Sobre o movimento de partículas carregadas eletricamente.

Construção
de uma Teoria da Relatividade com éter (Lorentz) e sem éter (Einstein)
Objetivos:
a) Discutir as ideias de Heaviside, Fitz Gerald e Lorentz sobre o movimento de cargas
elétricas em meios dielétricos
b) Construir uma teoria para explicar o resultado nulo do experimento de Michelson e
Morley (versão de Lorentz)

O que vamos aprender nesta aula?

a) Que a Teoria da Relatividade de Lorentz/Poincaré prevê corretamente o resultado do
experimento de Michelson/Morley considerando que os corpos se contraem e o tempo se
dilata com a velocidade

b) Os postulados de Einstein para elaborar uma nova teoria

Física Moderna - Prof. Jerias Batista, DEFIS – UFMA, 2023.1, aula 07 1

 Resumo da experiência de Michelson/Morley
Experiência de Michelson/Morley de 1887:
𝟐𝒍 𝒗𝟐
Previsão teórica: ∆𝒎 =
𝝀 𝒄𝟐
Resultado calculado:
(com informações da experiência)
∆𝒎 = 𝟑𝟕%

Resultado experimental: ∆𝒎 = 𝟎, 𝟎 ± 𝟏 %

Vamos tentar salvar o Eletromagnetismo e o éter? Se o experimento estiver correto, o que

precisa mudar na teoria que acabamos de montar?

1) Do ponto de vista matemático, basta fazer ∆𝒎 = 𝟎 e ver que parâmetro da teoria deve ser
alterado.

2) Do ponto de vista físico, deve-se entender como um corpo carregado eletricamente se

comporta em grandes velocidades. Vamos tentar isso primeiro e ver como as coisas ficam.
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 Uma possível descrição física, em 1888

* The Electrician, 22, 147-148 (1888)

Campo elétrico e 𝒒 𝟏 − 𝜷𝟐 𝒗
magnético calculado 𝑬= 𝒓ො , 𝑩 = 𝜺𝟎 𝝁𝟎 𝒗 × 𝑬 𝜷=
por Heaviside: 𝟒𝝅𝜺𝟎 𝝁𝟎 𝒓𝟐 𝟏 − 𝜷𝟐 𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜽 𝟑/𝟐 𝒄
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 Resultado de Heaviside para o campo elétrico, 𝑬𝒙

𝜷 = 𝟎, 𝟗

𝑬′𝒙
𝑬′𝒙

𝜽=𝟎 Campo elétrico

perpendicular ao
movimento não é
alterado com 𝒗.

𝜷 𝜽 𝝅/𝟐

Heaviside provou matematicamente que o campo

elétrico se deforma na direção do movimento da
partícula carregada eletricamente.

S S’

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Sugestão de George Francis Fitz Gerald, 1889

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Sugestão de George Francis Fitz Gerald, 1889

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 Como montar uma teoria com o éter? Fazer ∆𝒎 = 𝟎
Premissa: Se ∆𝒎 = 𝟎 → ∆𝒕∥ = ∆𝒕⊥ (tudo começa aqui) comprimento do braço comprimento do braço com o
do espectrômetro com o equipamento em movimento
equipamento parado
Aqui tem uma imposição
𝟐∆𝒍∥ 𝟐 𝟐∆𝒍⊥ ∆𝒍𝟎∥
𝜸 = 𝜸 → ∆𝒍∥ 𝜸 = ∆𝒍⊥ ≡ ∆𝒍𝟎∥ → ∆𝒍∥ = → ∆𝒍∥ = 𝟏 − 𝜷𝟐 ∆𝒍𝟎∥
𝒄 𝒄 𝜸
Aqui tem uma constatação
Conclusão: o comprimento dos objetos paralelo ao
∆𝒍⊥ movimento se reduz com o aumento da velocidade.
▪ Como 𝒗 ≤ 𝒄 → ∆𝒍∥ ≤ ∆𝒍𝟎∥
Isto viola o senso comum!
∆𝒍∥ ▪ Como 𝒗 é perpendicular a ∆𝒍⊥ → ∆𝒎 = 𝟎
naturalmente nesta direção, e ∆𝒍⊥ = ∆𝒍𝟎⊥ ,
independente de 𝒗. De novo isso aqui?
Isso é clássico
∆𝒍∥ = 𝟏− 𝜷𝟐 ∆𝒍𝟎∥ Mas ∆𝒍∥ = ∆𝒍𝟎∥ somente quando 𝒗 → 𝟎 ou 𝒄 → ∞.
NOTA: Fazer ∆𝒎 = 𝟎 nos leva à uma teoria
matemática que prevê os efeitos de um
fenômeno, mas a causa física não está explícita.
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 Como montar uma teoria com o éter? Fazer ∆𝒎 = 𝟎
Para alguém se movendo junto com o experimento (𝒗𝒓𝒆𝒍𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐 = 𝟎), o tempo para um raio de luz
percorrer todo o aparato é:
𝟎𝟐 𝟎𝟐
𝒍∥ 𝒍∥ 𝒍𝟎∥ 𝟎
𝟏 − 𝟐 𝒍∥ 𝟏 − 𝟐 𝟐𝒍𝟎
∆𝒕𝟎 = + = 𝒄 + 𝒄 = ∥
𝒄 𝒄 𝒄 𝒄 𝒄
Para alguém parado no éter (fora do referencial do instrumento, 𝒗𝒓𝒆𝒍𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐 ≠ 𝟎), o tempo
medido seria: contra-intuitivo!
𝒗𝟐
𝟐𝒍∥ 𝟐 𝟐𝒍𝟎∥𝟏− 𝟐 ∆𝒕𝟎
∆𝒕∥ = 𝜸 = 𝒄 ∆𝒕∥ = 𝜸∆𝒕𝟎
→ ∆𝒕∥ = →
𝒄 𝒗𝟐 𝒗𝟐
𝒄 𝟏− 𝟐 𝟏− 𝟐
𝒄 𝒄
Isso não é clássico De novo isso?? Isso é clássico
Para 𝒗 < 𝒄 → ∆𝒕∥ > ∆𝒕𝟎 Para 𝒄 → ∞ → ∆𝒕∥ = ∆𝒕𝟎

Conclusão: O ritmo de passagem do tempo diminui com o aumento da velocidade!

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 Como montar uma teoria com o éter? Fazer ∆𝒎 = 𝟎
Se um observador está em repouso, o tempo passa mais rápido para ele do que para quem
está se movimentando em relação a ele! O ritmo de passagem do tempo é alterado com 𝒗!
Você percebe importância da experiência de Michelson/Morley? Em todas as listas, ela está
entre as 10 mais importantes da História.
Vamos Pensar?
∆𝒕𝟎
Aqui o Uma rápida digressão aqui: O que acontece com as
tempo para
∆𝒕∥ = propriedades físicas previstas para os fenômenos
𝟏 − 𝜷𝟐
naturais quando 𝒗 → 𝒄? E em 𝒗 = 𝒄? Pode isso?
∆𝒕∥ Exemplo: comece com a 1ª propriedade definida em
(tempo relativístico)
Física, que é a velocidade.
∆𝒕𝟎 ∆𝒔
(tempo clássico newtoniano) Para 𝒗 → 𝒄 temos ∆𝒕∥ → ∞. Logo, 𝒖 = →𝟎
∆𝒕∥
O mundo nesse cenário não parece muito interessante, percebe?
Exemplo, qual seria a impressão de um observador externo a um
buraco negro sobre o que se passa dentro dele, caso pudesse vê-
lo? Compare com a impressão de quem está dentro do próprio
buraco negro (dentro aqui significa após o horizonte de eventos).
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A versão de Einstein para a Relatividade

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 Construção da TRR com 2 postulados
i) As leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais.
Isto inclui Mecânica e Eletromagnetismo!
ii) A velocidade da luz no vácuo é a mesma em todos os referenciais inerciais,
independentemente do estado de movimento de sua fonte.
Implicações: fornece outra explicação para a dilatação do tempo e contração do espaço. Modifica as TC. Não
modifica o Eletromagnetismo, pelo contrário, o explica.

A construção de uma teoria baseada nestas duas afirmações . . .

1) . . . explica o resultado nulo do experimento de Michelson/Morley de modo radicalmente

diferente: não é sobre a contração dos objetos, mas sim do próprio espaço que o contém.

2) . . . torna o éter desnecessário→ tira o foco mecânico das ondas e passa para o foco
eletromagnético: as ondas existem por si só (Será? A ideia de partículas de luz já tinha sido defendida em
artigo anterior pelo próprio Einstein. E a ideia de partículas viajando no vácuo era bem aceita, mas de ondas não).

3) . . . leva às mesmas previsões da teoria de Lorentz/Poincaré, mas sem éter.

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 Fundamento dos pensamentos de Newton e Einstein

Meu amigo
Nada disso, meu caro
Einstein,
Newton,
o espaço e o
a velocidade da luz
tempo são
que é imutável!
imutáveis!

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