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Lê, atentamente, os poemas e responde às questões que te são colocadas.

IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la


E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor


Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

Alberto Caeiro, Poesia (ed. Fernando Cabral Martins & Richard Zenith),

Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, pp. 21-22 e 42

1. Retire do texto uma sequência ao serviço da confirmação da primazia da sensação


relativamente ao pensamento.

2 Esclareça o conceito de «verdade», justificando a sua resposta.

ACIMA DA VERDADE ESTÃO OS DEUSES.

Acima da verdade estão os deuses.


A nossa ciência é uma falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.

Tudo é tudo, e mais alto estão os deuses,


Não pertence à ciência conhecê-los,
Mas adorar devemos
Seus vultos como às flores,

Porque visíveis à nossa alta vista,


São tão reais como reais as flores
E no seu calmo Olimpo
São outra Natureza.

1
Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa.
(Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).

3. Comprova a supremacia dos deuses relativamente à ciência, justificando a sua resposta com
dois elementos textuais pertinentes.

4. Identifica o modo como o paganismo se manifesta neste texto poético.

5. O tema da reflexão existencial é uma das características típicas da poesia de Fernando


Pessoa e heterónimos. Compara a visão do mundo de Alberto Caeiro e a de Ricardo Reis a
propósito deste tema. (Esta questão não tem de ser respondida com exemplos dos textos dados, pode
e deve ser respondida tendo em conta a experiência de leitura do aluno.)

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