Você está na página 1de 2

NOME: MANASSÉS SERRA MOREIRA

MATRÍCULA: 316387
POLO SALVADOR
FORMAÇÃO DO CÂNON BÍBLICO

A Bíblia inicia sua narrativa no livro de Gênesis a partir da palavra falada de Deus:
“No princípio criou Deus, os céus e a terra”, embora se atribua posteriormente que o próprio
Deus também escreva.

E virou-se Moisés e desceu do monte com as duas tábuas do testemunho na mão,


tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado estavam escritas. E aquelas
tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus,
esculpida nas tábuas (Êxodo 32:15,16).

A arte da escrita, através dos registros em pergaminhos e papiros, não foi a única
ferramenta utilizada para que todo conhecimento a respeito de Deus e de seus mandamentos
se propagasse, inicialmente, é na tradição oral que a mensagem e ordens divina é propagada, e
continuou a ser transmitida de geração a geração por muitos séculos.

Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por
sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. E ensinai-as
a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te, e levantando-te; E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;
(Deuteronômio 11:18-20).

Entretanto, para que se perpetuasse a memória, o registro escrito era necessário.


Assim, os primeiros rolos começaram a ser produzidos pelos escribas em diversos materiais
disponíveis, especialmente os pergaminhos e papiros. Todas as histórias memoriais e
mandamentos divinos reproduzidos a partir da tradição oral, e escritas posteriormente nestes
rolos, precisavam de um crivo cuidadoso de autenticidade, a fim de que nenhuma distorção
pudesse ser encontrada diferente do que era propagado pela oralidade, assim, no período pós-
exílico, estes textos começaram a ser examinados e separados pelos escribas e sacerdotes.

Pode-se notar o uso destes textos já no século III a.C em Esdras, na leitura da Torá.
Porém, não havia ainda uma catalogação de todos estes textos como uma biblioteca única de
livros e que fosse o guia de fé para o povo. Então surge a canonização. Cânon é uma palavra
grega que significa “vara”, “regra”, “norma”, gerando a palavra canonização, que por sua vez,
trouxe um novo conceito de autenticidade divina.

Apenas no século I d.C, é que a Bíblia hebraica foi fixada, mas não antes sem passar
por muitos debates, com critérios acirradíssimos que apelavam ao próprio Deus, sobretudo,
através do pressuposto da inspiração divina destes escritos, mas não apenas isto, combater
também a “seita cristã” que, segundo o judaísmo, já produzia textos que seus seguidores
consideravam sagrados.

É no “sínodo” de Jamnia, por volta do ano 100 d.C, atual cidade de Yavne, que os
rabinos incluem outros escritos e estabelecem critérios de canonização definitiva altamente
restritos e de combate notório aos textos que já circulavam como sagrados, inclusive já no
idioma grego, entre estes critérios estão: os textos deveriam refletir a fé vivenciada, ser escrito
em hebraico dentro da Palestina, limitar o período da redação até o pós-exílio babilônico e ter
a Torá/Pentateuco como base fundamental.

Nos primeiros anos da Igreja, é desta Bíblia hebraica, traduzida para o grego e
conhecida como Septuaginta, que os primeiros cristãos se referenciam para propagação de sua
mensagem. Entretanto, quando começam a surgir os primeiros escritos cristãos, estes
deveriam ser considerados como “escritura sacra” ao passar pelo mesmo crivo canônico do
Primeiro testamento. Já no século II d.C o termo canônico passa a ter um significado de
“divino, inerrante” com relação a catalogação literária. Neste mesmo período, Marcião propõe
apenas as cartas de Paulo e o Evangelho de Lucas como catalogáveis, embora ele mesmo,
considerado herege pela igreja, rejeitasse os escritos do Primeiro testamento. No final deste
mesmo século, alguns livros já ficaram fixados: quatro Evangelhos, treze cartas do apóstolo
Paulo, Atos dos Apóstolos, 1 João e 1 Pedro.

Nos séculos II-III, Orígenes e Irineu são figuras importantes no processo histórico de
persuasão para inclusão dos quatro evangelhos, por outro lado, a medida em que os cânones
eram discutidos, o valor de livros como Tiago, Hebreus e Apocalipse eram ainda divergentes.
Apenas no século IV, através de concílios feitos pela Igreja, e na emersão de 27 livros,
Atanásio utiliza o termo “cânone das Escrituras Sagradas”, referenciando o Antigo e Novo
Testamentos. Em 1546 d.C, o concílio de Trento reconfirma todos os livros já estabelecidos
desde o século IV e finaliza o cânone.

Você também pode gostar