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PRÁTICA DE ENSINO:

ESTRATÉGIAS E TECNOLOGIAS
#CURRÍCULO LATTES#

Professor Jhonatan Phelipe Peixoto

● Especialista em Atendimento Educacional Especializado: Educação Especial e


Inclusiva – Universidade Cesumar (UniCesumar).
● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e
Inovação – Universidade Cesumar (UniCesumar).
● Especialista em Docência na Educação Superior – Centro Universitário
Metropolitano de Maringá (Unifamma).
● Graduação em Pedagogia – Centro Universitário Metropolitano de Maringá
(Unifamma).
● Formação Complementar em Neurodidática – Universidade Cesumar
(UniCesumar).
● Formação Complementar em Introdução de Libras - Universidade Cesumar
(UniCesumar).
● Formação Complementar em As competências do Pedagogo - Universidade
Cesumar (UniCesumar).
● Formação Complementar em Afetividade no Ambiente Escolar e Familiar -
Universidade Cesumar (Unicesumar).
● Formação Complementar em Adolescência e suas Características Psicossociais.
● Professor Mediador no Ensino Superior na modalidade EAD.

Acesse o meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9252033019618489


APRESENTAÇÃO DA APOSTILA

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à mais uma etapa do curso de Licenciatura


em História, com a disciplina de Prática de Ensino: Estratégias e Tecnologias.
Ao longo das quatro unidades serão debatidos assuntos pertinentes a esse
assunto. Você poderá compreender, na Unidade I, sobre o que é a tecnologia e como
elas estão associadas à Educação. Além disso, será possível compreender como se dá
o Ensino na Sociedade da Informação, bem como a atuação docente frente ao uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas salas de aula.
Dando sequência, na Unidade II será possível analisar a conceituação de grandes
informações pertinentes ao assunto estudado nesta disciplina, como: Educação a
Distância e Ensino a Distância, Educação Híbrida e Ensino Híbrido, Ensino Remoto
Emergencial e a Educação no século XXI.
Já na Unidade III será possível compreender um pouco mais acerca das
Humanidades Digitais e formação em Cultura Digital, trazendo à tona assuntos
referentes ao Tecnopólio, à Cibercultura, à Virtualização e como se dão as Humanidades
Digitais no contexto educacional.
Por fim, na Unidade IV você terá uma maior compreensão sobre o educar na era
digital e como se dá a formação do professor historiador frente ao uso das TICs,
analisando os diferentes tipos de Métodos de Ensino on-line, a educação onlife, nativos
e nômades digitais, bem como a prática pedagógica do historiador e o uso das
tecnologias digitais.
É importante ressaltar, caro(a) aluno(a), que os conteúdos aqui apresentados, nas
quatro unidades dessa apostila, são direcionamentos para as possibilidades de pensar
e refletir sobre os assuntos abordados. Sendo assim, é necessário que você aprofunde
seus estudos por meio das indicações de filmes, livros e leituras complementares.

Desejo bons estudos e uma excelente disciplina!


UNIDADE I
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Professor Jhonatan Phelipe Peixoto

Plano de Estudo:
• Afinal, o que é tecnologia?
• As tecnologias e Educação
• O ensino na sociedade da informação
• A ação docente e o uso das tecnologias

Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender o que é a tecnologia
• Analisar como acontece a interligação entre tecnologia e Educação
• Identificar como ocorre o ensino na sociedade da informação
• Compreender como ocorre a ação docente por meio do uso das novas tecnologias
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à Unidade I, intitulada “Educação e


Tecnologia”, da disciplina de Prática de Ensino: Estratégias e Tecnologias do curso
de Licenciatura em História.
No primeiro momento iremos entender o que é a Tecnologia, de forma que você
compreenda sobre as mais diferentes contextualizações sobre tal assunto desde o início
dos tempos até os dias atuais. Além disso, será possível analisar como a evolução do
conhecimento aconteceu por meio das revoluções tecnológicas e com o aporte da
ciência, de forma que seja possível compreender a diferença entre esses dois campos:
tecnologia e ciência.
No segundo momento será possível analisar como se dá a interligação entre
tecnologia e Educação, a fim de que você possa identificar como ocorreu/ocorre o
desenvolvimento da ciência associado ao desenvolvimento da tecnologia, vez que os
aspectos tecnológicos podem ser entendidos como uma forma de aplicar o conhecimento
científico. Será possível, também, compreender a diferença entre TIC, TIDIC e NTIC e
como passam a ser incorporadas e utilizadas no contexto educacional.
Já no terceiro momento será possível identificar como se dá o ensino na
sociedade da informação, verificando como o processo de aprendizagem e tecnologia
pode ser analisado no contexto de tal sociedade, levando em consideração o papel dos
docentes como a peça-chave para a relação entre teoria e prática.
Por fim, no quarto e último momento, você poderá compreender como ocorre a
ação docente por meio do uso das novas tecnologias, ou seja, como se dá a prática do
professor frente aos novos recursos tecnológicos e como deve acontecer a formação
inicial e continuada.
1 AFINAL, O QUE É A TECNOLOGIA?

Caro(a) acadêmico(a), para dar início a nossa discussão sobre Prática de Ensino:
Estratégias e Tecnologia, é necessário que você tenha em mente qual é a definição sobre
tal assunto. Portanto, o que é tecnologia?
Na concepção de Kenski (2015), a discussão acerca das tecnologias é algo tão
antigo quanto a origem da espécie humana, pois não está relacionada somente a objetos
e técnicas digitais recentes; e, por conta da engenhosidade humana, foram surgindo as
mais variadas técnicas e recursos de tecnologia. Isso se dá, pois, o uso do raciocínio
lógico pelo ser humano garante um processo de muitas inovações, dando origem aos
mais variados instrumentos, ferramentas, recursos e produtos que envolvem a tecnologia
e criação desses recursos.

Desde o início dos tempos, o domínio de certas informações, distinguem


os seres humanos. Tecnologia é poder. Na Idade da Pedra, os homens –
que eram frágeis fisicamente diante dos outros animais e das
manifestações da natureza – conseguiram garantir a sobrevivência da
espécie e sua supremacia, pela engenhosidade e astúcia com que
dominavam o uso de elementos da natureza. A água, o fogo, um pedaço
de pau ou osso de um animal eram utilizados para matar, dominar, ou
afugentar os animais e outros homens que não tinham os mesmos
conhecimentos e habilidades (KENSKI, 2015, p. 15).

Logo, podemos observar que as tecnologias são discutidas há muito tempo e


estão relacionadas a tudo que é pensado e desenvolvido para melhoria da condição e
necessidade dos homens, e não está relacionada somente ao uso de internet,
smartphones, computadores e outros recursos tecnológicos atuais.
Com a evolução do conhecimento, novas tecnologias passaram a ser criadas, não
somente para a defesa, mas para o ataque e dominação. “[...] um momento
revolucionário deve ter ocorrido quando alguns grupos primitivos deixaram de lado os
machados de madeira e pedra e passaram a utilizar lanças e setas de metal para
guerrear” (KENSKI, 2015, p. 16). Assim, com o uso de inovações tecnológicas cada vez
mais atualizadas, os homens procuravam ampliar os domínios e seus bens materiais.
De acordo com Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 18), “Para analisar o que é
tecnologia, precisamos pensar nas ações que realizamos hoje, as quais não eram
possíveis há 50 ou 100 anos, como falar com uma pessoa do outro lado do mundo em
tempo real, por exemplo”. Os autores enfatizam que a principal conceituação de
tecnologia está relacionada a um produto da ciência que se relaciona a diversos
métodos, recursos e técnicas, tendo como principal ideia a resolução de problemas
relacionados às mais diversas áreas da informação.

O termo vem do grego tekhne, que significa “técnica”, “arte” ou “ofício”. O


filósofo italiano Umberto Galimberti (2006, p. 76), ao traçar um paralelo
da concepção de alma do filósofo Nietzsche, ressalta que, em razão de
sua incompletude, o homem se vê obrigado a construir “um conjunto de
artifícios (ou técnicas) capazes de suprir a insuficiência de códigos
naturais”, fazendo o pensamento técnico surgir como compensação. [...]
conclui que a “técnica é, pois, a condição da existência humana”
(WUNSCH; FERNANDES JUNIOR, 2018, p. 19 - 20).

Com isso, é possível compreender que o conceito de tecnologia está associado


aquilo que é pertinente a condição humana, sendo essa uma ciência da técnica que
investiga a materialização da realidade do indivíduo no que se relaciona aos
instrumentos e máquinas (WUNSCH; FERNANDES JUNIOR, 2018).
Para compreender a tecnologia, temos duas vertentes a seguir em relação ao
significado, sendo essas a de possibilidade e a de recurso. A de possibilidade está
relacionada à tecnologia como um instrumento para resolver problemas, ou seja, um
recurso que visa o apoio capaz de solucionar problemas, mesmo com as inúmeras
dificuldades de análise dessas consequências (WUNSCH; FERNANDES JUNIOR,
2018). Para tanto, é necessário compreender a diferença entre tecnologia e ciência, pois
muitas pessoas levam a uma certa confusão.

Figura 1 - Diferença entre Ciência e Tecnologia

Fonte: Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 21).

Partindo agora para uma discussão mais recente sobre a definição de tecnologia,
Veraszto et al. (2009, p. 22) enfatizam que não é possível apresentarmos uma definição
exata, pois ao longo da história da sociedade, o conceito deste termo é interpretado de
inúmeras maneiras, de acordo com cada contexto social. Os autores afirmam que “[...]
em diferentes momentos da história da tecnologia vem registrada junto com a história
das técnicas, com a história do trabalho e da produção do ser humano”.

Hoje em dia a produção tecnológica é inerente e própria ao homem. Este


converteu-se em uma criatura pensante em virtude de sua capacidade de
construir e, por sua vez, o produto fez do homem um ser pensante. Em
efeito, no último milhão de ano, o gênero humano introduziu significativas
modificações nos instrumentos, produtos da evolução da mão e do
aperfeiçoamento do cérebro. O indivíduo converteu-se em uma criatura
biológica e culturalmente mais refinada, e devido a isso, os produtos de
seu talento foram tornando-se cada vez mais funcionais e ganhando em
qualidade, do qual temos evidências contundentes que permitem
reafirmar a capacidade tecnológica dos homens e mulheres pré-
históricos (VERASZTO et al., 2009, p. 25-26).

De acordo com a concepção intelectualista, a tecnologia pode ser compreendida


como um conhecimento prático do desenvolvimento de um conhecimento teórico e
científico por meio de recursos derivados da ciência e do conhecimento teórico, tendo o
entendimento de tecnologia como algo hierárquico. É entendida como uma subordinada
das ciências e dos conhecimentos científicos (VERASZTO et al., 2009).
Já na concepção utilitarista, a tecnologia é considerada como um sinônimo da
técnica, “ou seja, o processo envolvido em sua elaboração em nada se relaciona com a
tecnologia, apenas a sua finalidade e utilização são pontos levados em consideração”
(VERASZTO et al., 2009, p. 28).
Na concepção da tecnologia como sinônimo de ciência, ela é compreendida como
ciência natural e matemática, enquanto, na concepção instrumentalista, é uma ideia mais
relacionada ao nosso cotidiano atual, pois entende que a máquina é a peça chave e mais
importante como forma de opinião da sociedade, entendendo a tecnologia como apenas
recursos elaborados para diversas utilidades (VERASZTO et al., 2009).

Nesse sentido, a tecnologia se distingue da ciência também nos seus


modos de avaliação. O valor da pesquisa e da atividade tecnológica é o
da utilidade e eficácia dos inventos e da eficiência no processo de
produção. Portanto, não é também uma simples invenção. Enquanto um
inventor trabalha no mundo de suas ideias como um artista, o profissional
da tecnologia trabalha geralmente em equipe com objetivos
determinados (VERASZTO et al., 2009, p. 36).

A tecnologia abrange todo um contexto relacionado ao seu aspecto cultural, pois


aborda metas, valores e códigos éticos, sendo assim, um fator de organização nos mais
diferentes setores da sociedade. A tecnologia não deve ser entendida como algo
manipulável e de fácil compra ou venda, mas sim como algo que se adquire pela
educação e pela pesquisa tecnológica (VERASZTO et al., 2009).

SAIBA MAIS
Como alunos e faculdades se adaptaram ao ensino a distância: estudantes e
universidades relatam suas experiências depois de um ano assistindo as aulas a
distância devido à pandemia

Em março de 2021, completamos um ano em casa, o que impôs novos desafios à


sociedade como um todo. É, também, o caso das instituições de ensino superior que
encararam o mesmo dilema do ano passado para cá: como manter as atividades
acadêmicas durante a pandemia? A solução, é claro, estava nas aulas remotas, com
auxílio da internet. Mesmo assim, este não foi um trabalho simples de ser realizado.

Da sala de aula física à sala de aula virtual

Para muitos universitários, a transição da “sala de aula física” para a “sala de aula virtual”
teve início ainda no primeiro mês de pandemia, em março de 2020. Caroline Belo, que
concluiu a graduação em jornalismo na Universidade Veiga de Almeida no fim do ano
passado, conta que, inicialmente, a instituição deu quinze dias para os alunos ficarem
em casa. Mas, após perceberem que o retorno demoraria mais, as aulas online
começaram.
Nesta universidade do Rio de Janeiro, as aulas foram realizadas com auxílio de uma
plataforma para EaD (educação a distância) que já fazia parte da realidade da instituição.
A jornalista conta que os professores também utilizaram outros recursos, como a
ferramenta de videoconferência do Microsoft Teams e o Google Drive.
Ainda assim, nem todos começaram no mesmo momento. Inês Lopa, que estuda direito
na Unirio (Universidade Federal do Rio de Janeiro), conta que suas aulas só tiveram
início em outubro de 2020. Nesta instituição, as atividades foram realizadas através das
plataformas Google Classroom e Google Meet.
Também é importante lembrar que esta não é uma realidade de todos. Conforme aponta
um relatório da UNICEF apresentado em agosto, 463 milhões de crianças em todo
mundo não conseguiram acessar o ensino a distância durante o fechamento das escolas.
Além disso, segundo a TIC Domicílios 2019, 28% dos lares brasileiros não possuem
acesso à internet, especialmente nas zonas rurais.
[...]

Oriento que você faça a leitura completa do texto em:


DE BLASI, Bruno Gall. Como alunos e faculdades se adaptaram ao ensino a distância. Tenoblog, 2021.
Disponível em: https://tecnoblog.net/430313/como-alunos-e-faculdades-se-adaptaram-ao-ensino-a-
distancia/. Acesso em: 14 abr. 2021.

#SAIBA MAIS#

1.1 As Tecnologias e a Educação

Caro(a) aluno(a), agora que você já sabe o que é tecnologia, como ela se
desenvolveu e como é compreendida desde o passado até os dias atuais, é importante
que seja analisado como acontece a relação entre Tecnologia e Educação. Tal
importância se dá, pois, afinal, você está cursando uma licenciatura e sua principal
atuação será a docência, ou seja, o campo da Educação.
Brito e Purificação (2015) enfatizam que o desenvolvimento da ciência está
associado ao desenvolvimento da tecnologia, vez que os aspectos tecnológicos podem
ser entendidos como uma forma de aplicar o conhecimento científico, como foi visto no
tópico anterior. Com isso, podemos compreender que o homem, por meio de suas
invenções, criou a ciência, a tecnologia e apresentou mudanças assertivas em relação à
sociedade e a natureza.
Porém, é válido ressaltar que, os diferentes contextos e grupos sociais que são
evoluídos de acordo com o passar dos anos vão criando novas formas de transmitir os
“[...] conhecimentos, valores, regras, normas e procedimentos, com o intuito de garantir
o convívio entre homens e difundir a cultura de cada sociedade, o que ocorre por meio
da educação” (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2015, p. 22).

Quando nos referimos à educação, queremos expressar nosso


entendimento de que ninguém escapa a ela, uma vez que está
entrelaçada à vida cotidiana – na rua, na igreja ou na escola -, no ato de
aprender, de ensinar, de aprender e ensinar, de saber, de fazer ou
conviver. Todos os dias misturamos a vida e a educação (BRITO;
PURIFICAÇÃO, 2015, p. 22).

A educação, em conjunto com a tecnologia, é entendida como uma maneira de


proporcionar aos indivíduos uma construção de seu conhecimento de forma atualizada,
para que, assim, as pessoas estejam preparadas para criar recursos tecnológicos, saber
utilizá-los e desenvolvê-los a fim de sempre compreender a importância de sua ligação
e constantes mudanças.
Para darmos continuidade no entendimento da relação entre tecnologias e
educação, é necessário que você, caro(a) aluno(a), compreenda a descrição de algumas
siglas relacionadas às práticas educacionais com tecnologias.
Figura 2 - Definição de TIC

Fonte: Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 60).

Figura 3 - Definição de TDIC

Fonte: Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 60).


Figura 4 - Definição de NTIC

Fonte: Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 60).

É válido ressaltar que o uso desses três termos é correto, pois depende de sua
aplicação no discurso, uma vez que uma enfatiza a descrição do uso dos recursos
eletrônicos como fonte de comunicação e busca de informação. Outra é empregada para
descrever todos os recursos digitais utilizados, enquanto a última está relacionada aos
recursos eletrônicos, digitais ou não.

As novas tecnologias de comunicação (TIC’s), sobretudo a televisão e o


computador, movimentaram a educação e provocaram novas mediações
entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo
veiculado. A imagem, o som e o movimento oferecem informações mais
realistas em relação ao que está sendo ensinado. Quando bem utilizadas,
provocam a alteração dos comportamentos de professores e alunos,
levando-os ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do
conteúdo estudado. [...] Encaradas como recursos didáticos, elas ainda
estão muito longe de serem usadas em todas as suas possibilidades para
uma melhor educação (KENSKI, 2015, p. 45).

Logo, por meio dessa colocação, podemos perceber que a escola utiliza a
tecnologia, mas apenas como um recurso de ajuda para determinados momentos,
deixando de lado a busca de sua verdadeira maneira de auxílio em sala de aula, pois por
mais que as instituições escolares utilizem computadores e internet, ainda são muito
restritos e ligados apenas a determinadas disciplinas ou currículos escolares.
A utilização de mídias digitais como uma estratégia didática no cenário
educacional está cada vez maior, pois é notório que, nas últimas décadas, as escolas
estão recebendo cada vez mais alunos envolvidos com os mais diversos contextos
tecnológicos, trazendo, assim, o uso dessa estratégia como uma forma de oportunizar
uma resposta para as diferenças individuais e as mais variadas maneiras de
aprendizagem.
Com isso, é notório perceber que o ambiente que menos utiliza as tecnologias de
forma mais assertiva e objetiva seriam as escolas, principalmente pelos professores e
demais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, visto que ainda existem
muitas questões a serem debatidas, como, por exemplo, a maneira correta como as
tecnologias devem ser utilizadas em sala de aula e quais os recursos tecnológicos
viáveis a serem utilizados (BITTENCOURT; ALBINO, 2017).
Sabendo que a educação é o pilar fundamental para o processo de
desenvolvimento dos discentes, é necessário levar em consideração o que já vem sendo
debatido por envolvidos na educação ao longo dos anos, percebendo, assim, que

neste contexto a educação enfrenta desafios, seja de reflexão no ensino-


aprendizagem e na capacitação dos educadores, que são pessoas que
se esforçam para se adaptar ao uso das novas tecnologias [...], e estão
acostumados com outra didática e outras formas de ensino-
aprendizagem (BITTENCOURT; ALBINO, 2017, p. 210).

Além de que
Não há dúvida de que as novas tecnologias de comunicação e
informação trouxeram mudanças consideráveis e positivas para a
educação. [...] Para que as TIC’s possam trazer alterações no processo
educativo, no entanto, elas precisam ser compreendidas e incorporadas
pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitar as
especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que
o seu uso, realmente, faça a diferença. Não basta usar a televisão ou o
computador, é preciso saber usar de forma pedagogicamente correta a
tecnologia escolhida (KENSKI, 2015, p. 46).

Quando se fala em tecnologias educacionais, precisamos levar em consideração


que todos os recursos tecnológicos são viáveis, desde que ocorra uma ligação com o
contexto educacional e social em que a escola está inserida, que seja levado em
consideração cada etapa do processo de ensino e aprendizagem dos alunos que fazem
acesso a tais recursos e que o professor os utilize em sua ação pedagógica.
Em suma, com base no exposto, você, caro(a) aluno(a), poderá compreender que
as tecnologias e inovação estão presentes cada vez mais na Educação. Porém, é
necessário repensar o seu uso no contexto educacional, vez que não é simplesmente
inserir um computador ou uma rede de internet na instituição escolar que o uso
tecnológico já acontecerá de forma assertiva.
É preciso analisar e avaliar, também, se o meio em que a escola está inserida
possui acesso à rede de internet e computadores em suas casas. Por exemplo, se a
equipe pedagógica e docente está preparada metodologicamente para a inserção de
recursos tecnológicos, ou seja, deve acontecer uma análise pedagógica para
identificação de possíveis metodologias a serem utilizadas em sala de aula.

SAIBA MAIS

Tecnologia na Educação: integração inevitável?

A tecnologia tem evoluído de forma tão acelerada e exponencial que, atualmente,


vivemos numa sociedade baseada no conceito IoT – Internet of Things, com grande
influência na indústria, levando, até, ao que muitos defendem como a nova revolução
industrial. Nesta nova sociedade onde tudo está ligado, onde a informação e os dados
podem ser facilmente partilhados, agora é possível adicionar novas potencialidades e
funcionalidades, desde o mais simples aparelho do nosso quotidiano até às grandes
linhas de produção industrial.
[…]
A escola não pode ignorar esta evolução e a integração da tecnologia na
educação é indispensável para que os nossos alunos, que se encontram em processo
de educação e formação, conheçam e dominem as diferentes abordagens e
potencialidades que a tecnologia vem proporcionando à vida económica, social e cultural,
constituindo-se, além disso, numa mais-valia para a aquisição de conhecimentos e
competências importantes — que os qualificam e lhes permitirão enfrentar com
vantagem, ao longo da vida, os desafios de uma sociedade que acelera na era digital
como nunca.
[…]
A tecnologia tem de ser integrada na educação como um meio, para que as
escolas disponham de mais ferramentas para explorar novas metodologias inovadoras.
Com acesso a novos conteúdos e plataformas, as escolas podem aprofundar a
diferenciação pedagógica e proporcionar ao aluno um percurso de aprendizagem ao seu
ritmo e com maior autonomia. Através do acesso a recursos educativos digitais que
facilitam o acesso à informação e ao conhecimento de uma forma universal, podem
assegurar a inclusão de cada aluno, respondendo, de forma mais eficaz, ao contexto ou
necessidades especiais de cada um. A integração da tecnologia terá também de valorizar
a formação, o trabalho cooperativo e a partilha de práticas pedagógicas no
desenvolvimento profissional dos professores e de outros técnicos.
[...]
Caro (a) aluno (a), oriento que você faça a leitura da reportagem na íntegra, acessando:
GASPAR, Luis. Tecnologia na Educação: integração inevitável? Observador, Lisboa,
2021. Disponível em: https://observador.pt/opiniao/tecnologia-na-educacao-integracao-
inevitavel/.

#SAIBA MAIS#

1.2 O Ensino na Sociedade da Informação

Caro(a) aluno(a), agora que você já compreende como se dá o processo entre as


tecnologias e a Educação, e como tal recurso pode ser visto e entendido nos mais
variados contextos sociais e educacionais, é importante que façamos uma explanação
sobre o ensino na sociedade da informação. Vamos lá?
Moran, Masetto e Behrens (2015) nos afirmam que o processo de aprendizagem
e tecnologia pode ser analisado por meio de quatro pontos, são eles: o conceito de
aprender, o papel do aluno, o papel do professor e o uso da tecnologia, em que

O conceito de aprender está ligado diretamente a um sujeito (que é


aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele próprio, outros colegas e
o professor, busca e adquire informações, dá significado ao
conhecimento, produz reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa,
dialoga, debate, desenvolve competências pessoais e profissionais,
atitudes éticas, políticas, muda comportamentos, transfere
aprendizagens, [...] desenvolve sua criticidade, a capacidade de
considerar e olhar para os fatos e fenômenos de diversos ângulos,
compara posições e teorias, resolve problemas. Numa palavra, o
aprendiz cresce e desenvolve-se (MORAN; MASETTO; BEHRENS,
2015, p. 142).

Já em relação aos docentes, os autores enfatizam que passam a ter a


oportunidade de abordar o seu verdadeiro ofício que é o de mediador do conhecimento
no processo de ensino e aprendizagem de seus alunos, sendo ele um facilitador e
incentivador desse processo pelo qual seus discentes passam. Vemos aí, então, que o
professor nada mais é do que a peça-chave para a interligação entre a teoria, ou seja,
os conteúdos apresentados, com o momento de apreensão pelos alunos durante o
processo de aprendizagem.
O professor assume, com isso, novas atitudes em relação ao aprendizado de seus
alunos, mesmo que, por muitas vezes, ele ainda seja visto como aquele profissional que
desempenha “o papel de especialista que possui conhecimentos e/ou experiências a
comunicar, o mais das vezes ele vai atuar como orientador das atividades do aluno, [...]
facilitador, [...] trabalhando em equipe com o aluno buscando os mesmos objetivos [...]”,
ou seja, ele vai desenvolver um papel de mediador pedagógico (MORAN; MASETTO;
BEHRENS, 2015, p. 142).
Já em relação às tecnologias, trabalhar com elas no contexto escolar, criando
aulas mais atrativas e motivadoras, não significa inserir a tecnologia em sala e privilegiar
apenas ela. “[...] não significa simplesmente substituir o quadro negro e o giz por algumas
transparências, por vezes tecnicamente mal elaboradas [...]”, é necessário repensar todo
o processo pedagógico, desde o projeto político pedagógico da escola para verificar
como os recursos tecnológicos podem ser abordados nas instituições de ensino
(MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2015, p. 143).
Mas, pensando agora na proposta deste tópico, que é abordar sobre o ensino da
sociedade da informação, afinal, o que é uma Sociedade da Informação? Coutinho e
Lisbôa (2011, p. 6) enfatizam que

A ideia subjacente ao conceito de SI é o de uma sociedade inserida num


processo de mudança constante, fruto dos avanços na ciência e na
tecnologia. Tal como a imprensa revolucionou a forma de aprendermos,
através da disseminação da leitura e da escrita nos materiais impressos,
o despertar das tecnologias da informação e da comunicação tornou
possíveis novas formas de acesso e distribuição do conhecimento. [...]
Uma nova realidade que exige dos indivíduos competências e habilidades
para lidar com a informatização do saber [...].

Logo, podemos compreender, caro(a) aluno(a), que a Sociedade da Informação


nada mais é do que a inserção da sociedade num processo de modernização por conta
das atualizações na área da ciência e da tecnologia, vez que o acesso, cada vez mais
facilitado, evidencia um novo olhar sobre as tecnologias da informação e comunicação
como uma maneira de transmitir o conhecimento de forma mais rápida e assertiva.
Na Sociedade da Informação, a comunicação e a informação possuem um papel
de mediar as atividades e as tomadas de decisão nos mais variados contextos da
sociedade, como, por exemplo, a política, a cultura, a ciência e tecnologia e a educação,
logo, por conta disso, a sociedade passa a operar em redes. Em suma, se desenvolve
por meio da operacionalização de informações e conteúdos sob a demanda da
conectividade tecnológica (MIRANDA, 2000).
Já em relação ao ensino, é necessário compreender que, por conta da sociedade
da informação, surgiram novos desafios em relação ao processo de ensino e
aprendizagem, vez que a maneira em que a construção do conhecimento é vista se
alterou, e, com isso, o próprio saber passou a ser entendido como algo instável e
necessitado de atualizações (CRUZ, 2008).
A forma tradicional de conhecimento presente nas escolas centrava-se
na figura do professor, sendo este tratado como “dono do saber”. Hoje,
percebemos mudanças nesse cenário. Na era da informação, o espaço
de saber docente foi dando lugar ao de mediador e problematizador do
aprender: ele passou a ser visto como aquele que desafia os alunos,
mostrando-lhes, entre várias possibilidades de aprendizagem, caminhos
que poderão ser percorridos (CRUZ, 2008, p. 1).

Logo, por meio disso, podemos compreender que o papel da escola e do professor
não é simplesmente apresentar coisas e informações, mas sim apresentar uma forma de
evidenciar e mediar o conhecimento. Com isso, a escola que apenas transmite e propaga
o uso da memorização, passa a dar lugar para uma instituição escolar que aborda o
conhecimento e a descoberta das coisas utilizando das mais diversas formas de
informações já apresentadas na sociedade, dando, assim, maior foco da educação
escolar.
A evolução das tecnologias da informação apresentou uma nova maneira de
transformação da educação escolar, em que a utilização da tecnologia passou a ser
muito evidente em boa parte das escolas públicas que utilizam o ensino tradicional.
“Numa sociedade em que produtores e consumidores do media interagem, onde os
jovens frequentemente dão mais importância aos meios de divulgação [...] será
indispensável que a escola aprenda interiorizar uma ‘cultura de convergência’ [...]”
(RUIVO; MESQUITA, 2013, p. 11).

Então, professor e aluno terão de aprender a lidar com as novas


tecnologias e também com os métodos tradicionais para adquirir as
informações necessárias para a sua formação profissional e pessoal.
Como se percebe, o desafio não é simples, requer que professores e
alunos se preparem para trabalhar com um universo tecnológico no qual
eles ainda estão iniciando (CRUZ, 2008, p. 1).

Isso se dá, pois, se analisarmos na íntegra, estamos inseridos em uma sociedade


em que a educação tradicional passou a ter como aliada a internet e, com isso, ambas
passaram a ser aliadas no processo educativo. Por isso é importante ressaltar que o
ensino na sociedade da informação pode ser entendido como uma complementação do
ensino que já conhecemos com as novas tecnologias que surgem cada vez mais, de
forma que toda a sociedade, inclusive no âmbito educacional, precisa estar sempre
atualizada perante essas atualizações.
Dessa forma, ensinar ou aprender na era da informação se torna uma mudança
de padrões de ensino já existentes, de forma que as tecnologias sejam utilizadas de
forma consciente e que auxilie o processo educacional, buscando sempre a
transformação das novas informações recebidas em conhecimentos, pois a interligação
desses contextos permite “[...] aperfeiçoar o pensamento reflexivo como instrumento de
emancipação humana” (CRUZ, 2008, p. 1).

Podemos dizer que, na sociedade da informação, aprende quem


descobre mais e mais profundos padrões. A aprendizagem está,
principalmente, na habilidade de estabelecer conexões, revê-las e refazê-
las. Com isso, a aprendizagem deixa de ser algo passivo para tornar-se
uma obra de reconstrução permanente, dinâmica entre sujeitos que se
influenciam mutuamente. É fundamental saber ler a realidade com
acuidade, para nela saber intervir com autonomia. Em síntese,
compreende-se que a aprendizagem na era das novas tecnologias da
informação exige uma política de produção de si e do mundo (CRUZ,
2008, p. 1).

Além disso, é importante frisar que a educação e o uso das novas tecnologias da
informação e comunicação no contexto escolar deve ser compreendido como uma união
de recursos e metodologias em busca de habilidades e competências para o êxito
profissional e social do aluno e não somente como um meio fácil de utilizar em todos os
processos de aprendizagem (RUIVO; MESQUITA, 2013).
REFLITA

Caro(a) aluno(a), vimos que a tecnologia está cada vez mais presente na
Educação e nos mais variados contextos sociais, porém é necessário repensar na
realidade que cada estado, cada cidade e cada escola estão inseridas, para, somente
assim, identificar quais são os benefícios da inserção das novas tecnologias no contexto
escolar.
Portanto, ao se pensar em utilizar esses recursos, aliados às metodologias de
ensino, a principal ação e mais importante é analisar o Projeto Político Pedagógico das
escolas e verificar quais são suas necessidades e potencialidades, de forma que sejam
identificadas as melhores maneiras de utilizar essas ferramentas.

Fonte: o autor (2021).

#REFLITA#

1.3 A Ação Docente e o Uso das Tecnologias


Caro(a) aluno(a), chegamos ao último tópico de discussão em nossa Unidade I.
Agora que você já conhece o que é tecnologia, qual é sua relação com a educação
e como acontece o ensino na sociedade da informação, é necessário que compreenda
como acontece a ação docente e o uso dos recursos tecnológicos.
Wunsch e Fernandes Junior (2018) relatam que ao se pensar sobre a prática
docente, aliada às novas tecnologias, é válido enfatizar que em muitas vezes está
relacionada a competências docentes em duas vertentes: a primeira de uma visão
técnica, que visa apenas uma educação tradicional, e a segunda visando o processo de
ensino e aprendizagem como coletivo, ou seja, envolvendo todos que fazem parte do
contexto educacional.
Masetto (2015, p. 779) reforça que "desde as últimas décadas do século passado,
nossa sociedade vem sofrendo profundas transformações provocadas principalmente
pela revolução das tecnologias da informação e da comunicação (TICs)”. Por conta
disso, a educação foi afetada em uma construção, socialização e valorização do
conhecimento e do processo de aprendizagem e a formação docente, vez que precisam
estar preparados para tal ação. Além disso, o autor enfatiza que o acesso às informações
se encontra cada vez mais fácil e à disposição das pessoas, apenas com um clique,
porém nenhum docente pode querer dominar os mais variados conhecimentos de forma
geral de sua área do saber e transmitir aos seus alunos de forma organizada, resumida
e sistematizada. Mas, afinal, qual é então a competência de um professor? Veja a seguir
algumas definições.
Figura 5 - Definições das competências docentes

Fonte: Wunsch e Fernandes Junior (2018, p. 129).

No período desde o final do século passado, o termo competência


docente ganhou visibilidade. Além de fazer referência a uma concepção
larga do currículo na globalidade formativa desse profissional, ficou
comprovado que, além das habilidades tecnicistas de conteúdo, a
atividade docente pode ser definida como algo complexo, multifacetado
e carregado de valor, necessitando de uma aprendizagem ao longa da
vida. Somente assim é possível perceber o seu papel como protagonista
em relação às tendências de mudança da atual ordem social (WUNSCH;
FERNANDES JUNIOR, 2018, p. 129).

Logo, compreender que o uso das tecnologias no contexto escolar se torna um


desafio, podendo, assim, perceber que o professor da atualidade não pode ser
caracterizado apenas como um profissional que apenas aplica conhecimentos já
produzidos, mas que seja um profissional que assuma sua prática pedagógica a partir
de sua atuação docente. Além disso, é necessário que seja capaz de estruturar e orientar
sua prática, selecionando conteúdos e aprimorando suas competências, para, assim,
criar oportunidades de expansão do conhecimento, e isso não se diferencia em relação
ao uso dos recursos tecnológicos, vez que o docente precisará repensar sua prática e
analisar como e quais métodos utilizar (CUNHA, 2009).

A natureza múltipla do conhecimento e dos seus processos, exigem do


professor que saiba, sobretudo, dominar e compreender as novas
linguagens e experiências, bem como saber articulá-las com uma outra
competência, baseada no processo de mediação e diálogo com os
alunos. Processo em que o professor deve ter um papel essencial, para
que a partir de sua intermediação todos possam informar, comunicar,
discutir, participar, criar, estimular o acesso a novas linguagens, como
forma de ampliar o grau de compreensão e as vivências dos sujeitos
(CUNHA, 2009, p. 1053).

Compreendemos que o professor deve ser capaz de desenvolver novas


habilidades profissionais para compreender a realidade social em que está inserido, e
ter como prática profissional a formação de cidadãos que sejam capazes de serem
autores de seus próprios caminhos. Com isso, o professor não pode ficar apenas no
conhecimento inicial e teórico construído por meio de sua experiência profissional, mas
buscar um conhecimento que o capacite para mediar as informações e saber adequá-
las ao contexto educacional que está inserido (CUNHA, 2009).
Diante disso, percebemos que fazendo uso das novas tecnologias, sendo estas
algo novo para os docentes e discentes, o professor deve atuar como mediador do
processo de ensino e do conhecimento, levando seus alunos a compreenderem a
realidade dos conteúdos ensinados, aliados ao uso das tecnologias em sala de aula,
uma vez que têm cada vez mais facilidade para o acesso à tecnologia, levando o
professor a não ficar somente apoiado aos conhecimentos exclusivamente acadêmicos
e teóricos.

A utilização das tecnologias no contexto educacional, oferecem


condições efetivas para aplicação metodológica construtiva para os
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Pois, ao lidar com
equipamentos tecnológicos, programas ou aplicativos, tanto os
profissionais quanto os estudantes estarão envoltos em processos de
inovação na maneira de ensinar e de aprender. As práticas educativas
com uso da TIC, agregam novas possibilidades de adentrar em um
campo do conhecimento estimulante que se utiliza de interatividade,
multimidialidade, entre outras características, reconhecimento às
habilidades dos discentes, pois atualmente, as novas tecnologias são os
principais passatempos deles [...] (RODRIGUES; CASTRO, 2020, p. 3).

Por conta disso, caro(a) aluno(a), é possível compreendermos que as tecnologias


aliadas à educação permitem uma reestruturação, modificação e adaptação dos mais
variados contextos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem. A utilização das
TIC como recursos metodológicos pode ser feita de diversas formas, levando o docente
a apresentar de maneiras diferentes e inovadoras as informações pertinentes às suas
aulas e disciplinas ministradas.
Porém, como mencionado anteriormente, é necessário repensar todo o contexto
social em que a escola está inserida para verificar as possibilidades de utilização dos
recursos tecnológicos em seu currículo programático. Com isso, os desafios da
educação referente a esse assunto estão no fato de precisar compreender e suprir as
necessidades das instituições escolares, tanto em questão de equipamentos, como de
formação adequada dos profissionais para que saibam utilizar de forma correta e
assertiva esses recursos, de forma que contribuam para suas aulas e aperfeiçoamento
de suas práticas pedagógicas (RODRIGUES; CASTRO, 2020).
Pensando em um viés social, a educação, assim como as demais esferas da
sociedade, está sendo pressionada pela mudança, pela atualização e pela inovação, vez
que o contexto histórico em que estamos inseridos nos emerge em uma contínua
utilização de novas tecnologias, pois cada vez mais surgem novos recursos tecnológicos
aplicáveis nos diversos setores da sociedade, dentre eles a Educação.
Outro fator muito importante a ser levado em consideração sobre a ação docente
e o uso das tecnologias é sobre a formação dos professores para atuarem como
mediadores do conhecimento neste contexto e, por conta disso, inserir as novas
tecnologias no processo educacional se torna um grande desafio para muitos
professores, vez que tal assunto deve ser objeto de pesquisa nos cursos de formação
docente e demais profissionais das instituições escolares.

Atualmente, diante das tecnologias apresentadas aos alunos, o professor


tem a função de mediador dessa maneira de ensino, dando suporte
indispensável ao uso apropriado e responsável dos insumos
tecnológicos. Para que isto aconteça, o professor precisa buscar
formação e atualização além de sua especialidade, percebendo nas
tecnologias o aporte para atuar em suas práticas pedagógicas no
cotidiano escolar (RODRIGUES; CASTRO, 2020, p. 6).

É notável que as novas tecnologias no ensino oferecem novas perspectivas


decisivas em relação à educação, mas além disso, é necessário levar em consideração
que temos diversos problemas ainda sobre a inserção deste recurso nas escolas, como,
por exemplo, a falta de estrutura ou acesso à internet. Destarte a isso, é um desafio ao
professor modificar sua maneira de lecionar por meio de uma nova metodologia de
ensino, e é por conta desse desafio que o docente deve manter sua formação acadêmica
de forma continuada, sempre buscando aprimoramentos e especializações voltadas às
inovações tecnológicas que são apresentadas no contexto social e educacional.
Pode-se dizer que utilizar as tecnologias no contexto escolar passa a ser
entendido como uma forma de interagir e contextualizar os conteúdos programáticos das
instituições escolares, de forma que reconheça as relações e conexões existentes entre
um conteúdo e outro, criando, assim, a produção do conhecimento por meio dos recursos
tecnológicos.

Essas possibilidades nos remetem a questões relacionadas à formação


de professores para o uso das tecnologias digitais, de modo a contribuir
nos processos de produção do conhecimento e no desenvolvimento
intelectual e cultural dos alunos. Entendemos que o movimento da
formação inicial voltado para o uso das tecnologias digitais deve ter
prosseguimento com a formação continuada, uma vez que as tecnologias
estão em constante avanço. Deste modo, investir na formação inicial e
continuada do professor, representa fortalecimento para a educação,
permitindo ao professor maior autonomia no uso das tecnologias digitais,
implementando, dessa forma, suas práticas pedagógicas (FRIZON et al.,
2015, p. 10193).

É notório que o avanço tecnológico tem causado inúmeras mudanças na


sociedade e, por isso, a escola também precisa ser repensada para atender todas as
demandas relacionadas às inovações para que o processo de aprendizagem seja efetivo.
Esse repensar sobre a escola parte inicialmente pela reavaliação do professor e sua
formação inicial, em que os cursos de licenciaturas precisam rever suas matrizes a fim
de preparar os futuros docentes para o uso assertivo nos novos recursos tecnológicos,
para que possa contribuir com o desenvolvimento das habilidades e competências de
todos os discentes (FRIZON et al., 2015).
“Diante das exigências decorrentes da presença das tecnologias digitais no
contexto educacional faz-se necessário repensar o fazer pedagógico [...]” de forma que
possa se atentar para todas as necessidades e demandas educacionais apresentadas
por seus alunos (FRIZON et al., 2015, p. 10194). Por isso essa ação é entendida como
política de formação inicial e continuada, promovendo o avanço no conhecimento do
professor e do aluno.

A capacidade de utilizar pedagogicamente as tecnologias digitais


pressupõe que a formação de professores sinalize perspectivas para as
novas formas de se relacionar com o conhecimento, com os outros
indivíduos e com o mundo. A formação continuada de professores, deste
modo, deve ser vista como a possibilidade de ir além dos cursos de cunho
técnico e operacional, mas que assegure que o professor reflita acerca
do uso das tecnologias digitais na e para a democratização da educação
(FRIZON et al., 2015, p. 10196).

Dessa forma, podemos dizer que a formação de docentes na perspectiva do uso


de novas tecnologias e novos recursos tecnológicos se torna muito discutida e tende a
modificar o modelo tradicional de ensino que, por muitas vezes, é discutido pelas
políticas públicas de formação de professores. Por conta disso, formar professores
inseridos no contexto de tecnologias educacionais exige que haja condições para que
busque a construção de seus conhecimentos sobre os novos recursos, entende o porquê
e como utilizar tais recursos em sua prática pedagógica, bem como ser capaz de romper
as metodologias antigas impostas pela sociedade.

REFLITA

Caro(a) aluno(a), baseado no que foi explanado neste tópico de discussão e nas
leituras complementares, na sua opinião, todos os professores estão preparados para
utilizar as novas tecnologias em suas práticas pedagógicas?

Fonte: o autor (2021).


#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa primeira unidade de discussão


sobre a disciplina de Prática de ensino: Estratégias e Tecnologias.
Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você compreendesse
sobre o que é, afinal, a tecnologia e como ela vem sendo modificada desde os primórdios
das sociedades. Identificamos que a discussão sobre as tecnologias é algo muito antigo
e que não estão relacionadas somente a objetos e recursos tecnológicos recentes, mas
sim desde a aceleração da engenhosidade humana, que deu origem aos mais variados
e diferentes instrumentos e ferramentas. Com isso, é possível compreender que o
conceito de tecnologia está associado àquilo que é pertinente à condição humana, sendo
essa uma ciência da técnica que investiga a materialização da realidade do indivíduo no
que se relaciona aos instrumentos e máquinas.
Já no segundo tópico discutido, você pôde verificar sobre como ocorre o processo
de ensino e aprendizagem relacionado à associação entre Educação e tecnologia, sendo
possível identificar que o uso dos recursos tecnológicos, como metodologias e
estratégias de ensino, pode ser entendido como uma forma de apresentar aos alunos
uma construção do seu conhecimento de modo atualizado, de forma que os indivíduos
sejam preparados para criar e saber utilizar tais recursos de forma clara e assertiva.
Neste mesmo tópico foi possível identificar as diferenças entre TIC, TIDIC e NTIC,
compreendendo que o uso dessas três classificações está correto, pois depende de sua
aplicação no discurso, vez que uma enfatiza a descrição do uso de dos recursos
eletrônicos como fonte de comunicação e busca de informação, a outra é empregada
para descrever todos os recursos digitais utilizados, enquanto a última está relacionada
aos recursos eletrônicos, digitais ou não.
No terceiro tópico de discussão, caro(a) aluno(a), foi o momento de
compreendermos como ocorre o ensino na Sociedade da Informação, sociedade
entendida como aquela onde ocorre a inserção da sociedade num processo de
modernização por conta das atualizações na área da ciência e da tecnologia, vez que
cada vez mais temos o acesso facilitado a todos os novos recursos digitais. Nessa
discussão você pode verificar que trabalhar com a tecnologia na Educação não significa
apenas apresentar recursos tecnológicos para se ter aulas mais atrativas, mas sim
repensar todo o processo que envolve as instituições escolares, desde o Projeto Político
Pedagógico, a fim de verificar como esses recursos podem contribuir e serem utilizados
nas escolas. Diante disso, é importante compreender que devido a sociedade da
informação foram surgindo novos desafios relacionados ao processo de ensino e
aprendizagem, pois o saber passou a ser visto como algo instável que está sendo
atualizado, levando à escola e ao professor uma tarefa que não se resume somente em
apresentar informações aleatórias de forma tradicional e apenas expositiva, mas sim se
utilizarem de novas maneiras de mediar o conhecimento.
Por fim, no último tópico de nossa primeira unidade, verificamos como ocorre a
atuação docente mediante as novas tecnologias e como o uso delas interfere no contexto
escolar. Como isso, foi possível analisar que o uso de recursos tecnológicos se torna um
desafio, pois o professor da atualidade não pode ser entendido como um profissional que
somente impõe conhecimentos já prontos, mas um profissional que revê sua prática
pedagógica e assume uma postura inovadora, atualizando, assim, sua prática docente e
criando oportunidades assertivas de mediação do conhecimento.
Outro fator muito importante que foi discutido em nosso último tópico foi sobre a
formação dos professores para atuarem como mediadores do conhecimento mediante
aos novos recursos tecnológicos, em que o docente precisa buscar uma formação que
não seja somente inicial, mas sim continuada, sempre buscando especializações que lhe
auxiliem a ter uma melhor prática pedagógica.
Para ampliar mais o seu conhecimento acerca da Educação e Tecnologias não
deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro
e filme.
LEITURA COMPLEMENTAR

NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO: A EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO


E APRENDIZAGEM NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Renildo Franco da Silva. Mestre em Ciências da Educação – professor dos cursos de


Letras e Pedagogia da FVJ – Faculdade do Vale do Jaguaribe. E-mail:
francobellarte@hotmail.com
Emilce Sena Correa. Doutora em pela Universidad Carlos III de Madrid, Espanha.
(2004). Professora de pós-graduação Stricto Sensu na Universidade Americana
(Paraguai).

RESUMO: Este trabalho de investigação objetiva discutir a relação entre a educação e


as novas tecnologias no processo evolutivo do ensino e da aprendizagem nessa
sociedade contemporânea, abordando algumas questões desafiadoras apresentadas
para uma busca de reflexões em torno das constantes evoluções dessa sociedade,
especialmente no que diz respeito à agregação das ferramentas tecnológicas em sala
de aula. A partir disso, buscou-se incorporar diálogos voltados para a ação do educador
e dos gestores educacionais visando encontrar caminhos para a aplicabilidade das
diversas mídias dentro da escola. A tendência da educação contemporânea é firmar a
necessidade de que o educando deve vivenciar a aprendizagem de sala de aula de forma
mais dinâmica e significativa, por esse motivo, propõe-se nessa pesquisa analisar os
benefícios e malefícios da modernidade tecnológica apontando caminhos para uma
prática pedagógica que se pretende desconstruir-se para se reconstruir numa nova
perspectiva de ensino e aprendizagem.

[...]

1 INTRODUÇÃO
Mediante ao grande desenvolvimento tecnológico que vem sendo apresentado na
sociedade contemporânea, faz-se necessário discutir sobre os benefícios do uso das
ferramentas tecnológicas na construção do conhecimento. Para nortear essa
investigação partimos do seguinte questionamento geral: Como acontece a relação entre
a educação e as novas tecnologias no processo evolutivo do ensino e da aprendizagem
na sociedade contemporânea? Para respondê-lo, objetivamos compreender a relação
entre a educação e as novas tecnologias no processo evolutivo do ensino e da
aprendizagem nessa sociedade tão multifacetada. A partir do objetivo geral da pesquisa
construímos algumas questões geradoras dos objetivos específicos. Foram elas: Qual a
relação existente entre a educação e as novas tecnologias no ambiente escolar
contemporâneo? Qual a importância das novas tecnologias no processo de ensino e
aprendizagem? Qual o papel do professor antes do desenvolvimento tecnológico e o seu
papel após esse desenvolvimento? Quais são os desafios impostos pela sociedade
contemporânea diante da diversidade de conhecimentos no mundo globalizado? Os
objetivos específicos gerados pelas questões foram: estabelecer relação entre a
educação e as novas tecnologias no ambiente escolar contemporâneo; analisar a
importância das novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem na sociedade
contemporânea; comparar o papel exercido pelo professor antes do desenvolvimento
tecnológico e o papel do professor contemporâneo e apresentar os desafios impostos
pela sociedade contemporânea diante da diversidade de conhecimentos no mundo
globalizado. Após os questionamentos e objetivos delineados buscou-se uma imersão
nos trabalhos de alguns autores que também discutem temas voltados para as
tecnologias, motivação, educação contemporânea, o papel do professor etc. O
dinamismo das novas tecnologias nos impulsiona a entender a educação de forma
diferente. Leva-nos à reflexão de nossa prática e nos impulsiona a novos paradigmas
que reflitam essa necessidade humana de se completar, de desvendar, descobrir e se
refazer.
[....]

Oriento que você, caro(a) aluno(a), leia o texto na íntegra por meio da referência
apresentada:
SILVA, Renildo Franca da.; CORREA, Elenice Sena. Novas tecnologias e educação: a
evolução do processo de ensino e aprendizagem na sociedade contemporânea.
Educação e linguagem, São Paulo, n. 1, p. 23-35, jun. 2014.
LIVRO

•Título: Tempos digitais: ensinando e aprendendo com tecnologia.


• Autor: Hélio Lemes Costa Jr.
• Editora: Editora da Universidade Federal de Rondônia.
•Sinopse: Em um mundo em ebulição, nada permanece estável
por muito tempo. O livro traz à tona essa implacável realidade. Ele
retrata um professor que vê o mundo se transformando diante de
seus olhos. Toda a sólida maneira de se fazer as coisas e todo o controle sobre elas,
escorrendo por entre os dedos.

FILME/VÍDEO

• Título: Juventude Conectada


• Ano: 2016
• Sinopse: A Educação é um dos pilares da segunda
educação da Pesquisa Juventude Conectada. Descubra como a tecnologia dentro e fora
das salas de aula, promete inovas nas formas de aprendizagem e ajudar professores a
avaliarem seus alunos, conectando quem ensina a quem aprende
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CFX3qA7-3aY
REFERÊNCIAS

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século XXI. Revista Ibero-Americana de estudos em Educação, Araraquara, v. 12,
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BRITO, G. S.; PURIFICAÇÃO, I. da. Educação e novas tecnologias: um (re) pensar.


2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015.

COUTINHO, C.; LISBÔA, E. Sociedade da informação, do conhecimento e da


aprendizagem: desafios para a educação no século XXI. Revista de Educação, Braga,
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CRUZ, J. M. de O. Processo de ensino-aprendizagem na sociedade da informação.


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CUNHA, M. J. dos S. Formação de professores: um desafio para o século XXI. In:


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DE BLASI, B. G. Como alunos e faculdades se adaptaram ao ensino a distância. 2021.


Disponível em: https://tecnoblog.net/430313/como-alunos-e-faculdades-se-adaptaram-
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FRIZON, V. et al. A formação de professores e as tecnologias digitais. In: EDUCERE –


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WUNSCH, L. P.; FERNANDES JUNIOR, A. M. Tecnologias na educação: conceitos e


práticas. Curitiba: InterSaberes, 2018.
UNIDADE II
CONCEITUAÇÕES: EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, ENSINO HÍBRIDO, ENSINO A
DISTÂNCIA, ENSINO REMOTO
Professor Jhonatan Phelipe Peixoto

Plano de Estudo:
• Educação a Distância e Ensino a Distância
• Educação Híbrida e Ensino Híbrido
• Ensino Remoto Emergencial
• A Educação no século XXI

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e definir o que é Educação a Distância e Ensino a Distância
• Conceituar e definir o que Educação Híbrida e Ensino Híbrido
• Compreensão sobre o Ensino Remoto Emergencial
• Analisar a Educação do século XXI
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à Unidade II, intitulada “Conceituações:


Educação a Distância, Ensino Híbrido, Ensino a Distância, Ensino Remoto”, da disciplina
de Prática de Ensino: Estratégias e Tecnologias do curso de Licenciatura em História.
Nesta etapa, você irá compreender um pouco mais sobre algumas conceituações e
definições importantes que irão nortear seus estudos.
No primeiro momento iremos compreender a conceituação de Educação a
Distância e Ensino a Distância, a fim de que você possa compreender como essa
modalidade de ensino se integra à Educação e um pouco sobre sua história e a
legislação que a rege em relação ao processo de ensino e aprendizagem.
No segundo momento será possível analisar as informações acerca do Ensino
Híbrido e da Educação Híbrida, de forma a compreendermos como essa metodologia de
ensino está sendo aplicada nos dias atuais no que se relaciona ao uso das novas
tecnologias da informação e da comunicação na Educação.
Já no terceiro momento você terá acesso a informações acerca do Ensino Remoto
Emergencial, uma modalidade de ensino que veio à tona, principalmente, a partir no ano
de 2020, devido a pandemia da COVID-19, como uma alternativa de dar continuidade
aos estudos por conta das exigências de distanciamento e isolamento social.
Por fim, no quarto e último tópico de nossa unidade será abordada a Educação
no século XXI. Você poderá compreender um pouco mais como acontece a Educação
no século atual, mas conhecido como a era digital, e como as novas tecnologias da
informação e comunicação impactam o ensino.
1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO A DISTÂNCIA

Caro(a) acadêmico(a), para dar início em nossa unidade sobre as conceituações


de Educação e Ensino, iremos discutir neste tópico, primeiramente, sobre a Educação a
Distância e posteriormente sobre o Ensino a Distância. Mas, afinal, como surgiu a
Educação a distância (EAD)? Para se pensar nisso, é válido ressaltar que ela pode ser
explicada em três momentos: primeira, segunda e terceira geração.
A primeira geração está relacionada ao primeiro conceito de educação a distância
que foram os cursos por correspondência, ofertados por anúncios e jornais desde a
década de 1720. Porém a EAD surge especificamente em meados do século XIX, devido
ao desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação pelo ensino por
correspondência, vez que os materiais desses cursos eram impressos e enviados para
as casas das pessoas pelo correio. Por meio dessas iniciativas foram surgindo diversas
sociedades e institutos escolares, dando origem aos cursos técnicos de extensão
universitária (MATTAR; MIRANDA, 2007).
A segunda geração está relacionada às novas mídias e universidades abertas.
Nessa geração houve o acréscimo de novas mídias, como a televisão, o rádio e o
telefone, por exemplo. Por conta disso, deu-se origem às universidades abertas de
ensino a distância influenciadas pelo modelo de educação britânico, que se utilizava de
rádio e TV em centros de estudos para realização de experiências pedagógicas.
Por fim, a terceira geração está relacionada com a EAD on-line. Por meio desta
se introduziu o videotexto, o microcomputador e a tecnologia em geral, caracterizando-
se, assim, em educação a distância on-line. Por meio dessa geração passamos a ter
mais acesso a uma vasta integração dos recursos tecnológicos.

A terceira geração da evolução da EaD seria marcada pelo


desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação. Por
volta de 1995, com o desenvolvimento explosivo da Internet, ocorre um
ponto de ruptura na história da educação a distância. Surge então um
novo território para a educação, o espaço virtual da aprendizagem, digital
e baseado na rede (MATTAR; MIRANDA, 2007, p. 22).

Destarte a isso, sobre a Educação a distância (EAD), é importante ressaltar que


ela passou por diversas denominações em muitos países do mundo, sendo entendida
“[...] como estudo ou educação por correspondência (Reino Unido); estudo em casa e
estudo independente (Estados Unidos); estudos externos (Austrália); telensino ou ensino
a distância (Espanha); teleducação (Portugal)” (MATTAR; MIRANDA, 2007, p. 6).
Na concepção dos autores supracitados, a EAD é entendida como uma
modalidade de ensino em que os docentes e alunos estão em lugares separados, ou
seja, fora da sala de aula tradicional, a qual é pensada das mais variadas formas pelas
instituições escolares e que, para tal processo, se faz uso de diversas tecnologias da
informação e recursos tecnológicos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.

Em geral, a sigla EaD é aplicada a atividades de ensino e aprendizagem


que o aluno e o professor estão separados fisicamente, o que as
distinguem, por exemplo, do ensino presencial. Em EaD ocorre uma
separação geográfica e espacial entre o aluno e o professor, e mesmo
entre os próprios alunos, ou seja, eles não estão presentes no mesmo
lugar, como no caso do ensino tradicional. A EaD prescinde, portanto, da
presença física em um local para que ocorra a educação (MATTAR;
MIRANDA, 2007, p. 6).

Com isso, podemos compreender que a metodologia que fundamenta essa


proposta de ensino está pautada em defender que o aprendizado não deve ocorrer
apenas na sala de aula, de forma presencial, o que se torna muito evidente pensando na
sociedade da informação em que estamos inseridos. Logo, em alguns casos, a EAD é
mesclada com alguns encontros presenciais ou semipresenciais.
Percebemos aqui, caro(a) aluno(a), que a educação a distância passa a
possibilitar, a todos os envolvidos nos contextos educacionais, uma possibilidade de
manipulação do espaço e do tempo em favor da Educação, pelo fato de que o aluno
estuda onde quiser e puder. Com isso, ele se programa para estudar de acordo com o
seu tempo e disponibilidade, mas deixando claro que isso não minimiza a
responsabilidade que o acadêmico precisa ter com os seus estudos, vez que a sua
programação de estudos deve favorecer um momento de aprendizagem assertivo e
efetivo (MATTAR; MIRANDA, 2007).
Cortelazzo (2013, p. 93, grifo do autor) apresenta que, pelo Decreto nº 2.494/98,
a definição de Educação a Distância está relacionada à uma “forma de ensino que
possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos [...]
apresentados em diferentes suportes de informação [...] e veiculados pelos diversos
meios de comunicação”.
Pensando em um viés legal e legislativo, a Educação a distância é discutida no
Decreto n° 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta o artigo 80 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN):

[...] considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual


a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorram com a utilização de meios e tecnologias da
informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de
acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e
desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da
educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017, p.
1).

Neste mesmo decreto é enfatizado sobre algumas questões para oferta da EAD,
como: possibilidade da educação básica e superior ser ofertada nesta modalidade,
criação, organização e oferta de cursos a distância, desde que pensadas e vistas as
formas corretas sobre o desenvolvimento dessas ofertas, para que o processo de ensino
e aprendizagem, aliado com a tecnologias, seja assertivo.
Pensando agora na questão do ensino a distância, Fernandes, Henn e Kist (2020,
p. 4) relatam que “são necessárias apenas três letras – EAD – para abarcar vários
significados. Educação a distância, ensino a distância, educação aberta a distância, entre
outros [...]”. Logo, podemos verificar que o ensino a distância e a educação a distância
abarcam basicamente a mesma proposta de relacionar a educação em lugares
diferentes, de forma física, por meio dos recursos tecnológicos e de comunicação.

O ensino à distância acontece quando o educador e o educando estão


separados por uma distância física, e é usada tecnologia para fazer a
“ponte” entre os dois. [...] Este tipo de ensino permite, que os adultos
tenham, numa sociedade cada vez mais exigente em termos de
formação, novas oportunidades que lhes permitem frequentar um curso
especializado, de chegar a quem sente a sua formação prejudicada por
falta de tempo, pela distância, ou incapacidade física, ou ainda permitir
reciclar a formação de trabalhadores dentro do seu próprio emprego
(VIDAL, 2002, p. 19).

A autora supracitada complementa que o ensino à distância pode ser entendido


como “uma arte, metodologia ou processo que permite ensinar mediante diferentes
métodos, técnicas, estratégias e meios e em que entre o formador e o formando existe
uma separação física, temporal ou local” (VIDAL, 2002, p. 21).
Logo, com base nas informações apresentadas anteriormente, podemos entender
que a Educação a distância se refere à uma modalidade de ensino em que o processo
de aprendizagem ocorre diferente dos modelos tradicionais, tendo a mediação
pedagógica acontecendo em lugares diferentes ao mesmo tempo, professor em um local
e o aluno em outro, tudo isso aliado ao uso das tecnologias e recursos tecnológicos.

REFLITA

Ao longo deste tópico, caro(a) aluno(a), foi possível identificar que a Educação
pode ser promovida por meio da tecnologia e pela modalidade EAD. Com isso, como
você vê a importância do ensino a distância no Brasil?

Fonte: o autor.

#REFLITA#
2 EDUCAÇÃO HÍBRIDA E ENSINO HÍBRIDO

Caro(a) acadêmico(a), agora que você já conhece um pouco mais sobre a


educação a distância, suas definições e principais informações, é necessário que você
compreenda um pouco mais sobre uma forma de ensino que passou a ser muito mais
discutida a partir do ano de 2020: o Ensino Híbrido.
De acordo com Kraviski (2020), o ensino híbrido, também conhecido como
blended learning, é entendido como um modelo de ensino que se associa ao uso das
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TIDIC), com as atividades
realizadas pelos professores durante o processo de ensino e aprendizagem. Com isso,
entende-se que o ensino híbrido é uma metodologia de ensino que combina atividades
presenciais com atividades on-line, realizadas por meio de recursos tecnológicos.

Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A Educação sempre foi


misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades,
metodologias, públicos. Esse processo, agora, com a mobilidade e a
conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um
ecossistema mais aberto e criativo. Podemos ensinar e aprender de
inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços. Híbrido
é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo pode ser misturado,
combinado, e podemos, com os mesmos ingredientes, preparar diversos
“pratos”, com sabores muito diferentes (MORAN, 2015 apud KRAVISKI,
2020, p. 6 - 7).

Complementando isso, a autora supracitada ainda menciona que o ensino híbrido


deve ser compreendido muito mais do que apenas um ensino semipresencial, como é
mais conhecido nas instituições de ensino, ele deve ser entendido como uma
combinação das atividades com suas diferentes perspectivas, baseando-se em inserir o
acadêmico/aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem, sendo o professor
um mediador do conhecimento, e não simplesmente um transmissor do conhecimento
como prevê a educação pautada nos métodos tradicionais.

Figura 1 - O ensino híbrido

Fonte: Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015, p. 37).

Destarte a isso, Moran (2015) nos apresenta que a educação pode ser vista como
híbrida, pois acontece no contexto de uma sociedade imperfeita e contraditória em suas
políticas públicas e modelos de ensino, tendo muitas vezes as competências e
habilidades, valores e comportamentos não coerentes por parte de alguns gestores,
docentes e todos os envolvidos nos processos de escolarização.

O ensino é híbrido, também, porque não se reduz ao que planejamos


institucional e intencionalmente. Aprendemos por meio de processos
organizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos
quando estamos com um professor e aprendemos sozinho, com colegas,
com desconhecidos. Aprendemos de modo intencional e de modo
espontâneo, quando estudamos e também quando nos divertimos.
Aprendemos com o sucesso e com o fracasso [...] (MORAN, 2015, p. 42).

Logo, podemos entender que o ensino é híbrido, pois todos nós somos aprendizes
e professores produtores de informação e de conhecimento, onde passamos de apenas
consumidores para produtores de informação por meio dos mais variados recursos
tecnológicos, e todos podem aprender uns com os outros das mais diversas maneiras.
Bacich e Moran (2015) apresentam que discutir sobre educação híbrida deve partir
do pressuposto de que não temos uma única e correta maneira de aprender e ensinar,
visto que existem inúmeras metodologias de ensino e, em relação ao ensino híbrido, o
trabalho colaborativo está aliado ao uso de recursos tecnológicos e das tecnologias
digitais para propiciar momentos de aprendizagem que se expandam apenas na
realização nas salas de aulas tradicionais, pois aprender com os pares envolvidos no
processo educativo se torna ainda mais significativo quando existe um objetivo em
comum a ser buscado.

A educação híbrida precisa ser pensada no âmbito de modelos


curriculares que propõem mudanças, privilegiando a aprendizagem ativa
dos alunos – individualmente e em grupo, escolhendo-se
fundamentalmente dois caminhos: um mais suave, de mudanças
progressivas, e outro mais amplo, de mudanças profundas. No caminho
mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante (disciplinar),
mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas,
como o ensino híbrido, para a realização de projetos, jogos de cunho mais
interdisciplinar e, em especial, a aula invertida para iniciar com a primeira
aproximação a um tema ou atividade no ambiente virtual e realizar o
aprofundamento com a mediação do professor no ambiente presencial
(BACICH; MORAN, 2015, p. 47).
Falando um pouco mais sobre a conceituação de ensino híbrido, Bacich, Tanzi
Neto e Trevisani (2015) abordam em seus escritos que é possível encontrarmos diversas
definições para tal assunto, porém todas elas apresentam, de forma geral, a associação
do modelo de ensino presencial que ocorre dentro das salas de aulas comuns e o modelo
de ensino de forma on-line, o qual se utiliza de diversas tecnologias digitais para mediar
o ensino. Com isso, é possível afirmarmos que esses dois ambientes de ensino e
aprendizagem se tornam complementares na medida em que os alunos interagem com
os grupos utilizando as variadas tecnologias digitais, se intensifica a troca de
experiências e conhecimentos.

Figura 2 - Definição de ensino híbrido de acordo com o modelo de Clayton Christensen


Institute

Fonte: Bacich; Tanzi Neto; Trevisani (2015, p. 75).

Complementar à isso Kraviski (2020) nos informa que, na perspectiva do ensino


híbrido, os alunos realizam seus estudos em diferentes ambientes de ensino, executando
tarefas e estratégias mais ativas e atividades práticas, em que participa de forma ativa
na resolução de projetos e discussões acerca dos conteúdos estudados, de forma que
possa realizar pesquisas para fundamentar suas ações, juntamente com a mediação dos
docentes, que irá conduzir os discentes para um aprendizado ativo e autônomo aliado
ao uso dos mais variados recursos tecnológicos.
A aplicação do ensino híbrido teve início nas escolas de educação básica,
principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Essa abordagem
pode ser aplicada a todos os níveis de educação, podendo ser adaptada
a partir de diferentes modelos. No Brasil, o ensino superior foi o nível de
ensino que mais teve cursos adaptados a esse novo modelo, mas as
escolas de educação básica, morosamente, estão se integrando à
abordagem de ensino híbrido, adequando seu professorado, pais, alunos
e gestores, de acordo com a diligência e disseminação na educação do
país (KRAVISKI, 2020, p. 8).

A autora complementa que, no Brasil, a portaria nº 1428/18, regulamenta a oferta


de até 40% da carga horária total das matrizes curriculares dos cursos de Ensino
Superior presencial com a oferta do ensino a distância, e, por conta desta portaria as
possibilidades de aulas online e semipresencial se expandem nos currículos dos cursos
de graduação, o que conclui que o ensino híbrido está cada vez mais implementado nos
cursos superiores.

SAIBA MAIS

O Ensino Híbrido: emergência ou tendência?

No ano mais extraordinário de nossas vidas, começamos nas escolas na sala de


aula presencial, depois fomos empurrados para o ensino remoto possível e estamos no
processo de retorno testando diversos formatos de modelos híbridos. Constatamos que
muitas das atividades que imaginávamos que fossem viáveis só no presencial (como a
aprendizagem por projetos, em times, maker) puderam ser realizadas com bastante
qualidade, nos ambientes digitais síncronos e assíncronos, embora não por todos. A
separação entre espaços físicos presenciais e digitais diminuiu, se reconfigurou - como
em outras áreas da nossa vida - e há um crescente consenso de que construiremos, a
partir de agora, muitas propostas diferentes de ensinar e de aprender híbridas, mais
flexíveis, personalizadas e participativas, de acordo com a situação, necessidades e
possibilidades de cada aprendiz.
No Brasil, o híbrido começou nos anos 90 como semipresencial. No Ensino
Superior os cursos presenciais podiam incluir até vinte por cento de atividades a
distância. Em países de língua inglesa predominou o termo b-learning ou blended
learning, (aprendizagem bi modal ou misturada). No Brasil esse termo foi traduzido nos
últimos anos como Ensino Híbrido, dando ênfase ao papel do docente no desenho de
percursos personalizados com apoio das plataformas e aplicativos digitais. Legalmente
não existe no Brasil a modalidade híbrida, porque o MEC só reconhece, até o momento,
o ensino presencial e a educação a distância. O Ensino Híbrido se expande, na prática,
no Ensino Superior, a partir da permissão de 40% de atividades a distância em cursos
presenciais e de 20%, na Educação Básica.
O ensino híbrido, na sua concepção básica, combina e integra atividades didáticas
em sala de aula com atividades em espaços digitais visando oferecer as melhores
experiências de aprendizagem a cada estudante. No Ensino Híbrido o foco está mais na
ação pedagógica dos docentes (no planejamento, desenvolvimento e avaliação do
processo). O conceito de educação híbrida é mais abrangente ao envolver toda a
comunidade escolar no redesenho das melhores combinações possíveis na integração
de espaços, tempos, metodologias, tutoria para oferecer as melhores experiências de
aprendizagem a cada estudante de acordo com suas necessidades e possibilidades.
E quais são as perspectivas a partir de agora? Na Educação Básica predominará
a aprendizagem ativa em ambientes presenciais com integração - sempre que
necessário/possível - de plataformas, aplicativos e atividades digitais. Continuarão os
modelos mais conhecidos, como a aula invertida, rotação por estações e rotação
individual. Mas no Ensino Médio e nos anos finais do Fundamental testaremos modelos
mais personalizados e online, como os modelos flex (roteiros personalizados online com
o professor por perto), a la carte (fazer um, ou mais módulos online) ou virtual enriquecido
(parte presencial, parte online). A hibridização será progressiva, de acordo com a idade
e o avanço do estudante no currículo e as condições de acesso das escolas, docentes e
estudantes. Os modelos híbridos predominarão no Ensino Superior e na educação
continuada nos próximos anos.
[...]
Os modelos ativos híbridos fazem mais sentido quando são organizados com
políticas públicas sólidas, coerentes e com visão de longo prazo, (o que não vemos
atualmente). Eles fazem mais sentido quando estão planejados institucionalmente e de
forma sistêmica, como componentes importantes de reorganização do currículo por
competências e projetos, de forma flexível, com diversas combinações de acordo com
as necessidades do estudante (personalização), intenso trabalho ativo em equipes,
tutoria/mentoria (projeto de vida) com suporte de multiplataformas digitais integradas.
Apesar dos avanços, são muitos os desafios a enfrentar para termos uma educação
híbrida de qualidade para todos.

Fonte: Moran (2021).

#SAIBA MAIS#
3 ENSINO REMOTO EMERGENCIAL

Em 2020, devido a pandemia da COVID-19, que atingiu o mundo todo, tivemos


que nos resguardar em nossas casas e praticar o isolamento e distanciamento social.
Por conta disso, uma área que foi muito afetada devido a tal momento foi a Educação, e
o que se discutiu muito foi o ensino remoto emergencial, afinal, a Educação não pode
parar, concorda, aluno(a)?
No Brasil, essa discussão se deu precisamente a partir do mês de março de 2020,
quando escolas de Educação Básica e Ensino Superior tiveram que fechar suas portas
devido às influências da COVID-19. Com isso, foi necessário repensar o ensino e como
não deixar a Educação estacionada e sem continuidade para não afetar o andamento
dos estudos, bem como o processo de ensino e aprendizagem dos alunos em todos os
níveis de educação.
Pensando nisso, se deu como andamento a prática de atividades de ensino
remota como caráter de exceção, como no caso de pandemias, quando o acesso às
instituições de ensino não é possível. Devido a permanência da quarentena em todo o
país, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº 544, no dia 16 de junho de 2020, a
qual dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais,
enquanto durar a situação de pandemia do novo Coronavírus (COVID-19). Em seu artigo
1º é estabelecido que autoriza,

[...] em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em


cursos regularmente autorizados, por atividades letivas que utilizem
recursos educacionais digitais, tecnologias de informação e comunicação
ou outros meios convencionais, por instituição de educação superior
integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do Decreto
nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2020, p. 1).

No inciso 2º deste mesmo artigo é enfatizado que a definição dos componentes


escolares e curriculares que serão substituídos é de responsabilidade das instituições
escolares, bem como a disponibilização de recursos aos alunos para que eles possam
acompanhar as atividades letivas ofertadas e a realização de avaliações durante esse
período (BRASIL, 2020).
Diante do fato acontecido, tivemos que adotar inúmeras mudanças em todos os
setores da sociedade, devido às medidas de prevenção e distanciamento social por
conta da COVID-19, e com isso, um dos setores mais afetados foi o educacional, pois as
atividades pedagógicas presenciais foram suspensas e os responsáveis por esse
contexto deram como indicação para a continuidade dos estudos e dos semestres letivos
o uso das atividades remotas (RONDINI; PEDRO; DUARTE, 2020).

[...] o ensino remoto emergencial difere da modalidade de Educação a


Distância (EAD), pois a EAD conta com recursos e uma equipe
multiprofissional preparada para ofertar os conteúdos e atividades
pedagógicas, por meio de diferentes mídias em plataformas on-line. Em
contrapartida [...] o intuito do ensino remoto não é estruturar um
ecossistema educacional robusto, mas oferecer o acesso temporário aos
conteúdos curriculares que seriam desenvolvidos presencialmente.
Assim, em decorrência da pandemia, o ensino remoto emergencial
tornou-se a principal alternativa de instituições educacionais de todos os
níveis de ensino, caracterizando-se como uma mudança temporária em
circunstâncias de crise (RONDINI; PEDRO; DUARTE, 2020, p. 43).

Por conta da COVID-19, a escola passa a ser entendida como um dos espaços
mais propícios para o risco de transmissão, pois, por conta de sua multiplicidade e
heterogeneidade, cria vínculos entre as pessoas que são menos propensas aos sintomas
da doença. Nas escolas, crianças e adolescentes possuem o contato com diversos
grupos familiares devido sua socialização com os docentes, profissionais das escolas e
familiares de forma geral, e devido a isso, as políticas públicas mundiais de retorno às
atividades coletivas vêm deixando as escolas em último plano de retomada, conforme
informações e dados da ONU e UNESCO (ARRUDA, 2020).
Devido a essa não volta das escolas, o bloqueio do acesso a retomada de
atividades presenciais nas instituições escolares reconfigurou a sociedade e passou a
ser entendido mais do que apenas um problema educacional, vez que nas medidas
tomadas de tempos e movimentos foram modificados “famílias passaram a coadunarem
as responsabilidades do trabalho e da vida dos estudantes em tempos ampliados e em
contexto ora da necessidade da manutenção do emprego [...], ora no contexto de
confinamento de espaços [...]” (ARRUDA, 2020, p. 259).

No ERE, professor e aluno estão online, conectados via dispositivos


computacionais, durante a mesma carga horária que teria a aula
presencial, ou seja, tem-se aí uma transposição do ensino presencial
físico para contextos digitais. [...] Acredita-se que o uso das TDI’s deve ir
além da mera adoção de aplicativos e softwares, que permitam não a
transposição do conteúdo analógico (livro, caderno) e da aula expositiva
para as telas dos computadores, tablets e smartphones, mas que
fomentem o engajamento nas atividades didáticas, a interação, a
interatividade, com conteúdos das aulas (OLIVEIRA; CORRÊA; MORÉS,
2020, p. 7).

Ao considerar-se o ensino remoto emergencial como uma metodologia de ensino


temporária, é importante salientar a ideia de consolidação do Ensino Híbrido como
modalidade educacional mais adequada para associar as aulas presenciais e as aulas
on-line. Porém, é importante ressaltar que isso não se dá apenas na ideia de utilizar as
Tecnologias Digitais de forma interativa, mas sim permitir que os alunos e professores
coletem e personalizem as aulas que estão programadas nos currículos escolares e
institucionais, a partir de um formato de ensino que busque a integração de recursos
tecnológicos e momentos de aulas presenciais.
Oliveira, Corrêa e Morés (2020) complementam que, devido à pandemia, as aulas
remotas impulsionaram muitas mudanças no que diz respeito ao modo de planejar,
desenvolver, executar e avaliar o processo de ensino e aprendizagem que está inserido
neste contexto, é algo válido a ser informado e que é preciso recursos corretos para que
os professores consigam superar suas dificuldades perante as novas tecnologias, para
poderem contribuir de maneira assertiva para o fortalecimento educacional de seus
discentes. Contudo, para que isso aconteça, é necessário se pensar na necessidade de
formação docente qualificada e de um espaço educativo para que a mediação do
conhecimento ocorra e elaboração de materiais pedagógicos de apoio.
Para que o ensino remoto emergencial aconteça nas instituições de ensino, é
necessário rever que grande parte das disciplinas teóricas e práticas passam a ser
ministradas de forma on-line, em ambientes virtuais de aprendizagem dentro de um
sistema institucional oferecido pelas escolas e universidades, bem como a integração de
ferramentas como Google Classroom e Google Meet. Porém, devido a facilidade de
acesso às redes para quase todas as pessoas, outras formas e alternativas foram
pensadas para alcançar o número máximo de pessoas envolvidas no contexto
educacional, tais como o uso de aplicativos, como o WhatsApp, Telegram, e redes
sociais, como Facebook, Instagram e Youtube, por meio das conhecidas lives, pois esses
outros meios são reconhecidos como alternativa por facilitar o acesso aos mais variados
diálogos, desde que os alunos e os docentes possuam acesso a conexão de alguma
rede de internet, o que é um item de extrema importância para que essa forma de ensino
aconteça. Por isso é importante enfatizar que devemos repensar em todas as
metodologias e busca de recursos, pois nem todos os alunos possuem os mesmos
acessos e facilidades aos recursos tecnológicos (VALENTE et al., 2020).
Logo, podemos compreender que o ensino remoto emergencial passa a ser
compreendido como uma adaptação temporária dos currículos escolares em todos os
níveis e modalidades de ensino, pensado como uma alternativa para que as atividades
acadêmicas e escolares ocorram sem interrupção na formação dos alunos. Essa
adaptação do ensino está associada ao uso de soluções de ensino totalmente remotas,
que seriam ministradas de forma presencial nas instituições escolares, ou até mesmo de
forma híbrida, a qual voltaria ao formato presencial assim que a crise pandêmica
acabasse, porém isso se estendeu no ano de 2020 toda e se perpassa, até o momento,
no ano de 2021 (VALENTE et al., 2020).
SAIBA MAIS

Artigo: O Ensino Remoto Emergencial e a Educação a Distância

A situação de emergência atual fez com que muitas instituições educacionais


migrassem para o Ensino Remoto Emergencial (ERE) para dar cobertura aos seus
estudantes enquanto as instituições de ensino superior (IES) continuam fechadas e
segue o confinamento em casa.
O Ensino Remoto Emergencial e a Educação a Distância não podem ser
compreendidos como sinônimos, por isso é muito importante, no contexto que estamos
vivendo, clarificar esses conceitos. O termo “remoto” significa distante no espaço e se
refere a um distanciamento geográfico. O ensino é considerado remoto porque os
professores e alunos estão impedidos por decreto de frequentarem instituições
educacionais para evitar a disseminação do vírus. É emergencial porque do dia para
noite o planejamento pedagógico para o ano letivo de 2020 teve que ser engavetado.
[...]
Acostumados à sala de aula presencial, os docentes tiveram que deixar seu
universo familiar e se reinventar, pois a grande maioria não estava preparada e nem
capacitada para isso. Podemos, portanto, dizer que o Ensino Remoto Emergencial (ERE)
é uma modalidade de ensino que pressupõe o distanciamento geográfico de professores
e alunos e foi adotada de forma temporária nos diferentes níveis de ensino por
instituições educacionais do mundo inteiro para que as atividades escolares não sejam
interrompidas.
Dessa forma, o ensino presencial físico precisou ser transposto para os meios
digitais. No ERE, a aula ocorre num tempo síncrono (seguindo os princípios do ensino
presencial), com videoaula, aula expositiva por sistema de webconferência, e as
atividades seguem durante a semana no espaço de um ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) de forma assíncrona. A presença física do professor e do aluno no
espaço da sala de aula presencial é “substituída” por uma presença digital numa aula
online, o que se chama de ‘presença social’. Essa é a forma como se projeta a presença
por meio da tecnologia. E como garanti-la? Identificando formas de contato efetivas pelo
registro nas funcionalidades de um AVA, como a participação e discussões nas aulas
online, nos feedbacks e nas contribuições dentro do ambiente.
[...]
Assim, é preciso diferenciar, neste momento, que a maior parte das instituições
de ensino não está fazendo Educação a Distância, e sim Ensino Remoto Emergencial.
Essa mudança drástica do dia para a noite exigiu que os docentes assumissem o
processo de planejamento, criação, adaptação dos planos de ensino, o desenvolvimento
de cada aula e a aplicação de estratégias pedagógicas online. Os docentes precisaram
e continuam, mais do que nunca, necessitando de muito apoio e ajuda para construir
competências digitais e lidar com um ambiente desconhecido até então. Logo, o que
iremos aprender nessa jornada de migração seja para o ERE ou a EAD?
[...]
Oriento, caro(a) aluno(a), que você faça a leitura na integra do texto por meio da
referência:
Fonte: BEHAR, Patricia Alejandra. O Ensino remoto emergencial e a Educação a Distância. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-
ensino-remoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/. Acesso em: 24 mar. 2021.

#SAIBA MAIS#

4 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI


Agora que você, caro(a) aluno(a), já compreendeu quais são as conceituações de
Educação a Distância (EAD), Ensino e Educação Híbrida e Ensino Remoto Emergencial,
é importante que se adentre ao que se refere à Educação no Século XXI, este que pode
ser compreendido como era digital e contemporaneidade. Para isso, iremos discutir um
pouco mais sobre como ocorre a Educação neste século e como as novas tecnologias
se associam a esse campo do conhecimento.
Bates (2017) enfatiza que, na era digital em que estamos inseridos, passamos a
ter acesso de forma imersiva nas novas tecnologias da informação e da comunicação, e
com isso o uso desses recursos estão nos levando a grandes mudanças na forma de
nos comunicarmos e nos relacionarmos com as outras pessoas, e na educação isso não
é diferente. Porém, o que se deve levar em consideração sobre este fato, e de que,
nossas instituições escolares foram pensadas e criadas para uma questão industrial e
não digital.
No século XXI a Educação e o conhecimento estão sendo vistos fora da redoma,
onde antes somente o professor era visto como detentor do saber, e com isso, as antigas
formas de ensino já não suprem as necessidades atuais, vez que temos um ensino cada
vez mais voltado ao uso das tecnologias e, consequentemente, ao ter qualquer
informação com apenas um clique ou uma rápida digitação e “pela primeira vez na
história, percebemos que a educação não acontece só durante um período determinado
de tempo, maior ou menor [...], mas ao longo da vida de todos os cidadãos em todos os
espaços” (SILVA, 2018, p. 9).

As tecnologias estão cada vez mais presentes em sala de aula, o


professor tem que se preocupar em preparar o aluno para ser atuante em
um mundo de transformação e ajudá-lo a desenvolver as tão faladas
competências específicas para o século XXI, certo? Tudo certo, exceto
pelo fato de que ninguém sabe exatamente que competências são essas
[...] (SILVA, 2018, p. 11-12).

Um dos fatores que estão mais associados com a educação no século XXI, como
já mencionado, é o uso dos recursos tecnológicos. Mas, afinal, qual é o impacto disso na
educação do século atual? Ora, podemos observar que um dos grandes desafios que as
instituições escolares apresentam é a falta de conhecimento em relação aos novos
modelos de metodologias e recursos educacionais baseados nas novas tecnologias e,
com isso, esse pode ser entendido como um dos fatores mais indicados para a sua não
utilização, de forma assertiva e efetiva no que se relaciona ao processo de ensino e
aprendizagem (BITTENCOURT, ALBINO, 2017).
Os autores supracitados mencionam que estamos vivendo em uma nova
realidade de Educação, baseada na era da informação e da tecnologia, em que alunos
e professores mudaram seus pensamentos e formas de agir, assim como tudo mudou
nos últimos anos. Com isso, é perceptível que as novas tecnologias estão cada vez mais
inseridas no contexto social e educacional dos alunos, e é necessário repensarmos as
práticas pedagógicas e o que abordar em sala de aula, de forma que não sejamos
considerados analfabetos tecnológicos, desafio esse que se enquadra aos docentes e
discentes. Por conta disso, as escolas possuem o papel de preparar em seus alunos a
intenção de serem cidadãos críticos e ativos na sociedade em que estão inseridos,
passam a identificar a necessidade de seguirem o ritmo de desenvolvimento da
tecnologia.

A utilização cada vez maior, das mídias digitais no ambiente acadêmico


e corporativo como estratégia, com um público cada vez mais envolvido
com a tecnologia, trazem para as instituições várias opções de recursos
didáticos para lhes dar a oportunidade de responder às diferenças
individuais e às múltiplas facetas da aprendizagem. [...] Há algum tempo
as mídias digitais estão disponíveis para a utilização em vários locais,
como: empresas, supermercados, em casa, em terminais de agência
bancária, [...] Provavelmente um dos locais em que menos se utiliza as
mídias digitais seriam as escolas, principalmente pelos docentes no
ensino-aprendizagem e no processo educacional (BITTENCOURT;
ALBINO, 2017, p. 209).

Destarte a isso, Masetto (2015), nos menciona que em relação aos desafios para
a docência na contemporaneidade relacionados ao cenário da revolução das TICs
envolvem eixos de ensino que precisam de uma certa atenção e discussões para
imediatas soluções. Dentre essas, a construção e socialização do conhecimento
interdisciplinar, a valorização do processo de aprendizagem e a formação de
profissionais capazes de atuarem de forma assertiva e efetiva.
Com isso, entramos em uma discussão de que refletir a educação no século XXI
é algo complexo, pois temos uma associação obsoleta do passado e o que se esperar
do futuro, o que acaba gerando uma incerteza, vez que também precisamos focar no
presente. Tal discussão se torna complexa, devido ao fato de que a Educação, assim
como a sociedade em geral, passa por inúmeras transformações nos diferentes
contextos sociais e precisamos seguir fielmente essas mudanças, vez que não há como
desenvolver, no nosso caso, uma educação de qualidade se ficarmos presos ao passado
e não identificarmos as potencialidades apresentadas no século XXI, principalmente no
que se refere o uso das novas tecnologias (CLOCK et al., 2018).

Assim, no século XXI, houve a emergência de transformações tanto da


escola como da profissão docente, para que se tornassem apropriadas
às demandas sociais de seu tempo. De fato, o século XXI aportou
mudanças que abalam as instituições educativas em todas as instâncias
como, por exemplo, o abandono da concepção predominante de que a
profissão docente se restringe à transmissão de conhecimento
acadêmico – uma visão obsoleta para os dias atuais. Recentemente, a
formação docente tem se voltado, cada vez mais, à criação de espaços
de participação, reflexão e formação de modo que as pessoas possam
aprender e se adaptar a mudanças e incertezas (CLOCK et al., 2018, p.
79).

Logo, podemos identificar que as instituições escolares se desenvolvem em


contextos marcados pelos ritmos acelerados de inovação e tecnologia, onde a Educação
passa a ser entendida como um campo de atuação e formação de indivíduos que seguem
as atualizações da sociedade, bem como dos recursos e metodologias que podem ser
utilizados para um melhor atendimento do processo de ensino e aprendizagem, aliados
às novas tecnologias da comunicação.
Com isso, se torna necessário pensar em novas formas de se entender a
educação, a escola e os professores, uma vez que as escolas não podem mais focar
apenas na transmissão do conhecimento que é produzido apenas pelos métodos
tradicionais, mas sim se aliarem, também, aos aspectos éticos, coletivos e
comportamentais que são necessários para termos uma educação democrática e
formarmos futuros cidadãos pensantes e críticos.

O mundo contemporâneo é perpassado por mudanças que afetam as


estruturas sociais, contexto no qual se insere a escola. O professor
inserido nessa totalidade, necessita adequar-se às novas formas de
educação relacionadas à transformação de suas práticas educativas e
pedagógicas, pois a sociedade intervém com muitas demandas e,
consequentemente, muitos desafios recaem sobre o trabalho do
professor (CLOCK et al., 2018, p. 81).

Diante de tudo o que foi discutido, precisam pensar que a Educação para o século
XXI precisa ser vista na perspectiva progressista, a qual colabora para a transformação
de uma sociedade e foque em um ensino de qualidade e que atenda às demandas
tecnológicas que nos são apresentadas cada vez mais no contexto educacional. Vemos
aí que o processo de ensino e aprendizagem não pode ser entendido como apenas uma
mera transmissão, repetição e decoração de conteúdos programáticos, mas sim estarem
vinculadas a realidades que permeiam a escola, os docentes e alunos em sua realidade
social, para que, com isso, formemos discentes que sejam capazes de ter consciência
de sua realidade e responsabilidade enquanto cidadão crítico e reflexivo, utilizando-se
de forma correta dos recursos digitais e todas as tecnologias que lhe são apresentadas,
de forma que as utilize como uma estratégia de ensino.
REFLITA

Caro(a) aluno(a), levando em consideração que a Educação do século XXI é


impactada pelo uso dos recursos tecnológicos, qual é o impacto disso na educação do
século atual?

Fonte: o autor.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa segunda unidade de discussão


sobre a disciplina de Prática de ensino: Estratégias e Tecnologias.
Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você compreendesse
o que é a Educação a Distância e o Ensino a Distância, ambos conhecidos pela sigla
EAD. Nesse tópico, você pôde verificar que a EAD é uma modalidade de ensino em que
professor e aluno estão em lugares diferentes, ou seja, fora da sala de aula tradicional
de ensino que estamos acostumados, porém participando do processo de ensino e
aprendizagem, principalmente pela ajuda de recursos tecnológicos.
No segundo tópico, analisamos as conceituações e informações acerca do Ensino
Híbrido e Educação Híbrida. Foi possível constatar que pode ser compreendido como
um modelo de ensino que se associa ao uso das TIDICs com as atividades educacionais
que são realizadas pelos docentes na sala de aula comum, sendo entendido como uma
metodologia que apresenta e combina as atividades presenciais com atividades
realizadas de forma on-line.
Já no terceiro momento, apresentamos algumas informações sobre o Ensino
Remoto Emergencial, metodologia de ensino que veio à tona, com ênfase no ano de
2021, devido o momento da COVID-19, sendo compreendido como uma alternativa de
ensino para que a Educação não fique parada por conta do isolamento social.
Por fim, no último tópico de nossa disciplina, foi possível que você, caro(a)
aluno(a), compreendesse um pouco mais sobre a Educação no Século XXI, ou seja,
como esse campo da sociedade vem sendo entendido e trabalhada no século atual, onde
temos cada vez mais o acesso facilitado às TICs, sendo, assim, necessário inseri-las no
processo de ensino e aprendizagem.
LEITURA COMPLEMENTAR

EaD, CURRÍCULO E HEGEMONIA: O NECESSÁRIO DEBATE

Silvia Eliane de Oliveira Basso - silviabasso_2005@hotmail.com - IFPR


Renata Oliveira Santos -re.mga@hotmail.com - UEM
Dayane Horwat Imbriani de Oliveira - dayane.horwat@hotmail.com - UEM
Patrícia Lakchmi Leite Mertzig - patriciamertzig@gmail.com - UNOESTE
Maria Luisa Furlan Costa - luisafurlancosta@gmail.com - UEM

RESUMO: Como resultado dos estudos do Grupo de Pesquisa de Educação a Distância


e Tecnologias Educacionais (GPEaDTEC) da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
este texto, apresentado como ensaio teórico firmado sobre conceitos basilares e autores
referenciais de currículo e EaD, tem como objetivo problematizar a Educação a Distância
(EaD) na discussão curricular. Compreende-se a EaD como modalidade educacional
crescente no Ensino Superior, e o currículo como um campo em disputa, em que existem
aspectos fundamentais como hegemonia e conflito, na dialética relação entre a
sociedade e as políticas públicas educacionais. Considera-se, nesse sentido, a
necessidade do debate curricular com vistas à consolidação da EaD diante de um
cenário educacional tão mercadológico para essa modalidade.
Palavras-chave: Educação a Distância. Currículo. Hegemonia. Políticas Públicas

[…]

1 INTRODUÇÃO
Desde a década de 1990, quando as discussões nacionais em educação levaram
ao estabelecimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD – Lei n°
9394/96), a Educação a Distância (EaD) foi se desenhando como modalidade
educacional.
Em um cenário em que o Banco Mundial e seus organismos apontavam para os
atrasos da educação brasileira, incitando-lhe postura de avanço, o mesmo órgão
direcionava políticas econômicas de cortes de gastos públicos ou redução de
investimentos. Assim, o Ministério da Educação passava a direcionar, por meio de
financiamentos, editais, portarias e decretos, a expansão do Ensino Superior via
Educação a Distância, ao passo que as Universidades viam seus investimentos
congelados. Sem a ampliada discussão sobre os impactos das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) para a educação em todos os níveis, e a sensação
de transferência de recursos para uma “experiência” em demérito de cursos e instituições
existentes, estabelecia-se uma distinção que ainda vige na atualidade entre o que se
deve pensar, discutir e realizar para o ensino presencial e o ensino a distância.
Neste texto se objetiva abordar a Educação a Distância (EaD) em sua
necessidade de real inserção na discussão curricular em educação. Para tanto,
considera-se a historicidade da modalidade e o currículo como campo cultural em
disputa. Apresentado na forma de ensaio teórico, pauta-se em autores basilares aos
conceitos fundamentais para a discussão de currículo e tecnologias de informação e
comunicação, tanto quanto em pesquisadores da educação e suas contribuições no
debate sobre as políticas de EaD e democratização do ensino. Este trabalho resulta dos
estudos, investigações e discussões realizados pelo Grupo de Pesquisa de Educação a
Distância e Tecnologias Educacionais (GPEaDTEC) da Universidade Estadual de
Maringá, coordenado pela Professora Maria Luisa Furlan Costa. O grupo se dedica às
questões históricas, metodológicas, políticas e práticas mediadas pelas tecnologias de
informação e comunicação, com ênfase nas ações institucionais e governamentais
desenvolvidas na modalidade de educação a distância.

2 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO CURRÍCULO

Escolas, sistemas, redes e metodologias são predicados da educação como


instituição humana; portanto, apresentam-se como historicamente construídos. Tratá-los
nessa essência é substancial na cuidadosa apreciação dos fatos e feitos que constituem
nossa capacidade de aprender e ensinar.
Instituições educacionais guardam aspectos físicos e organizativos classificados
por vezes como estáticos e conservadores, chegando a ser taxadas como instituições
que não acompanham a evolução social. É certo que na Era Industrial as transformações
são céleres no mercado, onde a velocidade da produção é transformada em voracidade
de consumo para gerar mais produção e atender ao sistema pautado no lucro. Inserida
nessa mesma sociedade – a capitalista – a escola (em qualquer nível) recebe o impacto
desse modo de produção e, embora também atenda ao mercado, não se restringe a ele
(ou não deve).
Dessa forma, demandas sociais chegam à educação exigindo de seus
profissionais o repensar de práticas e concepções ao tempo em que estão no trabalho
educativo e o público atendido segue partindo e chegando. Com as tecnologias de
comunicação o desafio é ainda maior, pois essa velocidade/voracidade encurta o tempo
disponível para a reflexão, debate e mudança.
Ao avaliar os desafios de implantação do Sistema Universidade Aberta do Brasil
(UAB) em Instituições de Ensino Superior Pública (IES) no estado do Paraná, por
exemplo, Costa (2010) aponta para a importância do movimento que trazia a EaD como
objeto formal de educação para o âmbito nacional, no início dos anos 2000, deixando de
ser mecanismo supletivo e emergencial. Para tanto, a pesquisadora evidencia todo o
contexto político da década de 1990, em que o governo brasileiro assumiu, diante dos
organismos financiadores internacionais, o compromisso de expandir o acesso da
população de 18 a 24 anos ao Ensino Superior, encontrando, na educação a distância,
que já tinha uma trajetória na Europa, a possibilidade de cumprir a tarefa em um tempo
menor.
Intensificavam-se, assim, ações oficiais por meio de legislação e financiamento
público para abertura de cursos de formação de professores que se dispunham a atender
a duas demandas: a democratização do acesso ao Ensino Superior e a carência de
professores na educação básica. Ao longo das últimas décadas, centenas de
profissionais e cursos, milhares de estudantes e polos se espalharam pelo país, e o
acesso galgou números impressionantes, mas o público deu espaço ao privado, e a
democratização continua na pauta.
[…]

Oriento, caro(a) acadêmico(a), que, para melhor compreensão do texto e dos conteúdos
apresentados em nossa disciplina, especificamente nesta unidade, faça a leitura
completa do artigo, por meio da referência a seguir:
Fonte: BASSO, Silvia Eliane de Oliveira, et al. EaD, currículo e Hegemonia: o necessário debate. EmRede
– Revista de Educação a Distância, v. 7, n. 1, p. 225-241, 2020. Disponível em:
https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/559. Acesso em: 24 mar. 2021.
LIVRO
• Título: Metodologias Ativas: para a educação presencial,
blended e a distância
• Autor: João Mattar (2017).
• Editora: Artesanato Educacional.
• Sinopse: Blended learning (aprendizagem híbrida), sala de
aula invertida (flipped classroom), peer instruction, método
do caso, aprendizagem baseada em problemas e
problematização, aprendizagem baseada em projetos,
pesquisa, aprendizagem baseada em games e gamificação,
dramatização e simulação, design thinking, colaboração,
avaliação por pares, autoavaliação, portfólios...
Neste livro, João Mattar aborda essas metodologias ativas com orientações e exemplos
para a educação presencial, semipresencial e a distância, na educação básica,
corporativa e no ensino superior. Se você é um professor, aluno, gestor ou interessado
na área, encontrará aqui um rico material que combina metodologias de ensino e
aprendizagem inovadoras com o uso de novas tecnologias em educação, como games.
Uma imersão na área com uma linguagem dialógica e uma ampla bibliografia de
referência.

FILME/VÍDEO

• Título: Educação a distância e ensino remoto na


pandemia
• Ano: 2020.
• Sinopse: Especialistas falam sobre as diferenças
entre a Educação a Distância e o ensino remoto emergencial adotado durante a
pandemia do coronavírus.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CiD-KSbSQnY
REFERÊNCIAS

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educação brasileira em tempos de Covid-19. EmRede – Revista de Educação a
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BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. de M. Ensino híbrido: personalização e


tecnologia na Educação. In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. de M.
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Penso, 2015. p. 67-93.

BASSO, S. E. de O. et al. EaD, currículo e Hegemonia: o necessário debate. EmRede


– Revista de Educação a Distância, v. 7, n. 1, p. 225-241, 2020. Disponível em:
https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/emrede/article/view/559. Acesso em: 24
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BATES, T. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem. São Paulo:


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BEHAR, P. A. O Ensino remoto emergencial e a Educação a Distância.


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https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensino-remoto-emergencial-e-a-
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BITTENCOURT, P. A. da S.; ALBINO, J. P. O uso das tecnologias digitais na educação


do século XXI. Revista Ibero-Americana de Estudoss em Educação, Araraquara, v.
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BRASIL. Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº


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nacional. Brasília, 2017.

BRASIL. Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020. Dispõe sobre a substituição das


aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia
do novo coronavírus – Covid-19. Brasília: MEC, 2020. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-544-de-16-de-junho-de-2020-261924872.
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(Especialização em Docência no Ensino Superior) – Idaam Posgrado, 2018.

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pandemia: reflexões sobre a prática docente. Reseach, Society and Development, v.
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VIDAL, E. Ensino à Distância vs Ensino Tradicional. 2002. 76 f. Dissertação


(Mestrado) - Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2002.
UNIDADE III
HUMANIDADES DIGITAIS – FORMAÇÃO EM CULTURA DIGITAL
Professor Jhonatan Phelipe Peixoto

Plano de Estudo:
• Tecnopólio
• Cibercultura
• Virtualização
• Humanidades Digitais

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o Tecnopólio
• Compreender a Cibercultura
• Estabelecer a técnica da Virtualização
• Compreender as Humanidades Digitais
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade III, intitulada “Humanidades


Digitais – formação em Cultura Digital”, da disciplina de Prática de Ensino: Estratégias
e Tecnologias do curso de Licenciatura em História. Nesta etapa você irá compreender
um pouco mais sobre algumas informações importantes referentes à formação por meio
da cultura digital.
No primeiro tópico de discussão desta unidade, iremos definir o que é Tecnopólio,
a fim de que você possa compreender como acontece esse fator relacionado à formação
acadêmica por meio das tecnologias, que nada mais é do que a rendição das pessoas à
cultura digital.
No segundo momento de discussão, será abordada a definição e as principais
informações acerca da Cibercultura, de forma que você possa analisar como essa cultura
estruturada pela utilização das novas tecnologias contemporânea vem sendo discutida
na sociedade atual.
No terceiro tópico iremos discutir sobre a Virtualização, para que a partir dessa
discussão você possa analisar como esse processo vem acontecendo cada vez mais em
nossa sociedade atual.
Já no quarto e último tópico, por fim, iremos destacar as principais definições,
conceituações e informações sobre as Humanidades digitais, a fim de que seja possível
identificar como esse novo campo do saber vem sendo discutido no que se refere à
formação acadêmica em cultura digital.

Bons Estudos!!!
1 TECNOPÓLIO

Caro(a) aluno(a), iremos iniciar nossa discussão acerca das humanidades digitais
e formação em cultura digital discutindo sobre o Tecnopólio, que nada mais é do que a
rendição da cultura à tecnologia, ou seja, as pessoas, em uma sociedade geral,
apresentam uma crença fiel e exagerada no que diz respeito às tecnologias e a ciência,
levando a ideia de que ambas devem definir os rumos que as pessoas devem seguir
enquanto civilização consciente. Logo, por meio dessa crença, os indivíduos são
educados a aceitar tal realidade e deixar que continuem suas vidas sem questionar seus
rumos (CARRER, 2016).

Nesse sentido, Postman (1994) sugere como alternativa ao Tecnopólio a


importância de não tratar da ciência e da tecnologia como coisas naturais.
Assim, a história da humanidade necessitaria ser considerada em nossas
aulas. Trabalhar historicamente a construção de determinado
conhecimento é importante ideologicamente, pois nos apresenta a C&T
como ciência mutáveis [...] (CARRER, 2016, p. 2).
Nesse sentido, é importante compreender que no Tecnopólio a tecnologia passa
a assumir cada vez mais partes de nossas vidas e instituições que quando menos
percebermos ministrando assuntos e conteúdos sem motivos aparentes, simplesmente
pelo fato de que o processo que deve acontecer é dessa forma, dando origem à diversos
questionamentos, como: Por que ensinar determinado conteúdo? De quem é o interesse
em tais assuntos?, entre outros, pois para o Tecnopólio não é interessante
questionarmos a atual sociedade (CARRER, 2016).
Sobre isso, Silva, Grimaldi e Fell (2013) complementam que o soberano do
conhecimento passou a ser a tecnologia e a sociedade entendida como seu servo,
pensando em três momentos: a utilização de ferramentas, a tecnologia e o tecnopólio.
Com isso, o tecnopólio passa a ser entendido como um estado de cultura que envolve
seus próprios dogmas, e define o rumo e o ritmo da sociedade. Por meio dela a técnica
se torna o principal reconhecimento social do homem, ou seja, encontra o sentido para
as suas ações na tecnologia.

Não há mais pensamento crítico ou até analítico no tecnopólio, a máquina


faz tudo, pensa em tudo. O trabalhador não precisa mais pensar em como
realizar o seu serviço, a máquina diz e ele faz. Não há mais seres críticos
e pensantes, há seres alienados. Tudo passa a ser técnico e perde-se a
necessidade de entender o porquê das coisas, apenas se aceita
passivamente a ordem estabelecida. O tecnopólio produz uma espécie
de amnésia sobre o passado, em que tudo é substituído pelas
abordagens variáveis e tecnicistas. É como se as visões e os princípios
dos indivíduos que compõem a sociedade, antes fundamentadas em
hábitos e valores tradicionais, fossem afetados no seu modo de refletir
acerca do que se constitui verdade mediante a realidade enraizada e
disseminada como senso cultural [...] (SILVA; GRIMALDI; FELL, 2013, p.
203).

Nesse sentido, mediante ao que os autores apresentam, percebemos o quanto as


tecnologias estão disseminando suas utilizações em todos os cantos da sociedade, e o
quanto estamos nos tornando dependentes da mesma e de compreender suas
especificidades. Vemos isso, por exemplo, nas grandes indústrias, em que a mão de
obra foi substituída por máquinas de cunho tecnológico avançado, um único aparelho faz
o trabalho de diversos homens, dando cada vez mais abertura aquilo que é tecnológico
e isso se dá, pois as novas tecnologias mudam nossos pensamentos e aquilo que
entendemos como conhecimento e verdade e os nossos hábitos de pensar que dão à
sociedade um senso crítico de como é a realidade ao natural e real das coisas.

À medida que os avanços da ciência e tecnologia (tecnocracia) migraram


para um estado em que o domínio tecnológico sobre o comportamento
da sociedade passou a predominar, o conteúdo informacional também
cresceu proporcionalmente, dissimulando na ideia de solução para os
problemas de escassez de informação. Os suportes tecnológicos
mudaram, as pessoas adquiriram computadores, a internet chegou às
escolas, às residências, às empresas e o que parecia distante e,
praticamente, impossível de ser alcançado, tornou-se perceptível graças
à convergência entre tecnologia e telecomunicações: a informação em
seu estado mais disperso (SILVA; GRIMALDI; FELL, 2013, p. 203 - 204).

Diante disso, vemos que o tecnopólio proporcionou, de certa forma, um acesso


mais facilitado à informação; às pessoas e a sociedade em geral foram afetadas por uma
grande variação de informações que apresentam um distúrbio de dados incapazes de
suprirem as necessidades dos indivíduos, caso não esteja preparado para sua produção,
uso e comunicação (SILVA; GRIMALDI; FELL, 2013).
Podemos complementar, na visão de Venturi (2017), que o tecnopólio nos
apresenta um movimento de passagem das ferramentas comuns para a tecnocracia, e
da tecnocracia ao tecnopólio como uma possível referência para uma análise ideológica,
história e social do avanço da tecnologia nos variados contextos sociais. Logo, nessa
cultura, as pessoas se encontram alienadas ao conhecimento crítico, vivendo somente
a favor dos novos recursos tecnológicos, levando ao fato de que não mais perceberiam
as ilusões da tecnologia, se tornando, assim, dependentes e sujeitando-se à
manipulação por grupos de interesse que predominam a produção de tais recursos.

[...] O tecnopólio, assim, concorreria com a tecnologia (ciência e


tecnologia como forças determinantes do conhecimento e da verdade),
associando-se às telecomunicações em uma avalanche informacional.
Por isso, o autor recomenda que se mantenha uma postura crítica diante
deste movimento cultural sob o critério da humanização da máquina ou
da maquinização do homem, devendo-se perguntar pela tendência
ideológica e visão de mundo que o meio tecnológico a que se estiver
sujeito contém [...] (VENTURI, 2017, p. 45).
Destarte a isso, Silva, Grimaldi e Fell (2013, p. 204) enfatizam que o autor
Postman defende que uma forma de “definir um tecnopólio é dizer que seu sistema de
defesa contra a informação é inoperante [...]”, metaforizando-o como uma forma de Aids
Cultural, entendida como síndrome de deficiência anti-informação, entendendo-se,
muitas vezes, como informação sem regra que pode ser letal, por isso, percebe-se que
o tecnopólio pode ser compreendido como uma faca de dois gumes.

Consiste na deificação da tecnologia, o que significa que ele [indivíduo]


procura sua autorização na tecnologia, encontra sua satisfação e recebe
ordens da tecnologia. [...] Aqueles que se sentem mais confortáveis no
tecnopólio são as pessoas que estão convencidas de que o progresso
técnico é a realização suprema da humanidade e o instrumento com o
qual podem ser solucionados nossos dilemas mais profundos. Também
pensam que a informação é uma bênção pura, que com sua produção
contínua e não controlada e sua disseminação oferece mais liberdade,
criatividade e paz de espírito. O fato de que a informação não faz nada
disso – mas sim o contrário – parece mudar poucas opiniões, pois essas
crenças resolutas são um produto inevitável da estrutura do tecnopólio
(POSTMAN, 1994, p. 79 apud BARBOSA; MARCELINO; BAZZO, 2012,
p. 4).

Os autores supracitados complementam que apesar de pessimista, essa ideia


reflete a realidade do século XXI, quando muitas pessoas passaram a enxergar na
ciência e na tecnologia uma maneira de se “salvar” de doenças, produzir alimentos e
diminuir distâncias. Com isso, é possível perceber que o tecnopólio apresenta grande
presença de estatísticas na sociedade, como uma forma de quantificar as coisas e as
pessoas, em que tudo precisa ser verificado e comprovado, valorizando apenas as
pesquisas de opinião pública e testes de Q.I.
Pensando num contexto educacional voltado ao tecnopólio Barbosa, Marcelino e
Bazzo (2012) apresentam como exemplo o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
surgido em 1998, com a função de ser um processo de autoavaliação para os alunos
dessa etapa do ensino da Educação Básica. Porém, no ano de 2009, teve sua estrutura
toda modificada, passando a ter como intuito, basicamente: servir como autoavaliação,
seleção para o mercado de trabalho, uma maneira de ter continuidade nos estudos e
avaliar as escolas e alunos.
Seguindo os parâmetros do PISA, o ENEM se baseia na avaliação de
Habilidades e Competências do aluno. A primeira se relaciona
diretamente aos procedimentos, ao plano imediato do saber fazer,
enquanto a segunda é a mobilização de informações e habilidades para
o conhecimento ou resolução de problemas (BRASIL, 2000, p. 5).
Entretanto, Postman já criticava este modelo de educação em 1992: “O
ideal de um tecnocrata – uma pessoa sem nenhum compromisso e
nenhum ponto de vista, mas com uma abundância de habilidades
vendáveis” (POSTMAN, 1994, p. 192 apud BARBOSA; MARCELINO;
BAZZO, 2012, p. 8).

De forma geral, a prova do ENEM possui como principal objetivo que a educação
seja a eficiência e a “melhoria dos índices e da elevação do Brasil nos rankings de
avaliação internacional”, o que somente é possível caso haja melhoras nos resultados
obtidos pelos estudantes do Ensino Médio, Ensino Superior e Ensino fundamental, por
meio das provas ENEM, ENADE e Prova Brasil, respectivamente.
Vemos que as notas obtidas são baseadas na aplicação de cálculos meramente
técnicos, deixando de lado a capacidade e possibilidade de análise humana e, com isso,
passam apenas a comparar a inteligência humana à uma coisa ou objeto, que é natural
e independente do contexto social, em que apenas a aplicação de cálculos e a ciência
natural são levadas em consideração, e, a partir disso, vemos a inteligência sendo
associada apenas enquanto pode ser medida ou atribuída de um valor (BARBOSA;
MARCELINO, BAZZO, 2012).
Em seu livro sobre o tecnopólio, Postman aborda a transformação da educação e
propõe que seja pensado, em debate, a possibilidade de um combate afetuoso a este
modelo de avaliação que é imposto pela sociedade, pensando, assim, em ações que não
visem somente uma preocupação do escritor, mas podem ser vistas nas discussões de
outras obras literárias (BARBOSA; MARCELINO, BAZZO, 2012).

REFLITA

“O professor americano Neil Postman nos deixa uma questão para pensar: o ser humano
está se tornando um escravo da tecnologia e/ou um crente alienado da ciência?”
(BARBOSA; MARCELINO; BAZZO, 2012, p. 5).
O que você pensa sobre isso, caro (a) aluno (a)?
Fonte: Barbosa, Marcelino e Bazzo (2012).

#REFLITA#
2 CIBERCULTURA

Neste tópico iremos falar sobre a condição social denominada como Cibercultura.
Para discutirmos esse assunto, é necessário enfatizarmos que no decorrer dos dias
presenciamos cada vez mais as transformações em nossa sociedade, transformações
essas que são oriundas da tecnologia. Com isso, cada vez mais as pessoas passam a
se integrar ao espaço público, de forma que sejam criados e alterados conteúdos de
multimídia, como, por exemplo, os dispositivos móveis que nos permitem que estejamos
conectados a todo momento.
De acordo com Santos (2011), a cibercultura é a cultura contemporânea
estruturada pela utilização das novas tecnologias em redes do ciberespaço. Seus
primeiros estudos sobre o assunto apontam que a cibercultura pode ser entendida como
um modelo híbrido da internet e infraestrutura tecnológica, com as pessoas envolvidas
em processos de comunicação por meio das redes sociais.

Atualmente, principalmente por conta da emergência das tecnologias e


dispositivos móveis, compreendemos a cibercultura cada vez mais como
a cultura da e na interface entre o ciberespaço e as cidades – e por que
não falarmos também nos campos? Afinal, a capilaridade do acesso à
rede mundial vem se estendendo a cada ano. Além disso, a influência
das tecnologias digitais em rede vem afetando os cotidianos em suas
mais populares dimensões (SANTOS, 2011, p. 82).

Carvalho (2020) relata que o que deu origem ao que chamamos hoje de
cibercultura, está relacionado com um conjunto de técnicas, práticas culturais e
tecnologias que foram desenvolvidas conseguinte a segunda metade do século XXI, e
pode ser compreendida como uma nova interligação entre a sociabilidade e a novas
tecnologias, dando origem a uma cultura contemporânea.

Essa cultura contemporânea, mundial, virtual e desenvolvida no


ciberespaço potencializa a produção, o compartilhamento, a distribuição
e a apropriação de bens simbólicos. Nesse sentido, podemos afirmar que
o ciberespaço representa um ambiente midiático, sendo a
infraestrutura em que se dá a comunicação digital e também o
conjunto de informações que ela abriga (CARVALHO, 2020, p. 14,
grifo do autor).

Dentre as principais atribuições estão a “interconexão dialógica, estabelecimento


de comunidades virtuais como espaços de cooperação e encontro e inteligência coletiva,
resultante da colaboração e compartilhamento de informações” (CARVALHO, 2020, p.
14). Logo, podemos perceber que está relacionada nada mais, nada menos com a
maneira como acontecem as trocas de ideias por meio de metodologias tecnológicas.

Mesmo proporcionando uma mudança no processo comunicacional entre


emissor-mensagem-receptor e no modelo de cultura de massa, a
cibercultura não chega a ser uma completa superação desse modelo,
mas apresenta-se, sim, como uma ampliação do ambiente midiático
contemporâneo, uma forma mais complexa de reconfiguração ou
remediação do campo midiático, econômico, político e cultural
(CARVALHO, 2020, p. 14, grifo do autor).

Pensando no contexto brasileiro, é claro que a muito tempo a questão virtual está
inserida em nossa sociedade sem ao menos notarmos isso, vez que viemos
acompanhando o desenvolvimento das gerações que estão relacionadas com a
tecnologia e como utilizar a mesma, onde o comportamento das pessoas deixou de se
limitar apenas aos relacionamentos pessoais e passaram a evidenciar cada vez mais o
uso dos recursos tecnológicos e da internet (REZENDE, 2020).
Analisando de uma forma geral e completa, tudo que está relacionado à cultura
digital relacionado com os aspectos técnicos relacionados “à cultura, à religião, ao
comportamento humano e principalmente ao uso e mudança da tecnologia pode ser
considerado de cibercultura” (REZENDE, 2020, p. 6).

Portanto temos, sim, uma mudança cultural e de hábitos da população: a


mobilidade como fator preponderante, o consumo expressivo de vídeos
para a informação, o uso constante da internet em plataformas de
comunicação como redes sociais, aplicativos como WhatsApp, Tinder,
etc. [...] entre os brasileiros é frequente o uso desses serviços, porém isso
demonstra grande preocupação com relação à sua privacidade
(REZENDE, 2020, p. 16).

O autor supracitado complementa que toda a transformação da cultura digital no


Brasil ocorreu em três momentos: Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0. No que se relaciona ao
primeiro momento, a web possuía características muito próprias relacionadas à questão
acadêmica e não possuía grandes expectativas a não ser a conexão de computadores.
Nesse momento, o acesso à internet era baixo, e nem todos possuíam acesso;
consequentemente, não acontecia muito a interatividade entre usuários da rede, sem
possibilidades de expansão ou modificação.

O conceito de Web 2.0, apresentado por Tim O’Reilly, define a web como
uma plataforma na qual se consome e se produz conteúdo e pela
facilidade de publicação, deu poder ao indivíduo, transformando-o de um
simples consumidor de conteúdo da web 1.0 para também um produtor
de conteúdo. Esse conceito aproveita a inteligência coletiva com a
contribuição do usuário e cria uma rede de informações por meio da
contribuição dos integrantes da rede (REZENDE, 2020, p. 17).

Já em relação a Web 3.0, a geração que estamos atualmente, se caracteriza como


sendo a última geração da internet, essa com mais recursos e mais inteligente, tendo
como sua característica mais marcante a capacidade de máquinas passarem a assumir
as atividades que antes eram realizadas de forma manual, pela mão de obra do homem.
Logo, entendemos que a Web 3.0 passa a se apropriar de semântica e se torna cada
vez mais um recurso de inteligência, sendo muitas vezes comparada com a inteligência
artificial (REZENDE, 2020).
Por fim, em relação à cibercultura na Educação, podemos compreender que,
entendida na EaD, é baseada cada vez mais nos meios de massa como a imprensa, e
se torna cada vez mais on-line. Percebe-se que a dinâmica da cibercultura e
comunicação on-line entram em conflito com os fundamentos norteadores do ensino
tradicional, em que o professor é visto como o único responsável pela transmissão dos
conteúdos e do conhecimento (SILVA, 2008).

Na cibercultura os autores da comunicação tendem à interatividade e não


mais à separação da emissão e recepção própria da mídia de massa.
Para se posicionar nesse contexto e aí educar, os professores precisarão
dar-se conta do hipertexto, isto é, do não sequencial, da montagem de
conexões em rede, que permite uma multiplicidade de recorrências
entendidas como conectividade, diálogo e participação. Eles precisarão
dar-se conta de que, de menos disparadores de lições-padrão, deverão
se converter em formuladores de interrogações, coordenadores de
equipes de trabalhos, sistematizadores de experiências (SILVA, 2008, p.
72).

Com isso, o docente poderá construir sua mediação e atuação pedagógica


inspiradas em proporcionar oportunidades de múltiplas experimentações, conexões em
rede como ocorrências, provocar situações de inquietação e criação, arquitetar percursos
hipertextuais e mobilizar a experiência do conhecimento, sendo necessário, assim, que
o professor acione a participação do receptor e garantir a bidirecionalidade da emissão
e recepção de informações por meio da comunicação (SILVA, 2008).
Figura 1 - Docência interativa

Fonte: Silva (2008, p. 73)

Neste contexto, o professor precisa enfatizar a questão da interatividade, ou seja,


deixar de ser apenas um transmissor de conhecimentos e tornar-se um formulador de
problemas, provocando em seus alunos interrogações e trabalhos em equipe,
sistematizando experiências vivas de uma educação que valoriza o diálogo (SILVA,
2010).
Figura 2 - Modalidades de comunicação

Fonte: Silva (2010, p. 43).

Logo, com base na Figura 2, podemos compreender que os fundamentos da


interatividade, característica da cibercultura, podem ser encontrados de forma ampla e
completa nas mídias on-line, tendo como exemplo a participação e intervenção, a
bidirecionalidade-hibridação e a permutabilidade-potencialidade (SILVA, 2010).

SAIBA MAIS

Educação 4.0: mais que um conceito, a própria realidade

O termo vai além de uma tendência educacional e sim uma necessidade de


adaptação para as gerações futuras A Educação 4.0 é uma consequência da Indústria
4.0, também conhecida como a Quarta Revolução Industrial. Ela também pode ser
compreendida como uma resposta às perguntas: o que se espera da escola do século
XXI? Quais são as novas demandas dos alunos das próximas gerações? Estamos
preparando nossos alunos para o mundo que os espera quando saírem da escola? E
como será este mundo? Será que as habilidades que desenvolvemos hoje vão suprir as
necessidades destes futuros profissionais?
Diante de todas as inovações causadas pela revolução tecnológica, surge uma
proposta de educação diferenciada, em que se prioriza a experiência prática e
experimentação dos alunos com o learning by doing, assim como a realização de
projetos que permitam que eles coloquem a mão na massa – Cultura Maker. Há também
uma valorização da criatividade, interdisciplinaridade, utilização de ferramentas
tecnológicas na sala de aula e criação de ambientes inovadores. Isso torna o ambiente
escolar mais colaborativo e dinâmico.
Mas, a Educação 4.0 não significa apenas oferecer computadores, tablets e
equipamentos tecnológicos de última geração. Na verdade, ela demanda uma mudança
maior na abordagem do ensino, baseando-se em quatro pilares:
•Modelo sistêmico: é a avaliação que as instituições devem fazer do cenário atual,
onde pretendem chegar e qual estratégia será usada na elaboração de um plano de
inovação efetivo.
•Mudança do senso comum: a busca por referenciais teóricos baseados em uma
educação científica e tecnológica, permitindo uma base sólida para a elaboração das
aulas.
• Engenharia e gestão do conhecimento: refere-se ao estudo das competências e
habilidades dos alunos.
•Cibercultura: a preparação dos espaços de aprendizagem, para que sirvam ao
propósito da Educação 4.0.

Fonte: O Regional (2021).

#SAIBA MAIS#
3 VIRTUALIZAÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), agora iremos discutir um assunto muito importante e


pertinente a tudo que vimos até agora em nossa disciplina. Falaremos sobre a
virtualização.
De acordo com Lévy (1996, p. 17), “a virtualização pode ser defendida como o
movimento inverso da atualização [...]”; caracteriza-se como sendo uma passagem do
atual para o virtual. Logo, não é uma desrealização, “mas uma mutação de identidade,
um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em vez de
se definir principalmente por sua atualidade [...], a entidade passa a encontrar
consistência essencial num campo problemático [...]”. Com isso, podemos entender que
virtualizar uma entidade se refere a descobrir algo que se relaciona, de forma geral, com
fazer mutar a entidade em relação a sua problemática e rever sua ideia atual como uma
resposta particular.

A atualização ia de um problema a uma solução. A virtualização passa


de uma solução dada a um (outro) problema. Ela transforma a atualidade
inicial em caso particular de uma problemática mais geral, sobre qual
passa a ser colocada a ênfase ontológica. Com isso, a virtualização
fluidifica as distinções instituídas, aumenta os graus de liberdade, cria um
vazio motor. Se a virtualização fosse apenas a passagem de uma
realidade a um conjunto de possíveis, seria desrealizante. Mas ela implica
a mesma quantidade de irreversibilidade em seus efeitos, de
indeterminação em seu processo e de invenção em seu esforço quanto à
atualização. A virtualização é um dos principais vetores da criação da
realidade (LÉVY, 1996, p. 18).

Complementar a isso, Pimenta (2001) evidencia que, em sua obra, Pierre Lévy
apresenta o quão fácil e enganosa é a oposição entre real e virtual. O virtual se opõe ao
atual, conforme tende a se atualizar sem que se chegue a uma ideia concreta e efetiva.
Ainda argumenta que o virtual se diferencia, também, do possível devido a já estar
construído e latente, pronto para se tornar algo real, não tendo a criatividade do virtual.
Por meio disso, o virtual passa a ter uma condição de fornecimento de tensões
para o processo de criação no qual se utiliza da atualização, de forma que não seria algo
previsível e estático, pois essa ideia de virtual se relaciona com a produtividade textual
resultante do trabalho da desconstrução (PIMENTA, 2001).

[...] Para ele, a virtualização, ou seja, o movimento de passagem do atual


para o virtual inclui uma dinâmica do particular para uma problemática
mais geral, sobre qual passa a ser colocada a ênfase ontológica. Ou seja,
o virtual assume o lugar do significado, ou matriz geradora, em oposição
à atualização particular do significante, ou o atual. Neste ponto, Lévy
chega a comparar o virtual a um “vazio motor”, ou seja, novamente
retorna ao conceito de estrutura ausente, incluindo aí sua força
generativa (PIMENTA, 2001, p. 2).

Conseguinte a isso, o autor supracitado enfatiza que a virtualização aumenta a


variação de espaços e tempos; novos meios de comunicação passam a estabelecer
diferentes modalidades de tempo e espaço que diferenciam aqueles que estão
relacionados entre si e também aos que estão fora do sistema, chegando a serem criadas
qualidades de história diferentes.
Sobre este assunto, Jungblut (2004), enfatiza que se fala da virtualização como
algo que sugere a desrealização do mundo, vez que é introduzida pela informática em
várias de suas aplicações operantes, com isso, pode ser entendida como um processo
de construção de uma imitação do que é real e passa a ser valorizado como uma
realidade ideal.
[...] Interessa somente a constatação geral que está em andamento um
processo de “virtualização” – que também pode ser nomeado de
processo de “digitalização” - de amplas atividades que compõem o
cotidiano de milhões de pessoas e instituições. Mas, mais
fundamentalmente ainda, interessa entender um pouco da essência disso
que hoje chamamos de “virtual”, particularmente em sua complexa
relação com o que, grosso modo, é colocado em oposição a isso: o real,
o sensual, o off-line (JUNGBLUT, 2004, p. 1).

O autor complementa que na visão de Lévy, algo que também é fundamental no


entendimento acerca da virtualização se refere aquilo que o autor denomina como uma
“virtualização como êxodo”; É entendida a capacidade que tem meios de virtualização
de possibilitar a comunicação e a socialização das pessoas, sem que seja necessário
estarem presentes de forma física no mesmo lugar e ao mesmo tempo.

Sobre os efeitos de virtualização o filósofo Pierre Lévy, propõe a questão


através de uma abordagem conceitual, contextualizada e reflexiva,
desmistificando convenções de convenções, dentre elas o conceito do
termo virtual, [...]. Segundo Lévy o virtual não é o contrário de real, [...]
mas sim tudo aquilo que tem potencialidade para se concretizar. Assim,
o virtual seria uma potência, ou seja, um devir outro do ser humano. O
fenômeno da virtualização afeta nossa sensibilidade e inteligência dos
sujeitos expostos. O que corrobora para provar isto é o estado das coisas,
por exemplo, nas tecnologias da comunicação e o comportamento das
sociedades, lembrando Jean Baudrillard, determinada por contaminação,
vem sendo modificada a partir de seus efeitos mediante a utilização e
apropriação (MENDES, 2010, p. 35).

Com base nisso, entendemos que esse fenômeno que envolve a virtualização
afeta o aspecto cognitivo dos indivíduos, e passa a instaurar um conceito de inteligência
coletiva, potencializada pelas novas tecnologias e recursos tecnológicos, por meio da
interação entre as pessoas e suas trocas de conhecimento de maneira coletiva. Com
isso, é viável destacar que a virtualização amplia um campo de estudo e pesquisa amplo
na medida em que a tecnologia e a cibercultura avança, passam a propiciar ainda mais
estranhezas sobre a investigação, modificação e cognição humana (MENDES, 2010).

SAIBA MAIS
O virtual, o real e o atual — como é viver numa sociedade virtual (baseado em
Pierre Lévy)

“O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual”. Virtual vem do virtus latim, que
significa força, potencial, o que pode vir a ser. O virtual é uma extensão natural do real,
e é basicamente uma transformação daquilo que é atual em algo potencial. Confuso!
Mas vamos tentar entender esse conceito, porque a ideia de virtualização para Lévy é
realmente ampla (e interessante).

Oposições
O primeiro ponto a entender são os antônimos. Lévy toma emprestado uma
distinção entre possível e real, feita por Deleuze em “Diferença e Repetição”. O possível
tem todas as características do real, mas de forma latente. Para que ocorra uma
passagem possível ou real, basta efetivar sua existência. “O possível é exatamente como
o real: a falta de presença […] A diferença entre o possível e o real é, portanto, puramente
lógico”. Um edifício pode ter sua distinção de um edifício real apenas um fato deste último
existir e outro não. “Cada entidade carrega e produz suas virtualidades […] Uma
atualização é criação, criação de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de
forças e finalidades”.
O processo de atualização leva a mudanças irreversíveis, ou a virtualização leva
apenas as possibilidades. Nesse sentido, o oposto do real seria possível, e sobraria
para o virtual ser oposto do atual. Essa diferenciação parece banal, mas é fundamental
para entender o que realmente é a virtualização que estamos falando nesse texto (e na
obra de Lévy).

Fonte: Oliveira (2020).

#SAIBA MAIS#
4 HUMANIDADES DIGITAIS

Para finalizar nossa unidade, caro(a) aluno(a), neste momento iremos falar sobre
as Humanidades Digitais.

Representando uma forte ligação entre a investigação em Humanidades


e a incorporação de métodos e ferramentas das Tecnologias Digitais, o
termo «Humanidades Digitais» foi cunhado internacionalmente há pouco
mais de uma década. Aparentemente, terá sido usado pela primeira vez
por John Unsworth, um professor universitário americano, em 2002, mas
foi a publicação do livro Companion to Digital Humanities, em 2004, que
marcou o início da sua utilização em larga escala. Em parte, o sucesso
desta designação assentou no facto de ela facilmente abarcar um
conjunto de outras designações anteriores, como Computação para as
Humanidades, Informática Aplicada à História, Linguística
Computacional, Património e Computação, Arte Digital, entre outras
(ALVES, 2016, p. 91).

Entende-se que são muitas as definições de Humanidades Digitais como qualquer


outra área, para esse momento, de acordo com Susan Hockey, é uma área acadêmica
de cunho interdisciplinar que apresenta metodologias específicas pautadas em recursos
tecnológicos para serem associados na investigação dos campos das humanidades de
maneira geral.
As Humanidades Digitais são uma área do conhecimento dinâmica e
interdisciplinar, assente na conexão e articulação de domínios do
conhecimento com diferentes metodologias de investigação. No âmbito
das Humanidades Digitais, têm particular relevância as bibliotecas
digitais construídas para os investigadores. Atualmente, existem dois
tipos de bibliotecas digitais, as que apresentam o acervo em modo de
imagem e as que apresentam a informação em modo texto. Estas últimas,
se não forem devidamente estruturadas, não permitem a reutilização da
informação através da programação informática. O modelo das
bibliotecas digitais está em evolução e procura adaptar-se às atuais
exigências dos especialistas e do público (GUERREIRO; BORBINHA,
2014, p. 1).

Por meio disso, podemos entender que as Humanidades Digitais podem ser
entendidas como um novo campo do saber e como apresenta os indicadores de um
campo firmado por meio de diversas associações, estudos e programas de ensino e
investigação do ensino. Essa nova maneira de investigação e desenvolvimento sobre as
áreas de humanidades e ciências da informação orientam uma parte de pesquisa para
identificar, definir e descrever métodos, práticas e normas que o sustentam.

O alcance das humanidades digitais ultrapassa largamente a mera


transferência do analógico para o meio digital, centrando-se no desafio
epistemológico e na articulação com os conhecimentos e os métodos
utilizados nas ciências humanas como um mundo digital. As bibliotecas,
em sua forma analógica, foram essenciais para o desenvolvimento das
humanidades ao longo dos séculos, assumindo-se como instituições
guardiãs da memória e do conhecimento que ia sendo produzido.
Atualmente, esse papel foi ampliado, pois, além de continuarem a ter
funções de custódia, alargada ao mundo digital, também devem incluir a
produção nos novos meios (GUERREIRO; BORBINHA, 2014, p. 2).

Pimenta (2016, p. 20) complementa que “as Humanidades Digitais são um campo
auto-reflexivo capaz e desejante de que a aplicação das tecnologias digitais voltadas às
Humanidades seja ela própria o objeto de investigação do pesquisador”. A partir disso,
podemos compreender que as humanidades digitais são marcadas pelas questões que
envolvem a sua prática e sua técnica, que fazem parte de um canal de diálogo entre
essas duas questões.
De fato, o uso da expressão “Humanidades Digitais” pode ser apenas a
ponta visível de um processo mais profundo: a crescente integração de
tecnologias computacionais às pesquisas em ‘humanidades’ – processo
que alguns consideram inexorável, e que colocaria desafios importantes
para as humanidades e suas práticas tradicionais. Para alguns
pesquisadores, essa integração e os desafios que ela coloca mereceram
atenção suficiente para compor uma comunidade de práticas unida em
torno de um termo próprio, como vimos (SOUSA, 2015, p. 1).

As humanidades digitais definem uma transdisciplinar de métodos, dispositivos e


perspectivas ligadas ao meio digital no domínio das ciências humanas e sociais, vez que
as ciências humanas, hoje, são um grande campo de estudos em que a inserção das
novas tecnologias e diversos recursos tecnológicos passaram a destacar uma inflexão
multidisciplinar, que, para a Ciência da Informação, talvez aponte para uma necessidade
de ser discutida, vez que muitas informações tornam-se características para a
compreensão para aquilo que levou a definir as Humanidades Digitais (PIMENTA, 2016).

Conhecida igualmente como Computing Humanities, as HD configuram-


se, portanto, como uma espécie de campo híbrido não apenas de estudo
e pesquisa, mas de ensino e, principalmente de acesso à informação e
inovação. É neste mesmo campo híbrido que se destacam os conteúdos
informacionais produzidos e circulantes nos espaços web informacionais
[...] Estes conteúdos podem representar e atuar direta e indiretamente na
produção do conhecimento de qualquer área da ciência. De certo, para
fins de objetividade deste artigo, buscamos dar destaque aqui ao caso
das humanidades (PIMENTA, 2016, p. 22).

Destarte a isso, Almeida e Damian (2015) relatam que o termo Humanidades


Digitais surge como o entendimento de um novo campo interdisciplinar que reflete as
práticas suscitadas pelas mudanças sociais devido à introdução cada vez maior e em
grande escala das tecnologias digitais no contexto social, em que, neste campo se
discutem diversos campos e enfoques, como: as tecnologias aplicadas às disciplinas
enquadradas das áreas tradicionais de humanas e as novas áreas de pesquisa e ensino
na educação. Logo, entendemos que as Humanidades Digitais refletem a exclusiva
preocupação com a utilização de recursos tecnológicos nas áreas das humanidades.

Além disso, as Humanidades Digitais se configuram não só como objeto


de pesquisas, como também, cada vez mais, como um âmbito de ensino
na graduação e na pós-graduação, e de intervenção da Universidade e
de seus pesquisadores nos processos sociais. Projetos de pesquisa-
ação, ou parcerias com instituições e movimentos sociais, são bastante
frequentes nessa área emergente (ALMEIDA; DAMIAN, 2015, p. 8).

As humanidades digitais podem ser vistas como um grande campo para o


desenvolvimento de inúmeras políticas públicas e culturais, pensando desde o acesso a
informações históricas e culturais, no empoderamento das pessoas e da sociedade em
geral por meio da utilização das TICs, sendo assim, vistas como um espaço de saberes
acadêmicos e protagonismo social (ALMEIDA; DAMIAN, 2015).

REFLITA

“É preciso lembrar que a BNCC também apresenta, entre as competências gerais que
os estudantes devem desenvolver até o fim da educação básica, os conceitos de cultura
digital, pensamento crítico e comunicação, entre outros, que dialogam diretamente com
a ideia de educação midiática” (THOBIAS, 2021, p.1).

Oriento que leia a reportagem completa para entender a questão abaixo:


Sobre isso, como você entende que as Humanidades Digitais podem espelhar na
Educação?

Fonte: Thobias (2021).

#SAIBA MAIS#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa terceira unidade de discussão sobre


a disciplina de Prática de ensino: Estratégias e Tecnologias.
Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você compreendesse
um pouco mais sobre o Tecnopólio, que se caracteriza como sendo a rendição da
sociedade à tecnologia, em que as pessoas, de forma geral, veem a tecnologia e a
ciência como uma crença fiel, de forma que ambas possam designar os rumos da
sociedade em geral. Com isso, percebe-se que a tecnologia passa a ser peça principal
em nosso cotidiano e, sem ao menos percebermos, passamos a criar hipóteses apenas
por acreditar que isso seja o correto.
No segundo tópico de discussão foram apresentadas as definições de
Cibercultura, que pode ser entendida como uma cultura contemporânea que passa a
ser estruturada por meio da utilização das novas tecnologias da informação e da
comunicação em redes de ciberespaço. Em suas primeiras discussões e definições era
vista como um modelo híbrido da internet e tecnologia, vez que envolve pessoas em
processos de comunicação por meio das redes sociais.
No terceiro momento discutimos sobre a Virtualização, e foi possível verificar que
é entendida como uma diferenciação da atualização, vez que ela é vista como sendo a
transição do atual para o virtual, o que deixa de lado a realidade, e aumenta-se a variação
de espaços, tempos e comunicações.
Por fim, discutimos sobre as Humanidades Digitais. Você pode verificar que se
refere a um novo campo do conhecimento e do saber; de forma acadêmica, possui cunho
interdisciplinar entre os campos das humanidades em geral, vez que apresenta
metodologias específicas associadas a recursos tecnológicos.
Para uma ampliação do conhecimento acerca dos assuntos abordados nesta
unidade, não deixe de acessar os materiais complementares dispostos a seguir.

Até a próxima, bons estudos!


LEITURA COMPLEMENTAR

Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão


Por André Lemos

Introdução

Estamos vivenciando profundas modificações no espaço urbano, nas formas sociais e


nas práticas da cibercultura com a emergência das novas formas de comunicação sem
fio. Duas formas técnicas e correlatos fenômenos sociais serão analisados aqui: as
práticas com telefonia celular, que estão transformando o telefone móvel em um “controle
remoto do quotidiano”, e as práticas de conexão à internet sem fio, conhecido como “Wi-
Fi”, oferecendo novas dinâmicas de acesso e de uso da rede nas metrópoles
contemporâneas. A partir dessas tecnologias de comunicação sem fio, analisaremos as
práticas conhecidas como “smart mobs” e “flash mobs”. O que pretendemos mostrar é
que a era da informação, caracterizada pela transformação de átomos em bits
(Negroponte, 1995), pela convergência tecnológica e pela informatização total das
sociedades contemporâneas (Castells, 1996) passa hoje por uma nova fase, a dos
computadores coletivos móveis, que chamaremos aqui de “era da conexão” (Weinberger,
2003), caracterizando-se pela emergência da computação ubíqua, pervasiva (“pervasive
computing”, permeante, disseminada) ou senciente3.

Cidade, cibercultura e conexão

A informatização da sociedade, que começa na década de 70 do século XX, parece já


estar estabelecida nas principais cidades ocidentais desenvolvidas. O que está em jogo
nesse começo de século XXI é o surgimento de uma nova fase da sociedade da
informação, iniciada com a popularização da internet na década de 80, e radicalizada
com o desenvolvimento da computação sem fio, pervasiva e ubíqua, a partir da
popularização dos telefones celulares, das redes de acesso à internet sem fio (“Wi-Fi” e
“Wi-Max”) e das redes caseiras de proximidade com a tecnologia “bluetooth”4. Trata-se
de transformações nas práticas sociais, na vivência do espaço urbano e na forma de
produzir e consumir informação. A cibercultura (Lemos, 2002) solta as amarras e
desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se
desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa
conexão generalizada.
O desenvolvimento da cibercultura se dá com o surgimento da microinformática
nos anos 70, com a convergência tecnológica e o estabelecimento do personal computer
(PC). Nos anos 80-90, assistimos a popularização da internet e a transformação do PC
em um “computador coletivo”, conectado ao ciberespaço, a substituição do PC pelo CC
(Lemos 2003). Aqui, a rede é o computador e o computador uma máquina de conexão.
Agora, em pleno século XXI, com o desenvolvimento da computação móvel e das novas
tecnologias nômades (laptops, palms, celulares), o que está em marcha é a fase da
computação ubíqua, pervasiva e senciente, insistindo na mobilidade. Estamos na era da
conexão. Ela não é apenas a era da expansão dos contatos sobre forma de relação
telemática. Isso caracterizou a primeira fase da internet, a dos “computadores coletivos”
(CC). Agora temos os “computadores coletivos móveis (CCm)”. Podemos esboçar uma
pequena cronologia.
[...]

Caro(a) aluno(a), oriento que você faça a leitura do material na íntegra:

Fonte: LEMOS, André. O que é cibercultura? Professor Wagner Verchai de Lima, Porto Alegre, 2013.
Disponível em: https://profwagner.wordpress.com/2013/09/05/o-que-e-cibercultura/. Acesso em: 30 mar.
2021.
LIVRO

• Título: Cibercultura e formação de professor


• Autor: Maria Teresa de Assunção Freitas
• Editora: Autêntica.
• Sinopse: O tema da formação de professores se faz
presente em interessantes publicações brasileiras,
focalizando a partir de diferentes abordagens. No entanto,
ainda é pouco o que se tem publicado sobre as possíveis
relações entre a cibercultura e a formação de professores.
FILME/VÍDEO
• Título: Humanidades digitais e os desafios do Ensino
Aprendizagem Onlife
• Ano: 2020
• Sinopse: ESUD 2020 - Dia 13, 14h - Humanidades
digitais e os desafios do Ensino Aprendizagem Onlife
Introdução: Raniê Solarevisky Palestrante: Sara Dias-Trindade Mediação: Karina
Márcon
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4kessKV2Mlk
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. A. de; DAMIAN, I. P. M. Humanidades digitais: um campo praxiológico


para mediações e políticas culturais. In: XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência
da Informação, 2015, João Pessoa. Anais [...], João Pessoa: ENANCIB, 2015.

ALVES, D. As humanidades digitais como uma comunidade de práticas dentro do


formalismo acadêmico: dos exemplos internacionais ao caso português. Ler História,
2016.

BARBOSA, L. C. A.; MARCELINO, L.; BAZZO, W. A. O Tecnopólio de Postman vem


contaminando a educação atual? In: III Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e
Tecnologia, 2012, Ponta Grossa. Anais [...], Ponta Grossa: SINECT, 2012.

CARRER, J. Técnica conduzindo vidas. Criar Educação – Revista do programa de


Pós-Graduação em Educação da UNESC, 2016.

CARVALHO, G. G. Estudos Sociais. Curitiba: Contentus, 2020.

GUERREIRO, D.; BORBINHA, J. L. Humanidades Digitais: novos desafios e


oportunidades. Revista Internacional del Libro, Digitaliización y Bibliotecas, v. 2, n.
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JUNGBLUT, A. L. A heterogenia do mundo on-line: algumas reflexões sobre


virtualização, comunicação mediada por computador e ciberespaço. Horizontes
antropológicos, Porto Alegre, v. 10, n. 21, jan./jun. 2004.

LEMOS, A. O que é cibercultura? Professor Wagner Verchai de Lima, Porto Alegre,


2013. Disponível em: https://profwagner.wordpress.com/2013/09/05/o-que-e-
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LÉVY, P. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

MENDES, J. N. B. Virtualização: o virtual em mídias e Educação no Ensino


Profissional. 2002. 59f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Mídias e
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OLIVEIRA, B. O virtual, o real e o atual – como é viver em uma sociedade virtual,


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PIMENTA, F. J. P. O conceito de virtualização de Pierre Lévy e sua aplicação em


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PIMENTA, R. M. Os objetos técnicos e seus papéis no horizonte das humanidades


digitais: um caso para a ciência da informação. Revista Conhecimento em Ação, Rio
de Janeiro, v. 1, n. 2, jul./dez. 2016.

REZENDE, J. Z. Cibercultura. Curitiba: Contentus, 2020.

SANTOS, E. A cibercultura e a educação em tempo de mobilidade e redes sociais:


conversando com os cotidianos. In: FONTOURA, H. A. da; SILVA, M. (Orgs.). Práticas
Pedagógicas, Linguagem e Mídias: Desafios à Pós-graduação em educação e suas
múltiplas dimensões. Rio de Janeiro: ANPEd Nacional, 2011. p. 75-98.

SILVA, M. Cibercultura e educação: a comunicação na sala de aula presencial e online.


Revista FAMECOS, Porto Alegre, n. 37, p. 69-74, dez. 2008.

SILVA, M. Educar na Cibercultura: desafios à formação de professores para a docência


em cursos online. Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e
Design Digital, São Paulo, n. 3, p. 36-51, jan./jun. 2010.

SILVA, M. L.; GRIMALDI, S. S. L.; FELL, A. F. de A. Tecnopólio: a rendição da cultura à


tecnologia. Revista de Gestão e Tecnologia, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 202-206,
jul./dez. 2013.

SOUSA, M. C. P. de. As Humanidades Digitais Globais? Ciclo de Conferências:


Congresso Humanidades Digitais em Portugal (Universidade Nova de Lisboa,
8/10/2015), CIDEHUS (Universidade de Évora, 6/10/2015), Programa Materialidades
da Literatura (Universidade de Coimbra, 12/10/2015). 2015. Disponível em:
http://humanidadesdigitais.org/hd2015/. Acesso em: 31 mar. 2021.

THOBIAS, E. Afinal, o que é a Educação midiática? Gazeta do povo, Curitiba, 2021.


Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/educacao-e-midia/afinal-o-que-
e-educacao-midiatica/. Acesso em: 14 abr. 2021

VENTURI, E. R. Desafios da tecnopolítica e do tecnopólio a partir da filosofia


contemporânea do direito e do estado. Percurso, Curitiba, v. 2, n. 21, p. 43-46, 2017.
UNIDADE IV
EDUCAR NA ERA DIGITAL – FORMAÇÃO DO PROFESSOR HISTORIADOR
Professor Jhonatan Phelipe Peixoto

Plano de Estudo:
• Métodos de Ensino On-line
• A Educação Onlife
• Nativos ou Nômades Digitais
• O historiador e o uso das tecnologias digitais

Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender os métodos de Ensino On-line
• Compreender a Educação Onlife
• Conceituar sobre os Nativos e Nômades digitais
• Analisar sobre o historiador e o uso das novas tecnologias
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade IV, intitulada “Educar na Era Digital
– formação do professor historiador”, da disciplina de Prática de Ensino: Estratégias e
Tecnologias do curso de Licenciatura em História. Nesta etapa, você irá compreender
um pouco mais sobre algumas informações importantes referentes à formação do
profissional da história por meio da era digital em que estamos inseridos.
No primeiro tópico de discussão desta unidade iremos discutir sobre os métodos
de ensino on-line, e você poderá compreender e analisar quais são os métodos de
ensino/aulas mais utilizados como estratégias pedagógicas na atual sociedade, a da Era
Digital.
No segundo momento de discussão, será abordada a definição de educação
onlife, de forma que você possa verificar a definição dessa nova experiência de realidade
hiperconectada, não fazendo mais sentido questionar-se se estamos on-line ou off-line.
No terceiro tópico iremos conceituar e compreender sobre os Nativos Digitais e
sobre os Nômades Digitais. Você poderá identificar em qual perfil estamos inseridos
atualmente e como esses perfis se enquadram em nossas práticas, sejam pedagógicas
ou profissionais.
Já no quarto e último tópico iremos discutir sobre o historiador e o uso das novas
tecnologias. Será possível compreendermos sobre como o uso dos recursos tecnológicos
podem agregar e modificar a prática do profissional historiador e do docente dessa área.

Bons Estudos!!!
1 MÉTODOS DE ENSINO ON-LINE

Caro(a) aluno(a), neste primeiro tópico de discussão de nossa última unidade


iremos compreender mais sobre os diferentes métodos de ensino on-line, e para
fundamentar nossa leitura, iremos nos basear, principalmente na obra de Tony Bates
(2017) intitulada Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem.
Bates (2017) enfatiza que a aprendizagem abordada de maneira on-line tem
influenciado, de maneira cada vez mais ativa, o ensino conhecido tradicionalmente como
presencial, que acontece dentro das escolas, proporcionando, assim, novos métodos e
modelos de ensino e aprendizagem.

Um avanço similar ocorreu com a aprendizagem online. Inicialmente,


havia duas influências distintas: designs do ensino em sala de aula e
designs herdados da educação a distância baseada em livros ou
multimídia. Ao longo do tempo, entretanto, novos designs que exploravam
as características únicas da aprendizagem online começaram a emergir.
A grande mudança é o ambiente de aprendizagem. Sendo assim, em vez
de falar sobre métodos de ensino (aplicáveis para a sala de aula e online),
começo a falar sobre modelos de design, em que um método de ensino é
deliberadamente adaptado ao ambiente de aprendizagem (BATES, 2017,
p. 156).

Dando início, então, a nossa discussão será acerca dos métodos de ensino on-
line, os quais se referem ao ensino presencial, mas foram adaptados para um modelo
que atendesse os recursos e formatos tecnológicos. O primeiro exemplo que temos é a
Gravação de aulas expositivas:

Esta tecnologia, que automaticamente grava as aulas, foi originalmente


criada para enriquecer o modelo de sala de aula, possibilitando que os
alunos regulares de uma sala pudessem assistir às aulas expositivas
quantas vezes quisessem — em outras palavras, uma forma de tarefa de
casa ou revisão (BATES, 2017, p. 157).

De acordo com Godoy (1997b, p. 75), no método de aula expositiva “[...] é a


técnica de ensino mais antiga e difundida na educação de nível superior”. Ela é
apresentada como a forma de ensino mais utilizada e que as alternativas desta
metodologia têm sido utilizadas mais para integrá-la do que a substituir.

[...] normalmente tem estado mais voltada à transmissão de


conhecimentos. Buscando, fundamentalmente, a aquisição e
compreensão de novos conhecimentos por parte dos alunos, ela tem
sido frequentemente criticada por estimular situações que favorecem
aprendizagens do tipo receptiva (reprodutiva), uma vez que na
exposição do conteúdo daquilo que deverá ser aprendido é
apresentado ao estudante na sua forma final [...] (GODOY, 1997b, p.
75).

As aulas expositivas possuem como características fundamentais: a


representação de novos assuntos ao aluno, fazendo com que ele busque o
desenvolvimento de uma atitude favorável para possíveis aprendizagens futuras;
despertar um interesse específico ao acadêmico; apresentação do plano de ensino no
início da disciplina, de forma que o aluno passe a entender e saber o que irá estudar;
(GODOY, 1997b).
Pensando neste mesmo contexto, temos a técnica de Ensino em Pequenos
Grupos, muito utilizada no ensino on-line. Essa técnica vem sendo debatida desde o
início do século XXI, tendo sua origem no movimento da Escola Nova, quando se era
questionada a escola de cunho autoritário que era vigente naquela época. De acordo
com Godoy e Cunha (1997), em algumas pesquisas é notável que no trabalho em
pequenos grupos, os estudantes utilizam um nível de raciocínio superior. Vale ressaltar
que,

[...] também chamado de aprendizagem cooperativa, o ensino em


pequenos grupos vem recebendo atenção como alternativa às aulas
expositivas. Nesta forma de trabalho, o estudante ganha papel principal,
é na sua atividade que se concentram professor e aluno (GODOY;
CUNHA, 1997, p. 83).

As autoras supracitadas ainda relatam que nessa técnica de ensino os objetivos


são de levar os discentes a se expressarem durante o processo de ensino e
aprendizagem, de forma que possam falar e pensar para que haja um desenvolvimento
e crescimento pessoal de competência. É importante ressaltar que, para a modalidade
EAD, essa metodologia de ensino se torna válida pelo fato de que os alunos não
possuem, muitas vezes, a presença física do professor, podendo, assim, utilizar por
meio do grupo de estudos um novo meio de buscar uma aprendizagem mais
significativa.
Outra metodologia que a autora defende é a metodologia de ensino baseado
em recursos tecnológicos e ensino individualizado é utilizada há mais de 50 anos
e para o ensino superior na modalidade EAD é a metodologia mais discutida. Parte-se
da ideia de que o aluno pode aprender de forma mais eficiente a partir do momento em
que estuda sozinho por intermédio de materiais e recursos desenvolvidos pelo
movimento denominado “Tecnologia da Educação” (GODOY, 1997a).

A expressão ensino individualizada é utilizada para aquelas formas de


instrução que priorizam o indivíduo ao invés do grupo. Muitas propostas
de ensino individualizado foram desenvolvidas a partir dos anos 60.
Dentre elas podemos citar: o Plano Keller, o Módulo Instrucional, o
Mastery Learning, o IPI (Individually Prescribed Instruction), o Plan
(Program for Learning in Accordance with Needs), o Audiotutorial
Approach e a Instrução por Computador. Apesar desta diversidade,
algumas características básicas orientam tais propostas (GODOY,
1997a, p. 102).
Tal ideia de individualização de ensino parte do pressuposto de que as
metodologias e didáticas de ensino que tratam todos os alunos de maneira igualitária e
similar não conseguem identificar e atender as dificuldades de todos os discentes
envolvidos no contexto de ensino e aprendizagem.
As abordagens aqui apresentadas, a saber: a aula expositiva, o trabalho em
grupos e o ensino individualizado, vêm sendo muito utilizadas nas salas de aula do
Ensino Superior na educação a distância. No entanto, compreende-se que utilizadas de
forma descontextualizada ou sem a compreensão de que o processo de ensino e
aprendizagem se dá por meio da interação e mediação entre professor e aluno. Essas
metodologias não promovem uma aprendizagem significativa, pois o objeto do
conhecimento não é aproximado à realidade social do acadêmico.

Bates (2017) menciona sobre os cursos utilizando ambientes virtuais de


aprendizagem – AVAs: são softwares que possibilitam aos docentes e alunos se
conectarem e trabalharem dentro de um ambiente on-line de aprendizagem que são
protegidos por sistemas de senhas. Tais modelos de AVAs, como o moodle, por
exemplo, são pensados justamente para serem utilizados como se fossem, de fato, uma
réplica da sala de aula tradicional e presencial.

Há unidades ou módulos semanais, o professor seleciona e apresenta o


material aos alunos em sala ao mesmo tempo, um grupo grande de
matriculados pode ser organizado em seções menores com seus
próprios professores, há oportunidades para discussões (online), os
alunos trabalham com os materiais seguindo um ritmo semelhante e a
158 Educar na era Digital avaliação e os trabalhos ocorrem ao final do
curso (BATES, 2017, p. 157-158).

Outro modelo de ensino on-line mencionado pelo autor supracitado é a


aprendizagem colaborativa on-line, na qual é enfatizado que a concordância de
abordagens construtivistas para o processo de ensino e aprendizagem e a disseminação
das redes de internet levaram ao desenvolvimento de uma forma de ensino
construtivista, chamada de comunicação medida por computadores (CMC), ou
aprendizagem em rede. Ela evoluiu para o que chamamos hoje de aprendizagem
colaborativa on-line, em inglês online collaborative learning (OCL).

A teoria da OCL propõe um modelo de aprendizagem em que os alunos


são encorajados e apoiados para trabalhar juntos a fim de construir
conhecimento: para inventar, explorar maneiras de inovar e, assim,
buscar o conhecimento conceitual necessário para resolver problemas
em vez de recitar o que eles acreditam ser a resposta correta. Apesar de
a teoria da OCL encorajar os aprendizes a serem ativos e engajados,
isso ainda não é considerado suficiente para a aprendizagem e a
construção de conhecimento [...]. Na teoria da OCL, o professor assume
um papel-chave não como um aprendiz-parceiro, mas como um elo para
a comunidade de conhecimento ou estado da arte naquela disciplina. A
aprendizagem é definida como uma mudança conceitual e é primordial
na construção de conhecimento. As atividades de aprendizagem
precisam ser informadas e guiadas pelas normas da disciplina e um
processo de discurso que enfatize a aprendizagem conceitual e construa
conhecimento (HARINSM, 2012 apud BATES, 2017, p. 164).

Percebemos, então, que a OCL integra as teorias do desenvolvimento cognitivo,


que possuem como foco a aprendizagem baseada de forma convencional, em maneiras
de aprendizagens profundas, desenvolvimento do pensamento crítico e acadêmico e a
construção do conhecimento científico (BATES, 2017).

O papel do professor ou instrutor nesse processo é considerado


fundamental, não somente como facilitador do processo e provedor de
recursos e atividades para a aprendizagem, mas também como
representante de uma comunidade de conhecimento ou assunto
específico, assegurando que os conceitos, práticas, padrões e princípios
essenciais do assunto estudado sejam completamente integrados ao
ciclo de aprendizagem (BATES, 2017, p. 165).
Figura 1 - Aplicação da OCL

Fonte: Harasim (2012 apud BATES, 2017, p. 166).

Por fim, Bates (2017) apresenta, em suas discussões, a aprendizagem baseada


em competências, que nada mais é do que iniciar pela identificação de competências e
habilidades específicas, de forma que possibilite aos alunos desenvolver cada habilidade
ou competência de acordo com o seu próprio ritmo de aprendizagem, o que geralmente
utiliza de um mentor em seu processo de ensino e aprendizagem.
Nessa metodologia de ensino on-line, os discentes podem desenvolver somente
as competências ou habilidades que acreditam serem necessárias para si mesmos, ou
até mesmo combinarem um conjunto de competências pensados em uma qualificação
como, por exemplo, uma certificação, uma medalha ou até mesmo uma graduação
(BATES, 2017).

Os alunos trabalham individualmente, normalmente online, em vez de em


turmas. Caso os aprendizes possam demonstrar proficiência em certa
competência ou habilidade, por meio de um teste ou alguma forma de pré-
avaliação, são autorizados a avançar para o próximo nível de
competência sem ter que repetir um curso prescrito para aquela
competência. A aprendizagem baseada em competências é uma tentativa
de fugir do modelo da sala de aula regularmente agendada, em que os
alunos estudam a mesma matéria ao mesmo tempo em grupo (BATES,
2017, p. 172).
Dessa forma, mediante ao que foi citado, podemos compreender que o valor
referente à aprendizagem baseada por competências para o desenvolvimento de
competências e habilidades práticas e vocacionais é cada vez mais entendido e é o
modelo que vem cada vez mais sendo utilizado na Educação que pretende esse
desenvolvimento.

SAIBA MAIS

Aprendizagem Baseada em Competências na EaD

Embora os modelos tradicionais ofereçam aprendizado baseado em competências


há muito tempo, o setor de eLearning acaba de começar a ver todo o seu potencial.

O que é a aprendizagem baseada em competências?

Embora essa abordagem de aprendizado tenha muitos benefícios, apenas alguns


instrutores e designers podem implementar adequadamente o conceito em seus
treinamentos on-line. Por esse motivo, apresentamos este artigo para mostrar os
principais conceitos de aprendizagem baseada em competências (CBL). Neste artigo,
veremos o que é o aprendizado baseado em competências, seus principais conceitos e
como implementá-lo pode beneficiar seu treinamento online.
Para começar, o que é competência? Competência é a capacidade de uma pessoa
praticar o conhecimento adquirido ao longo do tempo. A competência é mensurável, pois
você pode comparar as habilidades e o conhecimento de dois ou mais indivíduos com
base no desempenho em um trabalho específico. Ser competente significa que você não
apenas possui o conhecimento necessário para executar uma tarefa, mas também possui
as habilidades necessárias para fornecer soluções importantes para os problemas da
vida real.
A aprendizagem baseada em competências é uma abordagem de aprendizagem
em que os alunos passam de um nível de aprendizado para um nível mais alto, com base
na demonstração de conhecimento, e não no tempo gasto em um curso específico. Essa
abordagem de aprendizado garante que os alunos aprendam no seu próprio ritmo e se
concentrem mais no domínio do conhecimento e de habilidades valiosas. Não se trata de
despejar e forçar o conhecimento dos alunos. Em vez disso, garante que os alunos
mantenham o conhecimento e obtenham um grau específico de domínio de um
determinado assunto antes de passar para o próximo nível de aprendizado.

Benefícios práticos da implementação da CBL em seu treinamento online

Concentre-se no domínio

O principal objetivo do aprendizado baseado em competências é que os alunos


não podem passar para o próximo nível de treinamento, a menos que demonstrem
domínio de algumas habilidades específicas. Para garantir os melhores resultados, você
deve definir um resultado de aprendizado claro e claro desde o início dos módulos do
curso. Ao fazer isso, os alunos são capazes de entender o que precisa ser feito para
alcançar o domínio das habilidades. Além disso, assegure-se de fornecer feedback de
qualidade quando necessário para ajudá-los a progredir e adquirir o conhecimento certo.

Desenvolvimento Integrado

Um dos benefícios da aprendizagem baseada em competências é que ela se


concentra no desenvolvimento holístico dos alunos. Com essa abordagem de
aprendizado, os alunos podem aprender a adquirir conhecimentos e habilidades e aplicá-
los a problemas da vida real. Também os ajuda a desenvolver a atitude de querer
aprender mais e desenvolver suas habilidades.

Relevância para o mundo real

Sem dúvida, a aprendizagem baseada em competências ajuda os alunos a se


tornarem relevantes no mundo real. Isso porque se concentra mais na aplicação prática
do conhecimento adquirido. Portanto, para permitir que seus funcionários se tornem
relevantes com seu aprendizado baseado em competências, assegure-se de criar
módulos instrucionais eficazes. No entanto, garanta que os módulos não exponham fatos,
mas também utilizem estudos de caso e cenários que acionem a aplicação prática do
conhecimento.

Fonte: APRENDIZAGEM baseada em Competências na EaD. Instituto de Desenho Instrucional,


Curitiba, 2021.Disponível em: https://www.desenhoinstrucional.com/post/aprendizagem-baseada-em-
compet%C3%AAncias-na-ead. Acesso em: 2 abr. 2021.
#SAIBA MAIS#
2 A EDUCAÇÃO ONLIFE

De acordo com Schlemmer, Di Felice e Serra (2020), o termo onlife se refere a


uma nova experiência de realidade hiperconectada em que não faz mais sentido
questionar-se se estamos on-line ou off-line. Nesse manifesto, compreende-se que as
tecnologias digitais não são mais vistas apenas como ferramentas ou recursos a serem
utilizados em nosso dia a dia, mas sim vistas como forças ambientais que modificam
quem somos, as nossas maneiras de socialização, nossa concepção de realidade e
nossas interações com a realidade.
Os autores supracitados reforçam que o manifesto entendido como onlife percebe
que a hiperconectividade provoca quatro transformações macro em nossa sociedade,
são elas:

a) a distinção difusa entre realidade e a virtualidade; b) a distinção difusa


entre humano, máquina e natureza; c) a mudança da informação escassa
para a informação abundante; d) a mudança da ênfase nas propriedades
individuais e binárias, para a primazia das interações, processos e redes
[...]
O OnLIFE, onde “real” e “virtual” se (con)fundem é algo que nos instiga a
repensar, de forma imprescindível, todas as atividades humanas e,
principalmente, a Educação. A começar pelos conceitos de “real” e
“virtual”. Compreendemos que o específico dessa nova realidade, o que
faz com que ela seja hiperconectada, é o digital, em rede, sendo o virtual
(virtus-potencia), o que emerge dessa nova realidade e, enquanto
potência, não é específico do digital, mas sempre existiu, na história da
humanidade. Por outro lado, o digital também possui uma realidade que
não é feita de átomos, mas de bit. Trata-se, portanto, de uma realidade
de outra natureza que, acoplada à realidade de átomo, potencializa a
hiper-realidade. O humano, assim como todas as coisas, se prolongam
no digital, se acoplam e se hibridizam com ele. Enquanto humano, amplia,
potencializa e exterioriza sua identidade, alteridade, seu viver e conviver,
numa nova realidade hiperconectada, OnLIFE (SCHLEMMER; DI
FELICE; SERRA, 2020, p. 1).
Logo, por meio desse cenário, entendemos que a Educação Onlife acontece por
meio das relações que acontecem através das redes de conexão, por atos conectivos
entre seres humanos e não humanos. No caso dos não humanos, ela não se reduz às
máquinas que operam com instruções humanas, mas sim, que possuem uma inteligência
própria, que interage com o ser humano por meio de dados e realização de Learning
Analytics.

É interessante perceber que o Manifesto inicia com a afirmação de que as


restrições e permissões trazidas pelo mundo digital desafiam os
pressupostos da modernidade. No entanto, a partir do que estamos
vivenciando com o Covid-19, compreendemos que as restrições e
permissões trazidas pelo mundo biológico (vírus) e físico (urbano),
também tem desafiado os pressupostos da modernidade, nos levando a
questionar a visão antropocêntrica, antropomórfica e dualista que temos
do mundo e, consequentemente da educação. Nesse contexto, para além
de uma teoria da ação, centrada no sujeito e que resulta numa pedagogia
ativa e, consequentemente, em metodologias e práticas também
conhecidas como ativas, propomos o ato conectivo, a parti, produzido nas
interações ecossistêmicas entre humanos e não humanos (atores-redes).
Nessas, não há centralidade, mas rede, que pela conectividade se
interliga a outras redes, desenhando uma arquitetura ecossistêmica. Isso
nos instiga a pedagogias relacionais, conectivas, em rede, capaz de
produzir metodologias e práticas inventivas, intervencionistas, reticulares
e conectivas, num habitar atópico (SCHLEMMER; DI FELICE; SERRA,
2020, p. 1).

Com isso, percebemos que esse é o momento ideal para efetivamente discutirmos
sobre a Educação Onlife, quando temos contato com as tecnologias atuais e
desenvolvem-se pedagogias para a nova realidade hiperconectada. Essa educação
indica que seja um contexto em que não haja o dualismo entre off-line e on-line, e que os
recursos tecnológicos não sejam vistos apenas como instrumentos.
Estamos frente a uma discussão em que devemos inovar o ponto de vista
educacional e não reproduzirmos metodologias da modalidade presencial para a on-line,
em que vemos uma situação de aprendizagem invertida, que nos exige muito mais do
que resolvermos problemas, implicando em uma problematização que o mundo provoca.
A partir disso, vemos que estamos passando por um momento de mudança na
aprendizagem. As escolas feitas por sala de aulas passam a ser uma ecologia de
plataformas de dados, acesso, coprodução e compartilhamento de informações de
maneira interativa, o que nos leva a superar a ideia de uma educação numa perspectiva
de cosmograma da rede compartilha de uma ecologia de aprendizagem num processo
de educação onlife, numa relação de atores humanos e não humanos (SCHLEMMER; DI
FELICE; SERRA, 2020).

Na realidade, mais do que esta visão redutora da tecnologia, é necessário


mudar de paradigma, para o paradigma do Onlife, termo que teve origem
no projeto Iniciativa Onlife, lançado pela Comissão Europeia, que se
preocupou, essencialmente, em compreender o que significa ser humano
numa realidade hiperconectada. No The Onlife Manifesto (FLORIDI,
2015), publicação resultante do projeto, onde se defende o fim da
distinção entre o offline e o online, concluiu-se que as TD e as redes de
comunicação não podem ser encaradas como meras ferramentas,
instrumento, recurso, apoio, mas forças ambientais que, cada vez mais,
afetam a nossa auto-conceção (quem somos), as nossas interações
(como socializamos), como ensinamos e como aprendemos, enfim, a
nossa concepção de realidade e as nossas interações com a realidade.
Sendo que, em cada um dos casos, as TD possuem significado em termos
éticos, legais e políticos provocando o enfraquecimento da distinção entre
realidade e virtualidade; o enfraquecimento da distinção entre humano,
máquina e natureza; a reversão de uma situação de escassez para
abundância de informação; e a passagem da primazia das propriedades,
individualidades e relações binárias para a primazia das conectividades,
processos e redes (MOREIRA; SCHLEMMER, 2020, p. 25).

Vemos, então, que essa compreensão de realidade hiperconectada é resultado de


uma hibridização do mundo biológico, do físico e do digital, que nos exige rever as
epistemologias e teorias que não conseguem alcançar sua complexidade, pois limitam o
agir apenas de humanos, numa visão antropocêntrica. Esta é evidenciada tanto com as
tecnologias digitais, usadas como ferramenta de apoio a serem usadas pelos humanos,
quanto com as tecnologias digitais enquanto inteligências, que tem o humano como
produtor, numa composição de desenvolvimento de consciência crítica (MOREIRA;
SCHLEMMER, 2020).

REFLITA

Baseando-se na ideia de que concepção OnLIFE se refere à uma nova experiência de


hiperconectividade, em que não é mais viável discutir se estamos on-line ou off-line, como
essa nova realidade interfere no atual momento da educação?
Fonte: o autor.

#REFLITA#
3 NATIVOS OU NÔMADES DIGITAIS

Caro(a) acadêmico(a), neste momento de nossa apostila de estudos iremos


discutir sua formação na era digital, compreendendo as questões acerca de Nômades
Digitais e Nativos Digitais. Em qual perfil nos enquadramos? Vamos descobrir?
O termo nativo digital foi criado por Marc Prensky e caracteriza um nativo digital
como aquele indivíduo que nasceu e cresceu com as tecnologias presentes em seu
cotidiano e em suas práticas, caracterizando, assim, novos alunos para a atualidades,
esses considerados “falantes nativos” da linguagem digital dos computadores, vídeo
games e internet (PRENSKY, 2001).
Neste contexto, os nativos digitais são acostumados a ter todas as informações
que querem muito rapidamente, independentemente de sua idade, vez que já nascem
envolvidos com a tecnologia, o que de certa forma, remete a eles o gosto de processar
várias coisas ao mesmo tempo e realizar diversas tarefas juntas. Eles preferem, na
maioria das vezes, um acesso aleatório e ligação a uma rede de contatos, pois é mais
fácil buscar uma informação de forma on-line, com apenas um clique, do que ler vários
livros, essa é a realidade dessas pessoas.
Bittencourt e Albino (2017) complementam que, no atual cenário em que nossa
sociedade está inserida, há mais espaço para as tecnologias digitais que já existem e as
que ainda estão por vir. Por conta disso, nos deparamos a todo momento com recursos
tecnológicos em nosso meio; crianças e adolescentes possuem acesso facilitado a
dispositivos móveis, smartphones e tablets. Vemos como exemplo uma criança de 4 - 5
anos de idade, acessando facilmente vídeos e jogos infantis sem a mediação de um
adulto, tudo isso devido ao fato de, desde o seu nascimento e devido a era digital que
estamos inseridos, ter o acesso cada vez mais facilitado aos mais variados recursos
tecnológicos, deixando de lado as brincadeiras tradicionais e se tornando reféns da
tecnologia para realizarem todas as suas demandas.

[...] o termo nativo digital foi sugerido para designar os nascidos a partir
de 1990 e que apresentam características como familiaridade com o
computador, com os recursos da internet e a capacidade de receber em
informações rapidamente, processar em vários assuntos
simultaneamente e desempenhar em múltiplas tarefas. Como nem todos
têm fácil acesso ao computador e aos recursos da internet, pode-
se falar em usuários nativos digitais sem associá-los diretamente a uma
faixa etária específica (BITTENCOURT; ALBINO, 2017, p. 212).

Bates (2017) ressalta que os nativos digitais são aquelas pessoas/alunos que têm
acesso e imersão facilitados com a tecnologia digital, eles pensam e aprendem de
maneira diferente do ensino tradicional – sem uso de recursos tecnológicos – como sendo
um resultado dessa imersão sobre as mídias digitais. Hoje, a maioria dos estudantes
nascem e crescem envolvidos com a tecnologia e as mídias sociais, eles utilizarão as
novas tecnologias da informação e comunicação para o processo de ensino e
aprendizagem.

[...]os nativos digitais têm habilidades para usar as TDIC, além de se


relacionarem com outras pessoas por meio das novas mídias, blogs e
redes sociais e de aproveitarem, assim, as possibilidades disponibilizadas
pelas novas tecnologias. Baseado em uma revisão de literatura sobre as
características particulares apresentadas pelos nativos digitais e em sua
própria pesquisa, [...] confere a esses jovens atributos como a convivência
com computadores e videogames; conexão online constante; expressão
e comunicação por meios mediados pelas tecnologias digitais;
relacionamento com muitas pessoas nas redes sociais com quem
compartilham fotos e vídeos, vários dos quais nunca conheceram
pessoalmente; pesquisas sobre informações necessárias ou desejadas
nas ferramentas de busca; tendência a executar várias atividades
simultaneamente, ou seja, multitarefas; e recebimento e processamento
rápido de informações (COSTA; DUQUEVIZ; PEDROZA, 2015, p. 604).
Com isso, percebemos que o uso de recursos tecnológicos digitais aliados ao
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem está ligado a uma nova
construção simbólica da cultura, uma vez que está sendo resultante de um impacto na
constituição subjetiva de como os nativos digitais aprendem. Por conta disso, os sujeitos
envolvidos nesse contexto passam a ser peças na cultura digital, possuindo
conhecimentos das tecnologias e recursos cada vez mais facilitados (COSTA;
DUQUEVIZ; PEDROZA, 2015).

Essa geração nasceu, cresceu e se desenvolveu em um período de


grandes transformações tecnológicas e, por suas correlações com esse
meio digital, adquiriram competências e habilidades que lhes permitem
desenvolverem diferentes atividades a partir desses novos meios de
comunicação tecnológica (COELHO, 2012, p. 90).

Complementando todo o contexto apresentado, Coelho (2012) menciona que os


nativos digitais possuem como habilidade a realização de inúmeras coisas ao mesmo
tempo, característica essa muito frequente na geração atual. Nessa nova geração os
indivíduos/crianças não se amedrontam diante de desafios gerados pelas tecnologias,
experimentam e vivenciam muitas possibilidades que são oferecidas pelos recursos
digitais.
Destarte a isso, compreendemos então, que os chamados nativos digitais passam
grande parte de seus dias e de suas atividades de forma on-line, trocando mensagens,
navegando na internet, acessando jogos, tudo isso de maneira simultânea e cada vez
mais natural, devido ao fácil e desenvolvido acesso às redes de internet e recursos
tecnológicos, desde quando nascem.
Já os Nômades digitais são vistos como aquelas pessoas que se aproveitam da
tecnologia como um instrumento facilitador para realização das tarefas diárias de sua
profissão de forma remota. Por conta disso, não dependem de uma base fixa para
trabalharem, conduzindo seu estilo de vida de maneira nômade, pois podem exercer suas
funções em qualquer lugar que tenha acesso à internet e recursos tecnológicos.
De acordo com Gomes (2019, p. 6), “os nômades digitais representam um novo
estilo de vida, caracterizado principalmente pela liberdade constante utilizando a
tecnologia como aliado para conciliar o turismo e o trabalho no seu dia a dia [...]”. Com
isso, entendemos que essas pessoas representam um novo meio de trabalho emergente
e com muitos desafios específicos devido à associação do trabalho remoto com os
recursos tecnológicos.

[...] os nômades digitais são pessoas com habilitações literárias de nível


superior, que já não se identificam com uma vida de trabalho considerada
“normal” na sociedade atual. Os nômades digitais normalmente viajam
acompanhados e procuram seguir, mesmo que minimamente, uma rotina
para manter a organização do trabalho. Em cada novo destino começam
por ter comportamentos bastante aproximados de alguns turistas
alternativos já conhecidos e parecem trazer alguns impactos positivos na
economia local, bem como ao nível da preocupação com a preservação
e conservação local (GOMES, 2019, p. 6).

Os nômades digitais possuem como ideal de trabalho navegar pelos diferentes


locais da mesma forma como navegam pelas redes móveis, tendo, assim, uma nova
possibilidade de trabalho devido aos grandes avanços das tecnologias e os seus
impactos em nossa sociedade, formando assim uma sociedade de rede (MATOS, 2018).
Com isso, podemos concluir que, devido ao advento das novas tecnologias, acaba
surgindo o movimento chamado “nômades digitais”, que são as pessoas que buscam na
tecnologia uma melhor maneira de realizar o seu trabalho remotamente, no local que
julgar necessário e mais fácil, reinventando, assim, as formas de trabalhar que
conhecemos e estamos acostumados a lidar. Isso tudo devido a facilidade que as novas
tecnologias nos proporcionam para atuarmos em qualquer lugar e hora, bastando apenas
ter a sua disposição um dispositivo móvel conectado à internet.

REFLITA

Pensando nessas informações acerca dos nativos e nômades digitais – um desde


quando nasce possui o acesso facilitado aos recursos tecnológicos, e o outro se apropria
desses recursos como facilitador de seu trabalho –, você se considera um nativo ou
nômade digital?

Fonte: o autor.

#REFLITA#
4 O HISTORIADOR E O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao último tópico de nossa última unidade da apostila


da disciplina “Prática de Ensino: Estratégias e Tecnologias”, e neste momento iremos
conhecer um pouco mais como se dá a atuação do historiador frente ao uso das novas
tecnologias da comunicação e informação.
Para isso, primeiramente, precisamos compreender um pouco mais sobre a
postura dos docentes frente às novas tecnologias educacionais. Wunsch e Fernandes
Junior (2018) evidenciam que ao se pensar sobre a prática dos professores de forma
inovadora e pautada no uso de recursos tecnológicos, é válido ressaltar que se fala em
uma competência docente que está associada a dois caminhos, o da visão técnica e o
do professor que visualiza o processo de ensino e aprendizagem como algo coletivo.

Se você acha que a principal competência do professor no século XXI é


ser um entendedor de recursos tecnológicos, sabendo como digitar,
formatar e apenas gravar vídeos em redes sociais, acertou! Mas as
competências vão muito além disso. É importante destacar que saber
utilizar o recurso é algo enfatizado pela sociedade atual. A cada dia são
divulgadas novas pesquisas com porcentagens cada vez maiores de
pessoas com acesso a utensílios digitais (WUNSCH; FERNANDES
JUNIOR, 2018, p. 128).
Por conta disso, entendemos que a postura do professor frente às novas
tecnologias deve ser repensada por meio de suas abordagens metodológicas, incluindo
os recursos tecnológicos, como maneira pedagógica, levando em consideração sobre o
que é ser somente um professor e o que é ser um bom professor na sociedade da
informação em que estamos inseridos. Com base nesse pensamento, as necessidades
dos alunos e a transmissão de experiência ocorre por meio desse processo, a vivência
do professor norteia aquilo que será ensinado.

Ao pensarmos sobre a reflexividade do professor na atualidade,


ampliamos as visões de John Dewey, que, no início do século XX, ao
descrever a Escola Nova, enfatizou que o professor não pode ser apenas
um especialista em sua área: é preciso que reflita sobre a sua função
social. Tal fato é, para Dewey, o grande erro da escola tradicional, que
não traz a realidade social para os conteúdos trabalhados durante as
aulas (WUNSCH; FERNANDES JUNIOR, 2018, p. 131).

Dito isso, devemos levar em consideração a crença de que o docente sempre foi
e sempre será um espelho que refletirá sobre o seu aluno, não apenas questões
educacionais, mas também questões de transformações cotidianas, ou seja, ser
professor é preestabelecer cenários que desenvolvam críticas e reflexões, deixando de
lado o ensino que é apenas questionador e reprodutor (WUNSCH; FERNANDES
JUNIOR, 2018).
Pautando-se, agora, em uma discussão voltada para o professor de história e o
uso das tecnologias, Costa (2015) nos afirma que para o pesquisador/professor de
história, a história de forma digital é algo visto como maravilhoso e entendido como um
desafio em diversos sentidos. Nesse contexto, a internet é vista como um recurso novo
e pouco estudado, o que gera novas demandas na questão da historicidade, marcando
a articulação do saber histórico com o repensar das práticas de historiadores e
professores de história.

Estamos em um momento de transição e, portanto, a fraca visibilidade do


digital nos currículos de formação é compreensível. Muitos professores,
mesmo na Academia, reconhecem a importância do tema, mas não
sabem de que forma trabalhá-los. Defendo, por isso, que a realização de
novas pesquisas nessa área é extremamente importante. Há um avanço,
mas este avanço ainda é – e talvez o seja por muito tempo, justamente
pela “novidade” e por possíveis desconfortos que o digital gera na cultura
escolar e na cultura histórica – acompanhado de muitos perigos e
limitações (COSTA, 2015, p. 161).

Isso reflete na questão de que o ensino de história vem sendo cada vez mais
renovado nos últimos anos, com mais ênfase no que se relaciona à inserção de novas
recursos metodológicos e renovação de temas discutidos, porém, é válido ressaltar que
tais renovações ainda não apresentaram grandes interferências na metodologia do
ensino desta disciplina.
Em relação ao ofício do historiador, a internet é entendida como uma nova
categoria de fontes de pesquisas e práticas profissionais e pedagógicas. Na atual
sociedade, após a disseminação das novas tecnologias, foi possível contar com um
suporte inesgotável de novos recursos. Contudo, o uso das novas tecnologias da
informação e da comunicação ainda são poucas as pesquisas e práticas que se utilizam
da tecnologia como fonte de pesquisa, pois os historiadores ainda se sentem receosos
com o aproveitamento dessas novas metodologias (ALMEIDA, 2011).

Os primeiros trabalhos que utilizam documentos digitais são muito


recentes e, de uma maneira geral, não realizam esta tarefa. Para que os
historiadores aceitem definitivamente os documentos digitais enquanto
fontes primárias, é necessária a sistematização teórica e metodológica
que vai pautar esta prática. Isto só será concretizado quando houver um
número significativo de pesquisas que utilizem fontes digitais. O método
será construído analisando os erros e acertos efetuados nesse processo.
Entretanto, a escassez de referenciais não pode justificar uma falta de
preocupação com o método (ALMEIDA, 2011, p. 1).

Podemos entender que o ofício do historiador, seja na prática ou na docência, se


baseia em fatores históricos e antigos. Os perfis desses profissionais ainda são vistos
como obsoletos, uma vez que, mesmo atualmente, a grande maioria de suas atuações e
práticas são vistas na materialidade do papel, ou seja, utiliza-se os recursos básicos que
se tem como suporte (ALMEIDA, 2011).
A palavra a definir esse momento é “adaptação”. É compreensível que a
historiografia não acompanhe de forma imediata todas as evoluções que as novas
tecnologias apresentam na sociedade contemporânea, mas, se tratando de recursos
tecnológicos, as evoluções são muito rápidas e os impactos dessas evoluções são muito
rápidos e significativos; tendo, assim, a necessidade de uma adaptação cada vez mais
necessária e urgente por meio de um processo dinâmico (ALMEIDA, 2011).

Outro ponto em severa transformação em uma era marcada pelas novas


tecnologias é o contato do historiador com fontes históricas. A
decomposição de documentos, resultado da ação do tempo e da agência
humana, no caso do silenciamento deliberado de arquivos institucionais e
da própria vida por parte de Estados de exceção, são alguns dos fatores
com os quais um historiador deve lidar ao longo de sua pesquisa,
atravessada por certa escassez de registros históricos. Trabalhar com
temas do mundo antigo e medieval, por exemplo, é reconhecidamente
uma tarefa difícil em razão dos obstáculos que minam o acesso às fontes
de períodos tão distantes. Com o advento da internet, todavia, a
abundância de conteúdos à disposição do pesquisador passou a
energizar o seu trabalho, alimentando inúmeros caminhos que dificilmente
seriam seguidos em contextos analógicos. Já não dependemos do
deslocamento geográfico, do gasto com passagens aéreas e
hospedagens, de bolsas de estudos no exterior – ainda que, por óbvio, o
financiamento de pesquisas continue sendo uma política pública de suma
importância (deve, inclusive, ser expandida), e as viagens a trabalho
permaneçam uma realidade. Creio que seja possível afirmar que a
pesquisa se tornou mais fácil com a internet (LAITANO, 2020, p. 179).

Com isso, vemos o quanto a tecnologia agrega ao trabalho do historiador, uma vez
que, por meio dela, as pesquisas, por exemplo, foram facilitadas devido a não
necessidade de deslocamento para determinados locais longínquos e complicados para
realizar tais pesquisas. Já para a docência, os recursos tecnológicos facilitam o trabalho
do professor, pois os alunos estão cada vez mais conectados, e nas aulas isso não pode
ser diferente. Hoje, o docente pode se utilizar de diversos recursos e softwares para
agregar em suas práticas pedagógicas, deixando suas aulas mais atrativas e mais
atualizadas mediante à grande evolução da tecnologia e dos recursos que são proventos
dela.

SAIBA MAIS

Tecnologia na Educação: entenda os benefícios e desafios

Quando pensamos em tecnologia na educação, a primeira ideia que vem à mente


são aparelhos como tablets, computadores inteligentes e robôs. Realmente, esses
recursos estão cada vez mais inseridos nas salas de aula, entretanto a tecnologia e a
inovação fazem parte do ambiente escolar há mais de três séculos.

A evolução da tecnologia da educação

Em 2010, os jornalistas Benjamin Innes e Charles Wilson, em seu artigo “Learning


Machines” (Máquinas de Aprendizado), publicado no jornal estadunidense The New York
Times, abordaram a evolução das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem ao
longo da história, desde o seu início, em 1450.
Na época, os educadores utilizavam uma chapa de madeira com letras e figuras
impressas, chamada Hornbook, para alfabetizar as crianças, através de textos religiosos.
Com o passar dos anos, a ascensão do capitalismo e a Revolução Industrial no
século XVIII, impulsionaram a criação de novas tecnologias, como o quadro negro, o
lápis, o retroprojetor, o rádio e a TV.
Até então, os recursos utilizados nas salas de aula tinham como foco a
disseminação e a apresentação da informação, do professor para o estudante. Neste
processo, pode-se dizer então, que a atuação dos alunos tinha caráter receptivo, ou seja,
a criança recebia aquele conteúdo, mas não necessariamente participava na produção
do conhecimento.
A partir do século 20, a chegada da internet e a ampliação do acesso à
computadores e dispositivos eletrônicos, deu origem a uma vasta gama de equipamentos
e softwares que transformaram a sociedade atual.

Fonte: Vieira (2021).

#SAIBA MAIS#

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa quarta e última unidade de
discussão sobre a disciplina de Prática de ensino: Estratégias e Tecnologias.
Em nosso primeiro momento de discussão foi possível que você compreendesse
um pouco mais sobre os diferentes métodos de ensino on-line. Foram destacados os
principais, que são: gravação de aulas expositivas e aulas expositivas, o ensino em
pequenos grupos, o ensino baseado em recursos tecnológicos e individualizado, o uso
de ambientes virtuais de aprendizagens, a aprendizagem colaborativa on-line e a
aprendizagem baseada em competências.
No segundo tópico de discussão foram apresentadas as principais informações
acerca da educação onlife. Você, caro(a) aluno(a), pode compreender que não há mais
a necessidade de definirmos se estamos on-line ou off-line devido à experiência da nova
realidade hiperconectada.
No terceiro momento discutimos sobre a conceituação dos Nativos Digitais e
Nômades Digitais, compreendendo que os nativos estão relacionados àqueles que já
nascem e crescem envolvidos com a tecnologia, desenvolvendo novos alunos para a
atual educação. Os nômades digitais são aqueles que aproveitam a tecnologia como um
recurso facilitador para a realização de suas práticas profissionais de forma remota, não
necessitando de uma base fixa para trabalharem.
Por fim, discutimos sobre o historiador e o uso das novas tecnologias,
entendendo como os recursos tecnológicos podem interferir na prática profissional dos
historiadores e dos docentes dessa área do ensino. É válido ressaltar que se fala em uma
competência docente que está associada a dois caminhos, o da visão técnica e o do
professor que visualiza o processo de ensino e aprendizagem como algo coletivo
Para uma ampliação do conhecimento acerca dos assuntos abordados nesta
unidade, não deixe de acessar os materiais complementares dispostos a seguir.

Até uma próxima, bons estudos!


LEITURA COMPLEMENTAR

AMPLIANDO CONCEITOS PARA O PARADIGMA DE EDUCAÇÃO DIGITAL ONLIFE

Eliane Schlemmer
José António Moreira

Resumo

A sociedade hiperconectada que vem se potencializando, a partir do desenvolvimento de


tecnologias digitais em rede, tem exigido movimentos disruptivos em diferentes contextos
do viver e do conviver em suas distintas dimensões. O campo da educação,
principalmente, devido à pandemia do COVID-19 que impossibilitou a continuidade do
desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem em contexto de sala de
aula física, pela exigência do isolamento físico, viu-se forçado a usar tecnologias digitais,
em rede, a fim de viabilizar a continuidade de seus processos. Essa situação emergencial
evidenciou a necessidade de discutir e clarificar diferentes conceitos, tais como o de
ensino remoto emergencial, ensino a distância, educação a distância, educação online,
educação aberta, educação digital, entre outros, trazidos por Moreira e Schlemmer
(2020). Assim, na continuidade da apresentação desses conceitos e, com o intuito de
ampliar e adensar a compreensão, bem como identificar o potencial de cada um deles no
contexto do hibridismo e da multimodalidade na educação, irão ser analisados neste texto
os conceitos de mobile learning, pervasive learning, ubiquitous learning, immersive
learning, gamification learning, game based learning, entre outros. Assim o nosso objetivo
principal com este texto, de cariz eminentemente teórico, é contribuir com elementos que
possibilitem a reflexão, auxiliando professores e gestores na superação de desenhos
educacionais baseados na transposição de metodologias e práticas do ensino presencial
na geografia física para uma educação digital em rede e na construção de desenhos
disruptivos para uma educação OnLIFE.

Caro(a) aluno(a), sugiro que faça a leitura do artigo completo por meio da referência:
Fonte: SCHLEMMER, Eliane; MOREIRA, José Antonio. Ampliando conceitos para o paradigma da
Educação Digital OnLIFE. Revista Interacções, Santarém, v. 16, n. 55, p. 103-122, 2020.
LIVRO

• Título: 20% a distância e agora? Orientações práticas para o uso de


tecnologia de educação a distância no ensino presencial.
• Autor: Alda Luiza Carlini e Rita Maria Lino Tarcia (2010).
• Editora: Pearson Education do Brasil.
• Sinopse: Diante de leis que, em alguns casos, permitem que 2 %
das disciplinas de um curso sejam ministradas on-line, os gestores e
profissionais da educação se depararam com uma grande questão: como implantar essa
porcentagem de modo eficiente? Respondendo a essa e a outras questões, 2 % a
distância - e agora?, além de explicar o que de fato significam os 2 % das aulas
ministradas on-line, apresenta diversas ferramentas - como blogs, vídeos, podcasts e
WebQuests - que podem ser usadas por professores e alunos para a ampliação da
qualidade dos processos de ensino e aprendizagem, em sintonia com as demandas da
educação contemporânea. Ideal para professores e gestores das mais diversas áreas e
instituições de ensino superior, é também leitura obrigatória para profissionais da
educação ligados ao ensino médio e à educação corporativa.
FILME/VÍDEO

• Título: Humanidades Digitais e Educação OnLIFE


• Ano: 2020.
• Sinopse: Com a pandemia foi-se necessário repensar
e criar novos métodos de ensino e aprendizagem, e para discutir a temática, a Revista
Espaço Acadêmico (REA), do Departamento de Ciências Sociais (DCS) da Universidade
Estadual de Maringá (UEM) promove nesta segunda-feira (23), às 19h, em parceria com
o Projeto Diversitas, a live ‘Humanidades digitais e educação Onlife’, que faz parte do I
Ciclo Onlifes.
Para a palestrante Renata Oliveira dos Santos, doutoranda do Programa de Pós-
Graduação em Educação- UEM, na área Política e Gestão, é importante refletir sobre as
tecnologias digitais que podem ser meios para transmitir uma boa educação. “Em um ano
que tivemos que adotar o ensino remoto emergencial, se faz necessário refletir sobre a
educação em tempos de pandemia e os desdobramentos do uso digital para o ensino e
a aprendizagem”, conclui.

• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=A5zcte82rKc


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. C. de. O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da internet


como fonte primária para pesquisas históricas. Revista do corpo discente do PPG-
História da UFRGS, n. 8, v. 3, jan./jun. 2011.

APRENDIZAGEM baseada em Competências na EaD. Instituto de Desenho


Instrucional, Curitiba, 2021. Disponível em:
https://www.desenhoinstrucional.com/post/aprendizagem-baseada-em-
compet%C3%AAncias-na-ead. Acesso em: 2 abr. 2021.

BATES, T. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem. São Paulo:


Artesanato Educacional, 2017.

BITTENCOURT, P. A. S.; ALBINO, J. P. O uso das tecnologias digitais na educação do


século XXI. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 12, n.
1, p. 205-214, 2017.

COELHO, P. M. F. Os nativos digitais e as novas competências tecnológicas. Texto


livre – Linguagem e tecnologia, v. 5, n. 2, 2012.

COSTA, M. A. F. Tecnologia, temporalidade e história digital: interpelações ao


historiador e ao professor de história. Revista Mosaico, v. 8, n. 2, p. 173-182, jul./dez.
2015.

COSTA, S. R. S.; DUQUEVIZ, B. C.; PEDROZA, R. L. S. Tecnologias Digitais como


instrumentos mediadores da aprendizagem dos nativos digitais. Revista Quadrimestral
da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 19, n.
3, p. 603-610, set./dez. 2015.

GODOY, A. S.; CUNHA, M. A. V. C. Ensino em pequenos grupos. In: MOREIRA.


D. A. Didática do ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira,
1997. p. 83-99.

GODOY, A. S. Recursos tecnológicos e ensino individualizado. In: MOREIRA, D. A.


Didática do ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997a,
p. 101-113.

GODOY, A. S. Revendo a aula expositiva. In: MOREIRA. Daniel Augusto. Didática do


ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997b, p. 75-82.

GOMES, N. S. Nômades digitais: quem são estes novos turistas. 2019. 156f.
Dissertação (Mestrado em Turismo e Desenvolvimento de Destinos e Produtos) –
Universidade de Évora, Évora, 2019.
LAITANO, B. G. (Con)figurações do historiador em um tempo marcado pela disrupção
tecnológica. Esboços, Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 170-186, maio/ago. 2020.

MATOS, P. Nómadas digitais e a era dos sujeitos móveis: questões de mobilidade,


comunicação e trabalho num estilo de vida location independent. In: ARAÚJO, E.;
RIBEIRO, R.; ANDRADE, P.; COSTA, R. (Eds.), Viver em/a mobilidade: rumo a
novas culturas de tempo, espaço e distância. Livro de atas, Braga: CECS, 2018. p.
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MOREIRA, J. A.SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação


digital onlife. Revista UFG, v. 20, 2020.

PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. On the Horizon, University Press, v.


9, n. 5, out. 2001.

SCHLEMMER, E.; DI FELICE, M.; SERRA, I. M. R. de S. Educação OnLIFE: a


dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem. Educar em Revista,
Curitiba, v. 36, 2020.

SCHLEMMER, E.; MOREIRA, J. A. Ampliando conceitos para o paradigma da


Educação Digital OnLIFE. Revista Interacções, Santarém, v. 16, n. 55, p. 103-122,
2020.

VIEIRA, L. P. Tecnologia na educação: entenda os benefícios e desafios. Revista


Quero, São José dos Campos, 2020. Disponível em:
https://querobolsa.com.br/revista/tecnologia-na-educacao-entenda-os-beneficios-e-
desafios. Acesso em: 14 abr. 2021.

WUNSCH, L. P.; FERNANDES JUNIOR, A. M. Tecnologias na educação: conceitos e


práticas. Curitiba: InterSaberes, 2018.
CONCLUSÃO GERAL

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma etapa do curso Licenciatura em


História e com ela a disciplina de Prática de Ensino: Estratégias e Tecnologias.
Ao longo das quatro unidades foram debatidos assuntos pertinentes a esse tema,
iniciando com a compreensão acerca da Educação e Tecnologia, dando sequência,
analisando a Educação Onlife. Na Unidade III foi possível analisar, também, sobre os
Nativos Digitais ou Nômades Digitais, e, por fim, na Unidade IV foi possível a
compreensão de como se dá a atuação do Historiador e o uso das novas tecnologias.
Partindo dessas concepções, na Unidade I foi possível compreender que a
discussão acerca das tecnologias é algo tão antigo quanto a origem da espécie humana,
pois não está relacionada somente a objetos e técnicas digitais recentes e, por conta da
engenhosidade humana, foram surgindo as mais variadas técnicas e recursos de
tecnologia. Com base nisso, podemos compreender que a tecnologia está associada
àquilo que é pertinente à condição humana, uma ciência da técnica que investiga a
materialização da realidade do indivíduo no que se relaciona aos instrumentos e
máquinas. Em relação à Educação, esta, em conjunto com a tecnologia, é vista como
uma forma de proporcionar aos indivíduos uma construção de seu conhecimento de
forma atualizada, para que, assim, as pessoas estejam preparadas para criar recursos
tecnológicos, saber utilizá-los e desenvolvê-los, a fim de sempre compreender a
importância de sua ligação e constantes mudanças.
Na Unidade II você pode analisar as definições de Educação e Ensino a Distância,
Educação e Ensino Híbrido, Ensino Remoto Emergencial e a Educação no Século XXI.
Nesse tópico, foi possível entender que a Educação e Ensino a Distância (EAD),
entendida como uma modalidade de ensino em que os docentes e alunos estão em
lugares separados, ou seja, fora da sala de aula tradicional. Esta é pensada das mais
variadas formas pelas instituições escolares e, para tal processo, faz-se o uso de
diversas tecnologias da informação e recursos tecnológicos envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem.
Já em relação à Educação e Ensino Híbrido, foi possível analisar que é entendido
como um modelo de ensino que se associa ao uso das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TIDIC), com as atividades realizadas pelos professores
durante o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, se refere à forma de ensino que
combina atividades presenciais com atividades on-line, realizadas por meio de recursos
tecnológicos. Deve ser compreendido muito mais do que apenas um ensino
semipresencial, como é mais conhecido nas instituições de ensino, ele deve ser
entendido como uma combinação das atividades com suas diferentes perspectivas,
baseando-se em inserir o acadêmico/aluno no centro do processo de ensino e
aprendizagem, sendo o professor um mediador do conhecimento, e não simplesmente
um transmissor do conhecimento, como prevê a educação pautada nos métodos
tradicionais.
Já sobre o Ensino Remoto Emergencial foi definido em nossa discussão que, em
2020, devido à pandemia da COVID-19 que atingiu o mundo todo, tivemos que nos
resguardar em nossas casas e praticar o isolamento e distanciamento social. Por conta
disso, uma área que foi muito afetada devido tal momento foi a Educação, e o que se
discutiu muito foi o ensino remoto emergencial, afinal, a Educação não pode parar. Com
isso, percebemos que o ensino remoto emergencial passa a ser compreendido como
uma adaptação temporária dos currículos escolares em todos os níveis e modalidades
de ensino, pensado como uma alternativa para que as atividades acadêmicas e
escolares ocorram sem interrupção na formação dos alunos.
Em relação à última discussão dessa unidade, compreendemos que no século
XXI a Educação e o conhecimento estão sendo vistos fora da redoma. Antes somente o
professor era visto como detentor do saber, e, com isso, as antigas formas de ensino já
não suprem as necessidades atuais, vez que temos um ensino cada vez mais voltado ao
uso das tecnologias e, consequentemente, ao ter qualquer informação com apenas um
clique ou uma rápida digitação.
A partir da Unidade III foi possível uma compreensão maior acerca das
Humanidades Digitais e a formação em cultura digital, compreendendo sobre o
Tecnopólio, a Cibercultura, a Virtualização e as Humanidades Digitais. Na definição de
Tecnopólio, foi possível analisar que nada mais é do que a rendição da cultura à
tecnologia, ou seja, as pessoas em uma sociedade geral apresentam uma crença fiel e
exagerada no que diz respeito às tecnologias e a ciência, levando a ideia de que ambas
definem os rumos que as pessoas devem seguir enquanto civilização consciente e por
conta disso a tecnologia passa a assumir cada vez mais partes de nossas vidas e
instituições. Já a Cibercultura pôde ser compreendida como a cultura contemporânea
estruturada pela utilização das novas tecnologias em redes do ciberespaço, tendo como
sinalização, em seus primeiros estudos sobre o assunto apontavam que esta pode ser
entendida como um modelo híbrido da internet e infraestrutura tecnológica, com as
pessoas envolvidas em processos de comunicação por meio das redes sociais, estando
relacionada à um conjunto de técnicas e práticas culturais envolvidas com as novas
tecnologias da informação e da comunicação, sendo vista como uma nova relação entre
a sociedade e a tecnologia.
Em relação à Virtualização, você, caro(a) aluno(a), pôde identificar que é vista
como uma inversão da atualização, pois se caracteriza como sendo uma passagem entre
o real e o virtual. Em relação às Humanidades Digitais, a compreensão sobre esse
assunto se deu ao entendimento de que temos muitas definições sobre Humanidades
Digitais como qualquer outra área da sociedade. Pode ser entendida como uma área
acadêmica interdisciplinar que apresenta diferentes metodologias específicas
apropriadas de recursos tecnológicos.
Por fim, na Unidade IV discutimos sobre Educar na Era Digital – formação do
professor historiador –, analisando os métodos de ensino on-line, a Educação onlife,
Nativos Digitais ou Nômades digitais e o Historiador e o uso das novas tecnologias
digitais. Foi possível analisarmos que os métodos de ensino on-line se referem aquilo
que os docentes se utilizam para apropriar em suas aulas de maneira on-line, e como
tais métodos podem agregar e auxiliar em suas aulas, enquanto na educação onlife,
passamos para uma discussão em que não é mais necessário definirmos se estamos
on-line ou off-line. Ou seja, uma nova experiência de realidade hiperconectada, que
provoca quatro transformações macros em nossa sociedade: a) a distinção difusa entre
realidade e a virtualidade; b) a distinção difusa entre humano, máquina e natureza; c) a
mudança da informação escassa para a informação abundante; d) a mudança da ênfase
nas propriedades individuais e binárias, para a primazia das interações, processos e
redes.
Em relação aos nativos digitais, compreendemos que esse termo é designado
aquelas pessoas que nascem e crescem envolvidos com os novos recursos tecnológicos
em seu cotidiano e em suas práticas pessoais e educacionais, sendo entendidos como
falantes nativos da linguagem digital de computadores e internet, enquanto que os
nômades digitais são entendidos como as pessoas que usam a tecnologia como um
recurso para facilitar a realização de seu trabalho e de suas tarefas diárias sem ter,
necessariamente, uma base fixa de trabalho, precisando apenas de um dispositivo móvel
conectado a uma rede de internet.

Desejo a você, caro(a) aluno(a), muito sucesso em sua formação acadêmica e


profissional!
Até breve!!!

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