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FREI LUÍS DE SOUSA

CARACTERÍSTICAS TRÁGICAS
 Esta obra de Almeida Garrett aconteceu no decorrer do século XVII, retrata a vida de Manuel de
Sousa Coutinho e da sua esposa D. Madalena.
 Manuel, um homem patriota, provado historicamente que era possuidor de um grande amor por
Madalena, não se importa com o passado da sua esposa, esta vive com muitos receios em relação
ao facto do seu primeiro marido, D. João de Portugal, que, apesar de se pensar que terá sido
morto na batalha de Alcácer Quibir, está ainda vivo e regressa a Portugal tornando ilegítimo o
casamento de Manuel.
 Esta obra possuí características trágicas. Na tragédia clássica o Homem torna-se um mero
brinquedo do destino, isto é, funciona como uma marioneta comandada por uma força superior.
Podemos comprovar isto , nesta obra, porque chegamos à conclusão que o destino é uma força
superior implacável, e quando desafiado pode originar consequências devastadoras.
ELEMENTOS DA TRAGÉDIA CLÁSSICA PRESENÇA EM FREI LUIS DE SOUSA

A hybris é perpetrada tanto por D. Madalena como por


D. Manuel de Sousa Coutinho. Com efeito, no primeiro caso,
o desafio consistiu no facto de a personagem se ter
Hybris — consiste num desafio feito pelas personagens à apaixonado por D. Manuel de Sousa Coutinho quando ainda
ordem instituída (leis humanas ou divinas). era casada com D. João de Portugal. Além disso, ambas as
personagens põem em causa a ordem instituída ao casarem
sem terem provas irrefutáveis da morte de D. João de
Portugal.

Peripécia — momento em que se verifica uma inflexão A peripécia e a anagnórise ocorrem em simultâneo: com
abrupta dos acontecimentos. a chegada do Romeiro e o reconhecimento da sua identidade
(anagnórise), dá-se uma inversão brusca nos acontecimentos
Anagnórise — palavra que significa «reconhecimento»; é a (peripécia) — o casamento torna-se inválido e Maria torna-
passagem do ignorar ao conhecer», podendo consistir na se filha ilegítima.
revelação de acontecimentos desconhecidos ou na
identificação de determinada personagem.
ELEMENTOS DA TRAGÉDIA CLÁSSICA PRESENÇA EM FREI LUIS DE SOUSA

O clímax ocorre na cena final do Ato Segundo, pois é neste


momento que a tensão dramática atinge o seu auge: D. João
Clímax — momento culminante da ação. de Portugal dá a conhecer de forma inequívoca a sua
identidade, demonstrando, ao mesmo tempo, de forma
paradoxal, que o esquecimento a que foi votado anulou a
sua existência.

Catástrofe — desenlace trágico. A família é totalmente exterminada: D. Madalena e D.


Manuel morrem para o mundo, ingressando na vida
religiosa, e Maria morre, de facto.

Ágon — conflito vivido pelas personagens; pode designar Telmo é vítima de um conflito interior: depois de ter
o conflito com outras personagens ou o conflito interior. passado vinte e um anos a desejar o regresso
do antigo amo, apercebe-se de que, na verdade, o seu amor
por Maria acabou por superar o que nutria por D. João de
Portugal, mostrando-se disposto a abdicar dos seus
princípios éticos para a salvar.
ELEMENTOS DA TRAGÉDIA CLÁSSICA PRESENÇA EM FREI LUÍS DE SOUSA

O sofrimento das personagens vai-se intensificando,


Pathos — sofrimento crescente das personagens. a ponto de o próprio Frei Jorge se sentir inclinado a
acreditar na possibilidade de uma catástrofe iminente.

A presença do destino é visível pelo facto de todos os


acontecimentos convergirem para o desenlace trágico e de
Ananké — é o destino; preside à existência das personagens haver um afunilamento do espaço e do tempo, que mostra
e é implacável. que as personagens são conduzidas para a catástrofe.

O terror e a piedade desencadeados nos espectadores são


Catarse — efeito purificador que adensados pelo facto de a catástrofe se abater sobre uma
a tragédia deve ter nos espectadores: ao desencadear o família (na qual se inclui Telmo) que se ama profundamente
terror e a piedade, permitir-lhes-ia purificarem as suas e de todas as personagens serem profundamente retas e
emoções. dignas.

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