A obra foi escrita por Almeida Garrett e, segundo a sua classificação,
apresenta tanto características que a aproximam do drama romântico como da tragédia clássica. Principais características trágicas da obra: número reduzido de personagens personagens de elevado estatuto social e moral ação única que converge para o desenlace trágico concentração espacial e temporal presença de momentos e indícios trágicos Ao longo da obra há diversas situações onde o ambiente é de medo e suspeita o que por si só já indica um desenlace trágico, como por exemplo, o primeiro ato decorre num espaço aberto, luxuoso, com janelas grandes e boa luminosidade enquanto no segundo o espaço é mais fechado, sombrio e melancólico, por fim, no terceiro ato, a ação decorre num espaço subterrâneo, sem janelas e poucas portas, onde as únicas decorações eram uma cruz e um altar, símbolos e morte e sacrifício. Elementos da Tragédia Clássica: Hybris – quando as personagens desafiam o destino ou os “costumes”, por ex.: O casamento de Manuel S.C. com Madalena sem esta ter a certeza que D. João estava morto. Pathos – sofrimento gradual sofrido pelos personagens, por ex.: a revolta e dor de D. Manuel pela ilegitimidade de Maria, sua filha. Ágon – conflito vivenciado pelas personagens, por ex.: o dilema de Telmo, dividido entre a lealdade a D. João de Portugal e o amor a Maria. Peripécia – momento de mudança inesperada dos acontecimentos, por ex.: o incêndio do palácio. Anagnórise – reconhecimento de uma situação inesperada ou identificação de uma personagem, por ex.: a identificação do romeiro como D. João de Portugal. Clímax – momento de maior intensidade dramática, por ex.: reconhecimento de D. João de Portugal e o conhecimento que o mesmo está vivo. Ananké – destino inexorável/inabalável, por ex.: a convergência dos acontecimentos para o desenlace trágico. Catástrofe – desenlace trágico dos acontecimentos, por ex.: a morte física de Maria, e as mortes sociais de Manuel e Madalena com o seu ingresso na vida religiosa. Catarse – purificação de sentimentos/comportamentos pelo terror e piedade suscitados pela tragédia nos espectadores, por ex.: o terror e piedade estimulados pela tragédia que se abate sobre uma família aparentemente feliz. Concluindo, a obra Frei Luís de Sousa é um drama quanto à forma e uma tragédia quanto ao conteúdo, isto pois a escrita em prosa torna-a um drama, porém as ações simples, a existência de poucos personagens e de elevado estatuto social e a convergência da ação junto com os indícios e agouros trágicos fazem também dela uma tragédia.
Bibliografia: resumos da “Porto Editora”, resumos da “Leya”,
caderno de registos de português e Manual de português “Mensagens” 11º ano.