Você está na página 1de 15

Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

O EVOLUCIONISMO E A FILOSOFIA DE PEIRCE


Ricardo Gião Bortolotti*

Exposição do problema

O pensador, sobre o qual iremos tratar, estava à frente de sua época.


Pesquisador incansável, adentrava com o mesmo ânimo áreas tão díspares quanto
degustação de vinho, matemática, lógica, metafísica, filosofia, história da ciência,
literatura, teologia, ciências em geral. Classificá-lo como um pensador voltado para o
seu século seria pouco, uma vez que os problemas que o preocupavam podem ser
encontrados em nomes que caracterizaram o pensamento do século XX, como Popper,
Quine, Wittgenstein, Kuhn, e outros (SKAGESTAD, 1983: 348). Peirce trabalhava
arduamente, e sempre acompanhava a evolução das ideias no período em que viveu;
mesmo quando, após a morte de seu pai, e parte devido à sua personalidade difícil,
retirou-se para Milford, onde viveu até sua morte, passando por necessidades
financeiras. Sua vida, transcorrida de 1839 até 1914, mostra-nos um pensamento
evolutivo, cujo falibismo aplicava a si próprio.
Peirce não foi um caso à parte na época em que A origem das Espécies eclodiu
no meio intelectual mundial. Inaugurou um novo marco na história do pensamento. O
autor, no entanto, não permaneceu em torno do objeto central da obra de Darwin,
enquanto estímulo para discussões acerca da vida e de questões teológicas, mas levou-
a para os campos da lógica, metafísica e cosmologia (FEIBLEMAN, 1970: 62). Com
efeito, sua opinião não correspondia exatamente às ideias de Darwin, sobre as quais
mantinha certa reserva crítica. Ademais, abraçado como estava à ciência e à filosofia,
dominava a evolução de ambas, procurando alargar o horizonte do conhecimento, não
se deixando levar por métodos e modos de conceber sem examiná-los atentamente.
O bom acolhimento do evolucionismo darwiniano, portanto, não conduziu
Peirce a identificá-lo à teoria social, de Spencer, e, nem mesmo, a abandonar as teorias
de Lamarck e do catastrofismo, de Clarence King. Seu pensamento realista buscava
meios que pudessem representar a realidade sem cair na armadilha nominalista, de

Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

reduzir o conhecimento à particularidade do real, negando a realidade aos gerais.


Diante disso, nossas concepções não passariam de entidades mentais, um artifício para
explicar aspectos do real, percebidos como aparências de elementos incognoscíveis,
amálgama de certa essência que, porventura, existiria como o verdadeiro fundamento
de todo fenômeno.
A defesa do realismo conduziu o autor à busca de uma fundamentação mais
precisa de seu pensamento, opondo-se ao cartesianismo, ao transcendentalismo
kantiano e a todas as formas de nominalismo. Tais formas, se aceitas, defendem modos
duais de conhecer, produzindo uma cisão entre o sujeito e o objeto, entre o real e o
pensamento, entre o corpo e a mente, etc. Em outros termos, conhecem-se os
fenômenos como se a mente fosse um balde, conforme a caracterização de Popper, um
receptáculo para o que vem de fora. O problema, com esse tipo de concepção, é que, ao
pressupor um mundo de aparências, não só destitui de validade nossas concepções,
como também leva-nos ao ceticismo, uma vez que impossibilita o conhecimento da
verdade. Essa perspectiva apresenta a cognição como algo estático, atemporal,
reduzindo o real àquela representação isolada, como um quadro, cuja produção
dependesse de um artista também isolado. Atribuem-se certas categorias àquelas
percepções, passando-se a vê-las como representações do real. Com efeito, sob essa
perspectiva, os fenômenos são vistos como frutos de essências, formas que estão além
de nosso entendimento, já que a cognição jamais as alcançaria, pois qualquer
representação seria apenas um artifício de explicação para um mundo que não se revela
através de suas aparições, um mundo além da experiência. Com efeito, essa concepção
nominalista não leva em conta que o real constitui, na verdade, o processo, no qual o
sujeito, ou melhor, uma mente que conhece, também está envolvida. As
representações, assim inferidas, não são cópias construídas para o entendimento do
processo, mas são generalizações de uma realidade também geral, pois regular. O
nominalismo erra, pois, ao prender-se em demasia ao subjetivismo, rejeitando a
realidade de nossas concepções gerais. O realismo peirceano exige um modelo mental
que vai além da lógica aristotélica, a qual aborda as representações através da divisão
sujeito/predicado, incapacitando a visão processual da realidade. Para isso, ele vai ater-

*Professor de Filosofia na UNESP/Assis. Doutor em Comunicação e Semiótica.


Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

se à lógica das relações, mais condizente com sua concepção realista (BORTOLOTTI,
1994). Tal concepção coloca o signo como meio privilegiado de se compreender o real,
apreendido numa cadeia inferencial, cuja finalidade está na opinião verdadeira,
investigada pela comunidade de seres que pensam através de signo. Ora, para o autor,
nossas representações são verdadeiras em relação ao real, pois algo que é representável
é cognoscível em algum grau, e o real, objeto de tal representação, é, ao mesmo tempo,
objeto que impulsiona a investigação para o futuro, para a sua verdade.
Dessas considerações, podemos dizer que Peirce, ao pressupor um real
cognoscível, joga por terra as teorias que mantêm o incognoscível. E, ao abordar uma
teoria da cognição sígnica, cuja base é triádica, e baseada inteiramente na lógica das
relações, reforça sua defesa acerca do realismo. Com base nisso, a visão dual dos
fenômenos é descartada, restando em seu lugar o signo e a ideia de contínuo, ou seja,
nossas concepções gerais são reais, no sentido de corresponder a regularidades
observadas nos fenômenos. Obviamente, não queremos dizer que minhas
representações correspondam à realidade, mas que são frutos da percepção do real, e
que, ao longo do tempo, com a investigação, espera-se que tais concepções alcancem
um nível mais elevado de generalidade acerca do mesmo fenômeno.
Com o realismo, Peirce dispensou a divisão sujeito/objeto, descartando o “Eu
penso” kantiano, substituindo-o pelo signo. Nossas concepções são gerais, pois
apreendem, via inferencial, os fenômenos. A ideia de continuidade fortalece o realismo
de Peirce, uma vez que os signos são tratados como mediações, e o seu objeto pode ser
visto como regularidades do mundo externo, ou seja, leis ou gerais.
Em vista disso, podemos afirmar que apreendemos o real nas regularidades
experimentadas na cognição, mas que, conforme a filosofia do autor, predomina a
visão processual, temporal. E, para compreendermos esses gerais, não podemos nos
ater ao esquema nominalista, o qual os reduziria a uma concepção mental ou à essência
escolástica, atemporal e estática. Evidencia-se, aqui, a necessidade de explicar essas
regularidades reais, e que perfazem o contínuo, estofo de nossa cognição e da
ontologia peirceana. Assim, para manter um realismo saudável, Peirce necessita de

Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

uma noção tão importante quanto a de hábito, conferida aos fenômenos de


regularidades, à lei e ao processo cognitivo.
O evolucionismo peirceano ajusta-se, sobretudo, ao seu realismo, uma vez que
fornece a explicação para a generalidade contínua, tanto no nível da cognição quanto
de sua metafísica. Mas o que, afinal, significa esse evolucionismo? Para o autor,
apreendemos generalidades, e esse processo cresce, gerando generalidades de
generalidades. O falibilismo de nossas teorias e a investigação continuada conduzem a
propósitos cada vez mais elevados, exigindo o autocontrole. Conhecemos um mundo
em evolução, pois a generalidade permeia o universo em meio à variedade, a
diversidade, o que traduz a riqueza do universo. Diante disso, de um universo regular,
regido por leis, como explicar a variedade? Como explicar a mudança na permanência
e vice-versa? A ideia de evolução, no sentido de um cosmos com ordens de
generalidade cada vez mais elevadas, não se coadunaria à concepção nominalista de
um mundo dual, estático.

As teorias de Darwin serviam ao propósito de Peirce, pois, com elas, ele


encontrou uma forma de se livrar da lei de conservação da matéria, pressupondo uma
mudança irreversível na natureza. O acaso é importante para a explicação da
diversidade e da criação de leis naturais. Por outro lado, Darwin, como já dissemos,
não o encanta in toto, uma vez que não explica a consequência após a seleção,
explicação que buscará nas teorias de Lamarck, na sugestão do hábito no
desenvolvimento adaptativo. Para Peirce, a regularidade da natureza é concebida como
sendo hábito, possibilitando uma visão mais aceitável de mudanças e adaptações, ou
seja, em generalizações. Em relação ao catastrofismo, também julgava importante,
talvez mais do que as outras teorias, uma vez que explicava o desenvolvimento da
própria ciência. E, para completar, podemos falar de um sentido para a evolução: o
acaso, o hábito e a quebra brusca deste último, não envolvem, segundo o autor, um
cosmos regrado, no sentido de uma direção, no estabelecimento de generalizações ou
níveis de ordem mais elevados, podendo conduzir a um sentido contrário. Para isso,

Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

Peirce apega-se à ideia de amor, exposta em seu trabalho “Evolutionary Love” (CP-
6.287-306)1.
Assim, as teorias, defendidas por Peirce integram-se no seu agapismo, no qual a
evolução é fruto do amor, no vínculo entre as ideias ou formas, que se estendem,
generalizando-se cada vez mais. É o Admirável a espelhar o cosmos evolutivo, a
Razoabilidade encarnada na visão da ordem predominante das leis naturais.
Após esse extenso comentário, passaremos a discutir o evolucionismo filosófico
de Peirce, baseado no acaso, na necessidade e no amor criativo.

Teorias da evolução sob a perspectiva peirceana

A teoria da evolução de Darwin baseia-se na ação da hereditariedade, de fatores


herdados dos pais, e da variação fortuita. E, além disso, um segundo fundamento
consiste na seleção natural, ou seja, os mais aptos mantêm a existência, transmitindo
suas características para seus descendentes (CP-6.15). Para Peirce, essa teoria implica
grande generalização, uma vez que se estende aos reinos animal e vegetal. Como já
tivemos oportunidade de afirmar, essa teoria opõe-se ao modelo de pensamento
baseado em Aristóteles, no qual predominavam formas fixas e permanentes. O
darwinismo impõe um modelo adaptativo, em que pressupõe um fluxo entre as formas,
possibilitado pela seleção (FEIBLEMAN, 1970: 64).
Para Peirce, as teorias de Darwin possibilitam pensar em processos sem
descartar o realismo. Assim, o autor afirma, em CP-5.364:

A controvérsia darwinista é, em grande parte, uma questão de lógica. O senhor


Darwin propõe aplicar o método estatístico em biologia. A mesma coisa tem sido
largamente realizada em um diferente ramo da ciência: a teoria dos gases. Embora
incapazes de dizer o que seriam os movimentos de qualquer molécula sob
determinada hipótese, considerando a constituição dessa classe de corpos, Clausius e
Maxwell ainda eram capazes, oito anos antes da publicação do trabalho imortal de
Darwin, através da aplicação da doutrina das probabilidades, a predizer que, ao
longo do tempo, certa proporção de moléculas poderia, sob dadas circunstâncias,
adquirir tais velocidades; e que tomaria lugar, a todo segundo, certo número de
colisões, etc.; especialmente ao considerar suas relações específicas de calor.
Igualmene, Darwin, incapaz de afirmar qual a variação e seleção natural acontecerão
em qualquer caso individual, demonstra que, ao longo do tempo, elas acontecerão,

1
CP-6.13 significa Collected Papers of Charles S. Peirce, volume 6, parágrafo 13.
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

ou poderiam adaptar animais a suas circunstâncias. Sejam ou não as formas


existentes de animais devidas a tais ações, ou que posição a teoria deveria assumir,
constiui o objeto de uma discussão em que as questões de fato e de lógica estão
curiosamente entrelaçadas.

Esse texto marca a posição do autor em relação à sua noção de continuidade,


que analisaremos mais à frente. Também mostra a controvérsia em vista da defesa de
formas absolutas, uma vez que, com a mudança adaptativa, tornou impossível pensar
em espécies fixas, em essências independentes do processo temporal. Assim sendo, um
problema, prontamente, se apresenta: como pensar no realismo dos universais, se a
variação e o processo de mudança rompem com a incorporação absoluta dos universais
nos existentes? (FEIBLEMAN, 1970: 66). Veremos que o realismo peirceano, ao
resistir à sedução nominalista, defende a continuidade de mente e matéria,
organizando-se em torno do chamado idealismo objetivo (CP-6.25)2, no qual o mundo
observado é fruto das leis da mente.
A teoria da seleção natural joga, por seu turno, um papel especial em Peirce.
Não mostra apenas como a variação fortuita contribui com a ordem, conforme a
produção de leis gerais, mas mostra, também, como favorece a adaptação na
generalização das ideias de força, espaço e tempo:

Como explicamos essa adaptação? A grande utilidade e necessidade das concepções


de tempo, espaço e força, mesmo para a uma inteligência mais baixa, sugerem que
são o resultado da seleção natural. Sem as concepções de geometria, da cinética e da
mecânica, nenhum animal obteria seu alimento ou faria o que seria necessário para a
preservação de sua espécie. É verdade, ele poderia alcançar o mesmo efeito através
do instinto, ou seja, ele poderia ter concepções diferentes das de tempo, espaço e
força, mas que se assemelhariam a elas nas experiências ordinárias. Mas como
aquele animal poderia ter uma vantagem imensa no conflito da vida, em que as
concepções mecânicas não são instáveis, originando novas situações, haveria uma
seleção constante em favor das ideias mais corretas acerca desses assuntos. Assim,
seria alcançado o conhecimento daquela lei fundamental de que toda ciência cresce;
a saber, que força depende das relações de tempo, espaço e massa. Quando essa
ideia for suficientemente clara, requererá somente um grau mínimo de inteligência
para a descoberta da natureza exata dessas relações. Tal hipótese sugere a si mesma,
mas não parece suficiente para dar conta da precisão com que tais concepções
aplicam-se aos fenômenos da Natureza; provavelmente existe, aqui, um segredo a ser
revelado. (CP-6.418)

2
“Uma teoria inteligível do universo é a do idealismo objetivo, aquela em que a matéria é mente, em seu estado
mais baixo, hábitos inveterados que se tornaram leis físicas.” (CP-6.25).
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

Mas, as teorias de Darwin, ainda que expliquem a sobrevivência do mais apto,


não satisfazem Peirce plenamente, uma vez que, ao romper com o realismo de
Aristóteles, pendem para o lado do nominalismo. Peirce, como vimos, defende uma
teoria realista dos universais, por conseguinte, não pode descartar o contínuo, ou seja,
necessita de algo que explique a realidade dos universais. Em outros termos, os
universais não se esgotam na particularidade dos eventos, mas evoluem, assumindo
novos graus de generalidade a cada variação, ou investida do acaso. Assim, Peirce
procura uma mediação que fundamente a realidade dos universais. Para ele, o hábito
satisfaz essa condição (BORTOLOTTI, 2002). Com efeito, procura explicar a
determinação da ordem, pois se o acaso prevalecesse, haveria a predominância do caos.
Com essa preocupação, atém-se às teorias de Lamarck (CP-6.300).
Segundo o autor, a teoria de Lamarck não descarta um propósito na evolução,
disntinguindo-a da evolução baseada no acaso. Nesse ponto, é simpática a Peirce, que
julga aquela teoria “essencialmente psíquica” (CP-6.299). Atentemo-nos às suas
palavras:

De modo que a transmissão de caracteres adquiridos é da natureza geral da aquisição


de hábitos, e isto é representado e derivado dentro do domínio fisiológico da lei da
mente. Sua ação é completamente dissimilar à da força física; e este é o segredo da
repugnância dos necessitaristas, como Weismann, em admitir sua existência. Os
Lamarkistas, além disso, supõem que, embora algumas das modificações da forma,
assim transmitidas, fossem originalmente devidas a causas mecânicas, o fator
principal de suas primeiras produções é a força da tentativa e o crescimento
superinduzido pelo exercício, juntos com ações opostas. Ora, a tentativa, desde que
seja dirigida para um fim, é essencialmente psíquica, ainda que seja algumas vezes
inconsciente; e o crescimento devido ao exercício, como argumentei em meu último
texto, segue uma lei cujo caráter é totalmente contrário àquele da mecânica. (CP-
6.299)

A lei do hábito é a responsável pela evolução, uma vez que a ação do hábito
pressupõe o exercício para a sua efetivação, além de não agir, quando estabelecida,
com absoluta rigidez. Esta última característica do hábito garante certa flexibilidade na
adequação do organismo ao meio. Ao agir sem rigidez, a lei do hábito tem mais
probabilidade de garantir a sobrevivência do organismo.
Em vários trabalhos, Peirce mostra-nos porque a evolução não pode ser
explicada pelas leis mecânicas (CP-6.13). Estas agem segundo certa rigidez, estando
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

ligadas ao instante presente e à reversibilidade da ação, como reza a lei da conservação


da energia (CP-6.37). Com elas, dificilmente conseguiríamos explicar
satisfatoriamente o crescimento, uma vez que este escapa do determinismo da
conservação de energia. Por outro lado, a lei do hábito pressupõe, como já dissemos,
certa flexibilidade, necessária para explicar de forma razoável o crescimento e a
evolução. Além da flexibilidade, a ação dessa lei é determinada por um fim que,
segundo a teoria de Lamarck, é a garantia da sobreviência do indivíduo.
A suposição de fins caracteriza a ação do hábito como sendo essencialmente
psíquica. Por outro lado, a ação das leis mecânicas coaduna-se com a mente em seu
estado mais estável, a que chamamos de matéria (CP-6.301), quando, então, os hábitos
são fixos, com probabilidade de mudança próxima a zero. Visar aos fins, pois,
pressupõe uma inteligência, a qual tenta se adaptar às condições de mudança do meio.
Para Peirce, onde há movimento ou mudança prevalece a atividade mental (CP-
6.301). A completa fixidez da ação de um organismo condena-o à morte e a torna
distante daquilo que pode ser comparado a uma mente:

Onde há movimento, onde a história está se fazendo, existe o foco de atividade


mental; e, além disso, tem-se dito que as artes e as ciências residem dentro do templo
de Jano, despertando quando é aberto, mas adormecendo quando é fechado. (CP-
6.301)

Ora, como a intenção de Peirce é explicar a ordem no universo, sob o ponto de


vista realista, a matéria existente é resultado da evolução, uma especialização da
mente3. A completa imobilidade somente é comparada à morte da mente, ao
determinismo rigoroso de leis imutáveis.
A simpatia de Peirce pelas teorias de Lamarck, no entanto, não ultrapassa a
pressuposição de fins, contrária às teorias que mantêm o determinismo mecânico das
leis. O propósito de Lamarck consiste em explicar a adaptação dos indivíduos ao meio,
apresentando-se, aos olhos de Peirce, muito acanhado em vista da universalidade que
procurava na noção de hábito. Ora, esta última está de acordo com a ideia de uma a
mente universal, criadora das leis do universo. Por isso, é necessário supor um

Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

propósito que ultrapasse a lei da sobrevivência (MURPHEY, 1961: 350). Veremos que
Peirce substitui o exercício continuado e a necessidade do meio pelo amor criativo
(CP-6.302), o qual, na verdade, integrará os outros modos evolutivos, no que Peirce
denomina de Agapaticismo4, a sua teoria do amor evolucionário (BORTOLOTTI,
2002).
Antes, porém, de adentrarmos na teoria evolucionária do amor, algumas
palavras em relação à teoria do catastrofismo, de Clarence King.

Uma terceira teoria da evolução é a de Clarence King. O testemunho de monumentos


e de rochas mostra que espécies não são modificadas, ou são raramente modificadas
em circunstâncias normais, mas são rapidamente alteradas após cataclismas ou
rápidas mudanças geológicas. Sob novas circunstâncias é comum observamos
animais e plantas excessivamente modificados na reprodução, e algumas vezes
sofrendo transformações durante a vida individual; fenômeno que, sem dúvida, é
devido a alguns fatores parciais, como o enfraquecimento da vitalidade, do
rompimento de modos de vida habituais, à mudança de alimentação e à influência
específica de elementos nos quais o organismo está imerso. Se a evolução foi
provocada desse modo, não apenas seus passos singulares não foram insensíveis,
como os Darwinianos e os Lamarckianos supõem, como também não são obras do
acaso ou da determinação de esforço interno; pelo contrário, são os efeitos da
alteração do ambiente, os quais possuem uma tendência geral positiva para
adaptarem o organismo, uma vez que a variação afeta, particularmente, órgãos
debilitados e estimulados. Este modo de evolução, por força externa e rompimento
de hábitos, parece ser definido por alguns como sendo um dos fatos mais
importantes da biologia e da paleontologia; enquanto certamente tem sido o principal
fator na evolução histórica das instituições como na das ideias, ocupando um lugar
proeminente no processo de evolução do universo em geral. (CP-6.17)

Com essa teoria, de quebra do hábito, Peirce apresenta a evolução através da


aquisição de hábitos por intermédio do esforço, com Lamarck, que não considerava a
mudança, estritamente falando, mas apenas a sua aquisição (POTTER, 1997: 184).
Veremos que, com essas três teorias, o autor logra explicar a existência de leis no
universo e sua tendência para a ordem em níveis mais avançados de generalidade. Um
dos aspectos importantes da concepção de Peirce, é a da perspectiva estética do
cosmos, cuja necessidade de explicação integra suas teorias sobre a evolução e, para

3
“... o mundo real é o mundo da mente, e os objetos reais são simplesmente partes da mente, a qual tem assumida
uma forma particular.” (MURPHEY, 1961: 348).
4
CP-6.302: “Três modos de evolução têm sido colocados a nós: evolução por variação fortuita, evolução por
necessidade mecânica e evolução por amor criativo. Nós podemos denominá-los evolução ticástica, ticasma,
evolução anancástica, ou anancasma, e evolução agapástica, ou agapasma. As doutrinas que as representam
podem ser denominadas de ticasticismo, anancasticismo e agapasticismo. Por outro lado, as simples proposições,
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

sua compreensão, a Cosmologia, na qual Peirce aborda a origem do cosmos a partir do


desenvolvimento da lógica, ou seja, da ideia. Não exploraremos, na íntegra, a sua
cosmologia, mas sua concepção de amor criativo, isto é, da afinidade entre ideias,
tendência que originou os grandes sistemas de relações permanentes, a nossa visão do
universo atual. Assim, em suas palavras:

O desenvolvimento agapástico do pensamento consiste na adoção de certas


tendências mentais, não completamente negligentes, como o tiquismo, nem
inteiramente cegas, pela mera força das circunstâncias ou da lógica, como no
ananquismo, mas por uma atração imediata da própria ideia, cuja natureza é divina
antes da mente possuí-la, pelo poder da simpatia, isto é, em virtude da continuidade
da mente (...) (CP-6.307).

O tiquismo refere-se à evolução por variações fortuitas, o ananquismo, à


necessidade cega, e o agapatismo, ao vínculo entre ideias, ou a forças que se associam
conforme certa afetividade. Como veremos, no próximo tópico, o autor, ao rejeitar o
nominalismo, defende a realidade dos universais, tomando como ponto central de seu
pensamento, o hábito, uma noção que envolve plasticidade e flexibilidade. Tal noção,
com tudo que implica, aplica-se à sua concepção de continuidade, descartando o
dualismo mente/matéria. Nesse sentido, o hábito é uma noção mediadora e que não se
esgota na causação mecânica, ou seja, na sua atualização nos eventos particulares.

A filosofia evolucionária e a resposta à existência de ordem no universo

O agapismo, ou a evolução criadora, parte da ideia de que tudo é mente5,


necessária em vista da negação do realismo aristotélico pelo darwinismo, pois este
comprometeria a realidade dos universais. Com a pressuposição de que tudo é mente,
incluindo a matéria, a qual não passaria de hábitos cristalizados (CP-6.264)6, Peirce

nas quais o acaso absoluto, a necessidade mecânica e a lei do amor são operativas no cosmos, podem receber o
nome de tiquismo, ananquismo e agapismo.”
5
“(...) Comecei mostrando que tiquismo deve dar à luz uma cosmologia evolucionária, na qual todas as
regularidades da natureza e da mente são consideradas como produtos de crescimento, e para um idealismo à
maneira de Schelling, que mantém ser a matéria meramente especializada e, em parte, mente em seu estado
inerte.” (CP-6.102 e 158; e, também, os CP-6.268).
6
Em “The Law of Mind” (CP-6.102-163), texto de 1892, Peirce não considera a matéria totalmente determinada
pelas leis físicas, mas aberta à diversificação. Vejamos um trecho: “O que chamamos de matéria não é (alguma
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

restabelece a universalidade de nossas concepções e a universalidade da realidade. Em


outros termos, predomina a ideia de contínuo, renegando a separação em dois reinos
estanques, como a mente e a matéria (CP-6.25)7. A partir disso, os hábitos são sistemas
de relações entre ideias, as quais, por afinidade, tendem a se juntarem, criando
vínculos. Entretanto, diante da variação fortuita, vimos que o hábito pode ser rompido,
devido à seleção e às mudanças bruscas no ambiente. O estabelecimento de sistemas de
hábitos mais resistentes revela novos hábitos, os quais configuram um novo processo
de equilíbrio, ou determinismo, que é explicado pelo ananquismo: reações regulares
tendem a se manter.
O agapismo, o terceiro modo de evolução, deve, na concepção de Peirce,
agregar o tiquismo e ananquismo, o acaso e a necessidade (CP-6.312). Com essa
integração evita-se o modo nominalista de pensar. Ora, Peirce deseja explicar o
crescimento, a origem das leis, o que envolve uma filosofia contrária ao mecanicismo,
que grassa à sua época. O crescimento da ordem no universo não se coaduna com o
mecanicismo restrito, mas com a aceitação de processos irreversíveis. Para isso, num
universo que aparenta ordem, ou unidade na multiplicidade, a variedade convive com a
uniformidade, tendo gerado, como bem observa Peirce na exposição de sua
cosmologia, um universo a partir do caos. Em suma: são reações que se mantêm,
segundo sua lógica do contínuo, conforme a simpatia entre ideias, a qual abraça seus
contrários, como afirma o autor: “assim como o amor não pode ter um contrário,
abrangendo o que mais se lhe opõe, como um caso degenerado de si mesmo”. E
conclui, “de modo que ticasma é uma espécie de agapasma.” (CP-6.304).
A lei da mente, na qual predomina a ideia de contínuo, consiste na tendência a
generalizar e a formar associações (CP-6.21), as quais, na verdade, são hábitos (CP-
6.612). O determinismo absoluto destruiria essa lei, baseda na flexibilidade e na
irreversibilidade: é a espontaneidade de sua atividade que a torna própria da vida
(POTTER, 1977: 134), e que fundamenta um pensamento evolucionista. Essa
flexibilidade explica o surgimento de leis no universo. Em CP-6.204, o autor esclarece

coisa) completamente morta, mas é meramente mente que se esconde atrás dos hábitos. Ela ainda retém o
elemento de diversificação, e nisto há vida.” (CP-6.158).
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

a sua noção de hábito, juntamente com a de continuidade8, e que fazem parte do que
ele classifica como sinequismo:

Este hábito é uma tendência generalizante, e como tal, uma generalização, e como tal
um geral, e como tal um continuum ou continuidade. Deve ter sua origem na
continuidade originária, que é potencialidade inerente. Continuidade, como
generalidade, é potencialidade inerente, que é essencialmente geral. (CP-6.204).

O sinequismo não deixa sem explicação a origem da ordem no universo e o seu


crescimento. Explica, pois, a diversificação na generalidade e vice-versa. Em outros
termos: “a diversidade é resultado da tendência geral para a diversificação” (CP-
6.613). Defender a visão de um universo estático e mecânico não explica a infinita
diversidade, e, na perspectiva de Peirce, estaria bloqueando o caminho da investigação
(POTTER, 1977: 169), contrariando seus primeitos escritos sobre cognição (1868-71),
em que vai de encontro às propostas cartesianas e ao apriorismo kantiano, dentre outras
teorias taxadas como nominalistas. Para o autor, suas explicações deixam a desejar,
criando mais obstáculos para a compreensão do que facilidades.
A filosofia de Peirce considera, portanto, as três teorias comentadas, e que
defendem o acaso, a necessidade e o crescimento através do hábito. Tais teorias
fundamentam o realismo de Peirce, com a sua noção de contínuo, a qual confere a
evolução às formas, vistas da perspectiva tanto ontológica quanto epistemológica. Em
outros termos, o autor procura explicar a variedade sem dispensar a ordem e seu
crescimento, que originou o cosmos.
Mas, a defesa do evolucionismo, de Peirce, como observamos, não se detém
apenas nas teorias de Darwin, Lamarck ou na do catastrofismo, acrescentando, para a
compreensão plena, a ideia de agapismo, do amor criativo (CP-6.302). Essa suposição,
no entanto, não deve conduzir o incauto leitor ao campo religioso, pois é de extração
inteiramente filosófica (POTTER, 1977: 183). Para isso, Peirce preocupou-se em
elaborar uma metafísica e em explicar a origem do cosmos a partir de princípios
inteligíveis, ou conforme uma sequência lógica (POTTER, 1977: 192). Em outros

7
“Uma teoria inteligível do universo é a do idealismo objetivo, aquela em que a matéria é mente, em seu estado
mais baixo, hábitos inveterados que se tornaram leis físicas.”
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

termos, para a compreensão de um universo em evolução, é necessário partir-se da


suposição de um começo, no qual predominava a total ausência de lei. Como diz
Peirce, nesta passagem:

A condição inicial, antes da existência do universo, nem mesmo um puro estado


abstrato de ser. Pelo contrário, devia haver um nada absoluto, não um vazio, pois,
mesmo o vazio seria alguma coisa.
Se procedermos de um modo lógico e científico, devemos, a fim de considerar para
todo o universo, supor uma condição inicial na qual o universo não existia, e,
portanto, um estado de absoluto nada. (CP-6.215)

Ora, com estas considerações, Peirce passa a expor a origem do universo e das
leis, enfatizando o papel mediador do hábito. Isso, conforme observamos, a partir das
leis da mente, sob as quais a continuidade é entendida em termos ontológicos e
epistemológicos, ou seja, o universo pode ser conhecido por apresentar-se inteligível, a
partir da pressuposição do contínuo, tanto a níveis cognitivos, da percepção sígnica,
quanto no nível da realidade dos universais. Apreendemos o universal, que pode não se
coadunar com o real, conduzindo-nos a novas teorias, porém, o que interessa é que o
conhecimento é possível, estando rejeitado o incognoscível. O falibilismo de nossas
concepções justifica, por outro lado, a evolução em termos de conhecimento do
mundo, e evidencia, mais uma vez, o fim do dualismo e da hegemonia de concepções
mecanicistas, para dar lugar a uma filosofia de cunho evolucionista e realista.

Considerações finais

Peirce, pesquisador conectado ao avanço da ciência e das ideias de seu tempo,


tornou possível uma filosofia realista evolucionária, explicando a existência de um
universo determinado por leis, mas que guarda, em si, o germe do crescimento, da
generalização. Tanto no nível da ontologia quanto da epistemologia, o contínuo na
base do hábito, justifica nossas suposições em relação ao real. É, pois, o hábito, como
vimos, o elemento mediador, fator que perfaz a atividade cognitiva e o real. Assim,
tendo em vista a noção de hábito, de sua característica plástica, Peirce procurou

8
Ibri (1992: 66) define o que Peirce entende por contínuo: “(...) continuum é alguma coisa infinitamente divisível
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

entender as leis, fundamentando-se nas teorias de Darwin, Lamarck, Clarence King, e


no que ele chamou de amor criativo, a fim de explicar a afinidade entre ideias. Além
disso, não estaria completa a explicação do autor, se ele não mostrasse que, no mundo
real, a lei que opera é a lei da mente, com suas regras de associação reduzidas à
unidade do hábito, enquanto elemento flutuante, possibilitando a visão criativa do
universo. Por outro lado, a falibidade de nossas concepções garante o crescimento do
conhecimento perante um cosmos que, inteligível, representa a expansão da razão,
enquanto síntese de contrários, ou, se quiser, da diversidade que o perfaz. Tal
concepção somente se tornou possível a partir das interpretações de Peirce acerca das
teorias da evolução e de sua busca de um pensamento realista, o qual assume a
realidade dos universais.

Referâncias Bibliográficas

BORTOLOTTI, R. G. O Realismo de Charles S. Peirce. (1855-1844). São Paulo,


1994. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em
Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
_________________.Signos da Perfeição: a função do hábito no pensamento de
Charles S. Peirce e sua fundamentação escolástica. São Paulo, 2002. Tese
(Doutoramento em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo.
FEIBLEMAN, J. K. An Introduction to the Philosophy of Charles S. Peirce.
Cambridge, MA: M.I.T. Press, 1970.
IBRI, I. A. Kósmos Noêtós. A arquitetura metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo:
Perspectiva e Hólon, 1992.
MURPHEY, M. G. The Development of Peirce’s Philosophy. Cambridge, MA:
Harvard University Press, 1961.
PEIRCE, C. S. Collected Papers of Charles S. Peirce. Editado por Hartshorne, C.;
Weiss, P. Cambridge: Harvard University Press, 1974, v. 6.

cujas partes têm um limite comum.”


Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9
Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

POTTER, V. G. Charles S. Peirce: On Norms and Ideals. New York: Fordham


University Press, 1997.
SKAGESTAD, P. C. S. Peirce on Biological Evolution and Scientific Progress. In:
FREEMAN, E. (ed.). The Relevance of Charles Peirce. La Salle: The Hegeler Institute,
1983, pp. 348-372.
SKAGESTAD, P. The Road of Inquiry: Charles Peirce’s Pragmatic Realism. New
York: Columbia University Press, 1981.

Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

Você também pode gostar