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Edson Venizuelo Macamo

Tatiana Semente

Zeferino Maposse Junior

2º Ano

História da ciência e tecnologia

Licenciatura em Ensino de Física 2oano-Laboral

10 Semestre

Narrativa Histórica de Erwin Chrӧndiger

Universidade Pedagógica de Maputo

Faculdade de Ciências Naturais e Matemática

Maputo

2022
Edson Venizuelo Macamo

Tatiana Semente

Zeferino Maposse Junior

História da ciência e tecnologia

Licenciatura em ensino de Física

Trabalho a ser Entregue a Faculdade de Ciências Naturais


Matemáticas, Departamento de Física, Cadeira de História
da Ciência e Tecnologia, para efeitos de Avaliação sob
orientação do:

MSc. Ezar Esaú

Universidade Pedagógica de Maputo

Faculdade de Ciências Naturais e Matemáticas

Maputo
1.0. Introdução
A mecânica quântica é, sem dúvidas, um assunto fascinante e sem seu desenvolvimento,
certamente, pouco se teria avançado no conhecimento da estrutura da matéria, do átomo
e das partículas elementares. Agora, de acordo com Freire Jr. (2021), a comunidade de
pesquisadores da área, com articulação internacional, prepara-se para “o século”
dessa teoria científica, tomando 2025 como o marco desse momento, mas seus
fundamentos conceituais continuam a deixar os pesquisadores à procura de respostas.
De acordo com a equação de Schrödinger, um sistema fechado é descrito por um
“estado” que evolui no tempo de maneira determinista. Ao contrário da mecânica
clássica, esse estado em geral fornece apenas as “probabilidades”
(PESSOA JR, 2003). Objetos quânticos, como elétrons, portanto, vivem em uma
nuvem de incerteza, matematicamente codificada em uma “função de onda” que muda
de forma suavemente, como ondas comuns no mar. No entanto, quando uma
propriedade como a posição de um elétron é medida, sempre produz um valor preciso
(e produz o mesmo valor novamente se medido imediatamente depois). Ou seja, há
uma sutileza na medição de sistemas quânticos.
O gato de Schrödinger – proposto em 1935, em que um gato é colocado em uma caixa
com um mecanismo que liberara um ácido letal com base em uma ocorrência aleatória,
como a decomposição de um núcleo atômico. Nesse caso, o estado do gato é incerto até
que o experimentador abra a caixa e verifique. O experimento do físico Erwin
Schrödinger domesticou a situação e mudou para sempre a face da física com quatro
artigos requintados, todos escritos e publicados em um período de seis meses de
pesquisa teórica.
Nesse contexto, a proposta do presente trabalho é visitar alguns dos principais
acontecimentos históricos envolvendo Schrödinger no cenário da mecânica quântica.
Para cumprir a pretensão desejada neste estudo, torna-se necessário realizar um recorte
histórico que contemplará alguns trabalhos de Schrödinger que expliquem a ciência por
trás de seus feitos e as importantes contribuições para descrever o comportamento de
sistema quânticos.
2.0. Objectivos
2.1.0. Objectivo Geral
 Explicar através das narrativas históricas a contribuição da ciência para a
tecnologia e vice-versa, centrando-se nos estudos do ciêntificos do Erwin
Schӧndiger.
2.1.1. Objectivos Especificos
 Descrever os principais acontecimentos historicos;
 Descrever as ideias dos outros ciêntistas que a ideia do Erwin está envolvido;
 Explicar de uma forma clara, simples e objectiva,as ideias gerais;
3.0. Ideias precursoras
No início de século XX, os estudos de Planck, que introduziria o caráter descontínuo da
energia e viria a se transformar em base teórica para o estudo dos fenômenos físicos em
escala microscópica, deu origem a teoria quântica. Deve ser registrado que, apesar do
caráter experimental da física, essa área de conhecimento seria formulada em bases teóricas
criadas em escritórios num processo racional e dedutivo e não em laboratórios por meio de
experiências e testes. As ideias precursoras da teoria quântica podem ser brevemente
apresentadas, conforme o faz Rosa:

Formulada nos anos de 1920, a teoria que deu origem ao Princípio da Incerteza, de
Heisenberg, teria tremendo impacto no desenvolvimento e na compreensão da
Ciência, em geral, e da Física, em particular. De acordo com o Princípio, grupos de
aspectos essenciais de uma partícula (posição, velocidade, quantidade de movimento e
energia) não podem ser medidos com a mesma precisão e ao mesmo tempo, isto é, não
há meios de se medir simultaneamente e com a mesma precisão as propriedades
elementares do comportamento subatômico. Por exemplo, no caso da partícula
quântica, a medição com exatidão de sua posição implica numa grande incerteza
quanto à sua velocidade, e vice-versa. O Princípio da Incerteza viria a ter enormes
repercussões na Filosofia da Ciência, uma vez que contestava um dos seus preceitos
essenciais. O caráter absoluto da certeza e do determinismo científicos, prevalecentes
até aquele momento, seria objetado, assim, pela afirmação do conhecimento relativo,
dando lugar à previsão e à probabilidade (2012, p. 163).

Essa nova área da física seria objeto de intensas pesquisas com importantes descobertas
e aplicações envolvendo partículas elementares. O modelo quântico de átomo, de Niels
Bohr; a teoria da dualidade onda-partícula para a matéria, de Louis de De Broglie; as
contribuições teóricas na formulação da mecânica quântica (Max Born, Heisenberg,
Jordan, Schrödinger); e os trabalhos de Dirac e Pauli (princípio da exclusão)
contribuiriam de forma decisiva para que, a partir de meados dos anos 60, fossem
desenvolvidos os principais integrantes do que viria a ser conhecido como o modelo
padrão da física de partículas elementares (Ibidem). A teoria quântica serviria, em
1913, para fundamentar o modelo de átomo de Bohr, e a constante de Planck
dominaria os cálculos da física atômica. Nos anos seguintes, seria estabelecida a
mecânica quântica cujo desenvolvimento implicou em grandes mudanças na

imagem da Ciência. Schrödinger chegou a afirmar que as descobertas dessa época não
seriam
tão interessantes em si, mas “o que é apaixonante, novo, revolucionário, é a atitude geral
que somos forçados a adotar quando tentamos sintetizá-las” (SCHRÖDINGER, 1951, p.
31). A revolução provocada pela mecânica quântica não é marcada por uma única data,
nem de responsabilidade de uma única pessoa (PAIS, 1988). Para conhecer mais
sobre as características quânticas amplamente aceitas, bem como os conceitos
fundamentais sobre o que atualmente se conhece como mecânica quântica há uma
ampla literatura: Pessoa Jr, (2003); Caruso e Oguri, (2009); Cohen-Tannoudji et al.
(2006); Freire Jr. et al., (2010); Griffiths (2011), Sakurai (2013), entre outros.
Do ponto de vista geográfico, dois períodos nítidos da pesquisa dos fenômenos físicos
podem ser observados, em função do deslocamento do eixo dessa investigação, da
Europa ocidental para os Estados Unidos: o primeiro período se estende até o final da
década de 1930, e o segundo perduraria até a presente data. A Europa ocidental
continuaria a manter, até o início da Segunda Guerra Mundial, sua indiscutível e
tradicional liderança mundial como o mais importante centro de pesquisa de física
teórica e experimental. Após o recesso forçado, nos anos de 1940, por motivo das
prioridades do conflito armado e da reconstrução do Pós-Guerra, os Estados Unidos
assumiriam, e conservariam até o presente, a irrefutável posição de líder nas
pesquisas da Ciência Física. A Alemanha continuaria como o principal centro da física
teórica e experimental, até início da década de 1930. Cientistas de outros países
europeus dariam
valiosa contribuição, igualmente, para a física moderna, como o austríaco Schrödinger
ou o dinamarquês Niels Bohr. A título de curiosidade, o Brasil ingressaria no cenário
internacional somente após a Segunda Guerra Mundial, graças às contribuições de
alguns estudiosos como o César Lattes e à criação do Conselho Nacional de Pesquisa
e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Sobre aspectos gerais da história da teoria
quântica destaca-se: Jammer (1966);
Kragh (1999); Mehra e Rechenberg (2001); Freire Jr. (2015).
estabelecida a mecânica quântica cujo desenvolvimento implicou em grandes
mudanças na imagem da Ciência. Schrödinger chegou a afirmar que as descobertas
dessa época não seriam tão interessantes em si, mas “o que é apaixonante, novo,
revolucionário, é a atitude geral que somos forçados a adotar quando tentamos sintetizá-
las” (SCHRÖDINGER, 1951, p. 31).
A revolução provocada pela mecânica quântica não é marcada por uma única data, nem
de responsabilidade de uma única pessoa (PAIS, 1988). Para conhecer mais sobre
as características quânticas amplamente aceitas, bem como os conceitos fundamentais
sobre o que atualmente se conhece como mecânica quântica há uma ampla literatura:
Pessoa Jr, (2003); Caruso e Oguri, (2009); Cohen-Tannoudji et al. (2006); Freire Jr. et
al., (2010); Griffiths (2011), Sakurai (2013), entre outros.
Do ponto de vista geográfico, dois períodos nítidos da pesquisa dos fenômenos físicos
podem ser observados, em função do deslocamento do eixo dessa investigação, da
Europa ocidental para os Estados Unidos: o primeiro período se estende até o final da
década de 1930, e o segundo perduraria até a presente data. A Europa ocidental
continuaria a manter, até o início da Segunda Guerra Mundial, sua indiscutível e
tradicional liderança mundial como o mais importante centro de pesquisa de física
teórica e experimental. Após o recesso forçado, nos anos de 1940, por motivo das
prioridades do conflito armado e da reconstrução do Pós-Guerra, os Estados Unidos
assumiriam, e conservariam até o presente, a irrefutável posição de líder nas
pesquisas da Ciência Física. A Alemanha continuaria como o principal centro da física
teórica e experimental, até início da década de 1930. Cientistas de outros países
europeus dariam valiosa contribuição, igualmente, para a física moderna, como o
austríaco Schrödinger ou o dinamarquês Niels Bohr. A título de curiosidade, o Brasil
ingressaria no cenário internacional somente após a Segunda Guerra Mundial, graças às
contribuições de alguns estudiosos como o César Lattes e à criação do Conselho
Nacional de Pesquisa e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Sobre aspectos gerais
da história da teoria quântica destaca-se: Jammer (1966); Kragh (1999); Mehra e
Rechenberg (2001); Freire Jr. (2015). A vida e o pensamento de Erwin Schrödinger
Entre os vários colaboradores que contribuíram para o desenvolvimento da mecânica
quântica, um dos cientistas mais importantes é Schrödinger. Suas biografias são repletas
de curiosidades. Para destacar apenas alguns fatos, Erwin era filho único, de família
próspera, e foi criado rodeado por mulheres, parentes – mãe, tias, avó – e uma sucessão
de empregadas que, segundo Gribbin (2012, p. 11), “concediam quase todos os seus
caprichos” – o que para o autor pode ter influenciado em sua personalidade, da qual
discorre-se brevemente a seguir. Na família Schrödinger, o interesse pela ciência foi
inicialmente cultivado por seu avô materno, Alexandre Bauer, que estudou matemática
e química em Viena e Paris, e tornou-se químico pesquisador (Ibidem). Provavelmente,
devido as influências, desde cedo, Schrödinger revela seu entusiasmo pela ciência e
segundo sua filha mais velha, Braunizer (1992), foi justamente a atmosfera de Viena
na virada do século e no fim dos anos 1920, o acesso à educação de alta qualidade e a
orientação de seus pais que garantiu um rico ambiente intelectual e o solo perfeito para
desenvolver sua genialidade. Os vários estímulos intelectuais oferecidos por seus pais
ou professores particulares – gosto pela música, pintura, inglês, filosofia –
tornaram-se determinante (SCHRÖDINGER, 1960). Para Gribbin (2012, p. 45),
ele era “excepcional”, uma das pessoas mais educadas de seu tempo.
Schrödinger nasceu em 1887 em Viena, estudou lá e foi nomeado professor em Zurique
em 1921 – cidade onde escreveu seus famosos trabalhos sobre a mecânica das ondas em
1926. Porém, antes de seus feitos, algo marcante em sua vida foi a Primeira Guerra
Mundial, iniciada em 1914, na qual participou ativamente servindo como oficial de
artilharia.
4.0. A base física da teoria de Schrödinger
A contribuição inicial de Schrödinger para a teoria quântica seguiu uma linha de
pensamento enraizada na termodinâmica, envolvendo a capacidade térmica dos sólidos
que implica na maneira como as moléculas vibram, o que, por sua vez, depende das
propriedades quânticas, foco, também, de Max Planck e Albert Einstein (GRIBBIN,
2012). O contato que Schrödinger teve com Einstein e Planck o fez pensar sobre uma
nova linha de trabalho em estatística quântica, teoria dos gases, entropia e mecânica
estatística. Em continuidade, Schrödinger manteve os estudos e publicou regularmente
seus pensamentos e interpretações sobre a mecânica quântica (MEHRA;
RECHENBERG, 2001). São de sua autoria uma série de artigos, já bastantes
divulgados na língua inglesa, sobre quase toda a estrutura da mecânica quântica,
mostrando outras aplicações a equação de onda, a solução do espectro do hidrogênio
como uma série dos autovalores da equação de onda, o desenvolvimento teoria da
perturbação e sua aplicação a uma série de problemas tradicionais da antiga teoria
quântica.
. Na década de 1920, Schrödinger destaca-se por estar receptivo as contradições
impostas pelo mundo quântico. Ele defendeu firmemente a ideia de a luz viajar como
uma onda aceitando as evidências de experimentos como o de Young. No início de
1922, segundo Gribbin (2012, p. 102), ele publicou um artigo que organizou “uma
ponta solta na física quântica”. Cada um desses artigos gerava desacordos entre os
físicos quânticos da época, como Heisenberg, Born e Bohr, que trabalharam por tanto
tempo e sem sucesso no problema. Foi a equação de Schrödinger que permitiu
visualizar o que estava acontecendo com as partículas do átomo, um ponto
absolutamente marcante no que passou a ser conhecido como mecânica
quântica. É esse o seu grande e decisivo contributo para a ciência.

Sua abordagem, que é mais acessível matematicamente do que a mecânica de matrizes,


tem, por essência, uma equação diferencial, cuja solução é a famosa função de onda Ψ
(psi) (BORN, 1986). Tal função é, em termos simples, uma expressão matemática
do caráter ondulatório de uma partícula. A resolução da equação (1) conduz ao
conhecimento da evolução temporal e espacial da forma de onda associada a uma
partícula qualquer. No entanto, a função Ψ não permite, em conformidade com o
princípio da incerteza, que se determine com precisão arbitrária qualquer grandeza
associada à partícula. Entre seus vários artigos, dar-se destaque ao intitulado
Quantization as an Eigenvalue Problem – Quantização como um problema de autovalor
–, nele Schrödinger (1926a) apresenta um argumento para derivar a equação da onda e,
em seguida, prosseguir para resolver os autoestados de energia não-relativísticos do
hidrogênio. Quando se resolve a equação (1) para o átomo de hidrogênio, obtêm-se as
energias para os níveis energéticos e os orbitais atômicos por meio de um sistema
energético quantizado. Ainda, descreve-se as funções de onda (os estados) das
partículas quando a sua energia está bem definida, i.e., ela descreve os estados
estacionários (SCHRÖDINGER, 1926a; 1926d). A dedução de Schrödinger foi
reconstruída detalhadamente por Mehra e Rechenberg (2001). A equação de onda de
Schrödinger, usando o método de Laplace, foi imediatamente aceita como uma
ferramenta matemática, de relativa simplicidade, capaz de lidar com
problemas de estrutura da matéria (MOORE, 1989).

1
5.0. O Trabalho de louis de Bloglie

O problema da dualidade onda-particula nos trabalhos de Louis de Broglie Em 1922,


de Broglie [22, p. 422] apresentou um estudo teórico sobre a natureza da luz:

O objetivo deste trabalho estabelecer um certo numero de resultados conhecidos da


teoria da radição por razões que se apoiam unicamente na termodinâmica, na teoria
cinética e aquela dos quanta sem nenhuma intervenção do eletromagnetismo. (...) A
hipótese adotada aqui é aquela dos quanta de luz.

A radiação negra em equilibrio a uma temperatura ( T ) e considerada como um gás


formado de ´atomos de luz de energia W = W =h v . Nós negligenciaremos nesse ensaio
as moleculas de luz com 2,3,...n átomos hν, isto é, deveremos chegar a lei de de
radiação de Wien, pois, do ponto de vista do quanta de luz, a forma de Wien deriva da
equação completa de Planck quando se negligencia a associação de átomos. (...) A
massa de átomos de luz é suposta, conforme as fórmulas da mecânica relativistica, igual
a hν c 2 , quociente da energia pelo quadrado da velocidade da luz. A quantidade de
movimento é hv W
=
c c

5.1.0. Perguntas sobre o artigo escrito por de Broglie (1922):

(a) Por que de Broglie se preocupa em não usar a teoria eletromagnética?

(b) Qual a visão sobre a luz de de Broglie?

(c) A visão dele é uma visão dual? (d) Quais propriedades um quantum pode ter? Quais
problemas isso traz em relação `as teorias já estabelecidas? (e) Para de Broglie chegar á
Lei de Wien, qual hipótese ele usa?

Comentários: Louis de Broglie apresenta uma proposta que leva a ideia original de
Einstein as ultimas consequências. A visão de Louis de Broglie é corpuscular (portanto
não é dual) e, de acordo com ela, quanta possuem massa. Ressaltamos que, embora
ainda haja estudos que investiguem a possibilidade de luz ter massa, tal ideia não é
aceita na concepção contemporânea da fisica. Para de Broglie, no repouso, todos quanta
são idênticos, o que os distingue é a diferente velocidade com que são observados.
Assim, a frequência de um quantum está relacionada com sua energia e sua velocidade.
Para chegar á lei de Wien, é necessário supor um gás de quanta em que a interação entre
os quanta é desprezivel – o que corresponde ao modelo de gás diluido de Einstein. Louis
de Broglie mostra que, ao considerar a possibilidade de formação de moléculas de
quanta, chega-se á expressão de Planck para radiação.

Nesse sentido, a proposta de Louis de Broglie de 1922 contraria a teoria eletromagnética


não somente porque considera a radiação quantizada, mas porque permite que os quanta
se movam com diferentes velocidades no vácuo, o que demandaria correções
substanciais nas Equações de Maxwell. De acordo com as equações de Maxwell, a
velocidade da luz no vâcuo é c. Por outro lado, de Broglie obtém uma expressão que
relaciona a velocidade da luz no vâcuo com sua frequência, sendo sempre menor do que
c, mais especificamente, para de Broglie, a velocidade da luz com frequência ν é dado
por:

c 2−m0 c 6
v=√
h2c2
Nesse contexto, o segundo postulado da Teoria da
Relatividade também precisa ser reinterpretado, de forma que (c) não é a velocidade da
luz, mas uma velocidade limite para corpos com massa. Em 1923, de Broglie deu um
passo adiante na descrição de sua teoria:

Consideremos um móvel material de massa de repouso m0 se movendo em relação a um


observador fixo com velocidade v = βc (β < 1). De acordo com o principio da inércia da
energia, ela deve possuir uma energia interna igual á m 0 c 2 . Por outro lado, o principio
dos quanta conduz a atribuir esta energia interna a um fenômeno periodico simples de
frequệncia v 0tal que:

2
h v 0=m0 c

 c é sempre a velocidade limite da teória da relatividade e h é a constante de


Planck. Para um observador fixo, corresponder á a energia total do móvel uma
frequência
m0 c 2
 v= . Mas, se um observador fixo observa o fenômeno periódico
h √ 1−β 2
interno do móvel, ele o verá lento e lhe atribuirá uma frequência:
2
v1 =v 0 √ 1−β

6.0. OS TRABALHOS DO ERWIN SCHRӧNDIGER

6.1.0. O problema da dualidade onda-part´ıcula nos trabalhos de Erwin


Schrӧdinger.

Se por um lado, Louis de Broglie apontou a possibilidade de sintese da ótica e da


mecânica por meio da equivalência entre o Principio de Maupertuis e o Principio de
Fermat, por outro, tal sıntese já havia sido proposta por Hamilton, ainda que isso não
fosse muito conhecido pela maioria dos fisicos no inicio do seculo XX, como
Schrӧdinger aponta:

Nada do que foi dito até então possui qualquer novidade. Tudo isso era muito melhor
conhecido pelo próprio Hamilton do que por muitos fisicos de hoje. De fato, a teoria da
propagação da luz em um meio não homogêneo, desenvolvida por ele dez anos antes, se
tornou, pela analogia impressionante que lhe ocorreu, o ponto de partida para suas
teorias famosas em mecânica pura.

Nessa mesma citação, Schrӧdinger reconhece que Louis de Broglie havia redescoberto
tal analogia no caso relativ´ıstico. Inspirado por essa concepção, Schrӧdinger avança
na analogia de Hamilton:

A saida está apenas na possibilidade, já indicada acima, de atribuir ao principio de


Hamilton, também, a operação de um mecanismo de onda em que os processos
mecânicos pontuais são essencialmente baseados, assim como a muito tempo se
acostumava a fazer no caso de fenômenos relacionados com luz e do principio de
Fermat que os rege. E certo que o caminho ´ individual de um ponto de massa perde seu
significado fisico adequado e se torna tão ficticio quanto o raio de luz individual
isolado. A essência da teoria, o principio minimo, no entanto, permanece não apenas
intacto, mas revela seu significado verdadeiro e simples apenas sob o aspecto
ondulatório, como já se explicou. Estritamente falando, a nova teoria na verdade não é
nova, é um desenvolvimento completamente orgânico, pode-se quase ficar tentado a
dizer uma exposição mais elaborada, da velha teoria.

6.1.1. Perguntas iniciais sobre a proposição de Schrӧdinger:


(a) Qual teoria é o ponto de partida de Schrӧdinger? (b) Como se pode justificar
conceitualmente o principio de Fermat (da ótica geométrica), que trata de raios
de luz, com a concepção ondulatória da ótica fisica? (c) Em que sentido a
proposição de uma visão ondulatória para matéria completa ou torna mais
elaborada a visão de Hamilton?

A apresentação de sua concepção ondulatória, foi realizada por Schrӧdinger em uma


série de trabalhos publicados a partir de 1926. Vamos apresentar, na sequência, uma
série de trechos nos quais Schrӧdinger apresenta de forma explicita sua visão sobre a
natureza da matéria e da radiação. Primeiramente, vejamos como Schrӧdinger descreve
a luz:

E concebivel que na transição de energia de um para outro modo normal de vibração,


alguma coisa – quero dizer, a onda de luz – com frequência associada a cada diferença
de frequência, deve aparecer. Precisa-se apenas imaginar que a onda de luz é
causalmente relacionada aos batimentos, os quais necessariamente aparecem em cada
ponto do espaço durante a transição, e que a frequência da luz é definida pelo número
de vezes por segundo que a intensidade máxima do processo de batimento repete a si
mesmo [33, p. 15].

Perguntas sobre o primeiro artigo de Schrӧdinger acerca do problema de auto-valor :

(a) Qual a visão de Schrӧdinger sobre a natureza da luz? (b) Como essa visão se
aproxima ou se afasta das visões de Einstein e de Broglie? Schrӧdinger nega
visões anteriores? (c) Há alguma menção á Teoria da Relatividade Restrita? (d)
Ele atribui algum papel real á funçao de onda?

No seu segundo artigo de 1926, Schrӧdinger aprofunda a relação entre a mecânica


de Hamilton-Jacobi e mecânica ondulatória. A partir dessa análise, Schrӧdinger
apresenta sua visão sobre processos mecânicos:

O verdadeiro processo mecânico é compreendido ou representado de forma


adequada pelos processos ondulat´orios no espaço-q, e não pelo movimento de
pontos de imagem neste espaço. O estudo do movimento de pontos de imagem, que
é o objeto da mecânica clássica, é apenas um tratamento aproximado e tem apenas
tanta justificação quanto óptica geométrica ou de “raios” em comparação com os
verdadeiros processos ópticos [33, p. 25].

Perguntas sobre o segundo artigo de Schrӧdinger sobre o problema de auto-valor (a)


Qual a visão de Schrӧdinger sobre os processos mecânicos em geral? (b) Essa visâo é
dual? (c) Essa visão nega as visões anteriores?

Na secção 7 do quarto artigo sobre mecânica quântica como problema de autovalor,


Schrӧdinger discute o significado fisico da função de onda:
ψψ é uma espécie de função-peso no espaço de configuração do sistema. A
configuração ondulatório-mecânica do sistema é uma sobreposição de muitas,
estritamente falando de todas as configurações ponto-mecânicas cineticamente
possiveis. Assim, cada configuração ponto-mecânica contribui para a verdadeira
configuração ondulatório-mecânica com um certo peso, que é dado precisamente por
ψψ [33, p. 120].

Por fim, com sua visão ondulatória, Schrӧdinger foi capaz de explicar fenômenos
“corpusculares” como o Efeito Compton:

As leis da direção e da frequência do Efeito Compton são completamente equivalentes á


afirmação que o par de ondas de luz e o par de ondas-ψ relacionadas á relação de
Bragg para reflexão de primeira ordem (generalizada para um cristal em movimento)
para a rede espacial [33, p. 129].

6.1.2. Pergunta final sobre os trabalhos de Schrӧdinger:


(a) Pode-se dizer que o programa de pesquisa iniciado por Schrӧdinger avança na
mesma direção apontada por Einstein em 1905? Ou por de Broglie? Em que medida
eles se aproximam e em que medida eles se afastam?

Comentários:

Como podemos observar dos trechos transcritos, Schrӧdinger entendia sua proposta
como uma elaboração da analogia original de Hamilton. Isso pode ser compreendido da
seguinte forma. Na óptica fisica, tratamos a luz como uma onda eletromagnética.
Quando essa passa por uma fenda de tamanho da ordem de grandeza de seu
comprimento de onda, por exemplo, sua natureza ondulatória fica explicita, de forma
que efeitos como interferência e difração são perceptiveis. Por outro lado, na óptica
geométrica, tratamos a trajetória da luz com o conceito de raio de luz. Nesse caso, a
trajetória de tais raios pode ser obtida pelo Principio de Fermat, o qual consegue prever,
por exemplo, corretamente a Lei de Snell da refração. Em um primeiro momento, essas
duas descrições poderiam parecer contraditórias ou excludentes; mas, como reconhece
Schrӧdinger , é justamente a visão ondulatória que explica e justifica a descrição dos
raios de luz. Quando reconhecemos que o raio é só um artificio matemático, o qual é
caracterizado por apontar na direção normal á frente de onda (Principio de Huygens),
podemos facilmente explicar a mudança de direção do raio quando a luz muda de meio.
Nesse caso, a diferença de velocidade nos diferentes meios faz com que a frente de onda
mude de formato, e o raio normal, claramente, mudará de direção.

Assim, a descrição dos raios de luz da óptica geométrica e o Principio de Fermat são
artificios matemáticos que expressam o que está acontecendo com as ondas de luz. Da
mesma forma, como apontado por Schrӧdinger [31], o Principio de Minima acção de
Hamilton, que fornece a trajetória dinamicamente possivel de uma particula material,
foi inspirado no Principio de Fermat. O que Schrӧdinger se propôs a fazer foi completar
a analogia: da mesma forma que o raio de luz e o Principio de Fermat são artificios
matemáticos que expressam o que ocorre com a onda de luz, o principio de minima
acção e a trajetória de uma particula são abstrações de um fenômeno essencialmente
ondulatório. Assim, para Schrõdinger, noções como particulas e trajetórias são apenas
abstrações e não correspondem ao fenômeno fisico real. Ademais, da mesma forma que
não podemos usar a óptica geométrica para tratar o comportamento da luz quando essa
passa por uma fenda com largura da ordem de grandeza do seu comprimento de onda,
devendo recorrer ao seu caráter ondulatório, Schrӧdinger argumenta que, quando
estamos tratando de sistemas da mesma ordem de grandeza do comprimento de onda do
eletron, por exemplo, não devemos o tratar por sua imagem como particula, mas por
meio de sua descrição ondulatória. Portanto, a função de onda ψ de Schrӧdinger, para
ele, representa a descrição do verdadeiro fenômeno fisico.

Tal visão enfrenta dificuldades, entretanto. Posteriormente, Schrӧdinger percebeu que


tal onda se propaga no espaço de configurações e não no espaço tridimensional. Dessa
forma, o fenômeno em nosso espaço seria apenas uma projeção do fenômeno no espaço
de configuração. Na ´ultima comunicação, o entendimento de Schrӧdinger já havia
avançado no sentido de perceber que essas ondas possuem uma “realidade” bem distinta
das ondas que estamos acostumados – tratando-se de “funções peso” no espaço de
configuração. A visão de Schrӧdinger, assim, não é propriamente dual, mas puramente
ondulatória. Isso não significa que essa seja uma onda no sentido usual, mas,
simplesmente, significa que, para Schrӧdinger, um corpúsculo seria apenas um
epifenômeno, uma manifestação particular de um ente cuja natureza ´e continua – a
funçao de onda. Isso fica claro no seu tratamento do Efeito Compton. Uma das grandes
contribuições de Schrӧdinger foi desenvolver não somente essa visão ondulatória, mas
derivar a equação de onda que descreve tais sistemas – a equação de Schrӧdinger –
talvez uma das equações mais famosas da fisica quântica. Vale-se ressaltar que,
analisando-se diversos cadernos e correspondências de Schrӧdinger, é possivel
reconhecer que o fisico austriaco buscou desde o inicio uma equação de onda
relativistica, cuja solução estaria de acordo com as ondas de de Broglie. De fato,
Schrӧdinger havia encontrado inicialmente tal equação, mas ela não fornecia
satisfatoriamente o espectro de emissão do Hidrogênio – o que teria então o direcionado
para um programa não-relativistico, que acabou sendo publicado em sua derivação de
1926. Por isso, os trechos que observamos não tratam de fisica relativistica, ainda que
Schrӧdinger se valha de noções da proposta de Louis de Broglie.
7.0. Mapa Conceitual das Narrativas Históricas com maior porcentagem Erwin Schrӧndiger

Cirurgias á laser

Raio-x Câmeras digitais Micro-Computadores Telefones


e

Tais Como
ERWIN SCHR ӧNDIGER
Tecnologias

A Fisica Classica *Nao explica*


II Guerra Mundial
Que Explica o que
Durante á Foi um
Da área da
Artilheiro Fisico Mecanica Quantica
Impulsionou a

Regido pela Regido pela Regido pelo Regido pela

Equaçao de schrondiger Lei de Max planck Indeterminismo Superposiçao

Ligado as
Com Revela a Também chamada
De Broglie Probabilidade Função de onda Particulas sub-âtomicas

De encontrar Resultaram no Ligado ao

Eletrões Efeito Foto-életrico Principio da incerteza

Erwin Demonstra o experimento


Resultou em
Microscopio Eletronico
O gato de schrӧndiger

Onda nao propriamente


Mas sim
Ondulatória Dualistica

Figura 1: Mapa de Conceito

Fonte: Propria do Autor.


8.0. Conclusão

Numa prespectiva geral, o estudo das narrativas históricas de Erwin Chrӧndiger foi
exercicio extremamente importante,pois permitiu com que compreendessemos na
integra, a raiz de problemas dos fenômenos quanticos,oque ajudou a compreender
melhor as hipoteses lançadas por outros ciệntista, narrativa mui impactante que explica
varios conteúdos da fisica moderna e mecanica quantica.
9.0. Referências
Bibliográficas

Revista Brasileira de Ensino de Fiısica, vol. 43, e20200270, 2021

DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2020-0270

disponivel em: https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1929/broglie/lecture/,


acessado em 10/04/2023.
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