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NOME: MANASSÉS MOREIRA

POLO SALVADOR
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR I

IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO TEOLÓGICA NO ÂMBITO DA COMUNIDADE DE FÉ

O ser humano já foi definido de diversas formas quanto à sua natureza. Uma delas é
o conceito de homo religiosus, aquele que busca pelo sagrado, que necessita de algo ou
Alguém fora de si que lhe traga sentido à vida e sua existência. Este vazio dentro de si em
busca de preenchimento, conexões e religações, perpassa por experiências de relação com o
(a) “objeto/Pessoa” adorado(a), gerando um fenômeno que denominamos religião. Porém, por
conta da pluralidade destes fenômenos ou da experiência religiosa, e das consequências
recebidas nesta relação particular com o sagrado e, por conseguinte, na amplitude
experiencial, refletindo na sociedade, a teologia entra como a principal área do conhecimento
no intuito de produzir uma hermenêutica ou interpretação destes fenômenos vividos pelo
sujeito, bem como o efeito coletivo em sua comunidade de fé.

A teologia tem sua importância cientifica na análise e sistematização dos fenômenos


religiosos, entretanto, continuará sempre aquém da experiência religiosa, uma vez que esta
sempre estará em constantes transformações. Um dos fatores limitadores nesta sistematização
é a dogmatização, que surge como uma racionalização rígida do fenômeno – que é plural e
dinâmico – impedindo que as novas e multiformes manifestações sejam inseridas dentro de
novos contextos. Assim, para as experiências religiosas, há a necessidade de um olhar
libertador de todo pressuposto que os prenda em algo fixo e em contrapartida um olhar
teológico e reflexivo que as ampare de forma mais abrangente e minuciosa, sempre com
humildade e serviço em amor.

Refletir sobre qualquer objeto ou fenômeno tendo como base alguma área do
conhecimento – especialmente as áreas humanas – requer envolvimento não apenas com a
área em questão, mas sobretudo, com o objeto ou fenômeno em análise. Para isso, o
observador/pesquisador deve ir além de uma conclusão precipitada, ou de uma observação
rasa, mas imergir completamente, sendo ele próprio participante do ambiente onde se
pretende captar ou sistematizar as informações.

Quando a reflexão é teológica, é necessário que o (a) teólogo(a) não mantenha uma
distância fria da experiência religiosa, mas que ele mesmo seja inserido como parte de todo
ambiente reflexivo, uma vez que ele é também sujeito, fazedor e modificador da história.
Faz-se necessário, portanto, que todo este processo comece em sua própria comunidade de fé,
ressignificando experiências passadas, discernindo e dinamizando as presentes, levando em
conta todo impacto social, econômico, político etc. dialogando com outras áreas do
conhecimento tanto quanto possível para auxílio da reflexão teológica. Ademais, é necessário
novas conexões com as diversas pluralidades religiosas, a fim de que o diálogo inter-religioso
seja ampliado com discernimento e respeito dando suporte ao processo analítico.

Tendo em vista a necessidade de reflexão teológica a partir de seu próprio contexto


de fé, o teólogo deve ter como base fundamental de sua análise o amor genuíno, mas não
aquele suposto amor disfarçado de um “respeito religioso fraternal comunitário”, mas de
entrega profunda no olhar do outro, no entendimento de como o outro experencia o sagrado e
qual postura adotar diante destas novas manifestações, e não apenas isto, mas ter o cuidado de
analisar e considerar a si próprio como influenciador de percepções alheias, vigiando-se o
tempo todo, tanto para não atrapalhar o seu próprio processo investigativo, quanto para não
usar lentes já providas de significados pré-estabelecidos.

Diante disto, faz-se necessário que todo(a) teólogo(a) mantenha uma postura não
fundamentalista, que desenvolva uma cosmovisão religiosa ampla a partir de sua própria
comunidade de fé, a fim de fazer uma teologia que integre e ressignifique. A “quebra de
braço” da institucionalização da fé dogmática e a releitura crítica dos novos fenômenos,
exigirá do(a) teólogo(a) uma postura teológica de coração humilde, reconhecendo sua própria
finitude racional diante da infinitude do sagrado, a fim de promover o diálogo da fé dogmática
com os fenômenos religiosos, convergindo-os à prática do amor mútuo, permitindo-se
também per se “saborear” sempre das novidades fenomenológicas dentro dos seus limites de
atuação e de possibilidades de análises.

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