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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


AGRONOMIA

THIAGO CESAR KUHN

PAULO ROBERTO DO AMARAL ROSSINI

ROSALDO DARLEI PEREIRA

JOÃO HENRIQUE TUTIS PETERLE

Produção e qualidade de frutos de diferentes


cultivares de morangueiro
.

PATO BRANCO

2022
Introdução

Uma complexa interação entre os fatores temperatura e comprimento do dia determinam o


desempenho produtivo e a qualidade dos frutos em cultivares de morangueiro em uma
determinada região produtora (Scott &Lawrence, 1975). Em vista disso, quando uma cultivar é
selecionada para determinada região e plantada em outra, dificilmente apresentará elevada
produção de frutos de qualidade (Dávalos, 1979). Human & Evans(1989) e Rice Jr. (1990)
testaram cultivares do morangueiro na África e confirmaram que estas, quando melhoradas para
regiões temperadas, não mostraram bom desempenho em áreas tropicais. As principais regiões
brasileiras produtoras de morango localizam-se em áreas de clima tropical de altitude elevada,
ameno. Atualmente a cultura está se expandindo para áreas de clima tropical de altitude média,
quente.
A produção comercial do morango no Brasil está baseada em poucas cultivares. A
‘Campinas’, selecionada para consumo in natura na década de cinquenta pelo IAC (Camargo,
1960), ainda hoje é uma das mais cultivadas. Na década de setenta foi lançada a cultivar Guarani
para uso industrial e, na década de oitenta, a cultivar Princesa Isabel com frutos mais duráveis
após a colheita (Passos & Camargo, 1993). Na década de noventa foi importada dos EUA a
cultivar Dover, selecionada, segundo Howard & Albregts (1980), para a resistência a antracnose
nas condições da Florida.
A alta incidência de antracnose, doença conhecida como “flor preta” no morangueiro, tem
levado os agricultores a buscar novas alternativas de produção. Entre elas, a utilização de novas
cultivares.
Também estão sendo avaliadas mudanças no sistema de produção. Com a finalidade de
estudar a introdução da irrigação por gotejamento, o cultivo protegido e o uso de cobertura morta
de solo orgânica ou de polietileno, Passos (1997) realizou trabalho na região produtora de Atibaia
e Jarinu com a cultivar Campinas.
A introdução de germoplasma exótico, vem sendo realizada pelos próprios produtores sem
que estes novos materiais sejam avaliados adequadamente quanto à adaptabilidade ao cultivo
em condições tropicais e exigências do mercado consumidor. Estes frutos de morango sendo
oferecidos no mercado com características de qualidade inadequadas, têm resultado em menor
consumo da fruta e, como consequência, prejuízos ao agricultor. Assim foi proposto o presente
trabalho, com o objetivo de avaliar o desempenho de diferentes cultivares de morangueiro quanto
à produção e seus componentes e a qualidade dos frutos em, regiões de clima ameno e quente
respectivamente.

Cultivo de morango hidropônico

Tradicionalmente, o morango é cultivado no campo, em canteiros com cerca de 1m de leito


útil e 0,5m de entrelinhas. Os canteiros são geralmente cobertos com plástico ou material
orgânico (capim, palha) que protegem o solo de efeitos da chuva e da insolação.
Porém, em razão de benefícios relacionados, principalmente, com a produtividade e com a
qualidade, tem sido cada vez mais utilizado o cultivo protegido na produção de morango. A
utilização de ambiente protegido também surgiu como alternativa para minimizar a utilização de
defensivos agrícolas na plantação.
Como o morango também é sensível à infestação por patógenos do solo, também cresce o
interesse pelo cultivo hidropônico, que revela algumas vantagens que resultam da combinação
do ambiente protegido com a eliminação do uso de produtos destinados a desinfecção do
solo (CALVETE et al. 2007).
Além disso, com a eliminação do brometo de metila no tratamento fitossanitário do solo em
todo o mundo, a utilização de sistemas hidropônicos tornou-se uma alternativa que traz benefícios
econômicos (HOGAN, 2008).
De acordo com Furlani et al. (2009) os tipos de cultivo hidropônicos mais utilizados são:
Sistema NFT (“nutrient film technique”) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes: Este
sistema é composto por um tanque com solução nutritiva, um sistema de bombeamento, canais
de cultivo e um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa
por gravidade formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes;
Sistema DFT (“deep film technique”) ou cultivo na água ou “floating”: A solução nutritiva
cria uma lâmina (5 a 20 cm) onde as raízes ficam submersas. Não há canais, mas uma mesa
plana onde fica circulando a solução;
Sistema com substratos: Para hortaliças frutíferas, flores e outras culturas que têm sistema
radicular e parte aérea mais desenvolvidos, são utilizados vasos cheios de material inerte, como
areia, pedras diversas (seixos, brita), vermiculita, perlita, lã-de-rocha, espuma fenólica, espuma
de poliuretano e outros para a sustentação da planta, onde a solução nutritiva é percolada
através desses materiais e drenada pela parte inferior dos vasos, retornando ao tanque de
solução.
No Brasil é predominante o uso do sistema NFT. Segundo Schulz (2007) mais de 97% dos
produtores que usam hidroponia utilizam esta técnica.
Entretanto é necessário que o sistema funcione adequadamente, ou a planta pode ter suas
condições fisiológicas prejudicadas. Um exemplo é o efeito da inundação do sistema radicular
que pode provocar deficiência de consumo de oxigênio e interfere com a absorção de nutrientes
(URRESTARAZU e MAZUELA, 2005).
A inundação também provoca acúmulo de altos níveis de etileno, que pode inibir o
crescimento, causar o amadurecimento precoce, e induzir o início da senescência,
potencialmente reduzindo a produtividade da planta (DRUEGE, 2006 apud HOGAN et al, 2008).
Além dos efeitos das inundações, outros fatores ambientais, como ferimentos, luz e
temperatura podem aumentar os níveis de etileno em plantas. Assim, um manejo apropriado de
sistemas hidropônicos é importante para reduzir o estresse, que afeta negativamente o
rendimento do cultivo (HOGAN et al, 2008).
Os sistemas hidropônicos mais modernos aplicam controladores ambientais no interior de
casas de vegetação, através do uso de termostatos, umidostatos, injeção de CO2 e ventiladores
controlados.

Objetivo: Avaliar o desempenho das cultivar Monterei, Cultivar Albion, Cultivar San
Andreas, Cultivas Aromas, Cultivas PRA Estiva, e Cultivar Camino Real, quanto a Peso Total de
Frutos (PTF), Peso de Frutos Comercial (PFC), Número Total de Frutos (NTF), Numero
Comercial de Frutos (NCF) e Massa Média de Frutos Comercial (MMCF), em Delineamento
Inteiramente Casualizado.

Material e Metodologia

Foram avaliadas o desempenho das cultivar Monterei, Cultivar Albion, Cultivar San
Andreas, Cultivas Aromas, Cultivas PRA Estiva, e Cultivar Camino Real, onde se foi avaliado
Peso Total de Frutos (PTF), Peso de Frutos Comercial (PFC), Número Total de Frutos (NTF),
Numero Comercial de Frutos (NCF) e Massa Média de Frutos Comercial (MMCF), em
Delineamento Inteiramente Casualizado, o presente experimento conduzido em casa de
Vegetação.
(Figura: Croqui do Experimento)

A casa de vegetação está situada no Campo Experimental da Universidade Tecnológica


Federal do Paraná em Pato Branco – PR . Trata-se de uma estrutura metálica de 6,50 m de
largura por 11,00 m comprimento, 3,0m de pé-direito e 2,0 m de altura acima do pé direito. O
telhado é do tipo duas águas, com inclinação de 31,6º, sendo o material lateral e do telhado
constituído por plástico transparente difusor de luz (PEBD - Polietileno de Baixa Densidade) com
150μm de espessura, tratado contra raios ultravioleta.
As laterais da casa de vegetação possuem muretas de concreto com altura de 0,30 m e
largura de 0,10 m. O ventilador metálico foi instalado a uma distância de 1,10 m em relação ao
chão e possui dimensões de 0,95 m de altura, 0,45 m de largura e 0,95 m de comprimento.
O sistema hidropônico utilizado foi formado por um leito de cultivo com substrato de areia,
semelhante a um canteiro, no qual cada unidade do sistema teve dimensões de 3,6 m de
comprimento e 1,10 m de largura (Andriolo, 2007). A solução nutritiva empregada foi descrita por
Furlani & Fernandes Júnior (2004), fornecida por sub-irrigação, com pH mantido entre 5,5 e 6,5 e
condutividade elétrica (CE) entre 1,4 e 1,5 dS m-1, com o manejo da fertirrigação e da cultura
feitos de acordo com as indicações desses autores. No cultivo convencional, o preparo do solo, a
adubação e o manejo da cultura foram realizados de acordo com as recomendações de Santos &
Medeiros (2003)

Os experimentos obedeceram o mesmo delineamento inteiramente casualizado com


quatro repetições de seis cultivares e totalizando 24 EU´s, sendo cada parcela constituída por 01
Planta, sem bordadura como proposto pôr Nagai et al. (1978). Sistema de Hidroponia. Foram
plantadas mudas de raiz nua em 01 de Fevereiro de 2011 e, após cinco floradas, as plantas
foram retiradas.
A produção total de frutos, o número de frutos e o peso médio dos frutos foi obtida da
colheita. Esta foi feita em todas as plantas de cada uma das parcelas, ocorreu quando os frutos
estavam entre os estágios “¾ maduros” e “maduros”, duas vezes por semana, durante todo o
período de produção sendo contados e pesados os frutos “comerciáveis”, isto é, aqueles
apropriados para o consumo (Passos, 1982; Passos, 1997; Tessarioli Neto, 1982; Tessarioli Neto,
1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para variável PTF, a melhor cultivar foi a Monterei, mas não diferiu significativamente da
cultivar Pra Estiva e da San Andreas, a pior cultivar foi a Camino Real.
Para variável PFC, a melhor cultivar foi a Monterei, mas não diferiu significativamente da
cultivar Pra Estiva, a pior cultivar foi a Camino Real, a pior média foi para Camino Real, que não
diferiu significativamente Aromas, e da Albion.
No que se diz respeito da variável NTF, a melhor cultivar foi a San Andreas, porém esta
não diferiu significativamente da Monterei e dá Pra Estiva. A pior cultivar foi a Camino Real.
Para variável NCF a melhor cultivar foi a Monterei, porém não diferiu significativamente da
cultivar Pra Estiva e da San Andreas. A pior média foi a Camino Real, junto com Albion.
Para MMFC a melhor cultivar foi a Pra Estiva, porém esta não difere significativamente da
Monterei, Camino Real e da Albion, a pior média para massa média de frutos foi da cultivar San
Andreas, porém esta não difere significativamente da Aromas.

CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos, recomenda-se ao produtor que irá implantar morangueiro,
visando comercializar os frutos, a cultivar Monterei, pois estas demonstraram superioridade no
que diz a respeito ao peso, número e massa de frutos comerciais. Caso não haja disponibilidade
da cultivar para aquisição, pode optar-se pela cultivar Pra Estiva.

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