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PARQUE ESCOTEIRO

O escotismo e o espaço público


na cidade de Maravilha/SC
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
ARQUITETURA E URBANISMO
Aluna: CRISTIANE LIBERALI MOTTER
Orientador: RICARDO SOCAS WIESE
Semestre: 2017.2
ÍNDICE . INTRODUÇÃO ........................................................................ .01
. O ESCOTISMO......................................................................... .02
. O que é............................................................................... .03
. Origem .............................................................................. .03
. Escotismo no Brasil ................................................. .03
. Escotismo hoje .............................................................03
. Organização .................................................................. .06
. Atividades e especialidades............................... .07
. ESCOTISMO NAS PEQUENAS CIDADES.............08
. ESCOTISMO EM MARAVILHA..................................... .08
. ESCOTISMO E ESPAÇO PÚBLICO........................... .10
. A CIDADE DE MARAVILHA........................................... .11
. Histórico............................................................................. .12
. A cidade hoje................................................................. .14
. Equipamentos de lazer...........................................17
. PROPOSTA GERAL...............................................................19
.Rede de Espaços públicos.....................................19
. PROJETO PARQUE ESCOTEIRO............................... .21
. PROJETO SEDE ESCOTEIRA ...................................... .28
. REFERÊNCIAS ....................................................................... .38
Introdução O escotismo é um movimento educacional voluntariado que visa in-
struir jovens, estimulando o contato com a natureza, vida ao ar livre; objeti-
va também, ajuda ao próximo e o desenvolvimento pessoal. Nas pequenas
cidades, o movimento escoteiro possui grande importância, sendo uma al-
ternativa de lazer que atrai cada vez mais as crianças e jovens. Na cidade
de Maravilha, localizada no extremo Oeste de SC, a relação entre escotis-
mo e comunidade é muito próxima, e ocorre principalmente nos espaços
públicos da cidade por meio de eventos e atividades. Atualmente, o Grupo
Escoteiro (G.E.) do município de Maravilha necessita de uma nova sede
com espaços adequados para suas atividades. Ao mesmo tempo, a cidade
possui uma grande demanda por espaços públicos de lazer. Pensando nis-
so, o objetivo deste estudo é desenvolver o projeto de um parque público
e o projeto da sede do grupo escoteiro que se localizará no mesmo, config-
urando uma área verde de lazer da cidade cujos elementos do escotismo
sejam diretrizes de desenho urbano, promovendo ainda mais a interação
entre o grupo e a cidade e estimulando novas alternativas de apropriações
do espaço público.

01 Fonte: G. E. Raízes.
ESCOTISMO
02
O QUE É? suas casas, mais desenvolvidos e independentes.
O acampamento foi um sucesso e no ano seguinte,
O Escotismo é um movimento mundial de volunta- 1908, B.P. reescreve seu livro – que era voltado para militares
riado, apartidário que visa instruir jovens através de valores - adaptando-o para desenvolvimento dos jovens, intitulado
baseados na Promessa e Lei Escoteira. Seguindo princípios “Escotismo para rapazes” e que teve muita boa repercussão.
como a honra, respeito, disciplina, lealdade, o movimento Assim, o movimento foi crescendo, até que em 1910 Baden-
incentiva a vida ao ar livre, o trabalho em equipe e o desen- -Powell afasta-se do exército para se dedicar exclusivamente
volvimento pessoal do jovem. ao movimento escoteiro. Daí em diante o movimento come-
çou a crescer cada vez mais e, desde 1909, passou a aceitar
ORIGEM meninas. Em 1920, acontece o primeiro Jamboree Mundial,
maior evento escoteiro do mundo, e que reuniu mais de 8
O movimento Escoteiro foi fundado por Robert Ste- mil jovens em Londres. (Fonte: UEB)
phenson Smith Baden-Powell, em 1907. Robert, nascido na Robert dedicou o restante da sua vida ao movimen-
Inglaterra em 1857, foi uma criança pró-ativa, que gostava to, ao lado de sua esposa Olave Baden-Powell, onde ambos
de estar ao ar livre e aprender coisas novas. Quando adulto, passaram a se dedicar à inclusão das meninas no movimen-
ingressou no exército onde, por suas habilidades e compe- to. B.P. faleceu em 1941, aos 84 anos, e o movimento conti-
tência, obteve muito sucesso. Durante sua carreira militar, nuou crescendo tendo-o como grande ídolo.
Baden-Powell (como é chamado no movimento, ou pela
abreviatura B.P.) teve a oportunidade de conhecer diversos ESCOTISMO NO BRASIL
países, diferentes culturas, principalmente das tribos que
conheceu pelo interior da África. Seus feitos militares eram Na época da fundação do movimento, marinheiros da
muito reconhecidos, como no caso da Guerra de Transval frota naval do Brasil estavam na Europa e acompanharam
em 1899, quando mesmo com um número reduzido de sol- de perto o surgimento do escotismo e seu sucesso. Ao retor-
dados, conseguiu resistir às tropas inimigas graças à organi- narem ao Brasil, trouxeram consigo os uniformes e acessó-
zação, disciplina e coragem do grupo (THOMÉ, 2006). rios escoteiros. Logo, se organizaram para fundar a primei-
Pouco depois, escreve o livro “Aids to Scouting” (traduzido ra associação escoteira do Brasil, em 1910, no Rio de Janeiro
como “Auxílio para o Escotismo”), uma espécie de manual com o nome de Centro de Boys Scouts do Brasil. A partir daí
não tradicional de treinamento voltado para militares, nele o movimento passou a se espalhar pelo país, sofreu ajustes
haviam relatos pessoais, ensinamentos sobre acampamen- e em 1924 foi fundada a União dos Escoteiros do Brasil (UEB),
to e sobrevivência, sugestões de atividades de treinamentos que visava organizar e unificar o movimento que já possuía
e jogos. diversas modalidades diferentes.
Após a publicação do livro, B.P. parte para mais uma
missão como general. Ao retornar percebe que seu livro vi-
rou sucesso, sendo usado não somente por militares, mas
também para os jovens que realizavam as atividades como “O Escotismo é um movimento educacional que,
uma forma de lazer. por meio de atividades variadas e atraentes, in-
Com a repercussão da publicação, Robert decide rea- centiva os jovens a assumirem seu próprio desen-
lizar um acampamento onde trabalharia com os jovens os volvimento, a se envolverem com a comunidade,
ensinamentos de seu livro. O acampamento ocorreu na Ilha formando verdadeiros líderes. Acreditamos que,
de Brownsea, em 1907, e é considerado o marco inicial do por meio da proatividade e da preocupação com o
movimento escoteiro. Foram 20 jovens convidados para o próximo e com o meio ambiente, podemos formar
evento, onde ao longo de 8 dias BP colocou em prática suas jovens engajados em construir um mundo melhor,
ideias e ensinamentos, desenvolvendo a vida em equipe e mais justo e mais fraterno.” (União dos Escoteiros
ao ar livre, técnicas manuais, primeiros socorros, boa alimen- do Brasil)
tação e boas ações. Seu principal objetivo no acampamen-
to era fazer com que os jovens retornassem melhores para

03 Robert Baden Powell. Fonte: UEB.


LEIS ESCOTEIRAS O ESCOTISMO HOJE
Atualmente o movimento vem crescendo cada vez mais,
1. O escoteiro tem uma só palavra, sua mesmo com as dificuldades, no Brasil são mais de 80 mil membros,
em 607 cidades (Fonte: UEB). Uma das dificuldades se dá pelo fato de
honra vale mais do que sua própria vida; ser um movimento voluntariado, portanto seus recursos financeiros
são muito limitados e dependem de ações realizadas pelos próprios
2. O escoteiro é leal; membros.
Outra grande dificuldade é em relação ao pré-conceito
3. O escoteiro está sempre alerta para daqueles que não conhecem o movimento e o julgam como algo
ajudar o próximo e pratica diariamente extremamente militar e autoritário. Apesar do movimento ter
uma boa ação; surgido através do meio militar, ele já existe há mais de 100 anos e
durante esse tempo passou por diversas adaptações e mudanças.
O movimento que surgiu como “somente para meninos” logo
4. O escoteiro é amigo de todos e ir- incorporou as meninas e hoje aplica e busca incentivar a igualdade, e
mão dos demais escoteiros; também liberdade de gênero. Aliás, não somente isso, mas também
a igualdade de raça, cor e crença. Apesar de utilizar Deus como
5. O escoteiro é cortês; uma das bases do movimento, não possui religião, pelo contrário, o
movimento defende a espiritualidade livre e independente, também
6. O escoteiro é bom para os animais e o bem-estar da mente e espírito.
O uniforme, apesar de passar a impressão de algo “autoritário”
as plantas; e tedioso, serve, para que todos venham para as atividades com a
mesma roupa, não como forma de restrição, mas como uma forma
7. O escoteiro é obediente e discipli- de ressaltar que todos são iguais, e que o que importa não é o
nado; que você esteja vestindo, mas sim o seu caráter. Por outro lado, o
uniforme também representa a disciplina, mas como um dever de
8. O escoteiro é alegre e sorri nas difi- cada escoteiro em manter seu traje em boas condições, tornando-se
culdades; uma das primeiras responsabilidades ao ingressar no movimento.
Além disso, cada traje (como é chamado pelos escoteiros) carrega
distintivos relacionados às especialidades, insígnias e outras
9. O escoteiro é econômico e respeita informações relacionadas ao grupo.
o bem alheio; Um dos fatores de maior destaque atualmente é a ajuda ao
próximo, lema do movimento, defendido desde o início pelo seu
10. O escoteiro é limpo de corpo e alma; fundador, como dizia Baden-Powell: “devemos deixar o mundo
melhor do que o encontramos”.

“O ar livre é, por excelência, a escola


da observação e compreensão das
maravilhas deste grandioso Universo. Ele
abre o espírito, habituando-nos a apreciar
a beleza que está diariamente diante de
nossos olhos e não vemos.” Baden Powell

04 Fonte: G. E. Raízes.
Fonte: Scout of the world.
A principal, e mais conhecida, atividade de um
escoteiro é o acampamento, evento mais esperado
pelos jovens. É no acampamento que todas as técnicas
trabalhadas nos encontros são colocadas em prática. B. P.
o via como um meio propício para o desenvolvimento dos
atributos pessoais de cada jovem. Acampar é uma das coisas
mais importantes para um escotista, onde são vivenciados
momentos que ficam na memória de cada um.
No acampamento acontecem os principais
aprendizados, são os próprios jovens que preparam suas
instalações e sua comida. Uma das primeiras tarefas é
definir as regiões para as atividades, onde é o melhor local
para as barracas, para o fogo, para cozinha, etc. A montagem
da estrutura que varia muito de acordo com cada grupo,
com o local e foco da atividade. São utilizadas barracas
tradicionais, ou são construídas com bambu e lona, onde
são colocadas em prática as habilidades manuais e nós, a
organização, trabalho em equipe e responsabilidade, afinal,
estão montando uma estrutura que deverá abrigá-los com
segurança durante a noite. A cozinha é improvisada, com o Fonte: G. E. Raízes.
auxílio de fogueiras ou fogareiros, localizada próxima à uma espaços fechados e protegidos. Os acantonamentos costumam O ESCOTISMO - EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
fonte de água. No início do movimento, os acampamentos ser mais curtos que os acampamentos.
aconteciam em locais sem nenhuma estrutura, sendo A relação com a natureza é extremamente valorizada no O ensino acontece de variadas formas e em variados
construída até mesmo a fossa para banheiro e os recursos Escotismo. Segundo Nascimento (2008), o movimento defende lugares, desde a casa à escola. A educação pode ser classifi-
eram limitados, hoje a maioria acontece em locais onde a educação do jovem através da prática de esportes, observação cada da seguinte maneira: formal, não formal e informal. A
exista uma estrutura de apoio com banheiros e fonte de e prestação de serviços à outras pessoas, sendo o campo o lugar educação formal seria a que acontece nas escolas seguin-
energia elétrica. No entanto, quanto mais “rústico” for o mais propício. Desde o início o Escotismo busca aprendizado do os parâmetros tradicionais de ensino, com normas e or-
espaço, mais divertido ele se torna. através do contato a natureza, pois ela é o espaço ideal para ganizada. A educação não formal são atividades voltadas à
Os lobinhos, por serem mais novos, não realizam relaxar, descansar, aprender e cultivar boa saúde, um refúgio do educação que não estão vinculadas ao sistema de ensino
acampamento ao livre. Para eles a atividade é de caos urbano das grandes cidades. É no campo que as crianças tradicional das escolas. Já a educação informal é aquela que
acantonamento, que é basicamente um acampamento, podem observar a vida dos animais e vegetais, e assim aprender não possui uma organização, onde a educação acontece de
só que ao invés de barracas ao ar livre, eles dormem em na prática, não apenas sentadas em uma sala de aula. maneira informal através das vivências do dia-a-dia. Além
disso, a alfabetização acontece em três diferentes tipos de
aprendizagem: prática, que seriam os conhecimentos técni-
cos; cívica, conhecimentos que formam um cidadão; e cul-
tural (GASPAR, 1992, apud MORENO, Camila).
Autores como Paolillo e Imbernon (2009), caracteri-
zam o Movimento Escoteiro como “maior movimento orga-
nizado de educação não formal”.

05 Fonte: UEB.
ORGANIZAÇÃO
Composto por SÊNIOR
jovens de 18 a 21 anos,
O Escotismo possui três modalidades denominado Clã Pioneiro, o
que determinam o foco das atividades, no Jovens de 15 a
ramo é voltado à integração do 17 anos. O ramo possui
entanto todas mantém a mesma base de jovem na sociedade e a colocar em
princípios e métodos. São elas: ênfase no processo de
prática, como cidadão, os ensimentos autoconhecimento, aceitação e
BÁSICO da Lei Escoteira. Trabalha-se com aprimoramento de características
É a mais ampla, suas atividades autonomia e as atividades vão além dos pessoais. Trabalha-se explorando os
são voltadas para a prática acampamentos e esportes radicais. limites, com desafios físicos, mentais,
excursionista, campismo e O lema do clã é “servir”, pois é neste espirituais e sociais. A tropa sênior
montanhismo. A pioneiria período que o jovem está se tornando
(trabalho com cordas, nós e
possui mais autonomia e a aventura e
adulto e passa a aplicar os superação são as palavras chave das
bambu) tem maior destaque.
ensinamentos do movimento atividades. Assim como no ramo
através dos trabalhos escoteiro, o sênior é dividido
Fonte: acervo comunitários. em patrulhas de 6 a 8
próprio.
MAR jovens.
Nessa modalidade as
atividades são volta-
PIONEIROS Fonte: acervo
próprio.
das para a água (mar,
rios, lagos, etc.), como
mergulho e remo.

Fonte: UEB.

AR
Introduz o
aeromodelismo
nas atividades. Fonte: UEB.
Esportes aéreo e
meteorologia são
destaque nessa
modalidade.
Fonte: UEB.
Composto por
O grupo é divido em ramos de crianças de 7 a 11 anos,
acordo com a faixa etária do jovem e que
são coordenados pelos adultos voluntários LOBINHOS que juntas formam a Alcateia.
O ramo trabalha com uma Jovens
chamados de chefes, além de contar com temática que envolve a fantasia, de 11 a 14 anos,
o apoio e participação da família. tendo como base o “Livro do Jangal”,
Ao atingir a idade adequada ao ramo, Fonte: G. E. o ramo trabalha com os
de Rudyard Kipling, que conta a história Raízes. ensinamentos de B.P, vendo
o jovem passa pelo rito de passagem, de Mogli, O Menino Lobo. A ênfase
onde renova sua promessa escoteira e é sua história/legado e colocando
educativa é a socialização da criança em prática. Baseiam-se também
recepcionado pelo novo ramo através de
através do estímulo ao convívio social, nos estudos da natureza, vida mateira,
brincadeiras e desafios que marcam essa
troca. realizando atividades divertidas e aventura e vida ao livre.O foco é na criação
lúdicas. A Alcateia é organizada e ampliação da autonomia, vivenciar a
em pequenos grupos
CHEFIA chamados de “matilhas”,
natureza e vida em equipe, explorando
novos territórios com um grupo de amigos.
PIONEIROS com 4 a 6 crianças. Os jovens são divididos em patrulhas de 6
SÊNIOR’S a 8 membros. Cada patrulha possui um
monitor e sub-monitor, e um canto
ESCOTEIROS ESCOTEIROS deequipamentospatrulha onde ficam todos os
dos mesmos.
LOBINHOS
FAMÍLIA Fonte: UEB.

06
ATIVIDADES ESPECIALIDADES
O movimento possui também as especialidades que consistem uma
lista de atividades e tarefas relacionadas à um campo de conhecimento,
contação de história que envolvem estudos, pesquisas, apresentações e podem contar com a
FOGO DE CONSELHO presença de algum especialista da área. Ao completar as tarefas, o jovem
deve apresentar os resultados ao grupo e então recebe um distintivo que
conversas e reflexões simboliza sua conquista. As áreas de conhecimento são:
trilhas
Ciência e tecnologia: são 26 especialidades que envolvem assuntos
ACAMPAMENTOS técnicos, como anatomia humana, arquitetura, astronáutica,
paleontologia, engenharia, etc.
canções e danças
Cultura: são 35 especialidades que abordam assuntos como artes,
BRINCADEIRAS E DINÂMICAS artesanato, dança, fotografia, literatura, etc.
bivaques
Desportos: são 45 especialidades que abordam assuntos relacionados
TRABALHOS MANUAIS à esportes e atividades físicas, como natação, montanhismo, pesca,
tirolesa patinação, etc.
VIDA AO AR LIVRE
Habilidades escoteiras: são 13 especialidades que envolvem as técnicas
nós e amarras
e conhecimentos do movimento escoteiro, como culinária, pioneiria,
acampamento, marinharia, lenhador, etc.
jogos
acantonamentos
Serviços: são 90 especialidades relacionadas à prestação de serviço à
escalada cozinhar em fogueiras
outras pessoas, tarefas comunitárias relacionadas à diversos temas como
saúde, segurança, manutenção, como por exemplo: construção civil,
rapel costura, segurança no trânsito, etc.
ESPORTES RADICAIS

JORNADAS pioneiria

Fonte imagens: G. E. Raízes


Fonte: UEB
07
ESCOTISMO NAS PEQUENAS ESCOTISMO EM
CIDADES MARAVILHA - SC
O movimento escoteiro possui grande importância
nas pequenas cidades. Existem alguns fatores que facilitam O movimento surgiu na cidade na década de 1970. Seu
o desenvolvimento do grupo e sua relação com a cidade. fundador foi Nacio Massirer, que após vivenciar o movimento
Nessas cidades, as relações entre a população são mais em outras cidades resolveu implantá-lo em Maravilha.
próximas, devido à pequena quantidade de habitantes, a Depois de muitas leituras e cursos, em 1973, nasce o Grupo
maioria se conhece ou possui conhecidos em comum. Dessa Escoteiro Castro Alves. Sem sede definitiva, o grupo utilizava
forma, há um maior envolvimento e comprometimento na época diversos espaços que lhes eram “emprestados”,
com o grupo, onde a participação da família é muito grande, como escolas, CTG (Centro de Tradições Gaúchas) e Salão
o que auxilia o grupo a se manter ativo, já que se trata de Paroquial. Poucos anos depois o grupo conquista sua própria
um movimento voluntário. Os pais sentem orgulho em Fonte: G. E. Raízes.
sede, onde está até hoje, que foi cedida pela prefeitura para
levar seus filhos para o movimento, assim como as crianças abrigar as entidades Lions, Leo Clube e o Grupo Escoteiro.
sentem orgulho em fazer parte do grupo. A falta de conhecimento da população em relação ao
Muitas vezes, nas pequenas cidades não há muitas movimento e a falta de recursos, fizeram com que o grupo
opções de lazer, existem poucos parques e equipamentos enfraquecesse até que encerrou suas atividades. Parado
culturais como teatros, cinema, etc. Dessa forma, o durante alguns anos, o grupo retoma suas atividades em
movimento escoteiro é muito procurado como forma de 1995, repaginado e com um novo nome: O Grupo Escoteiro
lazer e ocupação, oferecendo atividades que exploram a Raízes.
natureza do próprio local, mesmo onde não há muitos Atualmente o Grupo conta com 117 membros e possui
recursos. mais de 70 jovens na fila de espera para ingresso, essa
A dimensão urbana auxilia na visibilidade do demanda não pode ser atendida devido à falta de adultos
movimento. Núcleos urbanos menores permitem uma voluntários e também pela falta de espaço e infraestrutura.
maior visualização das atividades pela população, pois o GE “O principal dentro da nossa seção [escoteiro], é trabalhar
está sempre fazendo caminhadas pelas cidades, brincadeiras com os jovens o desenvolvimento do caráter, da autonomia,
e atividades em locais públicos como praças por exemplo. da responsabilidade e também da parte espiritual, sempre
Existe a facilidade em encontrar locais adequados para a em conjunto com a família e a escola.” Depoimento de uma
prática das atividades, pois há muitas áreas com vegetação Chefe Escoteira para a revista de comemoração dos anos do
que, mesmo que sejam privadas (não sendo caracterizadas movimento na cidade.
como parques), permitem que o grupo possa explorar seus Fonte: acervo próprio. A escala de Maravilha, com pouco mais de 24 mil
ensinamentos vivendo ao ar livre e tendo o contato direto habitantes, permite que haja uma maior visibilidade e
com a natureza. interação do grupo com a comunidade. Sendo realizados
A divulgação do movimento é maior; é comum ver diversos eventos que envolvem o grupo e a cidade. Dentre
notícias sobre o grupo nos jornais da cidade ou na rádio eles, destaca-se a Trilha Juruna e o Almoço dos Escoteiros
local. Além disso, há a divulgação “boca-a-boca” e os jovens com expressiva participação da população maravilhense.
que convidam seus amigos e familiares para participarem A Trilha Juruna, é um evento de destaque principalmente
também. para os jovens. Consiste em uma trilha de aproximadamente
10 km, que percorre a cidade e proporciona aos participantes
um intenso contato com a natureza e com o estilo de vida do
escotismo. Cada edição possui um percurso diferente com
diversos desafios. Divididos em equipes, os participantes
sentem o gostinho de um verdadeiro acampamento
escoteiro, onde devem escolher um nome para a equipe,
Fonte: G. E. Raízes. bandeira, canto, etc. Cada atividade soma pontos que, ao
08
final da trilha, apontam a equipe vencedora. duas vezes nos últimos anos. Nesses casos, os
Já o Almoço dos Escoteiros é um evento que reúne eventos aconteceram no parque de exposições
as famílias e a comunidade; possui o intuito de arrecadar da cidade, pois o grupo não possui um espaço
fundos para o Grupo e acontece no salão paroquial da adequado para esse tipo de encontro.
cidade. Além disso, o G.E. Raízes auxilia a prefeitura em A atual sede do grupo localiza-se na
diversos eventos realizados na cidade, principalmente Avenida Presidente Kennedy, no centro da
em atividades voltadas para as crianças, como a caça aos cidade. O terreno foi cedido pela prefeitura para
ovos na páscoa, semana da criança, desfiles festivos, etc. as entidades municipais e possui um pequeno
Membro da União Escoteiros do Brasil (UEB), chalé. O espaço era compartilhado/dividido entre
o Grupo Raízes se destaca pela capacitação de seus o Lions Club, Leo Clube e G. E. Raízes. A edificação,
voluntários, que estão sempre participando de cursos apesar de simples, é muito valiosa para o Grupo e
e aprimoramentos oferecidos pela organização do possui ambientes carregados de boas memórias;
movimento no Brasil, e como resultado o grupo possui porém encontra-se muito danificada pelo tempo
Tropa reunida em frente a sede antes da nova construção. Fonte: acervo próprio.
classificação Ouro pela UEB. de uso e parte dela (o sótão, muito utilizado pela
O G. E. Raízes participa de diversos eventos tropa Sênior) está interditada. Devido à esse
escoteiros a nível regional, estadual e até mesmo fator, em 2014 as entidades ganharam um novo
nacional, como acampamentos, encontros, mutirões, espaço, construído exatamente em frente ao
etc. Há eventos específicos para cada ramo, como por pequeno chalé, ocupando toda a área de pátio
exemplo: ALO (acampamento de lobos do oeste); TEA verde antes existente. O grupo permanece com
(Tropa Escoteira em Ação); Jordise (Jornada Distrital suas atividades na antiga edificação, porém, o
Sênior); PIO Adventure (Pioneiros); e também os que espaço externo que antes já era pequeno, agora
envolvem todos os ramos como: ELOs Regionais; encontra-se ainda mais limitado.
Jamboree (nacional e mundial); Escopíadas; entre outros A demanda por um novo espaço adequado
tantos eventos organizados pelo movimento. para Grupo e suas atividades, foi um dos fatores
As Escopíadas são as olímpiadas escoteiras a nível que levaram ao desenvolvimento do presente
regional, que acontecem com frequência no Oeste de projeto.
Santa Catarina. O G. E. Raízes participa ativamente do
evento, que já foi organizado e realizado em Maravilha
Atual sede. Fonte: G. E. Raízes.

Fonte: G. E. Raízes.

09 Atuais membros do Grupo Escoteiro Raízes. Fonte: G. E. Raízes. Fonte: G. E. Raízes.


Escotismo e o espaço público

Os espaços utilizados pelos escoteiros variam de acordo com a atividade


desenvolvida. Como o movimento estimula a vida ao ar livre e o contato
com a natureza, os espaços mais utilizados são as áreas verdes. Embora eles
trabalhem com o que tiverem disponível, criando seus próprios recursos. Os
locais mais interessantes são os que possuem maiores estímulos, oferecendo
mais possibilidades de usos. Locais com vegetação (matas), com água (rios,
lagos, cachoeiras), com desafios (montanhas, taludes, etc).
A cidade é palco para diversas atividades escoteiras. As praças e ruas
da cidade funcionam como uma extensão da sede, sendo muito comum
nos finais de semana ver os jovens andando uniformizados e em busca de
aventuras.
Os acampamentos ocorrem tanto em áreas públicas quanto em privadas, em
áreas com maior infraestrutura e também em locais mais afastados, até mesmo
sem energia elétrica, tudo depende do objetivo do acampamento.
O grupo escoteiro de Maravilha realiza seus acampamentos nas praças da
cidade, e em locais “emprestados”, como em sedes de associações, chácaras
e propriedades rurais. Os eventos maiores acontecem também em espaços
públicos como o centro de exposições e escolas.
Há uma relação de troca entre o grupo, os espaços que ele utiliza e a
comunidade. Um dos lemas do movimento é a ajuda ao próximo e a prática
de boas ações. Portanto, eles contribuem com a manutenção e melhoria dos
locais que utilizam, fazendo ações de limpezas nos rios, mutirões sociais e
auxiliando nos eventos da prefeitura.
Além das áreas verdes, o grupo também utiliza espaços fechados. A
sede é o local de encontro, atividades, planejamento e armazenamento
de materiais. Espaços semiabertos também são importantes, como áreas
cobertas.

Fonte: Google maps.

10
O LOCAL: MARAVILHA
11
HISTÓRICO Em 1949, chega a Maravilha – ainda
mata apenas – o grupo de colonizadores
da Companhia Territorial Sul Brasil. Vindos
do RS, se admiraram com a quantidade de
araucárias e com a beleza do lugar indagaram:
“Que maravilha de lugar!”, dando origem (no
futuro) ao nome da cidade.
Com a abundância de madeira,
a Companhia trouxe inicialmente as
madeireiras para a vila e encarregou-se de
abrir estradas. Junto à eles a Companhia
trouxe a Congregação dos Missionários da
Sagrada Família, que recebeu um pequeno
pedaço de terra para ali se instalarem e
iniciar as atividades religiosas. Esse fato atraiu
ainda mais colonizadores/trabalhadores
para a região. Visto que era uma das únicas
instituições religiosas nas proximidades.
Após trazer as madeireiras, a
Companhia iniciou as vendas das terras. Os
anúncios prometiam terras boas e férteis a
A colonização do oeste de Santa Catarina
um preço muito abaixo do mercado. O nome
se intensificou logo após o final da Guerra
e a localização, tornavam a oferta ainda mais
do Contestado, quando o governo viu a
atrativa e assim as famílias foram chegando
necessidade de ocupar rapidamente as
em busca de uma nova vida.
terras do oeste catarinense a fim de garantir
a posse deste território que era cobiçado Pode-se dizer que a cidade teve uma
pela Argentina. Para isso, empresas colonização múltipla, marcada inicialmente
colonizadoras vindas do Rio Grande do pelos colonizadores e trabalhadores da
Sul iniciaram seu trabalho de ocupação empresa Companhia Territorial, trabalhadores
ao longo das margens do Rio Uruguai, das madeireiras e as famílias gaúchas
adentrando ao oeste catarinense ainda compradoras das terras.
intacto. Como já citado, a presença religiosa,
principalmente a católica, é marcante Primeira Escola, comandada pelas irmãs. Fonte:
Museu Padre Fernando Rangel.
no desenvolvimento da cidade. Desde

sua colonização, já havia a presença dos


seminaristas e das irmãs. Foram elas que
fundaram a primeira escola da cidade, que
foi rapidamente ganhando muitos alunos
(filhos dos tantos trabalhadores e famílias que
chegavam na cidade), inicialmente com 25
alunos em 1954 - escola ficava localizada junto
à casa das irmãs - e em 1960 esse número havia
subido para 535 alunos, uma nova escola já
havia sido construída e ampliada conforme a
necessidade. O número de alunos nas escolas
aumentava cada vez mais.

Inauguração Seminário da COngregação dos Missionários


Fonte: Museu Padre Fernando Rangel
da Sagrada Família. Fonte: Museu Padre Fernando Rangel.

MATA DE ARAUCÁRIAS 1949 1954


12
A colonização iniciou-se na parte mais CAPELA E
elevada da cidade, ao longo do eixo da atual SEMINÁRIO
Avenida Araucária, sendo zoneada em Cidade
Alta (onde está o centro) e Cidade Baixa
(acesso) (Figura 52). Portanto, a topografia foi
fator prioritário de ocupação, diferenciando AV. ARAUCÁRIA
de outras cidades onde a ocupação acontece
primeiramente em volta do rio.
Nesse eixo inicial, foram construídas
as primeiras edificações e também o marco
zero, que servia de referência para o processo
de divisão de lotes. Na extremidade mais
alta, localizavam-se as edificações religiosas:
o seminário dos padres, uma capela e a casa
das irmãs. O eixo ia em direção ao Rio, onde
Desfile de 7 de setembro. Fonte: Museu Padre
hoje está a prefeitura, e a partir dele foram Fernando Rangel.
traçadas novas vias. Até hoje o desenho
de malha ortogonal é o que prevalece no A grande quantidade de
desenvolvimento da cidade, que apesar de crianças, principalmente em eventos Fonte: Museu Padre Fernando Rangel

não ser totalmente plana, permite esse tipo com autoridades, desfiles e festas,
de configuração. começou a chamar a atenção e a
cidade passou a ser conhecida como
A Cidade das Crianças. O termo foi
oficializado em 1970, como “Capital da
“Maravilha foi planejada assim: Criança”.
tendo suas ruas quadriláteras regulares
traçadas conforme os pontos cardeais;
contornando-a, pequenas chácaras com
uma média de 3 hectares cada uma,
Durante sua primeira década, a atividade
onde se instalaram agricultores que
econômica baseava-se nas madeireiras,
abasteciam a cidade com horticultura e
imobiliárias e agricultura de subsistência. A
a fruticultura e, prevendo a expansão da
partir da década de 60, a atividade agrícola
cidade, com a possível industrialização e,
começava a aumentar e ganhar força, Fundação do primeiro Grupo Escoteiro: Castro Alves.
no interior, chácaras maiores ou colônias Fonte: Museu Padre Fernando Rangel
quando em 1970 a abertura das rodovias
para o desenvolvimento agrícola. ”
federais BR 282 e BR 158 alavancou ainda
(GIALDI, 2003. p. 129)
mais a produção. Daí em diante iniciou-se um
processo de industrialização, entre 1980 e 1995,
que teve como destaque a implantação da
BR 282
empresa frigorífica Aurora. Com a chegada do

EMANCIPAÇÃO: frigorífico, a agricultura passa a investir mais


em pecuária. Depois das indústrias, outras
empresas foram atraídas para a cidade, com
TORNA-SE MUNICÍPIO destaque para as metalúrgicas, equipamentos
de pecuária e agricultura, oficinas, transporte
BR 158

e prestadoras de serviços. Fonte: Google maps.

Fonte: Prefeitura Municipal de Maravilha.


Torna-se Distrito de
Inauguração do Museu
Maravilha Padre Fernando Machado
Construção da BR 282 e BR 158

1956 1958 1970 1973 ...


13
MARAVILHA HOJE
Cidades pequenas, como Maravilha, possuem dinâmicas diferentes dos grandes
centros, seu ritmo é menos acelerado. As curtas distâncias resultam em um trânsito mais
tranquilo, embora o automóvel seja o principal meio de transporte, devido à ausência de
Maravilha hoje possui aproximadamente 25 mil habitantes, de acordo com o censo do sistema de transporte público e ciclovias. A população possui o hábito de utilizar o carro
IBGE para 2017. Apesar das características rurais, a principal atividade econômica é a indus- mesmo para pequenos trajetos, apesar da cidade ter grande potencial de caminhabilidade,
trial, seguida por serviços e agricultura. Sua população vem crescendo gradualmente, sem já que sua maior dimensão urbana não chega a 5 km e sua topografia é favorável. Há
apresentar grandes saltos, o que facilita seu planejamento que se mantem predominante- apenas um trecho de ciclovia na cidade, ao longo da Avenida Maravilha (principal acesso
mente em malha xadrez. da cidade), porém não há continuidade e encotra-se em más condições de uso.
A caixa das vias é bem generosa, possuindo estacionamento na maioria delas. Há
ANO População Total Pop. urbana Pop. Rural
muitos espaços livres e muito verde, que caracterizam uma paisagem rural, com baixos
2000 18 521 14 226 4 295 gabaritos e edificações com afastamentos nos lotes.
A escala da cidade permite uma relação de proximidade e maior interação entre
2010 22 101 18 087 4 014 moradores. Aos finais de semana, um dos costumes da população é ir com a família e/
ou amigos para as praças e principais ruas da cidade. A Avenida Araucária torna-se um
2017 (estimada) 25 076
dos principais pontos de encontro das pessoas (principalmente dos jovens), que saem de
suas casas para olhar vitrines, bater um papo ou simplesmente observar o movimento
Localização: População jovem com idade para sentados nas calçadas. Até mesmo pessoas dos municípios vizinhos se deslocam para
participar do escotismo: Maravilha em busca de lazer. Embora a cidade possua poucas áreas públicas de lazer, que
26° 46’ 12” de latitude Sul com o meridiano 53° 13’ 00” IDADE n⁰ de hab. (IBGE, 2010) são limitadas a pequenas praças.
de longitude Oeste;
7- 10 anos 1218
Altitude: 606 metros acima do nível do mar, no 12 – 14 anos 1446
perímetro urbano; 15 – 17 anos 1151
18 – 21 anos 1585
Clima: mesotérmico úmido, com as 4 estações bem
definidas; TOTAL 7 – 21 anos 5400

Papel Regional

A cidade de Chapecó é o grande polo


regional do oeste catarinense, e está a 70km
de Maravilha, que por sua vez exerce papel
intermediário sendo polo microrregional dos
pequenos municípios do entorno. Maravilha

Maravilha é sede da AMERIOS -


Associação dos Municípios Entre Rios. Esta
associação abrange 17 municípios de menor Chapecó
porte localizados entre o Rio das Antas e Rio
Chapecó. Fonte: amerios.org.br

14 Av. Araucária. Fonte: acervo próprio. Fonte: Google maps modificado pela
PLANO DIRETOR

Av. Araucária. Fonte: acervo próprio.

Plano Diretor de Maravilha. Fonte: Prefeitura Municipal de Maravilha.

15
MALHA VIÁRIA

Fonte: Prefeitura Municipal de Maravilha.


Para elaboração do projeto, o primeiro passo foi de consulta ao Plano Diretor atual
do município de Maravilha. Incialmente buscou-se identificar a existência de áreas de
preservação permanentes (APPs). Por meio do mapa, percebeu-se que existem apenas
duas áreas de APP, uma próxima à BR 282, onde fica a Cachoeira do Rio Iracema e outra
próxima ao centro da cidade, local de topografia com declive acentuado. Junto à esta
área está a única Zona de Interesse Social.
Em relação ao gabarito, o que chama atenção é o limite máximo permitido para a
região central da cidade: 20 pavimentos. Essa previsão não condiz com a realidade atual do
município, que possui poucos prédios e com no máximo 10 pavimentos. A verticalização
e o aumento da densidade tendem à diminuir a qualidade dos espaços públicos se não
for planejada levando em consideração aspectos de infraestrutura e ambientais.
A margem do Rio Iracema, que atualmente é ocupada principalmente por edificações
residenciais unifamiliares, permite até 6 pavimentos. Densificar e permeabilizar mais
ainda a borda do rio intensifica um problema que hoje já atormenta a população, que
são as enchentes. A criação desse eixo comercial ao longo do rio também mostra uma
tendência que acontece em muitas cidades: a canalização do rio.
Há também grandes vazios urbanos e uma tendência de zonas de crescimento,
principalmente ZR I na região sul, tendo em vista o projeto de contorno viário previsto
para os próximos anos.
16
EQUIPAMENTOS E
ÁREAS DE LAZER

17
Fonte: acervo
próprio.

Praça
Praça Padre José Cidade das
Bunse é a principal praça da Crianças. Localizado em
cidade, está localizada no centro junto frente à prefeitura, ao lado
à Igreja Matriz São José Operário. Possui do Ginásio Municipal de Esportes
grande importância na cidade, sendo palco e próximo à equipamentos como
de grandes eventos do município e também do postos de saúde. Possui quadras de areia,
cotidiano da população. Possui muitas árvores e áreas basquete, academia, playground e áreas
Fonte: acervo
de estar, que durante as estações quentes ficam lotadas próprio. verdes. É um dos principais espaços de lazer
no final de semana. Bem ao centro, está a escultura “A utilizados pela população maravilhense, Fonte: Prefeitura Mu-
Criança e o Pássaro”, do Artista Paulo Siqueira, que simboliza o principalmente aos finais de semana. nicipal de Maravilha.
sentimento especial pelas crianças na cidade. O espaço abrange Eventualmente são realizados torneios de
muitos públicos. As crianças adoram correr e andar de bicicleta esportes, que costumam lotar o espaço.
por seus caminhos, e ficam horas brincando no parquinho, suas Apesar de sua proximidade com o Rio
famílias acompanham, trazendo o tradicional chimarrão para Iracema, não possui nenhuma relação
sentar e conversar entre amigos enquanto esperam seus filhos com o mesmo, sendo inclusive
brincarem. É local de encontro de jovens e adolescentes, que se separado por uma cerca e
reúnem para conversar e dar voltas pela cidade. Inclusive, o local estrada.
já foi mais atrativo para este público, pois possuia uma pista A Praça dos
de skate que recentemente deu lugar a um estacionamento motoristas possui
da Igreja. Seu entorno possui comércio e serviços que áreas verdes, parquinho
mantem um grande fluxo de pessoas. Durante a noite, Fonte: Google Street View. infantil, equipamentos de
quem aparece são as barraquinhas de lanches para ginástica e um memorial
incrementar o espaço. Com infraestrutura simples, do motorista. É muito Fonte: acervo próprio.
a praça poderia oferecer muito mais no quesito frequentada pelas crianças,
acessibilidade, que é sempre deixado de principalmente da escola
lado. em frente e também por
famílias (principalmente
aos finais de semana. Cachoeira do Rio
Museu Padre Iracema. O Rio Iracema
Fernando Rangel. Inaugurado atravessa a cidade finalizando
em 1988, o Museu Padre Fernando o perímetro urbano com uma bela
Rangel foi criado com o intuito de resgatar cachoeira que já foi muito utilizada pela
e preservar a história da região. Possui diversos população como local turístico e de lazer. Ela
artigos que contam a história da cidade, como fica próxima à BR 282, afastada da cidade. Hoje,
artefatos indígenas, ferramentas antigas, moedas infelizmente, encontra-se em estado de abandono
Fonte: acervo próprio. e documentos... A maioria de doação de moradores e descaso, o rio está poluído e com mau cheiro. Havia
que queriam contribuir com a iniciativa. A edificação Fonte: acervo próprio. uma trilha com infraestrutura de escada e mirante,
de madeira, restaurada em 2016, uma das poucas que porém houve degradação e nenhuma manutenção,
permanecem desde o surgimento do município em 1958 o que torna o acesso difícil e até mesmo perigoso. Ao
e que foi a primeira casa de crédito e também sede da lado da cachoeira, foi construído um grande hotel,
Companhia Territorial Sul Brasil. O museu recebe visitas cercado por muros, que deixou o local ainda mais
principalmente das instituições de ensino, do município e desagradável. Até mesmo o Grupo Escoteiro, não
também das cidades vizinhas. Com intuito de dinamizar consegue utilizar o espaço devido às condições
e atrair mais visitas, a administração do museu organiza em que se encontra. É um ponto muito
exposições temáticas, com duração de um mês e importante para a cidade e possui um
exibindo apenas artigos relacionados ao tema. potencial enorme pois trata-se de um
Desta maneira, convida a população a retornar espaço público que deveria ser
ao museu para conferir cada exposição, preservado e valorizado.
valorizando assim seu acervo que não é
muito volumoso.
Fonte: Prefeitura Mu-
nicipal de Maravilha. Fonte: acervo próprio.
18
PROPOSTA GERAL
REDE DE ESPAÇOS
ESCOTEIROS Caminhada

CIRCUITOS Atividades
ESPAÇOS

PÚBLICOS
ATIVIDADES Ciclovia

PARQUE
COMUNIDADE
A demanda por um espaço público de qualidade, somada à necessidade de
espaço adequado para os escoteiros e tendo em vista a relação que já ocorre em
Maravilha entre espaço x comunidade x escoteiro, nortearam as decisões deste
projeto, que partiu da escolha de um local adequado que tivesse importância para
a cidade e também possuísse características favoráveis para os escoteiros. Assim, 3. Parque Esportivo
avaliando as potencialidades e fragilidades dos espaços públicos existentes surge Essa área é onde fica o centro de exposições e eventos da cidade, composto por um
a proposta de criação de uma rede de áreas públicas. grande ginásio esportivo e um campo de futebol. O espaço é bem amplo e serve como local
Para essa escala, foram propostas algumas diretrizes para o projeto de de shows e eventos maiores, sendo pouco utilizado pela população durante a semana. Está
uma rede de espaços públicos. O objetivo é trabalhar com os espaços públicos próximo à escolas e outros equipamentos da cidade. O Rio Iracema cruza o terreno, porém não
existentes na cidade, qualificando-os e inserindo os conceitos do movimento existe nenhuma relação do mesmo com o espaço, não sendo possível o acesso até a sua borda.
escoteiro. São 5 núcleos, 4 em áreas já existentes e a criação de 1 nova. Esses A proposta é requalificar esse espaço mudando sua relação com o rio, incluindo novos
núcleos serão conectados por meio de eixos verdes, com passeios adequados e usos e configurando-o como um grande parque esportivo e de exposições.
ciclovia. A ideia é explorar a caminhabilidade da cidade, valorizando os caminhos - Trabalhar a borda do rio com percursos e áreas de estar;
de pedestre. - Criar aberturas nas quadras para permitir o acesso ao interior do parque;
- Qualificar os espaços e acessos, permitindo que a escola possa utilizar o local para suas
1. Parque Cidade das Crianças atividades;
- Inserir equipamento de apoio ao Grupo Escoteiro. O Clã Pioneiro possui foco de atividades
Espaço público composto por uma praça, ginásio esportivo e praça coberta. Uma voltadas à ações comunitárias, assim poderiam trabalhar em conjunto com a escola e
das áreas de lazer mais utilizadas pela população maravilhense, concentra usos esportivos comunidade no local, principalmente durante os dias de semana.
e o público infantil. A proposta para esse parque é manter suas características principais,
apenas propondo uma conexão com o Rio Iracema. 4. Parque Ambiental
2. Parque Linear Área de Preservação Permanente, com mata densa e preservada e de topografia
acentuada. Em sua borda localiza-se uma zona de interesse social. Não existem espaços de
A prefeitura possui planos de implantação de um parque linear para esse local, com estar e lazer no entorno. A proposta para essa região é a criação de um parque voltado para a
intuito de requalificar a borda e amenizar o problema das enchentes. A área atualmente é educação e conscientização ambiental.
predominantemente residencial unifamiliar e possui vias locais de acesso às residências, - Inserção de um observatório de plantas que possa ser utilizado pelo Grupo Escoteiro e pelas
porém o plano diretor permite um drástico aumento da densidade com edificações de escolas para estudos e pesquisas sobre plantas.
até 6 pavimentos. - Criar caminhos e trilhas permitindo o acesso à mata;
A proposta para essa área: - Qualificar a borda, proporcionando espaços de estar para a população e conformando limites
- Requalificar a borda, aumentando seus afastamentos, e garantindo a preservação da e controlando a ocupação ilegal;
vegetação.
- Fortalecer os eixos perpendiculares ao rio, criando novas pontes;
- Manter o caráter das vias locais transformando-as em vias compartilhadas para que os 5. Parque Escoteiro:
automóveis possam acessar os lotes;
- Trabalhar com caminhos e espaços de estar pelas bordas do rio;
Unindo a necessidade de um espaço adequado para a sede do Grupo Escoteiro
à carência de espaços públicos para a cidade, surge a ideia de criar um novo espaço -
- Manter a frente dos lotes voltadas para o rio, permitindo o uso comercial;
um parque - e que atenda a essas demandas. Dessa forma, a cidade ganha uma nova
- Limitar o gabarito para 2 ou 4 pavimentos (de acordo com o tamanho do lote) reduzir a
área de lazer e o G.E. ganha um local adequado para instalar sua sede, em troca fica
taxa de ocupação e aumentar a taxa de permeabilidade;
encarregado de gerenciar e auxiliar na manutenção do mesmo.
- Criar bacias de acumulação em alguns pontos afim de evitar enchentes;

19
PARQUE CIDADE DAS
PARQUE LINEAR CRIANÇAS
PARQUE ESPORTIVO ESPORTE
urbanização consolidada
eventos uso esporádico brincadeiras
requalificação da borda do rio
esporte uso diário lazer crianças
. relação da cidade com o rio
relação com a escola relação com o rio
cidade
Clã pioneiro

1
2

3
CENTRO

5
4
PARQUE ESCOTEIRO
centralidade
PARQUE AMBIENTAL resgate histórico
PRESERVAÇÃO SEDE PRINCIPAL DO GRUPO ESCOTEIRO
educação ambiental expansão urbana
NATUREZA área verde lazer

escoteiros

espaços públicos
escolas
conexões de áreas verdes
eixos principais
área de recorte de projeto
20
PARQUE ESCOTEIRO
Como visto anteriormente, a cidade de Maravilha carece de áreas da cidade e também abrigou a primeira escola por muitos anos. Apesar de já terem sido
de lazer qualificadas, ao mesmo tempo o Grupo Escoteiro da cidade, substituídas por novas edificações e não funcionar mais como seminário, o espaço ainda
carrega essa história e fez parte da vida da maioria dos habitantes da cidade. Hoje, abriga
Por que um que utiliza os espaços públicos para suas atividades, necessita de uma
uma instituição de ensino, parte do local ainda é utilizada pelos padres e pela Igreja.
estrutura adequada para suas atividades e principalmente uma nova sede.
parque? Tendo em vista que os espaços públicos atuais estão saturados Além disso, é uma das áreas mais altas da cidade com um potencial paisagístico
e não oferecem opções diferenciadas de lazer, a intenção do parque é enorme. Acredita-se que foi apreciando o visual desse local que os colonizadores
criar uma grande área verde de lazer que traga um maior contato com exclamaram, impressionados com a beleza do local, “que maravilha!!” dando origem ao
a natureza e que estimule novas atividades, despertando na população nome da cidade.
o prazer de conhecer algo novo, por meio da inserção do escotismo no Esses fatores citados foram predominantes para definir as diretrizes do projeto.
parque.

VII - Será, ainda, considerada como Zona de Preservação Permanente, quando


Para o Grupo Escoteiro ter sua própria sede, poder
declarada de interesse social e devidamente desapropriada por ato do Chefe
realizar suas atividades e aplicar os conceitos do movimento
interagindo com a comunidade. É para quem busca atividades
Para o Poder executivo, a área coberta com florestas ou outras formas de
de lazer, contato com a natureza, novas experiências ou até quem? vegetação destinada a proteger o bem-estar geral, bem como:
a) conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de
mesmo novos visuais. O parque abrange tanto a comunidade
terra;
escoteira, quanto a população em geral, é também uma opção
b) proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou
para os habitantes das cidades vizinhas, que já se deslocam
histórico;
para Maravilha em busca de lazer com maior infraestrutura.
c) formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias.

Trecho “projeto de lei complementar nº 004, de 08 de junho de 2016, Art. 103


(pg 37)” para o Plano Diretor de Maravilha.
A área foi escolhida para o projeto por diversos fatores como
localização, condicionantes ambientais, aspecto histórico e
Por que potencial paisagístico. Parte dele está sob direito de preempção pela Av
.A
prefeitura que até agora possui apenas a intenção de construir um ra
ali? pequeno parque, mas que ainda não desenvolveu nenhum projeto
u cá
ria
para área. O restante está sob processo de aprovação de novos
loteamentos.
O terreno possui localização estratégica na área central da AV

nio
.X
cidade, está conectado com a principal avenida (Av. Araucária) e em V

ntô
de
uma região de expansão urbana que vem crescendo com novos N

A
ov
em

dre
projetos de loteamentos. br

. Pa
No entanto é um local de fragilidade ambiental, pois os o

Av
projetos de urbanização para a região estão modificando cada
vez mais sua topografia que já era acentuada naturalmente. Para
viabilizar a criação de novos lotes, as curvas de nível foram (e estão
sendo) modificadas formando assim grandes taludes. A área possuía
muita vegetação e hoje ainda restam massas de mata nativa, com

R. Olávo Bilac
R.
destaque para as araucárias que possuem grande importância Du
qu
ed
para a cidade. Além disso, existem cursos d’água que formam um eC
axi
as
pequeno córrego (Cambuim) delimitando uma área de preservação

s
cia
permanente nas suas bordas.

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ort
O aspecto histórico e a simbologia do local são muito fortes.

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Conexão com o Parque
O local fez parte do surgimento da cidade, onde está localizado o

Da
Ambiental
antigo seminário de padres, que foi uma das primeiras construções

R.

21
diretrizes do parque
FOTOS DO TERRENO:
A proposta abrange a comunidade e o: a cidade ganha uma nova área de lazer e os escoteiros ganham um local adequado
para instalar sua sede, em troca, o grupo fica encarregado de gerenciar e auxiliar na manutenção do mesmo.
A ideia do parque é criar uma grande área verde de lazer que traga um maior contato com a natureza e que estimule novas
atividades por meio da inserção dos conceitos do escotismo no parque, despertando na população o prazer de conhecer algo
novo.
A área, com cerca de 138 000 m², foi escolhida para o projeto por diversos fatores como localização, condicionantes
ambientais, aspecto histórico e potencial paisagístico. Parte do terreno está sob direito de preempção pela prefeitura para
construção de um pequeno parque, porém o projeto de um loteamento é que está sendo executado no local.
Uma das principais diretrizes foi preservar suas características originais, fazendo o projeto se encaixar no terreno modificando
o mínimo possível de sua topografia que já sofreu diversas alterações e também promover a restauração da vegetação que
existia ali.
O terreno possui uma carga histórica muito grande, a partir dele saiu o eixo de desenvolvimento da cidade (Av. Araucária)
e ali estava localizado o seminário dos padres que foi uma das primeiras construções da cidade e também abrigou a primeira
escola por muitos anos. Apesar de já terem sido substituídas por novas edificações e não funcionar mais como seminário, o
espaço ainda carrega essa história e fez parte da vida da maioria dos habitantes da cidade. Portanto, a proposta é manter essas
edificações com o uso institucional voltado para o ensino.
Naturalmente as condicionantes do terreno foram direcionando o desenho do projeto, que se estrutura através de dois
eixos principais: cidade e natureza. O eixo cidade é conectado com a parte central urbana, abrange a parte mais alta do parque
e seus equipamentos públicos. O da natureza, na parte mais baixa, é conectado com o parque ambiental, e faz ligação entre
as áreas de mata com a inserção da sede do Grupo Escoteiro, que exerce um papel de elemento conector da cidade com a
natureza.
Assim como nas modalidades escoteiras, o parque aborda os diferentes elementos da natureza: ar, terra, água e fogo.
O ar está representado na camada mais alta do parque, através das duas torres e das atividades em altura como arvorismo,
rapel e tirolesa. A terra está na camada intermediária através da exploração da topografia e do contato direto com o solo pelos
caminhos no meio da mata. O elemento água está presente no Córrego Cambuim que passa pelo parque. Já o fogo vem como
elemento pontual e de encontro, nos espaços do fogo de chão e do fogo de conselho.

22 Fonte: acervo próprio.


VEGETAÇÃO

1. Vegetação densa: mata

2. Vegetação espaçada (tamanhos variados)


3. Eixos de vegetação pontual
4. Vegetação caduca
5. Vegetação com cores
6. Árvores frutíferas
7. Bambuzal
Vegetação existente no local

A relação com a natureza é muito forte no escotismo. Desde o surgimento do movimento, B. P. falava sobre a importância do contato com
a natureza, e de sua preservação. São desenvolvidas diversas atividades de preservação da natureza, como cultivo de plantas, plantio de árvores
e limpeza de rios e córregos. A proposta para o parque é explorar essa relação e deixar o grupo escoteiro encarregado de gerenciar o processo de
regeneração da vegetação local. A ideia é fazer com que a vegetação vá se recuperando aos poucos e de maneira natural, não domesticada.
1: Região com vegetação existente, massa de vegetação mais densa, com espécies variadas e a presença das araucárias, com trilhas pela mata.
2: Vegetação menos densa, com partes livres de solo, permitindo o transitar com mais facilidade entre ela.
3: Vegetação pontual e linear que serve para demarcar eixos principais e além de sombrear os caminhos garantindo o conforto dos usuários.
4: Vegetação caduca, posicionada em locais estratégicos, como na área de acampamentos, visando gerar sombras no verão e evitá-las no inverno.
5: Vegetações coloridas e floridas, posicionada para criar diferentes ambiências e gerar novas sensações para o usuário.
6: Árvores frutíferas, configurando um pomar para que os usuários possam usufruir das frutas da estação, além de ser muito útil durante os
acampamentos escoteiros.
7: O bambu é uma das principais matérias primas dos escoteiros, enquanto planta gera ambiências muito interessantes, se renova facilmente e
depois de seco pode virar mesa, banco, cadeira e diversas outras estruturas.

23 Fonte: G. E. Raízes
A’
5
1 2

4
6

9. 11

12
10

8.

14
16 21
13 25

20
15
19

18 23

24

22
17

1. Entrada Araucária 14. Passagem Bambu


2. Praça das Araucárias 15. Espaço sempre alerta
3. Praça Seminário 16. Sede do Grupo Escoteiro
4. Institucional (ensino) 17. Represa
5.Estacionamento 18. Pomar
A

6. Praça Jamboree 19. Caminho Flor de Lis 26


7. Arvorismo 20. Área de acampamento Raízes
8. Passarela e torre ELO 21. Trilha Juruna
9. Praça Araucária 22. Caminho dos troncos
10. Playground 23. Torre Pioneira
11. Comércio (alimentação) 24. Fogo de conselho
12. Espaço Skate 25. Equipamento público
13.Praça e equipamento público 26. Praça de entrada Raízes

24
CORTE A A’

0 20 50 100 200

O acesso ao parque pela Av. Araucária


é dificultado pela topografia acidentada
que possui diversos taludes. A proposta
aqui é criar um caminho com patamares
e espaços de estar que amenizem a
subida e proporcionem diferentes visuais.
Para sustentar os taludes há muros de
contenção com vegetação trepadeira e
espelhos d’água que auxiliam a drenagem
e melhoram a ambiência do local.

A declividade do terreno dificulta a


conexão entre os espaços, como solução
vem a inserção de um elemento muito
característico do movimento escoteiro:
a torre. Batizada de Torre ELO em
referência à um tradicional evento
escoteiro e também por significar
realmente um elo entre a cidade e
a natureza, entre a população e os
escoteiros. A torre funciona não apenas
como circulação vertical, mas também
como mirante, dela é possível avistar a
segunda torre, que fica no meio da mata.
25
A estrutura de vigas metálicas não se limita apenas à edificação,
ela conforma caminhos criando ambiências diferenciadas por
meio do piso, vegetação e mobiliário.

O acesso pela Rua XV de novembro se dá através de


uma pequena praça de entrada que contém um espaço
para lanchonete e áreas de estar. A partir dessa entrada
há uma região voltada principalmente para as crianças,
começando com um espaço construído mais urbano, que
é o espaço do skate, e depois no espaço de playground que
vai se desconstruindo indo ao encontro do natural. A ideia
é que as crianças explorem novos equipamentos, mesmo
que seja um simples tronco, redescobrindo brincadeiras
simples como escorregar morro abaixo com um pedaço
de papelão ou escalar árvores.

Esse espaço exerce papel de transição entre a área da


sede e a mata. A vegetação é espaçada e vai ficando mais
densa próxima a mata, com árvores de espécies caducas
que proporcionam sombra durante o verão e permitem
a passagem do sol durante o inverno. O local é propício
para acampamentos, pois foram utilizados muros de
contenção para criar algumas áreas planas, facilitando a
colocação de barracas.
Ainda como apoio à atividade de acampamento, os muros
possuem pontos de água e a estrutura vazada pontos de
energia elétrica.

26
O fogo de conselho é uma das atividades mais
emocionantes do escotismo e geralmente marca o final
de algum evento (ex: acampamento). O grupo se reúne à
noite ao redor da fogueira para um momento de diversão
e reflexão, por isso acontece em espaços mais reservados.
Nos acampamentos o grupo procura clareiras em locais
bem altos para ter uma melhor visão do céu. No parque, foi
posicionado o espaço em uma clareira no meio da mata,
garantindo a privacidade que o momento pede.
São realizadas apresentações, histórias, canções e
dinâmicas, que incentivam a imaginação e criatividade
do jovem. No final acontece um momento de reflexão
conduzido pelos chefes e finalizado com a tradicional
música escoteira “Canção da Despedida”.

27
SEDE ESCOTEIRA

28
SEDE ESCOTEIRA ACESSO

O PROJETO
TORRE: circulação vertical

Para o projeto da sede o objetivo é trabalhar


com uma arquitetura simples, com espaços flexíveis
e que busca interagir com o usuário. Como a maior
parte das atividades escoteiras acontecem em
locais abertos em contato com a natureza, a diretriz
teve o intuito de integrar o ambiente construído
ao meio natural e trabalhar com a transição entre
os espaços abertos e fechados, para isso os blocos
foram dissolvidos criando áreas semiabertas que
fazem essa transição. A estrutura de pilares e vigas
veio para reforçar essa relação e fazer a conexão
entre os ambientes, trazendo unidade ao projeto.
O escotismo utiliza muitas técnicas de
pioneiria, construindo diversos objetos e estruturas
com bambu e corda, como mesas, bancos, torre,
etc. Pensando nisso, a estrutura de pilares e vigas
aparentes vai além de sua função estrutural e Acessos principais
Conexão área externas
conectora, ela permite que o usuário interaja com Espaços de transição
a edificação servindo como base para intervenções. Salas dos ramos
Sanitários
A ideia é que o grupo possa finalizar a arquitetura Salas coletivas
e transformá-la, criando coberturas onde e quando Bloco principal
ACESSO
achar necessário.
O programa da sede consiste em:
- Bloco principal: Está localizada a cozinha, sala dos
chefes e depósito. A sala dos chefes, serve como - O terceiro bloco é compostos pelas salas de cada ramo e está posicionado mais
espaço de recepção, reuniões, administração e próximo à mata. A primeira sala, separada das demais, é a dos lobinhos. Por se tratar das
armazenamentos de materiais importantes. Logo crianças menores, foi posicionada mais próxima ao centro facilitando o monitoramento
ao lado está a cozinha, que é um dos ambientes das mesmas. Possui duas entradas, sendo uma mais reservada entre as paredes de
mais importantes, não sendo apenas espaço para pedra, remetendo à entrada das cavernas de lobos. As salas dos ramos escoteiro e sênior
preparo de alimentos, mas sim de convivência, é possui os cantos de patrulha, delimitados por divisórias simples feitas pelos próprios
como se fosse o “coração” da sede, sendo utilizada jovens (geralmente de bambu) onde cada patrulha tem seu espaço para guardar os
pelos jovens, chefes e familiares. equipamentos e materiais de acampamento. Os cantos de patrulha ficam nas laterais
- No segundo bloco estão localizados os sanitários e a e podem variar de tamanho e configuração. As janelas são amplas e com baixo peitoril,
sala de pioneirias. Os banheiros foram concentrados permitindo até mesmo a passagem para área externa. O bloco conta também com um
em um único volume, que além dos sanitários, mezanino que pode ser utilizado por todos os ramos.
também possui chuveiros para serem utilizados No projeto são três materiais que predominam na linguagem arquitetônica: a
pelos escoteiros em dias de acampamento. A sala pedra, a madeira e o aço. A pedra traz a solidez para projeto, numa linguagem presente
de pioneirias é um ambiente coletivo, onde estão em todo parque através dos muros de contenção necessários devido à topografia.
localizados os materiais e equipamentos para A madeira vem como fechamento e em parte da estrutura, trazendo aconchego e
trabalhos manuais e prática das técnicas escoteiras. remetendo ao natural, além de ser um material abundante na região. O aço vem como
A sala possui acesso direto ao gramado e um finalização da estrutura através das vigas, trazendo leveza e tecnologia, foi escolhido
pequeno pátio que permite que as atividades se também por questão de durabilidade e acessibilidade ao material, já que a atividade
estendam para o espaço externo. industrial de maior destaque na cidade é a metalúrgica. Além disso, o formato da viga
“i” facilita o encaixe de outros materiais como o bambu.
29
PLANTA

B
7

6
12
14 15
13

11

10 5

3
4
C’

8 2
9

C
1

1. Pátio IBOA 9. Sala de Pioneirias (34,5m²)


2. Sala dos chefes (29m²) 10. Sala Escoteiros (45m²)
3. Cozinha (40m²) 11. Acesso mezanino
4. Lavabo (2m²) 12. Sala Pioneiros (36m²)
5. Depósito (5,2m²) 13. Sala Sênior (48m²)
6. Fogo de chão 14. Sala B.P. (24m²)
B’

7. Torre ELO 15. Sala dos lobinhos (49m²)


8. Sanitários (41,4m²)

30
CORTES

Sala de Sala dos


Sanitários
Pioneirias chefes

CORTE C C’

0 5 10 20

Sala
Sala Sênior Escoteiros
Escoteiros realizando
atividades de pioneiria.
Fonte: G. E. Raízes.

CORTE B B’

0 5 10 20
31
O pátio IBOA se localiza logo na
chegada da sede, é um local aberto e amplo
onde acontece o IBOA. Todos os encontros
escoteiros iniciam e terminam com o IBOA
(Inspeção, Bandeira, Oração e Avisos),
que é um momento cívico onde o grupo
todo se reúne realizando o hasteamento e
arreamento das bandeiras. É também um
momento de reflexão com a oração, que
não é de alguma religião específica e sim
um agradecimento pela vida e suas coisas
boas.
Chefes reunidos planejando
as atividades do grupo.
Fonte: G. E. Raízes. Fonte: G. E. Raízes.

32
Locais com água são muito utilizados pelos escoteiros. Na maioria das vezes, os acampamentos são
Atividade chamada “Falsa Baiana”, instalados próximos aos rios, lagos ou açudes. O G.E. Raízes, realiza atividades de conscientização com
que é uma travessia pelo rio/córrego
através de duas cordas. Fonte ima-
as crianças – e que acaba abrangendo a população pela visibilidade – como a limpeza dos rios na área
gem: G. E. Raízes. urbana, retirando lixos e plantando árvores na sua borda. O projeto do parque busca manter essa relação
e evidenciar o córrego Cambuim que sempre esteve escondido atrás dos lotes residenciais, sendo apenas
“lembrado” durante casos de enchente do Rio Iracema. Como seu volume é pequeno durante a maior
parte do tempo, foi criada uma pequena represa facilitando e acesso e contato com a água para os usuários
do parque.
As residências próximas ao córrego Cambuim serão removidas por estarem localizadas em área de
APP (30 m da borda), isso acabaria acontecendo de qualquer maneira, porém para dar espaços à novas
edificações, pois a área é definida como comercial permitindo até 6 pavimentos pelo atual plano diretor. A
retirada das edificações garante uma maior permeabilidade na borda do parque, melhorando sua conexão
com a rua.

33
As salas dos ramos escoteiro e sênior possui
os cantos de patrulha, delimitados por divisórias
simples feitas pelos próprios jovens (geralmente
de bambu) onde cada patrulha tem seu espaço
para guardar os equipamentos e materiais de
acampamento. Os cantos de patrulha ficam
nas laterais e podem variar de tamanho e
configuração. As janelas são amplas e com baixo
peitoril, permitindo até mesmo a passagem para
a área externa. O bloco conta também com um
mezanino que pode ser utilizado por todos os
ramos.

Estrutura em bambu feita pelos


escoteiros utilizando técnicas de pioneiria.
Fonte: G. E. Raízes.

34
A torre ELO é um importante elemento do projeto, que
além de circulação vertical é um espaço de atividades,
como rapel e escalada. Sua lateral possui um grande
painel metálico que permite a colocação de apoios para
escalada. Abaixo da passarela há um piso intermediário
para a prática do rapel em um nível mais fácil (para as
crianças que não estão preparadas para a maior altura.

35
Exemplo de comida
mateira.

Lobinhos em
atividade de culinária.

Pais auxiliando no
preparo das refeições.
Fonte: G. E. Raízes.

O pátio do fogo de chão é uma extensão da cozinha da sede,


foi pensado para que os escoteiros pudessem realizar suas
atividades relacionada à comida mateira que é preparada
de uma maneira não convencional. Durante as atividades
na sede são aprendidas as técnicas de cozinha mateira para
serem utilizadas nos acampamentos, onde os jovens são
responsáveis por levar e cozinhar suas refeições, portanto,
devem ser simples e fáceis. O preparo acontece na brasa
das fogueiras, são feitos diversos tipos de alimentos como
batatas, ovos, pães, milho, carnes e etc.

Além dessa função, é também local de encontro para


reuniões do grupo, roda de canções e conversas envolta da
fogueira.

O espaço contém também um espelho d’água na borda do


muro, que serve de apoio as atividades (como um espécie
de “pia”) e auxilia no escoamento da água pelos muros.

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A sala B.P., localizada ao lado da sala
dos lobinhos, é um espaço coletivo
voltado para atividades como roda
de histórias, leitura e estudos, onde
ficam armazenados os livros e
Lobinhos reunidos em materiais didáticos. Além disso é local
roda de histórias. para reuniões, palestras e filmes.
Fonte: G. E. Raízes.

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referências
Concurso para novo Museu do Escotismo em Londres. Arch Daily. Disponível em < http://
www.archdaily.com.br/br/803786/tate-harmer-vence-concurso-para-novo-museu-do-
escotismo-em-londres>. Acesso em junho de 2017.

Escoteiros do Brasil. Disponível em < www.escoteiros.org.br>. Acesso em julho de 2017.

Escoteiros de Santa Catarina. Disponível em < http://www.escoteirossc.org.br/site/>. Acesso


em julho de 2017.

Espaço Escoteiros do Colégio Saint George. Arch Daily. Disponível em <http://www.archdaily.


com.br/br/01-17080/espaco-escoteiros-do-colegio-saint-george-mutar-arquitectos>.
Acesso em: junho de 2017.

FREIRE, 1996 - Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa; Paulo


Freire. - São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura)

GIALDI, Francisco. Maravilha: sua terra, sua gente, sua história. 2ª ed. Porto Alegre: EST
Edições; 2003.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Maravilha. Disponível em <www.


cidades.ibge.gov.br>. Acesso em: maio de 2016.

LARA, Márcia Oliveira de. Educação não formal – Escotismo: a contribuição do movimento
escoteiro para a formação do carácter do jovem [trabalho de conclusão de curso]. Campo
Largo; 2014.

LEMES, Lucirlene Pertussati. Educação em Maravilha: o pioneirismo da Escola Salete. Porto


Alegre: EST Edições; 2005.

Município. Prefeitura Municipal de Maravilha. Disponível em <www.maravilha.sc.gov.br>.


Acesso em: abril de 2017.

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voluntária e escotismo de estado no Brasil. Rio de Janeiro: Imago; 2008.
Nilson Thomé. Movimento escoteiro: projeto educativo extra-escolar. Rev HISTEDBR. 2006
Set; 171-194.

Relatório 2011 Simplesmente escotismo. Disponível em <http://livrozilla.com/doc/691887/


relatorio_atividades_2011>. Acesso em: abril de 2017. Fonte: UEB.

SILVA, Camila Moreno de Lima. A contribuição do movimento escoteiro na educação do


Brasil: Aspectos do Projeto Político Pedagógico do Movimento e reflexos na educação para
a cidadania. São Paulo; 2012.

40 anos de escotismo em Maravilha. Edição especial; Agosto de 2013.


“Deixe o mundo um pouco melhor do
que o encontrou.”
Baden Powell

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