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As Transformações Clássicas, a experiência de Michelson-Morley e as

ideias sobre o movimento de partículas carregadas eletricamente


Objetivos:
a) Descrever as Transformações de Galileu e sua incompatibilidade com o
Eletromagnetismo
b) Estudar a tentativa de detecção do éter do eletromagnetismo (Michelson & Morley)

O que vamos aprender nesta aula?


a) O que é o método de transformações de Galileu (TG), base de toda a Física Clássica
b) Que a aplicação das TG às equações de Maxwell prevê termos não físicos
c) Como foi realizada a experiência de Michelson&Morley e qual a consequência do
seu resultado.
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Transformações de Galileu ou clássicas (TG/TC):
a base da Física Clássica
Premissas fundamentais:

✓ O referencial 𝑺 está em repouso.


evento

✓ Os eixos 𝒙 e 𝒙′ são paralelos.

✓ O referencial 𝑺′ se move apenas ao longo do eixo 𝒙,


com velocidade relativa constante 𝒗 em relação à 𝑺.

✓ As ‘réguas’ devem ser calibradas e os ‘cronômetros’ sincronizados.

✓ A massa 𝒎 do objeto é a mesma para todos os observadores (𝑺 e 𝑺′ ).

✓ A medida de 𝒕 inicia quando 𝑶′ coincide com O → 𝒕′𝟎 = 𝒕𝟎 = 𝟎


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Transformações clássicas (TC) ou de Galileu (TG)
❖ Comparando as medidas de 𝒙 e 𝒕 em 𝑺 e 𝑺′

𝑺′ 𝑺
𝒙′ = 𝒙 − 𝒗𝒕 𝒙 = 𝒙′ + 𝒗𝒕′

𝒚′ = 𝒚 𝒚 = 𝒚′

𝒛′ = 𝒛 𝒛 = 𝒛′

𝒕′ = 𝒕 𝒕 = 𝒕′
evento
Só há movimento relativo em 𝒙
(sistema não rotacional)

Suposição clássica para 𝒕 absoluto


(o ritmo de passagem do tempo não depende de quem o observa)
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Transformações clássicas para ∆𝒙 e ∆𝒕
❖ Comparando as medidas da duração do tempo ∆𝒕 em 𝑺 e 𝑺′
(premissa)
𝒕′𝟎 = 𝒕𝟎

𝒕′𝟏 − 𝒕′𝟎 = 𝒕𝟏 − 𝒕𝟎 → 𝒕′𝟏 − 𝒕𝟎 = 𝒕𝟏 − 𝒕𝟎 → 𝒕′𝟏 = 𝒕𝟏

Conclusão: ∆𝒕′ = ∆𝒕 (a duração de um evento é invariante)

❖ Comparando as medidas de distâncias ∆𝒙 ou comprimento 𝑳


Se as coordenadas do evento em dois pontos A e B são medidas ao mesmo tempo em 𝑺 e 𝑺′ :

𝒙′𝑨 = 𝒙𝑨 − 𝒗𝒕𝑨 𝐞 𝒙′𝑩 = 𝒙𝑩 − 𝒗𝒕𝑩

∆𝒙′ = 𝒙′𝑩 − 𝒙′𝑨 = 𝒙𝑩 − 𝒙𝑨 − 𝒗 𝒕𝑩 − 𝒕𝑨

Conclusão: ∆𝒙′ = ∆𝒙 (as distâncias entre dois pontos do espaço ou o comprimento de um


objeto colocado entre eles é invariante)
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Transformações clássicas para velocidade 𝒖
❖ Comparando medidas de velocidades 𝒖 de partículas.
NOTA: Vamos reservar 𝒗 para a velocidade relativa entre os referenciais e 𝒖 para a velocidade das partículas.
Derivando as equações para as coordenadas em 𝒕 e usando 𝒕 ≡ 𝒕′ → 𝒅𝒕 ≡ 𝒅𝒕′ :

𝒅𝒙′ 𝒅𝒙 𝒅𝒕 𝒅𝒚′ 𝒅𝒚 𝒅𝒛′ 𝒅𝒛


= −𝒗 ; = ; =
𝒅𝒕′ 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕′ 𝒅𝒕 𝒅𝒕′ 𝒅𝒕

Visto de 𝑺′ Visto de 𝑺
𝒖′𝒙 = 𝒖𝒙 − 𝒗 𝒖𝒙 = 𝒖′𝒙 + 𝒗
evento
𝒖′𝒚 = 𝒖𝒚 𝒖𝒚 = 𝒖′𝒚
𝒖′𝒛 = 𝒖𝒛 𝒖𝒛 = 𝒖′𝒛

Conclusão: 𝒖′ ≠ 𝒖 (a velocidade não é invariante)


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Transformações clássicas para 𝒂 e 𝑭
❖ Comparando medidas de aceleração
Derivando as equações para a velocidade em 𝒕 (𝒕 ≡ 𝒕′ ):
𝒅𝒖′𝒙 𝒅𝒖𝒙 𝒅𝒗 𝒅𝒖′𝒚 𝒅𝒖𝒚 𝒅𝒖′𝒛 𝒅𝒖𝒛
= − = =
𝒅𝒕′ 𝒅𝒕 𝒅𝒕 𝒅𝒕′ 𝒅𝒕 𝒅𝒕′ 𝒅𝒕
𝒂′𝒙 = 𝒂𝒙 − 𝟎 𝒂′𝒚 = 𝒂𝒚 𝒂′𝒛 = 𝒂𝒛
Conclusão: 𝒂′ = 𝒂 (a aceleração é invariante)
❖ Comparando medidas de forças

Da premissa → 𝒎′ = 𝒎 𝑭′𝒙 = 𝒎′ 𝒂′𝒙 = 𝒎𝒂𝒙 = 𝑭𝒙 ; 𝑭′𝒚 = 𝑭𝒚 ; 𝑭′𝒛 = 𝑭𝒛


Conclusão: 𝑭′ = 𝑭 (a força é invariante)

Conclusão final: como 𝒎, 𝒕, 𝒂 e 𝑭 são invariantes pelas TG´s, não existe um referencial
privilegiado para medir estas grandezas. Em todos os referenciais elas são as mesmas! Até
aqui tudo bem!
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Transformações de Galileu para os campos 𝑬 e 𝑩
✓ Onda sonora se propaga no ar com 𝒗𝒔𝒐𝒎 = 𝟑𝟓𝟎 m/s.
Referência: um ponto do ar em repouso.
✓ Onda eletromagnética se propaga “em alguma coisa” com 𝒄 = 𝟑 × 𝟏𝟎𝟖 m/s no vácuo.
Referência: um ponto “dessa coisa” em repouso.

✓ Se existe 𝑺′ que se move com 𝒗 em relação ao éter, no sentido contrário ao da luz, podemos
ter: Isso é o que diz
𝒗′ = 𝒄 + 𝒗 ( > 𝒄 ? ? ? ) a Mecânica de
Newton
✓ Mas a luz viaja no éter (referencial em repouso absoluto) com velocidade máxima 𝒗′ = 𝒗 = 𝒄.
Isso é o que diz o
Eletromagnetismo
de Maxwell

▪ Aqui temos uma inconsistência entre Mecânica e Eletromagnetismo: as TGs não valem para
o Eletromagnetismo no éter, porque elas (as TGs) não dão um limite para a velocidade.
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Transformações de Galileu para os campos 𝑬 e 𝑩
Outra maneira de ver a inconsistência:

Poooxa! E agora?
i. Para Maxwell 𝒗𝒎á𝒙 = 𝒄𝑬𝑴 (= 𝒄 no éter estático). Ou a teoria de Newton
ou a de Maxwell está
ii. Além disso, aplicando as TG para a luz no vácuo, tem-se:
incompleta? Precisamos
rever tudo o que já
Isto prevê um
estudamos de Física até
𝒅 𝟐 𝑬 𝟏 𝒅𝟐 𝑬 fenômeno jamais
Em 𝑺: 𝟐
− 𝟐 𝟐 =𝟎 observado! agora, porque tudo que
𝒅𝒙 𝒄 𝒅𝒕
vimos ou era Mecânica ou
era Eletromagnetismo.
𝒅𝟐 𝑬′ 𝟏 𝒅𝟐 𝑬′ 𝟏 𝒅𝟐 𝑬′ 𝟐
𝒅 𝟐 𝑬′
E𝐦 𝑺′ : − 𝟐 + 𝟐𝒗 − 𝒗 =𝟎
𝒅𝒙′ 𝟐 𝒄 𝒅𝒕 ′ 𝟐 𝒄 𝟐 ′
𝒅𝒙 𝒅𝒕 ′
𝒅𝒙 ′ 𝟐

Conclusão: O Eletromagnetismo não é invariante pelas TGs


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Consequências das inconsistências
1) A Mecânica Clássica e o Eletromagnetismo estão corretos, mas as TGs não valem para todas
as leis.
Não condiz com as experiências.

2) As TGs são válidas para toda a Física, mas o Eletromagnetismo precisa ser corrigido.
Não condiz com as experiências, e até hoje não foram encontrados desvios para as equações
de Maxwell!

3) As TGs e o eletromagnetismo são válidos, mas a Mecânica Clássica precisa ser corrigida.
As ideias de ‘tempo e espaço absolutos’ contidos nas TGs não parecem ser apropriadas em
alguns cenários! Lembra do tempo de vida dos mésons-μ?
Caramba!
4) A Mecânica Clássica e as TGs precisam ser corrigidas! Usamos 𝑭 = 𝒎𝒂 por 300 anos
Única opção compatível experimentalmente! e estava indo tudo tão bem!
Agora temos 𝑭 = ?
Lembre-se dos mésons-μ de novo!
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Então, mãos à obra: hora de corrigir a Mecânica Clássica!
Em busca do éter
✓ Uma das premissas para o éter: repouso no espaço absoluto de Newton. Mas Newton não
atribuiu propriedades físicas ao espaço e nem ao tempo (“eles são absolutos e existem por
si mesmos”). Espaço e tempo para Newton não são objetos físicos, mas apenas a arena onde
as coisas acontecem. Por isso que eles entram na teoria como postulados.

𝒅 𝟐𝝅 ∙ 𝟏𝟒𝟗 × 𝟏𝟗𝟗 𝒎
✓ Velocidade da Terra dentro do éter: 𝒗 = = ≅ 𝟑𝟎 𝒌𝒎/𝒔
∆𝒕 𝟑𝟔𝟓 ∙ 𝟐𝟒 ∙ 𝟔𝟎 ∙ 𝟔𝟎 𝒔
𝒗 𝟑𝟎 𝒌𝒎/𝒔
= = 𝟏𝟎−𝟒
𝒄 𝟑𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝒌𝒎/𝒔
✓ Para medir o “vento do éter” Fresnel e Lorentz calcularam que o experimento precisava ser
sensível até a ordem de: Isso vem da composição
𝒗𝟐 de velocidades relativas
~𝟏𝟎 −𝟖
com movimento paralelo
𝒄𝟐 e perpendicular.
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Medida de velocidades relativas
Aplicação: velocidade do ar em relação ao solo

Dados: 𝒗𝒔𝒐𝒎/𝒂𝒓 = 𝟑𝟒𝟎 𝒎/𝒔, 𝒗′𝒔𝒐𝒎/𝒔𝒐𝒍𝒐 = 𝟑𝟓𝟎 m/s


Se durante a medida o vento se move no sentido do som, achar 𝒗𝒂𝒓/𝒔𝒐𝒍𝒐 .
𝒗𝒂𝒓/𝒔𝒐𝒍𝒐 = 𝒗′𝒔𝒐𝒎/𝒔𝒐𝒍𝒐 − 𝒗𝒔𝒐𝒎/𝒂𝒓 = 𝟑𝟓𝟎 − 𝟑𝟒𝟎 = 𝟏𝟎 𝒎/𝒔

Analogia: medindo-se a velocidade da luz em meses


diferentes seria possível calcular a velocidade da
Terra em relação ao éter.

Solo → Éter
Vento → Terra
Som → Luz

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Experiência de interferometria de Michelson/Morley (1887)
Vamos pensar?
Você sabe explicar o que é difração?
i) Qual a sua causa?
𝒗 ii) Em que condições ela ocorre?
iii) Existem aplicações para ela?
iv) Você é capaz de dar alguns
exemplos onde ela ocorre no seu
cotidiano?
0 𝑦
Franjas de
éter interferência
Premissas fundamentais:
𝒎=𝟐
a) Éter está em repouso 𝒎 = +𝟏
b) Terra se move com velocidade 𝒗 dentro do éter
𝒎=𝟎
c) Luz viaja com velocidade 𝒄 em relação à Terra
𝒎 = −𝟏
Difração
Por que usar interferometria? Por causa da grande sensibilidade! 𝒎 = −𝟐
E o que se mede? Mudança na posição das franjas de interferência ∆𝒎!
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Breve revisão sobre interferometria (Física 4)
O que causa a mudança em ∆𝒎? Condições de interferência!

O que controla a interferência?


i) ondas com mesmo 𝒗 e diferentes caminhos ópticos (𝒍𝟏 ≠ 𝒍𝟐 )
ii) ondas com 𝒗 diferentes e mesmo caminho óptico (𝒍𝟏 = 𝒍𝟐 )

𝒍𝟏 = 6 ondas 𝒍𝟏 = 5,5 ondas 𝒍𝟏 = 5,5 ondas


𝒍𝟐 = 6 ondas 𝒍𝟐 = 6,5 ondas 𝒍𝟐 = 6 ondas

mesma fase

𝒍𝟏
𝒍𝟏
𝒍𝟏
𝒍𝟐
𝒍𝟐
𝒍𝟐

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Breve revisão sobre interferometria (Física 4)
Frente
de ondas 𝑳 >> 𝒅
planas

Comprimento
de onda 𝜹
∆𝒕 =
𝒄
𝝀

✓ Diferença de caminho óptico: 𝜹 = 𝒓𝟐 − 𝒓𝟏 = 𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽 𝟏


𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽𝒅 = 𝒎 + 𝝀
𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽𝒄 = 𝒎𝝀 𝟐
Interferência Interferência
construtiva: destrutiva:

𝒎 = 𝟎, ±𝟏, ±𝟐, …
𝒎 − ordem da difração
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Breve revisão sobre interferometria (Física 4)
Onde estão as franjas?
𝒚
Da figura: 𝒕𝒈𝜽 = ≈ 𝒔𝒆𝒏𝜽 (𝜽 𝐩𝐞𝐪𝐮𝐞𝐧𝐨)
𝑳
Da condição de interferência:
𝒚𝒄 𝝀𝑳
𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽𝒄 ≈ 𝒅 = 𝒎𝝀 → 𝒚𝒄 ≈ 𝒎
𝑳 𝒅
𝒚𝒅 𝟏 𝝀𝑳 𝟏
𝒅𝒔𝒆𝒏𝜽𝒅 ≈ 𝒅 = 𝒎+ 𝝀 → 𝒚𝒅 ≈ 𝒎+
𝑳 𝟐 𝒅 𝟐
Distância entre franjas vizinhas:
𝝀𝑳
𝒚 𝒎 + 𝟏 − 𝒚 𝒎 ≡ ∆𝒚 =
𝒅
𝝀𝑳 𝟐𝝅 𝝀𝑳
A fase 𝜹 controla a interferência: 𝜹 ≡ 𝒌∆𝒚 − 𝝎∆𝒕 = 𝒌 − 𝟐𝝅𝒇∆𝒕 = − 𝟐𝝅𝒇∆𝒕
𝒅 𝝀 𝒅
𝑳
𝒔𝒆𝒏 𝜹 → 𝒔𝒆𝒏 𝒌∆𝒚 − 𝝎∆𝒕 = 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝝅 − 𝒇∆𝒕 𝐓𝐞𝐦𝐨𝐬: 𝑳, 𝒅 𝐞 𝒇. Falta achar ∆𝒕!
𝒅
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Experiência de Michelson/Morley (1887)
Vamos encontrar o ∆𝒕 a partir do atraso entre os raios de luz 𝒓𝟏 e 𝒓𝟐 no interferômetro:

✓ Intervalo de tempo para a luz paralela a 𝒗 ir e retornar:


𝒍∥ comprimento do braço na
𝒍⊥ direção paralela ao
movimento.
𝒗
𝒍⊥ comprimento do braço na
direção perpendicular ao
movimento.
0 𝒍∥
éter
𝒍∥ 𝒍∥ 𝒄 𝟐𝒍∥ 𝟐
∆𝒕∥ = + = 𝟐𝒍∥ 𝒗 𝟐
→ ∆𝒕∥ =
𝒄
𝜸
𝒄−𝒗 𝒄+𝒗 𝒄𝟐 (𝟏 − 𝟐 ) Isso é possível?
Fator de Lorentz 𝒄 Não lhe parece
estranho?
𝟏 𝟏 𝒗
sendo 𝜸≡ = 𝜷≡
Se 𝒗 ≪ 𝒄 ou 𝒄 → ∞, 𝜸 → 𝟏 (totalmente clássico)
𝒗𝟐 𝟏 − 𝜷𝟐 𝒄
𝟏− 𝟐 Se 𝒗 → 𝒄, 𝜸 → ∞ (totalmente “alguma coisa”)
𝒄
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Experiência de Michelson/Morley (1887)
Vamos encontrar o ∆𝒕 a partir do atraso entre os raios de luz 𝒓𝟏 e 𝒓𝟐 no interferômetro:

✓ Intervalo de tempo para a luz perpendicular a 𝒗:

𝐯𝐢𝐬ã𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚
𝒍⊥ 𝒗≠𝟎

𝐯𝐢𝐬ã𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚
𝒗=𝟎

éter
Por Pitágoras:
𝟐 𝟐
𝒄∆𝒕⊥ 𝒗∆𝒕⊥ 𝟐𝒍⊥ 𝟏 𝟐𝒍⊥ 𝜸
= + 𝒍𝟐⊥ → ∆𝒕⊥ = =
𝟐 𝟐 𝒄 𝒗 𝟐 𝒄
𝟏− 𝟐
𝒄
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Experiência de Michelson/Morley (1887)
✓ Tempo de atraso entre a chegada dos feixes (fazer 𝒍∥ = 𝒍⊥ ≡ 𝒍 ≡ ∆𝒔):
𝟐𝒍 𝟐 𝟐𝒍 𝟐𝒍 𝟐
∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = ∆𝒕∥ − ∆𝒕⊥ = 𝜸 − 𝜸 = 𝜸 −𝜸
𝒄 𝒄 𝒄
~𝟏𝟎𝟒 ~𝟏𝟎𝟖 𝟏
−𝒏
Para 𝒗 ≪ 𝒄 → 𝟏−𝒙 = 𝟏 + 𝒏𝒙 + 𝒏(𝒏 − 𝟏)𝒙𝟐 + ⋯
𝟐
−𝟏/𝟐
𝒗𝟐 𝟏 𝒗𝟐 𝟑 𝒗𝟒
𝜸= 𝟏− 𝟐 ≈𝟏+ 𝟐
+ 𝟒
+⋯
𝒄 𝟐𝒄 𝟖𝒄

𝟐 −𝟏
𝒗 𝒗𝟐 𝒗𝟒
𝜸𝟐 = 𝟏 − 𝟐 ≈𝟏+ 𝟐 + 𝟒 +⋯
𝒄 𝒄 𝒄
Diferença no tempo de
𝟐𝒍 𝒗𝟐 𝟏 𝒗𝟐 𝒍 𝒗𝟐 chegada dos raios para a
∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 ≅ 𝟏+ 𝟐 −𝟏− → ∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 ≅ mesma distância 𝒍!
𝒄 𝒄 𝟐 𝒄𝟐 𝒄 𝒄𝟐
∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 → associado com as distâncias 𝒍 percorridas pelos dois raios de luz no espectrômetro!
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Experiência de Michelson/Morley (1887)
𝒗𝟐
✓ Separação espacial entre os feixes de luz: ∆𝒔𝟏 = 𝒄∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝒍 𝟐
𝒄
✓ Este resultado precisa ser comparado com algum valor padrão.
Dica: um ∆𝒔 com a Terra parada! Mas isso é impossível! ∆𝑠1

✓ Que tal girar o equipamento em 𝟗𝟎𝟎 ? Por que isso? Porque apenas a dimensão paralela ao
movimento deve ser afetada pelo meio etéreo.
𝒗𝟐
✓ Fazendo os mesmo cálculos: ∆𝒔𝟐 = 𝒄∆𝒕𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = −𝒍 𝟐
𝒄
𝒗𝟐
Acabamos de ver
✓ Tomando a diferença: ∆𝒔 𝟎𝟎 − ∆𝒔 𝟗𝟎𝟎 = ∆𝒔𝟏 − ∆𝒔𝟐 = 𝟐𝒍 𝟐 isso para o padrão
𝒄 de interferência
E o que o deslocamento das franjas do interferômetro tem a ver com isso?

A grande sacada: a mudança de ∆𝒎 = 𝟏 corresponde à mudança ∆𝒔𝟏 − ∆𝒔𝟐 = 𝝀 ∆𝒎 é o


parâmetro a
𝒗𝟐 𝟐𝒍𝒗𝟐 ser obtido do
∆𝒔 𝟎𝟎 − ∆𝒔 𝟗𝟎𝟎 ≡ ∆𝒎 ∙ 𝝀 → 𝟐𝒍 = ∆𝒎 ∙ 𝝀 → ∆𝒎 =
𝒄𝟐 𝝀𝒄𝟐 experimento
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Trabalho original de Michelson/Morley (1887)

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Experiência de Michelson/Morley (1887)
Dados do artigo de Michelson: 𝒍 = 𝟏𝟏 𝒎, 𝝀 = 590 nm, 𝒗 = 𝟑 × 𝟏𝟎𝟒 𝒎/𝒔 e 𝒄 = 𝟑 × 𝟏𝟎𝟖 𝒎/𝒔.

✓ Previsão teórica 𝟐𝒍 𝒗𝟐 𝟐 ∙ 𝟏𝟏𝒎 𝟑𝟎 𝒌𝒎/𝒔


𝟐
usando os dados ∆𝒎 = 𝟐
= = 𝟎, 𝟑𝟕 (𝟑𝟕%)
𝝀 𝒄 𝟓𝟗𝟎 𝒏𝒎 𝟑𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎 𝒌/𝒔
do experimento:

Valor encontrado: ∆𝒎 = 𝟎, 𝟎 ± 𝟎, 𝟎𝟏 !!
O posição da franja deve
Vamos Pensar? se deslocar 37 % de sua
Precisão do instrumento: 𝟎, 𝟎𝟏 O que significa isso? largura à meia altura.
Que o equipamento Isso é facilmente
❖ Consequências deste resultado: consegue detectar observado.
deslocamentos acima de 1 %.
▪ Não existe éter A teoria previu 37 % !
▪ Existe éter, mas não foi identificado nesta experiência
▪ Existe éter, mas não pode ser identificado por nenhuma experiência Quer 1 pontinho?
Resumo 1: Em busca do nada: considerações sobre os argumentos a favor e contra o vácuo.
Roberto de Andrade Martins, Trans/Form/Ação, São Paulo, 16 : 7-27, 1993

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