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Revisão da Física Clássica, Parte II

Objetivos:
Revisar alguns conceitos-chaves da Mecânica Clássica, da Teoria Cinética dos Gases e
do Eletromagnetismo

O que vamos aprender nesta aula?


a) Quais são os pontos mais relevantes da Mecânica de Newton e do Eletromagnetismo
necessários para entender a origem da Teoria da Relatividade Restrita.

b) Que aspecto da Teoria Cinética dos Gases é fundamental para entender a origem da
Teoria Quântica da Matéria.

Física Moderna - Prof. Jerias Batista, DEFIS – UFMA, 2023.1, aula 03 1


A Mecânica Clássica em 5 abordagens
Abordagem 4: 2 partículas e 2 interações conservativas (interna 𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 e externa 𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 ).
Eliminamos 𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 e encontramos 𝑾𝒆𝒙𝒕 = ∆𝑲.
Mas em muitos casos σ 𝑾𝒆𝒙𝒕 não muda 𝑲! Então alguma outra propriedade do sistema de 2
partículas deve mudar. Você sabe explicar por que isso acontece?
Olhe bem para o presente cenário.
Para descobrir qual prioridade é alterada, veja que 𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 cria −𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 𝒕 . Assim:
Vamos Pensar?
𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 𝒕 ∙ 𝚫𝒔 = −𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 𝒕 ∙ 𝚫𝒔 ≡ −𝑼𝒊𝒏𝒕 𝒔 Você saberia justificar por que
isso só pode ser um tipo energia?

𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 = 𝟎 Σ𝑭𝑒𝑥𝑡 𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 ≠ 𝟎 Σ𝑭𝑒𝑥𝑡


Partícula
fixa 𝒔
0 (𝒔𝒊 , 𝑲𝒊 , 𝑼𝒊 ) (𝒔𝒇 , 𝑲𝒇 , 𝑼𝒇 )
𝒅𝒔
interação
𝒅𝑾𝒊𝒏𝒕
Trabalho de 𝚺𝑭𝑒𝑥𝑡 ao longo de 𝒅𝒔 : 𝒅𝑾𝒆𝒙𝒕 ≡ 𝚺𝑭𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝒅𝒔 ≡ −𝚺𝑭𝑖𝑛𝑡 ∙ 𝒅𝒔 ≡ −𝒅𝑼𝒊𝒏𝒕 (𝒔)
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A Mecânica Clássica em 5 abordagens
𝒔𝒇 𝒔𝒇
Trabalho para deslocar de 𝒔𝒊 até 𝒔𝒇 : ∆𝑾𝒆𝒙𝒕 = න ෍ 𝑭𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝒅𝒔 = − න ෍ 𝑭𝑖𝑛𝑡 ∙ 𝒅𝒔 = −∆𝑼𝒊𝒏𝒕
𝒔𝒊 𝒔𝒊
Conclusões: Vamos Pensar?
Quando existem 𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 e 𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 , a energia Este termo é chamado de energia potencial. O subscrito “int” é
para lembrar que ela está no interior do sistema, mas não pertence
total 𝑬 𝒔, 𝒗 = 𝑲 𝒗 + 𝑼𝒊𝒏𝒕 𝒔 se mantém a nenhuma das partículas individual deste – ela está presa no
constante → ∆𝑬(𝒔, 𝒗) = 𝟎. Resultado válido espaço entre as partículas, não nas partículas. Você pode dar
em TODAS as teorias da Físicas. exemplos para confirmar esta afirmação?
NOTA: Se parte de 𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 ou 𝚺𝑭𝒊𝒏𝒕 não for Você sabia que as “grandezas conservadas” na Física estão
conservativa, parte de 𝑾𝒆𝒙𝒕 ou 𝑾𝒊𝒏𝒕 associadas à alguma simetria da natureza?
• Simetria temporal → conservação da energia.
resulta em 𝑲𝒊𝒏𝒕 (energia térmica): • Simetria de translação → conservação do momento linear.
CM – centro de massa • Simetria de rotação → conservação do momento angular.
𝑬𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒔, 𝒗 = 𝑲𝑪𝑴 𝒗 + 𝑼𝒊𝒏𝒕 𝒔 − 𝑲𝒊𝒏𝒕 𝒗 (Emmy Noether, 1918)
Vamos Pensar?
Daqui, ∆𝑬𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒔, 𝒗 = ∆𝑲𝑪𝑴 𝒗 + ∆𝑼𝒊𝒏𝒕 𝒔 − ∆𝑲𝒊𝒏𝒕 𝒗 Sabe explicar por que essa conversão é
proibida? Reconhece a diferença entre a
Conversão
Conversão permitida proibida
Mecânica e a Termodinâmica aqui?
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A Mecânica Clássica em 5 abordagens
Abordagem 5: o movimento da partícula é monitorado de fora da trajetória (reta ou não).

Partícula em 𝒓 se move na direção de 𝒑. Se 𝒓 não é paralelo a 𝒑 → existe uma quantidade de


movimento não linear, 𝑳. O que causa isso? A mudança na direção de 𝒑 em relação a 𝑶.

Modelo geral para o momento angular: 𝑳 = 𝒓 × 𝒑

Casos particulares:

𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 = 𝟎, trajetória circular (𝒓 𝐞 𝒗 constantes): trajetória


𝑳 = 𝒓𝒑 = 𝒎𝒓𝒗 = 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞.

𝚺𝑭𝒆𝒙𝒕 = 𝟎, trajetória elíptica (𝒓 𝐞 𝒗 mudam):


𝑳 = 𝒓𝒑 = 𝒎𝒓𝒗 = 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞.

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A Mecânica Clássica em 5 abordagens
Conclusões:
✓ Partícula ‘leve’ girando em torno de partícula ‘pesada’ → movimento da partícula ‘pesada’ não é
alterado e 𝑳𝒍𝒆𝒗𝒆 é constante (isso tem um belo truque matemático). Resultado fundamental!
𝑳𝒍𝒆𝒗𝒆 = 𝒄𝒕𝒆 ≠ 𝟎 Aplicação:
sistemas gravitacionais
𝑳𝒑𝒆𝒔𝒂𝒅𝒂 = 𝟎 e modelos atômicos

✓ Objeto de grande volume colapsa em volume pequeno por forças internas → 𝑳 não muda → 𝒗
aumenta. Resultado fundamental! Aplicação:
evolução estelar e
modelos atômicos
𝑳𝟐 = 𝑰𝟐 𝝎𝟐
𝑳𝟏 = 𝑰𝟏 𝝎𝟏
𝝎𝟐 > 𝝎𝟏

✓ Os conceitos revisados até aqui envolveram apenas uma partícula. Mas se existem muitas partículas,
como nos sólidos extensos e fluidos, algo a mais deve ser feito. Neste caso, as partículas possuem um
padrão de organização denominado função de distribuição.
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O mudo não tem só uma partícula. E agora?
Existem três formas de organizar várias partículas olhando para as suas energias
𝑵 – número total de partículas no sistema 𝒏 – número máximo de partículas para cada “sub-sistema”
𝒈 – número de combinações de partículas em cada “sub-sistema”

1. Partículas idênticas e distinguíveis (Maxwell-Boltzmann)


Utilizada quando as partículas ‘estão longe’ → podem ser
identificadas pelas suas posições. Várias partículas podem estar no
mesmo “estado físico”.
Exemplo: Em quantas formas (𝛀) podemos distribuir 𝑵 = 𝟐
partículas, sendo que 𝒈 = 𝟑 “sub-níveis” podem ter a mesma 𝒅 𝒅>𝝀
energia?
𝑵! 𝒏 𝟐! 𝟐
𝛀= 𝒈 = 𝟑 =𝟗
𝒏! 𝟐!
𝒏= 𝟏 𝟏 𝟎 𝟎 𝟏 𝟏 𝟏 𝟎 𝟏 𝝀

clássico

𝒏= 𝟐 𝟎 𝟎 𝟎 𝟐 𝟎 𝟎 𝟎 𝟐
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O mudo não tem só uma partícula. E agora?
2. Partículas idênticas e indistinguíveis (Bose-Einstein)
Utilizada quando as partículas não podem ser identificadas
pelas suas distâncias.
Várias partículas (bósons) podem estar no mesmo “estado
físico”.
Restrição: “spin” inteiro (0, 1, 2, 3, ...)! (fótons, fônons,
partícula alfa, núcleos estáveis dos átomos etc.).

Exemplo: Distribuir 2 partículas, sendo que 3 “sub-níveis” 𝒅≪𝝀


podem ter a mesma energia.

𝒏+𝒈−𝟏 ! 𝟒! 𝝀
𝛀= = =𝟔
𝒏! 𝒈 − 𝟏 ! 𝟐! 𝟐!
quântico

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O mudo não tem só uma partícula. E agora?
3. Partículas idênticas e indistinguíveis (Fermi-Dirac)
Utilizada quando as partículas não podem ser identificadas
pelas suas distâncias.
Apenas 1 partícula (férmion) pode estar no mesmo “estado
físico”.
Restrição: “spin” semi-inteiro (1/2, 3/2, 5/2, ...)! (elétrons,
prótons, nêutrons, pósitrons, mésons-𝛍 etc.)

𝒅≪𝝀
Exemplo: Distribuir 2 partículas, sendo que 3 “sub-níveis”
podem ter a mesma energia.
𝒈! 𝟑!
𝛀= = =𝟑 𝝀
𝒏! 𝒈 − 𝒏 ! 𝟐! 𝟏!
quântico

A restrição imposta aos férmions tem consequências profundas


na formação da matéria! Sem eles você nem existiria, sabia disso?
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Revisão da teoria cinética dos gases
Matematizando um sistema contendo muitas partículas livres
✓ A Física Clássica teve grande sucesso na explicação de gases em baixa pressão 𝑷 (evita 𝑬𝒑𝒐𝒕 )
e “altas” temperaturas 𝑻 (falta da criogenia) → sistema mais simples possível (gás ideal).

trabalho energia Vamos Pensar?


cinética O modelo do gás ideal é usado só no
V – volume estudo dos gases? Quais outros modelos
✓ Equação de estado: ideais você já estudou até aqui?
𝑷𝑽 = 𝑵𝒌𝑻 𝑵 – número de moléculas
(conservação de 𝑬
para o gás ideal) 𝒌 = 𝟏, 𝟑𝟖𝟏 × 𝟏𝟎−𝟐𝟑 J/K – const. de Boltzmann

n – número de moles
✓ Escrevendo de outra forma: 𝑷𝑽 = 𝒏𝑹𝑻
𝑹 = 𝟖, 𝟑𝟏𝟓 J/mol.K – const. dos gases

▪ Lembrando: 1 mol tem 𝑵𝑨 = 𝟔, 𝟎𝟐𝟐 × 𝟏𝟎𝟐𝟑 átomos.

Exemplo: 1 mol de 𝑯𝒆 tem 𝑵𝑨 átomos de 𝑯𝒆


1 mol de 𝑵𝟐 tem 𝑵𝑨 moléculas de 𝑵𝟐 (2𝑵𝑨 átomos de 𝑵)
1 mol de vapor de 𝑯𝟐 𝑶 tem 𝑵𝑨 moléculas de 𝑯𝟐 𝑶 (2𝑵𝑨 átomos de 𝑯 + 𝑵𝑨 de 𝑶).
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Revisão da teoria cinética dos gases
Premissas
Mesmo em sólidos
i) Moléculas muito pequenas → compactos:
(quase todo volume do recipiente é vácuo). ccc → 𝟔𝟖%, cfc → 𝟕𝟒%
de ocupação

ii) Elas se movem aleatoriamente (equilíbrio térmico).

iii) Elas se chocam elasticamente com as paredes do recipiente (energia potencial é nula e
energia cinética total não muda).

Conclusão
✓ Moléculas individuais ganham ou perdem energia nas interações, mas a energia média não
muda, sendo a mesma para todas as partículas (equipartição da energia). Para 3 dimensões:
𝟑 𝟑
𝑲𝒎 = 𝒌𝑻 𝐩𝐨𝐫 𝐦𝐨𝐥é𝐜𝐮𝐥𝐚 𝑲𝒎 = 𝑹𝑻 (𝐩𝐨𝐫 𝐦𝐨𝐥𝐞)
𝟐 𝟐
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Revisão do Eletromagnetismo
Ingredientes da análise: partícula carregada eletricamente + interação com a vizinhança.

✓ Partícula com carga 𝒒𝟏 em repouso → cria campo


elétrico estático 𝑬𝟏 na sua vizinhança. Aprendeu
isso em Física III? É assim mesmo?
𝒒𝟏 𝑬𝟏 𝒒𝟐
✓ Partícula com carga 𝒒𝟐 em repouso
dentro de 𝑬𝟏 fica sujeita à força 𝑭𝟏𝟐 . Vamos Pensar?
𝟏 𝟏 𝒓ො • Você sabe explicar a origem desta força? Se ela
𝑭𝟏𝟐 = 𝒒𝟏 𝒒𝟐 obedece à 2ª lei de Newton, 𝑭 = 𝒅𝒑Τ𝒅𝒕, de quem
𝟒𝝅 𝜺𝟎 𝒓𝟐
é o 𝒑 e quando ele varia para produzir 𝑭𝟏𝟐?
𝟏 𝒒𝟏
= 𝒒𝟐 𝒓ො • Você sabe o que é 𝑬𝟏 e como ele é formado?
𝟒𝝅𝜺𝟎 𝒓𝟐
• Sabe explicar a origem de 𝟒𝝅 e 𝜺𝟎 na fórmula?
= 𝒒𝟐 𝑬𝟏
✓ Observa-se que os efeitos de 𝑭𝟏𝟐 sobre 𝒒𝟐 são reversíveis se 𝑭𝟏𝟐 for invertida. Você sabe qual a
consequência disto? Pela Termodinâmica, qual a chance disso acontecer? Que propriedade está ligada a isso?
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