procedimentos disciplinares de Federal competem:
interno em atuação nas penitenciárias federais bem I - orientar, acompanhar e documentar a aplicação
como apoio administrativo e operacional às das medidas de reabilitação e classificação da
comissões de sindicâncias e de processos conduta das pessoas privadas de liberdade;
administrativos disciplinares em curso; II - organizar e executar as ações e projetos,
VII - articular parcerias com órgãos civis e militares, conjuntamente, com a Coordenação-Geral de
objetivando atender as necessidades operacionais e Assistências nas Penitenciárias, voltados à
de emergência das penitenciárias federais; assistência material, educacional, social, cultural,
VIII -- presidir a comissão técnica de classificação; e esportiva, religiosa e laboral das pessoas privadas de
IX - coordenar gestão de processos vinculados à área liberdade do Sistema Penitenciário Federal;
administrativa. III - proporcionar o desenvolvimento social e humano
Art. 58. Às Divisões de Segurança e Disciplina de das pessoas privadas de liberdade, visando à
Presídio Federal competem: reinserção na sociedade;
I - orientar e fiscalizar a aplicação dos dispositivos da IV -- efetuar a avaliação psicossocial dos presos nas
Lei de Execução Penal e do Regulamento áreas de desenvolvimento geral, intelectual e
Penitenciário Federal quanto à disciplina e à emocional;
segurança das penitenciárias; V -- organizar, regularmente, cursos
II - coordenar as atividades dos plantões de profissionalizantes e técnicos voltados às pessoas
segurança; privadas de liberdade, com o apoio das instituições
III - planejar, coordenar e fiscalizar o cumprimento de ensino locais;
das atribuições, ações e atividades das chefias de VI - proceder à avaliação inicial dos presos quanto ao
plantões e chefias de vivências das penitenciárias; grau de alfabetização;
IV - realizar os procedimentos necessários para a VII - colaborar na seleção de livros e filmes destinados
inclusão de presos nas penitenciárias federais; aos presos, zelando pela diversidade de temas e
V - planejar e executar no âmbito local, as escoltas integralidade da formação intelectual e acesso à
terrestres e aéreas de presos; cultura;
VI - orientar e fiscalizar a rotina de trabalho e o VIII - atuar de forma conjunta e cooperativa com a
procedimento de segurança geral, na área interna e divisão de segurança e disciplina, serviço de saúde e
externa da Unidade, em cumprimento às serviço administrativo das penitenciárias federais,
normatizações do Departamento; para o cumprimento da Lei de Execução Penal e
VII - submeter à Direção da respectiva unidade penal normativos do Departamento e do Sistema
as rotinas carcerárias, planos de segurança interno e Penitenciário Federal;
externo, bem como as informações concernentes à
atuação dos agentes penitenciários federais;

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IX - garantir a fiel execução dos manuais e demais primeiros atendimentos de urgência e emergência,
normativos expedidos pela Diretoria do Sistema além de ações preventivas, em conformidade com os
Penitenciário Federal; programas e normativos aprovados pelo Ministério
X - orientar, acompanhar e documentar a aplicação da Saúde, Departamento Penitenciário Nacional e
das medidas de reabilitação e classificação da Sistema Penitenciário Federal;
conduta das pessoas privadas de liberdade; II - organizar e atualizar, diariamente, os dados de
XI - organizar, acompanhar e supervisionar a saúde das pessoas privadas de liberdade das
execução das atividades relacionadas ao setor de penitenciárias federais;
biblioteca, e do setor de marcação de visitas, bem III - realizar a avaliação de saúde das pessoas privadas
como a prestação das assistências religiosa, social, de liberdade que ingressarem nas penitenciárias
pedagógica, cultural, esportiva e laboral; federais;
XII - organizar e atualizar, diariamente, os sistemas IV - referenciar para a rede pública de saúde os
de administração prisional; atendimentos especializados - exames e consultas -
XIII - integrar a comissão técnica de classificação; que não são realizados dentro das unidades de saúde
XIV - planejar com apoio da Coordenação-Geral de das penitenciárias federais;
Assistências nas Penitenciárias as atividades de V - apoiar a Coordenação-Geral de Assistência nas
acesso a cinemateca, atividades desportivas e jogos, Penitenciárias nas inspeções ordinárias e
segundo orientações da direção, zelando pela extraordinárias nas penitenciárias federais;
garantia dos direitos aos presos e para a ampliação VI - promover e executar as ações e programas
do acesso às atividades culturais; propostos pela Coordenação-Geral de Assistência
XV -- apresentar, ordinariamente, à Coordenação- nas Penitenciárias, em cumprimento aos normativos
Geral de Assistências nas Penitenciárias relatórios e regulamentos no âmbito do Sistema Penitenciário
consolidados das atividades prestadas; Federal;
XVI - organizar, executar e submeter a coleta de VII - atuar em conjunto com as divisões de segurança
dados para a produção de relatório do perfil dos e disciplina e com as divisões de reabilitação e serviço
presos federais, conforme as orientações da administrativo das penitenciárias federais, para o
Coordenação-Geral de Assistências nas cumprimento da Lei de Execução Penal, de diretrizes
Penitenciárias; e normas do Departamento e do Sistema
XVII - elaborar e desenvolver projetos com o apoio da Penitenciário Federal, e de suas atribuições;
Coordenação-Geral de Assistências nas VIII - executar com apoio da Coordenação-Geral de
penitenciárias; Assistências nas Penitenciárias Federais as
XVIII - realizar assistência educacional por meio de campanhas promovidas pelo Ministério da Saúde e
parcerias com outras esferas governamentais, por órgãos e Secretarias Estaduais e Municipais de
institutos federais de educação, ciência e tecnologia, Saúde pertinentes à Unidade;
bem como com organizações da sociedade civil; e IX - atualizar, diariamente, os sistemas de
XIX - elaborar e cooperar com estudos e pesquisas administração prisional;
sobre os aspectos biopsicossociais da educação nas X - apresentar, ordinariamente, à Coordenação-
prisões com fins de alcançar alternativas viáveis de Geral de Assistências nas Penitenciárias Federais
trabalho, objetivando a excelência da prática relatórios consolidados das atividades prestadas;
educativa nesse contexto XI - organizar, executar e submeter a coleta de dados
Art. 60. Aos Serviços de Saúde de Presídio Federal para a produção de relatório do perfil dos presos
competem: federais, conforme as orientações da Coordenação-
I - prestar às pessoas privadas de liberdade nas Geral de Assistências nas Penitenciárias Federais; e
penitenciárias federais com o apoio da Coordenação XII - realizar a coleta de material genético de pessoas
Geral de Assistências nas Penitenciárias os serviços presas nas penitenciárias federais, conforme
de atendimento médico, odontológico, psicológico, determinação judicial.
farmacêutico e de enfermagem, incluindo os

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Art. 61. Aos Serviços Administrativos de Presídio VI - informar ao Conselho Nacional de Política
Federal competem: Criminal e Penitenciária todos os dados relevantes e
I - receber, arquivar e manter o controle dos necessários à formulação da Política Penitenciária
expedientes, preservando a ordem necessária para o Nacional, garantindo a implementação de suas
fluxo dos documentos; decisões e diretrizes;
II - apoiar técnica e administrativamente a Diretoria e VII - gerir os recursos orçamentários e financeiros
unidades subordinadas; consignados em favor do Fundo Penitenciário
III - planejar, orientar, coordenar, fiscalizar e avaliar, Nacional;
com apoio das unidades técnicas da Diretoria VIII - praticar os atos legalmente definidos como
Executiva, as ações e execuções das atribuições dos Ordenador de Despesas;
setores de Secretaria, Protocolo e Arquivo Geral; IX - aprovar e encaminhar planos e programas anuais,
Gestão de Pessoas; Orçamento e Finanças; plurianuais ou especiais, proposta orçamentária e
Contratos, Licitações e Conformidades; Patrimônio e financeira, Planos de Trabalho e Projetos Básicos dos
Almoxarifado; Transporte e Serviços Gerais; e Convênios;
Tecnologia da Informação nas penitenciárias X - autorizar procedimentos de licitação, constituir
federais; comissões de licitação e de recebimento de materiais
IV - atuar de forma conjunta e cooperativa com a e serviços; homologar, adjudicar, revogar e anular
divisão de segurança e disciplina, divisão de licitações; ratificar os atos de dispensa e de
reabilitação e serviço de saúde dos presídios federais, inexigibilidade de licitação; bem como praticar os
para o cumprimento da Lei de Execução Penal e demais atos relacionados ao procedimento
normativos do Departamento e do Sistema licitatório;
Penitenciário Federal, no cumprimento de suas XI - firmar contratos, convênios, acordos e outros
atribuições e outras que lhe forem determinadas; ajustes;
V - apoiar as Coordenações-Gerais do DEPEN e da XII - promover os procedimentos internos para as
Diretoria do Sistema Penitenciário Federal no Tomadas de Contas Especiais decorrentes de
desempenho de suas atribuições; e convênios firmados com recursos provenientes do
VI - trabalhar em rede e executar as diretrizes FUNPEN;
repassadas pela Diretoria Executiva. XIII - indicar nomes a cargos em comissão, bem como
propor a exoneração de seus ocupantes;
CAPÍTULO IV - DAS ATRIBUIÇÕES DOS
XIV - homologar o resultado final de concurso público
DIRIGENTES
Art. 62. Ao Diretor-Geral incumbe: das carreiras da Área Penitenciária Federal;
I - elaborar e supervisionar a implementação de XV - julgar os procedimentos, sindicâncias e os
ações e operações do Departamento, estabelecendo processos administrativos disciplinares, no âmbito
seus objetivos, metas e diretrizes, expedindo para de sua competência, e aplicar as penalidades
tanto os atos necessários; administrativas a que alude os incisos III e IV do art.
II - representar o Departamento junto às autoridades 141, na forma do art. 167 e seguintes, todos da Lei nº
dos demais órgãos e entidades públicas ou privadas; 8.112/1990;
III - assistir o Ministro de Estado da Segurança Pública XVI - acompanhar os assuntos pertinentes à
nos assuntos de competência do Departamento; execução penal e avocar os de natureza
IV - prestar informações ao Ministro de Estado da administrativa para decisão ou revisão, sem prejuízo
Segurança Pública para o aprimoramento e a das atribuições previstas aos demais dirigentes;
implementação da Política Nacional de Segurança XVII - delegar competências;
Pública e Defesa Social; XVIII - prestar informações sobres assuntos da
V - promover a integração de suas unidades com competência do Departamento em atendimento as
outros órgãos e entidades públicas e instituições solicitações dos órgãos de controle interno e externo
privadas; e às notificações oriundas do Poder Judiciário,
submetendo estas últimas previamente à

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Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça e IV - preservar o sigilo de identidade do manifestante,


Segurança Pública; sempre que solicitado ou necessário; e
XIX - definir em instrução normativa as competências V - desenvolver e garantir o cumprimento das
específicas das unidades centrais e descentralizadas competências previstas no artigo 9º deste
e as incumbências de seus titulares; Regimento.
XX - autorizar viagens a serviço; Art. 65. Ao Corregedor-Geral do Departamento
XXI - participar, pessoalmente ou por intermédio de Penitenciário Nacional incumbe:
representantes, de encontros, congressos, reuniões I - assistir o Diretor-Geral nos assuntos de
e fóruns de debates internacionais sobre temas de competência da Corregedoria-Geral;
interesse do Departamento Penitenciário Nacional; II - organizar e dirigir todas as ações correcionais no
XXII - instaurar procedimentos administrativos âmbito do DEPEN;
disciplinares, aplicar penalidades disciplinares, além III - determinar a instauração de procedimentos,
de conhecer e julgar recursos, no âmbito de sua sindicâncias e processos administrativos
competência, em relação aos servidores do órgão e, disciplinares para a apuração de irregularidades;
nos casos de impedimentos do Corregedor-Geral e IV - expedir normas no âmbito de sua competência
seu Substituto; e para organização dos serviços;
XXIII - regulamentar e promover a remoção de V - apoiar e incentivar a implantação e o
servidores que resulte em ônus para a funcionamento de corregedorias nos sistemas
Administração. penitenciários nas unidades da federação;
Art. 63. Ao Chefe da Assessoria de Informações VI - informar ao Diretor-Geral das reclamações
Estratégicas incumbe: acerca das deficiências ou irregularidades no âmbito
I - assistir o Diretor-Geral e às unidades do DEPEN na do Sistema Penitenciário Federal, sugerindo
composição do Relatório Anual das Atividades; soluções;
II - apoiar as unidades do DEPEN nos processos de VII - promover a execução das atividades, ações e
planejamento estratégico, organização e avaliação operações correlatas à área sob sua
institucional; responsabilidade; e
III - acompanhar o desenvolvimento e a execução de VIII - fornecer dados ao Diretor-Geral para que este
ações, projetos e programas estratégicos do DEPEN; preste as informações solicitadas pelo Poder
IV - prestar assessoria e acompanhar a elaboração de Judiciário e órgãos de controle interno e externo.
propostas alusivas às Leis Orçamentária Anual e de Art. 66. Ao Chefe de Gabinete incumbe:
Diretrizes Orçamentárias; I - elaborar a pauta de assuntos a serem submetidos
V - obter, tratar, integrar e sistematizar as bases de à decisão do Diretor-Geral;
dados coletadas de fontes internas e externas; II - examinar, instruir e despachar documentos
VI - realizar estudos e elaborar propostas de oficiais;
estruturas organizacionais eficientes e modelos de III - receber, analisar e processar solicitações de
gestão baseados em resultados e evidências; e audiências;
VII - monitorar o atendimento, pelas Diretorias, de IV - coordenar a programação de viagens do Diretor-
orientações dos Órgãos de Controle. Geral, provendo os meios para a sua execução;
Art. 64. Ao Ouvidor Nacional de Serviços Penais V - assistir o Diretor-Geral em suas funções de
incumbe: representação funcional, política e social;
I - atuar com independência na defesa dos direitos e VI - aprovar projetos básicos e termos de referências
garantias fundamentais no âmbito dos Serviços elaborados pelas áreas subordinadas;
Penais; VII - fornecer dados necessários em matéria de sua
II - emitir parecer, nota técnica e informação sobre os competência para que o Diretor-Geral preste as
assuntos relacionados à sua área de atuação; informações solicitadas pelo Poder Judiciário e
III - participar de reuniões colegiadas no âmbito do órgãos de controle interno e externo;
Departamento Penitenciário Nacional;

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VADE MECUM - Execução Penal e Departamento
Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

VIII - secretariar as reuniões presididas pelo Diretor- planos, programas e projetos gerais e específicos nas
Geral; e matérias das áreas sob sua responsabilidade;
IX - ordenar despesas. IV - propor a realização de operações conjuntas com
Art. 67. Aos Diretores Executivo, de Políticas outras unidades do Departamento ou outros órgãos
Penitenciárias e do Sistema Penitenciário Federal governamentais; e
incumbe: V - apresentar relatórios de avaliação e desempenho
I - assistir o Diretor-Geral no gerenciamento, para subsidiar decisões das Diretorias.
supervisão, coordenação e definição de diretrizes e Art. 70. Aos Coordenadores incumbe:
de prioridades do Departamento; I - coordenar, orientar e avaliar o desenvolvimento
II - dirigir e decidir os assuntos de competência das das atividades sob sua responsabilidade;
respectivas unidades; II - promover estudos e divulgar legislação e
III - promover a execução das atividades, ações e jurisprudência específicas de seu campo de atuação;
operações correlatas à área sob sua III - propor a expedição de portarias e ordens de
responsabilidade; serviço, bem como elaborar manuais de
IV - fornecer dados ao Diretor-Geral para que este procedimentos em matérias correlatas à área sob sua
preste as informações solicitadas pelo Poder responsabilidade;
Judiciário e órgãos de controle interno e externo; IV - propor planos, programas e projetos gerais e
V - aprovar projetos básicos e termos de referência específicos, de sua área de atuação;
elaborados pelas áreas subordinadas; V - acompanhar o controle estatístico referente à
VI - submeter planos, programas e projetos eficiência e eficácia de suas ações; e
específicos de sua área de competência à aprovação VI - emitir parecer, nota técnica e informação sobre
do Diretor-Geral; e os assuntos relacionados a sua área de competência.
VII - ordenar despesas. Art. 71. Aos Chefes de Divisão e de Serviço incumbe:
Art. 68. Aos Diretores de Presídio Federal incumbe: I - assistir os respectivos superiores hierárquicos no
I - planejar, orientar, coordenar, supervisionar e exercício de suas atribuições;
controlar as atividades técnicas e administrativas II - propor e fiscalizar o cumprimento de normas e
inerentes às competências de sua unidade; diretrizes específicas, orientadoras das ações
II - instaurar, de ofício, procedimento administrativo administrativas, no âmbito das atribuições de suas
destinado a apurar falta disciplinar praticada por unidades;
preso submetido ao regime penitenciário federal; III - implementar e acompanhar planos e projetos de
III - prestar informações sobres assuntos de sua trabalho específicos;
competência ao Diretor do Sistema Penitenciário IV - promover o controle estatístico referente à
Federal; eficiência e eficácia de suas ações, bem como
IV - coordenar as relações da unidade que lhe for consolidar indicadores; e
subordinada com as demais unidades que compõem V - emitir parecer a respeito de assuntos pertinentes
o Sistema Penitenciário Federal; às respectivas unidades.
V - propor ao Diretor do Sistema Penitenciário
CAPÍTULO V - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Federal medidas que visem à otimização dos serviços
Art. 72. Aos servidores com funções não
e a redução de custos; e
especificadas neste Regimento caberá executar as
VI - ordenar despesas.
atribuições que lhes forem atribuídas por seus
Art. 69. Aos Coordenadores-Gerais incumbe:
superiores imediatos.
I - assistir os respectivos diretores nos assuntos de
Art. 73. Além das competências e atribuições
sua competência;
estabelecidas neste Regimento, outras poderão ser
II - supervisionar as atividades relacionadas às suas
cometidas às unidades e servidores pela autoridade
unidades;
competente, com o propósito de cumprir os
III - propor a expedição de portarias, ordens de
serviço e manuais de procedimentos, bem como de

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

objetivos e finalidades do Departamento, desde que LEI Nº 11.907/2009 – SEÇÃO XXIII


devidamente publicada nos locais apropriados.
Art. 74. Os casos omissos e as dúvidas surgidas na SEÇÃO XXIII - Das Carreiras da Área Penitenciária
aplicação deste Regimento Interno serão Federal
solucionados pelo Diretor-Geral do Departamento. Art. 117. Ficam criadas no Quadro de Pessoal do
Ministério da Justiça, para exercício nos
estabelecimentos penais e de internamento federais,
integrantes da estrutura do Departamento
Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, as
Carreiras de:
LEI Nº 10.693/2003 I - Especialista em Assistência Penitenciária,
Cria a Carreira de Agente Penitenciário Federal no composta de cargos de Especialista em Assistência
Quadro de Pessoal do Ministério da Justiça e dá Penitenciária, de nível superior, com atribuições
outras providências. voltadas às atividades de classificação e assistência
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, material, educacional, social e à saúde do preso,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu internado ou egresso, conforme disposto nos arts. 6º
sanciono a seguinte Lei: e 11 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de
Art. 1º Fica criada no Quadro de Pessoal do Execução Penal; e
Ministério da Justiça a Carreira de Agente II - Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária,
Penitenciário Federal, composta por quinhentos composta de cargos de Técnico de Apoio à
cargos efetivos de Agente Penitenciário Federal. Assistência Penitenciária, de nível intermediário,
Art. 2º Compete aos ocupantes do cargo de Agente com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio
Federal de Execução Penal o exercício das atividades técnico especializado às atividades de classificação e
de atendimento, vigilância, custódia, guarda, assistência material, educacional, social e à saúde do
assistência e orientação de pessoas recolhidas aos preso, internado ou egresso, conforme disposto nos
estabelecimentos penais federais e das atividades de arts. 6º e 11 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 -
natureza técnica, administrativa e de apoio a elas Lei de Execução Penal.
relacionadas. (Artigo com redação dada pela Lei nº 13.327, de Art. 118. Os cargos das Carreiras de que tratam os
29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016) incisos I e II do caput do art. 117 desta Lei estão
Art. 3º O ingresso na Carreira de Agente organizados em classes e padrões, na forma do
Penitenciário Federal dar-se-á na classe inicial, Anexo LXXXIV desta Lei.
mediante aprovação em concurso público específico Art. 119. Os vencimentos dos titulares dos cargos
de provas, exigindo-se certificado de conclusão do integrantes das Carreiras de que trata o art. 117 desta
ensino médio para acesso ao cargo efetivo que Lei terão a seguinte composição:
integra. I - Vencimento Básico; e
Art. 4º (Revogado pela Lei nº 10.768, de 19/11/2003) II - Gratificação de Desempenho de Atividade de
Art. 5º O Ministro de Estado da Justiça estabelecerá Assistência Especializada e Técnico-Administrativa
programa de capacitação para os servidores do Departamento Penitenciário Nacional do
ocupantes do cargo de Agente Penitenciário Federal. Ministério da Justiça - GDAPEN.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua § 1º Os titulares dos cargos integrantes das Carreiras
publicação. de que trata o art. 117 desta Lei não fazem jus à
percepção da Gratificação de Atividade Executiva -
GAE, de que trata a Lei Delegada nº 13, de 27 de
agosto de 1992, e da Vantagem Pecuniária Individual
- VPI, de que trata a Lei nº 10.698, de 2 de julho de
2003.

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

§ 2º Os padrões de vencimento básico dos cargos das 6 (seis) anos, ambas no campo específico de atuação
Carreiras de que trata o caput deste artigo são os de cada cargo; ou
constantes do Anexo LXXXV desta Lei. b) possuir certificação em eventos de capacitação,
Art. 120. São pré-requisitos mínimos para promoção totalizando no mínimo 40 (quarenta) horas, e
às classes dos cargos de nível superior de Especialista qualificação profissional com experiência mínima de
em Assistência Penitenciária: 12 (doze) anos, ambas no campo específico de
I - para a Classe B: atuação de cada cargo;
a) possuir certificação em eventos de capacitação, II - para a classe C:
totalizando no mínimo 180 (cento e oitenta) horas, e a) possuir certificação em eventos de capacitação,
qualificação profissional com experiência mínima de totalizando no mínimo 120 (cento e vinte) horas, e
6 (seis) anos, ambas no campo específico de atuação qualificação profissional com experiência mínima de
de cada cargo; ou 11 (onze) anos, ambas no campo específico de
b) possuir certificação em eventos de capacitação, atuação de cada cargo; ou
totalizando no mínimo 80 (oitenta) horas, e b) possuir certificação em eventos de capacitação,
qualificação profissional com experiência mínima de totalizando no mínimo 60 (sessenta) horas, e
12 (doze) anos, ambas no campo específico de qualificação profissional com experiência mínima de
atuação de cada cargo; 17 (dezessete) anos, ambas no campo específico de
II - para a classe C: atuação de cada cargo;
a) possuir certificação em eventos de capacitação, III - para a Classe Especial:
totalizando no mínimo 240 (duzentas e quarenta) a) ser detentor de certificado de conclusão de curso
horas, e qualificação profissional com experiência de especialização ou de formação específica
mínima de 11 (onze) anos, ambas no campo equivalente, de no mínimo 180 (cento e oitenta)
específico de atuação de cada cargo; ou horas, e qualificação profissional com experiência
b) possuir certificação em eventos de capacitação, mínima de 16 (dezesseis) anos, ambos no campo
totalizando no mínimo 120 (cento e vinte) horas, e específico de atuação de cada cargo; ou
qualificação profissional com experiência mínima de b) possuir certificação em eventos de capacitação,
17 (dezessete) anos, ambas no campo específico de totalizando no mínimo 120 (cento e vinte) horas, e
atuação de cada cargo; qualificação profissional com experiência mínima de
III - para a Classe Especial: 22 (vinte e dois) anos, ambas no campo específico de
a) ser detentor de certificado de conclusão de curso atuação de cada cargo.
de especialização ou de formação específica Art. 122. Fica reestruturada a Carreira de Agente
equivalente, de no mínimo 360 (trezentas e sessenta) Penitenciário Federal, composta pelos cargos de
horas, e qualificação profissional com experiência provimento efetivo, ocupados e vagos, de Agente
mínima de 16 (dezesseis) anos, ambos no campo Penitenciário Federal, de que trata a Lei nº 10.693, de
específico de atuação de cada cargo; ou 25 de junho de 2003.
b) possuir certificação em eventos de capacitação, Art. 123. Compete aos ocupantes do cargo de
totalizando no mínimo 180 (cento e oitenta) horas, e Agente Federal de Execução Penal o exercício das
qualificação profissional com experiência mínima de atividades de atendimento, vigilância, custódia,
22 (vinte e dois) anos, ambas no campo específico de guarda, escolta, assistência e orientação de pessoas
atuação de cada cargo. recolhidas aos estabelecimentos penais e de
Art. 121. São pré-requisitos mínimos para promoção internamento federais, integrantes da estrutura do
às classes dos cargos de nível intermediário de Departamento Penitenciário Nacional do Ministério
Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária: da Justiça e Cidadania, e das atividades de natureza
I - para a Classe B: técnica, administrativa e de apoio a elas
a) possuir certificação em eventos de capacitação, relacionadas. (Artigo com redação dada pela Lei nº 13.327, de
totalizando no mínimo 80 (oitenta) horas, e 29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016)
qualificação profissional com experiência mínima de

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

Art. 124. Os cargos da Carreira de Agente § 5º O posicionamento dos aposentados e dos


Penitenciário Federal estão organizados em classes e pensionistas de que trata o § 4º na Tabela de
padrões, na forma do Anexo LXXXVI desta Lei. Vencimento Básico constante do anexo a que se
Art. 124-A. A partir de 1º de janeiro de 2017, o cargo refere o caput será referenciado à situação em que o
de Agente Federal de Execução Penal, integrante da servidor se encontrava na data de aposentadoria ou
carreira de Agente Federal de Execução Penal, fica na data em que se originou a pensão, respeitadas as
estruturado em classes e padrões, na forma do alterações relativas a posicionamentos decorrentes
Anexo LXXXVI. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.327, de de legislação específica. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016) 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016)
Art. 125. Os padrões de vencimento básico dos Art. 126. Os vencimentos dos titulares dos cargos
cargos da Carreira de Agente Penitenciário Federal integrantes da Carreira de Agente Penitenciário
serão os constantes do Anexo LXXXVII desta Lei, Federal terão a seguinte composição:
com efeitos financeiros a partir da data nele I - Vencimento Básico; e
especificada. II - Gratificação de Desempenho de Atividade de
§ 1º Os servidores integrantes da Carreira de Agente Agente Penitenciário Federal - GDAPEF.
Penitenciário Federal, serão enquadrados, a contar Parágrafo único. Os titulares dos cargos integrantes
de 1º de março de 2008, na Tabela de vencimentos da Carreira de que trata o caput deste artigo não
básicos a que se refere o caput deste artigo de acordo fazem jus à percepção das seguintes gratificações e
com a posição relativa na Tabela de Correlação, vantagens:
constante do Anexo LXXXVIII desta Lei. I - Gratificação de Atividade Executiva - GAE, de que
§ 2º Os servidores integrantes da carreira de Agente trata a Lei Delegada nº 13, de 27 de agosto de 1992;
Federal de Execução Penal serão enquadrados, a II - Gratificação de Atividade Penitenciária Federal,
partir de 1º de janeiro de 2017, na Tabela de de que trata a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de
Vencimento Básico constante do anexo a que se 2003;
refere o caput deste artigo, de acordo com a posição III - Gratificação de Compensação Orgânica, de que
relativa na Tabela de Correlação, constante do Anexo trata a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003;
LXXXVIII desta Lei. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº IV - Gratificação de Atividade de Risco, de que trata a
13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016) Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003;
§ 3º O enquadramento e a mudança de denominação V - Gratificação de Atividade de Custódia Prisional,
do cargo a que se refere este artigo não representam, de que trata a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de
para qualquer efeito legal, inclusive para efeito de 2003;
aposentadoria, descontinuidade em relação à VI - Indenização de Habilitação de Custódia Prisional,
carreira, ao cargo e às atribuições atuais de que trata a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de
desenvolvidas por seus titulares. (Parágrafo acrescido pela 2003; e
Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos a partir de 1/8/2016)
VII - Vantagem Pecuniária Individual - VPI, de que
§ 4º Os efeitos decorrentes do enquadramento de
trata a Lei nº 10.698, de 2 de julho de 2003.
que trata o caput aplicar-se-ão ao posicionamento
Art. 127. A partir de 1º de janeiro de 2017, a
dos aposentados e dos pensionistas nas tabelas
promoção às classes do cargo de Agente Federal de
remuneratórias da carreira de Agente Federal de
Execução Penal, de que trata o art. 122 desta Lei,
Execução Penal, a partir de 1º de janeiro de 2017, nos
observará os seguintes requisitos: (“Caput” do artigo com
casos em que a aposentadoria ou a instituição da redação dada pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos
pensão tenha ocorrido com fundamento nos arts. 3º, a partir de 1/8/2016)
6º ou 6º-A da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de I - para a Segunda Classe: possuir certificação em
dezembro de 2003, ou no art. 3º da Emenda eventos de capacitação, totalizando no mínimo 60
Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005. (Parágrafo (sessenta) horas, e qualificação profissional com
acrescido pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos a experiência mínima de 3 (três) anos, ambas no
partir de 1/8/2016)
campo específico de atuação do cargo; (Inciso com

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VADE MECUM - Execução Penal e Departamento
Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

redação dada pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos § 1º A GDAPEN e a GDAPEF serão atribuídas em
a partir de 1/8/2016)
função do alcance de metas de desempenho
II - para a Primeira Classe: possuir certificação em
individual do servidor e de desempenho institucional
eventos de capacitação, totalizando no mínimo 80
do Departamento Penitenciário Nacional do
(oitenta) horas, e qualificação profissional com
Ministério da Justiça. (Parágrafo com redação dada pela
experiência mínima de 7 (sete) anos, ambas no Medida Provisória nº 479, de 30/12/2009, convertida na Lei nº
campo específico de atuação do cargo; (Inciso com 12.269, de 21/6/2010)
redação dada pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos § 2º A avaliação de desempenho individual visa a
a partir de 1/8/2016)
aferir o desempenho do servidor no exercício das
III - para a Classe Especial: possuir certificação em
atribuições do cargo ou função, com foco na
eventos de capacitação, totalizando no mínimo 120
contribuição individual para o alcance dos objetivos
(cento e vinte) horas, e qualificação profissional com
organizacionais.
experiência mínima de 11 (onze) anos, ambas no
§ 3º A avaliação de desempenho institucional visa a
campo específico de atuação do cargo; (Inciso com
aferir o desempenho coletivo no alcance dos
redação dada pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, produzindo efeitos
a partir de 1/8/2016)
objetivos organizacionais, podendo considerar
IV - para a Classe Especial Sênior: possuir certificado projetos e atividades prioritárias e condições
de conclusão de curso de especialização ou de curso especiais de trabalho, além de outras características
de formação específica equivalente, de no mínimo específicas.
180 (cento e oitenta) horas, e qualificação § 4º A GDAPEN e a GDAPEF serão pagas com
profissional com experiência mínima de 15 (quinze) observância dos seguintes limites:
anos, ambos no campo específico de atuação do I - máximo, 100 (cem) pontos por servidor; e
cargo. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.327, de 29/7/2016, II - mínimo, 30 (trinta) pontos por servidor,
produzindo efeitos a partir de 1/8/2016) correspondendo cada ponto ao valor estabelecido
Art. 128. Ficam instituídas: nos Anexos LXXXIX e XC desta Lei, com efeitos
I - a Gratificação de Desempenho de Atividade de financeiros a partir da data nele especificada.
Assistência Especializada do Departamento § 5º A pontuação referente à GDAPEN e à GDAPEF
Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça - terá a seguinte distribuição:
GDAPEN, devida aos titulares dos cargos de I - até 20 (vinte) pontos percentuais de seus limites
Especialista em Assistência Penitenciária e de máximos serão atribuídos em função dos resultados
Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária de que obtidos na avaliação de desempenho individual; e
trata o art. 117 desta Lei quando em exercício das II - até 80 (oitenta) pontos percentuais de seus limites
atividades inerentes às atribuições do respectivo máximos serão atribuídos em função dos resultados
cargo no âmbito dos estabelecimentos penais e de obtidos na avaliação de desempenho institucional.
internamento federais, integrantes da estrutura do § 6º Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios
Departamento Penitenciário Nacional do Ministério gerais a serem observados para a realização das
da Justiça; e avaliações de desempenho individual e institucional
II - a Gratificação de Desempenho de Atividade de da GDAPEN e da GDAPEF.
Agente Penitenciário Federal - GDAPEF, devida aos § 7º Os critérios e procedimentos específicos de
titulares dos cargos de Agente Penitenciário Federal avaliação de desempenho individual e institucional e
quando em exercício das atividades inerentes às de atribuição da GDAPEN e da GDAPEF serão
atribuições do respectivo cargo no âmbito dos estabelecidos em ato do Ministro de Estado da
estabelecimentos penais e de internamento federais, Justiça, observada a legislação vigente. (Parágrafo com
integrantes da estrutura do Departamento redação dada pela Medida Provisória nº 479, de 30/12/2009,
convertida na Lei nº 12.269, de 21/6/2010)
Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e nas
§ 8º As metas referentes à avaliação de desempenho
dependências do Departamento de Polícia Federal
institucional serão fixadas em ato do Ministro de
do Ministério da Justiça, com efeitos financeiros a
Estado da Justiça. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº
partir de 1º de março de 2008.
13.328, de 29/7/2016)

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§ 9º Os valores a serem pagos a título de GDAPEN e conforme o caso, em valor correspondente ao da


de GDAPEF, respectivamente, serão calculados última pontuação obtida, até que seja processada a
multiplicando-se o somatório dos pontos auferidos sua primeira avaliação após o retorno.
nas avaliações de desempenho individual e Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
institucional pelo valor do ponto constante dos não se aplica aos casos de cessão.
Anexos LXXXIX e XC desta Lei, observados o nível, a Art. 131. A GDAPEN e a GDAPEF não servirão de
classe e o padrão em que se encontrar posicionado o base de cálculo para quaisquer outros benefícios ou
servidor. vantagens.
Art. 129. Até que sejam publicados os atos a que se Art. 132. O servidor ativo beneficiário da GDAPEN ou
referem os §§ 7º e 8º do art. 128 desta Lei e da GDAPEF que obtiver na avaliação de desempenho
processados os resultados da primeira avaliação individual pontuação inferior a 50% (cinquenta por
individual e institucional, todos os servidores que cento) da pontuação máxima estabelecida para essa
fizerem jus à GDAPEN ou à GDAPEF perceberão a parcela será imediatamente submetido a processo
respectiva gratificação em valor correspondente a 80 de capacitação ou de análise da adequação funcional,
(oitenta) pontos, conforme estabelecido nos Anexos conforme o caso, sob responsabilidade do
LXXXIX e XC desta Lei. Departamento Penitenciário Nacional do Ministério
§ 1º O resultado da primeira avaliação gera efeitos da Justiça.
financeiros a partir do início do primeiro período de Parágrafo único. A análise de adequação funcional
avaliação, devendo ser compensadas eventuais visa a identificar as causas dos resultados obtidos na
diferenças pagas a maior ou a menor. avaliação do desempenho e a servir de subsídio para
§ 2º O período de avaliação terá início a partir da a adoção de medidas que possam propiciar a
publicação do ato de fixação das metas de melhoria do desempenho do servidor.
desempenho institucional. Art. 133. Os titulares dos cargos de provimento
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se aos efetivo de Especialista em Assistência Penitenciária e
ocupantes de cargos comissionados que fazem jus à de Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária, de
GDAPEN e à GDAPEF. que trata o art. 117 desta Lei, e de Agente
§ 4º Até que seja processada a primeira avaliação de Penitenciário Federal, de que trata o art. 122 desta
desempenho individual que venha a surtir efeito Lei, em exercício nos estabelecimentos penais e de
financeiro, o servidor recém nomeado para cargo internamento federais, integrantes da estrutura do
efetivo e aquele que tenha retornado de licença sem Departamento Penitenciário Nacional do Ministério
vencimento ou cessão sem direito à percepção da da Justiça, quando investidos em cargo em comissão
GDAPEN ou da GDAPEF no decurso do ciclo de ou função de confiança farão jus à GDAPEN ou à
avaliação receberão a gratificação no valor GDAPEF, respectivamente, da seguinte
correspondente a 80 (oitenta) pontos. forma:(“Caput” do artigo com redação dada pela Medida
§ 5º Ocorrendo exoneração do cargo em comissão, Provisória nº 479, de 30/12/2009, convertida na Lei nº 12.269, de
21/6/2010)
com manutenção do cargo efetivo, o servidor que
I - os investidos em função de confiança ou cargo em
faça jus à GDAPEN ou à GDAPEF continuará a
comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
perceber a respectiva gratificação em valor
Superiores - DAS, níveis 3, 2, 1 ou equivalentes,
correspondente à da última pontuação que lhe foi
perceberão a respectiva gratificação de desempenho
atribuída, na condição de ocupante de cargo em
calculada conforme disposto no § 9º do art. 128 desta
comissão, até que seja processada a sua primeira
Lei; e
avaliação após a exoneração.
II - os investidos em cargo em comissão de Natureza
Art. 130. Em caso de afastamentos e licenças
Especial ou do Grupo-Direção e Assessoramento
considerados como de efetivo exercício, sem
Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes,
prejuízo da remuneração e com direito à percepção
perceberão a respectiva gratificação de desempenho
de gratificação de desempenho, o servidor
calculada com base no valor máximo da parcela
continuará percebendo a GDAPEN ou a GDAPEF,

169
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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

individual, somado ao resultado da avaliação tenha permanecido o mesmo número de dias em


institucional do Departamento Penitenciário diferentes órgãos ou entidades; ou
Nacional do Ministério da Justiça no período. (Inciso III - a do órgão de origem, quando requisitado ou
com redação dada pela Medida Provisória nº 479, de 30/12/2009, cedido para órgão diverso da administração pública
convertida na Lei nº 12.269, de 21/6/2010)
federal direta, autárquica ou fundacional. (Parágrafo
Art. 134. Os titulares dos cargos de provimento acrescido pela Lei nº 13.328, de 29/7/2016)
efetivo de Especialista em Assistência Penitenciária e § 2º A avaliação individual do servidor alcançado
de Técnico de Apoio à Assistência Penitenciária de pelos incisos I e II do caput será realizada somente
que trata o art. 117 desta Lei e de Agente pela chefia imediata quando a regulamentação da
Penitenciário Federal de que trata o art. 122 desta Lei sistemática para avaliação de desempenho a que se
que não se encontrarem em exercício nos refere o § 6º do art. 128 não for igual à aplicável ao
estabelecimentos penais e de internamento federais, órgão ou entidade de exercício do servidor. (Parágrafo
integrantes da estrutura do Departamento acrescido pela Lei nº 13.328, de 29/7/2016)
Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, Art. 135. Para fins de incorporação da GDAPEN ou da
somente farão jus à GDAPEN ou à GDAPEF quando: GDAPEF aos proventos de aposentadoria ou às
I - em exercício no Departamento Penitenciário pensões, serão adotados os seguintes critérios:
Nacional do Ministério da Justiça e no caso dos I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19
Agentes Penitenciários Federais também quando em de fevereiro de 2004, a GDAPEN ou a GDAPEF será:
exercício nas dependências do Departamento de a) a partir de 1º de março de 2008, correspondente a
Polícia Federal do Ministério da Justiça, situação na 40% (quarenta por cento) do valor máximo do
qual perceberão a respectiva gratificação de respectivo nível; e
desempenho calculada com base nas regras b) a partir de 1º de janeiro de 2009, correspondente a
aplicáveis como se estivessem em efetivo exercício 50% (cinqüenta por cento) do valor máximo do
nos estabelecimentos penais e de internamento respectivo nível; e
federais, integrantes da estrutura do Departamento II - para as aposentadorias e pensões instituídas após
Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça; 19 de fevereiro de 2004:
II - requisitados pela Presidência ou Vice-Presidência a) quando aos servidores que lhes deram origem,
da República ou nas hipóteses de requisição previstas beneficiários da GDAPEN ou da GDAPEF, se aplicar o
em lei, situação na qual perceberão a respectiva disposto nos arts. 3º e 6º da Emenda Constitucional
gratificação de desempenho conforme disposto no nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e o art. 3º da
inciso I do caput deste artigo; Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005,
III - cedidos para órgãos ou entidades da União aplicar-se-á o percentual constante das alíneas a e b
distintos dos indicados nos incisos I e II do caput e do inciso I do caput deste artigo;
investidos em cargos de natureza especial ou em b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das
comissão do Grupo-Direção e Assessoramento aposentadorias e pensões, o disposto na Lei nº
Superiores (DAS) níveis 6, 5 ou 4, ou equivalentes, 10.887, de 18 de junho de 2004.
situação na qual perceberão a respectiva gratificação Art. 136. Ficam criados 1.100 (mil e cem) cargos de
calculada com base no resultado da avaliação Agente Penitenciário Federal, no Quadro de Pessoal
institucional do período. (Inciso com redação dada pela Lei do Ministério da Justiça, para provimento gradual.
nº 13.328, de 29/7/2016) Parágrafo único. Em decorrência do disposto no
§ 1º A avaliação institucional considerada para o caput deste artigo, o quantitativo total de cargos de
servidor alcançado pelos incisos I, II e III do caput será: provimento efetivo de Agente Penitenciário Federal
I - a do órgão ou entidade onde o servidor passa a ser de 1.600 (mil e seiscentos) cargos.
permaneceu em exercício por mais tempo; Art. 137. O ingresso nos cargos de Especialista em
II - a do órgão ou entidade onde o servidor se Assistência Penitenciária, de Técnico de Apoio à
encontrar em exercício ao término do ciclo, caso ele Assistência Penitenciária e de Agente Penitenciário
Federal far-se-á mediante prévia aprovação em

170
VADE MECUM - Execução Penal e Departamento
Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

concurso público de provas ou de provas e títulos, no servidor do último padrão de uma classe para o
primeiro padrão da classe inicial. primeiro padrão da classe imediatamente superior.
§ 1º Para ingresso nos cargos a que se refere o caput § 2º Ato do Poder Executivo regulamentará os
deste artigo será exigido: critérios de concessão de progressão funcional e
I - para o cargo de Especialista em Assistência promoção de que trata o caput deste artigo.
Penitenciária, curso superior em nível de graduação Art. 140. O desenvolvimento do servidor nos cargos
concluído e, quando for o caso, habilitação legal das Carreiras de Especialista em Assistência
específica, conforme definido no edital do concurso; Penitenciária, Técnico de Apoio à Assistência
e Penitenciária e Agente Penitenciário Federal
II - para os cargos de Técnico de Apoio à Assistência obedecerá às seguintes regras:
Penitenciária e de Agente Penitenciário Federal, I - interstício mínimo de 12 (doze) meses entre cada
certificado de conclusão de ensino médio ou progressão; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.778, de
equivalente e, quando for o caso, habilitação legal 28/12/2012)
específica, conforme definido no edital do concurso. II - habilitação em avaliação de desempenho
§ 2º O concurso público de que trata o caput deste individual correspondente na média a, no mínimo,
artigo poderá ser organizado em 2 (duas) ou mais 70% (setenta por cento) do limite máximo da
fases, incluindo curso de formação, conforme pontuação das avaliações realizadas no interstício
disposto no edital do certame, observando-se que: considerado para a progressão; e
I - a primeira fase constituir-se-á de 4 (quatro) etapas, III - competência e qualificação profissional.
eliminatórias e classificatórias, que incluem provas § 1º O interstício de 12 (doze) meses de efetivo
escritas, prova de aptidão física, prova de aptidão exercício para a progressão funcional, conforme
psicológica e investigação para verificação dos estabelecido no inciso I do caput, será: (“Caput” do
parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.778, de 28/12/2012)
antecedentes pessoais do candidato, observado o
I - computado em dias, descontados os afastamentos
disposto no art. 77 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de
que não forem legalmente considerados de efetivo
1984; e
exercício; e
II - a segunda fase, de caráter eliminatório e
II - suspenso nos casos em que o servidor se afastar
classificatório, consistirá na realização de curso de
sem remuneração, sendo retomado o cômputo a
formação, com duração e regras gerais definidas em
partir do retorno à atividade.
ato do Diretor-Geral do Departamento Penitenciário
§ 2º Enquanto não forem regulamentadas, as
Nacional do Ministério da Justiça e especificadas no
progressões e promoções dos titulares de cargos
edital do concurso.
integrantes das Carreiras de Especialista em
Art. 138. É vedada a aplicação do instituto da
Assistência Penitenciária, Técnico de Apoio à
redistribuição aos servidores integrantes das
Assistência Penitenciária e Agente Penitenciário
Carreiras de Especialista em Assistência
Federal serão concedidas observando-se, no que
Penitenciária, Técnico de Apoio à Assistência
couber, as normas aplicáveis aos servidores do Plano
Penitenciária e de Agente Penitenciário Federal.
de Classificação de Cargos de que trata a Lei nº 5.645,
Art. 139. O desenvolvimento do servidor nas
de 10 de dezembro de 1970.
Carreiras de Especialista em Assistência
Art. 141. Cabe ao Departamento Penitenciário
Penitenciária, Técnico de Apoio à Assistência
Nacional do Ministério da Justiça implementar
Penitenciária e Agente Penitenciário Federal
programa permanente de capacitação, treinamento
ocorrerá mediante progressão funcional e
e desenvolvimento, destinado a assegurar a
promoção.
profissionalização dos ocupantes dos cargos de
§ 1º Para os fins do disposto no caput deste artigo,
Especialista em Assistência Penitenciária, Técnico de
progressão é a passagem do servidor para o padrão
Apoio à Assistência Penitenciária e Agente
de vencimento imediatamente superior dentro de
Penitenciário Federal.
uma mesma classe, e promoção, a passagem do

171
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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

Parágrafo único. O programa permanente de § 3º A VPNI a que se referem os §§ 1º e 2º deste artigo


capacitação será implementado no prazo de até 18 está sujeita exclusivamente à atualização decorrente
(dezoito) meses, a contar de 29 de agosto de 2008. de revisão geral da remuneração dos servidores
Art. 142. Os titulares dos cargos de Especialista em públicos federais.
Assistência Penitenciária, Técnico de Apoio à Art. 145. Os valores devidos ao servidor em razão da
Assistência Penitenciária e Agente Penitenciário estrutura remuneratória proposta pela Lei nº 10.768,
Federal serão submetidos, periodicamente, às de 19 de novembro de 2003, quanto ao Vencimento
avaliações de desempenho que permitam avaliar a Básico, Gratificação de Atividade - GAE de que trata
atuação do servidor no exercício do cargo e no a Lei Delegada nº 13, de 27 de agosto de 1992,
âmbito de sua área de responsabilidade ou Gratificação de Atividade Penitenciária Federal,
especialidade, conforme disposto na legislação em Gratificação de Compensação Orgânica, Gratificação
vigor aplicável aos servidores públicos federais e em de Atividade de Risco, Gratificação de Atividade de
normas específicas a serem estabelecidas em ato do Custódia Prisional, Indenização de Habilitação de
Ministro da Justiça. Custódia Prisional e Vantagem Pecuniária Individual
Art. 143. A jornada de trabalho dos integrantes das instituída pela Lei nº 10.698, de 2 de julho de 2003,
Carreiras de Especialista em Assistência não podem ser percebidos cumulativamente com os
Penitenciária, Técnico de Apoio à Assistência valores de Vencimento Básico e GDAPEF de que
Penitenciária e Agente Penitenciário Federal é de 40 tratam os arts. 125 e 128 desta Lei.
(quarenta) horas semanais. Parágrafo único. Os valores percebidos pelos
Parágrafo único. Nos casos aos quais se aplique o servidores de que trata o art. 122 desta Lei, a título de
regime de trabalho por plantões, a jornada de Vencimento Básico e demais vantagens de que trata
trabalho dos integrantes das Carreiras de o caput deste artigo, de 1º de março de 2008 até 29
Especialista em Assistência Penitenciária, Técnico de de agosto de 2008, com base na estrutura
Apoio à Assistência Penitenciária e Agente remuneratória constante da Lei nº 10.768, de 19 de
Penitenciário Federal será de até 192 (cento e novembro de 2003, deverão ser deduzidos do
noventa e duas) horas mensais. montante devido ao servidor a título de Vencimento
Art. 144. A aplicação do disposto nesta Lei aos Básico e GDAPEF, conforme disposto no art. 125
servidores ativos e inativos e aos pensionistas da desta Lei e no inciso II do § 4º do art. 128 desta Lei, a
Carreira de Agente Penitenciário Federal não poderá partir de 1º de março de 2008, devendo ser
implicar redução de remuneração, de proventos e de compensados eventuais valores pagos a menor.
pensões. Art. 146. Ficam criados 85 (oitenta e cinco) cargos de
§ 1º Na hipótese de redução de remuneração de Especialista em Assistência Penitenciária e 30 (trinta)
servidor, em decorrência da aplicação do disposto cargos de Técnico de Apoio à Assistência
nesta Seção, a diferença será paga a título de Penitenciária, no Quadro de Pessoal do Ministério da
Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - Justiça, para provimento gradual.
VPNI, a ser absorvida por ocasião da reorganização
ou reestruturação de sua Tabela remuneratória, do
desenvolvimento na Carreira e da concessão de
reajustes, adicionais, gratificações ou vantagem de
qualquer natureza.
§ 2º Constatada a redução de provento ou de pensão,
decorrente da aplicação do disposto neste artigo, a
diferença será paga a título de VPNI, a ser absorvida
por ocasião da reorganização ou reestruturação da
Tabela remuneratória e da concessão de reajustes,
adicionais, gratificações ou vantagem de qualquer
natureza.

172
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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

LEI N º 13.327/2016 – CAPÍTULO VIII Departamento Penitenciário Nacional do Ministério


da Justiça e Cidadania, e das atividades de natureza
CAPÍTULO VIII - DAS CARREIRAS DE AGENTE
técnica, administrativa e de apoio a elas
FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL, DE
ESPECIALISTA FEDERAL EM ASSISTÊNCIA À relacionadas." (NR)
EXECUÇÃO PENAL E DE TÉCNICO FEDERAL DE "Art. 124-A. A partir de 1º de janeiro de 2017, o cargo
APOIO À EXECUÇÃO PENAL de Agente Federal de Execução Penal, integrante da
Art. 9º Os Anexos LXXXV, LXXXVI, LXXXVII, carreira de Agente Federal de Execução Penal, fica
LXXXVIII, LXXXIX e XC da Lei nº 11.907, de 2 de estruturado em classes e padrões, na forma do
fevereiro de 2009, passam a vigorar, Anexo LXXXVI."
respectivamente, na forma dos Anexos XIV, XV, XVI, "Art. 125.
XVII, XVIII e XIX desta Lei. ................................................................................
Art. 10. O cargo de Agente Penitenciário Federal, .................................................................................
integrante da carreira de Agente Penitenciário ........................
Federal, de que trata a Lei nº 10.693, de 25 de junho § 2º Os servidores integrantes da carreira de Agente
de 2003, passa a denominar-se Agente Federal de Federal de Execução Penal serão enquadrados, a
Execução Penal, integrante da carreira de Agente partir de 1º de janeiro de 2017, na Tabela de
Federal de Execução Penal. Vencimento Básico constante do anexo a que se
Art. 11. O cargo de Especialista em Assistência refere o caput deste artigo, de acordo com a posição
Penitenciária, integrante da carreira de Especialista relativa na Tabela de Correlação, constante do Anexo
em Assistência Penitenciária, e o cargo de Técnico de LXXXVIII desta Lei.
Apoio à Assistência Penitenciária, integrante da § 3º O enquadramento e a mudança de denominação
carreira de Técnico de Apoio à Assistência do cargo a que se refere este artigo não representam,
Penitenciária, de que tratam os incisos I e II do caput para qualquer efeito legal, inclusive para efeito de
do art. 117 da Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009, aposentadoria, descontinuidade em relação à
passam a denominar-se, respectivamente, carreira, ao cargo e às atribuições atuais
Especialista Federal em Assistência à Execução desenvolvidas por seus titulares.
Penal, integrante da carreira de Especialista Federal § 4º Os efeitos decorrentes do enquadramento de
em Assistência à Execução Penal, e Técnico Federal que trata o caput aplicar-se-ão ao posicionamento
de Apoio à Execução Penal, integrante da carreira de dos aposentados e dos pensionistas nas tabelas
Técnico Federal de Apoio à Execução Penal. remuneratórias da carreira de Agente Federal de
Art. 12. O art. 2º da Lei nº 10.693, de 25 de junho de Execução Penal, a partir de 1º de janeiro de 2017, nos
2003, passa a vigorar com a seguinte redação: casos em que a aposentadoria ou a instituição da
"Art. 2º Compete aos ocupantes do cargo de Agente pensão tenha ocorrido com fundamento nos arts. 3º,
Federal de Execução Penal o exercício das atividades 6º ou 6º-A da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de
de atendimento, vigilância, custódia, guarda, dezembro de 2003, ou no art. 3º da Emenda
assistência e orientação de pessoas recolhidas aos Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005.
estabelecimentos penais federais e das atividades de § 5º O posicionamento dos aposentados e dos
natureza técnica, administrativa e de apoio a elas pensionistas de que trata o § 4º na Tabela de
relacionadas."(NR) Vencimento Básico constante do anexo a que se
Art. 13. A Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009, refere o caput será referenciado à situação em que o
passa a vigorar com as seguintes alterações: servidor se encontrava na data de aposentadoria ou
"Art. 123. Compete aos ocupantes do cargo de na data em que se originou a pensão, respeitadas as
Agente Federal de Execução Penal o exercício das alterações relativas a posicionamentos decorrentes
atividades de atendimento, vigilância, custódia, de legislação específica." (NR)
guarda, escolta, assistência e orientação de pessoas "Art. 127. A partir de 1º de janeiro de 2017, a
recolhidas aos estabelecimentos penais e de promoção às classes do cargo de Agente Federal de
internamento federais, integrantes da estrutura do

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

Execução Penal, de que trata o art. 122 desta Lei, Parágrafo único. As atividades de cooperação
observará os seguintes requisitos: federativa têm caráter consensual e serão
I - para a Segunda Classe: possuir certificação em desenvolvidas sob a coordenação conjunta da União
eventos de capacitação, totalizando no mínimo 60 e do Ente convenente.
(sessenta) horas, e qualificação profissional com Art. 3º Consideram-se atividades e serviços
experiência mínima de 3 (três) anos, ambas no imprescindíveis à preservação da ordem pública e da
campo específico de atuação do cargo; incolumidade das pessoas e do patrimônio, para os
II - para a Primeira Classe: possuir certificação em fins desta Lei:
eventos de capacitação, totalizando no mínimo 80 I - o policiamento ostensivo;
(oitenta) horas, e qualificação profissional com II - o cumprimento de mandados de prisão;
experiência mínima de 7 (sete) anos, ambas no III - o cumprimento de alvarás de soltura;
campo específico de atuação do cargo; IV - a guarda, a vigilância e a custódia de presos;
III - para a Classe Especial: possuir certificação em V - os serviços técnico-periciais, qualquer que seja
eventos de capacitação, totalizando no mínimo 120 sua modalidade;
(cento e vinte) horas, e qualificação profissional com VI - o registro e a investigação de ocorrências
experiência mínima de 11 (onze) anos, ambas no policiais; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.500, de
campo específico de atuação do cargo; 26/10/2017)
IV - para a Classe Especial Sênior: possuir certificado VII - as atividades relacionadas à segurança dos
de conclusão de curso de especialização ou de curso grandes eventos. (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº
679, de 23/6/2015, convertida na Lei nº 13.173, de 21/10/2015)
de formação específica equivalente, de no mínimo
VIII - as atividades de inteligência de segurança
180 (cento e oitenta) horas, e qualificação
pública; (Inciso acrescido pela Medida Provisória nº 781, de
profissional com experiência mínima de 15 (quinze)
23/5/2017, convertida na Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
anos, ambos no campo específico de atuação do
IX - a coordenação de ações e operações integradas
cargo." (NR)
de segurança pública; (Inciso acrescido pela Medida
Provisória nº 781, de 23/5/2017, convertida na Lei nº 13.500, de
26/10/2017, com redação dada pela Medida Provisória nº 846, de
31/7/2018, convertida na Lei nº 13.756, de 12/12/2018)
X - o auxílio na ocorrência de catástrofes ou desastres
coletivos, inclusive para reconhecimento de
LEI Nº 11.473/2007 vitimados; e (Inciso acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017,
com redação dada pela Medida Provisória nº 846, de 31/7/2018,
Dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da
convertida na Lei nº 13.756, de 12/12/2018)
segurança pública e revoga a Lei nº 10.277, de 10 de
XI - o apoio às atividades de conservação e
setembro de 2001.
policiamento ambiental. (Inciso acrescido pela Medida
Art. 1º A União poderá firmar convênio com os Provisória nº 846, de 31/7/2018, convertida na Lei nº 13.756, de
Estados e o Distrito Federal para executar atividades 12/12/2018)
e serviços imprescindíveis à preservação da ordem § 1º (Revogado pela Medida Provisória nº 870, de 1º/1/2019,
pública e da incolumidade das pessoas e do convertida na Lei nº 13.844, de 18/6/2019)
patrimônio. § 2º A cooperação federativa no âmbito do Ministério
Art. 2º A cooperação federativa de que trata o art. 1º da Segurança Pública também ocorrerá para fins de
desta Lei, para os fins nela dispostos, compreende desenvolvimento de atividades de apoio
operações conjuntas, transferências de recursos e administrativo e de projetos na área de segurança
desenvolvimento de atividades de capacitação e pública. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.756, de 12/12/2018)
qualificação de profissionais, no âmbito do Ministério Art. 4º Os ajustes celebrados na forma do art. 1º
da Justiça e Segurança Pública. (“Caput” do artigo com desta Lei deverão conter, essencialmente:
redação dada pela Medida Provisória nº 870, de 1º/1/2019, I - identificação do objeto;
convertida na Lei nº 13.844, de 18/6/2019) II - identificação de metas;
III - definição das etapas ou fases de execução;

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; Medida Provisória nº 737, de 6/7/2016, convertida na Lei nº 13.361,
de 23/11/2016)
V - cronograma de desembolso;
§ 3º Os militares, os servidores e os reservistas de que
VI - previsão de início e fim da execução do objeto; e
trata o § 1º deste artigo serão mobilizados na FNSP,
VII - especificação do aporte de recursos, quando for
no mesmo posto, graduação ou cargo que exerciam
o caso.
nas respectivas instituições quando estavam no
Parágrafo único. A União, por intermédio do
serviço ativo. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº
Ministério da Justiça, poderá colocar à disposição dos
781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada pela Lei nº
Estados e do Distrito Federal, em caráter 13.500, de 26/10/2017)
emergencial e provisório, servidores públicos § 4º O disposto no § 1º deste artigo aplica-se às
federais, ocupantes de cargos congêneres e de hipóteses em que a condição de inatividade não
formação técnica compatível, para execução do tenha ocorrido em razão de doença, acidente,
convênio de cooperação federativa de que trata esta invalidez, incapacidade, idade-limite, aposentadoria
Lei, sem ônus. compulsória, licenciamento ou exclusão a bem da
Art. 5º As atividades de cooperação federativa no disciplina, condenação judicial transitada em julgado
âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública ou expulsão. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº
serão desempenhadas por militares dos Estados e do 781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada pela Lei nº
Distrito Federal e por servidores das atividades-fim 13.500, de 26/10/2017)
dos órgãos de segurança pública, do sistema § 5º Aos militares, aos servidores e aos reservistas de
prisional e de perícia criminal dos entes federativos que trata o § 1º deste artigo aplica-se o regime
que celebrarem convênio, na forma do art. 1º desta disciplinar a que estão submetidos nas respectivas
Lei. (“Caput” do artigo com redação dada pela Medida Provisória instituições de origem.(Parágrafo acrescido pela Medida
nº 870, de 1º/1/2019, convertida na Lei nº 13.844, de 18/6/2019) Provisória nº 781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada
§ 1º Se forem insuficientes os convênios firmados pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)

entre a União e os entes federados para suprir a § 6º O disposto nos arts. 6º e 7º desta Lei aplica-se
previsão do efetivo da Força Nacional de Segurança aos militares, aos servidores e aos reservistas de que
Pública (FNSP), e em face da necessidade de trata o § 1º deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Medida
Provisória nº 781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada
excepcional interesse público, as atividades previstas
pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
no caput deste artigo poderão ser desempenhadas
§ 7º Anualmente, será realizada a previsão do efetivo
em caráter voluntário: (“Caput” do parágrafo acrescido pela
da FNSP pelo Ministério da Justiça e Segurança
Medida Provisória nº 737, de 6/7/2016, convertida na Lei nº 13.361,
de 23/11/2016, com redação dada pela Lei nº 13.500, de
Pública, com prioridade para a convocação, na
26/10/2017) seguinte ordem: (“Caput” do Parágrafo acrescido pela Medida
I - por militares e por servidores das atividades-fim Provisória nº 781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada
pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
dos órgãos de segurança pública e dos órgãos de
I - dos militares e dos servidores referidos no caput
perícia criminal da União, dos Estados e do Distrito
deste artigo; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
Federal que tenham passado para a inatividade há
II - dos militares, dos servidores e dos reservistas
menos de cinco anos; (Inciso acrescido pela Medida Provisória
nº 781, de 23/5/2017, convertida e com redação dada pela Lei nº
referidos no § 1º deste artigo que já possuírem o
13.500, de 26/10/2017) curso de formação da FNSP na data de publicação
II - por reservistas que tenham servido como militares desta Lei. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
temporários das Forças Armadas e passado para a § 8º A convocação dos voluntários dar-se-á por
reserva há menos de cinco anos, nos termos de processo seletivo cujos critérios serão definidos em
convênio celebrado entre o Ministério da Defesa e o regulamento. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.500, de
Ministério da Justiça e Segurança Pública. (Inciso 26/10/2017)
acrescido pela Medida Provisória nº 781, de 23/5/2017, convertida e § 9º Os militares e os servidores referidos no caput e
com redação dada pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017) no § 1º deste artigo, mobilizados para a Senasp,
§ 2º O disposto nos arts. 6º e 7º aplica-se aos militares inclusive para a FNSP, poderão nela permanecer pelo
inativos de que trata o § 1º. (Parágrafo acrescido pela prazo máximo de dois anos, prorrogável por ato do

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Penitenciário Nacional p/ Agente do DEPEN

Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Art. 6º Os servidores civis e militares dos Estados e
mediante anuência específica do respectivo ente do Distrito Federal que participarem de atividades
federado convenente. (Parágrafo acrescido pela Lei nº desenvolvidas em decorrência de convênio de
13.500, de 26/10/2017) cooperação de que trata esta Lei farão jus ao
§ 10. A permanência, até o dia 31 de janeiro de 2020, recebimento de diária a ser paga na forma prevista
dos reservistas referidos no inciso II do § 1º deste no art. 4º da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro de 1991.
artigo que, na data da publicação desta Lei, § 1º A diária de que trata o caput deste artigo será
estiverem mobilizados pela FNSP, está condicionada concedida aos servidores enquanto mobilizados no
à previsão orçamentária a que se refere o § 7º deste âmbito do programa da Força Nacional de Segurança
artigo e sua situação será definida por regulamento Pública em razão de deslocamento da sede em
do Ministério da Justiça e Segurança Pública. caráter eventual ou transitório para outro ponto do
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
território nacional e não será computada para efeito
§ 11. Os integrantes da Secretaria Nacional de
de adicional de férias e do 13º (décimo terceiro)
Segurança Pública, incluídos os da Força Nacional de
salário, nem integrará os salários, remunerações,
Segurança Pública, os da Secretaria de Operações
subsídios, proventos ou pensões, inclusive
Integradas e os do Departamento Penitenciário
alimentícias.
Nacional que venham a responder a inquérito policial
§ 2º A diária de que trata o caput deste artigo será
ou a processo judicial em função do seu emprego nas
custeada pelo Fundo Nacional de Segurança Pública,
atividades e nos serviços referidos no art. 3º desta Lei
instituído pela Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de
serão representados judicialmente pela Advocacia-
2001, e, excepcionalmente, à conta de dotação
Geral da União. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.500, de
orçamentária da União.
26/10/2017, e com redação dada pela Lei nº 13.844, de 18/6/2019)
Art. 7º O servidor civil ou militar vitimado durante as
§ 12. (VETADO na Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
atividades de cooperação federativa de que trata
§ 13. A mobilização para a FNSP dos reservistas a que
esta Lei, bem como o Policial Federal, o Policial
se refere o inciso II do § 1º deste artigo será restrita
Rodoviário Federal, o Policial Civil e o Policial Militar,
àqueles que contarem mais de um ano de serviço
em ação operacional conjunta com a Força Nacional
militar e menos de nove anos de serviço público e que
de Segurança Pública, farão jus, no caso de invalidez
atenderem às demais condições estabelecidas por
incapacitante para o trabalho, à indenização no valor
esta Lei e pelo Ministério da Justiça e Segurança
de R$ 100.000,00 (cem mil reais), e seus
Pública, considerando, ainda, que a eventual
dependentes, ao mesmo valor, no caso de morte.
prorrogação de sua permanência na FNSP só será
Parágrafo único. A indenização de que trata o caput
concedida se não implicar estabilidade. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)
deste artigo correrá à conta do Fundo Nacional de
§ 14. As despesas com a convocação e com a Segurança Pública.
manutenção dos reservistas a que se refere o inciso II Art. 8º As indenizações previstas nesta Lei não
do § 1º deste artigo serão custeadas com dotações excluem outros direitos e vantagens previstos em
orçamentárias do Ministério da Justiça e Segurança legislação específica.
Pública, nos termos do convênio estabelecido com o Art. 9º Ficam criados, no âmbito do Poder Executivo
Ministério da Defesa, no período em que integrarem Federal, para atender às necessidades do Programa
os quadros da Força Nacional de Segurança Pública. da Força Nacional de Segurança Pública, 9 (nove)
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017) cargos em comissão do Grupo Direção e
§ 15. O disposto no inciso II do caput do art. 6º da Lei Assessoramento Superiores DAS, sendo 1 (um) DAS-
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, aplica-se aos 5, 3 (três) DAS- 4 e 5 (cinco) DAS-3.
militares da reserva remunerada dos Estados e do Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Distrito Federal que exerçam cargo ou função em publicação.
Gabinete Militar, em Casa Militar ou em órgão Art. 11. Fica revogada a Lei nº 10.277, de 10 de
equivalente dos governos dos Estados e do Distrito setembro de 2001.
Federal. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.500, de 26/10/2017)

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LEI Nº 11.671/2008 áreas comuns, para fins de preservação da ordem


Dispõe sobre a transferência e inclusão de presos em interna e da segurança pública, vedado seu uso nas
estabelecimentos penais federais de segurança celas e no atendimento advocatício, salvo expressa
máxima e dá outras providências. autorização judicial em contrário. (Parágrafo acrescido
Art. 1º A inclusão de presos em estabelecimentos pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do
DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
penais federais de segurança máxima e a
§ 3º As gravações das visitas não poderão ser
transferência de presos de outros estabelecimentos
utilizadas como meio de prova de infrações penais
para aqueles obedecerão ao disposto nesta Lei.
pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento.
Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada
nos estabelecimentos penais federais será na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a
desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção publicação)
judiciária em que estiver localizado o § 4º Os diretores dos estabelecimentos penais
estabelecimento penal federal de segurança máxima federais de segurança máxima ou o Diretor do
ao qual for recolhido o preso. Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e
Parágrafo único. O juízo federal de execução penal restringir o direito de visitas previsto no inciso II do §
será competente para as ações de natureza penal que 1º deste artigo por meio de ato fundamentado.
tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada
na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a
execução da pena ou infrações penais ocorridas no
publicação)
estabelecimento penal federal. (Parágrafo único acrescido
§ 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº
pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do
DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação) 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a
Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais violação ao disposto no § 2º deste artigo. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição
federais de segurança máxima aqueles para quem a
Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
medida se justifique no interesse da segurança
Art. 4º A admissão do preso, condenado ou
pública ou do próprio preso, condenado ou
provisório, dependerá de decisão prévia e
provisório. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº
fundamentada do juízo federal competente, após
13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação) receber os autos de transferência enviados pelo juízo
§ 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de responsável pela execução penal ou pela prisão
segurança máxima, no atendimento do interesse da provisória.
segurança pública, será em regime fechado de § 1º A execução penal da pena privativa de liberdade,
segurança máxima, com as seguintes características: no período em que durar a transferência, ficará a
I - recolhimento em cela individual; cargo do juízo federal competente.
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e § 2º Apenas a fiscalização da prisão provisória será
de amigos somente em dias determinados, por meio deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de
virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) origem ao juízo federal competente, mantendo
pessoas por vez, além de eventuais crianças, aquele juízo a competência para o processo e para os
separados por vidro e comunicação por meio de respectivos incidentes.
interfone, com filmagem e gravações; Art. 5º São legitimados para requerer o processo de
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e transferência, cujo início se dá com a admissibilidade
IV - monitoramento de todos os meios de pelo juiz da origem da necessidade da transferência
comunicação, inclusive de correspondência escrita. do preso para estabelecimento penal federal de
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada segurança máxima, a autoridade administrativa, o
na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a Ministério Público e o próprio preso.
publicação)
§ 1º Caberá à Defensoria Pública da União a
§ 2º Os estabelecimentos penais federais de
assistência jurídica ao preso que estiver nos
segurança máxima deverão dispor de
estabelecimentos penais federais de segurança
monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas
máxima.

177
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§ 2º Instruídos os autos do processo de transferência, Art. 10. A inclusão de preso em estabelecimento


serão ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada, penal federal de segurança máxima será excepcional
quando não requerentes, a autoridade e por prazo determinado.
administrativa, o Ministério Público e a defesa, bem § 1º O período de permanência será de até 3 (três)
como o Departamento Penitenciário Nacional - anos, renovável por iguais períodos, quando
DEPEN, a quem é facultado indicar o solicitado motivadamente pelo juízo de origem,
estabelecimento penal federal mais adequado. observados os requisitos da transferência, e se
§ 3º A instrução dos autos do processo de persistirem os motivos que a determinaram.
transferência será disciplinada no regulamento para (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,
publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias
fiel execução desta Lei.
após a publicação)
§ 4º Na hipótese de imprescindibilidade de
§ 2º Decorrido o prazo, sem que seja feito,
diligências complementares, o juiz federal ouvirá, no
imediatamente após seu decurso, pedido de
prazo de 5 (cinco) dias, o Ministério Público Federal e
renovação da permanência do preso em
a defesa e, em seguida, decidirá acerca da
estabelecimento penal federal de segurança
transferência no mesmo prazo.
máxima, ficará o juízo de origem obrigado a receber
§ 5º A decisão que admitir o preso no
o preso no estabelecimento penal sob sua jurisdição.
estabelecimento penal federal de segurança máxima
§ 3º Tendo havido pedido de renovação, o preso,
indicará o período de permanência.
recolhido no estabelecimento federal em que estiver,
§ 6º Havendo extrema necessidade, o juiz federal
aguardará que o juízo federal profira decisão.
poderá autorizar a imediata transferência do preso e,
§ 4º Aceita a renovação, o preso permanecerá no
após a instrução dos autos, na forma do § 2º deste
estabelecimento federal de segurança máxima em
artigo, decidir pela manutenção ou revogação da
que estiver, retroagindo o termo inicial do prazo ao
medida adotada.
dia seguinte ao término do prazo anterior.
§ 7º A autoridade policial será comunicada sobre a
§ 5º Rejeitada a renovação, o juízo de origem poderá
transferência do preso provisório quando a
suscitar o conflito de competência, que o tribunal
autorização da transferência ocorrer antes da
apreciará em caráter prioritário.
conclusão do inquérito policial que presidir.
§ 6º Enquanto não decidido o conflito de
Art. 6º Admitida a transferência do preso
competência em caso de renovação, o preso
condenado, o juízo de origem deverá encaminhar ao
permanecerá no estabelecimento penal federal.
juízo federal os autos da execução penal.
Art. 11. A lotação máxima do estabelecimento penal
Art. 7º Admitida a transferência do preso provisório,
federal de segurança máxima não será ultrapassada.
será suficiente a carta precatória remetida pelo juízo
§ 1º O número de presos, sempre que possível, será
de origem, devidamente instruída, para que o juízo
mantido aquém do limite de vagas, para que delas o
federal competente dê início à fiscalização da prisão
juízo federal competente possa dispor em casos
no estabelecimento penal federal de segurança
emergenciais.
máxima.
§ 2º No julgamento dos conflitos de competência, o
Art. 8º As visitas feitas pelo juiz responsável ou por
tribunal competente observará a vedação
membro do Ministério Público, às quais se referem os
estabelecida no caput deste artigo.
arts. 66 e 68 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984,
Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou à
serão registradas em livro próprio, mantido no
prorrogação da permanência do preso em
respectivo estabelecimento.
estabelecimento penal federal de segurança
Art. 9º Rejeitada a transferência, o juízo de origem
máxima, à concessão ou à denegação de benefícios
poderá suscitar o conflito de competência perante o
prisionais ou à imposição de sanções ao preso federal
tribunal competente, que o apreciará em caráter
poderão ser tomadas por órgão colegiado de juízes,
prioritário.
na forma das normas de organização interna dos
tribunais. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019,

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publicada na Edição Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na
após a publicação)
prática reiterada de crimes com violência ou grave
Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão
ameaça;
construir estabelecimentos penais de segurança
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde
máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será
que essa condição represente risco à sua integridade
aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei. (Artigo
física no ambiente prisional de origem; ou
acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição
Extra do DOU de 24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação)
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de
Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua violência ou de grave indisciplina no sistema prisional
publicação (08/05/2008). de origem.
Art. 4o Constarão dos autos do processo de inclusão
ou de transferência, além da decisão do juízo de
origem sobre as razões da excepcional necessidade
da medida, os seguintes documentos:
I - tratando-se de preso condenado:
DECRETO Nº 6.877/2008 a) cópia das decisões nos incidentes do processo de
execução que impliquem alteração da pena e regime
Regulamenta a Lei no 11.671, de 8 de maio de 2008,
a cumprir;
que dispõe sobre a inclusão de presos em
b) prontuário, contendo, pelo menos, cópia da
estabelecimentos penais federais de segurança
sentença ou do acórdão, da guia de recolhimento, do
máxima ou a sua transferência para aqueles
atestado de pena a cumprir, do documento de
estabelecimentos, e dá outras providências.
identificação pessoal e do comprovante de inscrição
Art. 1o Este Decreto regulamenta o processo de
no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF, ou, no caso
inclusão e transferência de presos para
desses dois últimos, seus respectivos números; e
estabelecimentos penais federais de segurança
c) prontuário médico; e
máxima, nos termos da Lei no 11.671, de 8 de maio de
II - tratando-se de preso provisório:
2008.
a) cópia do auto de prisão em flagrante ou do
Art. 2o O processo de inclusão e de transferência, de
mandado de prisão e da decisão que motivou a prisão
caráter excepcional e temporário, terá início
cautelar;
mediante requerimento da autoridade
b) cópia da denúncia, se houver;
administrativa, do Ministério Público ou do próprio
c) certidão do tempo cumprido em custódia cautelar;
preso.
d) cópia da guia de recolhimento; e
§ 1o O requerimento deverá conter os motivos que
e) cópia do documento de identificação pessoal e do
justifiquem a necessidade da medida e estar
comprovante de inscrição no CPF, ou seus
acompanhado da documentação pertinente.
respectivos números.
§ 2o O processo de inclusão ou de transferência será
Art. 5o Ao ser ouvido, o Departamento Penitenciário
autuado em apartado.
Nacional do Ministério da Justiça opinará sobre a
Art. 3o Para a inclusão ou transferência, o preso
pertinência da inclusão ou da transferência e indicará
deverá possuir, ao menos, uma das seguintes
o estabelecimento penal federal adequado à
características:
custódia, podendo solicitar diligências
I - ter desempenhado função de liderança ou
complementares, inclusive sobre o histórico criminal
participado de forma relevante em organização
do preso.
criminosa;
Art. 6o Ao final da instrução do procedimento e após
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua
a manifestação prevista no art. 5o, o juiz de origem,
integridade física no ambiente prisional de origem;
admitindo a necessidade da inclusão ou da
III - estar submetido ao Regime Disciplinar
transferência do preso, remeterá os autos ao juízo
Diferenciado - RDD;
federal competente.

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Art. 7o Recebidos os autos, o juiz federal decidirá Parágrafo único. Se o egresso optar em não retornar
sobre a inclusão ou a transferência, podendo ao local de origem, deverá formalizar perante o
determinar diligências complementares necessárias diretor do estabelecimento penal federal sua
à formação do seu convencimento. manifestação de vontade, ficando o Departamento
Art. 8o Admitida a inclusão ou a transferência, o juízo Penitenciário Nacional dispensado da providência
de origem deverá encaminhar ao juízo federal referida no caput.
competente: Art. 12. Mediante requerimento da autoridade
I - os autos da execução penal, no caso de preso administrativa, do Ministério Público ou do próprio
condenado; e preso, poderão ocorrer transferências de presos
II - carta precatória instruída com os documentos entre estabelecimentos penais federais.
previstos no inciso II do art. 4o, no caso de preso § 1o O requerimento de transferência, instruído com
provisório. os fatos motivadores, será dirigido ao juiz federal
Art. 9o A inclusão e a transferência do preso poderão corregedor do estabelecimento penal federal onde o
ser realizadas sem a prévia instrução dos autos, preso se encontrar, que ouvirá o juiz federal
desde que justificada a situação de extrema corregedor do estabelecimento penal federal de
necessidade. destino.
§ 1o A inclusão ou a transferência deverá ser § 2o Autorizada e efetivada a transferência, o juiz
requerida diretamente ao juízo de origem, instruída federal corregedor do estabelecimento penal federal
com elementos que demonstrem a extrema em que o preso se encontrava comunicará da decisão
necessidade da medida. ao juízo de execução penal de origem, se preso
§ 2o Concordando com a inclusão ou a transferência, condenado, ou ao juízo do processo, se preso
o juízo de origem remeterá, imediatamente, o provisório, e à autoridade policial, se for o caso.
requerimento ao juízo federal competente. Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua
§ 3o Admitida a inclusão ou a transferência publicação (18/06/2009).
emergencial pelo juízo federal competente, caberá
ao juízo de origem remeter àquele, imediatamente,
os documentos previstos nos incisos I e II do art. 4o.
Art. 10. Restando sessenta dias para o
encerramento do prazo de permanência do preso no
estabelecimento penal federal, o Departamento
Penitenciário Nacional comunicará tal circunstância
ao requerente da inclusão ou da transferência,
solicitando manifestação acerca da necessidade de
renovação.
Parágrafo único. Decorrido o prazo estabelecido
no § 1º do art. 10 da Lei nº 11.671, de 2008, e não
havendo manifestação acerca da renovação da
permanência, o preso retornará ao sistema prisional
ou penitenciário de origem.
Art. 11. Na hipótese de obtenção de liberdade ou
progressão de regime de preso custodiado em
estabelecimento penal federal, caberá ao
Departamento Penitenciário Nacional providenciar o
seu retorno ao local de origem ou a sua transferência
ao estabelecimento penal indicado para
cumprimento do novo regime.

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PORTARIA DISPF/DEPEN Nº 11/2015 § 2º. Será fornecida alimentação diferenciada ao


Aprova o Manual de Assistências do Sistema preso que apresentar restrições alimentares,
Penitenciário Federal, aplicável no âmbito das conforme prescrições médicas, relacionadas ao
Penitenciárias Federais na forma dos Anexos a esta quadro clínico do interno, ou por questões religiosas
Portaria e dá outras providências. ou culturais.
A DIRETORA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO § 3º. Será fornecido ao preso, água potável em
FEDERAL, no uso de suas atribuições legais e com quantidade suficiente para o seu sustento.
fundamento no artigo 28, V, do Decreto nº. 6.061, de § 4º. Os contratos de fornecimento de alimentação
15 de março de 2007 e no art. 41 do Regimento deverão prever o preparo de cardápio especial nos
Interno do Departamento Penitenciário Nacional, dias definidos pela Portaria 486/2010 do SPF, para
aprovado pela Portaria GM nº 674, de 20 de março de comemoração da Páscoa, do Dia dos Pais e Natal,
2008, RESOLVE: bem como para os casos previstos no §2º.
Art. 1º. Aprovar o Manual de Assistências do Sistema § 5º. A alimentação especial para os dias de visitas
Penitenciário Federal, aplicável no âmbito das citadas no parágrafo anterior serão entregues aos
Penitenciárias Federais, na forma dos Anexos a esta presos sem visita em suas respectivas celas, e aos que
Portaria. tiverem visita no pátio de visita.
Art. 2º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua § 6º. O fiscal do contrato fiscalizará o fornecimento
publicação. da alimentação e proporá eventuais aditamentos.
Art. 3º. Ficam revogadas as Portarias DISPF/DEPEN
IV - DO VESTUÁRIO E ROUPAS DE CAMA E
nº 063 de 08 de abril de 2009, nº 123 de 19 de BANHO
setembro de 2007, nº 287 de 14 de maio de 2010, nº Art. 4º. O preso, ao ingressar na penitenciária
147 de 09 de abril de 2012 e nº 09 de 26 de outubro federal, receberá um enxoval, contendo:
de 2015. I – 02 calças de brim;
ANEXO I - MANUAL DE ASSISTÊNCIAS DO II – 02 bermudas;
SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL III – 02 camisetas manga longa;
IV – 02 camisetas manga curta;
I - DAS ASSISTÊNCIAS
Art. 1º. As assistências prestadas ao preso do V – 03 cuecas;
sistema penitenciário federal consistem em ações VI – 02 toalhas de banho;
destinadas a atender as suas necessidades básicas, VII – 02 lençóis;
conforme os mandamentos da lei de execução penal VIII – 01 par de tênis;
e afins, e ofertar oportunidades para melhorar a sua IX – 01 par de sandálias;
capacidade de reintegração na sociedade. X – 02 pares de meias;
XI – 02 fronhas;
II - DA ASSISTÊNCIA MATERIAL XII – 01 travesseiro;
Art. 2º. A assistência material compreende a oferta XIII – 01 colchão;
de alimentação, vestuário, roupas de cama, material § 1º. O vestuário e as roupas de cama deverão estar
de higiene pessoal e da cela, e outras porventura em bom estado de conservação e serão substituídos
necessárias. uma vez por semana, para fins de higienização.
III - DA ALIMENTAÇÃO § 2º. Quando o preso apresentar patologia que
Art. 3º. A alimentação ao preso consiste no necessite substituições diferenciadas do vestuário e
desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, das roupas de cama e banho, essas ocorrerão
jantar e ceia, atendendo a critérios nutricionais conforme a situação o exigir.
especialmente definidos para a manutenção da sua § 3º. O par de tênis e o par de sandálias serão repostos
saúde. a cada 3 meses.
§ 1º. Cada refeição deverá ser servida no turno
previsto para o seu consumo.

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§ 4º. O colchão e o travesseiro serão mantidos em Art. 8º. Será permitido aos presos condenados ou
bom estado de higiene, sendo substituídos quando o provisórios internados nos estabelecimentos penais
seu estado de conservação o exigir. federais ter consigo, em cela, os seguintes objetos ou
§ 5º. Quando, devido às condições climáticas do local materiais:
da penitenciária, o preso necessitar de vestuário I – medicamentos receitados pelos profissionais de
específico deverá receber: 01 touca, 01 par de luvas, saúde em exercício no estabelecimento penal
01 casaco de lã, 02 agasalhos de moletom, 02 calças federal, ou por eles homologados, de acordo com a
de moletom e 02 cobertores. programação de entrega semanal e na quantidade
§ 6º. A substituição dos itens do § 5º, para fins de necessária para tratamento de
higienização, dar-se-á bimestralmente. enfermidades/agravos de saúde;
§ 7º. O quantitativo e a frequência de fornecimento II – óculos de grau, aparelhos auditivos, cadeiras de
dos itens do enxoval poderão ser alterados de acordo roda, muletas, próteses, órteses, joelheiras,
com as condições climáticas do local da Penitenciária tornozeleiras e outros materiais semelhantes, desde
Federal, bem como em razão da sua disponibilidade que comprovada a sua necessidade por indicação de
no almoxarifado. especialistas/profissionais de saúde em exercício no
estabelecimento penal federal ou por eles
V - DO MATERIAL DE HIGIENE PESSOAL
homologados;
Art. 5º. Ao ingressar na penitenciária federal o preso
III - livros, revistas e outros periódicos
receberá os seguintes materiais de higiene pessoal:
disponibilizados pela biblioteca do estabelecimento
I – 01 sabonete;
penal federal ou fornecidos ao preso mediante
II – 01 rolo de papel higiênico;
autorização do diretor, conforme disposto no art.
III – 01 frasco de desodorante;
102;
IV – 01 escova de dentes;
IV – material informativo de seus direitos, deveres,
V – 01 tubo de creme dental;
regras disciplinares e de assistência penitenciária,
VI – 01 copo de detergente; VII – 01 pano de chão.
entregues na sua inclusão;
§ 1º. O sabonete, o rolo de papel higiênico e o copo
V – material didático entregue pelo estabelecimento
de detergente serão repostos semanalmente.
penal federal, para uso nos horários e locais
§ 2º. O frasco de desodorante será reposto
estabelecidos;
mensalmente e o tubo de creme dental a cada 21
VI – objetos ou materiais que integrem o enxoval
dias.
referido no Artigo 4º e seus incisos;
§ 3º. A escova de dentes será reposta a cada 60 dias.
VII – fotografias do cônjuge, companheira(o) e
§ 4º. O pano de chão será reposto trimestralmente.
parentes, sem molduras, em quantidade máxima de
§ 5º. O quantitativo e a frequência de fornecimento
cinco exemplares e desde que o tamanho não seja
dos itens de higiene pessoal poderão ser alterados de
superior a 15x20cm;
acordo com as condições de sua utilização e
VIII – material de higiene pessoal ou da cela, referidos
disponibilidade no almoxarifado.
no Artigo 5º e seus incisos.
Art. 6º. O preso será responsabilizado
§ 1º. A critério do diretor do estabelecimento penal
disciplinarmente pela má utilização dos materiais
federal e mediante decisão motivada em
recebidos.
requerimento fundamentado, poderá ser autorizado
Art. 7º. Compete ao serviço administrativo
que o preso tenha consigo objetos ou materiais não
coordenar a entrega dos materiais constantes nos
previstos nos incisos I a VIII deste artigo.
artigos 4º e 5º, seus incisos e parágrafos, bem como
§ 2º. As tornozeleiras, joelheiras, cintas e outros
monitorar o uso dos mesmos, comunicando ao
materiais semelhantes deverão ser padronizados nas
diretor da penitenciária federal as irregularidades
cores azul ou bege.
observadas pelos demais servidores que têm contato
direto com os presos, cujos apontamentos deverão
ser encaminhados à chefia desse serviço.

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VI - DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE necessários ao exercício da medicina e ao bom


Art. 9°. A assistência à saúde, prestada de forma atendimento do preso.
individualizada e em estrito cumprimento aos Art. 14. Ao(a) médico (a) em exercício na
preceitos legais e éticos, tem caráter integral e penitenciária federal compete:
compreende ações de promoção, prevenção, cura e I – realizar avaliação de saúde de todo preso que
reabilitação, envolvendo atendimento de clínica ingressar na penitenciária federal, a fim de ser
médica e psiquiátrica, odontológico, farmacêutico, verificada sua integridade física e mental, presença
psicológico, social, de enfermagem e de terapia de doenças, especialmente infectocontagiosas, e se
ocupacional. é portador de necessidades especiais, visando
Art. 10. A assistência à saúde prestada ao preso orientar seu tratamento e outras providências que a
estará vinculada às diretrizes e ações da Política sua situação de saúde requeira;
Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas II – integrar a Comissão Técnica de Classificação –
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional CTC, quando nomeado pelo diretor da penitenciária;
(PNAISP), definidas na Portaria Interministerial III – elaborar, bimestralmente, relatório contendo
MS/MJ nº 01/2014 e na Portaria MS nº 482/2014, que informações pertinentes à saúde do preso para
estabelece normas para a operacionalização da compor os pareceres técnicos da CTC;
PNAISP e outras normas vigentes. IV – solicitar ao chefe do serviço de saúde a provisão
Art. 11. O serviço de saúde será chefiado por servidor ou substituição de materiais, instrumentais e
que manterá essa assistência integrada equipamentos, assim como propor as medidas
multisetorialmente, liderando os membros da administrativas necessárias ao bom funcionamento
equipe para a elaboração de um perfil adequado às da área médica;
condições físicas e psicológicas reais do preso no ato V – informar ao chefe do serviço de saúde os casos de
de inclusão e para a execução dos serviços doenças infecto-contagiosas e de ser o preso
necessários, de forma colaborativa, e realizando portador de necessidades especiais, apresentando as
reuniões mensais com toda a equipe para uma sugestões que julgar pertinentes;
melhor assistência ao preso. VI – atender, regularmente, os presos enfermos, para
Parágrafo único. O chefe do serviço de saúde o acompanhamento, avaliação e conduta do quadro
encaminhará, mensalmente, ao diretor da de saúde destes;
penitenciária federal, relatório consolidado das VII – encaminhar relatório com informações
atividades realizadas, propondo, se for o caso, necessárias para subsidiar o chefe do serviço de
medidas orientadas à melhoria da qualidade dessa saúde e a direção sobre questionamentos
assistência. apresentados por advogados e juízes;
Art. 12. Os profissionais de saúde em exercício na VIII – solicitar e/ou prestar informações técnicas aos
unidade deverão acompanhar, regularmente, todos demais profissionais de saúde quando for necessário;
os presos reclusos, inclusive aqueles que se IX – elaborar relatório quantitativo e qualitativo de
encontrem em cumprimento de sanção disciplinar de todas as atividades desenvolvidas pela área e
isolamento, relatando, por escrito, ao chefe do encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de
serviço, as possíveis alterações no estado de saúde saúde;
que verificarem em decorrência do isolamento, X – registrar no sistema informatizado de
propondo medidas que entenderem necessárias. administração penitenciária e em prontuário de
saúde dos presos, informações relativas a sua área de
VII - DO ATENDIMENTO MÉDICO
atuação;
Art. 13. O serviço de saúde da penitenciária federal
XI – executar outras atividades pertinentes ao
terá consultórios para o atendimento dos presos por
cargo/área, bem como, as determinações exaradas
médicos na modalidade clínica médica e psiquiátrica.
pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da
Parágrafo único. Os consultórios conterão os
unidade.
materiais, instrumentais e equipamentos

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§ 1º. O preso portador de patologia que necessite de pertinentes à saúde mental do preso para compor os
alimentação diferenciada, bem como de medicação pareceres técnicos da Comissão Técnica de
de uso contínuo, será assistido pelos demais Classificação – CTC;
profissionais da área de saúde da penitenciária IV – solicitar ao chefe do serviço de saúde a provisão
federal, para efeito de controle e acompanhamento. ou substituição de materiais, instrumentais e
§ 2º. Quando a unidade não estiver aparelhada de equipamentos, assim como propor as medidas
recursos materiais ou humanos para prover a administrativas necessárias ao bom funcionamento
assistência médica necessária, esta será prestada em da área psiquiátrica;
outro local, mediante autorização do diretor (§2º, do V – realizar o atendimento psiquiátrico dos presos
Art. 14 da Lei 7.210/84). nas dependências do serviço de saúde;
Art. 15. O preso submetido a tratamento VI – informar, imediatamente, por escrito, ao chefe
ambulatorial, poderá contratar, às suas expensas, do serviço de saúde, a constatação de doença mental
médico de sua confiança, para orientar e em presos, juntando laudos e/ou perícias para fins de
acompanhar o seu caso, desde que autorizado pelo tratamento e outras providências. Em sua ausência,
diretor da penitenciária federal, após parecer do a informação pode ser prestada por outro médico;
médico em exercício na unidade. VII – realizar o atendimento psiquiátrico de urgência
§ 1º. A consulta ao médico particular, sempre que e emergência;
autorizada pelo diretor da penitenciária federal, VIII – prescrever medicamentos de manutenção
deverá ser realizada nas instalações do serviço de enquanto persistir distúrbio mental;
saúde, em dia e horário previamente agendados. IX – encaminhar relatório com informações
§ 2º. Por ocasião da entrada na penitenciária federal, necessárias para subsidiar o chefe do serviço de
o médico particular deverá sujeitar-se aos saúde e a direção sobre questionamentos
procedimentos previstos nas normas de segurança, apresentados por advogados e juizes;
portando apenas os instrumentais e os materiais X – contribuir com os seus conhecimentos para o
indispensáveis ao exercício de sua atividade, desenvolvimento de projetos executados por outras
previamente informados e autorizados pelo Diretor áreas;
da Unidade ou Chefe de segurança. XI - solicitar e/ou prestar informações técnicas aos
§ 3º. Na hipótese de o médico particular verificar demais profissionais de saúde quando for necessário;
situação que exija atenção especial imediata ao XII - participar de todas as reuniões interdisciplinares
preso, o fato deverá ser registrado detalhadamente convocadas pela área de saúde;
no prontuário de saúde e comunicado ao chefe do XIII - elaborar relatório quantitativo e qualitativo de
serviço de saúde, o qual dará conhecimento ao todas as atividades desenvolvidas pela área e
diretor da penitenciária federal, que adotará as encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de
providências necessárias. saúde;
§ 4º. É vedada a realização de cirurgias estéticas e de XIV - registrar no sistema informatizado de
caráter eletivo ao preso custodiado em penitenciária administração penitenciária e em prontuário de
federal, salvo - no caso das eletivas - as realizadas saúde dos presos, informações relativas a sua área de
pelo SUS. atuação;
Art. 16. Ao(a) psiquiatra em exercício na XV – executar outras atividades pertinentes ao
penitenciária federal compete: cargo/área, bem como, as determinações exaradas
I – realizar anamnese psiquiátrica durante período de pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da
inclusão do preso para avaliar o seu estado de saúde unidade.
mental; Parágrafo único. Ao tomar conhecimento acerca de
II – integrar a Comissão Técnica de Classificação – constatação de doença mental, o diretor da
CTC; penitenciária federal comunicará o fato ao juiz
III – participar das reuniões e elaborar, corregedor federal, podendo sugerir providências de
bimestralmente, relatório contendo informações acordo com o diagnóstico médico.

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Art. 17. Será prestada assistência psiquiátrica ou padronização. Nestes casos, o profissional deverá
psicológica ao preso incluído no Regime Disciplinar preencher o formulário para a solicitação de
Diferenciado - RDD, devendo ser relatadas ao chefe medicamento ou material não padronizado, previsto
do serviço de saúde, por escrito, as alterações da na citada norma.
saúde mental que eventualmente apresentar, Parágrafo único. É vedado o fornecimento de
sugerindo as medidas necessárias. medicamentos não contemplados na referida
Portaria, cujo caráter seja estético, mesmo que o
VIII - DAS PRESCRIÇÕES DE MEDICAMENTOS E
prescritor o justifique.
OUTROS
Art. 18. As prescrições de medicamentos deverão ser Art. 22. No caso de prescrição de medicamentos em
precedidas de consulta ao profissional prescritor e instituição de saúde conveniada com o SUS, esta
adotarão a Denominação Comum Brasileira (DCB), deverá ser emitida em formulário próprio com
ou, na sua falta, a Denominação Comum identificação do símbolo do SUS e conterá, além dos
Internacional (DCI). requisitos previstos nos incisos I a VI do artigo 20 e
Art. 19. Todas as prescrições de medicamentos seus parágrafos, a identificação da unidade de
deverão ser registradas no prontuário de saúde do atendimento e o número do prontuário.
preso, estando sujeitas ao monitoramento e Art. 23. No caso de medicamentos prescritos por
avaliação nas supervisões técnicas e auditorias de médico particular do preso, que não constem na
rotina. Portaria referida no artigo 21, a aquisição dos
Art. 20. As prescrições de medicamentos deverão ser mesmos dependerá de laudo médico que deverá
emitidas em papel timbrado da instituição e constar o diagnóstico, CID 10 e a justificativa da não
obedecerão aos seguintes requisitos: opção pelos medicamentos padronizados, devendo a
I – redação a tinta, por extenso, de modo legível, prescrição cumprir os requisitos previstos nos incisos
preferencialmente impressa; I a VI e parágrafos do artigo 22.
II – nome completo do paciente; § 1º. As prescrições de medicamentos, materiais
III – identificação dos medicamentos pela DCB ou médico-hospitalares ou procedimentos previstos
DCI, em consonância com a legislação vigente, não pelo médico particular do preso deverão ser
sendo permitido o uso de abreviaturas e nome encaminhadas ao chefe do serviço de saúde ou
comercial; médico em exercício na Unidade que, respeitando os
IV – concentração, forma farmacêutica, quantidade a preceitos legais e éticos, fará, antes da adoção das
ser dispensada e posologia (dose, freqüência e medidas prescritas, uma avaliação delas, que serão
duração do tratamento) dos medicamentos; registradas no prontuário de saúde do preso, onde
V – data da emissão; constará toda e qualquer providência adotada.
VI – assinatura e carimbo de identificação. § 2º. Qualquer divergência entre o médico em
§1º. Na ausência do carimbo, o prescritor deverá apor exercício na penitenciária federal e o médico
o seu nome completo em letra legível e o número de particular do preso, incluindo a duração, a
registro no respectivo Conselho. periodicidade de tratamentos, controle e visitas
§ 2º. O preenchimento dos itens de que trata este assistenciais, será levada à consideração do juiz
artigo é de responsabilidade do prescritor, sob pena corregedor federal competente, pelo diretor da
das sanções previstas em lei. unidade.
Art. 21. Os medicamentos prescritos deverão estar § 3º. O médico particular do preso deverá ser
entre os constantes da Portaria DISPF/DEPEN nº 370, informado do teor deste artigo, antes do primeiro
de 03 de agosto de 2011, que aprova a padronização atendimento ao seu paciente.
de medicamentos e materiais médico-hospitalares § 4º. No caso do diretor da penitenciária federal, em
para o Sistema Penitenciário Federal, salvo se a caráter excepcional, permitir o fornecimento ao
situação clínica, devidamente justificada, demandar preso, de medicamentos que não tenham sido
a utilização de fármacos não elencados na adquiridos pelo Sistema Penitenciário Federal,
inclusive amostra-grátis, os fármacos serão

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previamente encaminhados ao serviço de saúde do Art. 26. As prescrições médicas e as dispensações de


estabelecimento para as providências necessárias, e medicamentos que integram o elenco de programas
ficarão sujeitos aos mesmos critérios de fiscalização municipais, estaduais e/ou federais de saúde deverão
e controle. seguir o protocolo do referido programa, assim como
Art. 24. As prescrições de medicamentos terão a legislação pertinente.
validade por 30 (trinta) dias para efeito de Art. 27. As prescrições de medicamentos utilizados
fornecimento ao preso, a partir da data de sua no tratamento de doenças agudas, constantes na
emissão, salvo: Tabela 1 do Anexo II, serão fornecidas para um prazo
I – medicamentos pertencentes às classes máximo de 7 (sete) dias, obedecendo à posologia
terapêuticas constantes na Tabela 1 do Anexo II, especificada na prescrição, salvo em situações
utilizados no tratamento de doenças agudas, que justificadas clinicamente pelo prescritor, no verso da
terão validade de no máximo 10 (dez) dias, a partir da receita, que, além de avaliadas pelo farmacêutico,
data de sua emissão; terá a 2ª via retida.
II – medicamentos pertencentes às classes Art. 28. As prescrições de antibióticos, utilizados no
terapêuticas constantes na Tabela 2 do Anexo II, tratamento de doenças agudas, serão fornecidas
utilizados no tratamento de doenças crônicas e para um período máximo de 14 (catorze) dias, salvo
aqueles de uso contínuo, que terão validade de no em situações justificadas clinicamente pelo
máximo 06 (seis) meses, a partir da data de sua prescritor no verso da receita, que, além de avaliadas
emissão; pelo farmacêutico, terá a 2ª via retida.
III – antibióticos e antianêmicos utilizados em Art. 29. Os medicamentos injetáveis somente serão
tratamento prolongado, que terão validade de no fornecidos para uso imediato no serviço de saúde.
máximo 03 (três) meses, a partir da data de sua Art. 30. Os medicamentos utilizados no tratamento
emissão. de doenças crônicas, constantes na Tabela 2 do
§ 1º. A entrega normal dos medicamentos aos presos Anexo II, e os medicamentos de uso contínuo, serão
será realizada nos dias estabelecidos pelo Diretor da fornecidos de forma gradual, obedecendo aos dias
Unidade e, na sua ausência, pelo Chefe do Serviço de de entrega estabelecidos no § 1º do artigo 24, de
Saúde. acordo com a posologia especificada pelo prescritor.
§ 2º. A entrega de medicamentos será realizada pela Art. 31. Quando algum medicamento que integra o
equipe técnica do SESA, mediante recibo, em elenco de programas do SUS, como hanseníase,
embalagens identificadas com o nome do preso, do tuberculose ou filariose, estiver temporariamente
medicamento e da posologia, que conterão indisponível na unidade de saúde de referência do
quantidades limitadas para manter a continuidade local da penitenciária federal, o chefe do serviço de
do tratamento até a entrega subseqüente, enquanto saúde da unidade deverá averiguar a disponibilidade
durar a prescrição. Nas vésperas de fim de semanas e do item em outra farmácia da rede do SUS e adotará
feriados deverão ser entregues quantidades as medidas visando a sua obtenção.
suficientes para atendimento até o próximo dia da Art. 32. São admitidas as alterações de formas
entrega. farmacêuticas realizadas pelo farmacêutico, desde
Art. 25. As prescrições médicas emitidas para um que mantida a posologia prescrita e identificada a
período superior a 30 (trinta) dias, deverão alteração realizada na prescrição e no prontuário do
apresentar, de maneira explícita, a identificação do paciente, seguida de assinatura e carimbo do
referido prazo de tratamento, que não ultrapassará a responsável pela alteração, devendo ser comunicado
6 (seis) meses, por meio da posologia e quantidade ao prescritor, quando couber.
total de unidades farmacêuticas a serem utilizadas Art. 33. O preso que fizer uso de medicamentos
e/ou por meio da descrição do tempo de tratamento. classificados como excepcionais na Portaria
Caso não conste a descrição do período, os GM/MS nº 2.577, de novembro 2006, ou outra que a
medicamentos serão fornecidos para, no máximo, 30 venha substituir deverá ser cadastrado no Programa
(trinta) dias de tratamento.

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de Medicamentos Excepcionais e seguir todos os VI – forma de armazenamento, catalogação,


protocolos estabelecidos para o fornecimento. controle de estoque, distribuição e utilização de
medicamentos e correlatos.
IX - DAS INSTALAÇÕES PARA ASSISTÊNCIA À
SAÚDE XI – DAS CONSULTAS, EXAMES E INTERNAÇÃO
Art. 34. A penitenciária federal disporá de DO PRESO FORA DO PRESÍDIO
instalações adequadas de consultórios médico, de Art. 38. As consultas, exames e internação do preso
enfermagem, odontológico, psicológico, terapeuta para o tratamento de saúde fora da penitenciária
ocupacional e de assistência social, bem como federal dependerão de autorização do diretor da
espaços adequados para enfermaria e farmácia, que unidade, com base em parecer do médico em
deverão contar com materiais, instrumental e exercício na unidade ou determinação judicial, salvo
medicamentos necessários para proporcionar aos nos casos emergenciais.
presos a devida assistência. § 1º. A internação será comunicada ao juiz
Art. 35. A penitenciária federal disporá de espaço corregedor federal competente.
dotado dos equipamentos e materiais necessários, § 2º. As consultas, exames e internação do preso
destinado ao expurgo de material e instrumental deverão ser feitas em unidade integrada ao Sistema
contaminado, para a sua desinfecção, visando à Único de Saúde - SUS, salvo nos casos de
posterior esterilização. determinação judicial em contrário.
Parágrafo único. Os resíduos do serviço de saúde § 3º. Durante o deslocamento e tempo das consultas,
deverão ser diariamente recolhidos e acondicionados dos exames e da internação, o preso permanecerá
em recipientes apropriados, para fins de descarte ou sob escolta.
incineração, conforme legislação vigente. § 4º. Tão logo seja possível, o preso retornará à
Art. 36. A penitenciária federal disporá de uma penitenciária federal, podendo, se for o caso,
central de esterilização, em espaço adequado e permanecer internado na enfermaria da unidade ou
provido de autoclave e outros equipamentos e nas celas do setor de saúde, para continuidade do
materiais necessários. tratamento médico.
Parágrafo único. A central de esterilização deverá
XII - DO PRONTUÁRIO DE SAÚDE
receber, armazenar, controlar e distribuir os
Art. 39. O prontuário de saúde, de caráter individual,
materiais relativos aos procedimentos médicos,
confidencial e permanente, criado no âmbito do
odontológicos e de enfermagem. X - DAS
Sistema Penitenciário Federal, destinado aos presos
INSPEÇÕES
recolhidos nas suas unidades, será constantemente
Art. 37. Os chefes do serviço de saúde, da divisão de
atualizado pelo serviço de saúde, e composto dos
segurança, do serviço administrativo e da divisão de
registros de profissionais da área de saúde,
reabilitação realizarão, conjuntamente, inspeções
especificamente, de médicos, da enfermagem, da
periódicas nas dependências da unidade, propondo
odontologia, da psicologia, do serviço social, da
ao diretor, quando necessário, providências relativas
farmácia e da terapia ocupacional.
à aos assuntos abaixo relacionados:
§ 1º. Os laudos, pareceres e outras informações
I – higiene e asseio da penitenciária federal e dos
relevantes sobre o preso, inseridas no prontuário de
presos;
saúde devem conter o seu nome completo, e, sempre
II – quantidade, qualidade, preparo e distribuição dos
que possível, outros dados que o individualizem.
alimentos;
§ 2º. As informações do prontuário de saúde do preso
III – salubridade, calefação, iluminação e arejamento
deverão estar registradas no sistema informatizado
de todas as áreas;
de administração penitenciária, respeitado o sigilo
IV – qualidade e limpeza do enxoval;
profissional e informações adicionais digitalizadas
V – observância das regras relativas à atividade física
poderão acompanhar o preso no caso de sua
e desportiva;
remoção de uma penitenciária federal para outra, ou
qualquer estabelecimento penal.

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§ 3º. A cópia do prontuário de saúde poderá ser de maior risco, com a finalidade de proporcionar a
fornecida, mediante requerimento do advogado, assistência às necessidades reais detectadas.
desde que com anuência do próprio preso, assim Art. 44. Anualmente, serão realizadas campanhas de
como no caso de decisão judicial, sempre autorizado imunização e outras ações preventivas de saúde, de
pelo Diretor da unidade. acordo com calendário do Ministério da Saúde e
agenda estabelecida com o executor local do SUS.
XIII - DAS COMUNICAÇÕES SOBRE O ESTADO DE
Art. 45. Os especialistas médicos, psicólogos,
SAÚDE DO PRESO
Art. 40. É direito do preso ser informado, de forma enfermeiros e outros servidores em exercício na
clara e compreensível, sobre o seu estado de saúde, penitenciária federal deverão, assim que tiverem
inclusive, as terapêuticas necessárias. conhecimento, comunicar ao chefe do serviço de
Parágrafo único. Quando o preso se encontrar saúde, que informará imediatamente ao diretor da
gravemente enfermo, a sua família ou pessoa por ele unidade, os casos de presos que estejam acometidos
indicada, deverá ser imediatamente comunicada. de graves transtornos mentais e que possam expor a
Art. 41. Quando o preso internado na enfermaria da risco a sua própria integridade física ou a vida de
penitenciária federal não puder ser encaminhado outras pessoas, bem como os casos de moléstias
para o local destinado à visitação, poderá ser infecto-contagiosas, promovendo, neste caso, as
autorizado pelo Diretor que um ou dois familiares medidas necessárias para evitar a disseminação do
possam visitá-lo na enfermaria, salvo contágio.
contraindicação médica ou de segurança. Art. 46. O tratamento médico será realizado com o
Parágrafo único. As visitas ao preso internado em consentimento do preso, havendo recusa será esta
unidade de saúde fora da penitenciária federal dar- registrada no prontuário de saúde e firmada pelo
se-ão em conformidade com as normas do Sistema interessado, devendo o fato ser comunicado ao juiz
Penitenciário Federal e da instituição hospedeira, corregedor federal para as providências que julgar
devendo realizar-se sob supervisão dos responsáveis pertinentes.
pela escolta. Parágrafo único. Somente nos casos de perigo
Art. 42. No caso de falecimento de preso, o fato iminente para a vida do preso, se admitirá
deverá ser imediatamente comunicado pelo Diretor tratamento sem o seu consentimento, comunicando
da penitenciária ao Diretor do Sistema Penitenciário a adoção dessa medida ao referido juiz.
Federal, ao Juiz Corregedor Federal e à família do Art. 47. No caso de greve de fome de preso serão
falecido. adotadas as providências previstas na Resolução nº
Parágrafo único. O Diretor da penitenciária federal, 04, de 23 de novembro de 2005, do Conselho
tão logo seja possível, encaminhará toda a Nacional de Política Criminal e Penitenciária do
documentação relativa ao óbito, inclusive, relatórios Ministério da Justiça, que aprovou o Manual de
circunstanciados de perícia ao Diretor do Sistema Atendimento em Situações Especiais – GREVE DE
Penitenciário Federal, ao Juiz Corregedor Federal e à FOME, devendo o diretor da penitenciária federal
família do falecido. comunicar o fato ao diretor do Sistema Penitenciário
Federal e ao juiz corregedor.
XIV - DOS PROCEDIMENTOS NO INTERESSE DA Art. 48. O preso que tentar suicídio ou for vítima de
SAÚDE DO PRESO surtos psicóticos, depois de socorrido ou
Art. 43. O serviço de saúde da penitenciária federal imobilizado, deverá receber, imediatamente,
deverá implementar procedimentos, em cuidados especializados na enfermaria da
consonância com as normas do Ministério da Saúde,
penitenciária federal ou, dependendo da gravidade
visando o estabelecimento de um sistema de
do caso, ser internado em unidade de saúde fora do
informação sanitária e epidemiológica que lhe estabelecimento prisional.
permita conhecer quais são as enfermidades Parágrafo único. Os casos descritos no caput serão
predominantes na população carcerária e os grupos comunicados pelo diretor da unidade ao diretor do
Sistema Penitenciário Federal, ao juiz corregedor

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federal e à família do preso ou pessoa por ele isolamento dos portadores de doenças infecto-
indicada. contagiosas, sempre que houver necessidade.
Art. 49. A realização de pesquisa científica que § 2º. As roupas e vestimentas serão mantidas em
contribua para a qualidade de vida dos presos ou bom estado de conservação e limpeza, devendo ser
aprimoramento da assistência à saúde no sistema periodicamente substituídas de acordo com as
prisional brasileiro dependerá de: necessidades.
I - requerimento motivado ao diretor da penitenciária Art. 53. A (O) enfermeira (o) em exercício na
federal, contendo a autorização da Comissão de penitenciária federal compete:
Ética que aprovou a pesquisa; I – coordenar e executar as ações de enfermagem na
II - consentimento formal do preso; penitenciária federal;
III - autorização do diretor da unidade, que dará II – supervisionar e avaliar o trabalho dos técnicos de
ciência ao diretor do Sistema Penitenciário Federal e enfermagem;
ao juiz corregedor federal. III - integrar a Comissão Técnica de Classificação –
Parágrafo único. Documentos com os resultados da CTC, quando nomeada(o) pelo diretor da
pesquisa deverão ser encaminhados à diretoria do penitenciária;
sistema penitenciário federal. IV – elaborar, regularmente, relatório contendo
Art. 50. O preso deverá ser informado dos estudos informações de saúde pertinentes a sua área de
epidemiológicos que lhe sejam afetos e das medidas atuação, para compor os pareceres técnicos da CTC;
de prevenção que cada caso requer. V – solicitar ao chefe do serviço de saúde a provisão
Parágrafo único. O chefe do serviço de saúde da ou substituição de materiais, instrumentais e
penitenciária federal deverá comunicar à autoridade equipamentos, assim como propor as medidas
sanitária competente os casos de doenças de administrativas necessárias ao bom funcionamento
notificação compulsória, assim consideradas pelo da área de enfermagem;
Ministério da Saúde. VI – supervisionar o recebimento dos materiais e
equipamentos médico-hospitalares e subsidiar o
XV - DA ENFERMAGEM
atesto da sua conformidade com as especificações
Art. 51. O serviço de saúde da penitenciária federal
do processo licitatório;
contará com uma área de enfermagem
VII – controlar a utilização dos materiais de consumo,
compreendendo um consultório de enfermagem e
de trabalho e equipamentos, estes últimos pelo
uma enfermaria, e a equipe composta por
inventário patrimonial;
Especialista em Assistência Penitenciária –
VIII – solicitar diretamente, ou comunicar ao chefe do
Enfermeiro e Técnico de Apoio a Assistência
serviço de saúde da necessidade de contatar
Penitenciária, ou colaborador eventual com a mesma
laboratório para coleta de material para exames;
formação profissional concluída.
IX – solicitar ao chefe do serviço de saúde a remessa
Art. 52. A enfermaria será localizada em espaço
dos materiais coletados para os laboratórios de
adequado e provida, no mínimo, dos seguintes
análises clínicas;
recursos:
X - controlar o mapa de entrada e saída dos exames
I – leito em cela individual, com colchão, travesseiro
laboratoriais;
e roupa de cama adequados;
XI - conservar o material de coleta para exame
II – três leitos em sala de enfermagem;
laboratorial;
III – roupas e vestimentas apropriadas para os
XII - liberar o resultado dos exames laboratoriais para
profissionais e pacientes; e
os médicos e/ou chefe do serviço de saúde;
IV – materiais, instrumentais e equipamentos
XIII – planejar e executar, junto com o responsável do
indispensáveis ao seu funcionamento.
SUS local, as políticas de vacinação dos presos, bem
§1º. O serviço de saúde da penitenciária federal
como monitorar a sua periodicidade, com o apoio
envidará esforços no sentido de destinar espaço para
dos demais profissionais do serviço de saúde;

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XIV – planejar ações de prevenção e promoção da XXXI – solicitar e controlar os materiais de consumo
saúde, no âmbito de sua competência; utilizados na área de enfermagem;
XV – realizar consultas de enfermagem, de acordo XXXII - solicitar e/ou prestar informações técnicas aos
com os normativos das secretarias de saúde estadual demais profissionais de saúde quando for necessário;
e municipal, e solicitar exames complementares; XXXIII - participar de todas as reuniões
XVI – prescrever medicamentos dentro das interdisciplinares convocadas pela área de saúde;
disposições legais da profissão e demais normas XXXIV - elaborar relatório quantitativo e qualitativo
complementares, observando os requisitos contidos de todas as atividades desenvolvidas pela área e
no Anexo III e de acordo com as normas encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de
regulamentares das secretarias de saúde do estado e saúde;
do município de localização da unidade; XXXV - registrar no sistema informatizado de
XVII – participar de programas de higiene e administração penitenciária e em prontuário de
segurança no trabalho e prevenção de acidentes e saúde dos presos, informações relativas a sua área de
doenças relativas à área; atuação;
XVIII – participar, quando solicitada (o), como XXXVI - executar outras atividades pertinentes ao
membro das comissões relativas a sua área de cargo/área, bem como, as determinações exaradas
atuação; pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da
XIX – Supervisionar e coordenar a entrega de unidade respeitando os preceitos éticos e legais.
medicamentos nas vivências realizadas pelos Art. 54. A (O) técnica (o) de enfermagem em
técnicos de enfermagem, e na ausência desses exercício na penitenciária federal compete:
realizar a referida entrega; I – prestar os cuidados de higiene aos presos
XX – participar das ações de prevenção e controle das internados na enfermaria da penitenciária federal;
doenças transmissíveis em geral e dos programas de II – auxiliar a (o) enfermeira (o) e o (a) médico (a) nas
vigilância sanitária e epidemiológica; atividades que lhes são afetas;
XXI – auxiliar os médicos nas atividades que lhe são III – agendar as consultas médicas dos presos e
afetas quando necessário; comunicar aos seus superiores eventuais ausências;
XXII – realizar Consulta de Enfermagem e Anamnese IV – registrar no livro de atendimento, todas as
dos presos no período de inclusão; informações relativas aos procedimentos realizados
XXIII – realizar triagem e acompanhamento periódico nos presos;
dos presos que serão cadastrados como hipertensos V – entregar medicamentos prescritos mediante
e/ou diabéticos, bem como consultas de conferência e assinatura dos presos;
enfermagem de rotina a esta população; VI – aferir sinais vitais do preso quando o mesmo for
XXIV - planejar, organizar e realizar palestras encaminhado para consulta médica ou quando
educativas na área de saúde; necessário;
XXV- controlar a carteira de vacinação dos presos; VII – preparar e administrar os medicamentos
XXVI - orientar individualmente o preso infectado prescritos pelos profissionais da área de
com DST; enfermagem, odontologia e médica;
XXVII - prestar atendimento aos presos em casos de VIII – auxiliar a (o) enfermeira (o) no controle dos
urgência e emergência; pacientes hipertensos e diabéticos;
XXVIII - realizar a triagem dos requerimentos de IX – realizar curativos em incisões cirúrgicas ou
consultas médicas enviadas pelos presos; ferimentos superficiais;
XXIX – supervisionar a preparação dos materiais, X – prestar auxílio em pequenos procedimentos
realizada pela (o) técnica (o) de enfermagem, para a cirúrgicos;
execução de procedimentos cirúrgicos; XI – orientar os presos sobre horário, tempo de uso e
XXX- realizar o controle da manutenção dos procedimentos para utilizar as medicações
equipamentos, instrumentos e materiais do setor prescritas, na entrega dos mesmos;
médico e de enfermagem;

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XII – checar e controlar nos prontuários as eventual com a mesma formação profissional
medicações administradas; concluída.
XIII – auxiliar a (o) enfermeira (o) na orientação dos Art. 57. A (O) farmacêutica (o) em exercício na
presos sobre higiene corporal; penitenciária federal compete:
XIV – auxiliar os enfermeiros e médicos na realização I – supervisionar o recebimento dos medicamentos e
de procedimentos e quando houver remoção de correlatos, atestar a sua conformidade com as
pacientes graves; especificações do processo licitatório, registrar em
XV – coletar material para exame laboratorial, junto instrumental próprio de controle de estoque, zelar
com a (o) enfermeira (o), se necessário; XVI pela guarda e pelas entradas e saídas, inclusive
XVI – organizar os locais de preparo de medicação e daqueles sujeitos a controle especial;
curativo antes e após a consulta; II – integrar a Comissão Técnica de Classificação –
XVII – auxiliar nas campanhas de imunização e nas CTC, quando nomeada(o) pelo diretor da
vacinações; penitenciária;
XVIII – preparar o paciente para consultas, exames e III – implantar rotinas e procedimentos relacionados
tratamentos; ao fornecimento de medicamentos;
XIX – prestar cuidados pré e pós-operatório; IV – organizar e fornecer os itens de acordo com as
XX – executar atividades de desinfecção e prescrições médica, psiquiátrica, odontológica e da
esterilização; enfermagem;
XXI – participar de atividades de educação em saúde; V – separar os medicamentos que serão fornecidos;
XXII – auxiliar o enfermeiro a realizar atendimento de VI – realizar o controle do estoque de medicamentos;
urgência e emergência aos presos quando VII - realizar a compra de medicamentos quando
necessário; necessário;
XXIII – realizar imobilização no paciente quando VIII – realizar o controle dos medicamentos enviados
necessário; pelos familiares;
XXIV – participar de todas as reuniões IX – propor ao chefe do serviço de saúde a inclusão e
interdisciplinares convocadas pela área de saúde; exclusão de itens na lista contemplada nos processos
XXV – registrar no sistema informatizado de licitatórios;
administração penitenciária e em prontuário de X – fazer permuta de medicamentos com outras
saúde dos presos, informações relativas a sua área de unidades penitenciárias, quando necessário;
atuação; XI - orientar os presos sobre horário, tempo de uso,
XXVI – executar outras atividades pertinentes ao interações medicamentosas e possíveis efeitos
cargo/área, bem como, as determinações exaradas colaterais dos medicamentos fornecidos;
pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da XII – desprezar adequadamente os medicamentos
unidade respeitando os preceitos éticos e legais. vencidos;
Art. 55. Na impossibilidade dos técnicos de XIII – fazer relatórios mensais de consumo, produtos
enfermagem e/ou enfermeiros poderem entregar os em estoque, previsão das necessidades mais
medicamentos ao preso, tal função será atribuída aos urgentes;
outros servidores do serviço de saúde disponíveis na XIV – prestar informações técnicas ao chefe do
ocasião, mantendo assim, a continuidade da serviço de saúde e respectiva equipe;
assistência. XV - controlar o mapa de todas as receitas prescritas
pelo serviço de saúde;
XVI - DA FARMÁCIA
XVI – manter os medicamentos e correlatos em bom
Art. 56. O serviço de saúde da penitenciária federal
estado de conservação, garantindo e controlando
contará com uma área de farmácia, sob a
sua qualidade e validade;
responsabilidade de Especialista em Assistência
XVII - participar de todas as reuniões
Penitenciária - Farmacêutico, ou colaborador
interdisciplinares convocadas pela área de saúde;

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XVIII – solicitar e/ou prestar informações técnicas aos I – planejar e executar as ações de assistência
demais profissionais de saúde quando for necessário; odontológica aos presos, no tocante à prevenção, ao
XIX – elaborar relatório quantitativo e qualitativo de tratamento e a reabilitação;
todas as atividades desenvolvidas pela área e II - integrar a Comissão Técnica de Classificação –
encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de CTC, quando nomeada(o) pelo diretor da
saúde; penitenciária;
XX – registrar em sistema próprio e informatizado de III – preparar, regularmente, formulário de avaliação
administração penitenciária e em prontuário de da sanidade bucal do preso, para compor os
saúde dos presos, informações relativas à sua área de pareceres técnicos da CTC;
atuação; IV – solicitar ao chefe do serviço de saúde a provisão
XXI – executar outras atividades pertinentes ao ou substituição de materiais, instrumentais e
cargo/área, bem como, as determinações exaradas equipamentos, assim como propor as medidas
pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da administrativas necessárias ao bom funcionamento
unidade. da área de odontologia;
Parágrafo único. Compete ainda ao farmacêutico V – realizar o tratamento bucal no âmbito da atenção
desenvolver ações destinadas a higienização da básica, inclusive radiografias e pequenas cirurgias;
farmácia, sugerindo ao chefe do serviço de saúde VI – prestar os primeiros socorros nas urgências ou
medidas destinadas a sanar irregularidades emergências odontológicas;
sanitárias porventura detectadas. VII – prescrever medicamentos dentro da sua área de
Art. 58. É vedada a dispensação de medicamentos, atuação;
cujas prescrições contenham rasuras ou que não VIII – supervisionar o recebimento dos materiais,
estejam em conformidade com as exigências deste instrumentais e equipamentos odontológicos e
Manual e demais normas pertinentes. subsidiar o atesto da sua conformidade com as
Art. 59. As prescrições aviadas deverão ser especificações do processo licitatório;
arquivadas em prontuário de saúde do preso. IX – verificar as prioridades de atendimentos e
Art. 60. Os casos omissos sobre prescrição e consultas a partir dos requerimentos;
dispensação de medicamentos serão resolvidos pelo X – realizar triagem dos presos no período de
diretor da unidade, observando os princípios e inclusão;
normas vigentes do SUS e consultando-as quando XI – realizar atividades de prevenção, tratamento e
necessário. reabilitação solicitado pelos presos nos
requerimentos;
XVII - DO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO
XII - desenvolver ações de orientações preventivas de
Art. 61. O serviço de saúde da penitenciária federal
higiene bucal;
contará com um consultório de odontologia sob a
XIII - participar de todas as reuniões interdisciplinares
responsabilidade de Especialista em Assistência
convocadas pela área de saúde;
Penitenciária – Odontólogo, Técnico em Assistência
XIV – elaborar relatório quantitativo e qualitativo de
Penitenciária - Auxiliar de saúde Bucal, ou
todas as atividades desenvolvidas pela área e
colaborador eventual com a mesma formação
encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de
profissional concluída.
saúde;
Parágrafo único. O consultório conterá os materiais,
XV – registrar no sistema informatizado de
instrumentais e equipamentos necessários ao
administração penitenciária as informações sobre a
exercício da odontologia e ao bom atendimento do
saúde do presos relativos a sua área de atuação;
preso.
Parágrafo único. A critério do diretor da penitenciária
Art. 62. A (O) odontóloga (o) em exercício na
federal e, excepcionalmente, quando o
penitenciária federal compete:
procedimento odontológico não puder ser realizado
por odontóloga (o) da unidade, será aplicado o
previsto no art. 16 deste Manual.

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Art. 63. O(A) auxiliar de saúde bucal em exercício na I – planejar e executar as ações de atendimento
penitenciária federal compete: psicológico ao preso, no tocante a prevenção,
I – orientar o preso sobre higiene bucal, bem como promoção, ao tratamento e à reabilitação, de forma
prepará-lo corretamente para os procedimentos; individual e quando possível coletiva;
II – instrumentar o (a) odontólogo (a) da Unidade de II – realizar atendimentos e tratamentos de natureza
Saúde nos procedimentos e auxiliá-lo (a) no psicológica, prioritariamente no consultório de
isolamento do campo operatório; psicologia;
III – conservar e esterilizar os equipamentos e III – integrar a Comissão Técnica de Classificação -
instrumentais odontológicos; CTC da unidade;
IV – orientar e acompanhar a desinfecção e a IV - realizar entrevista de anamnese na admissão do
higienização do consultório odontológico; preso, para subsidiar o parecer técnico de inclusão,
V – preparar o consultório para o atendimento elaborado pela CTC;
odontológico; V - emitir regularmente pareceres técnicos de
VI – viabilizar a presença do preso no consultório acompanhamento dos presos para a CTC;
odontológico através de contato com a chefia das VI - solicitar ao chefe do serviço de saúde ou ao chefe
vivências, quando solicitado pelo (a) odontólogo (a); da divisão da reabilitação a provisão ou substituição
VII – organizar a agenda de atendimento de materiais, assim como propor as medidas
odontológico; administrativas necessárias ao bom funcionamento
VIII – preparar os materiais para atendimento da área de psicologia;
verificando o(s) procedimento(s) que será(ão) VII - participar de outras atividades na sua área de
realizado(s); atuação, no interesse da população carcerária;
IX – preparar o preso para o atendimento; VIII – realizar diagnóstico psicológico por meio de
X – preencher o odontograma do preso no momento entrevistas, observação e testes, com vistas à
da avaliação inicial; prevenção e tratamento de problemas de ordem
XI – registrar todos os procedimentos realizados nos existencial, emocional e mental;
presos no livro de registro; IX – promover a adaptação de presos ao ambiente
XII – auxiliar a (o) odontóloga (o) em palestras carcerário;
educacionais e de higiene bucal; X - trabalhar a situação de debilidade emocional, em
XIII – registrar no sistema informatizado de fase de momentos críticos inerentes à vida, inclusive
administração penitenciária as informações sobre a de doenças de parentes próximos em fases
saúde do presos relativos a sua área de atuação; terminais;
XIV - Auxiliar nas radiografias; XI - participar da elaboração de pesquisas sobre a
XV - Revelar radiografias; saúde mental da população carcerária, bem como
XVI – executar outras atividades pertinentes ao sobre a adequação de estratégias aplicadas em
cargo, dentro da sua área de atuação, competências outros ambientes à realidade psicossocial dos
e habilitação, bem como, as determinações exaradas presos;
pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da XII - dar atendimento e/ou retorno das solicitações
unidade. feitas pelos presos nos requerimentos, por meio das
visitas às vivências ou em consultório;
XVIII - DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO
XIII - Realizar levantamento das necessidades de
Art. 64. O serviço de saúde da penitenciária federal
acompanhamento psicológico dos presos por meio
será dotado de consultório sob a responsabilidade de
das entrevistas de inclusão e de acompanhamento
Especialista em Assistência Penitenciária –
da CTC e por requerimentos.
Psicólogo, ou colaborador eventual com a mesma
XIV – encaminhar relatório com informações
formação profissional concluída.
necessárias para subsidiar o chefe do serviço de
Art. 65. A (O) psicóloga (o) em exercício na
saúde e a direção sobre questionamentos
penitenciária federal compete:
apresentados por advogados e juizes;

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XV – contribuir com os seus conhecimentos para o III - integrar a Comissão Técnica de Classificação –
desenvolvimento de projetos executados por outras CTC, quando nomeada(o) pelo diretor da
áreas; penitenciária;
XVI – solicitar e/ou prestar informações técnicas aos IV – preparar, bimestralmente, relatório da situação
demais profissionais do serviço de saúde quando for ocupacional do preso, para compor os pareceres
necessário; técnicos da CTC;
XVII – participar de todas as reuniões V - solicitar ao chefe da divisão de reabilitação e/ou
interdisciplinares convocadas pela área de saúde; ao chefe do serviço de saúde a provisão ou
XVIII – Prestar apoio psicológico ao preso que receber substituição de materiais, assim como propor as
noticia pelo(a) Assistente social ou tiver medidas administrativas necessárias ao bom
conhecimento de eventos familiares tais como: funcionamento da área de terapia ocupacional;
acidentes, mortes e enfermidades graves; VI - orientar e capacitar monitores de ofícios para
XIX - encaminhar as demandas dos presos para facilitar o aprendizado pelos participantes das
outros setores quando necessário; oficinas, de acordo com as habilidades e limitações
XX - elaborar relatório quantitativo e qualitativo de de cada um;
todas as atividades desenvolvidas pela área e VII - planejar, acompanhar e supervisionar ações
encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de ligadas à oferta e execução do trabalho pelo preso;
saúde; VIII - planejar, orientar e realizar atendimentos
XXI – registrar no sistema informatizado de individual e grupal, encaminhamentos, oficinas
administração penitenciária as informações sobre a terapêuticas e de geração de renda, reabilitação e
saúde do presos relativos a sua área de atuação; reinserção social;
XXII – executar outras atividades pertinentes ao IX – Acolher os presos, bem como suas famílias e
cargo/área, bem como, as determinações exaradas humanizar a atenção a Educação, Saúde, Trabalho e
pelo chefe do serviço de saúde ou pelo diretor da Psicossocial;
unidade. X – desenvolver coletivamente, com vistas a
intersetorialidade, ações que se integrem a outras
XIX - DA TERAPIA OCUPACIONAL
políticas sociais como: educação, esporte, cultura,
Art. 66. A penitenciária federal será dotada de
trabalho, lazer, dentre outras;
atendimento na área de terapia ocupacional, sob a
XI – promover a gestão integrada e a participação do
responsabilidade de Especialista em Assistência
Conselho da Comunidade;
Penitenciária – Terapeuta Ocupacional, ou
XII – elaborar projetos terapêuticos individuais e
colaborador eventual com a mesma formação
coletivos, por meio de discussões periódicas que
profissional concluída.
permitam a realização de ações multidisciplinares,
Parágrafo único. A sala destinada ao atendimento
interdisciplinares e transdisciplinares;
terapêutico ocupacional conterá os materiais
XIII – realizar ações de reabilitação;
necessários ao exercício da atividade e ao bom
XIV - elaborar e emitir parecer, atestado ou laudo
atendimento do preso, podendo ser sediada tanto no
pericial com vistas a apontar as mudanças ou
serviço de saúde quanto na divisão de reabilitação.
adaptações nas funcionalidades (transitórias ou
Art. 67. A(O) terapeuta ocupacional em exercício na
definitivas) e seus efeitos na execução das
penitenciária federal compete:
habilidades laborais dos presos, quando solicitado;
I - atuar na promoção e na gestão de projetos de
XV – prescrever próteses, órteses e materiais
qualificação profissional do preso (iniciação e
especiais não relacionados ao ato cirúrgico;
aperfeiçoamento);
XVI - elaborar relatório quantitativo e qualitativo de
II - realizar avaliação do desempenho ocupacional e
todas as atividades desenvolvidas pela área e
dos seus componentes;
encaminhar, mensalmente, ao chefe da divisão de
reabilitação e/ou do serviço de saúde;

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XVII – registrar no sistema informatizado de medidas administrativas necessárias ao bom


administração penitenciária as informações sobre os funcionamento da área;
presos relativas a sua área de atuação; VIII – realizar entrevista inicial com os presos para
XVIII – Cumprir as determinações exaradas pelo coleta de dados e composição do parecer técnico de
Chefe do Serviço de Saúde, da Divisão de inclusão para CTC;
Reabilitação ou pelo Diretor da Unidade e realizar IX – atender as solicitações feitas pelos presos nos
outras atividades pertinentes a sua responsabilidade requerimentos, através de atendimento pessoal ou
profissional. retorno escrito;
XIX - Realizar ações de promoção de saúde e X - orientar os familiares quanto às normas e
prevenção de doenças para os presos e seus procedimentos da penitenciária em relação ao preso;
familiares. XI - orientar e prestar assistência aos presos e seus
familiares sobre os benefícios e serviços sociais;
XX - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
XII - encaminhar as demandas dos presos para outros
Art. 68. O serviço de saúde e a divisão de reabilitação
setores quando necessário;
da penitenciária federal serão dotados de
XIII – informar ao preso, em conjunto com o
atendimento na área de serviço social, sob a
profissional de psicologia da Unidade, quando do
responsabilidade de Especialista em Assistência
conhecimento de eventos familiares tais como:
Penitenciária – Assistente Social, ou colaborador
acidentes, mortes e enfermidades graves;
eventual com a mesma formação profissional
XIV - promover a reaproximação dos presos com as
concluída.
famílias, quando eles desejarem;
Parágrafo único. A sala destinada ao serviço social
XV - solicitar e/ou prestar informações técnicas aos
conterá os materiais necessários ao exercício da
demais profissionais de saúde e reabilitação quando
atividade e ao adequado atendimento ao preso,
for necessário;
podendo ser sediada tanto no serviço de saúde
XVI - elaborar estudo, parecer ou relatório técnico,
quanto na divisão de reabilitação.
quando considerar necessário ou for solicitado por
Art. 69. A (O) assistente social em exercício na
autoridade competente;
penitenciária federal compete:
XVII - participar de todas as reuniões
I – elaborar, coordenar e executar as ações de
interdisciplinares convocadas pelas áreas de saúde e
assistência social, previstas na Lei de Execução Penal
de reabilitação;
na unidade;
XVIII - elaborar relatório quantitativo e qualitativo de
II – integrar a Comissão Técnica de Classificação da
todas as atividades desenvolvidas pela área e
unidade;
encaminhar, mensalmente, ao chefe do serviço de
III – emitir regularmente pareceres técnicos de
saúde e/ou para a divisão de reabilitação;
acompanhamento dos presos para CTC;
XIX - registrar no sistema informatizado de
IV – prestar atendimento à família do preso,
administração penitenciária informações sobre os
pessoalmente ou via telefone, no que for pertinente
presos relativos à sua área de atuação;
à execução penal.
XX - executar outras atividades pertinentes ao
V – auxiliar o preso na obtenção, regularização e/ou
cargo/área, bem como, as determinações exaradas
atualização de documentos, de benefícios sociais e
pelo chefe do serviço de saúde, da divisão de
outros que lhe forem de direito;
reabilitação ou pelo diretor da unidade.
VI – participar de eventos e outras atividades na sua
área de atuação, no interesse da população XXI - DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA
carcerária e visando o aprimoramento profissional; Art. 70. A Penitenciária Federal será dotada de sala,
VII – solicitar ao chefe do serviço de saúde e/ou ao no interior de cada vivência, destinada à assistência
chefe da divisão da reabilitação a provisão ou jurídica do preso que não possua advogado
substituição de materiais, assim como propor as constituído, visando à atuação da Defensoria Pública
da União.

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Art. 71. Consoante disposto no art. 5º, § 1º da Lei nº IX – elaborar e cooperar com estudos e pesquisas
11.671, de 08 de maio de 2008, caberá à Defensoria sobre os aspectos biopsicossociais da Educação nas
Pública da União a assistência jurídica ao preso que prisões com fins de alcançar alternativas viáveis de
estiver nos estabelecimentos penais federais de trabalho, visando a excelência da prática educativa
segurança máxima e não tenha condições financeiras nesse contexto;
para constituir advogado particular. X – pesquisar e avaliar metodologias e técnicas
inovadoras que contribuam para o aprimoramento
XXII - DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL
da assistência educacional nas penitenciárias
Art. 72. A penitenciária federal será dotada de áreas
federais;
destinadas à assistência educacional, sob a
XI – realizar o diagnóstico escolar do preso, com a
responsabilidade de um Especialista em Assistência
finalidade de obter os dados necessários à sua
Penitenciária / Pedagoga (o), ou profissional da
participação nos programas educacionais;
mesma área de atuação.
XII – coordenar o processo de inscrição, preparação
Parágrafo único. As áreas destinadas à assistência
de locais, execução de provas e outras medidas para
educacional conterão os materiais e equipamentos
a realização de exames nacionais e estaduais de
necessários ao exercício da atividade e ao bom
certificação;
atendimento do preso.
XIII – acompanhar a evolução do desempenho dos
Art. 73. A (O) pedagoga (o) em exercício na
presos na área educacional e alimentar,
penitenciária federal compete:
regularmente, o histórico educacional do preso no
I – executar ações fundamentadas na Política
Siapen para acompanhamento da chefia da Divisão
Nacional de Educação, no Plano Nacional de
de Reabilitação;
Educação e nas preconizações legais previstas pelo
XIV – registrar no sistema informatizado de
Ministério da Educação e pelo Ministério da Justiça
administração penitenciária todos os dados e
para o acesso à educação no Sistema Prisional
informações relativas ao processo educacional
Federal;
desenvolvido, bem como a evolução do desempenho
II – atuar na promoção e na gestão de projetos e
dos presos na área educacional;
sistemas educativos direcionados aos presos;
XV – executar outras atividades pertinentes ao
III - integrar a Comissão Técnica de Classificação –
cargo/área, bem como, as determinações exaradas
CTC, quando nomeada(o) pelo diretor da
pelo chefe da divisão de reabilitação ou pelo diretor
penitenciária;
da unidade de acordo com as atribuições do cargo.
IV – preparar, regularmente, relatório da situação
Art. 74. As penitenciárias federais deverão prestar a
educacional do preso, para compor os pareceres
assistência educacional ao preso em atendimento à
técnicos da CTC;
Lei de Execução Penal, preferencialmente na
V – solicitar junto às chefias das Divisões de
modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
Reabilitação e Segurança a provisão de condições
Quando não, por meio do próprio Projeto
materiais, administrativas e operacionais necessárias
Pedagógico da unidade prisional, levando-se em
ao funcionamento adequado das atividades da área
conta a especificidade de cada local.
educacional da unidade;
Art. 75. A assistência educacional no âmbito do
VI – participar de atividades correlatas à sua área de
Sistema Penitenciário Federal será aplicada em
atuação, no interesse da população carcerária;
consonância com a Política de Educação de Jovens e
VII – participar de grupos interdisciplinares formados
Adultos estabelecida pelo Ministério da Educação à
na penitenciária federal para discutir questões que
luz do PEESP - Plano Estratégico de Educação no
afetem a todos;
âmbito do Sistema Prisional - DECRETO Nº 7.626, de
VIII – coordenar, junto com o chefe da divisão de
24 de novembro de 2011 e com os Planos Estaduais
reabilitação e equipe de tratamento penitenciário, a
de Educação em Prisões de cada localidade.
execução do projeto “Remição pela leitura”;
Art. 76. A assistência educacional que compreende a
instrução escolar, o ensino profissional direcionado

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ao mercado de trabalho e o desenvolvimento sócio- Parágrafo único. A (O) pedagoga (o) e a (o) terapeuta
cultural, será prestada com base em projeto ocupacional em exercício na penitenciária federal
pedagógico do Sistema Penitenciário Federal, de avaliarão e articularão com as entidades parceiras a
forma integrada, nas diferentes dimensões da forma mais adequada para a sua aplicação.
educação formal e não-formal. Art. 81. O local destinado às aulas presenciais será
§ 1º. A instrução escolar consiste em disponibilizar ao provido dos recursos audiovisuais e
preso a oferta integral da educação básica. didáticopedagógicos, de equipamentos tecnológicos
§ 2º. O ensino profissional será ministrado em nível e outros materiais adequados.
de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico por meio Art. 82. Os educadores receberão preparação
de cursos de formação inicial e continuada (FIC). específica e apoio necessário ao exercício de suas
§ 3º. O trabalho prisional, exercido pelo preso em atividades, incluindo segurança no interior da
espaços previamente definidos, terá finalidade unidade.
educativa e produtiva sem prejuízo das atividades Parágrafo único. O Sistema Penitenciário Federal
educacionais programadas. promoverá, quando possível, capacitação
Art. 77. A assistência educacional poderá ser continuada dos educadores e demais servidores,
realizada por meio de parcerias com outras esferas visando o aprimoramento da assistência educacional
de governo, universidades, institutos federais de e a interface com as demais áreas da unidade.
educação, ciência e tecnologia, bem como com Art. 83. No certificado e/ou declaração de conclusão
organizações da sociedade civil. do curso constará o município como o local de sua
Parágrafo único: A Coordenação-Geral de realização, o nome da instituição de ensino ofertante
Tratamento Penitenciário estabelecerá estratégias e o período de realização com a devida carga horária.
visando à continuidade e ampliação das parcerias em Art. 84. O diretor da penitenciária federal
projetos educacionais aos presos custodiados nas encaminhará, ao juiz corregedor, relatório constando
penitenciárias federais. os presos que participaram das atividades
Art. 78. Os programas educacionais terão como educacionais e laborais, mencionando carga horária
objetivo a emancipação social do preso, ofertando e frequência em curso, para concessão de remição da
oportunidades que lhe permitam melhorar a sua pena e outras finalidades legais.
capacidade de reinserção na comunidade,
XXIII - DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
atentando-se para as questões de diversidade,
Art. 85. Os presos recolhidos nas penitenciárias
acessibilidade, gênero, credo, idade e outras
federais têm direito à liberdade de crença e de culto,
correlatas.
permitindo-se a manifestação religiosa e o exercício
Art. 79. As atividades educacionais serão priorizadas
do culto, bem como participação nos serviços
nas rotinas da unidade, devendo ser acompanhadas
religiosos organizados no estabelecimento, sem
pelos agentes penitenciários federais e, quando
prejuízo da ordem e da disciplina.
admitirem monitoria poderão ser desempenhadas
Art. 86. O preso, no período de triagem, deverá
por servidores do Sistema Penitenciário Federal e/ou
informar a sua religião e se deseja receber assistência
estudantes universitários de cursos de formação
dessa natureza, incluindo visitas pastorais e
docente, mediante autorização do diretor da
participação em celebrações religiosas no interior do
penitenciária federal.
estabelecimento penal federal.
Parágrafo único. O exercício da monitoria será sem
Parágrafo único. A assistência religiosa será prestada
remuneração, porém sua carga horária será
por voluntários, devidamente cadastrados, de
certificada para fins de comprovação de atividade
entidades religiosas, semanalmente, se possível,
acadêmica.
observado regulamento estabelecido em Portaria
Art. 80. Os cursos de formação educacional e
própria para esse fim.
profissional poderão ser ministrados de forma
presencial e à distância.

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Art. 87. Será respeitada a objeção do preso em § 3º. O prazo de empréstimo será de 07 (sete) dias,
receber visita de qualquer representante religioso, ou podendo ser renovado por idêntico período.
participar de celebrações religiosas. § 4º. O preso poderá ter consigo até 05 (cinco) livros,
Art. 88. A assistência religiosa será prestada em dia, revistas, gibis ou passatempos, conforme sua
horário e local designados pelo Diretor do capacidade de leitura, devendo esses serem
estabelecimento penal federal. substituídos semanalmente.
Art. 89. A prestação da assistência religiosa nos § 5º. Não serão contabilizados, para fins do parágrafo
estabelecimentos penais federais fica condicionada à anterior, um dicionário, um livro utilizado para
aprovação de projeto específico para essa finalidade, profecia da religião do preso e uma harpa cristã ou
que deverá ser coordenado por um representante da hinário ou um livro correlato. Esses materiais serão
entidade religiosa interessada. substituídos apenas quando seu estado de
Art. 90. A quantidade de representantes religiosos conservação assim o recomendar.
autorizados a prestar a assistência em cada § 6º. O servidor poderá retirar até 05 (cinco) livros,
estabelecimento penal federal dependerá de podendo renovar o empréstimo ou substituir por
números de adeptos de cada religião ou culto outros a cada 15 (quinze) dias.
existente e da disponibilidade de espaço, a critério do Art. 95. Além dos materiais elencados acima,
diretor do estabelecimento. fornecidos pela biblioteca, o preso poderá ter
Art. 91. Na realização dos ritos e práticas religiosas consigo, conforme a portaria de recompensas e
não poderão ser utilizados objetos, produtos ou regalias:
substâncias proibidas no estabelecimento penal I - até 10 correspondências recebidas e até 10
federal. correspondências para envio;
Art. 92. Tanto quanto possível, o preso poderá ter II - até 10 folhas para escrita;
em sua posse livros de ritos e práticas religiosas de III - até 10 envelopes;
suas crenças. IV - até 10 selos;
V - até 10 fotografias do cônjuge, companheira(o) e
XXIV - DA BIBLIOTECA
parentes, sem molduras, desde que o tamanho não
Art. 93. A penitenciária federal será dotada de uma
seja superior a 15x20 cm;
biblioteca, sob a responsabilidade de servidor
VI - 01 (uma) carga de caneta azul ou preta;
designado pelo Chefe da Divisão de Reabilitação.
Parágrafo único – Até ser regulamentado pela
Parágrafo único. A biblioteca de uso geral dos presos
portaria acima mencionada, o material será
e servidores será composta por livros, revistas e
disponibilizado no quantitativo máximo previsto
outras obras literárias, desde que não comprometa a
nesse artigo.
segurança da unidade, não firam a moral e os bons
costumes, bem como não tenham notícias ou temas XXV – DAS ATIVIDADES DE LAZER
de crime ou violência. Art. 96. São consideradas atividades de lazer:
Art. 94. O Diretor da penitenciária federal poderá I – Cinemateca;
aceitar a doação de livros, revistas e outras obras II – Atividades desportivas;
literárias para o enriquecimento do acervo da III – Jogos.
biblioteca. § 1º. A participação em qualquer atividade de lazer
§ 1º. Toda obra que integrar o acervo da biblioteca estará condicionada a manutenção de bom
deverá ser catalogada, para fins de controle, comportamento carcerário dos presos, comprovado
localização e desenvolvimento de políticas através de consulta ao Conselho Disciplinar e/ou
educacionais. divisão de segurança da unidade.
§ 2º. Haverá na biblioteca, um sistema de controle § 2º. A participação na atividade de cinemateca
dos títulos e demais dados identificadores das obras, ocorrerá após três meses da inclusão, desde que o
a data de empréstimo e a de devolução, bem como a preso não apresente problemas de disciplina.
assinatura do preso ou servidor.

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Art. 97. A cinemateca consiste na exibição de filmes, § 1º. Os presos que utilizarem os referidos materiais
previamente aprovados, com conteúdo que não serão responsáveis por sua conservação.
comprometa a segurança da unidade e nem atentem § 2º. A reposição dos materiais, realizada quando o
contra a moral e os bons costumes. estado de conservação demandar, será de
§ 1º. O local destinado à execução da atividade competência da divisão de reabilitação.
deverá ser a sala de aula de cada vivência, ou outro Art. 101. As atividades de lazer poderão ser
local determinado pelo Diretor da Unidade. suspensas temporariamente pela direção da
§ 2º. O planejamento da atividade será realizado pela unidade.
Divisão de Reabilitação, como forma de expansão de Art. 102. Poderão ser realizadas outras atividades de
atividade sócio-cultural, com base no art. 77 desta lazer, além das apresentadas, desde que acordadas
portaria, podendo ser aproveitada para fins de previamente com o chefe da divisão de segurança e
ampliação e complementação das atividades autorizadas pelo diretor da penitenciária.
educacionais já existentes. Parágrafo único: A realização de outras atividades de
§ 3º. A divisão de reabilitação planejará e lazer deverá ser comunicada a coordenaçãogeral de
disponibilizará semanalmente à divisão de segurança tratamento penitenciário, que estabelecerá
e disciplina, com antecedência, a listagem dos filmes, estratégias visando à ampliação destas para as
bem como a relação nominal dos internos por sessão demais penitenciárias federais.
e as mídias dos filmes para que esta execute e
XXVI - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
monitore a atividade.
Art. 103. Poderá ser admitida a realização de
§ 4º. Todos os vídeos adquiridos pelo Departamento
casamento do preso no interior da penitenciária
Penitenciário Nacional serão utilizados nas sessões
federal, pelo período máximo de 02 (duas) horas,
relativas a cinemateca, além daqueles doados às
devendo o interessado solicitar previamente ao
Penitenciárias Federais.
diretor da unidade.
§ 5º O tempo de duração da Cinemateca, será o
§ 1º. Somente será admitida uma celebração de
tempo relativo à exibição de cada filme.
casamento por semana, em local adequado,
Art. 98. Dentro das situações de normalidade da
designado pelo diretor da penitenciária federal,
unidade, a execução da cinemateca ocorrerá aos
atendidas as condições de segurança.
finais de semana, de modo que atenda a cada
§ 2º. Somente participarão da cerimônia os noivos, o
interno, que apresente bom comportamento, pelo
celebrante civil, o celebrante religioso e duas
menos uma vez ao mês.
testemunhas, que deverão se submeter aos
Parágrafo único. A definição dos dias e horários de
procedimentos de segurança para entrar no local de
realização de cada sessão, aos finais de semana,
realização do evento.
ficará a critério do servidor da divisão de reabilitação
§ 3º. Os celebrantes poderão entrar na penitenciária
designado para a atividade, conforme acordado
federal com o livro de registro de casamento e outros
previamente com a divisão de segurança da unidade.
papéis, materiais e indumentárias indispensáveis à
Art. 99. A atividade desportiva a ser realizada nas
celebração da cerimônia, desde que autorizados pelo
dependências das penitenciárias federais é o futebol.
chefe da divisão de segurança.
§ 1º. Semanalmente os presos da mesma ala poderão
§ 4º. Concluída a cerimônia, a aliança do preso deverá
jogar futebol no pátio de banho de sol de cada
ser entregue à esposa para guarda.
vivência.
Art. 104. As ações voluntárias de cunho assistencial
§ 2º. Compete a divisão de segurança e disciplina a
poderão ser realizadas mediante autorização do
definição do(s) dia(s) em que os presos poderão jogar
Diretor da penitenciária federal, ouvida a Divisão de
futebol.
Reabilitação, por intermédio da especialista em
Art. 100. Diariamente, no pátio de banho de sol,
serviço social.
serão disponibilizados materiais que possibilitem a
Art. 105. Os profissionais das diversas áreas
execução de jogos como dama, dominó e xadrez.
assistenciais da penitenciária federal, no que couber,

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guardarão absoluto sigilo no exercício de suas Lei nº 7.210 de 11.07.84, buscando com as
atividades, trabalhando com independência e defensorias públicas, a implementação e
privacidade, porém, de forma interdisciplinar, desenvolvimento das diversas modalidades de
visando à implementação de uma política assistência ao preso.
assistencial integrada. Parágrafo único. O diretor da penitenciária federal e
Art. 106. O Diretor da penitenciária federal, sem seus prepostos deverão facilitar o trabalho dos
prejuízo do atendimento ao preso, priorizará a representantes dos órgãos a que alude o caput deste
atuação dos profissionais das diversas áreas de artigo, especialmente o acesso às dependências da
assistência na Comissão Técnica de Classificação, unidade.
principalmente nos trabalhos de individualização da Art. 113. A participação dos Especialistas e Técnicos
pena. em eventos acadêmicos, custeados pelo Órgão,
Art. 107. Sem prejuízo de outras atribuições, estará condicionada a prévia anuência da
compete a divisão de reabilitação as atividades Coordenação Geral de Tratamento Penitenciário, e
voltadas ao planejamento, coordenação, orientação, do Diretor da unidade que avaliarão o desempenho
acompanhamento, documentação e execução das profissional do servidor e definirão a contrapartida a
modalidades assistenciais de terapia ocupacional, ser apresentada pelo mesmo.
serviço social, educacional, religiosa e biblioteca, § 1º. Para fins desta Portaria serão consideradas
além das de lazer como cinemateca e jogos. contrapartidas:
Art. 108. As áreas assistenciais da penitenciária I - A submissão de trabalhos científicos para
federal elaborarão, de acordo com cronograma a ser apresentação no evento.
estabelecido, conjuntamente com a direção da II - A apresentação de relatório completo das
unidade, o planejamento semestral de suas atividades realizadas, imediatamente após a
atividades, encaminhando posteriormente relatórios participação no evento.
dos dados qualitativos e quantitativos à III - A difusão do conhecimento entre os demais
Coordenação Geral do Tratamento Penitenciário. servidores que por ventura não participem do
Art.109. O monitoramento e avaliação das ações evento.
realizadas em sub-períodos, definidos IV - A apresentação de propostas de adequação de
conjuntamente, serão realizados por meio de rotinas de trabalho, de acordo com as orientações
relatórios encaminhados à coordenação-geral de emanadas no evento.
tratamento penitenciário, ou de informações obtidas § 2º. A coordenação-geral de tratamento
no sistema informatizado de administração penitenciário poderá exigir uma ou mais de uma das
penitenciária. contrapartidas apresentadas no parágrafo anterior.
Art. 110. As áreas assistenciais da penitenciária § 3º. Serão considerados eventos acadêmicos:
federal apresentarão, por meio de suas chefias, ao seminário, congresso, oficina, colóquio, convenção,
diretor da unidade, sempre que solicitado, relatório mesa-redonda, simpósio, debate, fórum,
consolidado dos atendimentos prestados e demais conferência, workshop, briefing, cursos, dentre
atividades realizadas, ficando cópias na divisão de outros.
reabilitação e no serviço de saúde. § 4º. A participação em qualquer evento descrito no
Parágrafo único. Logo após aprovado pelo diretor da parágrafo anterior estará condicionada ainda a
unidade, o relatório será encaminhado à disponibilidade de dotação orçamentária.
Coordenação Geral de Tratamento Penitenciário Art. 114. Os casos omissos serão resolvidos pelo
que, por sua vez, dará conhecimento ao diretor do Diretor do Sistema Penitenciário Federal, ouvida a
Sistema Penitenciário Federal. Coordenação Geral de Tratamento Penitenciário.
Art. 111. As ocorrências penitenciárias relevantes
serão consignadas em livro próprio.
Art. 112. O Diretor da penitenciária federal se
articulará com os órgãos descritos no artigo 61, da

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ANEXO II ANEXO III


TABELA 1: Classes terapêuticas para tratamento a) ser de manutenção de tratamento e somente pelo
de doenças agudas: período da prescrição médica estabelecida,
Analgésicos observando-se o critério de avaliação médica após o
Antiácidos mesmo e vinculado aos protocolos dos programas e
Antialérgicos ações de atenção básica estabelecidos no âmbito do
Antieméticos SUS, tais como:
Antiespamódicos 1) medicamentos antidiabéticos, antihipertensivos e
Antiinfecciosos diuréticos, padronizados para o controle de diabetes
Antiinflamatórios mellitus e/ou da hipertensão arterial, por 30 (trinta)
Antipiréticos dias;
Descongestionantes Nasais 2) medicamentos padronizados para o tratamento
Medicamentos Antienxaqueca de Hanseníase, por 30 (trinta) dias;
Nutrientes/Eletrólitos 3) medicamentos padronizados para o tratamento de
Tuberculose, por 30 (trinta) dias;
TABELA 2: Classes terapêuticas para tratamento
de doenças crônicas ou de uso contínuo: 4) medicamento padronizado para o tratamento de
Ansiolíticos Anemias, por 30 (trinta) dias;
Antiagregantes Plaquetários 5) medicamentos padronizados para o tratamento
Antianginosos do Fumante, exceto medicamentos sujeitos a
Antiarrítmicos controle especial, por 07 (sete) dias.
Anticoagulantes b) conter medicamentos que integram os protocolos
Anticonvulsivantes estabelecidos no âmbito do SUS, tais como:
Antidepressivos Antidiabéticos 1) medicamentos padronizados para tratamento de
Antigotosos parasitoses;
Antihipertensivos 2) medicamento para reidratação Oral;
Antimaníacos 3) medicamentos padronizados para tratamento das
Antiparkisonianos doenças sexualmente transmissíveis, segundo
Antipsicóticos abordagem sindrômica;
Anti-retrovirais 4) medicamento de uso nasal, padronizado para
Cardiotônicos prevenção e alívio da congestão nasal;
Diuréticos 5) medicamentos de uso tópico, padronizados para
Medicamentos para Hipotireodismo e tratamento de dermatite seborreica, escabiose,
Hipertireodidismo impetigo, intertigo e pediculose;
Medicamentos para Terapia de Reposição Hormonal 6) medicamentos fitoterápicos padronizados, após
capacitação específica;
7) medicamentos analgésicos e antipiréticos de uso
oral, padronizados para alívio de dor e/ou febre;
8) medicamentos padronizados para tratamento de
feridas;
9) medicamentos padronizados para hiperceratose.

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